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Dom Ionilton: Nossa Senhora Aparecida “vem no escondimento, de onde não se espera”

“Ester não foi egoísta, não pensou somente nela”, afirmava Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira em sua homilia na festa de Nossa Senhora Aparecida. Segundo o bispo de Itacoatiara, “Ester pensou em seu povo”. A atitude de Ester levou o bispo a pedir que “aprendamos de Ester e pensemos em nós e em nosso povo!”, um povo “ameaçado pela Covid, pela fome, pela violência, pelo tráfico de drogas e de pessoas, pela destruição da Floresta Amazônica, pela contaminação de nossos rios pelo veneno do agronegócio e das mineradoras, por falta de políticas públicas, pela retirada de direitos”. Comentando a passagem do Evangelho deste dia, o bispo insistiu em que “a Mãe de Jesus estava presente: ela está sempre presente na vida da gente”, descrevendo-a como intercessora, como aquela que “antecipa-se para ajudar, não espera ser solicitada, age preventivamente”. A única, autêntica e exclusiva mensagem de Nossa Senhora para nós, segundo Dom Ionilton é “Fazei o que Ele vos disser”. Por isso, fez um chamado a que “acolhamos e busquemos colocar em prática este conselho de nossa Mãe Maria”. Dai o bispo chamou a se perguntar: ”estou fazendo o que Jesus me manda fazer?”, a seguir o exemplo dos  serventes daquela Festa em Caná. Refletindo sobre Nossa Senhora Aparecida, a imagem encontrada em 1717, no Rio Paraíba, interior de São Paulo, falando de como foi se construindo a devoção em volta dela, Dom Ionilton insistiu em que “a imagem aparece a três pescadores: gente simples, trabalhadores”. Ela aparece no meio da lama, “vem no escondimento, de onde não se espera”. Junto com isso, o bispo da Prelazia de Itacoatiara lembrou que “aparece com a cor negra, quando em 1717 existia a escravidão dos negros no Brasil”. Por isso, afirmou que “aparece para ser solidária com o povo negro, explorado, discriminado, comprado e vendido como mercadoria, excluídos”. Daí ele fez um convite a, como devotos de Nossa Senhora Aparecida, sermos solidários. Solidários “aos negros em geral, aos negros nos quilombos, aos povos indígenas ameaçados em seus territórios e em suas culturas, desempregados, pessoas em situação de rua, crianças abandonadas e vítimas de tráfico humano, mulheres que sofrem violências domésticas, vítimas do trabalho escravo e da exploração sexual, dependentes químicos, os enfermos, os idosos sem apoio da família, as famílias que perderam um membro por causa da Covid, os ribeirinhos afetados pela enchente e esquecidos pelos poderes públicos, os pescadores artesanais prejudicados pelas empresas de pesca e pelo turismo ecológico, os moradores das periferias de nossas vilas e cidades sem nenhuma assistência e apoio, as famílias em crise de relacionamento ou passando dificuldades de manutenção e sobrevivência, vítimas das notícias falsas…” O desafio é imitar a maneira de ser e agir de Nossa Senhora. Algo que o bispo iluminava com as palavras do Papa Francisco em sua visita ao Santuário de Aparecida, em 2013, onde fez um chamado a conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus e viver na alegria. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Faleceu Dom Antônio Affonso de Miranda, bispo mais idoso do Brasil

Faleceu nesta segunda-feira, 11 de outubro, Dom Antônio Affonso de Miranda, sdn, bispo emérito da Diocese de Taubaté – SP. O falecimento aconteceu na cidade de Juiz de Fora – MG, onde estava internado. Nascido em 14 de abril de 1920 em Cipotânea – MG, era atualmente o bispo mais idoso do Brasil, com 101 anos. Em nota assinada pelo bispo Dom Wilson Angotti, a diocese de Taubaté afirmou que “a passagem de dom Antônio pela diocese de Taubaté foi marcada pelo equilíbrio entre a responsabilidade e a generosidade, a ternura e a firmeza”. Religioso da congregação dos Sacramentinos de Nossa Senhora, foi ordenado sacerdote em 1º de novembro de 1945, foi formador em diferentes seminários da congregação e pároco, sendo eleito o primeiro Superior Geral da congregação com apenas 32 anos, precisando da aprovação de Roma, diante de sua terna idade. Foi nomeado bispo de Lorena – SP, em 8 de novembro de 1971, onde permaneceu até 1977, em que foi transferido para a diocese de Campanha – MG, como bispo coadjutor, com direito à sucessão, e administrador apostólico com plenos poderes, em razão da doença de dom Othon Motta, que o impedia de dirigir aquela diocese. Deixou sua marca naquela cidade como um eficiente administrador e pastoralista. De Campanha foi transferido para a diocese de Taubaté – SP, para suceder a dom José Antônio do Couto, acometido de dois AVCs que o impediram de governar. Foi bispo de Taubaté até 1996, sendo reconhecido como pregador, grande administrador e incentivador das pastorais e movimentos leigos. Dom Antônio também é reconhecido como um intelectual renomado, admirado pelo episcopado brasileiro. Escritor refinado, produziu mais de 40 livros sobre vários assuntos, que incluem Teologia, Mariologia, Catequese, Formação Moral, Pastoral e até um de poemas. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em nota assinada pela presidência, manifestou seu pesar pelo falecimento do bispo, agradecendo seu trabalho ao longo de quase 50 anos de ministério episcopal. Ao mesmo tempo, manifestam sua solidariedade ao bispo diocesano de Taubaté, aos familiares, à congregação dos Sacramentinos de Nossa Senhora, à comunidade Canção Nova, aos amigos e a todo o povo de Deus das dioceses por onde passou e deixou as marcas de sua presença como pastor. O sepultamento será amanhã, 12 de outubro, em Mercês – MG, a cidade para onde mudou-se com sua família em 1929, e onde atualmente morava sob os cuidados de seus familiares. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Do Rio Japura ao Rio Negro, um relato de uma vocação missionária

A história da Igreja da Amazônia relata a vida de muitos missionários que fizeram da missão uma aventura. Não tinha outro modo de chegar onde muitos deles chegaram, até as cabeceiras de rios e igarapés, até lugares impensáveis, inclusive hoje, numa região onde a distância e o tempo são medidos de forma diferente. Uma dessa histórias é a do espiritano holandês Roberto Van Meegeren, missionário na Amazônia brasileira por mais de duas décadas. Entre suas andanças está a viagem desde Tefé até Pari Cachoeira, distrito do município de São Gabriel da Cachoeira, na beira do Rio Tiquié, na bacia do Rio Negro, iniciada no dia 27 de setembro de 1954 e encerrada no dia 8 de janeiro de 1955, um percurso que ainda hoje resulta difícil de imaginar, ainda mais de realizar. Estamos diante de uma história relatada com detalhe pelo missionário, que acaba de ser publicada na Editora Chiado, por outro missionário espiritano, o português Firmino Cachada, que define a viagem como “uma gesta épica”, numa região que “ainda hoje permanece bastante ignorada do resto do mundo”. Segundo o padre Cachada, “essas viagens rio acima e ria abaixo faziam simplesmente parte da vocação missionária que tinha abraçado”, sem negar que essa viagem poderia ser considerada, como “ultrapassar o bom senso”. Mas acima de tudo estamos diante de “uma fonte de conhecimento impar dessa realidade geofísica e antropológica, não só do mundo indígena, mas também da sociedade cabocla dessa região central da Amazônia em meados do século passado”, afirma o padre Firmino Cachada.   De fato, no relato do padre Roberto pode se perceber o sofrimento que ele experimentou, o cansaço extenuante, mas também a vida do povo e seu modo de sobrevivência. Foi o povo, indígenas e ribeirinhos que acompanharam o padre Van Meegeren nas suas andanças, nas relatadas no livro e tantas outras ao longe de sua extensa missão na Prelazia de Tefé. O lançamento deste livro, realizado na comunidade Cristo Luz dos Povos, da paróquia Cristo Redentor, de Manaus, acompanhada pelos Missionários Espiritanos, foi um momento de recordar e também fazer memória desses missionários e missionárias que vinham para a Amazônia, e continuam a vir, e fazem essas experiências e se fazem presença junto ao povo, junto às comunidades. Buscando viver anunciar e testemunhar o Evangelho, mas também conhecer a história, a vida, do povo amazônico, segundo relata o diácono Francisco Lima. Os Missionários Espiritanos chegaram em Tefé nos idos de 1897, se assentando no lugar ainda hoje conhecido como Missão, onde o padre Roberto trabalhou, como foi resgatado neste livro. O secretário executivo do Regional Norte 1, incardinado na Prelazia de Tefé, que foi auditor no Sínodo para Amazônia, que está completando dois anos de sua Assembleia Sinodal, afirma que esse livro é oportuno nesse momento que a gente vive, um tempo de graça em que a gente continua semeando o processo do Sínodo para a Amazônia, o processo da caminhada da Igreja nessa região. Segundo Francisco Lima, que participou do lançamento do livro, foi “um momento muito bom da gente fazer essa memória e resgatar essa história desse missionário que viveu aqui na nossa região e que gastou sua vida aqui junto aos nossos povos”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação Regional Norte 1

“Muita religião, pouca fé?”: necessidade de um cristianismo que incide na realidade

Existem perguntas comas quais muita gente se incomoda, mas não podemos esquecer que nos questionar é o jeito de crescer. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dentre as muitas propostas que vem fazendo, organiza toda primeira quinta-feira de cada mês uma live onde aborda questões atuais, conduzida por Dom Joaquim Mol Guimarães, presidente da Comissão de Comunicação da CNBB. Desta vez o debate teve como ponto de partida, uma pergunta: “Muita religião, pouca fé?”, tendo como convidadas Lucimara Trevisan e Majo Centurión. Diante dessa questão o bispo auxiliar de Belo Horizonte, afirmava que posso ser uma pessoa religiosa e ao mesmo tempo distante de Jesus Cristo e de seu projeto do Reino de Deus. Segundo ele, o centro da fé cristã é a adesão e o seguimento a Jesus Cristo. Dom Mol insistiu na necessidade de uma fé em Jesus Cristo que incide na realidade, afirmando que “o cristianismo passa a ter significado na medida em que incide na realidade”. O bispo advertiu sobre o perigo de pessoas religiosas, mas que não explicitam bem a fé em Jesus Cristo e no Reino de Deus que Ele anunciou para todos nós. Também sobre o investimento em manifestações religiosas, sem cuidar do núcleo fundamental e estruturante. O presidente da Comissão de Comunicação da CNBB se perguntava se as práticas religiosas estão levando à centralidade da nossa fé, que é a adesão a Jesus Cristo, a desenvolver uma fé comprometida. Nesse ponto lembrava as palavras do padre Libânio, um dos grandes teólogos brasileiros do pós-concílio, que falava de pessoas dentro do cristianismo que acreditavam, mas não tinham sinal de pertença. Trazendo esse pensamento para a realidade atual, o bispo afirmou que hoje muitos pertencem, mas não tem uma fé centrada verdadeiramente na pessoa de Jesus. No Brasil, existem muitas pessoas de tradição católica, mas que não fizeram uma experiência de fé, são adultos que não foram evangelizados, segundo Lucimara Trevisan. A Coordenadora da Comissão Bíblico-catequética do Regional Leste 2 da CNBB, falou de uma experiência exterior da fé, uma fé desligada da vida, uma fé formal, pessoas que se autonomeiam mais católicos do que os outros, inclusive do que o Papa, que ficaram no passado, com dificuldade na vivência da fé. Frente a eles, relatava a presença de pessoas com uma fé encarnada na existência, que sustenta sua vida. Também existem no Brasil, segundo a coordenadora do Centro Loiola de Belo Horizonte, pessoas que se dizem sem fé, marcadas por um catolicismo tradicional que as levou a se afastar da comunidade, mas que são pessoas com sede da verdade, do amor, com uma vida comprometida com os que mais sofrem e buscam constantemente um sentido para sua vida. Ela relatava aspectos que atrapalham a vivência da fé, dentre eles a falta de testemunho da comunidade cristã, muitas vezes centrada em se próprio, desvinculada da realidade, e a falta de cuidado de um bom processo de amadurecimento da fé, sem itinerários ao longo de toda a vida. Do Paraguai, Majo Centurión falou da realidade do país com a maior porcentagem de católicos na América Latina, algo que não se traduz em uma realidade onde há muitos Cristos crucificados, com 40% da população vivendo na pobreza e 20% na extrema pobreza, com uma brecha social alarmante, com grande corrupção. Para a Vice-Presidente de SIGNIS América Latina, o Paraguai é um país marcado por um clericalismo e fundamentalismo que aliena, com muita religiosidade e pouca espiritualidade, muito sacramentalismo, doutrinalismo, muitas regras, uma Igreja que deveria ser mais humana. Por esta razão, ele denunciou uma fé desligada da realidade e do sofrimento dos outros, uma fé que exclui e oprime. De acordo com Majo Centurión, fé e vida não são unidas, uma fé que faz de você uma pessoa melhor não é vivida. É verdade que também existem pessoas concretas que promovem ações para gerar mais justiça, com uma espiritualidade encarnada, que não param de fazer perguntas. Daí ela vê a necessidade de uma Igreja em saída, que seja inclusiva, que faça justiça, que seja intercultural, ecumênica, seguindo o exemplo de Jesus, que promoveu o Reino de Deus, uma Igreja que gera vida em abundância, que promove a Boa Vida. Para conseguir isso, devemos amadurecer nossa fé, não permanecer em uma fé infantil como adultos, mas avançar para ter um impacto na vida. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Ir. Rose Bertoldo recebe o Prêmio Nacional Medalha Zilda Arns

A Dra. Zilda Arns é uma das grandes defensoras da vida na história do Brasil, especialmente das crianças. A fundadora da Pastoral da Criança, falecida em 2010 no Haiti, vítima do terremoto que assolou o país, é lembrada desde há pela Prefeitura Municipal de Forquilhinha (SC), sua terra natal, com o Prêmio Nacional Medalha Zilda Arns, de Boas Práticas para a Primeira Infância. A entrega do reconhecimento, dado em 2020, mas adiado em consequência da pandemia da Covid-19, aconteceu durante o “Seminário Nacional e Internacional de Políticas Públicas para a Primeira Infância – Um Tributo a Zilda Arns”, realizado os dias 6 e 7 de outubro na cidade do sul do Estado de Santa Catarina. Doze personalidades e entidades foram homenageadas com a medalha “Zilda Arns Neumann”, por se destacarem no seu trabalho em favor de crianças e adolescentes, dentre elas a Irmã Rose Bertoldo, missionária em Manaus desde 2012. A integrante da Rede um Grito pela Vida tem realizado ao longo de quase dez anos um trabalho de combate ao abuso e exploração sexual e tráfico de crianças e adolescentes nas dioceses e prelazias que fazem parte do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Segundo recolhe a placa de homenagem, o reconhecimento foi outorgado “pela valiosa contribuição em prol da humanidade através de trabalhos, ações e projetos sociais voltados ao atendimento de crianças, adolescentes e idosos, desenvolvidos sob os princípios da solidariedade, do amor ao próximo e em defesa da vida em todas as etapas”. A religiosa da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria foi auditora no Sínodo para a Amazônia, que está completando dois anos de sua Assembleia Sinodal, aportando seu conhecimento e experiência aos participantes de um evento que abordou diferentes questões, dentre elas o cuidado com a vida das crianças. Um Sínodo que tem marcado o caminhar da Igreja da Amazônia e se tornou semente de mudança para a Igreja universal. Durante o seminário, a missionária no Regional Norte 1 da CNBB, contribuiu com uma reflexão sobre o “Papel da Sociedade Civil na Proteção à Infância”, momento em que foi apresentado o trabalho da Rede Um Grito Pela Vida no combate ao tráfico de crianças. Na sua intervenção, a religiosa denunciou o desmonte das políticas públicas no Brasil, o que está provocando o recorte de recursos públicos dedicados ao combate de um crime que o Papa Francisco considera “uma ferida no corpo da humanidade”. Segundo a Ir. Rose, “receber a Medalha Zilda Arns tem uma dimensão muito significativa”. Segundo a religiosa, “não é uma homenagem, recompensa, pelo trabalho, mas é uma homenagem cheia de inspiração, a qual Zilda Arns transmite a cada uma de nós, inspiração por levar adiante um trabalho de cuidado, de defesa da vida das crianças e dos adolescentes, da infância e da juventude, a qual ela tanto lutou”. A religiosa do Imaculado Coração de Maria diz dedicar a homenagem “a todas as crianças, adolescentes que a Rede um Grito pela Vida tem atendido. A todas as mulheres, principalmente aquelas que de tantas formas defendem a vida. Cada uma que faz a Rede um Grito pela Vida, cada uma que defende os direitos sem medir esforços”. A Irmã Rose Bertoldo também agradece “a minha congregação, a qual nos possibilita realizar essa missão no chão da Amazônia”. Também tem lembrado em suas palavras de “todos os promotores de direitos da Pan-Amazônia, que lutam na defesa da vida”. A Irmã Rose tem destacado que “receber a medalha no dia em que celebramos o segundo aniversário do Sínodo, tem significado muito profundo, pois a gente levou para o Sínodo da Amazônia essa temática do abuso, da exploração e do tráfico de pessoas, onde a vida é tão ferida neste chão sagrado da Amazônia”. A religiosa diz que “me ajudou a fazer memória desse processo, dessa construção sinodal que a gente continua com mais força, com mais esperança de conseguir formular políticas públicas voltadas para a infância e a adolescência”. No final do Seminário aconteceu a inauguração de um monumento em homenagem à Dra. Zilda Arns, algo que a Irma Rose considera “muito significativo, pois é um marco na história, não só de Forquilhinha, mas de todo o Brasil, um legado muito grande para toda a humanidade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Sínodo para a Amazônia: dois anos de um momento histórico

No dia 7 de outubro de 2019 começaram os trabalhos da Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia. Após a Eucaristia de abertura, celebrada no dia 6, naquela segunda-feira, o interior da Basílica de São Pedro acolhia os participantes da Assembleia e outros convidados. Aos pés do túmulo de Pedro, a Igreja da Amazônia e seus povos, iniciavam um momento marcante na Igreja católica. A sinodalidade dava um passo importante, concretizando ainda mais uma ideia que nasceu no Concilio Vaticano II, mais de 50 anos atrás, uma Igreja que caminha junto, em comunhão. As imagens do Papa Francisco, sorridente, no meio do povo de Deus em todas suas expressões, se tornaram virais em poucos minutos. O Sínodo para a Amazônia foi um momento que ultrapassou a dimensão eclesial, despertando o interesse de muita gente, inclusive da grande mídia. É verdade que movidos por interesses diferentes, mas em muitos casos tomando postura diante desse momento, tanto a favor como contra. Ninguém pode negar que se posicionar em defesa da Amazônia e de seus povos nos leva a nos enfrentarmos com aqueles que movidos pelo desejo de lucro rápido, veem a Amazônia como lugar a ser espoliado. Foi um Sínodo em que as vozes tradicionalmente colocadas em segundo plano, as mulheres, os povos indígenas, foram escutadas, aportando a parresia que sempre pede o Papa Francisco para a Igreja. Vozes proféticas, livres, sem amarras institucionais, que ajudaram a introduzir na sala sinodal visões novas, enriquecedoras, que ajudaram no processo de discernimento dos novos caminhos. Falar e entender a vida como um processo é algo fundamental para construir a história, também na Igreja. Enquanto os eventos, muitas vezes desligados uns dos outros, são a grande preocupação da maioria, o Papa Francisco insiste na necessidade de propor processos a longo prazo, provocando mudanças que possam se perpetuar no tempo. Frente a uma sociedade que bate palmas diante dos fogos de artificio, aquilo que fica no segundo plano, que muitas vezes não é visto, que muitos não querem ver. Podemos dizer que hoje falar de Sínodo vai além de eventos pontuais. Estamos diante de uma forma nova de entender a vida, que nos leva a escutar mais, a construir a vida a partir daquilo que faz parte da vida do povo, da vida da gente. Buscar dinâmicas comuns, que nos ajudem a entender que caminhar juntos nos faz crescer, nos faz ser mais e melhores. É tempo de continuar o caminho começado, de sonhar, de apostar na comunhão, de construir juntos um futuro comum. Na medida em que a gente se empenha em avançar num caminho comum estamos vivendo a sinodalidade e construindo um futuro onde todos podem falar, onde todos tem que escutar.    Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom José Ionilton denuncia Projeto de Lei 2633/20 como “invasão de terras públicas por grileiros e criminosos ambientais”

O bispo da Prelazia de Itacoatiara-AM e presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, defendeu que o Projeto de Lei 2633/20 não favorece os pequenos e que “abrirá caminhos para a invasão de terras públicas por grileiros e criminosos ambientais”.   Ele falou durante a audiência pública das Comissões de Agricultura e Reforme Agrária (CRA) e de Meio Ambiente (CMA) para debater propostas de regularização fundiária, como o PL 510/2021 e o PL 2.633/2020, que regulamenta legislação de regularização fundiária em terras da União, na Amazônia Legal, e do Incra.  Participaram da audiência o chefe-geral da Embrapa, Evaristo Miranda, e a procuradora da República Márcia Brandão Zollinger.  Dom Ionilton afirmou que é importante refletir sobre os interesses que estão por trás dessas propostas. “É importante que se pense nisso o que está por trás desses dois projetos de lei, que estão em discussão no Senado, para ver se beneficia povo ou se prejudica o povo e pensar que a função do eleito é garantir aquilo que faz bem para o povo brasileiro na sua maioria”.  “Nós, bispos da Amazônia, somos contra os Projetos de Lei 510/21 e 2633/20 e solicitamos que essas duas comissões que aqui se encontram e demais senadores e senadoras pensem na responsabilidade que tem ao aprovar essas leis”.   Confira a fala do presidente da CPT, Dom José Ionilton, na Audiência Pública:  Comunicação REPAM-Brasil 

Prelazia de Tefé comemora o Dia Internacional do Idoso

A Pastoral da Pessoa idosa e o Grupo Ser feliz não tem idade da Prelazia de Tefé celebraram na manhã do dia 1º de outubro, junto à comunidade, o Dia Internacional do Idoso. Em um momento tão delicado que ainda passamos, principalmente para as pessoas idosas, para este grupo é muito importante agradecer a Deus e celebrar pela vida de cada um e cada uma. Na oportunidade, foi momento de lembrar de todos os idosos dos municípios que compreendem a Prelazia de Tefé. Muitos dos que partiram para junto do pai devido a pandemia, foram recordados nessa celebração eu também aqueles que continuam junto de nós, apaixonados pela vida e com o coração jovem e cheio de esperança. Sem os idosos não teríamos em quem no espelhar. Cuide, dê carinho, amor, seja grato por tudo que um dia fizeram por nós. Francisca Andrade – Prelazia de Tefé

Conhecer a Bíblia evita radicalismos

Conhecer sempre ajuda a tomar decisões melhores, a encontrar o caminho a seguir. A Bíblia é um elemento fundamental na vida dos cristãos, mas nem sempre é conhecida do jeito que deveria ser. No Brasil, desde há 50 anos, a Igreja católica celebra todo mês de setembro o Mês da Bíblia, um tempo em que todos os católicos são chamados a aprofundar no conhecimento da Palavra de Deus. Cada ano, um livro diferente, sempre visando aprofundar num texto que nos mostra o caminho de Deus. No dia 30 de setembro, a Igreja católica celebra a festa de São Jerônimo, nascido no século IV, que poderia ser considerado como o primeiro grande apaixonado pela Bíblia na história da Igreja, traduzindo o texto bíblico ao latim. Na semana passada a Assembleia do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil insistia na necessidade de traduzir a Bíblia às línguas indígenas, algo que pode ajudar a compreender melhor o texto bíblico. Entender e conhecer a Palavra de Deus ajuda a deixar para trás leituras literais do texto, o que muitas vezes leva a desfigurar a imagem de Deus, a se servir dele para sustentar projetos políticos, religiosos, econômicos, que nada tem a ver com a imagem do Deus bíblico, fomentando assim o fundamentalismo, uma atitude cada dia mais presente no meio de nós. Os falsos Messias sempre fizeram parte da história da humanidade, e de vez enquanto nos deparamos com personagens dessa laia. Uma leitura literal da Bíblia incentiva os radicalismos, aumenta os enfrentamentos, fomenta atitudes violentas, divide as pessoas. São atitudes que não estão presentes na Bíblia, que promove a fraternidade e um projeto de vida em comum sustentado no Deus Criador e, sobretudo, no Deus Encarnado em Jesus Cristo, que entrega sua vida para a salvação de todos. Quando a gente entende a Carta aos Gálatas, vemos como nela aparece o chamado à unidade, à caminhada em comum, a fazer realidade as palavras do Apóstolo em que nos lembra que “todos vós sois um só em Cristo Jesus”. Aí a gente entende que o texto bíblico perpassa a história, que aquilo que foi escrito quase dois mil anos atrás continua sendo atual. Diante das tentativas de se aproveitar de Deus e de sua palavra para satisfazer interesses pessoais somos desafiados a promover um maior conhecimento da Bíblia, a estudar a Palavra para evitar cair em tentações que nos levam a nos afastarmos de Deus e dos outros. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Assembleia Eclesial: uma novidade pelo número e presença de todas as vocações

Pouco a pouco os detalhes da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe estão se tornando conhecidos. Alguns deles foram revelados na coletiva de imprensa desta quarta-feira, 29 de setembro, organizada pelo Celam, na qual foram anunciadas as etapas de um processo que realizará sua assembleia de 21 a 28 de novembro. “A Assembleia Eclesial tem algo novo e algo que está enraizado no caminho da Igreja da América Latina e do Caribe“, como afirmou o Secretário Geral do Celam. É algo que tem sido parte da Igreja no continente desde seus primeiros dias, lembrando os Concílios de Lima, mas é também um espírito que nos últimos anos tem gerado processos de assembleia em algumas conferências episcopais e dioceses, segundo Dom Jorge Lozano. O arcebispo de San Juan de Cuyo definiu a novidade da Assembleia no sentido de ser continental e composta de diferentes vocações, revelando que haverá cerca de mil delegados na Assembleia, 200 bispos, 200 sacerdotes e diáconos, 200 religiosos e religiosas, 400 leigos e leigas de diferentes áreas, também pessoas que estão em situações de periferia, de exclusão, a maioria dos quais participará virtualmente e pouco mais de 50 pessoas presencialmente na sede da Conferência Episcopal Mexicana. É um caminho que está sendo acompanhado por um itinerário espiritual, baseado na escuta da Palavra de Deus e da realidade, que formam um único ideal de vida, segundo a Irmã Daniela Cannavina. A coordenadora do Comitê de Espiritualidade e Liturgia dividiu este itinerário na espiritualidade da escuta e na espiritualidade do encontro, dentro da qual momentos de leitura orante, um encontro mariano continental ou uma Vigília do Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe terão lugar nas próximas semanas. O processo de escuta da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe foi um momento para dar razão a nossa esperança, nas palavras de Mauricio López. Para o coordenador do Centro de Programas de Ação Pastoral e Redes do Celam, a escuta é uma ação inerente da Igreja, algo que se baseia no espírito da Eclesiologia do Povo de Deus do Concílio Vaticano II e que foi promovida na Episcopalis Communio, que exige abraçar a fé do Povo de Deus. Quase 70.000 pessoas participaram do processo de escuta, 65% das quais são mulheres. Todas as contribuições geraram uma síntese, que foi colocada nas mãos do comitê de redação do Documento para o discernimento, e que, como uma grande novidade, seu conteúdo será dado a conhecer na próxima sexta-feira. Para o padre David Jasso, a Metodologia Pastoral é a própria Assembleia, pois não há assembleia sem acordos, sem questões que são colocadas em comum e que a própria comunidade pode levar aos outros. Estamos enfrentando uma oportunidade, afirma o secretário-geral adjunto do Celam, de responder aos novos desafios da Igreja na América Latina e no Caribe e de encontrar novas maneiras de responder a esses desafios. Tudo isso dentro de um processo que começará com as pre-assembleias e se desdobrará em pós-assembleias regionais. Segundo o Padre Jasso, é uma questão de apropriação de sonhos para responder a urgências. Neste sentido, ele anunciou a elaboração de uma mensagem final na qual quer se mostrar este sonho eclesial, estes novos caminhos, estas novas orientações e um documento inspirador a ser elaborado nos meses seguintes à Assembleia. Respondendo às perguntas dos jornalistas, os quatro anfitriões da coletiva de imprensa falaram sobre os participantes, cuja lista final será conhecida nos próximos dias, o que o processo de escuta deve envolver como instrumento de metanoia, de conversão, o plano de comunicação de uma assembleia a ser vivida não apenas em sua sede, mas também nos diferentes pontos a partir dos quais os membros da assembleia estarão conectados. A Assembleia é uma oportunidade de tornar realidade o mandato do Vaticano II, onde todos somos chamados a assumir o compromisso de proclamar o Reino, criando experiências que se tornam a presença do Espírito Santo, que continua a soprar com força para gerar novos caminhos. Estes novos caminhos emergem da escuta realizada nas periferias, nas comunidades amazônicas, em uma escola com crianças, em uma unidade penal ou em comunidades de toxicômanos em recuperação. A Vida Religiosa também percorre novos caminhos, e está muito presente no processo de escuta, está em saída, e quer que a dimensão sinodal permeie sua vida e seu serviço, tornando os rostos visíveis e compartilhando espaços concretos. Não podemos esquecer que na sinodalidade o caminho é a experiência, e que é necessário manter vivo o dinamismo da escuta. É hora de lembrar Aparecida com um olhar agradecido, mas também de olhar para o futuro, para o Evento Guadalupano de 2031 e da Redenção em 2033. Para isso somos chamados a entender que a alegria está mais no caminho do que na meta, que está sempre mudando. Na verdade, a escuta, que deve ser uma atitude permanente na vida da Igreja e não uma metodologia, não está terminada, e a assembleia já começou. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1