Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Blog

Dom Marcos abençoara Fazenda da Esperança em Coari no dia 2 de outubro

A realização de “um sonho que nasceu há cerca de 15 anos atrás”, afirma Dom Marcos Piatek diante da benção e inauguração da Fazenda da Esperança São Raimundo, em Coari, que vai acontecer no dia 2 de outubro de 2021. Entre os atos previstos está uma moto carreata, com concentração na Praça São Sebastião, do lado da catedral, às 8h00, até a sede da Fazenda, situada no Km 9 da estrada Coari-Mamiá, onde o bispo diocesano presidirá uma celebração eucarística às 9h00. Dom Marcos lembra que “Jesus veio pra que todos tenham vida e a tenham em abundância”, insistindo em que “a inauguração da Fazenda da Esperança São Raimundo tem uma importância muito grande para a Diocese de Coari e para a nossa população em geral”. O bispo diocesano lembra que até o momento presente as pessoas atingidas pela dependência química eram enviadas à Fazenda da Esperança, em Manaus. Segundo Dom Marcos Piatek, “a abertura da Fazenda da Esperança São Raimundo se insere dentro das Novas Diretrizes para a Ação Evangelizadora, recém aprovadas pela 48ª Assembleia Pastoral do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)”. As Novas Diretrizes, que vão acompanhar a vida das dioceses e prelazias do Regional Norte 1 até 2023, estão fundamentadas nas Diretrizes para a Ação Evangelizadora da CNBB Nacional e na exortação pós-sinodal Querida Amazônia e todo o processo sinodal vivido durante o Sínodo para a Amazônia, convocado pelo papa Francisco em outubro de 2017 e que teve sua Assembleia Sinodal em outubro de 2019, com a participação dos bispos do Regional Norte 1 da CNBB, dentre eles Dom Marcos Piatek, assim como padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas, e representantes dos povos indígenas. O bispo de Coari lembra que nas Novas Diretrizes para a Ação Evangelizadora do Regional Norte 1, a terceira linha para a ação evangelizadora, fala da “Igreja Servidora e Salvadora da Vida“, sendo a Fazenda da Esperança uma expressão dessa linha. Segundo Dom Marcos Piatek, “o acontecimento se coloca na linha do Sonho Social do Papa Francisco na Querida Amazônia” e recolhe ideias que aparecerem na encíclica “Fratelli tutti”.  Finalmente, o bispo diocesano de Coari, diz “agradecer a Deus e a todas as pessoas que rezaram, que doaram a sua vida e que colaboraram materialmente“. É por isso que Dom Marcos Piatek pede “que esta obra profundamente humana, bíblica e eclesial seja copiosamente abençoada por Deus e protegida por Maria e São Raimundo”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Lançamento do SIREPAM: Sistema de Informação para conhecer melhor a Pan-Amazônia

Anos atrás, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) iniciou um enorme trabalho para conhecer um pouco mais sobre a realidade eclesial, social e ambiental desta imensa região. O Mapeamento, como esta iniciativa foi chamada, foi o primeiro passo de algo que foi lançado em 27 de setembro de 2021: o Sistema de Informação sobre a Realidade Eclesial da Região Pan-Amazônica (SIREPAM). É uma plataforma bilíngue, em espanhol e português, hospedada no site da REPAM, que contém todas as informações coletadas no processo de Mapeamento realizado em todas as jurisdições eclesiásticas da região Pan-Amazônica. Dentro do sistema é possível encontrar gráficos, tabelas e dados em geral para cada eixo e questão do Mapeamento, organizado por Jurisdições Eclesiásticas, Regionais (no caso do Brasil), países e toda a região Pan-Amazônica. No SIREPAM, as informações estão organizadas em diferentes temas: dados sobre a presença da Igreja na Amazônia; paróquias, padres, religiosos, diáconos e líderes comunitários; dados sobre organizações da sociedade civil; realidade social; povos indígenas e comunidades tradicionais; formação e métodos pastorais numa perspectiva itinerante; direitos humanos e defesa internacional; justiça socioambiental e Bem Viver; e comunicação para transformação social. Com as informações fornecidas pela plataforma, o objetivo é obter um diagnóstico da realidade do território em diferentes níveis, principalmente eclesial e socioambiental. Neste sentido, as informações reunidas no SIREPAM podem ajudar como ponto de partida e guia para a formulação de planos e ações pastorais, respondendo assim ao pedido do Sínodo para a Amazônia, que insiste em realizar um trabalho evangelizador baseado na realidade local. Como informa a própria REPAM, este é um instrumento que abre a possibilidade de estabelecer estratégias de ação comunitária diante dos problemas e ameaças da Amazônia e de seus povos e, ao mesmo tempo, oferece apoio às iniciativas de organizações estatais, locais ou internacionais diante das exigências e exigências socioambientais. O lançamento aconteceu em vídeo com a participação do secretário executivo da REPAM, Irmão João Gutenberg Sampaio, e Diego Aguiar, que é o articulador da Rede Eclesial Pan-Amazônica. Em sua intervenção, eles enfatizam a importância da informação na vida da Igreja e explicam brevemente o conteúdo e o funcionamento, que serão atualizados à medida que surgirem novas informações, tanto em nível pan-amazônico como nas mais de 100 igrejas particulares localizadas na região pan-amazônica. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Cardeal José Freire Falcão, arcebispo emérito de Brasília, mais uma vítima da Covid-19

Faleceu às 22:40 deste domingo, 26 de setembro, aos 95 anos de idade, o Cardeal José Freire Falcão, arcebispo emérito de Brasília, em decorrência de complicações da Covid-19, segundo informações da Arquidiocese deBrasília. O cardeal estava internado desde o dia 17 de setembro, após ter testado positivo para Covid-19. Após piorar em seu estado de saúde, o purpurado foi entubado, vindo a falecer em consequência dessas complicações. Nascido no dia 23 de outubro de 1925 na cidade de Ereré, no Ceará, desde criança, incentivado pela família, sonhou em ser sacerdote. Aos 14 anos entrou no Seminário de Fortaleza, e foi ordenado padre em 19 de junho de 1949, exercendo seu ministério na diocese de Limoeiro do Norte, no Ceará, de onde se tornará bispo em 17 de junho de 1967. Após 4 anos, será eleito arcebispo de Teresina, no Piauí, em 1971, onde permaneceu até 1984, quando foi transferido para Brasília, arquidiocese que pastoreou até sua renúncia em 2004. Eleito cardeal em 28 de junho de 1988, participou, em 2005, dos funerais de João Paulo II e do conclave que elegeu o Papa Bento XVI. Como segundo arcebispo da capital do país, ordenou diversos padres e criou várias paróquias, acolhendo o Papa João Paulo II em 1991. Também criou a Casa do Clero e estimulou os movimentos eclesiais, entre outros trabalhos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Rede um Grito pela Vida vai à rua para conscientizar contra a Exploração Sexual e Tráfico

A vida religiosa assumiu o enfrentamento do tráfico de pessoas como uma das suas prioridades. Sobretudo as religiosas gastam a sola do sapato indo ao encontro das vítimas e conscientizando a população para evitar cair nas redes do tráfico e descobrir a necessidade de denunciar esse crime. O Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças, que acontece todo 23 de setembro tem sido oportunidade para que as integrantes da Rede um Grito pela Vida em Manaus, em parceria com outras pastorais, como a pastoral da sobriedade e a pastoral da AIDS, e do núcleo da Rede da Tríplice Fronteira, se fizessem presentes nos terminais de ônibus da cidade, distribuindo informação que pode evitar sofrimento em muitas pessoas. Entre elas estava a irmã Santina Perin, que aos 80 anos não mede esforços para acompanhar a vida dos migrantes, especialmente os haitianos, ela foi missionária no Haiti por mais de 20 anos, e as vítimas do tráfico de pessoas. A religiosa insistia em que a presença na rua “ela é muito importante, porque o nosso povo, que está sofrendo, nosso povo que não tem consciência da gravidade da situação, se ele vê que alguém fala, que explica, que se empenha, ele vai tomando consciência”. A irmã Santina destaca que “o povo acolhe e agradece”. Segundo ela, “quando estão sentados, que dá para falar, a gente explica que hoje é o Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças, eles pegam e agradecem”. A religiosa da Congregação do Imaculado Coração de Maria, diz que “vale a pena, acolhem e a gente também se entusiasma com esse trabalho”. Ao ser perguntada se a vida religiosa está comprometida com essa causa, a religiosa afirma que “a vida religiosa toda acredito que indistintamente, toda faz opção pelos pobres, e o pobre é aquele que está sofrendo”. Para a irmã Santina, “graças a Deus, neste momento, os responsáveis pela vida religiosa estão se empenhando para incentivar o trabalho nessa área”. Ao mesmo tempo, a integrante da Rede um Grito pela Vida diz que “infelizmente também temos na vida religiosa, na vida sacerdotal, na vida dos bispos, que está temática ainda não entrou, ainda não conseguiram se dar conta de que a vida de Jesus Cristo foi essa, estar na rua, no meio dos mais pobres”. Uma luta comum, que precisa do compromisso de todos, e que aos poucos a Igreja como um todo vai tomando consciência da necessidade de se envolver. O exemplo da vida religiosa, inclusive daquelas mulheres que com o passar dos anos não desistem em seu empenho, representa um estímulo para nossa vida como discípulos e discípulas, sempre chamados a ir ao encontro daqueles que são vítimas de uma sociedade que explora.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Curso de Teologia do ITEPES pede Credenciamento junto ao MEC

A formação sempre foi um elemento importante na vida da Igreja. A exortação apostólica Querida Amazônia nos diz que “é oportuno rever a fundo a estrutura e o conteúdo tanto da formação inicial como da formação permanente dos presbíteros, de modo que adquiram as atitudes e capacidades necessárias para dialogar com as culturas amazónicas”.  Na tentativa de avançar nesse caminho de formação dos futuros presbíteros, a Associação Amazônica para a Pesquisa e Educação Cristã, AAPEC, reunida em Assembleia neste 23 de setembro decidiu apresentar ao Ministério da Educação (MEC), o pedido de credenciamento do Curso de Teologia do Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da Amazônia, ITEPES, segundo informou Dom Leonardo Steiner. Seguindo os caminhos do Sínodo para a Amazônia, o arcebispo de Manaus, afirma que “o credenciamento oferecerá uma oportunidade rica de formação e educação para as igrejas que formam o Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB”, sempre buscando concretizar a inculturação e cuidado com a criação. A Assembleia da AAPEC é continuação da Assembleia do Regional Norte 1 da CNBB, que de 20 a 22 de setembro reuniu em Manaus os bispos e representantes das igrejas particulares que fazem parte do Regional e das pastorais. Ao longo de três dia de reflexão foi momento para construir novos caminhos. Nesse sentido podemos dizer que o pedido de credenciamento do Curso de Teologia do ITEPES representa um passo a mais nesses novos caminhos.  Se trata de levar para as bases, para as dioceses, prelazias, paróquias e comunidades as reflexões do Sínodo para a Amazônia. Não podemos esquecer que foi nas bases que, mediante o processo de escuta, foram surgindo os encaminhamentos que deram lugar ao processo sinodal, que aos poucos está voltando para as bases. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Exploração sexual, além de imoral, é crime

A escravidão é uma realidade ligada à história da humanidade. Muitas pessoas se perguntam como é possível que no século XXI esse fato continue fazendo parte da realidade social. Isso demanda a necessidade de desenvolver e aprimorar medidas de enfrentamento que promovam a proteção e cuidado dos marginalizados. 23 de setembro é o Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças, mais uma oportunidade para tomar consciência dessa realidade muitas vezes invisível, difícil de identificar, porém muito comum. Podemos dizer que durante a pandemia da Covid-19, a exploração sexual e o tráfico de mulheres e crianças têm se tornado uma realidade ainda mais presente e invisibilizada. Este Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças foi instituído em 1999, visando estabelecer mecanismos de proteção, sobretudo aos mais vulneráveis. É momento para cobrar do poder público melhoras no combate deste crime que dilacera a vida de coletivos mais numerosos do que a gente pode imaginar. São mulheres e crianças vulneráveis, geralmente pobres, com escassos recursos, o que aumenta o risco de cair nas redes do tráfico de pessoas. Quando a fome e a necessidade apertam, o risco de se tornar vítimas destas redes aumenta exponencialmente, provocando grande sofrimento nas pessoas, nas famílias e na sociedade como um todo. A lei é algo que está deixando de ser cumprida no Brasil nos últimos anos, sobretudo aquelas leis que defendem os direitos dos mais vulneráveis. Como está acontecendo em muitas outras realidades, a proteção das vítimas da Exploração Sexual e do Tráfico de Mulheres e Crianças, está sendo algo esquecido por um poder público que pouco se importa com as vítimas. Levar o que está escrito nas leis para a prática cotidiana é um desafio cada vez mais urgente, inadiável. O povo brasileiro deve tomar consciência da necessidade de concretizar a proteção das vítimas, de se posicionar em favor dos mais fracos e vulneráveis. Mas será que realmente a sociedade brasileira está preocupada em enfrentar esse crime? A sociedade brasileira se preocupa com a defesa das mulheres e crianças vítimas do tráfico de pessoas e da exploração sexual? Só quando o povo descobrir a importância deste combate, poderá ser enfrentada uma realidade que deveria ser desterrada definitivamente da nossa sociedade. É tempo de denunciar, de cobrar políticas públicas, de deixar claro que o nosso lado é o lado das vítimas, de não nos calar. Só assim poderão ser dados os passos necessários que nos levem a construir uma sociedade onde as vítimas não sejam mais invisibilizadas, onde as vítimas não sejam inclusive criminalizadas, e sim uma sociedade onde as vítimas sejam acolhidas e inseridas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Edson Damian: Nas comunidades da Amazônia “o povo tem direito à Eucaristia”

O Sínodo para a Amazônia pode ser considerado como um divisor de águas na vida da Igreja da Amazônia, inclusive na vida da Igreja universal. O grande desafio é levar para as igrejas particulares as propostas elaboradas, algo que foi dificultado pela pandemia, mas que aos poucos vai se tornando realidade. Estamos falando de uma Igreja sinodal, onde todos e todas são escutados, onde as pessoas se encantam pelo fato de que “a palavra de uma mulher indígena é escutada com o mesmo respeito e atenção do que a palavra de um bispo”, segundo ressaltava uma das participantes, no final da 48ª Assembleia do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que aconteceu em Manaus de 20 a 22 de setembro. Na tentativa de construir novos caminhos, os bispos e representantes das dioceses, prelazias e pastorais têm elaborado as novas Diretrizes à luz das Diretrizes da CNBB Nacional e dos sonhos da Querida Amazônia. Tudo isso num processo sinodal, uma dinâmica do Regional, segundo o padre Zenildo Lima, membro da equipe de articulação da Assembleia. Após recolher o material apresentado pelas bases, isso foi transformado num texto de proposta, para depois acolher as contribuições dos delegados presentes nessa Assembleia, segundo o reitor do Seminário São José de Manaus. Ele ressalta que foram repercussões bastante profundas que foram refletidas em grupos de trabalho, trazendo de novo o chão das realidades locais. O padre Zenildo Lima, auditor no Sínodo para a Amazônia, acha interessante “essa consciência desse sujeito que é a comunidade eclesial missionária, seja como sujeito, mas também como destinatário”. Ele destaca o fato de “ousar a inversão de uma metodologia missionária, que é aquela que o Sínodo trouxe para nós, de trazer a periferia para o centro”. “As comunidades periféricas no centro da ação missionária, da ação evangelizadora já é um grande sinal de presença, e uma presença sempre marcada por esse compromisso com a vida”, ressaltou. Se faz necessário começar a colocar em prática as atividades muito concretas que surgem dos sonhos de Querida Amazônia, segundo Dom Edson Damian. O presidente do Regional Norte 1 insiste em “levar em conta a interculturalidade”. Diante das muitas culturas na região, “a Igreja deve construir a unidade na diversidade, e para isso nós devemos criar espaços de diálogo, para respeitar as pessoas que são diferentes, para que se manifestem na sua espiritualidade, nos seus valores culturais”, segundo o bispo de São Gabriel da Cachoeira.   Na sua diocese, o princípio que norteia a espiritualidade e a pastoral é: “a boa nova das culturas indígenas acolhe a Boa Nova de Jesus”. Segundo o bispo, “as sementes do Verbo chegaram antes dos missionários, e nós devemos ter a sensibilidade para descobrir esses valores que são humanos, profundamente cristãos, que os povos indígenas vivem até hoje: a vida comunitária, a partilha dos alimentos, o trabalho feito em comum”. Dom Edson Damian fala também dos casamentos interétnicos, algo que aproxima uma cultura da outra, e facilita que os povos indígenas aprendem várias línguas na convivência uns com os outros. O presidente do Regional Norte 1 insiste na necessidade de “começar a traduzir, pelo menos os Evangelhos nas línguas dos povos indígenas”. Também em “colocar elementos da espiritualidade dos povos indígenas na nossa liturgia, na liturgia da Palavra, na liturgia Eucarística com muita mais liberdade”. Um outro elemento é “a valorização dos catequistas que estão nas comunidades indígenas e ribeirinhas, que devem ser acompanhados com uma formação bíblica e pastoral”, afirma o bispo. Segundo ele, “muitos deles devem ser ordenados diáconos casados, permanentes, e futuramente são eles que serão ordenados os presbíteros para as comunidades”. Na Assembleia se acentuou muito “que a Eucaristia é um elemento fundamental da nossa espiritualidade cristã”, insistindo em que mesmo valorizando a celebração da Palavra, “o povo tem direito à Eucaristia, que é elemento fundamental da nossa espiritualidade cristã”. Falando do sonho ecológico vê fundamental “levar a Laudato Si´ aos povos das nossas comunidades ribeirinhas”. Mesmo vivendo a ecologia e sendo os guardiões da natureza, é importante “descobrir o valor que tem a ecologia integral”. Junto com isso, no sonho social, falou da cidadania, da fé e política, de levar adiante escolas de formação, algo necessário “nesse momento de retrocesso que vive nosso país, de desmonte dos direitos que os povos indígenas e os pobres adquiriram com muita luta”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Tadeu: “Que a Amazônia possa ser um sinal da periferia que ilumina o centro”

Construir novos caminhos, sustentados na fraternidade, unidade e dignidade, está sendo o propósito da 48ª Assembleia do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nessa dinâmica, Dom Edmilson Tadeu Canavarros pedia que “o Cristo encarnado da Boa Nova, da inculturação e da interculturalidade nos proporcionem serenidade, discernimento e coragem para encontrar novos caminhos”. O vice-presidente do Regional vê nisso uma possibilidade na busca do bem e a vida dos povos e comunidades da Amazônia e caminhar mais juntos pelo Reino. Buscar os novos caminhos é uma urgência “neste momento de crise global, humanitária, climática e de fraternidade”, visando “viver uma genuína ecologia integral de austeridade, consumo responsável, com um olhar que considere a situação atual e a justiça para as novas gerações, e ali a Igreja deve ser aprendiz, irmã e mestra”. O bispo auxiliar de Manaus denunciava que “o problema ecológico mais importante é chamado de iniquidade (desigualdade de direitos)”. Diante disso fez a proposta de que “a Amazônia possa ser um sinal da periferia que ilumina o centro”, e junto com isso, lembrando as palavras do Papa Francisco no II Encontro Mundial de Movimentos Populares, assumir o chamado a “se mobilizar, a exigir – pacífica e tenazmente – a adoção urgente de medidas apropriadas”, diante da destruição da Criação. A Igreja do Regional Norte 1 quer responder às necessidades do povo partindo das propostas da Igreja do Brasil e da Igreja universal. São muitas as propostas que estão sendo vividas ou que serão vividas nos próximos tempos. Algumas delas têm sido apresentadas na Assembleia e devem influenciar os novos caminhos que a Igreja do Regional Norte 1 está propondo ao povo do Regional Norte 1. Uma delas é a Economia de Francisco e Clara, a tentativa de “realmar a economia”, segundo a irmã Michele Silva, da Articulação Brasileira de Francisco e Clara. A religiosa lembrava os passos dados nos últimos anos, marcados por encontros virtuais, buscando “mudar a lógica capitalista, um sistema que não é mais sustentável”, e que demanda “uma economia alternativa ao serviço da vida”. No Regional Norte 1 estão sendo dados passos na articulação da Economia de Francisco e Clara, em parceria com outras pastorais e realidades eclesiais, algo nem sempre fácil, dadas as dificuldades de acesso a internet em algumas regiões do Regional. A 48ª Assembleia do Regional Norte 1 refletiu também sobre a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), e a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, duas novidades na história da Igreja, segundo lembrava Dom Edson Damian. O presidente do Regional refletia sobre uma assembleia que quer retomar as reflexões de Aparecida, como horizonte de saída de uma Igreja em estado permanente de missão, sustentada na conversão eclesial, que se concretiza no âmbito das ações, das relações e das estruturas. Uma dinâmica que vai se fazer presente no próximo Sínodo sobre a Sinodalidade, algo que vai marcar a caminhada eclesial nos próximos dois anos, ou na 6ª Semana Social Brasileira. É aí que os novos caminhos irão se concretizando, nas novas diretrizes elaboradas ao longo da Assembleia, com a participação dos bispos, padres, religiosas e religiosos, leigas e leigos, expressando assim que os passos em vista de uma Igreja sinodal estão sendo dados. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Assembleia do Regional: A Palavra fundamento da construção dos Novos Caminhos

A centralidade da Palavra sempre tem sido um elemento fundamental na vida da Igreja. Na exortação pós-sinodal Verbum Domini, o Papa Bento XVI lembrava que “O Sínodo convidou a um esforço pastoral particular para ressaltar o lugar central da Palavra de Deus na vida eclesial”. Essa mesma ideia foi colocada pelo Papa Francisco na Evangelii Gaudium, exortação apostólica que é considerada o programa pastoral do atual pontífice. “Toda a evangelização está fundada sobre a Palavra de Deus, escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. Portanto, é preciso formar-se continuamente na escuta da Palavra. A Igreja não evangeliza se não se deixa evangelizar continuamente. É indispensável que a Palavra de Deus seja cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial”, diz o Papa Francisco. Aos poucos essa centralidade da Palavra foi se fazendo presente na vida da Igreja do Brasil, iluminando assim a vida e a missão da Igreja, segundo Dom Mário Antônio da Silva. Já em 2012, a Igreja do Brasil aprovava o Documento 97 da CNBB, “Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja”. Na 58ª Assembleia da CNBB, realizada no mês de abril, o tema central foi a Animação Bíblica da Pastoral, que foi aprovado como Documento de Estudo, dado que a Assembleia foi virtual. O bispo de Roraima apresentava aos participantes da Assembleia do Regional Norte 1 da CNBB, que acontece em Manaus de 20 a 22 de setembro, o conteúdo do documento, centrado na parábola do semeador, mostrando seus elementos fundamentais. Diante das dificuldades, o documento mostra a confiança de Jesus na força da Palavra, que anuncia de um jeito corajoso e apaixonado. A Igreja do Brasil propõe a Animação Bíblica da Pastoral como fonte da evangelização, ajudando a enfrentar os desafios de evangelizar. Segundo o 2º vice-presidente da CNBB, citando o Documento de Estudo, “nos deparamos com inúmeros desafios”, que mostram que “a carne de Cristo está ferida na carne dos irmãos”. Dom Mário Antônio lembrava que “as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora 2019-23 orientaram para que as Comunidade Eclesiais Missionárias sejam edificadas sobre alguns pilares, dentre os quais o pilar da Palavra”. O bispo destacou a importância da prática da Leitura Orante e da implantação da Animação Bíblica da Pastoral, que é mais do que uma campanha. Se trata de um processo, que deve conduzir à mudança de mentalidade, explicitando as condições para sua realização e sua implantação em nível nacional, regional, local e virtual. O Regional Norte 1 está dando passos nesse sentido, algo que deve ajudar na vida e na caminhada pastoral das igrejas locais, chamadas a semear a Palavra, sabendo que é o Espírito quem conduz a ação da Igreja. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Missão, Palavra, Serviço e cuidado da Criação: novos caminhos do Regional Norte 1

Construir novos caminhos se torna muitas vezes uma missão árdua na Igreja. Desde outubro de 2017, em que o Papa Francisco convocou o Sínodo para a Amazônia, a Igreja da região foi desafiada a buscar novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral. O Regional Norte 1 assumiu esse desafio, iniciado com o processo de escuta, e quer agora concretizar na realidade das igrejas locais tudo o que foi debatido ao longo do processo sinodal. A 48ª Assembleia do Regional Norte 1, que acontece de 20 a 22 de setembro em Manaus, quer construir em comum esses novos caminhos, tendo como base as reflexões do Sínodo para a Amazônia e as Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas sem esquecer uma nova realidade social e eclesial determinada pela pandemia da Covid-19. Esses novos caminhos têm que nascer a partir da realidade local, da vida das comunidades, dos documentos que fazem parte da vida da Igreja da Amazônia após o Concílio Vaticano II. A Igreja do Regional Norte 1 se entende a si mesma como uma Igreja Discípula Missionária, uma Igreja Discípula da Palavra, uma Igreja servidora da vida, uma Igreja irmã da Criação. Isso responde a cada um dos quatro sonhos do Papa Francisco em Querida Amazônia e cada um dos quatro pilares das Diretrizes para a Ação Evangelizadora da CNBB. A missionariedade é fundamento do ser da Igreja, um aspecto que tem sido construído nas igrejas da Amazônia, marcadas pela sua identidade missionária, algo que faz parte da própria dinâmica e jeito de ser da comunidade, recolhido nos planos de pastoral, onde se insiste na presença na vida do povo, se propõem as comunidades eclesiais como opção e o caminho sinodal, na escuta, formação e articulação, como proposta, tendo a ministerialidade, com ministérios conferidos pelo bispo, como modo de ser Igreja, sustentada na figura do catequista e no protagonismo das mulheres. A Palavra tem um papel fundamental na vida da Igreja da Amazônia, na Iniciação à Vida Cristã, na liturgia e sacramentos. Daí a importância de fomentar processos formativos, da inculturação como caminho para a interculturalidade, sendo uma Igreja anunciadora da Palavra que se faz ouvinte da riqueza cultural dos povos da Amazônia, do mundo urbano, uma Igreja que caminha em busca de um rito amazônico e assume os direitos dos povos. A caridade na Igreja da Amazônia se traduz em denúncia profética, em solidariedade, em compromisso com os vulneráveis e descartados, também durante o tempo de pandemia. Uma Igreja servidora e defensora da vida, que escuta os clamores e dá atenção às lutas existenciais dos povos ameaçados, mulheres e jovens, que se compromete na defesa e proteção da natureza. Isso faz com que a Igreja sinta a necessidade de se comprometer com os povos indígenas, as populações ribeirinhas, os migrantes e vítimas do tráfico de pessoas e o enfrentamento do feminicídio, extermínio da juventude e violência institucional. É uma Igreja irmã da Criação, comprometida a través das pastorais e da participação em momentos de luta comum. Mas que também se questiona sobre como se fazer presente nas comunidades mais distantes a partir da criatividade. O sonho ecológico do Papa Francisco em Querida Amazônia, desafia a Igreja da região a integrar meio ambiente e espiritualidade, a fomentar a transversalidade da questão socioambiental como paradigma em toda a ação evangelizadora pautada pela mística do cuidado, a garantir a Eucaristia na vida das comunidades.      Mesmo na dificuldade, quando a escuta é o ponto de partida e o discernimento é assumido como modo de ser e caminhar na Igreja, os passos vão sendo dados e os novos caminhos vão sendo concretizados. Nessa dinâmica está caminhando a 48ª Assembleia do Regional Norte 1 da CNBB. Com ousadia e parresia, o kairós, o tempo de Deus, se faz presente, Ele vai conduzindo a vida do povo que peregrina na Amazônia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1