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Encontro de Jesus com Marta e Maria: acolhimento, encontro e doação

“A experiência de duas mulheres em relação com Jesus”, é o que nos relata o Evangelho do XVI Domingo do Tempo Comum segundo Verónica Rubi. A missionária na Diocese de Alto Solimões destaca que “o momento partilhado entre eles nos apresenta três aspectos importantes, como se fossem dicas, para nossa vida de fé, de discipulas missionarias. Essas três dicas são: acolhimento, encontro e doação”.  Sobre o acolhimento, Verónica destaca no texto “que Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o na sua casa. Acolher, receber, é atitude de disponibilidade para com a outra pessoa, quem acolhe está aberto a o que o outro traz, ao que o outro diz, para acolher precisamos estar atentes e preparados. Mas acolher não é só questão de abrir uma porta, ou de entrar em uma casa, a acolhida se pratica principalmente no plano do coração, na aceitação da vida do outro, da outra, do jeito que é e que está, sem condicionantes, sem parcelamentos. Acolher pode expressar-se com o gesto de abraçar, todos temos experiencia do gratificante e reparador que é um abraço caloroso, bem dado ou bem recebido, no abraço acolhedor recuperamos as forças”. Em relação com isso se pergunta: “Como está minha vida em relação ao acolhimento, de minha família, das pessoas com quem trabalho, dos desconhecidos? Tenho esta atitude de aceitação ou vou pela vida tentando mudar tudo mundo segundo meu parecer?”  Falando sobre o encontro, ela destaca “como o que aconteceu entre Marta, Maria e Jesus, encontro a coração aberto, encontro de vida, de pessoas que se deram a oportunidade de conhecer-se sem preconceitos, de ouvir-se na mensagem que cada um tinha para expressar e de deixar-se interpelar pela vida da outra, do outro. Encontro com bom diálogo, encontro onde se faz presente o Amor de Deus e toda boa notícia do Evangelho. Encontro que motiva a seguir adiante, que recarrega energias, que dá sentido à vida”. Novas perguntas são colocadas pela missionária em relação ao encontro: “Como vão os encontros com outros na minha vida? Consigo honrar os encontros inesperados com desconhecidos? Percebo o milagre que acontece quando vivemos em sintonia de uma fraternidade universal?” Finalmente, falando sobre a doação, Verónica destaca que “não tem nada a ver com bens materiais ou com dinheiro. Doação que é a entrega de nós mesmas, na dinâmica da gratuidade, oferecer o que somos e o que sabemos em função dos outros. Viver a doação como serviço, como expressão de amor. Doação que é justo o contrário ao individualismo, doação que gera comunhão, doação como sinal do Reino de Deus”.  Por isso se questiona: “Na minha vida, consigo viver na dinâmica da doação? Faço algo por amor, para fazer o bem? Custa-me sair de minha zona de conforto para doar-me aos demais?”. Não podemos esquecer que “o convite que recebemos de Marta, Maria e Jesus é este de escolher a melhor parte, aquela que ninguém poderá tirar, a da vivencia e da espiritualidade de nossa fé no encontro com o Senhor”. Por isso, “vamos com coragem a viver a fraternidade!”, conclui a missionária. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Encontro de secretários e secretárias dos regionais da CNBB: “forte convivência e fraternidade”

Os secretários e secretárias dos Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), se reuniram de 11 a 15 de julho em Florianópolis (SC), um encontro organizado pelo Regional Sul 4 da CNBB. Segundo a Ir. Rose Bertoldo, foi “um encontro marcado por um tempo forte de convivência, de fraternidade, um encontro construído muito na dinâmica da sinodalidade”. A secretária executiva do Regional Norte1 da CNBB, que participou pela primeira vez do encontro de secretários e secretárias executivas dos regionais da CNBB, destacou que “foi muito importante conhecer pessoalmente cada secretário, secretária, dos regionais da CNBB, e também poder partilhar a caminhada em conjunto”. Junto com isso, a religiosa enfatizou que “foi um encontro muito celebrativo e que eu destaco de fundamental importância por ser um encontro de integração, e perceber a grande importância de sermos o braço e o coração da CNBB, que tenta articular e fazer essa integração em cada Regional”. A Ir. Rose Bertoldo destaca que “cada regional tem a sua especificidade, porém tem uma grande comunhão, que é caminhar nessa dinâmica da sinodalidade, a partir das peculiaridades, das diferenças de cada um e cada uma”. Ela destaca que “para mim essa dimensão da comunhão, da integração, foram momentos muito fortes”. Finalmente, falando sobre o vivido ao longo dos dias de encontro, a secretária executiva do Regional Norte1 da CNBB destaca que “a gente pode conhecer, visitar, vários espaços, espaços estes que fortaleceram muito essa unidade enquanto grupo que sonha e que faz um processo coletivo nessa integração e nessa comunhão entre os regionais”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Começa o 4º COMISE Nacional com participação do Regional Norte1

É com o espirito missionário próprio da Igreja na Amazônia que ousa colocar os pés no chão e busca sempre ir para águas mais profundas, que a partir do Conselho Missionário de Seminaristas do Regional Norte 1 (COMISE- Labonté), em comunhão com a coordenação nacional dos COMISE’s, estamos em João Pessoa-PB para participarmos do 4º Congresso Missionário Nacional de Seminaristas (COMISE), em sintonia com a caminhada missionária da Igreja no Brasil, as Pontifícias Obras Missionárias (POM) e a coordenação nacional dos COMISEs. O evento é uma das iniciativas da programação do Ano Jubilar Missionário, e será realizado de 11 a 17 de julho de 2022, em João Pessoa-PB. na Arquidiocese da Paraíba. Este congresso tem como tema “Missão ad gentes na formação de seminaristas”, e o lema “Sereis minhas testemunhas até os confins da terra” (At 1,8). O encontro reúne 350 participantes, entre seminaristas, reitores e formadores de seminários, bispos e convidados, sendo um espaço de reflexão, troca de experiências e celebrações. Seu objetivo será animar e aprimorar a formação missionária dos futuros presbíteros no Brasil, de maneira que a missão seja realmente eixo central da formação e os ajude a adquirir um autêntico espírito missionário. Pelo Regional Norte1 participam os seminaristas Mateus Cabral da Diocese de Coari; Idelfonso Barbosa da Diocese de Roraima; Pablo Gabriel, Diocese de Parintins; Wellington Colares da Prelazia de Borba; Camilo Jaílton da Diocese de Alto Solimões; Alfredo Quirino da Diocese de São Gabriel da Cachoeira; João Marcelo da Prelazia de Itacoatiara; e Rolisson Afonso da Arquidiocese de Manaus. Os seminaristas estão acompanhados pelo padre Zenildo Lima, Reitor do Seminário São José da Arquidiocese de Manaus; e o padre Braz Lourenço, assessor do COMISE do Regional Norte1. Camilo Jaílton – Seminarista Diocese de Alto Solimões

SAV/PV Regional Norte1 realizam encontro de articulação

Aconteceu em Manaus, de 9 a 10 de julho, o encontro do Serviço de Animação vocacional do Regional Norte I. Estiveram presentes representantes das dioceses e prelazias do Regional. Foram dias para rever e articular a caminhada da PV/SAV. Dentre vários assuntos, vimos como realizar animação vocacional no contexto amazônico, a partir do IV Congresso vocacional do Brasil que aconteceu em 2019 e da Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Querida Amazônia” do Papa Francisco. Partilhamos a caminhada vocacional em cada Igreja local e como será vivenciado o mês vocacional que tem como tema: Cristo Vive! Somos suas testemunhas!.  Também Irmão João Gutemberg fez o repasso do IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia (50 anos do Documento de Santarém). Dom José Albuquerque apresentou a proposta do terceiro Ano vocacional que acontecerá em 2023 com o Tema: Vocação: graça e missão, e fez o resgate do primeiro e segundo Ano Vocacional. Entre tantos acontecimentos e assuntos para ser tratado, vimos que de 11 a 15 de novembro deste ano teremos a terceira etapa da escola vocacional, por isso, é preciso que todas as dioceses e prelazias somem forças para que haja maior numero de participantes. Esses dias foram bem recheados de partilha, sugestões e propostas da animação vocacional em cada Igreja local, vivencia litúrgica e convivência fraterna. Ir. Gervis Monteiro

9º Festival de Cultura e Musica Indígena do EWARE mostra a riqueza do povo Ticuna

Valorizar a cultura é um dos objetivos da Igreja na Amazônia, uma proposta que cobrou um impulso maior com o Sínodo para a Amazônia. O povo ticuna, que habita a região da Tríplice Fronteira entre o Brasil, a Colômbia e o Peru, realizou mais uma vez, durante a última semana, o Festival de Cultura e Musica Indígena do EWARE. O 9º FIE, onde participaram 34 comunidades da Região do Alto Solimões, desde o município de Santo Antônio do Iça até a Colômbia, contando com a presença de caciques e representantes do poder público municipal, foi voltado para a ecologia e foi uma oportunidade para mostrar a importância do cuidado da Casa Comum, mas também de mostrar o protagonismo, responsabilidade e talentos dos povos indígenas. O encontro, que contou com a cobertura da Rádio Nacional do Alto Solimões e a Rádio Indígena A’uma, foi mostrando a cultura de cada uma das comunidades participantes em seus cantos, danças e apresentações. Também foi momento para realizar a Assembleia Geral dos Caciques do EWARE I e EWARE II, que ao longo do encontro, que teve como lema: “Vamos lutar juntos”, buscaram como proteger sua terra sagrada e promover a vida a través da natureza e das culturas. Elementos presentes na cultura indígena foram utilizados ao longo do encontro: arco e flecha, zarabatana, corrida com toras… Homens e mulheres de todas as idades revelaram suas habilidades, também naquilo que sempre esteve presente na vida do povo, como acender o fogo sem fósforos, e outras realidades, que mesmo não sendo mais cotidianas, querem ser preservadas pelo povo ticuna. Insistindo na necessidade de uma forte conscientização sobre a ecologia integral, sobre a preservação da cultura indígena, sobre a conscientização em contra das drogas e do alcoolismo, especialmente entre os mais jovens, o 9º Festival de Cultura e Musica Indígena do EWARE foi encerrado. Os organizadores destacam que foi um grande ajuri, um momento de encontro e trabalho em comum, mas também uma celebração marcada pela fraternidade e a união. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Com informações do Blog Belém do Solimões

Ir. Rose Bertoldo: “Um olhar, uma palavra amiga, um abraço, sermos escuta atenta, restitui a dignidade da vida”

No 15º domingo do Tempo comum, a Ir. Rose Bertoldo comenta as leituras desde um olhar feminino. A secretária executiva do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), começa destacando na leitura do livro do Deuteronômio, como Moises fala ao povo pedindo que escutem a voz de Deus e observam os mandamentos. Segundo a religiosa do Imaculado Coração de Maria, essa palavra não é distante: “a palavra está bem ao teu alcance, esta em tua boca e em teu coração”. A cita bíblica a leva a dizer que “a Palavra de Deus não é inacessível, está ao alcance de todos, quando a acolhemos em nosso coração e a transformemos em pratica do cuidado com a vida”. Na segunda leitura, a Ir. Rose diz perceber “a centralidade da pessoa de Jesus, sua mensagem e sua pratica nos conduzem ao coração de Deus, somos a imagem de Deus na medida que nos deixemos modelar pelas palavras e ensinamentos de Jesus”. A religiosa vê o mesmo ensinamento no Evangelho, que relata a conhecida parábola do Bom Samaritano. Diante do texto evangélico chama a se perguntar: “de quem eu me faço próxima? De quem eu me aproximo? Me aproximo de quem está caído e necessitado de ajuda? Me aproximo das meninas vitimas do abuso, da exploração sexual, das mulheres violentadas, dos migrantes, daqueles e daquelas que pensam diferente de mim, daqueles que expressam sua fé de forma diferente da minha?”. A religiosa afirma que “fazer com que o mundo seja melhor implica nos fazermos próximas dos outros, daqueles que são mais vulneráveis”. Segundo ela, “a gente se define pela maneira como nos fazemos próximos uns dos outros, essa proximidade se dá através da presença que acolhe, cuida, fortalece laços, alimenta a comunhão”. Daí, a Ir. Rose coloca alguns verbos que nos levam a ação: “ver, enxergar, sentir compaixão, cuidar”. Olhando para a vida, a secretária executiva do Regional Norte1, coloca que “quando a gente vê o outro ferido, machucado, a gente se mobiliza para a ação, a compaixão, para se importar diante da dor do outro. Sentir o outro é decisivo, eu só vejo a partir de onde meus pés pisam, porque desperta para uma ação concreta”. No texto do Evangelho, destaca a religiosa, “o samaritano ficou afetado ao contemplar o drama do outro, não ficou indiferente, olhou, aproximou-se, enfaixou as feridas, deu dignidade e o colocou numa situação de segurança. Uma atitude que termina alterando o caminho e sua vida, seus planos foram mudados. Alguém ferido cruzou seu caminho e já não pode viver à margem desse encontro”. Essa atitude do samaritano, leva a Ir. Rose Bertoldo a afirmar que “quando a gente se envolve numa causa, sente a dor do outro, a gente não fica indiferente e sim faz a opção e entrega a vida”. Por isso, ela insiste em que “somos convidadas a nos aproximar, sentir compaixão contribuir para que o outro possa restaurar a sua identidade pessoal, a sua dignidade”. A religiosa repara no convite de Jesus ao final do texto, que vê como uma grande provocação para cada uma de nós: “vá, e faça a mesma coisa”. “Com esse imperativo, Jesus nos chama a uma conversão radical”, segundo a religiosa, que insiste em que “devemos sair dos espaços seguros de nós mesmos, igualar-se ao samaritano e fazer o que ele fez: cuidar da vida, restituindo a dignidade”. Nessa perspectiva, a Ir. Rose se questiona: “quantos corpos caídos no chão temos hoje? Corpos abandonados pela sociedade, pelo Estado, por nós mesmos”. “Destes corpos feridos nasce o grande clamor da acolhida, da solidariedade. O verdadeiro seguimento de Jesus nos faz dirigir nosso olhar para os feridos, os caídos, as exploradas sexualmente, deixadas no caminho, crianças, adolescentes, juventudes, mulheres, migrantes e tantos outros, os mais vulneráveis”, relata a religiosa. Ela chama a “contribuir para restituir a dignidade, a vida plena”. Para isso, “às vezes basta um olhar, uma palavra amiga, um abraço, sermos escuta atenta, que restitui a dignidade da vida”. Finalmente, a Ir. Rose coloca um grande desafio: “ser presença samaritana no cotidiano, aguçar sempre mais nosso olhar, deixar se envolver pelo outro, nos colocarmos no caminho que nos leva ao encontro de tantas pessoas às quais nos fazemos próximas”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Cláudio: um legado que continuará dando frutos de vida na Amazônia

A Amazônia ocupa hoje um lugar importante na caminhada da Igreja. A gente poderia dizer que o Papa Francisco tem muito a ver com isso, mas ninguém pode duvidar da importância do trabalho do Cardeal Hummes nesse destaque. Hoje a Igreja da Amazônia ilumina a caminhada da Igreja universal, foi desde a Amazônia que o Papa Francisco fez um chamado à Igreja a sonhar, a sonhar sem medo, a ser mais utópica, a caminhar sem medo. Para isso, o Santo Padre encontrou em Dom Cláudio um confidente, alguém com quem sonhar junto, com quem sonhar em comunhão. O falecimento de Dom Cláudio Hummes, acontecido nesta segunda-feira, 04 de julho, deve nos levar a agradecer a Deus pelo compromisso de alguém que assumiu as causas da Amazônia e de seus povos como próprias. Mesmo sem morar na região, ele sempre se fez presente e se tornou uma ponte entre a Amazônia e o Vaticano, entre a periferia e o centro. Diante de seus muitos afazeres e serviços prestados à Igreja ao longo da sua vida, “sua missão amazônica” será lembrada como um dos principais dentre esses serviços. Algo que Dom Cláudio assumiu até praticamente o final da sua vida, doando suas poucas forças finais ao serviço de um processo que tem ido plantando sementes que vão dar frutos abundantes para a Igreja no futuro. Uma das muitas coisas que Dom Cláudio admirava na Amazônia eram os túmulos dos missionários que morreram e foram sepultados em sua terra de missão. O mesmo compromisso assumido por esses homens e mulheres em favor da missão, podemos dizer que também foi assumido de um modo diferente, mas com a mesma entrega, pelo cardeal agora falecido. Alguém que sempre chegou na Amazônia para escutar, para promover o trabalho em rede, em sinodalidade, desde a base, buscando caminhos novos, considerados escândalo em outros lugares, mas que respondiam aos clamores dos povos e de uma Igreja que vive dentro de uma realidade completamente diferente. Uma Igreja e uns povos que desde a encarnação e a interculturalidade pretendem fazer vida hoje, nesta região, a Boa Notícia do Evangelho. Um legado que sem dúvida vai permanecer e vai continuar dando frutos, nascidos e cultivados no meio dos diferentes povos que habitam esta imensa e rica região chamada Amazônia, fonte de vida para o mundo e para a Igreja universal. A Amazônia tem mais um intercessor ao lado do Pai, mais alguém para continuar guiando e orientando uma caminhada cheia de vida e esperança para todos, sobretudo para aqueles que sempre ficaram do lado de fora da história. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Comissão Episcopal para a Amazônia: a missão que marcou a vida do “Prefeito do Clero Emérito”

A partida física das pessoas faz com que as reações apareçam, ainda mais quando estamos diante de alguém que marcou a vida da sociedade e da Igreja. Sobre Dom Cláudio tem se falado muitas coisas após sua morte, mas a gente quer lembrar daquilo que marcou sua vida nos últimos anos. Em 2010, o Cardeal Hummes deixou a Congregação do Clero, onde era prefeito desde 2006, e voltou para o Brasil. Aos 76 anos de idade, a pedido da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o “cardeal aposentado” assumiu a Comissão Episcopal para a Amazônia em 2011, e começou visitar as igrejas da Amazônia. Mesmo idoso, ele não hesitou em se deslocar até os lugares mais distantes para escutar, para conhecer a vida dos povos e assumir como próprias as causas da Amazônia, das gentes que a habitam. Lembro o relato de Dom Edson Damian sobre uma vista de Dom Cláudio à comunidade indígena de Iauraté, no Rio Uaupés, na fronteira entre o Brasil e a Colômbia. Segundo o Bispo de São Gabriel da Cachoeira, o cardeal embarcou na voadeira, navegou durante horas, e sentou-se com paciência para escutar o povo, para descobrir a riqueza de sua vida, mas também os clamores nascidos das ameaças que atingem os povos da Amazônia. Dom Cláudio será lembrado por ter sido presidente da Rede Eclesial Panamazônica (REPAM), da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), relator geral do Sínodo para a Amazônia, mas tudo isso foi consequência da missão assumida como presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, uma missão que fez com ele pudesse fazer realidade um sonho que ele sempre teve: ser missionário na Amazônia. Em Dom Cláudio podemos dizer que se tornaram realidade as palavras de alguém que pode ser considerado uma referência para a vida da Igreja na Amazônia no pós Concílio Vaticano, Dom Pedro Casaldáliga. Que foi Bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, disse que “minhas causas valem mais do que minha vida”. Mesmo com a saúde debilitada, o Cardeal Hummes continuou doando sua vida pela Amazônia até o fim. Aos poucos, as águas da Amazônia foram inundando sua vida, alimentando sua existência, até fazer transbordar ao mundo aquilo que aos poucos ia descobrindo. Sempre pensando na vida em plenitude, dos povos e de um bioma cada vez mais ameaçado. A voz profética de Dom Cláudio foi chegando mais longe e foi ficando mais forte, mais firme, ajudando muitas pessoas, na Igreja e na sociedade, a não ficar indiferentes diante do necessário cuidado de uma região e dos povos cada dia mais ameaçados. Uma voz que denunciou o avanço do garimpo, do desmatamento, do agronegócio, e de tantas realidades que foram degradando o bioma amazônico. Uma voz que sempre chamou a estar atentos à destruição da Amazônia, para daí “nos engajar na luta pela preservação e no cuidado com a Amazônia e com a Casa Comum”, segundo lembrou na comemoração do Dia da Amazônia, em 5 de setembro de 2021. Podemos dizer que o legado de Dom Cláudio deve nos levar a olhar o futuro desde aquilo que ele falou naquele 5 de setembro de 2021: “há que se ter esperança, e há também que se enveredar na construção de modelos sustentáveis de produção, consumo e economia”. Isso vai se tornar realidade concreta na medida em que consigamos realizar “pequenos gestos simbólicos, como plantar uma árvore, revitalizar o jardim de casa ou buscar informações sobre como e onde são produzidos os alimentos que compartilhamos nas mesas de nossas casas”. Ainda na Capela Sistina, no momento em que o Cardeal Bergoglio passou a ser o Papa Francisco, Dom Cláudio lhe disse uma frase lembrada muitas vezes desde aquele momento: “Não esqueça dos pobres”. Francisco nunca esqueceu dos pobres, mas também não esqueceu da Amazônia, duas causas partilhadas por dois grandes amigos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Giuliano Frigenni: “A Amazônia me ensinou a obedecer a um ritmo que não é o meu”

No dia 1º de julho, Dom Giuliano Frigenni completou 75 anos, idade canônica em que os bispos tem que apresentar sua renúncia ao governo pastoral da diocese. O Bispo de Parintins afirma que é “um momento de muitos sentimentos, primeiro de gratidão por ter chegado até o fim desta estação da minha vida”. Ele vê seus últimos 23 anos como bispo como “os mais cheios de responsabilidades, de dons, de alegrias, de sofrimento”. “Um tempo de comunhão com os outros bispos”, segundo Dom Giuliano, vivido desde a responsabilidade de “fazer apaixonar o Povo de Deus pelo Reino de Deus, sentir que o Reino de Deus é algo a ser acrescentado à vida”. Missionário na Amazônia há 43 anos, ele considera a região como “um mundo cheio de mistério, um mistério que se revela porem nas pessoas”. Aos 75 anos, o Bispo da Diocese de Parintins diz se sentir “como quando entrei na sala de aula para começar a aprender a escrever”. Depois de entregar sua renúncia ao Santo Padre, ele quer viver este momento desde o desejo imenso “de falar menos, de meditar mais, de agradecer mais, e de acompanhar o crescimento da Igreja no Brasil”, lembrando momentos importantes vividos ao longo dos últimos anos, insistindo em que “toda esta vida tão rica não tem ponto final”. Dom Giuliano quer aproveitar o futuro para “silenciar, um silencio cheio de vida”, querendo “ecoar dentro da minha vida a grandeza de ter nascido, de ter sido batizado, de ter encontrado uma paróquia que me iniciou à vida, de ter começado trabalhar nas fábricas, lá que senti a vocação, porque sentia na fábrica onde eu trabalhava o ódio contra Cristo e a Igreja”.  Ele afirma nunca ter se arrependido de entrar no PIME, e também de ter obedecido ao Papa João Paulo II, “mesmo não sabendo quase nada daquilo que é o trabalho do bispo”. O que pede para o futuro é um tempo para “me arrepender e permitir que o meu coração se torne mais grato do que presunçoso, mais silencioso do que falador”. Junto com isso, que “a amizade que nasceu entre mim e muitos padres da Diocese de Parintins, padres que eu tive a graça de consagrar padres”, destacando a familiaridade com eles, mas também “a paternidade de um pai que vê os filhos crescer mais sábios, mais inteligentes, mais atuantes do que ele”, padres com a capacidade de “olhar a realidade, amando-a e querer que ela não seja o lugar de exploração, de violência, de pretensão ou de luta pelo poder”. O bispo chama a “viver o presente tendo no coração a presença de Cristo”, lembrando a Christus vivit, onde o Papa faz ver que é pela presença de Cristo, que “a nossa vida se torna vida”. Na Amazônia, Dom Giuliano Frigenni diz ter aprendido, “primeiro a não correr”, insistindo em que “na Amazônia, a primeira coisa importante é a pessoa, escutar as pessoas, gastar tempo, que não é gastar, é se admirar de como Deus chegou primeiro na vida dessas pessoas, chegou com uma bondade, com uma sabedoria, e também chegou com sofrimentos que encontrei”. O bispo afirma que “aprendi a ver aquilo que no mundo se tenta esconder”, dizendo que “na Amazônia fui obrigado a estar com as pessoas”. Ele insiste em que a Amazônia ensina o método da missão, da encarnação e a inculturação, de encontrar amigos, reconhecer nestes amigos aqueles com quem partilhar a missão. Dom Giuliano lembra de padres e bispos que marcaram sua vida, que segundo ele, junto com seu pai, “me transmitiram o sentido da vida”. Ele afirma que “a Amazônia tem esta mágica de colocar em primeiro lugar a própria realidade que determina o ritmo das pessoas”. Segundo o bispo, “quase, quase, o homem não tem que fazer nenhuma violência, até quando tem que cortar uma árvore, o faz porque é necessário, para construir a casa, a canoa ou o cabo do machado ou um remo, mas tudo é feito para a vida”. O Bispo da Diocese de Parintins insiste em que o homem da Amazônia não procura o lucro acima de tudo, o que leva alguns a questionar sobre a falta de desenvolvimento. Nesse sentido, ele se pergunta sobre o que é o desenvolvimento e o progresso “que passa por cima de milhares, às vezes de milhões de pessoas”. Dom Giuliano afirma que “a Amazônia me colocou diante daquilo que é o tesouro aos olhos de Deus, cada pessoa, cada família, cada povo, cada língua, cada rio tem os réus ritmos. A Amazônia me ensinou a obedecer a um ritmo que não é o meu”. Ele vê os 43 anos vividos no Amazonas como “um tempo para começar a se apaixonar por Deus, que nos deu a vida, me deu a graça da vocação missionária, e de ter encontrado rapazes e moças, homens e mulheres que partilharam esta fé e que crescemos juntos”. Uma história sólida, segundo o bispo, “construída por um Outro, o Espírito Santo, que me permite conhecer o Cristo e revelar o Pai”, o que leva a destacar, vendo como isso ajudou a crescer às pessoas, que “a vida não passou inutilmente”, pois fez com que hoje homens e mulheres “tenham no coração a presença de Cristo e através desta presença aprendam a amar”. Olhando para o presente e o futuro, Dom Giuliano não diz “missão cumprida”, e sim diz a Deus, “me ajuda a continuar, a te agradecer e a te encontrar”. Ele insiste em que “se tiver saúde, gostaria muito de continuar, até em outras dioceses que a gente visitou nestes 23 anos”, falando da possibilidade de dar um tempo em outras igrejas do Regional Norte1. Neste tempo de espera, até que o Papa Francisco aceite a renúncia de Dom Giuliano e seja nomeado um novo bispo, ele gostaria que a Igreja de Parintins “viva este momento com desejo de crescer cada vez mais”. Ele define a diocese onde tem sido bispo nos últimos 23 anos como “uma Igreja, como diz o Papa Francisco,…
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Faleceu Dom Cláudio Hummes, uma voz em defesa da Amazônia

Faleceu nesta segunda-feira, 04 de julho, o Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo emérito de São Paulo, com 87 anos de idade, após prolongada enfermidade, segundo informou com uma nota de pesar e esperança o Cardeal Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo. Nascido em Salvador do Sul (RS), em 08 de agosto de 1934 entrou na vida religiosa da Ordem Franciscana dos Frades Menores, recebendo a ordenação sacerdotal em 3 de agosto de 1958 e a ordenação episcopal em 25 de maio de 1975. Foi bispo diocesano de Santo André (SP), Arcebispo de Fortaleza e Arcebispo de São Paulo. Sendo bispo de Santo André, onde permaneceu por 21 anos, se destacou pela defesa dos trabalhadores, por apoiar os sindicatos e participar de greves como bispo encarregado da Pastoral Operária na CNBB. Depois de dois anos como Arcebispo de Fortaleza, foi nomeado Arcebispo de São Paulo em 15 de abril de 1998, dando impulso à pastoral vocacional, à formação dos sacerdotes e à evangelização da cidade. No Consistório de 21 de fevereiro 2001 foi nomeado cardeal pelo Papa São João Paulo II, sendo Prefeito da Congregação do Clero de 2006 a 2011. De volta ao Brasil, foi nomeado presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Rede Eclesial Panamazônica (REPAM) e da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). O Cardeal Hummes dedicou os últimos anos de sua vida à defesa da Amazônia e de seus povos, percorrendo muitas das igrejas particulares da região e sendo sempre uma voz em defesa de uma região onde o clamor da Terra e dos pobres é o mesmo. Ele não hesitou em denunciar o desmatamento, os megaprojetos predatórios e as doenças da terra e das pessoas. O cardeal falecido sugeriu seu nome como pontífice ao Cardeal Jorge Mário Bergoglio. Eles estavam sentados juntos na Capela Sistina, dizendo ao amigo, no momento em que foi eleito: “Não se esqueça dos pobres”. No Sínodo para a Amazônia, Dom Cláudio foi relator geral, promovendo novos caminhos para a Igreja na Amazônia: inculturação e interculturalidade, a questão da escassez de sacerdotes; o papel dos diáconos e das mulheres, o cuidado com a Casa Comum no espírito da ecologia integral. Ele sempre insistiu em ver o Sínodo para a Amazônia como um processo, nas novas perspectivas que o Sínodo abriu para a Igreja da Amazônia e do mundo, algo que está sendo realizado com a aplicação das propostas sinodais. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1