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Dom Walmor reza “pelas famílias enlutadas deste tempo de pandemia”

As palavras do Mestre, onde diz: “Eu sou a Ressurreição e a Vida, quem crê, ainda que tenha morrido, viverá”, é “uma palavra forte que devolve a alegria aos corações desesperançados”. Dom Walmor Oliveira de Azevedo quer no Dia dos Finados mostrar ao povo brasileiro que “a presença de Jesus entre nós ensina que não há razão para temer a morte”. O arcebispo de Belo Horizonte (MG), afirma que “trata-se de uma passagem que faz parte do caminho de todos indistintamente, e no fim, conforme a vida de Jesus nos revela, a dor e a morte serão superadas, a vida resplandecerá”. O dia 2 de novembro é momento em que “a saudade aperta o coração, com especial reverência aos nossos”, segundo Dom Walmor. Ele lembrou “particularmente às vítimas da Covid-19”, que no Brasil já tirou, oficialmente, a vida de 607.922 brasileiros e brasileiras. Segundo o arcebispo, “por vezes experimentamos a angustia e a tristeza, esse sofrimento faz parte da nossa travessia e da nossa condição humana, devemos reconhece-lo e acolhe-lo, mas nunca desistir de seguir adiante”, uma atitude mais do que necessária diante da atual realidade brasileira. O arcebispo de Belo Horizonte refletiu que “a cada dia damos passos novos, na direção do momento em que estaremos todos juntos na plena comunhão com os que nos precederam e já estão na Casa do Pai”. Diante disso, “nesse caminho temos a missão de edificar desde já o Reino de Deus, fazendo da nossa vida uma oferta para o bem do mundo”. Dom Walmor vê como “um bom sentido do Dia de Finados, lembrar que cada dia é oferta, um dom que se desdobra em serviço à sociedade”. Movido por um sentimento de finitude, que nos lembra que “o nosso tempo neste mundo corre veloz, e ninguém sabe quando a sua hora chegará”, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), convida a que cada pessoa “cuide de fazer o bem agora, para que a sua vida reflita a Luz de Cristo, iluminando sempre o caminho de outras pessoas”. Ele também convidou neste Dia de Finados, a rezar “por todos os que já se encontram junto de Deus”. Mas também, “visitando as boas lembranças guardadas em nosso coração, agradecidos pela oportunidade da convivência dos laços de amor construídos”. Segundo o arcebispo, “a saudade é sinal forte que nos une aos que já não estão mais entre nós”. Finalmente rezou por todos, “pelas famílias enlutadas deste tempo de pandemia”, pedindo que “Cristo Rei, que venceu a dor e a morte, e ressuscitou, guie os seus passos, sustente sempre uma esperançosa alegria no seu coração”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Acolitato de candidato ao diaconato permanente no Alto Solimões

No encerramento do Mês Missionário, no dia 31 de outubro, Dom Adolfo Zon Pereira presidiu a Eucaristia, na Igreja Co-Catedral São Paulo Apóstolo, em São Paulo de Olivença, diocese do Alto Solimões. Na celebração o candidato ao diaconato permanente, o Sr. Alpelino Ferreira Flores recebeu o Ministério do Acolitato. A ordenação diaconal, na mesma Igreja onde hoje recebeu seu novo ministério, está marcada para o dia 19 de dezembro deste ano de 2021. A Diocese do Alto Solimões, especialmente depois da celebração do Sínodo para a Amazônia, tendo em conta as propostas que surgiram, especialmente no Documento Final do Sínodo, tem incentivado em grande medida o diaconato permanente. Já são vários os diáconos permanentes ordenados e também os candidatos que devem ser ordenados nos próximos anos. A celebração também foi momento em que foi recebido e renovado o oficio de 5 Ministras e um Ministro da Eucaristia. Este último dia do Mês Missionário também foi oportunidade para que o pároco local, padre Marcelo Gualberto, assina-se a renovação do convênio missionário entre a Diocese de Uruaçu – GO e a Diocese do Alto Solimões – AM, que lhe permite permanecer na missão no Alto Solimões por mais 3 anos. O padre Marcelo agradecia ao Bispo da Diocese de Uruaçu, Dom Giovani Caldas, e ao Bispo Do Alto Solimões, Dom Adolfo Zon Pereira pela confiança depositada, mesmo na minha pequenez e limitações confiar em estar junto ao povo de São Paulo de Olivença”. Na celebração, os presentes rezarem pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Leonardo Ulrich Steiner, que neste domingo tem recebido o Pálio das mãos do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambatistta Diquattro. Dom Adolfo Zon agradeceu ao arcebispo de Manaus, “pelo seu serviço à unidade da Igreja na Amazônia, por uma igreja ministerial e inculturada”. A celebração é mais uma mostra de uma Igreja que quer caminhar em comunhão com o Papa Francisco e seus sonhos expressados na Querida Amazônia, a exortação pós sinodal do Sínodo para a Amazônia, em comunhão com o Regional Norte 1 e a província eclesiástica de Manaus, que hoje viu como seu Arcebispo Metropolitano recebia o Pálio. Mas também uma Igreja ministerial, onde as mulheres, como acontece em tantas paróquias e comunidades do Regional, assumem diferentes ministérios e serviços, uma Igreja diaconal, servidora, presente na vida do povo, que vai ao encontro daqueles que vivenciam sua fé nos rios e igarapés, nas estradas e ramais da Amazônia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1  Com informações e fotos da Paróquia de São Paulo de Olivença

Dom Leonardo recebe Pálio: sinal de “comunhão com Pedro, com o Santo Padre”

A Catedral Metropolitana de Manaus acolheu neste domingo, 31 de outubro, a entrega do Pálio ao arcebispo metropolitano, Dom Leonardo Ulrich Steiner. Abençoado e enviado pelo Papa Francisco, o Pálio foi entregue pelo Núncio no Brasil, Dom Giambattista Diquattro. Segundo lembrou no início da celebração, “o Pálio nos lembra do jugo sagrado de Cristo que é colocado em cada batizado”, afirmando que se trata de “um jugo de amizade e como tal um jugo suave, mas também um jugo exigente, é um jugo que forma para a sua escola, a sua vontade, a sua verdade, o seu amor”. O Pálio é feito da lã do cordeiro, abençoada na festa de Santa Inês, e nos lembra, segundo Dom Giambattista, “o pastor que se tornou um cordeiro por amor a nós”. Se dirigindo a Dom Leonardo, o Núncio disse: “recorde que somos sempre chamados a ser pastores do seu rebanho que permanece sempre seu e não se torna nosso”. Igualmente, o Pálio, lembrou o representante pontifício no Brasil, “torna-se o símbolo da vocação, do chamado de Cristo, o Bom Pastor”. Ele destacou que “o Pálio significa também comunhão com Pedro, com o Santo Padre, o Papa Francisco, e significa ser pastores pela unidade e na unidade”. Finalmente, disse que “o Pálio também expressa a colegialidade dos bispos, a sinodalidade da Igreja. Ninguém é pastor sozinho, somos pastores na sucessão dos apóstolos, pastores na comunhão da colegialidade, na comunhão diacrónica e sincrónica, no kairós da comunhão unitária e eclesial”. Depois de Dom Leonardo Steiner renovar sua fé e o seu juramento de fidelidade e comunhão com o Papa, com a missão e com o povo de Deus, Dom Giambattista Diquattro colocou sobre os ombros do arcebispo de Manaus o distintivo com que a Igreja reconhece aqueles a quem confia a missão de arcebispos. Na sua homilia, o arcebispo de Manaus, comentou as leituras do 31º domingo do tempo comum, refletindo sobre o amor, para o qual despertamos quando somos amados. Lembrando um pensamento de Santo Agostinho, afirmou que “Deus não te pede muitas coisas, porque por si mesmo, o amor é o pleno cumprimento da lei”. Também lembrou as palavras do Papa Francisco, que nos lembram que “o amor a Deus e o amor ao próximo são inseparáveis, se sustentam um ao outro”. O arcebispo fez um chamado a “colocar-se à escuta, aproximar-se, estar ao lado dos carentes e deserdados, descartados e famintos, esses irmãos e irmãs estão a aumentar na nossa Arquidiocese”. Por isso, fez ver às comunidades cristãs a necessidade de viver relações transformativas, ser comunidades que acompanham. Dom Leonardo vê o Pálio como “sinal e símbolo da comunhão com o Santo Padre, o Papa Francisco”. Segundo ele lembrou, “depositado junto ao túmulo de São Pedro antes de ser benzido e enviado pelo Santo Padre, e sinal da nossa comunhão com o sucessor de Pedro, como também de comunhão entre as nossas igrejas da metropolia”. “Sinal e símbolo de unidade entre as nossas igrejas particulares que formam nossa província eclesiástica de Manaus”, algo expressado na presença de Dom José Albuquerque e Dom Tadeu Canavarros, bispos auxiliares de Manaus, Dom Mário Pasqualotto, bispo auxiliar emérito de Manaus, e Dom Gutemberg Freire Régis, bispo emérito de Coari, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo de Itacoatiara, e o padre Waïbena Atama Mahoba Mellon, administrador prelatício de Tefé. Segundo o metropolita, estamos diante de uma “unidade que na história sempre esteve presente como caminho de evangelização, como cuidado mutuo, como pertença à Igreja na Amazônia. Unidade entre os bispos e por isso unidade entre as nossas igrejas nas diferenças necessárias”. Ele assumiu o compromisso de zelar pela comunhão e pela unidade, “uma comunhão entre as nossas igrejas tornará presente a comunhão com o ministério petrino, e na unidade que entre as nossas igrejas se tornem assim presentes os sonhos de Querida Amazônia”. Finalmente, o arcebispo lembrou que “o Pálio deseja rememorar, recordar que nos pertencemos como Igreja, que estamos sempre em comunhão e que temos um compromisso e uma responsabilidade entre nós igrejas da Amazônia. Mas é também um convite à fortaleza diante dos grandes desafios que devastam a Amazônia, fortaleza para ser sinal de esperança, de transformação, edificação e vida fecunda”. Por isso, em nome da Igreja de Manaus e da província eclesiástica, agradeceu “ao Santo Padre o envio e a entrega do Pálio a traves de seu Núncio Apostólico”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

John Omondi, novo padre para a Arquidiocese de Manaus

A Arquidiocese de Manaus tem mais um novo padre. Neste sábado, 30 de outubro, Dom Leonardo Steiner ordenava presbítero o diácono John Omondi Omungi. Nascido no Quênia, após ter iniciado sua formação com os Missionários da Consolata, concluiu sua formação na Arquidiocese de Manaus. Para o novo presbítero, “ser padre na Amazônia significa servir o povo que se encontra na região amazônica, servir com amor e carinho”. Segundo o padre John, “sabemos que são povos diferentes, culturas diferentes, mas estando aqui por mais de 7 anos, aprendi algo da cultura da Amazônia. É justamente servir esse povo, sabendo que é algo bem diferenciado”. Na sua homilia, o arcebispo de Manaus, começou sua reflexão falando sobre “a disponibilidade de quem se sente tocado por Deus”, insistindo em que se trata de “disponibilidade pessoal, prontidão de quem serve a Jesus no serviço à Igreja, na Igreja”. Essa disponibilidade é a resposta a um chamado que não é nosso, segundo Dom Leonardo. É uma “disponibilidade sem trocas, sem exigências, apenas na gratuidade e na liberdade”. Se dirigindo àquele que ia ser ordenado, o arcebispo de Manaus disse que “o teu eis-me aqui, indica o caminho da prontidão em todos os dias da tua vida presbiteral: livre, incondicionado, em todos os instantes, em todos os momentos, em todas as situações”, insistindo em que “é o Senhor que chama e envia”. Deus envia para anunciar a paz, “ao modo de Jesus: de tal forma que Ele seja visível, presente”, afirmou Dom Leonardo. Ele definiu o presbítero, o padre, como aquele que “é sempre um profeta”, mas também como “um plantador de esperança, um edificador da paz, um anunciador de um amor único e salvador”. Lembrando lema sacerdotal do novo presbítero; “Procurai e acareis! Pedi e recebereis”, Dom Leonardo chamou John a “procurar como Ele te procurou ao te amar”. Por isso convidou o novo padre com estas palavras: “procura, suplica, busca, implora e verás como Ele te será uma benção e tu serás a benção para o povo de Deus”. “O amor só pensa no bem, o amor só sabe amar”, segundo o arcebispo, um amor que “transpira gratuidade”, que é “transparência de doação, busca ilimitada de recondução”. Ele lembrou que pela ordenação, o sacerdote se faz servo e profeta, convidando os padres presentes a fazer memória do dia da sua ordenação sacerdotal, a renovar seu eis-me aqui, envia-me. Também a rezar pelas vocações, agradecendo a todos os que fizeram possível com seu cuidado que o novo padre chegasse a ser ordenado. Um sentimento de gratidão que também se fez presente no novo padre no final da celebração. Ele, chegado da África, mostrou-se disponível para servir com amor ao povo da Arquidiocese de Manaus, ao povo da Amazônia, neste novo serviço que a Igreja lhe encomenda. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 

Experiência missionária na comunidade Três Unidos – Rio Cuieiras

Jesus Cristo é missão! Jesus Cristo é Vida Plena para todos os povos! Nos dias de 22 a 24 de outubro do corrente ano, nós do seminário São José – Arquidiocese de Manaus – fizemos uma especial vivência missionária junto à comunidade Três Unidos – Comunidade da etnia Kambeba – que vive na boca do Rio Cuieiras (Amazonas). Missão é colocar-se a caminho. Em nosso contexto, os caminhos são os rios amazônicos, com seus afluentes, lagos e igarapés, onde vivem povos indígenas e muitos ribeirinhos. Navegamos umas seis horas no Rio Negro até chegarmos à boca do Rio Cuieiras, na Comunidade Kambeba. Missão é encontro. No barco, uma criança bem espontânea me indaga: – Você também é missionário?  Alegre respondi: – Sim! Me falou entusiasmada de sua alegria de ter sido batizada e recebido a 1º Eucaristia na comunidade Bom Pastor, na vila Pagodão, beira do Rio Negro. Uma menina bem esperta já havia percebido que éramos um grupo missionário. Depois de um tempo me perguntou: – Tem algum padre entre vocês? Só fiz levantar o dedo indicador e sorri para ela. Ela logo falou para sua avó: – Eu sabia que ele era padre! Sua avó, dona Nadí, partilhou um pouco de sua história de vida, desde suas peripécias do tempo de infância, as lembranças das missões de padre João em anos idos em Itamarati-AM, até de sua mãe já bem idosa que havia trabalhado com os missionários. Missão é escuta. Muito interessante o caminho que as histórias nos fazem percorrer. Obrigado a dona Nadí e a pequena Ana. “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (Atos 4, 20). Não podemos deixar de escutar a quem vimos e encontramos. Dos caminhos geográficos aos caminhos do coração. Após uma tranquila viagem contemplando as margens do Rio Negro, chegamos à boca do Rio Cuieiras onde se localiza Três Unidos. Ao desembarcar na praia de areia branca, subimos o barranco e fomos encontrados pelo Tuxaua Valdemir que nos deu as boas-vindas e nos levou ao alojamento. Ficamos alojados no Polo de saúde indígena N. Sra. Da Saúde, onde médico e enfermeiros fazem seus atendimentos ao povo local. O jovem professor Tomé nos mostrou, orgulhoso, a organização da sua comunidade: duas belas escolas, municipal e estadual, os belos trabalhos artesanais, as práticas de esporte “canoagem e arco e frecha”, e como cultivavam a identidade indígena Kambeba, pelo ensino da língua materna na escola, a transmissão da história e valores de seus antepassados para as crianças e jovens. À noite, nos reunimos no pátio da casa do Tuxaua Valdemir e da mãe da comunidade, carinhosamente chamada Babá. Após alguns minutos para combinarmos nossa estada na comunidade, passamos horas ouvindo a memória de sua vida, de seus antepassados, seu nascimento, suas aventuras, suas lutas, suas conquistas. Fatos que concatenados formam a história da comunidade. Babá, que estava ao lado, escutava tudo com muita atenção como viajando pela história que também era sua. “Quando um Tuxaua morre, dá vida para cem outras pessoas”, disse o Tuxaua ao falar sobre um acontecimento que marcou sua vida: a morte de uma filha de apenas 4 anos. Contou que após ingerir uma moeda, não tinham assistência médica no longínquo interior de Alvarães, região de várzea amazônica. A pequena não resistiu. Muito simbólico que, por causa desse metal, foram mortos centenas de indígenas. Mas o Tuxaua enxergou nesse acontecimento a vida de outras cem pessoas, conforme ensinamento ancestral. No interior de Alvarães havia vivido preso a um sistema de aviamento, uma forma de comércio que internamente escravizava. Conta que num só dia fez uma pesca de 10 pirarucus – grande peixe amazônico, que foi suficiente para mudar sua vida. O entendeu como a “pesca milagrosa”. Pagou sua dívida com o comerciante e mudou-se para o Rio Cuieiras, onde fundaria uma comunidade Kambeba e seria o pai de um povo. A noite terminou com uma bela caldeirada que as jovens indígenas Tainara, Tailane e Tauana, filhas do professor Tomé, haviam preparado. Ficamos encantados que as mesmas jovens pescaram no rio, trataram os peixes e prepararam a deliciosa caldeirada de jaraqui. Sentar-se à mesa foi ocasião para escutarmos mais belas histórias, trajetórias do professor Tomé, de sua esposa Tatiane e suas famílias. Assim, cada encontro eram histórias partilhadas. Partilha de lutas e esperanças, caminhos percorridos e histórias cheias de riquezas culturais e espirituais transmitidas pelas gerações. Os povos indígenas, com sua sabedoria ancestral, nos ensinam a arte do bem viver, viver em harmonia com a natureza e busca de um bem viver coletivo. A celebração eucarística foi cheia de simbolismo e alegria. Com cantos e palmas, crianças, jovens e adultos seguiam como uma coreografia bem orquestrada. Ao final, o Tuxaua agradeceu e o jovem professor se emocionou ao notar a presença de seus símbolos na liturgia: uma peneira feita por eles, os colares e pulseiras que o padre usou. Criou-se uma ligação muito familiar, através de seus símbolos. Ao final daqueles dias, ficaram a gratidão, o abraço, o canto, a festa, o encanto, a alegria, a amizade, o sorriso, e o sentimento: “voltem outra vez, desejamos reencontrá-los”. Ao final, a missão continua. Não poderemos deixar de lembrar o que vimos e ouvimos! Gratidão! Pe. Jardson Sampaio e equipe Michel Carlos e Genilson Morais Fonte: https://www.pom.org.br/experiencia-missionaria-na-comunidade-tres-unidos-rio-cuieiras-am/ 

Relatório de Violência contra os povos indígenas: “Coragem para continuar a missão de denunciar”

Unidos em comunhão corajosa e profética em defesa dos povos indígenas. Assim se sente a Igreja do Brasil segundo o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em suas palavras no lançamento do “Relatório Violência contra os povos indígenas no Brasil” (pode abaixar aqui), acontecido neste 28 de outubro, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, insistia em que a perseguição aos povos acontece porque “não são fruto da produção de dinheiro, de lucro, mas da defesa da terra, do meio ambiente e de uma cultura que tem sempre muito a nos ensinar”. O arcebispo de Belo Horizonte chamou a criar uma sensibilidade “para que não se perpetrem tantos crimes contra os povos indígenas”. Ele mostrou o apoio explícito da CNBB ao Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e todos os que estão a favor das causas indígenas, afirmando que “nós juntamos corajosamente, profeticamente, nossa voz para denunciar tudo aquilo que é crime contra os povos indígenas”. Segundo o presidente da CNBB, o respeito aos povos indígenas é um capítulo fundamental na reconstrução da sociedade brasileira, algo fundamental, pois “o Brasil, lamentavelmente é uma sociedade da impunidade”. “A CNNB permanece ao lado dos indígenas como parte do compromisso pela vida, especial essa vida mais vulnerabilizada”, segundo Dom Joel Portella Amado. Ele destacava o papel do Cimi ao longo de cinco décadas, “de resistência, de denúncia, de persistência, de coragem e solidariedade”. Segundo o bispo auxiliar do Rio de Janeiro não há como não sentir perplexidade diante dos rumos do país, afirmando que “um país é medido, entre outros aspectos, pelo modo como trata sua gente”. Ele reclamou proteção à vida, respeito e verdade nas informações como caminho para consolidar a democracia no Brasil. O Papa Francisco em Puerto Maldonado, algo que Dom Roque Paloschi considera uma visita histórica, e onde ele mesmo estava presente, disse: “Nunca os povos originários estiveram tão ameaçados como estão agora”. O presidente do Cimi destacou que “é com essa voz de denúncia e de indignação que trazemos mais uma vez os dados de violência e de violação de direitos contra os povos indígenas”. O “Relatório Violência contra os povos indígenas no Brasil”, desde 1996, é um importante instrumento de denúncia da violência e das violações que acometem os povos originários até hoje no país. Os dados do ano 2020, “refletem a realidade dos povos indígenas no segundo ano do Governo Bolsonaro”, segundo o arcebispo de Porto Velho. Ele insistiu em que “enquanto no mundo havia um momento de atenção e cuidado, no Brasil, lideranças do executivo propagavam discursos de ódio, negacionismo, violando a Constituição Federal e abrindo os territórios indígenas para a grilagem, a soja, o garimpo, o desmatamento, e inúmeras outras violências contra os líderes indígenas que se opõem à mercantilização da vida e da terra”. O bispo relatou como “comunidades foram expulsas das suas terras, lideranças foram assassinadas, e com as políticas anti indígenas incentivou-se o divisionismo no interior dos povos indígenas”. Dom Roque Paloschi vê isso como “uma vergonha para o país, que trata os primeiros habitantes com tanta violência, descaso e preconceito”. Movido pela esperança pede que “os povos originários, povos de antigos perfumes, continuem a perfumar o continente contra todo desespero”. O presidente do Cimi destacou a teimosia dos povos indígenas na defesa de seus direitos, lembrando as mobilizações Levante pela Vida e das Mulheres Indígenas, guardiãs e cuidadoras da vida e da terra, como algo que “nos enche de coragem para continuar a missão de denunciar mais uma vez as violências e violações contra os povos originários”. Daí, Dom Roque convida à solidariedade, “a escutar o grito dos pobres e o grito da terra, que já não aguentam mais tanta exploração e tantas mortes”. Finalmente se pergunta: “o que ficará para as gerações futuras se continuarmos com tanta exploração e morte?”. Diante disso insiste em que “a Igreja continua sendo aliada dos povos originários, das suas lutas por mais vida, terra e direito, e reafirma seu compromisso na denúncia de todas as situações de morte que atentam contra os povos originários, que atentam contra a dignidade das pessoas, atentam contra a causa indígena, porque a causa indígena é de todos nós”. O Brasil está diante de “um retrato trágico para os povos originários no país”, segundo secretário executivo do Cimi, consequência da grave crise sanitária provocada pela pandemia. Antônio Eduardo Cerqueira, falando sobre a apresentação, que “não é um prazer, mas sim uma necessidade”, chamou a refletir sobre a postura do atual governo com relação aos povos indígenas, relatando diferentes exemplos sobre essa situação. O Relatório, com mais de 240 páginas, recolhendo os dados enviados pelos regionais e os missionários, foi apresentado por Lucia Rangel, afirmando que “mostra uma sociedade com ganas de eliminar os povos indígenas”, que são considerados como não cidadãos. O relatório traz um retrato significativo das diversas formas de violências praticadas contra os povos indígenas em todo o país. Um exemplo disso foi relatado por Ernestina Afonso de Souza, liderança do povo Macuxi, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Ela mostrou sua tristeza diante da situação que estão passando os povos indígenas do Brasil, o aumento da violência e dos crimes contra os povos indígenas e a Mãe Terra. Ela denunciava a falta de assistência do governo federal aos povos indígenas. Esses problemas sérios estão presentes na Terra Indígena Yanomami, também em Roraima, segundo denunciava Dário Vitório Kopenawa Yanomami. O vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami denunciou a presença de mais de 20 mil garimpeiros ilegais e as graves consequências que provocam. Junto com isso as ameaças de morte que sofrem, o aumento do alcoolismo, das drogas e as ameaças aos povos isolados. Também o aumento de doenças em consequência do mercúrio que polui a água. O Relatório quer, segundo Roberto Liebgott, “chamar a atenção dos poderes públicos para que as invasões, para que esse processo genocida seja paralisado e os povos indígenas tenham efetivamente seus direitos garantidos”. Segundo ele, “o governo brasileiro adotou uma espécie de tática de guerra contra os povos indígenas,…
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Ir ao encontro para escutar e aprender

Ir ao encontro das pessoas é elemento fundamental na vida da Igreja, na vida de todo batizado. É no encontro que a gente vai descobrindo aquilo que faz parte da vida dos outros. A gente escuta, partilha a vida, conhece realidades que até aquele momento eram distantes, cresce, se enriquece. Vendo e acompanhando a missão que os seminaristas do Seminário São José de Manaus realizaram no último final de semana, a gente vai descobrindo o que isso significa na vida das pessoas. Ainda mais em uma sociedade onde cada vez mais existe a dificuldade de parar, sentar, escutar, se interessar pela vida do outro, não só pelos seus problemas e dificuldades, também pelas suas alegrias e conquistas. Quando a gente se faz presente em realidades que nos resultam desconhecidas, podemos ter uma atitude de distância, de medo, diante de uma realidade diferente, mas também podemos nos interessarmos diante daquilo que nos ajuda a ter um outro olhar da realidade. Viver de olho aberto nos humaniza, mas também poderíamos dizer que nos diviniza, nos aproxima de um Deus que não tem medo de caminhar no meio do povo, de se misturar e acompanhar a vida das pessoas. Existem realidades que são consideradas exóticas, mas que muitas vezes não interessam. As dificuldades que muitas vezes vivem as comunidades indígenas e ribeirinhas, inclusive aquelas mais próximas de Manaus, deve nos levar a refletir. O abandono institucional, também eclesial, a falta de políticas públicas que garantam os direitos fundamentais deve ser pauta de discussão no âmbito social, político e eclesial, mas para isso é preciso conhecer a realidade e entender como a falta daquilo que pode ser considerado mais do que necessário atinge à vida das pessoas. Ainda mais quando a gente percebe a capacidade de acolhida que o povo tem, sua disposição para partilhar, para dividir a vida e o que eles têm, mesmo que aparentemente seja pouca coisa. Experimentar isso, gera alegria, dá sentido à vida, ajuda a superar as dificuldades que a gente encontra muitas vezes para chegar até os outros, dificuldades que muitas vezes a gente faz maiores do que realmente são. É no diálogo com o outro que nós vamos construindo relações, mas também construindo vida, em nós mesmos e naqueles com quem a gente vai se encontrando. Assim nós vamos enriquecendo nossa existência, em todas suas dimensões, também em nossa vida espiritual. Não podemos esquecer que a gente tem a possibilidade de se enriquecer ainda mais quando se depara com pessoas diferentes. A diferença não pode gerar desconfiança e sim interesse por aquilo que era desconhecido. São histórias de vida, clamores, experiências de uma vida de fé, de confiança em Deus e nas pessoas, através das quais descobrimos a mão de Deus desenhando os caminhos da história e da vida do povo. Sempre em atitude de aprendizagem, de vontade de conhecer, e assim crescer e encontrar aquilo que fundamenta e dá sentido à vida da gente. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

2 anos do Sínodo Amazônico: “O caminho sinodal hoje se enraíza e se fortalece “

Em 27 de outubro de 2019, com uma Eucaristia na Basílica de São Pedro, foi encerrada a Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia. Dois anos mais tarde, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) quiseram trazer de volta o que haviam vivido durante as três semanas da assembleia. Um webinar intitulado “2 anos do Sínodo Amazônico: avanços e perspectivas para uma Igreja sinodal“, contou com a presença do Cardeal Cláudio Hummes, relator do Sínodo para a Amazônia e atual presidente da CEAMA, Yesica Patiachi, indígena do povo Harakbut, auditora na assembleia e atual assessora da presidência da REPAM, e Tania Ávila, teóloga indígena boliviana que esteve presente na assembleia sinodal como auditora. A participação dos povos indígenas em um Sínodo é um marco, como afirmou Yesica Patiachi. A indígena do povo Harakbut insistiu em que não se sentiu discriminada, algo importante para os povos que sofreram “em sua própria carne muitas crueldades e injustiças”. A conselheira da REPAM destacou a forma como o Papa Francisco olhou para os povos indígenas da Amazônia, sua escuta atenta, seu tratamento especial, “um papa muito próximo e muito humano“. Patiachi insiste que assim como o Papa Francisco é muito claro sobre o que ele quer para a Amazônia, isto deve ser compreendido e assumido por todos aqueles que vivem na Igreja da Amazônia. É por isso que ele assinalou que “muitos padres, religiosas, congregações têm dificuldade de entender que a Igreja está sendo transformada”. Neste sentido, ela disse que tinha medo que “tudo o que foi dito no Sínodo não dê em nada”, recontando suas palavras ao Papa: “Eu sinto que você está remando sozinho, mas os povos indígenas estão com você e nós vamos remar juntos“. Em seu discurso, ela insistiu em ver o futuro como uma possibilidade de poder mudar, de construir novos caminhos a partir dos erros. É por isso que ela vê como necessário que o missionário entenda que “ele não vem com uma receita mágica, o que ele tem que fazer é ouvir seu irmão, algo que é possível através da sinodalidade”. A partir daí, “aplicar a interculturalidade, sem impor”, porque, segundo a indígena peruana, “a Igreja não pode ter uma relação tóxica com os povos indígenas”, algo em que ela reconhece que já há progresso. É uma questão de tomar medidas para entender o que uma Igreja com rosto amazônico implica, de entender que não há receita para a Amazônia, que o caminho está sendo aberto, em um acompanhamento de longo prazo, em uma Amazônia que é complexa. A conversão a Jesus Cristo e a sua Igreja como parte de todo processo eclesial. Esse tem sido o ponto de partida da reflexão do cardeal Cláudio Hummes, quem afirmou que “essa conversão por sua vez nasce de um encontro forte, pessoal e comunitário com Jesus Cristo”, algo que aconteceu com os discípulos, que “sentiram um fogo novo em si que os levou a ser missionários”. Essa conversão, “ela precisa ser constantemente retomada e alimentada durante a vida”, segundo o purpurado. Sem essa conversão, “nossa ação missionária na Amazônia será fogo de palha e não terá nada de eclesial, sinodal ou pastoral”, insiste Dom Cláudio. Segundo ele, “alimentado pela conversão eclesial o caminho sinodal da Igreja na Amazônia hoje se enraíza e se fortalece”, algo que se concretiza em que “na Amazônia, a Igreja hoje convoca não apenas os bispos como agentes do processo, mas também as outras categorias do povo de Deus”. Tudo isso gerou uma Assembleia Eclesial Latinoamericana, afirma o cardeal, que convoca todas as categorias do Povo de Deus. Segundo ele, “também ela representará uma inovação na Igreja mundial e reforça a grande reforma da Igreja querida pelo Papa e assinalada na sua encíclica Evangelii Gaudium”. No mesmo sentido, ele referiu-se ao reconhecimento canônico da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) pelo Papa Francisco. Isso fortalece o trabalho da Igreja na Amazônia, segundo o presidente da CEAMA, pedindo que a “ereção canônica nos reconvoque para o trabalho, nos inspire e alargue nosso coração”. O cardeal chamou a “não esquecer que sempre trabalhamos em rede”, colocando como exemplo a REPAM. Ele refletia sobre a dificuldade das conferencias episcopais para entrar na metodologia sinodal. Mesmo assim vê fundamental que a CEAMA e as conferencias dos países que formam parte da Pan-Amazônia, elaborem juntos o Plano de Pastoral de Conjunto, para assim “promover o processo pastoral e sinodal na aplicação do sínodo no território”. Junto com isso, Dom Cláudio refletiu sobre a necessidade de “incentivar uma maior Inculturação da fé no citado território”.  Sobre isso já refletiu São João Paulo II, lembrou o cardeal, e está sendo promovida pela CEAMA, insistindo em que “inculturação, como sabemos, demanda processos longos”. Através de símbolos diferentes, Tania Ávila relatou seus sentimentos sobre o que ela havia vivido nos últimos dois anos à luz da Querida Amazônia e do Documento Final do Sínodo. A teóloga boliviana lembrou o que disse há dois anos, quando comparou o Sínodo com uma tecelagem, na qual “fios seriam deixados para continuar tecendo”, algo expresso em conversões e sonhos. A auditora sinodal defende a aprendizagem de relações de colaboração, reconhecendo o povo como os principais interlocutores, uma insistência do papa na Querida Amazônia. A experiência da escuta, a busca do diálogo, o reconhecimento das diversas vozes de diferentes culturas e formas de sentir a Igreja, são vistos como desafios pela teóloga. Trata-se de entender, com o rio Amazonas, onde existem muitos rios que convergem, que “cada rio traz as vozes de seus territórios, das pessoas que fazem parte dele, dos antepassados que cantaram em suas margens, trazem sonhos do presente, do passado e do futuro“. Mas eles também trazem elementos negativos, que “em vez de gerar vida criam morte”. Tania expressou as contribuições nos símbolos do poliedro, uma imagem com a qual o Papa Francisco nos lembra que “os povos são os principais interlocutores”; pequenas sementes misturadas, que nos convidam a discernir juntos; raízes, que mostram a corresponsabilidade necessária; espiral, que expressa a…
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Energia de qualidade no distrito de Canumâ, um incentivo da Prelazia de Borba

Quase um milhão de pessoas vivem sem energia elétrica na Amazônia segundo o levantamento do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), divulgado em 2019. Os dados mostram que 19% da população de terras indígenas não tem eletricidade. Para as pessoas que moram em Unidades de Conservação, esse número chega a 22% e, para os assentados rurais, é de 10%. É nesse cenário que o projeto “Luz elétrica de qualidade”, da Prelazia de Borba desempenha um papel fundamental nas comunidades do distrito de Canumã, no munícipio de Borba. Incentivar e apoiar os ribeirinhos, indígenas e os moradores do distrito a lutar pelos seus direitos para ter acesso à energia elétrica de qualidade é o objetivo do projeto, que tem ganhado força na comunidade.  A partir do projeto, os moradores criaram a Comissão Movimento Popular Luta por Melhorias, que também articula outras comunidades indígenas e ribeirinhas na região. O grupo é responsável pela organização e articulação de reuniões nas comunidades indígenas e ribeirinhas, que podem ser quinzenais ou mensais.   Com a comissão, as vozes das comunidades e dos moradores chegam até a Assembleia Legislativa, Amazonas Energia, e políticos por meio de ofícios, reclamações e abaixo-assinado.  Irmã Silvana Pauletti, responsável pelo projeto, conta que a criação da Comissão e o auxílio da REPAM-Brasil ajudaram a chegar as comunidades mais distantes e despertar o interesse pelo tema.  Segundo a religiosa, “as coisas que a Comissão faz são simples, mas faz a diferença no meio do povo”.  “A Comissão criada nesta luta por melhorias da energia elétrica e o auxílio do projeto da REPAM, ajudaram a chegar nas comunidades mais distantes e despertar o que estava adormecido ou desanimados na luta por melhorias locais. Foram momentos significativos de escuta, registros, de reivindicações e propostas dada a Comissão para juntos somar forças”, ressaltou a religiosa.  A religiosa explica que a partir da luta por melhorias no fornecimento de energia elétrica na região, a Comissão conquistou a confiança da população e que muitas reivindicações estão sendo solicitadas junto à Comissão. A mobilização da comunidade em torno da pauta diminuiu a falta de energia elétrica na região e tornou possível a realização das aulas no período noturno.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Com informações da REPAM-Brasil

Semana Missionária do Seminário São José: “Relembrar nosso primeiro amor vocacional”

A missão é um elemento constitutivo na vida da Igreja, também dos presbíteros e daqueles que se preparam para assumir o ministério presbiteral. Dentro do processo formativo do Seminário São José de Manaus, onde são formados os seminaristas das 9 dioceses e prelazias que fazem parte do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Semana Missionária sempre foi um momento importante. O Documento Final do Sínodo para a Amazônia insiste no contato dos seminaristas com a vida do povo, afirmando que “com vistas a favorecer o contato do jovem amazônico em formação com sua realidade enquanto se prepara para sua futura missão, garantindo assim que o processo de formação não se afaste do contexto vital das pessoas e de sua cultura”. No último final de semana, de 22 a 24 de outubro, 50 seminaristas e formadores visitaram 22 comunidades indígenas e ribeirinhas no Rio Negro, Tarumã Mirim e Cuieiras. São comunidades que, mesmo não muito distantes de Manaus, tem vivido tradicionalmente aquilo que o Documento Final do Sínodo chama “pastoral da visita”, com pouca presença dos sacerdotes, que na maioria dos casos chegam para realizar as chamadas itinerâncias e celebrar os sacramentos. Voltar da missão com evidente alegria, mostrando felicidade, anima para continuar a caminhada. Segundo relatava Leonardo Morais da Silva, do 3º ano de Filosofia, “é um momento em que a gente retoma, a gente relembra nosso primeiro amor vocacional, que a gente relembra de onde a gente veio, as nossas comunidades de origem”. Esse é um sentimento partilhado por outros seminaristas que participaram da missão, como Nathan Oliveira, que está iniciando sua formação, no 1º ano de Filosofia. Segundo ele “é uma experiência única e maravilhosa, em meu coração fica a saudade, a alegria e a esperança de que as comunidades possam progredir na caminhada e permaneçam firmes na fé”. Os seminaristas destacam a importância de poder conhecer a realidade das comunidades indígenas e ribeirinhas, que para vários deles resulta distante. Uma experiência profunda, onde foram encontrando “pessoas fazendo questão de abrir a porta de suas casas para nos acolher”, segundo relata Leonardo Rufino, do 2º ano de Teologia. Ele destaca que “nos poucos minutos que a gente passa em cada casa a gente constrói um diálogo bonito sobre a vida, mas também sobre a fé”. De fato, os seminaristas descobriram a fé do povo, que o ajuda a não deixar de ter esperança de que um dia terá uma vida melhor, mesmo diante do abandono do poder público, segundo Leonardo Morais da Silva. Ele reconhece que “essa fé, esse sentimento de gratidão, é o que anima a nossa vocação, a nossa esperança de sermos padres”. Nos momentos de oração e escuta do povo, “nós ouvimos tantos clamores e histórias de vida que inspiram a nossa caminhada como futuros presbíteros da Amazônia”, afirma William Aragão do 2º ano de Teologia. Ele relata o testemunho de dona Maria, uma senhora de 110 anos, “com uma fé tão grande que é exemplo para toda aquela comunidade”. Por isso, insiste em que “a missão nos motiva a afirmar: Deus é Bom, Ele nos ama e está sempre no meio de nós”. Os seminaristas ficaram hospedados nas casas das famílias, onde vivenciaram momentos marcantes, como conta o seminarista Giovane, do 1º ano de Filosofia. Segundo ele, “a família onde ficamos hospedados nos relatou bastantes milagres pela intercessão de São José”. Ele afirma que tem sido “uma experiência muito enriquecedora para nossa formação, lá nós mais aprendemos do que ensinamos, com um povo que tem muito a nos ensinar com seu jeito de ser, com o seu dia a dia, com a sua cultura, com a sua fé”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1