Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Blog

Dorval de Almeida Carvalho novo diácono da Prelazia de Borba

No dia 23 de abril de 2022, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida em Borba (AM), Dorval de Almeida Carvalho foi ordenado diácono permanente pela imposição das mãos de Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva. A ordenação foi vivida com grande alegria pelo povo da Paróquia e da Prelazia, e contou coma presença da sua família, dos padres, dos diáconos permanentes e do povo da Prelazia, que louva e agradece a Deus pelo Sim deste irmão e sua família para a Missão de Evangelizar e ajudar na dilatação do Reino de Deus. Dorval de Almeida Carvalho, nasceu no dia 01 de setembro de 1972, no lugar Castanhal Grande no Lago do Arapapá, Rio Madeira, município de Borba-AM., filho de Otávio da Silva Carvalho e Vivina de Almeida Carvalho, tem cinco irmãos, uma já falecida, foi batizado no dia 12 de junho de 1974 na Paróquia de Santo Antônio de Pádua/Borba-AM, pelo Frei Roberto F. Glavey T.O.R. No ano 1996 foi morar na cidade de Borba, fez sua Primeira Eucaristia e Crisma no dia 07 de dezembro 1997, na Paróquia de Cristo Rei, pelas mãos de Dom José Afonso Ribeiro, Segundo Bispo Prelado de Borba. Recebeu o Sacramento do Matrimônio no dia 02 de setembro de 2001 com Laurene Queiroz Pantoja, com a qual tem quatro filhos: Lucas Otávio Pantoja Carvalho, Guilherme Augusto Pantoja Carvalho, Pedro Sávio Pantoja Carvalho e Luís Felipe Pantoja Carvalho. Cursou Técnico em Enfermagem – 2008/CETAM, Licenciatura em Matemática – 2015/UEA. É Servidor Público Municipal na Prefeitura Municipal de Borba-AM no cargo de Auxiliar Administrativo. Desde do ano de 1998 presta serviço como Líder Voluntário da Pastoral da Criança, Catequista e Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão e da Palavra de Deus. Atualmente preside a Associação Comunitária Centro Educacional lar Cristo Rei, instituição ligada a Igreja Católica que presta serviços de caridade aos menos favorecidos. Em 2018 foi convidado para as aulas da Escola Diaconal Dom Adriano, para cursar Teologia Pastoral visando formação para Diaconato Permanente. Seu lema para a missão de Diaconal é: “Em obediência a tua Palavra vou lançar as redes” (Lc 5,5). Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 (Com informações da Prelazia de Borba)

Dom Mário Antônio da Silva: O que acontece com os Yanomami é “uma vergonha para nosso país”

Numa Carta ao Povo de Deus e aos Homens e Mulheres de Boa Vontade, dada a conhecer na celebração de envio para ser Arcebispo de Cuiabá, que aconteceu neste 23 de abril, Dom Mário Antônio da Silva, tem denunciado a grave situação que vive o povo Yanomami e sua defesa irrestrita. O bispo de Roraima começa fazendo uma leitura histórica dos primeiros contatos da Igreja católica com os povos indígenas de Roraima, mostrando que pela “defesa da vida, de suas culturas e de suas terras entrou no caminho da Evangelização”. A causa dos povos indígenas foi assumida “como anúncio da dignidade humana e, por vezes, com denúncia daquilo que negava o Evangelho e os direitos humanos”, segundo o Presidente da Caritas Brasileira. Dom Mário Antônio lembrou das palavras de São Paulo VI: “Passar de condições menos humanas para condições mais humanas é Evangelizar”, algo assumido pelos missionários da Consolata, especialmente na Missão Catrimani, fundada em 1965 e no seu acompanhamento diante das invasões acontecidas desde a década de 1970: construção da perimetral norte, invasão de garimpeiros nas décadas de 80 e 90, que colocou o povo Yanomami à beira do genocídio. Nessa conjuntura começou a luta pela demarcação da terra indígena, onde participou a Igreja católica, lembrando do massacre de Haximu, “em que vários indígenas foram dizimados num confronto cruel e desigual”. Isso está sendo revivido nos últimos 3 anos, lembrou o bispo, em que “o dragão devorador da mineração tomou força novamente e avança com toda ferocidade e poder das organizações criminosas sobre a Terra Yanomami”. Isso tem provocado notícias impactantes: a draga que sugou as duas crianças no rio Parima; a violação de meninas e mulheres que são aliciadas em troca de comida pelos donos do garimpo; abusos diários contra os Yanomami. Situações que Dom Mário Antônio define como “uma vergonha para nosso país e fazem o nosso coração sentir o sofrimento e a morte que os Yanomami e a natureza estão vivendo”. Também citou a distribuição de armas e bebidas que provocam conflitos entre eles. Diante disso, a Diocese de Roraima denunciou “a omissão e a responsabilidade do Governo Federal, que ao invés de cumprir seu papel constitucional na defesa dos povos indígenas e de suas terras, patrimônio da União, incentiva as invasões e coloca na pauta do Congresso Nacional o projeto de lei, que legaliza a mineração em terras indígenas”, uma proposta que é vista como “uma ilusão enganadora de supostos benefícios”. A Carta convida a se unir “na   defesa    e   na   garantia   da   vida   e   do   território   do   povo   Yanomami, estabelecidos na Constituição Federal; a   promover   a   Justiça   e   não   compactuar   com   o   projeto   de   morte   que   autoriza   a mineração nas terras indígenas; a assumir o compromisso de defesa e do cuidado para com a Casa Comum”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Verónica Rubí: “A experiência da Ressurreição se vive em Comunidade”

No segundo domingo da Páscoa, Domingo da Misericórdia, festa instituída pelo Papa São João Paulo II no ano 2000, quem reflete sobre o Evangelho do dia é Verónica Rubí, missionária leiga na Diocese de Alto Solimões. Desde a Tríplice Fronteira entre o Brasil, a Colômbia e o Peru, Verónica, relatando a atitude dos discípulos “reunidos de portas fechadas, com medo”, relaciona essa situação com a vida da gente, afirmando que “aí também estamos nós, com eles, experimentando o medo pela solidão, o medo de que atentem contra nossa vida, o medo à morte, medos que nos paralisam e nos isolam”. A missionária lembra como é que Jesus se faz presente, “com uma saudação que nos conforta e nos enche de coragem: ‘A paz esteja convosco’”. Diante dessa aparição, “a alegria de vê-lo e ouvi-lo, nos confirma verdadeiramente que é ele, que está vivo, e elimina todos os nossos medos”, afirma. Igual aconteceu com os discípulos, “Jesus nos envia em missão: ‘Como o Pai me enviou, também eu vos envio’”, recorda coordenadora da Caritas Alto Solimões. Segundo ela, “não é para que fiquemos de portas fechadas, é para sair ao encontro, especialmente daqueles com quem Jesus esteve: as viúvas, os pobres, os doentes, os famintos…”. Algo que traduz à situação de hoje: “as vítimas de violência, os migrantes, os drogo-dependentes”. A missionária insiste em que “Jesus nos envia em missão com a força do Espírito Santo, experimentando o Reino pelo perdão dos pecados”. “A experiência da Ressurreição se vive em Comunidade”, destaca a missionária. Segundo ela, “Jesus se faz presente na relação com os outros, na construção coletiva, na partilha fraterna. Tomé se afastou da comunidade e perdeu essa experiência”. Essa experiência a leva a refletir sobre “quantas vezes também nós acabamos nos afastando da comunidade. Quantas vezes a soberba nos faz pensar que a nossa verdade é a mais importante, mais até do que aquela nos nossos irmãos, das nossas irmãs. Quantas vezes somos como Tomé, incrédulas, incrédulos, pessoas de pouca fé”. O relato do Evangelho nos mostra que “uma semana depois Jesus volta a nos confortar carinhosamente com sua saudação ‘a paz esteja convosco’”, nos lembra Verônica. Ela mostra que “desta vez Tomé está presente e confirma por ele mesmo a Ressurreição de Jesus, colocando seu dedo no lugar dos pregos e a mão no lado ferido pela lança”. Diante disso questiona: “E eu, como experimento a Ressurreição de Jesus? Acredito verdadeiramente que está vivo, ou ainda tenho desconfiança de sua presença no meio de nós? No meu dia a dia, sento alegria de estar com ele? Ou a tristeza, a autossuficiência, as dificuldades, me fazem não acreditar?” Finalmente, Verónica lembra que “neste Domingo da Misericórdia estamos chamadas e chamados a fazer profissão de fé e junto com Tomé, e dizer ‘Meu Senhor e meu Deus’. Acreditar sem ter visto, nos dispõe a viver a vida com um olhar de fé, reconhecendo a presença e Misericórdia de Deus que nos salva ‘Bem-aventurados os que creram sem terem visto’”.        Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Mário Antônio: “Eu não sinto mais o coração partido, sinto que tenho um coração em partida”

A Diocese de Roraima enviou seu bispo Dom Mário Antônio da Silva para sua nova missão como Arcebispo de Cuiabá, para a qual foi nomeado pelo Papa Francisco no dia 23 de fevereiro de 2022, serviço que assumirá no dia 1º de maio. Foi uma celebração de agradecimento pelos cinco anos e meio de alguém de quem foi destacada sua presença no meio do povo, sua humanidade, sua alegria, acolhida e profecia, agradecimento por tudo aquilo que o povo da Diocese de Roraima teve a graça de aurir com a sua presença no meio deles. Foi momento para fazer memória do caminho percorrido, a través de luzes que recolheram o vivido por Dom Mário Antônio com a Vida Religiosa, o clero, as pastorais e movimentos.  Segundo o bispo são “testemunhos de palavras, de gratidão, de luz, não na minha vida, no meu ministério pessoal, mas na missão e nas páginas vivas do Evangelho da nossa Diocese de Roraima”. Dom Mário Antônio disse que no seu ministério episcopal em Roraima, “eu procurei não atrapalhar, procurei ajudar e motivar”, dizendo ter consciência de que colaborou, “porque vocês foram dóceis ao Espírito Santo e verdadeiras luzes nas situações de escuridão”. Ele disse ter ficado com o coração partido quando conheceu a notícia da sua transferência, mas que a celebração o curou, “eu não sinto mais o coração partido, sinto que tenho um coração em partida, em partida com o apoio, com a oração, com o carinho e com a benção de cada um de vocês”. O Arcebispo eleito de Cuiabá agradeceu, “por me enviarem, por me darem coragem, por me darem apoio e sustento na missão, não muitas vezes fácil e por vezes incompreendida”. Ele fez leitura de uma carta onde destacou a importância do trabalho da Igreja de Roraima com os povos indígenas, uma causa “assumida como anúncio da dignidade humana e por vezes como denúncia daquilo que negava o Evangelho e os direitos humanos”. Dom Mário Antônio insistiu, citando a São Paulo VI, em que “passar de condições menos humanas para condições mais humanas é evangelizar”. Ele foi relatando o sofrimento do povo yanomami em consequência da invasão do garimpo e a luta assumida pela Diocese em sua defesa, uma realidade que tem se acentuado nos três últimos anos, em que “o dragão devorador da mineração tomou força novamente e avança com toda a voracidade e poder das organizações criminosas sobre a Terra Yanomami”, denunciando os vários crimes que estão acontecendo com os yanomami, algo que definiu como “uma vergonha para nosso país e fazem o nosso coração sentir o sofrimento e a morte que os Yanomami e a natureza estão vivendo”. Diante disso denunciou “a omissão e a irresponsabilidade do Governo Federal, que em vez cumprir seu papel na defesa dos povos indígenas e de suas terras, patrimônio da União, incentiva as invasões e coloca na pauta do Congresso Nacional o Projeto de Lei que legaliza a mineração em terras indígenas”, o que só traz sofrimento. Por isso o bispo disse: “Deus nos livre dessa maldição!”, convidando a se unirem na defesa e na garantia da vida e do território Yanomami, a promover a justiça e assumir o compromisso para com a defesa e o cuidado da Casa Comum. No final da celebração se multiplicaram as homenagens e lembranças do vivido em seu tempo como Bispo de Roraima, para depois ser abençoado por diferentes pessoas em representação dos presentes na celebração, também os povos indígenas e seu irmão. A tudo isso, Dom Mário Antônio respondeu dizendo que “o Espirito Santo que sopra sobre nós, vai nos manter sempre em comunhão”, afirmando que “vai ser difícil sentir distância de vocês”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

50 anos do Cimi: “Novas formas de estar presentes com os povos indígenas”

No dia 23 de abril de 1972 nascia o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), uma das grandes vozes proféticas na sociedade e na Igreja em defesa dos primeiros habitantes das terras que hoje são chamadas de Brasil. 50 anos de vida e missão junto aos povos originários, marcados pelas lutas e conquistas, pela partilha de vida com os povos indígenas, secularmente marginalizados e vítimas de preconceito por parte da sociedade dominante. Para comemorar tão importante acontecimento foi realizada uma celebração online, com mais ou menos 300 participantes, junto aos povos indígenas e a todos aqueles que fizeram parte desta história de 50 anos, como amigos, aliados, companheiros de caminhada, dentre eles vários bispos. Um dia de celebrar, de festejar, a través de uma celebração dividia em dois blocos: semear e brotar. A celebração lembrou aos presentes que semear no Cimi é fazer memória dos ancestrais, buscar um novo jeito de ser Igreja que acolhe os pobres, especialmente os povos indígenas. Nessa perspectiva, celebrar o Jubileu é esperançar, uma festa que projeta para o futuro, após 50 anos de mística e espiritualidade que sustentam a caminhada, 50 anos de lutas e de convivências, desde a certeza da presença do Ressuscitado ao lado daqueles que tem caminhado com o Cimi nos seus 50 anos de caminhada. “Um dia de Graça e de celebração! Um dia de alegria e de esperança!”, segundo Dom Roque Paloschi. Uma celebração que “na verdade começou há 50 anos, quando um grupo de missionários e missionárias, leigos e leigas, bispos, religiosos e religiosas, destemidos, ousados, animados pelo Concílio Vaticano II e pela Conferência de Medellin, mas sobretudo provocados pela realidade que viviam os povos indígenas, começaram a abrir caminhos novos na Igreja, novas formas de estar presentes com os povos indígenas e de ser fiéis ao Evangelho”, afirmou o Presidente do Cimi . O bispo destacou que tem sido “uma atuação marcada pela defesa da justiça, dos direitos, da diversidade cultural, dos territórios e, de maneira particular, do protagonismo dos povos indígenas como sujeitos de sua própria história”. Uma celebração que faz reconhecer “a força e a sabedoria dos povos indígenas em sua resistência e persistência por defender a vida, por defender seus territórios e suas formas diversas de ser, suas culturas e sua profunda espiritualidade”. Dom Roque reconheceu as “tantas e tantos missionários que deram sua vida pela causa dos povos indígenas, pela Causa do Reino”, os tantos bispos que prestaram seu apoio à atuação do Cimi e a luta dos povos indígenas. Mas também fez ver que ainda há muito trabalho a ser feito, nos dias de hoje “em que os povos indígenas estão sendo permanentemente assediados em seus territórios e seus direitos sistematicamente violados e questionados”. Uma celebração no tempo pascal, que nos lembra, em palavras de Dom Roque, que “somos testemunhas de tantos crucificados em nossos dias, tantos territórios invadidos, tanta violência contra os povos indígenas, tanto preconceito e tanta política de morte”. Por isso destacou as palavras do Ressuscitado: “Não tenhais medo!”, chamando a reafirmar “nosso compromisso, pessoal e coletivo, com a vida dos povos indígenas, com a defesa de seus direitos e de seus territórios”. A defesa dos direitos, culturas e territórios dos povos indígenas é uma missão assumida pela Igreja do Brasil, lembrou Dom Walmor Oliveira de Azevedo. O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, citando Querida Amazônia destacou a importância do território para os povos indígenas. O arcebispo de Belo Horizonte enfatizou a contribuição da Igreja para mudar de rumo e mostrar à sociedade que os povos indígenas são mestres na ecologia integral. Daí chamou a entrar num caminho de conversão, insistindo em que o trabalho do Cimi precisa continuar a florescer, para com os povos indígenas aprender a viver na Casa Comum, para em união assumir a tarefa de promover a dignidade para os povos indígenas. A história do Cimi é uma história que nasceu teimosa, como nova proposta eclesial, abraçando novas realidades dos povos indígenas sem vez e sem voz. Uma caminhada de escuta, de luta por cada território e a sobrevivência de cada povo frente a um mundo hostil. Uma história de estar com, em um processo de inculturação, tendo como palavras chave: terra, cultura e direitos indígenas. Uma história construída de um processo de diálogo e de esperança dentro da Igreja católica, contra os projetos de morte contra os povos indígenas, frente às tentativas de assimilação, deles deixarem de ser indígenas, diante do fascínio pela civilização e o progresso, frente à resistência dos povos. Uma opção que trouxe perspectivas de diálogo desde o reconhecimento da diversidade presente no Brasil, frente a um modelo econômico e sócio-político, buscando uma conscientização sobre a existência e resistência dos povos indígenas, mas também a autodeterminação e protagonismo desses povos, que possibilitasse a organização e a luta, a construção de alianças e políticas públicas diferenciadas. Assim foi feita a memória dos mártires e uma lembrança dos fatos marcantes em cada uma das décadas na voz de missionários do Cimi. Tudo isso intercalado com músicas, cantos indígenas, testemunhos sobre o que é ser Cimi, palavras que emocionaram os presentes e lembraram a importância da vida encarnada ao longo de 50 anos de caminhada, algo concretizado em muitos rostos e nomes recordados ao longo da celebração, algo importante para continuar a caminhada contribuindo com a missão do Cimi, uma caminhada chamada a traspassar fronteiras territoriais e eclesiais, a seguir construindo uma pastoral indígena latino-americana, ecumênica e inter-religiosa. Uma história que tornou o Cimi uma referência para o mundo na defesa dos povos indígenas, segundo Dom Erwin Kräutler, presidente do Cimi por muitos anos. O bispo emérito do Xingu lembrou a vida entregada de tantos missionários e missionárias ao longo dos 50 anos de caminhada, daqueles que junto com os povos indígenas têm construído uma história de luta e resistência. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo ordena 8 diáconos e lhes pede: “Tornem-se homens disponíveis, serviçais”

A Arquidiocese de Manaus tem 8 novos diáconos permanentes, ordenados neste 23 de abril na Catedral Nossa Senhora da Conceição, pela imposição das mãos de Dom Leonardo Steiner, que definia a celebração como “um momento de Igreja, eles estarão ao serviço da Igreja, das comunidades”. Os novos diáconos são Agamenon de Assis Silva, Agdo Freitas Guimarães Filho, Carson Farnela Duarte, Edivaldo Pereira da Silva, Arley Oliveira Barcelar, Marcio Pedro Gomes dos Santos, Paulino Pedro da Conceição Maciel, Valtemir Livino Ribeiro. Na homilia, após acolher as esposas e comunidades às quais os novos diáconos irão servir, o Arcebispo Metropolitano de Manaus começou refletindo sobre a escolha, algo que vem do outro, já presente nos Atos dos Apóstolos, onde a primeira comunidade cristã escolhe seus diáconos. A ordenação é o último passo daqueles que foram chamados, “e hoje diante da Igreja respondem eis-me aqui”, lembrava Dom Leonardo, que vê nisso um sinal de prontidão. O Arcebispo lembrou que no Evangelho é Jesus que escolhe, reafirmando que “toda vocação é um chamado, uma escolha”, definindo a história da nossa Igreja como “uma história de chamado, sempre um chamado, uma vocação que pede uma ressonância, uma consonância”, que cada um responde na cotidianidade. Dom Leonardo insistiu em que “é o amor que escolhe, não somos nós que escolhemos”, algo que os novos diáconos já têm experimentado no Sacramento do Matrimonio. “O amor de Deus é livre, terno, cheio de misericórdia, este é o amor que chama”, destacou o Arcebispo, que insistiu em algumas atitudes necessárias: disponibilidade, abertura, prontidão, disposição, graça de servir. E junto com isso, “servidores, lavadores dos pés”. Se referindo ao Evangelho lido na celebração, Dom Leonardo disse que “o Evangelho vem a nos indicar o caminho da transformação de quem recebe o ministério diaconal”, como um serviço para estar continuamente a caminho, ir pelo mundo inteiro e a toda criatura, refletindo sobre os tantos mundos para serem percorridos para servir a Palavra, a Caridade, dentre eles “o mundo da violência, da guerra, da desfraternidade, da imoralidade, da destruição, da desavença, do desconforto, da fome, do frio”, onde o Arcebispo chamou a ser a Boa Nova, servir. Também chamou a se sentir enviados a todas as criaturas, que “hoje estão sendo destruídas, massacradas, pela ganância, pelo dinheiro que mata”, algo que se vê especialmente na nossa Amazônia. Desde a liberdade, Dom Leonardo chamou os diáconos a servir uns aos outros no amor, servindo a todos, especialmente aos pobres e descartados, a exemplo do amor de Jesus. O Arcebispo lhes pediu aos novos diáconos que “pela imposição das mãos e a invocação do Espírito Santo tornem-se homens disponíveis, serviciais, servir a todos no amor, um amor que serve, um amor serviço”. Afirmando que “somos uma Igreja constitutivamente missionária, uma Igreja constitutivamente sinodal”, o Arcebispo chamou a servir com generosidade e alegria, sem procurar as primeiras filas, a través dos diferentes serviços que fazem parte do ministério da Igreja, “tudo na fecundidade da Igreja, na fecundidade pessoal”. Daí chamou a ser humildes, a cultivar a vida familiar, a ser sinal de esperança e de conforto para as famílias em dificuldades, sentir-se felizes por estar com a família, a comunidade, a Igreja, estar próximos dos pobres e neles ver a Jesus que bate na nossa porta através deles, ser catequista, ensinador. Os novos diáconos “inserem a família na ação evangelizadora e sacramental na Igreja”, afirmou Dom Leonardo. Se dirigindo às esposas, filhos e outros familiares, o Arcebispo disse que “a família se torna força para exercer esse ministério com dignidade e alegria”, agradecendo às famílias pelo apoio à vocação dos novos diáconos, e também a todos os que os acompanharam no processo de formação, encerrando suas palavras fazendo de novo o chamado para que “disponham-se ao serviço uns dos outros através do amor”, lema escolhido pelos diáconos para sua ordenação. Lembrando esse lema, um dos diáconos, em representação de todos, definiu a ordenação como uma nova etapa em suas vidas, agradecendo a Deus que os escolheu para a missão e a todos aqueles que fizeram possível chegar neste dia, especialmente seus familiares e os párocos que os acompanham em suas áreas missionárias e paróquias.     Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Encontro de Pastoral de Alto Solimões: Igreja em saída para continuar no processo sinodal

A Diocese de Alto Solimões encerrou nesta quinta-feira, 21 de abril, seu Encontro de Pastoral, iniciado no dia 18 de abril no Centro de Formação frei Ciro em Tabatinga (AM), que contou com a participação de 74 representantes das 8 paróquias que fazem parte da Diocese. O tema do encontro foi “Por uma Igreja Sinodal”, e o lema “Comunhão, Participação e Missão”. O encontro, que contou com a presença do bispo diocesano, Dom Adolfo Zon, foi oportunidade para realizar importantes momentos de espiritualidade, dentre eles a solene Celebração da Missa dos Santos Óleos com a renovação das promessas sacerdotais dos presbíteros e a consagração a Deus e ao povo das religiosas e dos religiosos. As reflexões em grupos e nas plenárias privilegiaram diferentes temas, dentre eles a escuta diocesana em vista do sínodo de 2023 e a ecologia e o cuidado da casa comum. O encontro também foi momento para realizar o planejamento das pastorais diocesanas: Pastoral da Criança, da Juventude, Caritas, Vocacional, Diáconos, Indígena, Comidi, Cebs, Carcerária e Sobriedade.  Um profissional da contabilidade orientou ao respeito aos secretários paroquiais, e na plenária apresentou as novas exigências no campo, respondendo também às perguntas e esclarecendo dúvidas. Mesmo na sua complexidade, a economia, na busca do necessário para a vida e dentro da verdade, integra essencialmente o caminho sinodal.  O Encontro foi animado pelo grupo de Animação de Canto da Catedral de Tabatinga, que com seus instrumentos e vozes, animaram os diferentes momentos, desde a artística encenação de abertura até a celebração final, envolvendo os participantes nas diferentes dinâmicas realizadas ao longo dos diferentes dias, também na animada Noite Cultural. Os participantes dizem dar graças a Deus pela experiência pascal do Encontro Pastoral da Diocese do Alto Solimões, mais uma oportunidade para aprofundar na necessidade de uma Igreja em saída para continuar partilhando o processo sinodal. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 (Com informações do Padre Zezinho)

Luta por direitos dos povos indígenas: uma tarefa comum e ineludível

Luta e resistência são condições indispensáveis na conquista de direitos. Na sociedade brasileira, racismo e preconceito são atitudes presentes em muita gente, o que deve levar a uma reflexão em busca de desterrar aquilo que impossibilita a fraternidade e a cidadania plena. !9 de abril é comemorado no Brasil o “Dia do Índio”. Os povos originários do Brasil vêm reclamando há muito tempo que esse nome seja mudado para “Dia dos Povos Indígenas”, uma terminologia que evita continuar caindo em erros históricos, nascidos do fato de Américo Vespucio pensar que tinha chegado às Índias. O olhar folclórico em relação aos povos indígenas ainda está muito presente na mente de muitas pessoas, ficando longe da realidade que vivem os povos originários. A falta de respeito pelos diretos que a Constituição Federal Brasileira os garante é uma realidade cada vez mais presente, que deveria levar à sociedade a se posicionar em favor daqueles que são os primeiros habitantes das terras que hoje são conhecidas como Brasil. As ameaças contra o território, inclusive com o apoio e incentivo do poder público, se tornaram uma constante. As dificuldades para o aceso a direitos garantidos como é a saúde e a educação tem se tornado algo cada vez mais presente, uma realidade que aumentou com a pandemia da Covid-19, dificultando a sobrevivência desses povos, que tem visto como muitos dos seus membros, especialmente os anciãos, vieram a óbito, algo que compromete os conhecimentos tradicionais e com isso o futuro de sua cultura e identidade. Por isso, o Dia dos Povos Indígenas tem que ser visto como momento de reflexão, de resistência, de luta, de resgate de uma história e uma cultura que carrega conhecimentos milenares, que tanto tem aportado na construção de um mundo melhor. Diante das múltiplas violações que os povos indígenas vêm sofrendo se faz mais do que necessário reagir para que esses povos possam continuar conquistando espaços que lhes pertencem. Os povos indígenas brasileiros passam por situações vergonhosas, que deveriam indignar à sociedade, mas que são ignoradas. A denúncia realizada esta semana pela Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), onde mostra seu repúdio diante da violência contra o povo Yanomami, é mais um exemplo disso. Não podem ser toleradas as violações e crimes que sofre o povo Yanomami, vítima de alarmantes e desesperadores ataques criminosos. A invasão do garimpo ao seu território tem provocado violência sexual contra mulheres e crianças, algo que acontece com o completo descaso do governo federal brasileiro. O povo Yanomami, como acontece com os outros povos indígenas no Brasil, “encontra-se ameaçado, violentado e em grande vulnerabilidade sob precárias condições de vida, fome, desnutrição e sujeitos a adquirirem doenças endêmicas, infectocontagiosas como a malária, dentre outras”, denuncia a nota do CEPEETH. A pregunta que devemos nos fazer é: será que vamos ficar calados e continuar olhando para o outro lado? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Seminário São José de Manaus: “Formar padres com consciência indígena e com rosto amazônico”

Um ano atrás, pudendo ser considerado mais um fruto do Sínodo para a Amazônia, em seu empenho em fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico e indígena, o Seminário São José de Manaus criou o Núcleo de Reflexões Pluriétnicas “Yüü”. No “Dia dos Povos Indígenas”, como deveria ser chamado, segundo reclamam os povos originários do Brasil, aquele que pejorativamente é conhecido como “Dia do Índio”, um termo acunhado por Américo Vespucio pensando ter chegado às Índias, foi comemorado o primeiro aniversário de algo que pode ser considerado como “uma maloca espiritual”, segundo o padre Rubson Vilhena. Para o vice-reitor do Seminário São José de Manaus, o Núcleo de Reflexões Pluriétnicas é motivo de orgulho, pois ajuda a “aprofundar em nossas raízes, em nossa cultura”. É por isso que os formadores do Seminário, onde se formam os seminaristas das 9 dioceses e prelazias do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dentre eles indígenas de 8 povos, agradecem os seminaristas que participam do Núcleo, insistindo na necessidade de amazonizar a Igreja, mas não com imposições, para não cair em erros do passado no sentido contrário. Um desses seminaristas que participam do Núcleo de Reflexões Pluriétnicas é Eliomar Rezende Sarmento, do Povo Tukano, seminarista da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, na região com maior porcentagem de indígenas do Brasil.  Segundo ele, “o Núcleo de Reflexões Pluriétnicas tem o objetivo de contribuir e fortalecer a identidade indígena dentro do processo formativo e pedagógico do Seminário São José, tendo em vista essa plurietnicidade de seminaristas de várias regiões e de várias dioceses”, insistindo em que se busca “formar padres com consciência indígena e com rosto amazônico”. O Dia dos Povos Indígenas no Seminário de Manaus, impulsado pelo Núcleo de Reflexões Pluriétnicas, tem sido um momento em que puderam ser vistos alguns traços dessa Igreja com rosto indígena à qual nos chama o Papa Francisco. O uso de elementos que fazem partes dos rituais indígenas são expressões que também estão presentes no universo cristão, a fumaça como sinal de proteção, o pajé como aquele que invoca o espírito para curar as doenças, cuidar da comunidade, proteger a vida, a saúde e o trabalho. Algo que também se descobre na correlação existente entre a narração da Criação no Livro do Gênesis e a origem do mundo e da humanidade em diferentes cosmovisões indígenas. No encontro se fez presente a jovem indígena Geana Batista, mestranda em psicologia na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que vê o 19 de abril como “momento de reflexão, de resistência, de luta”. Segundo a indígena do Povo Baniwa, “temos nossa história, nossa cultura, nossos corpos, nossos direitos violados”, relatando as dificuldades que os jovens indígenas enfrentam no contexto urbano diante da pressão, racismo e discriminação contra os povos originários no Brasil. Geana Batista é consciente que os povos indígenas “já conquistamos muitos espaços como indivíduos graças às lutas dos nossos antecessores, de lideranças indígenas”, o que a leva a reafirmar a importância das lutas para que os povos indígenas tenham respeitados os direitos garantidos pela Constituição Brasileira: educação, saúde, moradia, território. Para isso, ela destacou a necessidade da juventude indígena se tornar protagonista. No início da luta dos povos indígenas teve um papel destacado a Igreja católica, segundo Jaime Diakara, doutorando em Antropologia. O indígena do Povo Desano refletiu sobre os diferentes modos de entender a vida nas diferentes culturas, afirmando que a Universidade muitas vezes não entende o pensamento indígena. Ele insistiu na necessidade de uma luta coletiva, pois ela não pode ser individual. Nesse sentido, o movimento indígena é prejudicado pelas divisões existentes nele, colocando as dificuldades que os indígenas encontram para viver na cidade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

CEEPETH repudia a violência sexual de garimpeiros contra mulheres e crianças Yanomami

A Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou nesta segunda-feira, 18 de abril, uma nota de repúdio à violência contra o povo Yanomami. A nota, assinada pelo presidente da CEPEETH, Dom Evaristo Spengler, “vem a público expressar, veementemente, sua indignação e repúdio diante da violência sofrida pelo povo Yanomami, especialmente a invasão do garimpo ao seu território, a violência sexual contra mulheres e crianças e o completo descaso do governo”.  O relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo”, divulgado em 11 de abril, construído pela Hutukara Associação Yanomami, “denuncia a dramática realidade em que vivem as comunidades Yanomamis do Amazonas e de Roraima”. O garimpo “cresceu 46% nas reservas indígenas em 2021”, denuncia a nota, e também que “os números de ataques criminosos contra as comunidades Yanomamis são alarmantes e desesperadores”. A situação é tão grave, que são relatados “a violência sexual e estupros sofridos por adolescentes e mulheres yanomamis, praticados por garimpeiros invasores que desenvolvem atividades criminosas de extração de ouro”. Junto com isso as consequências da contaminação por mercúrio, “afetando a saúde dos rios e florestas e das populações que ali vivem”. Isso leva o CEPEETH a afirmar que “o povo Yanomami encontra-se ameaçado, violentado e em grande vulnerabilidade sob precárias condições de vida, fome, desnutrição e sujeitos a adquirirem doenças endêmicas, infectocontagiosas como a malária, dentre outras”. O relatório recolhe também os efeitos da Covid-19 para os povos indígenas, denunciando que “tudo isto é fruto da inoperância do Estado brasileiro, em particular do governo federal, que de forma explícita vem desenvolvendo ações para expulsar os povos e comunidades de suas terras tradicionais; concedendo sobretudo títulos de propriedade aos que se apossam de terras públicas, em especial onde se encontram os povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e áreas ambientais”. A CEPEETH, “fiel ao seu compromisso místico-profético com os clamores dos pobres e da terra”, mostra na nota sua solidariedade e compromisso às lideranças indígenas na voz de Dário Kopenawa, que exige maior compromisso do governo brasileiro para combater o garimpo diante da muita violência e vulnerabilidade que o povo Yanomami está sofrendo. Por isso, a CEPEETH “repudia e denuncia com indignação, toda forma de exploração e violência em especial, a violência sexual contra Mulheres, adolescentes e crianças”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1