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Sair na rua sem tapa-olhos

Enxergar só aquilo que desperta interesse na gente, ou aquilo que os outros nos deixam enxergar, sempre é um risco. Existe um gadget, geralmente usado nos cavalos, mas que parece que também é usado por algumas pessoas, que impede os animais enxergar o que está fora do campo de visão que interessa ao dono, é o tapa-olhos. Isso sempre existiu e sempre foi usado, em todas as culturas, lugares e momentos históricos, mas parece que ultimamente o uso aumentou, ou a gente tem mais facilidade para percebe-lo. Bem é verdade que no Evangelho de Lucas conta uma cena similar, onde aparece alguém que estava jogado na beira do caminho, muito machucado, mas ignorado pela maioria dos que lá passaram. A Esplanada dos Ministérios de Brasília foi nesta terça-feira, 7 de setembro, Dia da Pátria, local de grandes concentrações. Era gente que queria cumprir com sua obrigação de defender seus ideais políticos e sociais, quem sabe também religiosos, parece que cegos ou sem querer enxergar a situação de um país onde o número daqueles que estão jogados na beira do caminho aumenta a cada dia. Uma foto onde aparece um homem jogado na calçada, provavelmente um morador de rua, com certeza mais uma vítima da falta de emprego, de comida e de tantas outras coisas que cada vez mais atinge a milhões de brasileiros e brasileiras, se fez viral nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens. Pelo que aparece na foto, ninguém quis enxerga-lo, também não aqueles que como o sacerdote ou o escriba do texto de Lucas são considerados modelos de cidadãos por aquela parte da sociedade sustentada nos “bons princípios”. Alguns comentários, a internet deu a possibilidade de todo mundo opinar, protegidos pela distância e o anonimato, nos mostram os princípios que fundamentam o ideal de sociedade de algumas pessoas. São claros exemplos de aporofobia, definida como a aversão a pobres que se expressa pelo preconceito e pela discriminação contra pessoas pobres. Quando pobre é visto como sinónimo de vagabundo, a sociedade tem que refletir sobre os valores que vive e transmite. A família, a escola, também as igrejas, devem refletir sobre os valores que fomentam e transmitem aos outros. O fundamento do cristianismo é o amor, a misericórdia, a compaixão, uma atitude que deve estar presente na vida das pessoas, especialmente quando nos deparamos com aqueles que hoje estão jogados na beira do caminho. Quando a gente sai na rua com tapa-olhos, deixamos de enxergar o sofrimento alheio, e isso nos afasta de Deus e de nós mesmos, pois também nós deixamos de sermos humanos. O que fazer para sentir a necessidade de enxergar, de escutar, de viver a compaixão? Como fazer realidade a necessária mudança social que nos impeça nos afastarmos daqueles que sofrem? Como viver a verdadeira religião, que nos leva a enxergar Deus naquele que tem fome, que tem sede, que é estrangeiro…? É tempo de parar e pensar, mas sobretudo de tirar os tapa-olhos e enxergar. É só querer e entender que a gente ganha bem mais. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Grito dos Excluídos/as: fazer ecoar o grito daqueles que estão excluídos de quase tudo

Um país dividido, onde o enfrentamento está se tornando uma realidade perigosa, onde a luta por direitos, por vida para todos se tornou uma urgência, comemorava neste 7 de setembro o Dia da Pátria. As ruas de muitas cidades se tornaram palco de manifestações, de um lado os apoiadores do atual presidente, do outro aqueles que reclamavam por um país com maior igualdade e direitos para todos. A Igreja católica, desde 1995 em que aconteceu o 1º Grito dos Excluídos defendeu essa Vida para todos em primeiro lugar. Ao longo dos anos, essa procura por vida foi se concretizando de diferentes modos. Em 2021, o 27º Grito dos Excluídos e Excluídas, centrou sua luta na participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, lutas urgentes num país que passa por momentos de grave dificuldade. Tem sido muitas as dioceses no país que tem organizado este momento neste 7 de setembro, onde além das Pastorais Sociais, diversos movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos, têm clamado por soluções diante da crise atual, com grande aumento da fome e do desemprego, da população de rua, e das ameaças aos direitos dos povos originários reconhecidos pela Constituição Federal. Em Manaus, o ato contou com a presença do arcebispo local, Dom Leonardo Ulrich Steiner. Ele insistiu na necessidade de fazer uma leitura da realidade, de lermos as necessidades marcadas neste ano de 2021 para o Grito dos Excluídos e Excluídas. O arcebispo insistiu em que a Vida está em primeiro lugar, “não o dinheiro, não a ganância, não o prazer, não a dominação, mas a vida. A vida que somos nós, a vida que são os pobres, a vida que são os necessitados, a vida que são os doentes, a vida que são as crianças, a vida que são as mulheres, tão atacadas ultimamente, a vida dos nossos irmãos e irmãs, são os negros, os indígenas”. O arcebispo de Manaus enfatizou que “o ser humano deve estar em primeiro lugar, mas o ser humano não vive só, ele vive com as criaturas, com a natureza”. Por isso, Dom Leonardo fez um chamado a “nos movimentarmos cada vez mais no cuidado com a natureza”, denunciando que quando não cuidamos da natureza, não estamos cuidando da vida. Isso faz com que “nós acabamos nos enterrando a nós mesmos, destruindo a nós mesmos”, segundo o arcebispo. Lembrando os elementos presentes no lema do 27º Grito dos Excluídos e Excluídas, o arcebispo lembrou “quantas pessoas sem moradia, quantas pessoas sem comida”, recordando que a Arquidiocese de Manaus, através da Caritas e das comunidades, atende oitenta mil pessoas. Junto com isso, Dom Leonardo abordou a necessidade da busca pela paz, “num momento de muita dificuldade, um momento de tanta tensão, de tanta violência, violência nas palavras, violência nos gestos, tantas agressões”, algo presente na política, na justiça, no poder, realidades diante das quais, “as vezes ficamos de braços cruzados”. Nessa conjuntura, o Grito dos Excluídos e Excluídas tem que ser “momento de nos manifestarmos, de novo de dizermos da necessidade de marcarmos presença como cristãos, de marcarmos presença como cidadãos e cidadãs, para que não se perca nenhum dos nossos irmãos e irmãs”, segundo o arcebispo de Manaus. Ele chamou a “fazer ecoar o grito daqueles homens e daquelas mulheres que estão excluídas da justiça, da educação, da saúde, da moradia, da ecologia”. Um grito por vida, por vida para todos e todas, em primeiro lugar, a exemplo de Jesus que veio para que todos tenham vida em abundância. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Grito Dos Excluídos/as: Dom Mário Antônio espera “superar as exclusões e desigualdades injustas”

Saúde, comida, moradia, trabalho, renda… são realidades que cada vez estão menos presentes na vida de muitos brasileiros e brasileiras. O Brasil se tornou um país onde a vulnerabilidade social e o risco de exclusão estão cada vez mais presentes na vida de muita gente. Aos 20 milhões de pessoas que passam fome, se junta a falta de saúde, o aumento dos moradores de rua, o desemprego, o aumento dos produtos de primeira necessidade. No dia 7 de setembro, Dia da Pátria, muitas dioceses e prelazias no Brasil afora comemoram o Grito dos Excluídos e Excluídas, que neste ano de 2021 comemora sua 27ª edição. A Diocese de Roraima vai realizar este momento na cidade de Boa Vista, capital do Estado e sede da diocese. Seu bispo, Dom Mário Antônio da Silva, convida através de um vídeo para a participação neste momento importante na caminhada da Igreja, ainda mais diante da situação atual que vive o país. Lembrando que estamos na Semana da Pátria, o bispo de Roraima lembra que “como cidadãos e cristãos fazemos questão de celebrar a Pátria junto à esperança de superar as exclusões e desigualdades injustas”. Dom Mário Antônio, que é presidente da Caritas Brasileira, conhece bem os sofrimentos que muita gente está vivendo no dia a dia, e as dificuldades que muitas pessoas tem para garantir suas necessidades básicas, situações onde a Caritas Brasileira se faz presente constantemente. Além disso, Roraima é um Estado onde a presença de migrantes, sobretudo venezuelanos, tem mudado a realidade local. A Diocese de Roraima tem sido exemplo de acolhida aos migrantes venezuelanos, se tornando presença samaritana na vida de muitas pessoas que passam por graves dificuldades. Nesse contexto, o bispo de Roraima convida a todos para participar do 27º Grito dos Excluídos e Excluídas. Dom Mário Antônio da Silva lembra o lema deste ano 2021 para o Grito dos Excluídos e Excluídas: “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda”. O segundo Vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) faz um chamado a que “levantemos a bandeira do diálogo e da paz, da democracia e da liberdade”, e a participar deste momento. Em Boa Vista a concentração vai acontecer na Praça Fábio Paracat, às 7:30 da manhã.   Finalmente, Dom Mário Antônio insiste em que “renovemos nossa esperança e o nosso empenho em trabalhar pela justiça, pela paz e pela equidade”, lembrando o tema que acompanha o Gritos dos Excluídos e Excluídas desde sua primeira edição em 1995: “A Vida em Primeiro Lugar”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Leonardo: “Não tratamos a Amazônia como criação, como criatura de Deus”

Viver na Amazônia nos ajuda a entender quanto ela serve o mundo, mas também a defendê-la, a dizer claramente que ela não pode ser explorada. Ao celebrar o Dia da Amazônia, Dom Leonardo Steiner, na Eucaristia celebrada na beira do Rio Negro, convidava a trazer para a celebração todos os elementos que fazem parte da Amazônia. O arcebispo de Manaus, que denunciou que “não tratamos a Amazônia como terra de Deus, como criação, como criatura de Deus”, convidou os presentes no Porto de São Raimundo de Manaus e aqueles que acompanhavam a celebração através das redes sociais a se questionar, sendo muitas as perguntas daquele que pastoreia a arquidiocese com maior população de toda a Pan-Amazônia. Dom Leonardo convidava a se perguntar: “Como estamos escutando a realidade da Amazônia? Que palavras, atitudes, temos em relação à nossa Amazônia?”. Ele se questionava sobre a capacidade dos seres humanos para respeitar, para escutar a beleza da Amazônia, mas também o sofrimento, a delapidação, a destruição, a dominação cada vez maiores em relação a nossa Amazônia. São situações diante das quais somos chamados a ter uma palavra, a não ficar mudos, a dizer aquilo que “realmente desperta as pessoas para um cuidado maior, para que a nossa Amazônia não seja apenas preservada, mas se torne a moradia, o lugar”, insistia o arcebispo de Manaus. Ele também chamava a escutar a realidade ecológica, algo que pede o Papa Francisco, a “ouvir a beleza que existe na natureza”, seus sons e beleza. Mas também as culturas, a diversidade cultural, sem querer impor outras culturas. Essa escuta também deve ser direcionada às aflições dos povos da Amazônia, dos povos indígenas, também “aqueles povos que não desejam contato conosco ou que desejam preservar a sua identidade e a sua própria cultura”. Uma escuta que nos faça dar importância “à diversidade social, às dificuldades sociais, à diversidade ecológica, à diversidade das culturas”. Essa escuta também deve estar presente na Igreja, segundo dava a entender Dom Leonardo Steiner, se questionando se “ouvimos a realidade da nossa Igreja que está na Amazônia, somos capazes de ouvir a diversidade das culturas e tentar inserir dentro da vida da Igreja esses ministérios, esta verdadeira espiritualidade e cultura?”. O arcebispo pedia escutar “para poder integrar, para ter palavra de integração, palavra de esperança, palavra de comunhão, palavra de fraternidade”, e evitar fazer parte daquelas pessoas “que ajudam a cada vez mais destruir a Amazônia e desfraternizar a Amazônia”. Nas suas palavras, o arcebispo de Manaus fez um convite a “ser pessoas que a través da palavra e da ação realmente cuidam da Amazônia, sabem falar da Amazônia, sabem poetar na Amazônia, e porque poetam, usam a palavra, defendem a Amazônia, e cada vez mais moram melhor na Amazônia”. Após “agradecer a Deus pela nossa Amazônia”, e pela sua diversidade, Dom Leonardo pediu “a graça de realizarmos os sonhos do Papa Francisco para com nossa Amazônia”. Ao falar do sonho social, lamentava “quanta pobreza, quanta injustiça, quanta matança, quanta destruição, tudo por causa do dinheiro, do lucro”. O arcebispo de Manaus agradecia no sonho cultural, pelas culturas, gestos, danças, cantos, poesias, realidades sempre presentes numa Amazônia com grande diversidade e riqueza cultural. “Admirar nossa natureza, louvar com nossa natureza, que as criaturas todas sejam tratadas como irmãos, como irmãs, e não como posse e dominação”, ajuda a fazer realidade o sonho ecológico, refletia Dom Leonardo Steiner. Ele também concretizava a realização do sonho eclesial, no chamado a “ser uma Igreja testemunhal, profética, misericordiosa, consoladora, presente, sinal do Reino de Deus”. Sonhos que aos poucos somos chamados a tornar realidade, mas para isso precisamos remar juntos. Será que a gente está disposto a isso? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Futuro diácono permanente recebe ministério na Diocese do Alto Solimões

O Sínodo para a Amazônia foi um momento importante na caminhada da Igreja da Amazônia. Numa região onde a chegada de missionários de fora sempre foi determinante para o trabalho pastoral, foi pedido o incentivo das vocações locais, buscando assim um maior número de agentes da região. O propósito é fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico, algo que aos poucos vai se consolidando. Na Diocese do Alto Solimões, após o Sínodo para a Amazônia os diáconos permanentes estão crescendo, sendo várias as ordenações nos dois últimos anos. A paróquia de São Paulo de Olivença viveu neste domingo,5 de setembro, um momento de festa. Como passo prévio ao diaconato permanente, o bispo diocesano, Dom Adolfo Zon, conferiu o ministério do leitorado ao senhor Alpelino Ferreira Flores. A celebração, seguindo a liturgia do 23º Domingo do Tempo Comum, no primeiro domingo do Mês da Bíblia, contou com a participação da família do futuro diácono, do povo da paróquia e dos padres Pe. Marcelo, Pe. Marian e Pe. Pedro. Mais uma vocação ao serviço da Igreja do Alto Solimões, alguém que coloca sua vida ao serviço dos povos da Amazônia, somando forças numa missão que precisa de operários. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Cláudio: “A crucificação da Amazônia desencadeia sofrimento para muitos filhos e filhas de Deus”

Muita gente se imagina a Amazônia como uma floresta sem fim, como rios de águas puras, um lugar donde os povos que a habitam vivem em paz e em harmonia. Mas na verdade estamos ante uma região onde “o desastre ambiental que alcança dimensões absurdas não pode, neste momento, ser interpretado, senão, como morte, paixão”. Quem assim fala é o cardeal Cláudio Hummes, afirmando isso com motivo do Dia da Amazônia, que o Brasil celebra no dia 5 de setembro. Em um texto escrito pelo presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), ele se questiona como celebrar o Dia da Amazônia. Baseado na psicologia, o purpurado afirma que “somente a partir do momento em que os problemas são encarados objetivamente é que se torna possível curá-los ou lidar com eles de maneira melhor”. Dom Cláudio cita Elie Wiesel, sobrevivente judeu dos campos de concentração nazistas e Nobel da paz em 1986. Ele afirmou que “a indiferença é a raiz de todo mal. Segundo ele, é a indiferença, e não ódio, que se opõe ao amor. É ela, e não a morte, que se opõe à vida. É ela, e não a heresia, que se opõe à fé”. Daí ele conclui que “precisamos celebrar o Dia da Amazônia, embora ela esteja, talvez mais do que nunca, em sua hora de cruz”, insistindo em que “não ser indiferente exige de cada pessoa certo compromisso”. O cardeal denuncia que “a Amazônia está ardendo em chamas por incêndios, muitos dos quais provocados intencionalmente, e pela falta de políticas públicas de combate, controle e mitigação das queimadas”. Ele cita dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que mostram que “somente no mês de agosto foram registrados 2.228 focos de incêndio. Mais que o dobro em relação a 2020”. Segundo o presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), “a Amazônia está tombando sob o avanço do agronegócio, da mineração e do garimpo ilegal, e minguando aceleradamente em hectares de floresta em pé”. Ele denuncia o avanço dos projetos do chamado “desenvolvimento”, “especialmente com a fragilização da fiscalização ocorrida nos últimos anos e com o desmonte de órgãos e políticas de salvaguarda socioambientais”. O cardeal augura um cataclismo anunciado, sustentando sua opinião no recente relatório que vaticina um aumento da temperatura global. Ele também denuncia o agronegócio, que tornou lucro o cultivo de alimentos, envenenando “os alimentos e, por conseguinte, a terra, as águas e os ares”, um modo de produção que “além de desrespeitar a natureza, acaba produzindo fome e miséria”, denunciando o avanço da monocultura no Brasil, que tem como foco a exportação, nas custas da “nossa água, nossas florestas e toda a biodiversidade que morre com a chegada do agronegócio”. “A crucificação da Amazônia desencadeia sofrimento para muitos filhos e filhas de Deus”, denuncia Dom Cláudio. Ele insiste em que “os povos indígenas estão sob o risco de perder o direito de posse aos seus territórios já tão invadidos. Aos ribeirinhos restam rios secando e águas poluídas pelos agrotóxicos e rejeitos da mineração”. Uma realidade constatada pelo papa Francisco em Laudato Si’: “o ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto”. No Dia da Amazônia, o presidente da Comissão para a Amazônia faz um chamado a ser realistas e esperançosos. Isso se sustenta no fato de que “no meio da noite mais escura que a luz da ressurreição se impôs”, e que “foi atravessando o deserto que nossos pais na fé chegaram à terra prometida”. Daí afirma que “há que se ter esperança, e há também que se enveredar na construção de modelos sustentáveis de produção, consumo e economia”. Dom Cláudio convida a celebrar o Dia da Amazônia “atentos à destruição atual”, insistindo em que “esse olhar objetivo deve nos engajar na luta pela preservação e no cuidado com a Amazônia e com a Casa Comum”. Também faz um chamado a realizar “pequenos gestos simbólicos, como plantar uma árvore, revitalizar o jardim de casa ou buscar informações sobre como e onde são produzidos os alimentos que compartilhamos nas mesas de nossas casas”. Sinais que nos levam a “afirmar com certeza que a querida Amazônia, vivendo, agora, a paixão, tão logo verá essa morte transformada em ressurreição”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Diocese de São Gabriel da Cachoeira e Expedicionários da Saúde inauguram Centro Médico Indígena

O atendimento médico nas regiões mais distantes da Amazônia nem sempre é fácil, especialmente as cirurgias. Após quase dois anos de ações focadas no combate ao coronavírus, a Associação Expedicionários da Saúde retomou a rotina de missões de atendimento médico, especialmente cirúrgico, em regiões isoladas da floresta amazônica. Os expedicionários da saúde já realizaram várias expedições no Rio Negro, expedições que são grandes hospitais de campanha que eles montam, segundo Dom Edson Damian, bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira. O bispo fala de hospitais de campanha com até 300 pessoas, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, intérpretes para quem fala a língua indígena, e militares que cuidavam da logística. Os Expedicionários da Saúde (EDS) realizaram até momento 44 Expedições clínicas e cirúrgicas, contabilizando 8.000 cirurgias,60.000 atendimentos nas especialidades e 100.000 exames e procedimentos, cobrindo uma área de 500mil km de área protegida ao longo de 18 anos de atuação. Nesta edição do projeto Operando na Amazônia, a missão será na comunidade de Pari Cachoeira, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Desta vez a Expedição acontecerá no recém-inaugurado CMI – Centro Médico Indígena, uma estrutura fixa construída pelos Expedicionários da Saúde em um antigo prédio cedido pela diocese de São Gabriel da Cachoeira. Pari-Cachoeira está às margens do rio Tiquié, é um importante polo de concentração indígena de referência no Alto Rio Negro, na Cabeça do Cachorro, próximo à Colômbia. Distante entre 2 e 5 dias da sede do município em transporte fluvial, no local há 1.100 habitantes, além de aproximadamente 3 mil indígenas de comunidades do entorno. Nesta região do Alto Rio Negro vivem populações indígenas distribuídas por um território de cerca de 8 mil hectares totalmente preservados, compostas por 22 etnias que falam mais de 20 línguas além do português. O prédio, construído pelos salesianos e salesianas em 1953, foi totalmente reformado e equipado para receber jornadas cirúrgicas diversas vezes ao ano em parceria com DSEI ARN-SESAI (Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Negro – Secretaria Especial de Saúde Indígena). No local, segundo Dom Edson Damian, tem um centro cirúrgico, um gabinete dentário, um espaço para realizar os partos, obstetrícia, cozinha, lugar de acolhida, e também apartamentos para pre e pós operatório. Este é um projeto piloto desenvolvido pelos Expedicionários da Saúde e poderá ser replicado em outras regiões Amazônia Legal Brasileira. A expectativa da 45ª Expedição é realizar cerca de 60 cirurgias, 120 exames e procedimentos, 500 óculos doados e 270 atendimentos médicos nas seguintes especialidades: ginecologia, oftalmologia, pediatria, clínica médica, ortopedia, anestesia e cirurgia geral, podendo variar de acordo com a demanda espontânea de pacientes não triados previamente. “Além das expedições ao longo do ano, ofereceremos atendimento à distância, por meio de uma estrutura equipada com energia solar e internet via satélite, cuja finalidade é conectar a equipe médica voluntária EDS, equipe de saúde do DSEI ARN, PEF de Pari Cachoeira e, agentes de saúde locais, para, assim, oferecer atendimento especializado, bem como o número de remoções para os grandes centros”, conta o presidente da EDS, Dr. Ricardo Afonso Ferreira. A diocese de São Gabriel da Cachoeira, além de doar o prédio que sedia o Centro Médico Indígena, cede um espaço que serve como alojamento quando faz muitas cirurgias, segundo Dom Edson Damian. A diocese também apoia com o trabalho dos padres e das irmãs salesianas da paróquia de Pari Cachoeira. Segundo o bispo, a inauguração do novo centro, “é algo que nos alegra muito diante da necessidade dos povos indígenas, é um grande presente que estamos recebendo”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Walmor: “O Brasil está sendo contaminado por um sentimento de raiva e de intolerância”

É possível sonhar com um Brasil diferente, com um país onde somos todos irmãos? Esse pode ser considerado o grande desafio que coloca na frente da sociedade brasileira o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Para isso, Dom Walmor Oliveira de Azevedo parte da ideia de que “somos irmãos inclusive daqueles com quem não concordamos”, uma afirmação que deve “reconfigurar a nossa interioridade”. Isso se torna uma grande urgência, “pois o Brasil está sendo contaminado por um sentimento de raiva e de intolerância”. Uma realidade que se faz visível no fato de que “muitos em nomes de ideologias dedicam-se a agressões, ofensas, chegando ao absurdo de defender o armamento da população”. O cristão “deve ser agente da paz, e a paz não se constrói com armas”, insiste Dom Walmor. O arcebispo de Belo Horizonte cita as palavras do Papa Francisco em Fratelli tutti, uma fonte de inspiração para “o nosso cuidado com os que sofrem”. Esse sofrimento está presente nos quase 20 milhões de brasileiros que passam fome, pais e mães de família sem alimento a oferecer para seus filhos, marcados por uma miséria que fere, vítimas do desemprego e da alta inflação, “acentuando gravemente exclusões sociais”. O presidente da CNBB urge por políticas públicas, que ajudem “para a retomada da economia e a inclusão dos mais pobres no mercado de trabalho”. Ele lembra dos povos originários, insistindo em que “a nossa pátria não começa com a colonização europeia”, destacando a urgência de que “a relação com o Planeta deve ser pautada pela harmonia”. Dom Walmor denuncia que “os povos indígenas, historicamente perseguidos, dizimados, enfrentam grave ameaça”. A causa disso é a “pressão de um poder econômico extrativista, ganancioso, que tudo faz para exaurir nossos recursos naturais. Esse poder tenta manipular instâncias de decisão, alterar marcos legais, para avançar sobre terras indígenas, dizimando a natureza, os povos originários e a sua cultura”. Por isso, insiste em que “é dever cristão estar ao lado dos pequeninos, dos que sofrem, defender os índios e as suas culturas”. O arcebispo de Belo Horizonte chama a mudar hábitos, a reconhecer as ameaças das mudanças climáticas, a ver que “o consumo desmedido alavanca um modelo econômico devastador, que leva ao aquecimento global”. Isso, segundo os cientistas, provoca “a gradativa queda do volume de água nos mananciais de nosso país”, consequência da exploração desmedida e irracional do solo, com a derrubada de florestas. Ele faz um apelo a não deixar que o Brasil, “seja devastado e torne-se terra arrasada”. Além de modos mais conscientes de consumo, exige a fiscalização das autoridades. O exercício qualificado da cidadania deve inspirar o Dia 7 de setembro, segundo o arcebispo, que afirma que “a participação cidadã na política, reivindicando direitos, com liberdade, está diretamente relacionada com o fortalecimento das instituições que sustentam a democracia”. Por isso, apela a não se deixar “convencer por quem agride os poderes legislativo e judiciário”, atitude cada vez mais presente no poder executivo. Pedindo não aceitar agressões às instituições democráticas, mostra que “agredir, eliminar, hostilizar, ignorar o excluir”, não combinam com democracia. A mesma atitude solicita diante das manifestações anunciadas para o Dia da Pátria, pedindo respeitar a vida e a liberdade dos semelhantes, que devem ser vistos como parte de nossa grande família humana. Para o arcebispo de Belo Horizonte, “as desavenças não podem justificar a violência, a intolerância nos distancia da justiça e da paz, afasta-nos de Deus, somos todos irmãos!”. Dom Walmor, diante do Dia da Pátria chama a “rezar juntos para que o Brasil encontre um caminho novo para superar as suas crises, e junto com o mundo vença esta pandemia”. Ele apela a “que cada pessoa procure se vacinar e respeitar as medidas de segurança, fundamentais para se evitar a propagação da doença”, como modo de “cuidar de si e do outro”, o que é definido como “um compromisso ético, uma tarefa cristã”. Finalmente pede “construir o país que sonhamos”, como uma tarefa a ser realizada cada dia, uma reflexão do Papa Francisco. Para isso pede a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e a bênção de Deus. Não esqueçamos as palavras de Dom Hélder, sonhemos juntos, pois “um sonho sonhado sozinho é apenas um sonho. Um sonho sonhado juntos é o princípio de uma nova realidade“. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Leonardo: “É muito importante nos movimentarmos em busca de um Brasil onde todos e todas possam se sentir à vontade”

No dia 7 de setembro, dia em que o Brasil comemora sua independência, acontece também o Grito dos Excluídos e Excluídas, que tem como tema “Vida em primeiro lugar”, um tema que tem acompanhado o Grito desde sua primeira edição em 1995. Em 2021, na sua 27ª edição, o Grito dos Excluídos e das Excluídas tem como lema: “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, já!”. Em Manaus, o Grito está sendo organizado pelas Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus e a Caritas Arquidiocesana de Manaus. Nesta quinta-feira 2 de setembro, o Grito foi apresentado em coletiva de imprensa, com a presença da mídia local. “Nos últimos anos, temos visto a importância de termos dentro da nossa sociedade uma manifestação para que as pessoas excluídas tenham de novo vez”, afirmava Dom Leonardo Steiner na apresentação do Grito dos Excluídos e Excluídas. Segundo o arcebispo de Manaus ao falarmos de excluídos, estamos pensando em exclusão da educação, do emprego, lembrando que o Brasil está hoje com 14 milhões de desempregados, junto com aqueles que tem um emprego informal, algo muito presente em Manaus, onde é grande o número de pessoas vendendo água ou café na rua. Dom Leonardo também se referiu à exclusão da democracia, exclusão política, o que demanda “uma participação maior da sociedade nas decisões políticas”. Nesse ponto criticou as decisões do Congresso Nacional, que não pensam no povo, demandando a necessidade de voltarmos a discutir política. O arcebispo falou dos excluídos economicamente, algo que vai além do desemprego, denunciando que “com a venda das estatais vamos percebendo cada vez mais o quanto nós estamos sendo delapidados”, afirmando que “as estatais, elas existem para as políticas públicas”. O arcebispo colocou entre os excluídos “os nossos irmãos indígenas”, criticando o como está se acabando com sua cultura, além de suas terras, e afirmando que “estão sendo excluídos desde o início do que se chama Brasil”. Junto com os indígenas, Dom Leonardo Steiner falou de outros grupos excluídos, como os ribeirinhos, os quilombolas, as pessoas que não tem vez dentro da nossa sociedade, relatando que está crescendo o número de pessoas que vivem na rua. Ele lembrou das palavras da Madre Teresa de Calcutá, que falava deles como “aqueles que o Estado e a sociedade não querem”. Lembrando as palavras da Laudato Si´ e da Querida Amazônia, Dom Leonardo definiu a devastação da Amazônia como uma outra forma de exclusão. De fato, “a destruição da natureza faz com que tenhamos cada vez mais excluídos”, segundo o arcebispo. Outras questões que mostram a exclusão são a falta de saneamento básico, de acesso à cultura, de falta de saúde, denunciando o desmonte do SUS, da falta de acesso à educação, apontando a tentativa do governo brasileiro de excluir do sistema educativo a pessoas com deficiências. Também lembrava da exclusão que acontece em torno à moradia, uma realidade muito presente em Manaus. Tudo isso mostra necessidade de um Grito, de fazer ecoar a necessidade do cuidado com a vida na sua totalidade, segundo o arcebispo de Manaus. Lembrando os sonhos do Papa Francisco em Querida Amazônia, Dom Leonardo Steiner vê isso como “um grito para que a nossa humanidade acorde e possa viver uma vida mais digna, mais justa, mais fraterna, mais irmã”. Em representação dos povos indígenas, Marcivana Sateré denunciou “os projetos de morte que afetam os povos indígenas”, o que provoca um genocídio dos povos e um ecocídio do Planeta, segundo a liderança indígena. Ela lembrou a luta dos povos indígenas em Brasília contra o Marco Temporal, “um projeto de morte que fere a democracia e a Constituição”. Se trata de uma luta pela vida das gerações futuras, denunciando que a Amazônia não suporta mais tanto projeto predatório. Não podemos esquecer a importância do território na vida dos povos originários, o que levou a liderança indígenas a dizer que “nunca teremos vida em abundância enquanto nossos territórios forem atacados”. Ao Grito dos Excluídos e Excluídas tem se somado alguns movimentos sociais, como União Nacional dos Estudantes. Sua vice-presidente no Amazonas, Rayane Garcia, destacou a importância do Grito dos Excluídos como um dia que pertence ao povo brasileiro, a todos os que lutam por democracia. A jovem denunciou a realidade social vivida no Brasil, o aumento do desemprego e do preço da cesta básica, algo que atinge os jovens e os mais pobres. O programa do Grito dos Excluídos e Excluídas foi apresentado pelo padre Alcimar Araujo, vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus, que vai acontecer na parte da tarde do dia 7 de setembro. O padre também apresentou a missa pela Amazônia, que será celebrada no dia 5, Dia da Amazônia, presidida pelo arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner. Segundo o vice-presidente da Caritas, a Amazônia está sendo vilipendiada, sendo objeto de exploração. Diante disso, a missa do próximo domingo quer ser um momento de resistência, diante de uma realidade que provoca indignação. Segundo ele, existem poucos motivos de esperança diante da realidade social que o Brasil vive hoje, o que torna urgente uma sociedade organizada como modo de reverter a realidade atual. Não podemos esquecer, insistia o padre Alcimar, que no Brasil, todas as conquistas foram fruto da luta organizada.   Dom Leonardo Steiner insistiu em que “é muito importante nos movimentarmos em busca de um Brasil melhor, em busca de um Brasil justo, em busca de um Brasil onde todos e todas possam se sentir à vontade”. O arcebispo insistiu em “termos uma sociedade mais equânime, mais equilibrada, mais fraterna, mais justa”, denunciando a difícil situação que vive o país em relação ao emprego, aos povos indígenas, ao meio ambiente. O objetivo é ajudar a sociedade a perceber que “nós, todos juntos, podemos oferecer uma outra situação ao Brasil”, enfatizando que “sem a participação da sociedade, as coisas não mudam”. O arcebispo destacou a necessidade de “buscar um outro modo da política”, diante das manifestações do presidente Bolsonaro, que “tem incomodado a muitas pessoas”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Mês da Bíblia: tirar a Bíblia do estante e entender sua atualidade

Setembro é o Mês da Bíblia, uma oportunidade para entender o papel fundamental que ela tem na vida de todo cristão. Infelizmente, a Bíblia se tornou um enfeite na vida de muitos cristãos, ela fica no estante, inclusive é carregada em baixo do braço, mas não é uma luz que ilumina a vida cotidiana. Muitos veem a Bíblia como um texto do passado, ignorando sua atualidade, pois nela aparecem situações que fazem parte da vida da gente. Na medida em que vamos aprofundando em seu conhecimento, entendendo o contexto em que foi escrita, vamos descobrindo que ela nos fala sobre realidades atuais. Mas para isso se faz necessário estuda-la em profundidade. No Brasil, desde há 50 anos, a Igreja católica fez a proposta de cada ano estudar, refletir e conhecer um dos livros da Bíblia. Uma prática que começou em Belo Horizonte com as irmãs Paulinas, foi se espalhando pelo Brasil até alcançar todos os cantos do país, se tornando um exercício comum na vida de muitas paróquias, comunidades e grupos de fé ao longo do país. Em 2021, o livro que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil propõe para a reflexão é a Carta de São Paulo aos Gálatas. A realidade dos cristãos que moravam na Galácia, uma província romana na atual Turquia, podemos dizer que reflete situações presentes na sociedade e na Igreja católica de hoje. Seu problema, e isso se torna uma preocupação para Paulo, era seu desejo de voltar ao passado, de recuperar tradições que eles tinham vivido e superado no tempo em que eram judeus. O saudosismo é uma atitude cada vez mais presente, cada vez proliferam mais aqueles que querem retomar regimes políticos, modos de viver a fé, formas de entender a vida, que pareciam ter sido superados. Frente a isso, a defesa da liberdade, um elemento fundamental na religião cristã, é a bandeira defendida pelo apóstolo Paulo.    Junto com isso, estamos diante de um texto que promove a unidade em torno a Cristo, aglutinador de todos aqueles que foram se tornando discípulos e discípulas dele. Mais uma vez, a Bíblia, a Carta aos Gálatas, nos mostra a necessidade de crescer no respeito mútuo e no diálogo, uma atitude urgente e fundamental nos dias de hoje, em que o enfrentamento é incentivado, inclusive por aqueles que deveriam fomentar a concórdia e o entendimento. Resulta surpreendente escutar da boca de gente que se apresenta como exemplo de cristão, palavras que incentivam atitudes que não respondem à proposta que a Bíblia faz para nós. Mais uma vez, isso nos leva a refletir sobre o uso indevido do Livro Sagrado, se aproveitando do nome de Deus para satisfazer interesses pessoais. Daí o convite a aprofundar no conhecimento do Texto Sagrado e entender aquilo que Deus está nos querendo comunicar através dele: vida em plenitude para todos e todas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar