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Maria, rosto da Solidariedade que nasce em Deus

Remar juntos, ter consciência que estamos no mesmo barco, sermos solidários diante da necessidade dos outros… São atitudes que sempre devem estar presentes na vida de todo batizado, mas especialmente diante de momentos de grave dificuldade. A pandemia tem sido um tempo que marcou a vida de muita gente, o sofrimento tem se instalado na vida de muitas pessoas, que sofrem diante de uma realidade que atingiu a todos, mas especialmente os mais pobres. A Igreja católica tem mostrado nesse tempo o rosto da misericórdia de Deus, sua solidariedade diante de tantas situações de dor. Na Arquidiocese de Manaus, Caritas tem sido a caricia de Deus na vida dos vulneráveis. A solidariedade se faz realidade na prática, em pequenas ações que ajudam as pessoas a caminhar com as próprias pernas. Por isso deve ser valorizada a Feira da Solidariedade, que de 6 a 8 de dezembro realizou sua X edição. Tudo isso acontece em volta da festa de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Estado do Amazonas e da Arquidiocese de Manaus. Maria, sempre atenta e serviçal diante das necessidades dos outros, se apresenta como modelo para quem quer ser fiel àquilo que Deus espera de nós, mostrar seu amor pela humanidade, especialmente pelos pequenos, pelos mais vulneráveis, por aqueles que a história coloca do lado de fora do caminho. Maria é referência de cuidado, uma atitude cada vez mais necessária na vida da humanidade diante de tanto sofrimento com que nos deparamos a cada dia. Em Nossa Senhora podemos destacar sua capacidade de assumir a vontade de Deus, mas também sua disposição para estar sempre atenta à necessidade dos outros. Maria é a intercessora diante do Filho de Deus, para quem sempre pede misericórdia para com aquele que passa por momentos de dificuldade. Esse viver em função dos outros nos ajuda a descobrir em Maria a presença daquela que desse modo se torna presença de Deus na vida da humanidade. A devoção a Nossa Senhora não pode ficar num sentimento, tem que ir além, assumindo suas atitudes na vida cotidiana. Quando a gente é devoto, deve sentir a necessidade de imitar, de se parecer cada vez mais com quem provoca devoção em nós. Superar um falso sentimentalismo e chegar num compromisso cada vez maior deve ser um caminho a ser trilhado em nossa vida como homens e mulheres de fé. Deixemos que o compromisso solidário se torne atitude presente na nossa vida, assumamos atitudes próprias daqueles que dizem querer caminhar com Deus, daqueles que estão dispostos a assumir sua vontade em sua vida. É tempo de testemunhas, que vão além das palavras, que com sua vida limitada mostram a grandeza que vem de Deus, permanentemente comprometido com a vida em plenitude para todos e todas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Leonardo: “Em Maria, nós encontramos respostas, nós nos tornamos pessoas mais disponíveis”

“O caminho da nossa relação com Nossa Senhora”. Isso foi o que Dom Leonardo Ulrich Steiner descobriu na Palavra de Deus no dia em que a Arquidiocese de Manaus celebrou a festa da sua padroeira. Ele fez uma reflexão em torno à Palavra, destacando como “por causa da fraqueza, por causa da nudez, por causa do rompimento”, Deus continua a buscar à Adão, lhe perguntando onde está. Dom Leonardo insistiu em que Deus não desiste, em que Deus continua a buscar, e que Ele nos encontra. Um continuar a buscar presente no Evangelho, onde aparece como “Deus continua na história a buscar a humanidade, o seu povo, a cada um de nós. Deus que em Maria nos busca, Deus que em Maria nos oferece a salvação”. Um Deus que “se manifesta na fraqueza, no pecado, na esterilidade, na velhice”. O arcebispo se perguntava por que Deus nos busca, encontrando a resposta na carta aos Efésios, onde aparece que “no Filho fomos adotados como filhos e filhas”, algo que nasce do fato de Maria ter aceitado. Ele insistiu em que as leituras da festa de Nossa Senhora da Conceição, que “abrem a perspectiva para olharmos para Nossa Senhora, e nela ver que Deus nos procura”. Dom Leonardo também destacou a resposta de disponibilidade, de prontidão, de quase medo, de insegurança, mas também o “eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra”. Recorremos a ela no momento da solidão, no momento da morte, porque “ela sempre nos mostra a Jesus”, segundo o arcebispo. Uma presença no meio das dificuldades, distorções, injustiças, violência, traição, política desastrada. Aí que com Maria dizemos eis aqui a serva, o servo do Senhor. O arcebispo convidou a “em Maria deixarmos gerar em nós o anunciador da paz”, da justiça, da fraternidade, da irmandade, insistindo em que “não traiamos a nossa fé, não nos afastemos de Maria, permaneçamos juntos porque ela nos indica o caminho da irmandade, da fraternidade”. Se pertencemos ao Reino que Jesus veio instaurar, “por que tanta necessidade, por que tanta gente passando fome no nosso meio, por que tanta gente dormindo nas nossas ruas”. Diante disso, afirmou que “em Maria, nós encontramos respostas, nós nos tornamos pessoas mais disponíveis”, chamado a que “deixemos que Deus nos procure”, também na nossa fraqueza. Finalmente pediu “que Nossa Senhora nos ajude a nos sentirmos procurados por Deus, desejados por Deus, mas também tenhamos a disponibilidade de Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor’. Nos sintamos todos irmãos e irmãs de Jesus, mas também sintamos irmãos e irmãs de Jesus aqueles que as vezes estão à margem do nosso olhar e muito mais à margem do nosso coração”.     Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

X Feira da Economia Solidária: dar visibilidade a projetos alternativos que geram vida

A Caritas Arquidiocesana de Manaus está realizando, de 6 a 8 de dezembro de 2021, na Praça da Matriz, a X Feira de Economia Solidária e Agricultura Familiar 2021. Segundo o diácono Afonso Brito, secretário executivo da entidade, “o objetivo da Feira é trazer os empreendimentos acompanhados pela Caritas Arquidiocesana de Manaus nessa área da agricultura familiar, da economia do artesanato, grupos de mulheres, grupos de jovens”. Junto com isso, ele destaca o empenho em dar visibilidade ao trabalho das pastorais sociais, presentes na Feira, além de trazer a Pastoral da Saúde, a Pastoral da AIDS, presentes todos os anos, que estão fazendo testes gratuitos de diferentes doenças, com grande aceitação entre os visitantes da Feira. Nesta X Feira são 45 barracas presentes, com todo tipo de produtos, desde o vestuário, produzido pelas mulheres, até os alimentos da Agricultura Familiar.   A Feira está ligada à festa da padroeira da Arquidiocese de Manaus, Nossa Senhora da Conceição. Como acostuma acontecer, o tema da Feira acompanha a temática da Festa da Padroeira. Neste ano, nos lembra o diácono Afonso Brito é: “Com Maria somos Sal da Terra e Luz do Mundo”. Ele ressalta a presença neste ano das Caritas das Dioceses de Parintins e Alto Solimões e da Prelazia de Tefé, além de outros empreendimentos, como a Rede Biriba, que abriga 10 empreendimentos. Durante a Feira tem acontecido apresentações culturais, com a presença de vários grupos, entre eles venezuelanos, indígenas, com uma presença muito destacada neste ano, também nas barracas, principalmente com o artesanato e outros produtos e remédios. O secretário executivo da Caritas também destaca a presença de um grupo de alunos do SENAC. Trata-se de mais um exemplo de economia popular solidária, um tema presente no Seminário prévio à Feira, realizado no sábado dia 4 de dezembro, no intuito de orientar e capacitar os agentes Caritas e empreendedores. O Seminário que versou em torno à Economia de Francisco e Clara contou com a assessoria da Irmã Michele Silva da Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara, que ajudou a trazer para a realidade amazônica uma proposta que, surgida da juventude, pretende oferecer alternativas que ajudem a ter uma visão diferente da economia e deixar para trás a “economia que mata”, tantas vezes criticada pelo Papa Francisco. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Tadeu comemora Jubileu de Prata Presbiteral na “certeza de ter construído uma vida feliz”

Uma celebração eucarística na Paróquia São José Operário Leste de Manaus foi momento de ação de graças pelo Jubileu de Prata de Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, bispo auxiliar de Manaus e Vice-presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que contou com a presença de salesianos, vida religiosa e presbíteros da Arquidiocese de Manaus, e do Arcebispo Metropolitano, Dom Leonardo Ulrich Steiner. Dom Tadeu começou sua homilia lembrando o pensamento de Dom Bosco, que pede aos salesianos “ser sinal e portador do amor de Deus aos jovens, às pessoas”. Segundo o bispo auxiliar de Manaus, “o amor de Deus por nós é uma questão fundamental para a vida e apresenta questões decisivas sobre quem é Deus e sobre quem nós somos”, lembrando assim as palavras com que iniciava seu ministério petrino o Papa Bento XVI. Ao celebrar o Jubileu de prata presbiteral, o bispo afirmou que “viver significa sermos amados”, lembrando à luz do Evangelho do dia, que “nos ajuda a entendermos o amor de Deus através do cuidado, desenvolver o cuidado sobretudo para com os pequeninos”. Dom Tadeu Canavarros afirmou que sua vocação sacerdotal nasce dentro da espiritualidade do Bom Pastor, lembrando seu lema sacerdotal “Ouro ou prata não tenho, mas o que eu tenho isso te dou”. Lembrando que foi questionado pelo bispo ordenante por aquilo que tinha para dar, ele respondeu que “a experiência de ser amado por Deus e desenvolver o cuidado para com todos”, lembrando sua caminhada vocacional, a importância e cuidado de sua família, e o vivido neste tempo, insistindo em ter “a certeza de ter construído uma vida feliz”, uma felicidade que ele alicerça em “amar, trabalhar e saber sofrer”. “Celebrar 25 anos de ordenação presbiteral é celebrar 25 anos de vocação, de chamado diário e de resposta positiva, fazendo próprio diariamente, assim como a Virgem Maria, o sim”, insistiu o bispo, que diz ter vivido “25 anos de diálogo entre Jesus e seu servo, entre o Sumo e Eterno sacerdote e seu ministro, entre a misericórdia de Deus e a gratidão do filho”. Olhando para trás disse contatar “a fidelidade, a perseverança, a dedicação, inclusive sofrimentos, o bem feito a milhares de pessoas, pensamentos, palavras e atos em favor do Evangelho, da Igreja e de tantos homens e mulheres”. Olhando para a frente disse ver a messe que espera a disponibilidade. Finalmente agradeceu a sua família, à Congregação Salesiana, à paróquia São José Operário que acolheu a celebração, à Arquidiocese de Manaus e seu arcebispo Dom Leonardo, à vida consagrada, aos amigos de perto e de longe, a todos que contribuíram com uma festa bonita. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Comissão de Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB: incidência e formação prioridades para 2022

Retomar o processo das ações realizadas nos últimos dois anos de missão da Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a partir da conjuntura social e econômica. Esse foi o propósito da reunião realizada em São Paulo nos dias 6 y 7 de dezembro, onde participaram os bispos, padres, religiosas e leigos e leigas que fazem parte da comissão. Segundo Alessandra Miranda, articuladora da Comissão, estamos diante de uma realidade que “tem gerado ainda mais vulnerabilidade social e empobrecimento da população, tornando as práticas do tráfico de pessoas ainda mais evidentes entre as crianças, adolescentes e jovens, assim como mulheres e pessoas exploradas pelo trabalho escravo”. Segundo ela, “as tecnologias virtuais têm sido um elemento extremamente perigoso no recrutamento de pessoas para a exploração sexual e do trabalho”. Para os anos 2022 e 2023, a Comissão, que conta com a presença de Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, e da Ir. Rose Bertoldo, articuladora do Núcleo da Rede um Grito pela Vida em Manaus, priorizará o eixo de formação, através de atividades e oficinas nacionais e territoriais para capacitar multiplicadores e multiplicadoras para atuação nessas realidades. Junto com isso serão elaboradas estratégias de comunicação para incidência social e formação, assim como momentos nacionais de diálogos com o poder público e canais de denúncias e processos de formação com adolescentes e jovens. Enquanto às ações, elas estão baseadas na compreensão da dignidade humana e das potencialidades dos territórios, com foco na violência e exploração sexual, trabalho escravo, violação contra meninas e mulheres e migração. Desde a Comissão insistem em que para um melhor desenvolvimento dos trabalhos, serão de grande importância as articulações com redes eclesiais e da sociedade civil de enfrentamento ao tráfico de pessoas. Junto com isso, para a Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB, também é uma prioridade da comissão, seu fortalecimento organizacional e incidência para prevenção e enfrentamento das violações dos direitos, especialmente do tráfico de pessoas. Segundo Dom Evaristo Spengler, “a luta pelo direito à vida é a liberdade de todos os seres humanos não é tarefa de alguns escolhidos, mas uma exigência do Evangelho para todos os que creem em Cristo”. Para o bispo da Prelazia do Marajó e presidente da Comissão, “essa comissão junta-se ao sonho do Papa Francisco de que toda a Igreja, desde os cardeais, passando pelos bispos, padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas, até o mais anônimo entre os fiéis, assuma a luta contra esse pecado que brada aos céus – a transformação de corpos em mercadoria para produzir lucro – que é o tráfico humano”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Ir. Laura Vicuña Pereira Manso: Diante do sofrimento dos yanomami, “necessidade de a Igreja fazer ecoar essa voz”

Mais de 20 mil garimpeiros ilegais têm invadido a Terra Indígena Yanomami, no estado de Roraima, no extremo norte do Brasil. A consequência é um sofrimento que vai aumentando cada dia, com um perigo real de se tornar um genocídio. A Igreja católica tem se tornado uma das grandes aliadas dos povos indígenas, assumindo a necessidade de ecoar sua voz, segundo a Ir. Laura Vicuña Pereira Manso, agente pastoral do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), e representante dos povos originários na Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). A religiosa denuncia nesta entrevista o que está atrás da situação que atinge ao povo Yanomami, mas também aos povos indígenas em geral, mostrando a importância que eles têm no futuro da Amazônia e do Planeta. Não podemos esquecer que eles são os grandes defensores da casa comum. Nos últimos meses, a situação do povo yanomami, em consequência da atuação dos garimpeiros, tem piorado cada vez mais, sendo relatadas situações que poderiam ser consideradas como um genocídio. Para alguém que conhece a realidade, como agente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), qual é realmente a situação do povo yanomami neste momento? A situação do povo yanomami é um continuo de violências e de violações de direitos. Se a gente for olhar historicamente, no ano de 1993, houve a chacina de Haximu, onde uma aldeia inteira foi exterminada, por conta de conflitos e invasão de garimpeiros na Terra Yanomami. Trago esse fato para exemplificar o contínuo de invasões que ocorrem na Terra Yanomami. Na verdade, as invasões, elas permaneceram de décadas passadas, e continuam até hoje, com o agravamento de violências, com o agravamento também dessa pandemia que ocorre em escala mundial, e ainda deixando em extrema vulnerabilidade esse povo. Isso ocorre nos últimos anos, sobretudo nos últimos três anos do atual governo, em que houve um recrudescimento da violência contra os povos indígenas. Houve uma legitimação da invasão dos territórios, e os invasores se sentiram muito mais fortalecidos e muito mais legitimados pelas falas e pelas posições do atual presidente, que abriu os territórios indígenas para que seja um espaço de exploração económica em todo o território brasileiro. Recentemente, Dom Erwin Kräutler, numa entrevista, analisando os resultados da COP26, disse que um dos grandes perigos do Brasil é considerar a Amazônia como algo exclusivo do país, sem a obrigação de dar satisfação do que acontece na Amazônia. Diferentes organizações, dentre elas a Igreja católica, através do CIMI, da CEAMA, da REPAM, está pressionando organismos internacionais. Por que é importante essa pressão e qual o papel que os organismos internacionais deveriam ter na defesa dos povos originários da Amazônia brasileira? A Amazônia, ela sempre foi tema de debate através das décadas, porque a Amazônia sempre foi também um território promissor e de avanço das fronteiras económicas. O Sudeste, o Centro-Oeste, são totalmente explorados e totalmente sendo espaço de grandes fazendeiros. Fica a Amazônia, que já em épocas passadas, no século passado, com as primeiras colonizações, sempre foi vista como uma terra onde se podia fazer dinheiro. Com essa ideologia, no decorrer dos tempos, se foi firmando essa postura de que a Amazônia é um espaço só do Brasil, e não como um espaço que é de toda a humanidade, por ser um dos biomas que inclusive controla toda a parte do clima em escala mundial. Todos os biomas se interconectam, mas a Amazônia, por ser essa grande floresta húmida, tropical, existente, nessa região do continente americano, e também por ser uma floresta que ela equilibra o clima em nível mundial, isso contraria os grupos econômicos que estão querendo avançar contra a Amazônia. É importante a pressão de organismos internacionais porque quem mantem a floresta em pé são os povos indígenas, são as comunidades tradicionais. E justamente, essas comunidades e os povos originários são muito violentados por terem um estilo de vida que mantem a floresta e o equilíbrio do Planeta, essa ecologia e integralidade que os povos têm no cuidado da casa comum. E isso contraria os grupos econômicos que veem a natureza, a floresta, a vida, só como mercadorias que podem ser compradas e vendidas. Essa relação dos povos originários, das comunidades tradicionais com o meio em que vivem, a terra como mãe, a água como vida, isso é um empecilho para esse tipo de desenvolvimento tecnocrata que mata tudo e que mata a vida. É justamente a pressão de organismos internacionais que vai chamar a atenção e que vai de fato ser essa voz que defende os povos que vivem na Amazônia. E a Igreja, com certeza, é uma grande aliada dos povos originários e dos povos amazônicos, sobretudo a partir do Sínodo da Amazônia, onde a Igreja reafirma o seu compromisso de ser aliada das lutas dos povos, na defesa da vida, da terra e dos direitos. Fala sobre um elemento importante, que é a Igreja como aliada dos povos originários, sobretudo a partir do Sínodo para a Amazônia. Realmente os povos originários experimentam e se sentem mais protegidos em consequência dessa aliança com a Igreja? Com certeza é uma aliança que defende a vida, que defende os sistemas próprios de vida de cada povo, porque nós temos no Brasil 305 povos, com sistemas próprios de vida, com culturas, com espiritualidades. Que um organismo, como é a Igreja católica, que valoriza, que respeita essa diversidade, e visibiliza para o mundo a grande riqueza e potencial dos povos originários e amazônicos, com certeza é um ganho muito grande. A gente gostaria de lembrar quando o Papa Francisco esteve em Puerto Maldonado, na abertura do Sínodo para a Amazônia, diante dos povos que lá estávamos, de vários países da Pan-Amazônia, o Papa Francisco pedia que a Igreja fosse essa voz que fizesse ecoar a voz dos povos indígenas e todo o sofrimento que os povos indígenas padecem na Amazônia, todas as violações e violências. O Papa Francisco afirmou que nunca os povos indígenas estiveram tão ameaçados, por conta dessas frentes econômicas. A partir dali a Igreja assume dar eco aos povos indígenas. Não falar pelos…
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Projeto Ajuri pela Vida na Amazônia, da Cáritas Brasileira, é homenageado na Prelazia de Itacoatiara

O projeto Ajuri pela Vida na Amazônia recebeu, em Setembro, uma homenagem durante desfile cívico da comunidade ribeirinha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, pertencente à Prelazia de Itacoatiara, em reconhecimento das ações em combate à Covid-19 no interior do Amazonas, realizadas em 2020 durante a primeira edição do projeto, que é desenvolvido pela Cáritas Brasileira – Articulação Norte 1, com financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e recebe apoio da Catholic Relief Services (CRS). Para Shirlene da Silva Sousa, primeira secretária da comunidade e integrante da igreja Assembleia de Deus tradicional local, foi uma honra fazer parceria e participar do desfile cívico da Escola Municipal Vereador Luiz de Oliveira Onety, onde houve espaço para prestar as devidas homenagens ao projeto. “Diante do acontecimento mundial da pandemia enfrentado pela humanidade, a Covid-19 lamentavelmente levou uma quantidade significativa de vítimas, colocando pavor entre todos os povos”. Shirlene complementa: “As igrejas do Senhor, sem placa de denominação, sem distinção de raça, cor, etnia, se uniram nessa batalha para clamar a Deus que enviasse socorro de recursos e apoio, tanto espiritual quanto material. Assim, Ele enviou à nossa comunidade o Ajuri, que muito ajudou no combate à Covid-19, doando kits de higiene para as famílias que esperavam na providência de Deus. Por isso, a igreja vem agradecer a todos que, direta ou indiretamente, ajudaram na luta contra a Covid, em especial ao Ajuri que muito ajudou as famílias deste lugar”. A consultora técnica da CRS para resposta de emergência, Anna Hrybyk, considera que essa homenagem é de suma importância para o fortalecimento das ações do projeto. “Esse reconhecimento do projeto Ajuri nesta comunidade ribeirinha nos impulsiona a empenharmos cada vez mais esforços para promover a continuidade das ações de higiene e saúde para famílias nos lugares mais longínquos da Amazônia, tanto no combate à Covid-19 quanto para prevenir o risco de contaminação de outras infecções”, ressaltou Anna. União e esperança Atualmente, durante a segunda edição do projeto, as famílias cadastradas na comunidade continuarão sendo beneficiadas com kits de prevenção à covid-19 Além da entrega dos kits, os/as educadores/as sociais também irão fazer demonstração do uso correto da máscara, orientações de higiene e lavagem correta das mãos, baseadas nos cinco momentos críticos para lavar as mãos, assim como sobre o distanciamento social e a sensibilização quanto à necessidade de se tomar as duas doses da vacina contra a Covid-19. Na primeira edição do projeto, mais de 150 famílias, correspondendo um total de mais de 600 pessoas, foram atendidas diretamente na comunidade ribeirinha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, localizada no lago do Batista, no rio Arari, as quais receberam os kits de higiene e prevenção à Covid-19, entregues durante cinco meses consecutivos. Ajuri Pela Vida na Amazônia  A segunda fase do projeto Ajuri Pela Vida na Amazônia tem como objetivo permitir o acesso de famílias em situação de vulnerabilidade e alto risco de transmissão de COVID-19 a insumos relacionados a WASH (água, saneamento e higiene), para que possam manter comportamentos de prevenção, bem como seja possível melhorar a retenção de conhecimento dessas famílias. Essas práticas serão desenvolvidas em comunidades de 9 municípios amazônidas (Coari, Tefé, Maraã, Alvarães, Fonte Boa, Juruá, Uarini, Itacoatiara e Parintins), através da orientação popular para promoção de higiene, distribuição de kits de higiene e prevenção, conscientização sobre a importância de adesão à vacina, bem como a sensibilização para a adoção à lavagem adequada das mãos como principal fator de prevenção eficaz contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19, assim como pode evitar outras doenças infecciosas, transmitidas por vírus ou bactérias. Isto é, uma ação que pode parecer simples, mas que pode salvar vidas.  Ao total, além das 4 mil famílias cadastradas na primeira edição do projeto, nesta segunda edição 1400 novos núcleos familiares serão beneficiados, correspondendo um quantitativo de 22.500 pessoas atendidas diretamente pelas ações aplicadas por uma equipe multidisciplinar, como educadores/as, assistentes sociais, psicóloga e comunicadores/as. Assessoria de Comunicação do Projeto Ajuri

Assembleia Eclesial: o grande avanço foi sua realização

Toda primeira quinta-feira de cada mês a Igreja do Brasil tem uma cita marcada com “Igreja no Brasil Painel”. Dom Joaquim Mol, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, convida para a reflexão sobre temas atuais da Igreja no Brasil. Desta vez foi a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, encerrada no último domingo 28 de novembro, que o bispo auxiliar de Belo Horizonte definiu como “uma experiência única”, mostrando o desejo de que sejam muitas realizadas no futuro. O tema do encontro virtual foi: “Mais sim, menos não: por uma Igreja Sinodal em saída para as periferias“, lembrando todo o processo da Assembleia Eclesial no Brasil desde o processo de escuta, que foi fonte do Documento para o discernimento comunitário, segundo lembrou Dom Mol. As convidadas foram duas mulheres: Sônia Gomes de Oliveira, Coordenadora do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, que integrou a Comissão Nacional de Animação da Assembleia Eclesial e participou virtualmente, e a irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, presidenta da Conferência dos Religiosos do Brasil, presente no México durante a Assembleia. A religiosa afirmou que essa Assembleia foi e será uma grade graça para a Igreja da América Latina e do Caribe, insistindo em que pela primeira vez foi realizada uma Assembleia Eclesial. Ela destacou a presença do povo de Deus e citou o exemplo do cardeal Gracias, chegado dessas a Índia, para aprender conosco da América Latina”. Também destacou a participação sincera e responsável de todos os que se envolveram no processo de escuta, mesmo com pouco tempo e limitado. Para a irmã Maria Inês foi uma graça estar com o povo de Deus e com Nossa Senhora de Guadalupe, caminhar entre os peregrinos, relatando sua emoção diante do povo sedento de Deus e com uma fé imensa. Também destacou o fato de ter sido uma Assembleia única, os que estavam presenciais e virtuais, pois os que estavam reunidos no México participavam dos grupos virtualmente. Ela insistiu em que sabemos que é um processo, na importância da escuta, mas também na realização, insistindo em que agora deve ser percorrido o caminho pela frente, passo a passo, o caminho se faz andando. Nesse sentido, afirmou que faltou um grito profético sobre o que devemos fazer, os passos a serem dados. A partir dos 12 desafios, a religiosa enfatizou que “a nossa Igreja precisa responder a aqueles desafios”. A coordenadora do laicato relatou o testemunho de uma mulher durante o processo de escuta, que disse querer participar da Assembleia e convidar mulheres que estão em situação de prostituição e violência por que o Papa Francisco as convidava a serem ouvidas. Segundo Sônia Gomes de Oliveira, a Assembleia representou a Assembleia dos organismos do Povo de Deus celebradas no Brasil, mas também foi vista como “ensaio para o que nós queremos sobre a sinodalidade”. Lembrando a reflexão inicial do primeiro dia dos trabalhos, citou a pergunta do padre Fidel Oñoro, que questionou “o que nos motiva a estar aqui?”. Ela relacionou a Assembleia com os 3 Reis Magos, que “começaram entender que era necessário mudar a rota”. Por isso, definiu a Assembleia como momento para mudar o caminho, a rota, as estruturas e caminhar a partir de essas experiências. Destacou as liturgias e momentos orantes, fantásticos, com um olhar de denuncia e presença da Igreja da América Latina. Também citou a importância dos testemunhos, algo que fazia parte do programa no início do trabalho da tarde, onde apareceram realidades do povo negro, povos indígenas, mulheres, jovens, laicato. A mesma coisa com o trabalho de grupos, destacando que mesmo com línguas e procedências diferentes, “conseguimos nos entender”. Mas também disse que o que era ecoado não conseguia ser reverberado na síntese. Finalmente, voltando ao exemplo dos Reis Magos, insistiu em que “é possível perceber que podemos mudar o caminho para salvar vidas”. Sobre a relação entre a Assembleia e o Sínodo sobre a Sinodalidade, Sônia insistiu em aproveitar a experiência, tendo em conta as coisas muito positivas e os pontos negativos. Segundo ela se faz necessário aproveitar e repensar as escutas, buscando maior presença nas periferias, “para fazer ecoar gritos presentes nas nossas igrejas e precisam ser reverberadas no Sínodo”. Nesse processo, envolver todas as pessoas na escuta e somar mais desafios além dos 12 recolhidos pela Assembleia. Já a irmã Maria Inês lembrou a importância histórica das Assembleias dos Organismos do povo de Deus no Brasil, com a participação de todos. Em referência aos 12 desafios se faz necessário leva-los à prática na paroquias, comunidades, pastorais sociais, como contribuição para o Sínodo. Junto com isso, insistiu em que temos que dar mais protagonismo ao laicato, que é a base que vai impulsar essa Igreja sinodal, vencer o clericalismo, que é o destrói a nossa caminhada de Igreja. Dom Mol lembrou que é aos poucos que a gente vai integrando esses desafios, chamando as convidadas a colocar os avanços desde Aparecida. Nesse ponto a presidenta do laicato destacou que a própria realização da Assembleia Eclesial já é um avanço, citando como exemplo os 2 leigos brasileiros em Aparecida, frente aos 120 na Assembleia Eclesial. Também os documentos do Papa Francisco, insistindo na importância do Sínodo para a Amazônia. Sabendo da importância dos 12 desafios insistiu em aquele que fala do encontro pessoal com Jesus Cristo encarnado no continente, pois sem ele não vamos conseguir fazer realidade os outros. Por isso destacou uma presença de Jesus que tem que nos transformar e nos ajudar a entender nossa missão, aprender a ler cruzes para chegar à Ressurreição. Finalmente, a irmã Maria Inês colocou o maior avanço no protagonismo do Papa Francisco, suas escolhas e forma de ser, algo expressado desde o início do seu pontificado, com sua primeira viagem a Lampedusa, mostrando onde é o lugar da Igreja, do lado dos mais pequeninos, abandonados e excluídos. Ela insistiu que o lugar da vida consagrada é onde a vida mais sofre, pois todos os institutos foram fundados para acompanhar situações de sofrimento humano. Também que, se coração não…
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Assembleia eclesial: A sinodalidade construída juntos

Percorrer caminhos, que a gente sabe que existem, mas não são bem conhecidos, sempre é uma possibilidade, mas também um desafio, nem sempre fácil de enfrentar. O final da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, encerrada no último domingo, 28 de novembro, deve ser um momento para avaliar até onde a gente chegou, num percurso que ainda vai ser longo. Diante de um fato histórico e inédito a gente tem que agir com prudência, mas também com esperança. Me imagino quem inventou o carro, e as dificuldades que no início teve para faze-lo funcionar. Hoje a gente vê a grande diversidade de carros que existem no mundo, mas sem esquecer que todos eles, dos mais simples aos mais sofisticados, são carros. Imagino a sinodalidade como algo similar, que no futuro terá muitas expressões diversas, que conseguirão encantar muita gente, mas nem todos. Sabemos que nem todo mundo gosta de carro… As diferenças enriquecem a essência e o fato de nem todo mundo gostar sempre é um desafio para melhorar e conseguir um dia encantar àqueles que sempre vem defeito em tudo, inclusive àqueles que um dia diziam detestar os carros. Acompanhar o processo da Assembleia Eclesial tem nos ajudado a conhecer um pouco mais sobre a essência da sinodalidade. O modo em que ela foi realizada abre novas possibilidades de futuro, sobretudo pensando no próximo Sínodo, favorecendo a universalidade e catolicidade da Igreja. Os grupos foram expressões de diversidade ministerial e geográfica, mulheres e homens, que realizam diversos serviços e missões eclesiais em lugares diversos e distantes, mas que se esforçam em caminhar juntos e experimentar, mesmo que virtualmente, a unidade de alma e coração. Não esqueçamos que estamos diante de algo que está engrenando, que estamos nos adentrando numa trilha estreita no meio de uma densa floresta, onde Deus é nosso GPS, mas que nem sempre sabemos interpretar a rota à perfeição. Vai ter momentos em que a gente vai ter que parar, e escolher o caminho a seguir diante de diferentes possibilidades, um caminho que, agora sim, estamos convencidos deve ser escolhido entre todos, depois de todo mundo ter falado e sobretudo escutado, num discernimento comunitário. Não esqueçamos que o caminho está cheio de empecilhos, alguns naturais, mas outros colocados intencionalmente por aqueles que sempre viveram para dificultar tudo aquilo que não sai deles. Estando unidos vamos conseguir enxergar melhor tudo isso e sobretudo supera-lo. A palavra que vem na mente da gente neste momento é esperança, confiança em Deus, que é quem sustenta uma sinodalidade que nasceu daquele que é Trindade, unidade na diversidade. Somos muitos os que estamos convencidos que juntos somos mais, ainda mais contando com a força que vem de Deus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Coordenação regional da Pastoral Carcerária participa de debate sobre os rumos da entidade durante assembleia nacional

Foi realizado no último fim de semana de novembro, dias 27 e 28, a Assembleia Nacional da Pastoral Carcerária, em Brasília.  O evento contou com a presença de 32 pessoas; além da coordenação nacional e seus assessores, representantes de 23 estados marcaram presença, assim como o Bispo Referencial da Pastoral Carcerária Nacional, Dom Henrique Aparecido de Lima, e Dom Philip Eduard Roger Dickmans, Bispo Referencial das Pastorais Sociais da CNBB Regional Norte 3. Dentre os presentes esteve Zarete Pereira, do Regional Norte 1 – Amazonas e Roraima.   A assembleia também contou com a assessoria do Irmão Silvio da Silva, secretário executivo da CNBB Oeste 1, que facilitou o diálogo entre os participantes.  Foram debatidos diversos temas relacionados à organização interna da PCr, como temas que dizem respeito ao cárcere no geral. Foram feitas alterações no regimento interno da Pastoral Carcerária Nacional, que regulamenta a organização da entidade como o todo.  Os membros da coordenação nacional trouxeram temas importantes para o debate na Assembleia: o Padre Almir Ramos, vice coordenador da PCr Nacional, falou sobre a questão da saúde dos/as agentes da Pastoral Carcerária e da saúde no cárcere como uma prioridade da Pastoral Carcerária Nacional, diante das inúmeras enfermidades que habitam estruturalmente as unidades prisionais do país e da pandemia do coronavírus, que assolou o cárcere e a sociedade. A situação da mulher encarcerada é historicamente uma prioridade da Pastoral Carcerária, por isso as especificidades da violência sofrida por elas, com a facilitação de Rosilda Ribeiro, coordenadora da PCr para a questão da mulher encarcerada, foi um ponto importante de discussão.  Também houve momentos de mística, celebração e confraternização, como uma procissão de homenagem ao ao Patrono São José, seguindo a declaração do Papa Francisco, e à Nossa Senhora Aparecida.  No último dia, a CNBB se fez presente para agradecer e animar o trabalho da Pastoral Carcerária Nacional, na presença do assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora, Frei Olavio Dotto. A Irmã Petra Silvia Pfaller, coordenadora nacional da PCr, encerrou a assembleia, agradecendo a todos os presentes pela participação e partilhas, e pela colaboração da equipe nacional. Desejou um bom retorno a todos e, com a benção de D. Henrique, os agentes retornaram para seus estados, com a esperança renovada na missão por um mundo sem cárceres. Por Pastoral Carcerária Fonte: https://carceraria.org.br/igreja-em-saida/assembleia-nacional-da-pastoral-carceraria-debate-os-rumos-da-entidade