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Cátedra Universitária Amazônica Cardeal Hummes: espaço inspirador para germinar seu legado

A sessão de abertura da Cátedra Universitária Pan-Amazônica: Cardeal Cláudio Hummes, cuja figura foi brevemente apresentada por Mauricio López, um dos colaboradores mais próximos do Cardeal brasileiro nos últimos anos, especialmente em todo o processo do Sínodo para a Amazônia e tudo o que este Sínodo e suas consequências provocaram, ocorreu no contexto da reunião em que o Programa Universitário Amazônico está sendo desenvolvido, na Pontifícia Universidade do Equador. Um encontro onde estão participando o Padre Zenildo Lima, Reitor do Seminário São José de Manaus, a Ir. Rose Bertoldo, Secretária Executiva do Regional Norte1, e o jesuíta manauara, Padre Adelson Araújo dos Santos, professor da Universidade Gregoriana de Roma. Luis Liberman começou recordando seu último encontro com o Cardeal Hummes, em 20 de junho de 2022, poucos dias antes de sua morte. Naquele encontro com quem ele definiu como amigo, pastor e profeta, o Cardeal insistiu na CEAMA e na Universidade Amazônica. “Onde havia necessidade, Dom Cláudio estava lá“, disse Liberman, afirmando que ele sempre viveu com esperança, entendida como um caminho a seguir, como um compromisso com os outros. O fundador do Instituto para o Diálogo e a Cultura do Encontro disse ver em Dom Cláudio um homem de alegria, alguém que tinha uma voz forte em defesa da Casa Comum. Segundo Liberman “esta Cátedra é um espaço inspirador, é um espaço que nos permitirá germinar o legado de Dom Cláudio, o legado de uma Igreja latino-americana que, junto com o Papa Francisco, ousou desafiar o poder real, que nunca esteve em uma zona de conforto”.  O fundador do Instituto Universitário de Água e Saneamento disse que via Dom Cláudio como “alguém que nos ensinou a ser melhor, e ser melhor é compreender o outro, compreender o próximo, estender a mão, perceber, aprender a ouvir, assumir que o futuro é nossa responsabilidade”. Ter conhecido Dom Cláudio Hummes, alguém com “uma luz que vai além de todos os tempos”, é visto por Patrícia Gualinga como um privilégio. Em sua primeira reunião, ele a convenceu de que haveria mudanças na relação entre a Igreja Católica e os povos indígenas. Pouco a pouco, ela descobriu no Cardeal Hummes um amigo, um aliado dos povos indígenas, alguém que estava convencido da defesa da Amazônia, que sabia o caminho a tomar. Alguém aberto à mudança, pronto para encontrar Cristo, Deus nos povos indígenas, na natureza, em suas lutas e rostos, é como a líder indígena equatoriana via aquele que foi presidente da REPAM e da CEAMA, pronto para profundas transformações, com a força de provocar mudanças, algo que, segundo Patrícia, ele conseguiu. Por isso ela enfatizou que o Cardeal Hummes acreditava nos povos indígenas, em seu conhecimento, no acompanhamento, na escuta, na tecelagem em conjunto. A grande contribuição deixada pelo Cardeal Hummes, segundo Gualinga, “é que a transformação tem que vir da Amazônia, a luta pela conservação do ecossistema amazônico, o acompanhamento dos povos indígenas, a compreensão dos que são diferentes”. Por fim, ela destacou que “para nós é um prazer ter podido ter esta presença e esta luz, porque ela nos permite avançar”. O Cardeal Pedro Barreto, vice-presidente da REPAM e da CEAMA durante o tempo em que Dom Cláudio foi seu presidente, falou da figura do Cardeal brasileiro sob três pontos de vista: seu espírito, sua atitude e sua ação pastoral. De sua espiritualidade franciscana, ele seguiu Jesus na Igreja, olhando para Francisco de Assis, segundo o Cardeal Barreto, destacando como Dom Cláudio inspirou o nome do atual Papa com aquela famosa frase, ainda na Capela Sistina, “não se esqueça dos pobres”. Para o cardeal peruano, “Dom Cláudio é o Francisco da Amazônia“, vendo a nova cátedra como um desafio. A respeito de suas atitudes, o Cardeal Barreto destacou o compromisso de Dom Cláudio com a Amazônia, com uma esperança ativa, alguém que encorajou a caminhar juntos, para consolidar o processo da CEAMA e da REPAM. Neste sentido, Barreto disse que estava seguindo as pegadas de Dom Cláudio. Nele ele também destacou sua alegria, algo que o fez próximo, uma alegria no Senhor. Outra atitude que ele destacou foi sua coragem, enfraquecido em seu corpo, sendo emérito, a coragem de sonhar novos caminhos, como alguém que deixou o melhor vinho para o final, alguém com uma espiritualidade de prudência e firmeza. O Padre Luis Arriaga, também jesuíta, concentrou sua apresentação em três pontos, começando pela base da defesa dos direitos humanos dos povos originários do ponto de vista da missão da Igreja; a urgência e relevância desta defesa no território amazônico; e algumas propostas para a presidência apresentada hoje. O presidente da AUSJAL, Associação das Universidades Jesuítas da América Latina, partiu da dignidade da pessoa como fundamento da defesa dos direitos humanos, mostrando em que contextos isso deve ser feito, algo que é claramente visível nos povos indígenas, chamando a transcender o olhar, a partir de experiências locais, para chegar a reivindicações contextualizadas. O reitor da Universidade Ibero-americana Cidade do México insistiu na importância da teologia contextualizada, com um novo lugar teológico, que nos desafia a encontrar Jesus em todas as coisas e pessoas, e a sermos construtores de seu projeto. Isto também no território amazônico, levando em conta a realidade dos povos originários, que habitam ecossistemas que são decisivos para a vida, administrados com maior eficiência. A partir daí, ele insistiu na necessária conservação desses ecossistemas e na defesa dos direitos coletivos dos povos indígenas, como chave na luta para deter e reverter a crise climática e de direitos. Arriaga afirmou que as estratégias tem que colocar sempre as pessoas e sua dignidade no centro. A partir daí, ele fez algumas propostas, tornar o discurso e a práxis dos direitos humanos um ponto de chegada; construir uma perspectiva internacional e intercultural que lhes permita ter a capacidade de se conectar com problemas globais e locais; construir leituras, espaços e ações de incidência baseadas na complexidade; e projetos de pesquisa que levem a ações concretas, estruturadas a partir de uma perspectiva inter e transdisciplinar. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB…
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Caritas Alto Solimões promove Seminário “Ecologia integral, bem viver, sem lixo, sem luxo”

A Caritas da Diocese de Alto Solimões organizou em São Paulo de Olivença, no último final de semana, de 19 a 21 de agosto, um seminário, que teve como tema: “Ecologia integral, bem viver, sem lixo, sem luxo”. Os 35 participantes do encontro, das paróquias de Belém do Solimões, Amaturá, Santo Antônio do Iça, Tonantins e São Paulo de Olivença, tiveram a oportunidade de tomar consciência da necessidade de um cuidado mais responsável da Casa Comum e de se organizar no campo da coleta seletiva, buscando aprofundar na temática da participação cidadã. Seguindo as palavras do Papa Francisco, o tempo é agora, não podemos demorar mais no cuidado da nossa Casa Comum, do nosso Planeta. Isso tem que nos levar a uma vida austera, o cuidado da natureza, que toda a vida que nos circunda é o mais importante para poder garantir uma vida saudável para as presentes e futuras gerações. Os organizadores do Seminário destacam a participação de pessoas que fazem parte da Associação de Catadores de São Paulo de Olivença, que conta com o apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, e uma pessoa da Associação de Catadores de Tabatinga, com o apoio do Instituto Federal do Amazonas (IFAM). Também foi destacado a presença de representantes da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Amazonas e do Município, sendo criada uma mesa de diálogo para conhecer as políticas públicas que estão sendo realizadas desde o poder público e poder somar forças como sociedade civil. Segundo a pesquisadora Valderice, “participar do Seminário, representando o grupo de pesquisa GECAAM, que dentre os trabalhos que vem realizando, temos os relacionados a problemática dos resíduos sólidos em Tabatinga, foi uma experiência muito importante, pois, possibilitou a troca de informações com participantes dos outros municípios do Alto Solimões”. A assessora do encontro ressaltou que “durante o evento, foi possível compartilhar as experiências com os estudos sobre o que o município produz de resíduos, o perfil socioeconômico dos catadores, e o apoio aos catadores de materiais recicláveis no fortalecimento do grupo através da organização social, neste caso, em associação”. A pesquisadora destaca que “a problemática dos resíduos é uma questão que ultrapassa a destinação incorreta que vem sendo realizada nas cidades, também há desigualdades e vulnerabilidades sociais, muitas pessoas dependem do material reciclável, e pelo não cumprimento da legislação, realizam suas atividades em condições inapropriadas nos lixões a céu aberto, sofrendo preconceito constantemente”. Diante dessa realidade, ela insiste em que “ter a participação dos catadores no seminário, de São Paulo de Olivença e Tabatinga, com a Sherli representando a recém-criada associação de catadores de Tabatinga, tornou o encontro ainda melhor, porque não foi relatado por terceiros, os próprios atores que vivenciam a problemática diariamente, sensibilizaram com seus relatos, todos que estavam no evento”. Finalmente, ela afirmou que “estes espaços coletivos de discussão são fundamentais, por tratar de forma macro os problemas que residem em todas as cidades, que é responsabilidade de todos nós, cidadãos. Voltamos mais motivados a cuidar juntos da casa comum!”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Faculdade Católica do Amazonas lança Curso sobre História da Igreja na Amazônia

A Faculdade Católica do Amazonas, criada em 2021 com o objetivo de promover uma formação teológica qualidade no contexto amazônico, e que recentemente estabeleceu um Termo de Cooperação técnica, jurídica, científica e pedagógica com o Centro Universitário Fametro, que permitirá iniciar o Curso de Bacherelado em Teologia até a aprovação do processo de credenciamento junto ao MEC, lançou o Curso de Extensão “História da Igreja na Amazônia”. Coordenado pelo Padre Hudson Ribeiro e ministrado pela professora Elisângela Maciel, o curso tem uma carga horária de 60 horas, e está dividido em quatro módulos, que abordam a presença da Igreja na região desde os primeiros séculos da colonização portuguesa, analisando no segundo módulo a realidade do século XIX, da primeira metade do século XX, com as transformações na Estrutura Eclesiástica e no Laicato da Amazônia, no terceiro módulo, e a contemporaneidade da Igreja na Amazônia, no último módulo. Destinado ao público em geral, o curso inicia no dia 20 de setembro e vai até 29 de novembro de 2022, sendo as aulas nas terças e quintas-feiras das 18:30 às 21 horas. As inscrições, abertas no dia 23 de agosto, serão encerradas no dia 16 de setembro, pudendo ser realizadas no link: https://forms.gle/mahdQ6PFCzy5xtji8  

Assembleia da CEAMA analisa os Estatutos a serem apresentados ao Papa Francisco

No dia 23 de agosto, a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) realizou virtualmente sua Segunda Assembleia Ordinária, um momento para informar sobre os Estatutos, que o Cardeal Pedro Barreto vê como uma boa oferta ao Papa Francisco, à Igreja da Amazônia e à Igreja universal. Um momento para apostar no germinal, indicou o presidente da CEAMA, usando as palavras de Benjamín González Buelta. O Cardeal Barreto chamou a descobrir o tempo de graça que estamos vivendo como Igreja da Amazônia e Igreja Universal, neste tempo sinodal, que leva à realização da “caridade pastoral de Cristo na Amazônia“. Neste sentido, ele destacou a importância do Celam, da CLAR e da Cáritas da América Latina e do Caribe. O cardeal peruano recordou as palavras do Papa Francisco para consolidar a CEAMA, algo que o Santo Padre apontou em suas palavras para a última assembleia. Seu presidente lembrou que a CEAMA se reunirá com o Papa Francisco em 2 de setembro, quando os Estatutos serão apresentados ao Santo Padre. Estes Estatutos são inéditos, salientou o cardeal, já que estamos tratando da primeira conferência eclesial, algo que tem suas raízes na Lumen Gentium e que foi um dos pedidos do Documento Final do Sínodo para a Amazônia. Os Estatutos refletem a espiritualidade do Concílio Vaticano II, insistiu o Cardeal Barreto, uma dimensão sinodal presente na vida da Igreja desde seus primeiros passos. Os Estatutos já incluem os elementos presentes na Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, e respondem a uma identidade eclesial e não apenas episcopal. Durante a Assembleia, o Cardeal Barreto apresentou aos participantes o novo esboço dos Estatutos, destacando que “a CEAMA assume os quatro sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia“, e junto com ela seu caminho comum e relação fraterna com a REPAM, Celam, CLAR, Cáritas América Latina e as Conferências Episcopais e Igrejas particulares que fazem parte do território amazônico. Por esta razão, ele enfatizou que a CEAMA é “uma expressão do alegre Magistério do Papa Francisco”. O texto descreve tudo o que está subjacente à existência da Conferência Eclesial da Amazônia, bem como os passos que pretende dar para avançar na implementação prática dos desafios decorrentes do Sínodo para a Amazônia. Tudo isso no espírito da Praedicate Evangelium, algo em que o presidente da CEAMA insistiu repetidamente. O Cardeal Barreto também destacou as referências à Querida Amazônia e ao Documento Final do Sínodo para a Amazônia, insistindo que a eclesialidade, o Povo de Deus, está muito presente. As palavras do Cardeal deram lugar às intervenções dos participantes da Assembleia, que contribuíram com o que deveria estar presente nos novos Estatutos. O Cardeal peruano destacou que a segurança não está no jurídico, mas no que o Espírito traz, no horizonte eclesial da sinodalidade, e que ele vê os Estatutos como um dom de Deus para a Igreja. Mais um passo que leva à descoberta de que o Sínodo para a Amazônia continua a avançar e se tornar mais concreto na vida da Igreja e dos povos, que está ganhando em maturidade. Uma mudança de mentalidade eclesial, que tem no Papa Francisco um de seus grandes promotores e que, através desta nova estrutura, pode mudar a vida pastoral da Igreja, com a participação cada vez maior dos leigos e das mulheres. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Rose Bertoldo: “Que possamos fazer dos encontros espaços que curam, cuidam, confortam, celebram e dão dignidade”

A festa da Assunção de Maria, “fala-nos da plenitude da vida que, desde o início, os cristãos acreditaram, foi alcançada por Maria, a mãe de Jesus”, lembra a Ir. Rose Bertoldo no comentário às leituras deste domingo. Segundo a secretária executiva do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, “reconhecemos em Maria a mulher que participa plenamente da vida de Deus”. A religiosa do Imaculado Coração de Maria destaca que “Maria, uma mulher que acolhe em seu ventre, em sua corporalidade o projeto de Deus, ela nos inspira a seguir Jesus, que significa abraçar a justiça, paz, solidariedade, na alegria, no cuidado com toda criação, atentas aos sinais dos tempos, na defesa da vida, e na opção pelos mais pobres”. “A liturgia deste domingo nos ajuda a adentrar no mistério pascal a partir do olhar feminino, as tantas mulheres, que foram e são portadoras da Boa Notícia que transforma a vida da humanidade”, segundo a Ir. Rose. Analisando a leitura do Apocalipse, ela descobre “dois grandes sinais aparecem no texto, a mulher e o dragão. A mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de 12 estrelas e o outro sinal, um grande dragão que também é nominado com muitas características”. “O Dragão parou diante da mulher para devorar o filho logo que nascesse. Vivemos em tempos de muitos dragões, é necessário nominar; o dragão da drogadição, do extermínio das juventudes, dos abusos e exploração sexual, do tráfico humano do feminicídio, do patriarcalismo, dos garimpos, do agronegócio, da necropolitica, da destruição da nossa casa comum. Esses dragões aparecem com muitas cabeças, caudalosos, nos iludem, roubam os sonhos, tiram direitos, colocam as pessoas abaixo do nível da pobreza” destaca a religiosa. A Ir. Rose afirma que “a mulher é portadora da boa notícia, o menino nasce e a mulher foge para o deserto salvaguardando a vida do menino. O mal não vence, mesmo que parece triunfar. As mulheres constroem estratégias em muitos espaços que garantem a dignidade da vida, a partir de espaços de solidariedade, cuidando umas das outras, restituindo a vida ferida na sororidade”.  Na leitura de 1Corintios, a religiosa descobre que “temos a certeza, Cristo Ressuscitado é vencedor da morte, o mal jamais vencerá, essa é nossa esperança, pois somos seguidoras e seguidores do Reino de Deus”. Do mesmo modo, na passagem do Evangelho destaca elementos novos presente num texto conhecido por todos. Ela destaca “o encontro das duas mulheres Maria e Izabel, se encontram para compartilhar a vida e no compartilhar da vida descobrem a entre ajuda, o cuidado uma com a outra, pois as duas mulheres carregam em seu ventre os filhos que vão mudar a história da humanidade. Izabel proclama Maria como bem-aventurada porque acreditou na promessa de Deus, e Maria proclama a grandeza de Deus que faz grandes coisas, exalta os pobres, dispersa os soberbos, derruba dos tronos os políticos, religiosos, poderosos que insistem em destruir a vida”. A liturgia deste domingo, destaca a Secretária do Regional Norte1, “nos ajude a não deixarmos nos enganar pelo poder do mal, pela sedução das falsas promessas, que possamos ser mulheres profetizas a partir de nossos espaços, no cotidiano da vida como aprendizes umas das outras, nos entre ajudando como mulheres que levantam outras mulheres diante da dor dos sofrimentos, que possamos partir depressa, enfrentando os obstáculos e fazer dos encontros espaços que curam, cuidam, confortam, celebram e dão dignidade a nossas vidas”. Na Solenidade da Assunção de Maria, a Ir. Rose nos lembra que “celebramos a vocação da Vida Religiosa Consagrada, que é sinal da amorosidade de Deus no meio das mais diversas comunidades, especialmente na Amazônia”. Segundo ela, “a presença da Vida Religiosa Consagrada é marcada por encontros que transformam vidas, na simplicidade, no silêncio, na escuta, construindo processos de formação na sinodalidade, sendo presença “estar onde, com e como ninguém quer estar”, um destaque especial para a vida religiosa feminina, testemunha de um Jesus encarnado no meio do povo sendo presença profética onde a vida dos povos e territórios onde os gritos são mais urgentes, onde a vida é ameaçada. Na grande ciranda, através de nossos corpos, onde tem lugar para todas e todos, continuamos contando e proclamando as maravilhas que Deus fez em nós”.

Rede Clamor Brasil celebra Assembleia, destacando a necessidade de caminhar juntos

A Rede Clamor Brasil realizou nos dias 18 e 19 de agosto sua primeira assembleia em Brasília, com a presença de 18 participantes, 16 em modo presencial e 2 virtualmente. A assembleia começou com um momento de oração e a saudação do bispo referencial da Rede Clamor Brasil, Dom Eduardo Vieira dos Santos, sendo apresentados os participantes, a pauta e os passos dados pela rede, que coordena o trabalho de mais de 100 organizações que acompanham os migrantes no país. Do Regional Norte1 da CNBB participou presencialmente Rosana Nascimento, da Pastoral do Migrante, e a Ir. Rose Bertoldo, Secretária Executiva do Regional e que faz parte da coordenação da Rede Clamor em nível continental, que participou virtualmente. Uma análise da realidade migratória no Brasil, que contou com a assessoria do padre Alfredinho Gonçalves, vice-presidente do Serviço Pastoral do Migrante (SPM), ajudou a refletir sobre as migrações desde a década de 1980, mostrando os traços de continuidade e descontinuidade, o que tem de novo nesse fluxo migratório. Os participantes do encontro conheceram a caminhada da Rede Clamor Equador, sendo apresentados pela Ir. Leda Reis, scalabriniana brasileira que trabalha naquele país, os passos formativos dados pela rede, as organizações que participam, suas práticas e atividades. Foi momento para “olhar o contexto da Rede Clamor e experiências positivas em outros países”, segundo o padre Agnaldo Junior, SJ. Durante a assembleia foi apresentado o Estatuto da Rede Clamor América Latina e Caribe, que faz parte da estrutura do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam), sendo mostrado a articulação da rede em nível continental. Junto com isso, foi refletido sobre o estatuto da rede no Brasil, abordando o que é significativo para a articulação e organização da rede no território brasileiro. Foi confirmada a coordenação da Rede Clamor no Brasil, que até agora tinha um caráter provisório, diante da impossibilidade de ter realizado uma assembleia. A coordenação está formada pelo bispo referencial, Dom Eduardo, a representante da Caritas Brasileira, Cristina dos Anjos, a Ir. Rosita Milesi, pelas irmãs scalabrinianas, José Roberto Saraiva dos Santos, pela Pastoral do Migrante, o padre Agnaldo Junior, do Serviço Jesuíta de Migrantes e Refugiados, e a Ir. Maria Luisa da Silva, representante da Conferência dos Religiosos do Brasil. A Rede Clamor Brasil organizou a agenda de atividades para 2022 e 2023, sobretudo o que faz referência a campanhas e posicionamento da Rede Clamor no Brasil frente às violências e dificuldade no acesso aos direitos dos migrantes e refugiados no país. Segundo o padre Agnaldo Junior, “a ideia é que a rede se posicione de forma conjunta”. Enquanto às datas importantes, se destaca a Jornada do Migrante e Refugiado em setembro, a festa de Santa Bakhita em fevereiro, e o Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico Humano, no mês de julho. Junto com isso as reuniões periódicas de coordenação, ampliadas, e a assembleia anual. Na assembleia da Rede Clamor Brasil se fez presente Dom Joel Portella Amado, Secretário Geral da CNBB. Ele destacou a importância de que “o mundo precisa aprender a trabalhar em rede, unir forças sem que cada grupo, cada instituição perca sua identidade”. Segundo o Bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, estamos diante de um trabalho que não pode ser de especialistas, que deve ser mostrado para todos para que assim possa ser assumido por todos. A importância do trabalho em rede está “na força que nós ganhamos quando vamos juntos”, segundo o padre Agnaldo Junior. Ele destaca que “mais do que nunca é tempo de caminhar juntos, em sinodalidade, e a vocação da Rede Clamor, ela quer ser uma rede de redes, ela quer ser uma rede que articula, vinculada a tantas outras redes que a Igreja tem já consolidadas na sua missão”. O representante do Serviço Jesuíta de Migrantes e Refugiados, “a importância está em fortalecer a nossa missão, de posicionar-nos juntos, não uma organização sozinha”. Ele também insiste na “visibilidade da ação da Igreja, quando nós falamos da Rede Clamor e nos reconhecemos assim, estamos falando para além das nossas organizações, instituições e congregações religiosas. Estamos falando de um agir da Igreja junto aos migrantes e refugiados e vítimas do tráfico humano”. Finalmente, o padre Agnaldo destaca que “a força se dá por aí, por esse fortalecimento do nosso posicionamento e do que podemos fazer juntos também”. Ele destaca a necessidade de “sensibilizar outros espaços da Igreja, das congregações religiosas, regionais da CNBB. Como rede vamos mais longe, temos mais força e também lançamos luz sobre a ação da Igreja no Brasil hoje”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Vocação à Vida Religiosa: chamado a se fazer presente nas periferias

A Igreja católica dedica o mês de agosto a refletir sobre o chamado de Deus, sobre a vocação. Cada semana somos chamados a aprofundar numa das diferentes vocações, todas elas igualmente importantes. No próximo domingo, a vocação à Vida Religiosa é o convite que a Igreja nos faz. O que significa a Vida Religiosa na caminhada da Igreja? O que representa a Vida Religiosa para a Igreja da Amazônia? Quais os desafios que a Vida Religiosa enfrenta hoje? Como ajudar os cristãos católicos a descobrir o valor da Vida Religiosa e incentivar a resposta diante do chamado que Deus faz a cada um e cada uma de nós? A Vida Religiosa faz parte da caminhada da Igreja desde os primeiros séculos. Ao longo da história foram surgindo diferentes carismas que tem se concretizado em diversas congregações, que tem atendido diferentes necessidades, acompanhando as dores do povo, ajudando a superar os sofrimentos. A Vida Religiosa na Amazônia teve um papel fundamental ao longo dos últimos séculos. Durante muito tempo podemos dizer que foi quase a única presença eclesial, levando a Boa Notícia do Evangelho até os lugares mais distantes. É nessas periferias geográficas e existenciais que a Vida Religiosa continua hoje, escutando e sendo consolo para aqueles que sofrem, se tornando companheira de caminho dos mais vulneráveis, daqueles que não contam para quase ninguém. Os desafios que hoje enfrenta a Vida Religiosa têm a ver com o jeito de entender a vida, muito marcada por sentimentos individualistas, o que dificulta a vida em comunidade, elemento que faz parte da vocação religiosa. Uma vida em comunidade que ajuda a potencializar o trabalho evangelizador, que deve ser central em toda vocação. Somos chamados, através das diferentes vocações, a sermos colaboradores na missão evangelizadora da Igreja. Não podemos esquecer que todas as vocações nascem do Batismo, que nos torna discípulos missionários. Depois cada um e cada uma vai concretizando seu caminho, como resposta àquilo que Deus espera de nós. Sejamos conscientes como batizados e batizadas, como Igreja, de cultivar todas as vocações, de acompanhar àqueles e àquelas que estão se perguntando o que Deus está querendo deles e delas. Essa companhia vai ajudando a configurar a vida das pessoas e fazendo com que as escolhas sejam mais consequentes com aquilo que Deus espera de cada pessoa. Nunca esqueçamos que é Deus quem chama e sustenta nossa vocação, que é Ele que vai colocando em nossa vida os sinais que nos ajudam a encontrar o caminho a seguir, um caminho que nos conduz à felicidade e que faz com que cada um e cada uma de nós possamos disfrutar da vida e encontrar seu verdadeiro sentido. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Por uma Igreja com o rosto Amazônico – Encontro com povo Indígenas na prelazia Apostólica de Borba

A partir do Sínodo para Amazônia, o Papa Francisco exorta para novos caminhos de conversão com a vivência da Sinodalidade. E foi com este impulso missionário que a Prelazia Apostólica de Borba realizou o Encontro dos Povos Indígenas na Foz de Canumã, comunidade adjacente ao município de Borba. A temática de abordagem foi “Por uma Igreja com rosto Amazônico”.  O evento foi assessorado por padre Justino Resende, Doutor em Antropologia e indígena pertencente ao povo Tuyuka. Os pontos de reflexão do Encontro foram, Formação e Celebração. Estes eixos objetivaram impulsionar a ministerialidade e a espiritualidade sacramental com ação reveladora da Igreja de Cristo com rosto indígena.  O Padre Rezende destacou a necessidade de promover novas práticas pastorais, ouvindo e partilhando a palavra de Deus a partir da própria cultura, assim como fomentar a prática da comunidade celebrante, os ritos sacramentais, a Formação de Ministérios eclesiais; o diaconato permanente, o protagonismo da mulher e a corresponsabilidade participativa na vida e missão da igreja, gerando assim um estilo sinodal de vivência e trabalho na região amazônica.  Por fim, após intensa reflexão e oração, formou-se a Comissão Pastoral Indígena cuja missão Será organizar, formar, evangelizar e celebrar a Pastoral Indígena. E neste olhar sinodal, o Bispo Dom Zenildo Luiz presidiu a missa com a bênção e o envio da Comissão, concluindo assim o Encontro dos Povos Indígenas.   Prelazia de Borba

Raely Cardoso: “A verdadeira paz não é fruto de um silêncio hipócrita”

No vigésimo domingo do Tempo Comum, “o Evangelho nos faz refletir sobre a paz que nos tira da passividade”, segundo Raely Cardoso. A secretária da Pastoral da Juventude (PJ) do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), afirma que “dia a dia sempre desejamos que tudo aconteça sem imprevistos, como achamos que deveria ser”. A jovem da Diocese de Coari vê que “nesse Evangelho, Jesus vem nos lembrar que o fogo que Ele trouxe para a terra é uma chama que queima em nossos corações, e por isso nos desestabiliza e nos tira da passividade”. Segundo ela, “a paz que Jesus se refere aqui é aquela paz da acomodação, da excitação passiva, do conformismo, da desgraça, da injustiça, do deixa para lá, isso não é comigo, está tudo bem, e sabemos que não está”. Segundo Raely, “muitos ainda vivem na frieza da acomodação, do descaso, achando que a Palavra de Deus é bonita, mas não a praticam. Por isso não compreendem que é preciso o fogo que nos tira da passividade”. A secretaria da PJ do Regional Norte1 insiste em que “a verdadeira paz não é fruto de um silêncio hipócrita”. A jovem enfatiza que “nós esquecemos que muitas vezes, para voltarmos para nós mesmos e para o projeto do Reino, precisamos nos separar da massa”. Para a secretária da PJ, “Isso não é renegar o pai, a mãe, mas saber que sermos nós mesmos não é colocar tudo de acordo, mas sermos todos vívidos, sentir a vida como algo pulsante”. Daí que ela afirme que “a vida não é um museu, com tudo em ordem, catalogado, muito pelo contrário, em vez disso, ela é feita de escolhas, tentativas, sonhos pelos quais lutar, ideias para se revestir, sofrimentos a afrontar, incompreensões a serem digeridas”. Raely destaca que “Jesus veio para colocar tudo em discussão, a fim de que tudo se torne o que tem que ser. Ele veio para trazer o fogo pelo qual vale a pena acordar toda manhã”. Diante disso se pergunta: “Mas na nossa vida, nós podemos ver realizada o Evangelho de Jesus?”. Finalmente, a jovem encerra seu comentário ao Evangelho do vigésimo domingo do Tempo Comum, insistindo em que “nós precisamos da inquietação de Jesus, do seu fogo que nos tire da passividade, que nos tire do comodismo, que balance nosso ego e que nos leve a refletir, a olhar o outro com mais empatia, que nos dê força para denunciar as injustiças e que nos anime para praticar o bem”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Vocação: oportunidade para descobrir o jeito de ser feliz

Na vida, cada um escolhe seu caminho, mas é importante se questionar quem motiva nossas escolhas. Será que nossa vida responde a um chamado? Quem é que nos chama? A que somos chamados? São perguntas que a gente deve se fazer com frequência, mas ainda mais no mês de agosto, que é o tempo que a Igreja do Brasil dedica a refletir sobre a vocação. Na medida em que a gente vai respondendo ao chamado de Deus, a gente vai descobrindo o jeito de ser feliz, de fazer realidade os sonhos, de construir o Reino, de fazer realidade um mundo melhor para todos e todas. Quando a gente vive a vida como resposta à vocação, o sentido da vida se torna mais explícito, a alegria toma conta da nossa vida, uma alegria contagiante, que vem de Deus, mas que faz que nossa vida e a vida daqueles que estão ao nosso lado seja melhor e se torne presença da Vida que vem de Deus. Vocação que deve nos levar a pensar nos outros, a doar nossa vida, pois tudo o que vem de Deus tem que transbordar nosso próprio ser. A vocação não é algo que nos encerra em nós mesmos, que nos faz sentirmos melhores do que os outros, e sim uma realidade que nos coloca ao serviço, de Deus e dos outros. Através da gente, na medida em que respondemos ao seu chamado, Deus vai tornando realidade seu projeto de vida em plenitude para todos e todas. Todas as vocações são importantes, pois todas elas se complementam na medida em que são vividas desde a comunhão. Para isso se faz necessário caminhar juntos, em fraternidade, vivendo as diferenças como elemento que enriquece nossa vida. O outro não se torna contrário, inimigo, competência, e sim complemento que me ajuda a crescer. Qual é minha vocação? Se eu já descobri essa vocação, como estou vivendo-a? Responder a tudo aquilo que faz referência a nossa vocação nos ajuda a ir encontrando o sentido da nossa vida, a ir crescendo, fundamentando a vida, encontrando o sentido daquilo que cada um de nós faz. Para responder ao chamado que Deus nos faz, para concretizar nossa vocação, temos que superar os medos. Mas o medo a gente supera na medida em que confia naquele que está nos convidando a caminhar com ele. Aos poucos essa confiança vai aumentando, algo que nasce do conhecimento, de ir experimentando os gestos que nos ajudam a viver com maior alegria. Na medida em que queremos caminhar com Deus, não tenhamos medo em responder a seu chamado, confiemos em que ele sempre vai nos levar pelo caminho da vida e vai ajudar a ir tornando realidade todos os nossos sonhos, sonhos que nos plenificam e fazem com cada dia se torne em motivo para ir aprendendo a viver em plenitude.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar