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Um ano do Massacre do Abacaxis: “Nós não podemos deixar morrer essa questão”, afirma Dom Leonardo

Os conflitos envolvendo terra e as comunidades tradicionais e povos originários se tornaram uma constante na Amazônia. Neste 4 de agosto completa um ano do Massacre do Abacaxis, em que indígenas e ribeirinhos na região do Rio Abacaxis e Rio Marimari, entre os municípios de Nova Olinda do Norte e Borba, no Estado do Amazonas, foram assassinados. Ao se completar um ano, para combater a impunidade, tem acontecido o seminário “Um ano do massacre do Abacaxis: Haverá justiça?”, em que a Arquidiocese de Manaus, o Conselho Indigenista Missionário, Comissão Pastoral da Terra e outras entidades civis tem promovido uma reflexão com a participação de indígenas e ribeirinhos e representantes de diferentes entidades sociais e eclesiais. O Seminário tem sido momento para cobrar justiça, mas também para relatar as consequências de um conflito que permanece latente. A principal consequência é que “perdemos essa liberdade dentro do nosso próprio território”, segundo Jair Reis, liderança do povo Maraguá. Ele denunciava “as invasões de caça, de pesca, de madeireiro, de garimpeiro”, e junto com isso, a instauração no meio do povo do terror, o medo e as ameaças, denunciando que “não podemos fazer nada”, se perguntando se “haverá justiça para isso”, pois “passou um ano e nada foi resolvido”. Esse é um relato que também tem sido partilhado pelas lideranças das comunidades ribeirinhas da região e do povo Munduruku, relembrando o acontecido um ano atrás. Do Seminário participaram a deputada Joenia Wapichana, que pediu a apuração das ilegalidades, denunciando as violações de direitos indígenas que estão acontecendo no Brasil, e o deputado José Ricardo, mostrando a vontade do poder público de promover leis para revogar os direitos indígenas reconhecidos pela Constituição Federal, e o fato de que o Brasil tem “um governo que de forma deliberada age contra os povos indígenas, desmontando as estruturas públicas”. Em representação do Conselho Nacional de Direitos Humanos, Yuri Costa, que definiu o Seminário como “um ato para continuar na luta por justuça”. Desde o Ministério Público no Estado do Amazonas, Fernando Merloto Soave falava sobre as omissões do poder público, algo muito presente nas comunidades amazônicas, sendo o caso abordado uma referência nesse sentido. Também desde o Ministério Público Federal em Brasília, Felício Pontes chamava a analisar a atividades que estão colocando em risco as populações tradicionais na Amazônia, afirmando que o desejo das comunidades de viver em harmonia com a natureza foi a causa do massacre do Rio Abacaxis. A Igreja tem estado junto desde o início, segundo Dom Leonardo Steiner, citando o acompanhamento do CIMI, CPT, SARES e Arquidiocese de Manaus. O arcebispo de Manaus definiu a situação do Rio Abacaxis como “um momento extremamente difícil, difícil porque o Estado que deveria proteger, viola, destrói, mata”, denunciando que “a Polícia Militar, ela existe para proteger, não para matar”, afirmando que todos sabemos “o que aconteceu e quem são os culpados”, esperando o agir da justiça, que definiu “não como direito, mas como a equidade necessária para a tranquilidade social, para haver relações sociais equânimes”. Dom Leonardo pediu que o Seminário possa ajudar a acordar a sociedade, destacando o esforço dos organismos da Igreja “para não deixar silenciar essa tragédia que aconteceu”. O arcebispo espera que “permaneçamos ativos, acordados e recordando sempre de novo a necessidade de que as pessoas sejam responsabilizadas e os corpos sejam encontrados”. Por isso, ele insistiu em que “nós não podemos deixar morrer essa questão, não podemos deixar desaparecer”. O Seminário foi momento para numa celebração ecumênica fazer memória das vítimas, que além de contar com representantes de diferentes igrejas, congregou lideranças indígenas e familiares das vítimas, recordadas na celebração. Foi momento para denunciar o sofrimento do povo e os abusos de autoridade tão presentes na Amazônia, de mostrar solidariedade e que as comunidades e familiares das vítimas não estão sozinhos. No ato ecumênico, conduzido pelo padre Paulo Tadeu Barausse, o pastor Marcos Antônio Rodrigues, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Manaus, afirmava que o Rio Abacaxis poderia ser lembrado como lugar do sofrimento dos pobres. Segundo o pastor, “as águas do Rio Abacaxis se mancharam porque nós não soubemos cuidar daqueles e daquelas entre nós que precisam que a justiça se faça presença e vida na vida deles”. A voz trémula dos familiares foi mais um testemunho de uma dor ainda presente na vida dos moradores de uma região e de um povo que pediu justiça em nome de Deus. Numa carta pública, lida no final da celebração, onde foi lembrado que “o Massacre Abacaxis é um exemplo emblemático da violência das forças policiais no Estado, e também de impunidade quando a violência ocorre contra as pessoas mais vulneráveis”, denunciando abertamente “um Estado que mata, tortura, que vinga sob a mesma justificativa dissimulada de reprimir o tráfico de drogas”. A carta tem denunciado as marcas ainda gravadas na alma do povo, da falta de respostas diante da perda dos entes queridos, da falta de respeito pelos direitos fundamentais, da tortura e humilhação por parte da polícia, do aumento da violência e das invasões. Diante de tudo isso, as organizações que assinam a carta têm mostrado seu repúdio e insistido em que “não há polícia, não há governo e não há descaso que possam derrubar quem está unido na luta por justiça”. Por isso, mais uma vez pediram o esclarecimento do acontecido e a devolução dos corpos desaparecidos. Por isso, refirmaram o afastamento de toda a cúpula da segurança pública do Amazonas diretamente envolvida nas violações.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Padre Zenildo Lima: “A missão é o maior paradigma vocacional que a gente tem”

O Seminário São José de Manaus forma os seminaristas das nove Igrejas particulares que fazem parte do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Seu reitor é o padre Zenildo Lima, que no dia 4 de agosto, na festa de São João Maria Vianney, completa 25 anos de padre. Ele entende o ministério em função da missão, desde a abertura, desde uma perspectiva de encontro, numa Igreja que conversa e sabe escutar, começando pelos seus dinamismos internos, uma Igreja dialogal, sinodal. Os seminaristas de hoje fazem parte de uma juventude “muito mais massacrada desde o ponto de vista humano, das suas esperanças, dos seus sonhos”, mas também “na sua interioridade, nas suas perspectivas, nas suas esperanças, nos seus sonhos do que a juventude do nosso tempo”, afirma o reitor do Seminário São José. Numa Igreja sinodal, os padres, para serem sinodais, têm que ser envolvidos em processos sinodais, algo que segundo o padre Zenildo Lima não acontece no seminário, onde os jovens vivem restringidos ao ambiente de seminário, sem ter em conta “outros sujeitos também fazem parte do processo formativo diretamente”. O reitor do Seminário São José fala da necessidade de “pautar uma pastoral vocacional na perspectiva da missão, e consequentemente o engajamento ministerial, engajamento de eclesialidade, de serviço à missão, menos pautado nesta realização pessoal, subjetivista do indivíduo, mais a gente vai ter uma pastoral vocacional mais eficaz”. Depois de 25 anos de sacerdote, qual a leitura que faz? Nesses dias eu estou pensando muito nisso, porque estou fazendo de fato esta releitura, qual era a concepção do ministério que eu tinha, há 25 anos atrás, e qual é a concepção do ministério que eu tenho hoje. E essa concepção está sendo muito iluminada por aquele que vai ser o Evangelho dessa missa que a gente vai celebrar para comemorar os 25 anos: Jesus que se abre aos novos horizontes da missão. Sinteticamente, se poderia dizer numa chave de releitura, que eu compreendo hoje o ministério como uma realidade como uma realidade muito mais aberta, muito mais dirigida a outras pessoas do que aquelas categorias que eu pensava há 25 anos atrás. Eu pensava em ser padre para a Arquidiocese de Manaus, para as comunidades da Arquidiocese de Manaus, e para os católicos dessa comunidade. Hoje, eu compreendo o ministério para a Igreja que está na Amazônia, para a categoria de pessoas que não estão necessariamente nas comunidades eclesiais. Tem uma abrangência, uma abertura. Como ser padre hoje numa realidade que 25 anos atrás estava presente na vida da Igreja, mas digamos que estava congelada, e que hoje marca a vida da Igreja, que é uma Igreja sinodal? Esta pergunta parece muito com a homilia que o bispo fez no domingo da nossa ordenação. Ele perguntava qual a atualidade do ministério do padre. A gente estava beirando o ano 2000, era 96, qual a atualidade do ministério do padre para tempos tão diferentes. E me dei conta que se achamos que a nossa perspectiva é de enfrentamento, cada vez mais a realidade parece desafiadora para o ministério do padre. Se a perspectiva é de encontro, cada vez mais, ela é interpeladora para o ministério do padre. Nesse sentido, a Igreja sinodal é uma Igreja muito mais de encontro do que de enfrentamento, é uma Igreja que conversa, a partir de si mesma, sabe escutar os seus dinamismos internos. Mas também uma Igreja que é dialogal, que conversa com essa realidade, que ela é desafiadora, mas não é ameaçadora. Aquilo que vale para a Igreja, vale para o ministério, uma Igreja sinodal, uma Igreja que deixa de ser uma Igreja de enfrentamento, no sentido de se confrontar, de enfrentar tudo aquilo que a realidade está trazendo, para ser uma Igreja de encontro. Agora, essa experiência do encontro vai exigir dela outros tipos de enfrentamentos, mas não aqueles que ameacem a institucionalidade da Igreja, nem que ameacem a institucionalidade do ministério, enfrentamentos em relação a toda a realidade que ameaça a vida. De novo nessa linha da abrangência, sinodalidade hoje é sinal de encontro, encontro dentro da realidade da dinâmica da Igreja, encontro da Igreja com o mundo, Gaudium et Spes. Ao longo dos 25 anos, a Igreja lhe confiou diferentes serviços, já foi pároco, foi secretário executivo do Regional Norte 1 da CNBB, e agora é reitor do seminário. Antes de ser padre, foi seminarista e hoje acompanha a vida dos seminaristas. Qual a diferença entre os seminaristas de hoje e os seminaristas de 25 anos atrás, entre a formação presbiteral de hoje e aquela que vivenciou 25 anos atrás? É uma diferença que vai na linha da diferença das juventudes de 25 anos atrás das juventudes de hoje, do contexto de 25 anos atrás do contexto de hoje. Não é possível que a gente faça nenhum tipo de analogia ou de comparação valorativa, o que exige de nós é mais uma capacidade de leitura. Há 25 anos atrás a gente vivia um contexto com uma seria de exigências sobre nossa geração. A gente tinha que entrar mais em situações de enfrentamentos, a gente tinha uma realidade social de bastante dureza, falo de 1989, que foi o ano em que eu ingressei no seminário. Hoje nós temos uma juventude que enfrenta outros dramas. Na nossa época havia uma latência muito grande dos desafios sociais, de conjuntura que nos rodeavam. Hoje eu vejo a juventude muito mais massacrada desde o ponto de vista humano, das suas esperanças, dos seus sonhos. Nós somos tentados a perceber na geração dos seminaristas de hoje uma fragilidade maior do que a nossa, mas eu acho que seria precipitado fazer uma afirmação assim. Talvez eu posso dizer que é uma juventude mais massacrada, na sua interioridade, nas suas perspectivas, nas suas esperanças, nos seus sonhos do que a juventude do nosso tempo. Então, a formação presbiteral tem que levar em conta isso. Uma das dificuldades que eu tive no início desse serviço como reitor do seminário, era porque todas as minhas…
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REPAM lança a campanha #VacinaAmazonia apelando a mais vacinas e maior sensibilização

A lentidão do processo de vacinação na região amazónica e o fato de terem morrido mais de 100.000 pessoas levou a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) a publicar uma nota na segunda-feira, 2 de Agosto, assinada pelo seu presidente, Cardeal Pedro Barreto, e pelo seu secretário executivo, Irmão João Gutemberg Sampaio, lançando a campanha #VacinaAmazonia. O texto recorda as palavras do Papa Francisco nas quais ele afirma: “Todos devem tomar a vacina. Não é uma opção, é uma ação ética, porque está em risco a sua saúde, a sua vida, mas também a vida dos outros”. As causas desta situação, segundo a REPAM, residem na “falta de vacinas suficientes para imunizar a população amazônica e a desinformação em diversas partes do território”. Muitas pessoas tem se negado a receber a vacina. Tendo isto em conta, o texto recorda “o surgimento de novas ‘variantes’ do vírus, que são cada vez mais perigosas e mortais“, o que põe em risco a vida das pessoas. A REPAM lança um duplo clamor aos governos de cada um dos países para “que não meçam esforços para a compra e destinação das vacinas para a região amazônica. Que não se omitam diante das dificuldades e clamores, em especial dos mais pobres e fragilizados”; e às pessoas, pedindo-lhes “para que se vacinem e não se deixem levar pela desinformação. Que motivem e animem suas comunidades para este ato em favor do bem comum”. Finalmente, insistindo mais uma vez na necessidade de se vacinar, apela a permanecer “unidos na solidariedade e firmes na esperança de dias melhores“. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Jovens kokama participam da formação da Cáritas na Diocese do Alto Solimões

17 jovens do povo kokama participaram nos dias 29 e 30 de julho da formação da Cáritas na paróquia São Francisco de Belém de Solimões, diocese do Alto Solimões. Ao longo dos dias de formação, eles foram conhecendo o que é a Caritas, começando pelo significado da mesma palavra, como expressão coletiva do amor da Igreja, “a prática do amor organizado”. Partindo de texto do Evangelho, os jovens indígenas foram analisando Como é o amor de Deus? Desde a Caritas da diocese, que deu a formação, foi lembrado que “as ações da Cáritas devem estar iluminadas pela Palavra de Deus e devem ser reflexo do modo de amar de Jesus”. Depois foram apresentadas a missão da Cáritas brasileira e as três linhas de ação da Cáritas diocesana: Emergência, Políticas Públicas e Promoção humana. Isso foi levado para a realidade local, tentando descobrir situações de emergência presentes na vida do povo (picada de cobra, incêndio de casas com a perda de todos os bens das famílias, enchentes…), situações que demandam uma resposta rápida e organizada. Ao falar das políticas públicas, foi explicada a importância da participação cidadã, todos temos direitos e responsabilidades para com a sociedade. Foi falado que “a Caritas tem que dar a conhecer os direitos e deveres da população e promover ações que procurem o bem comum para todos, os mais vulneráveis”.   No encontro foram apresentadas as vidas do padroeiro da Cáritas, Dom Oscar Romero, e de alguns mártires que lutaram e entregaram sua vida em defesa dos direitos dos mais pobres: Ir Josefina Bakhita, Chico Mendes, Ir Dorothy Stang. Junto com isso, ao falar sobre a Promoção Humana, foram trabalhadas algumas situações: jovem em situação de dependência química, tráfico de pessoas, família em situação de risco de exclusão social e cuidado com a natureza (promoção da roça sem queima). Finalmente, se trabalharam as atitudes ideais dos agentes da pastoral caritativa, os passos para iniciar os grupos da Cáritas em suas comunidades, como organizar as reuniões e o trabalho da pastoral. Tentando responder à realidade que faz parte da vida dos participantes, se destacaram três ações a realizar de regresso nas aldeias: convocar pessoas novas, jovens e adultos, para Cáritas; repassar a formação a toda a comunidade; e montar o grupo Cáritas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Com informações da Cáritas do Alto Solimões

Projeto Ajuri: Caricia da Igreja nas comunidades mais distantes e vulneráveis da Amazônia em tempo de Covid-19

  O Projeto Ajuri pela Vida na Amazônia, que está sendo encerrado em sua primeira etapa, foi criado pela Caritas Brasileira para reduzir os riscos de infecção da Covid-19 em comunidades vulneráveis no estado do Amazonas, Brasil. Tem sido 129 comunidades de 11 municípios, nas dioceses de Parintins e Coari e as prelazias de Tefé e Itacoatira, beneficiando 5 mil famílias, o que representa umas 25 mil pessoas. O projeto tem ajudado na construção de cisternas de captação de água, Kits de Higiene Pessoal, Kits de Desinfecção para Uso Doméstico, Materiais de Promoção da Higiene, e Impressão de Adesivos para Estações de Lavagem das Mãos. Também fazia parte do projeto a aquisição de Kit EPI para Cuidadores Domésticos, Materiais de RCCE, Spots de Rádio/TV, Publicações nas Redes Sociais e Carros de som. Valquíria Lima, da Articulação da Caritas Brasileira, insistiu em “valorizar o papel de todos os que participam do projeto, todos e todas são importantes, todos os trabalhos desenvolvidos precisam ser valorizados, o trabalho de cada pessoa permitiu a gente chegar até aqui”. Ela destacou que “se a gente está indo para a etapa 2 é fruto do trabalho coletivo”. Desde o Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, seu secretário executivo Francisco Lima, agradeceu a todos os colaboradores do Projeto Ajuri, em nome dos bispos, mas sobretudo em nome daqueles que receberam o Ajuri. Ele destacava que o projeto fez presente a Igreja do Regional nas comunidades mais distantes e que não tem assistência, destacando que foi uma oportunidade para ter acesso aos cuidados e às informações. Por isso, seu agradecimento aos agentes que estiveram na ponta. Finalmente, ele fez um chamado a refletir sobre os protocolos que muitas vezes inviabilizam desenvolver o trabalho. São muitas as famílias beneficiadas que agradecem pelo apoio do Projeto Ajuri, que tem ajudado a ser mais conscientes sobre os cuidados preventivos com a Covid-19, sendo realizadas ações com reconhecimento, valorização e respeito aos diferentes costumes e culturas locais com medidas para promoção da autoestima e o acolhimento, em momentos críticos de isolamento, distanciamento social e de muitas vidas ceifadas. Estamos falando de comunidades onde as ações do poder público não chega. O projeto enfrentou diferentes desafios, alguns educadores foram contagiados pela Covid-19 e diferentes motivos atrasaram o início e desenvolvimento do projeto, dentre eles o fechamento dos portos por conta de decretos municipais proibindo atracar as embarcações, e também o aumento dos casos de Covid-19. Junto com isso, também foi um desafio os deslocamentos de famílias inteiras, deixando suas comunidades temporariamente, devido às mudanças climáticas que provocam secas e estiagens prolongadas nas regiões gerando situações de miséria e fome. Não pode ser esquecido o desafio da logística, uma realidade muito presente na Amazônia, que dificulto os acessos, comunicação e a devolutiva de informações com maior agilidade e em menor espaço de tempo, pela não cobertura de internet. Também foi uma realidade muito presente a falta de assistência pelo poder público local às famílias infectadas. O projeto Ajuri tem sido uma oportunidade de fortalecimento da Caritas nas dioceses e prelazias que participaram do projeto, “ajudando a se fazer presente como Igreja em lugares onde a Igreja não chega”, segundo Márcia Maria de Souza Miranda. A articuladora da Caritas Regional Norte 1 relata o desafio financeiro da Igreja da Amazônia. Segundo ela, “a Igreja é presença de esperança na vida do povo que vive muito distante”, relatando as experiências vividas pelos educadores, que chegaram a viajar por 24 horas para chegar em algumas comunidades. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Aos 4 anos de Bispo de Itacoatiara, Dom Ionilton expressa “Um canto de ação de graças a Deus Trindade”

No dia 30 de julho, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira completava 4 anos como bispo na Prelazia de Itacoatiara. Diante disso, ele escreveu um texto (ver aqui) onde diz que “do meu coração brota sempre um canto de ação de graças a Deus Trindade”. Dom Ionilton agradece pela sua família e pela família Religiosa Vocacionista; pelo chamado a ser bispo e pelos Bispos do Regional Norte 1 da CNBB; pelo acolhimento, carinho, amizade e comunhão do povo da prelazia; pelas pessoas com quem partilha a alegria de servir aos excluídos e marginalizados; pelas muitas atividades realizadas; pelos benfeitores econômicos. Nas suas palavras, o bispo de Itacoatiara, “reafirmo e peço a Deus a graça de viver o lema de meu ministério como bispo da Igreja: ‘Estou no meio de vós como aquele que serve’ (Lc 22, 27b)”. Ele diz ter consciência “de que fui chamado a servir a todas as pessoas que fazem parte da Igreja, mas, também, sou consciente que devo servir especialmente aos pobres, aos abandonados, aos que vivem nas periferias geográficas e existenciais, como fez Jesus e como fez a Igreja primitiva”. Junto com isso mostra seu compromisso com a Amazônia, com seu bioma e seus povos. O bispo pede perdão pelos seus pecados e que não esqueçam de rezar por ele, “para que eu possa servir sempre mais e melhor a vocês, pois tenho consciência de que sem a graça de Deus não posso ser fiel à missão recebida”. Finalmente, pede também pela Prelazia de Itacoatiara, colocando as características que ele espera tenha. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Leonardo publica novas orientações pastorais para a Arquidiocese de Manaus

  O arcebispo de Manaus publicou nesta sexta-feira, 30 de julho, um comunicado onde dá a conhecer as novas orientações a serem seguidas na Arquidiocese. Dom Leonardo Steiner agradece “a todas as comunidades que seguiram as orientações e determinações enviadas para o tempo de pandemia”. O arcebispo mostra sua “gratidão aos presbíteros e diáconos pela solicitude nesse tempo; muito obrigado aos consagradas e consagrados pela presença de ânimo e misericórdia. Deus abençoe às irmãs e aos irmãos que serviram e estiveram ao lado dos mais necessitados. Vivemos momentos difíceis, mas de profunda comunhão. Agradecemos a todos os que foram presença de solidariedade e de misericórdia. Como Igreja fomos e somos testemunhas do cuidado e do consolo”. Dom Leonardo afirma que “no mês de agosto retomamos as nossas atividades e nossos encontros, conforme consulta realizada na reunião do clero do mês de junho”, insistindo em que “o pároco com o conselho da Paroquia, com o conselho da Área Missionária, deverá analisar a conveniência do retorno das atividades, levando em consideração a realidade da pandemia local”. Ele lembra que “o tempo ainda é de cuidado, por isso as celebrações, as procissões, as manifestações com grande número de pessoas, necessitarão de uma averiguação oportuna”. Diante disso pede que “permaneçamos atentos quanto às recomendações sanitárias e os devidos cuidados”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Cláudio Hummes: “Que busquemos alcançar uma participação eclesial, caminhar por novos caminhos”

“Estarmos muito atentos à missão muito especial que temos na Amazônia“, uma necessidade que o Cardeal Claudio Hummes insistiu no início da Assembleia Ordinária da Conferência Eclesial da Amazónia (CEAMA), que se realizou virtualmente neste 30 de julho. Um dos representantes do episcopado brasileiro na CEAMA é Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus. Segundo o presidente da CEAMA, o Papa Francisco convida-nos a pôr em prática, e isto depende sobretudo dos bispos, a levar a sério a missão que temos depois do Sínodo para a Amazónia, um processo em busca da grande reforma da Igreja. Foi por isso que pediu a todos para se perguntarem se alguma coisa realmente mudou nas dioceses, vicariatos e prelazias, e se as pessoas estão conscientes desta mudança. Para o presidente da CEAMA, é necessário ser uma rede, e não trabalhar isoladamente, que a rede não fique numa ideia. O Cardeal Hummes salientou a necessidade de estarmos conscientes de que estamos num processo de reforma que o Papa Francisco propôs à Igreja. Neste caminho da CEAMA, a Assembleia Ordinária, que se realiza três vezes por ano, pretendia nesta ocasião ser uma oportunidade para fazer avançar o processo de formulação de um plano pastoral para a Amazônia, de acordo com o Cardeal. Por esta razão, apelou a “não ficar em formalidades, mas também a procurar coisas reais que façam avançar o processo”. A Assembleia foi um momento para informar sobre os passos dados na primeira metade de 2021 e para avançar na construção do Plano Pastoral como um todo, bem como para contribuir para a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. Segundo o padre Alfredo Ferro, este plano pastoral está dividido em seis pontos, que resumem os objetivos estratégicos da CEAMA: escuta-visibilização-intercâmbio; dinamização da prática pastoral numa chave sinodal; comunicação; formação; diálogo e alianças; e consolidação da CEAMA. O secretário executivo da CEAMA apresentou os principais compromissos, baseados nas conversões e sonhos presentes no Documento Final do Sínodo e em Querida Amazônia, que abordam as dimensões sócio-políticas, culturais, ecológicas, pastorais-eclesiais e sinodais. Os objetivos estratégicos são concretizados em planos pastorais, experiências, que nascem do concreto, do específico, algo a ser realizado pelas diferentes instituições que compõem esta rede: Celam, CEAMA, REPAM, CLAR e Cáritas. Os participantes na Assembleia salientaram a necessidade de elaborar um Plano Pastoral que complemente os planos pastorais de cada Igreja particular, para ajudar a novidade que a CEAMA representa a crescer e contribuir para a Igreja universal no processo de renovação que Laudato Si e Fratelli tutti nos indicam. Neste sentido, há elementos que nasceram da reflexão sinodal e que não podem ser esquecidos, tais como a ministerialidade, o rito amazónico, o acesso à Eucaristia ou o diaconato. A CEAMA representa uma novidade do Espírito, que é tecer caminhos, algo que somos chamados a comunicar ao mundo. É também importante que as diferentes comissões possam avançar, que mais pessoas se envolvam nelas, para que se tornem eclesiais e não sejam reduzidas a um pequeno grupo, que haja uma maior articulação com as conferências episcopais e as dioceses, e que compreendamos que estamos perante uma oportunidade de aprender juntos a sinodalidade, de pensar o geral a partir do local e vice-versa. Neste sentido, foi salientada a importância de incluir pessoas do território na reflexão das comissões e de promover a reflexão teológica, de fazer dela um plano eclesial, e não apenas episcopal, da relação entre as diferentes instituições, de escutar, trocar e tornar visíveis como elementos importantes para chegar a esta Igreja renovada numa chave sinodal, de ser uma Igreja ministerial com a participação de mulheres nos ministérios, de formar agentes pastorais e seminaristas para criar esta Igreja com um rosto amazónico. A Amazónia é um lugar onde se destaca a importância da pedagogia do pequeno, onde é semeada e germina pouco a pouco. Por esta razão, é essencial que não peçamos frutos antes que as sementes germinem. Para isso, é necessário sensibilizar para os conteúdos que estão surgindo, com a nova forma de trabalhar, avançando em ideias que mais tarde podem ser uma contribuição para além da Amazônia, pensando no Sínodo dos Bispos. Os participantes discutiram as contribuições para o Plano Pastoral da Igreja Amazônica, sublinhando que é importante reconhecer as prioridades e responder a elas como Igreja, procurando linhas e ações comuns a partir da comunhão, tendo em conta as tradições comuns. Neste sentido, a CEAMA é chamada a reunir aspectos comuns dos planos pastorais diocesanos e oferecer elementos comuns, linhas e não ações concretas, que possam ser resgatadas localmente, vivendo assim o princípio da subsidiariedade. Dar linhas e não planos estruturados, gerando modelos de ação que podem ser replicados em outras áreas. Na Igreja da Amazônia é necessário promover os leigos, aos quais devem ser oferecidos processos de formação, como uma presença eclesial reconhecida, para preencher o vazio pastoral, especialmente nas periferias. Isto porque é necessário abordar situações que exigem uma resposta, como a celebração dos sacramentos nas comunidades, sem a presença do ministro ordenado, dando maior valor à Palavra de Deus. É uma questão de superar os esquemas clericais. No Plano Pastoral da CEAMA, que deve promover uma estrutura eclesial baseada numa Igreja Povo de Deus, deve procurar-se um critério social que conduza à defesa da Amazónia, do bioma e dos seus povos, do desejo de o apropriar por interesses económicos, resgatando o conhecimento das culturas ancestrais. Sabendo que não é fácil iniciar novos caminhos, a CEAMA não pode esquecer que este Plano Pastoral de Conjunto é fruto do mandato do Papa, que vê a Amazônia como um lugar de novos caminhos, uma ideia que vem de Aparecida. A Igreja amazônica tem diferentes elementos para contribuir para a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que se realizará de 21 a 28 de novembro e que até 30 de agosto está realizando seu processo de escuta. Entre os elementos destacados estão a promoção do protagonismo dos leigos e das mulheres, através de equipes missionárias; evangelização ligada ao território e à questão da ecologia integral; formação…
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Roda de Conversa da REPAM-Brasil: o desafio de amazonizar o Brasil e o mundo

Refletir sobre um desafio que pode ser considerado de grande importância para os povos e a Igreja da Amazônia: amazonizar-se. Ajudar a assumir essa atitude tem sido o propósito de diferentes organizações eclesiais e sociais ao longo do último ano. Querendo “sensibilizar a opinião pública brasileira e internacional sobre os perigos a que está sendo exposta a Vida na Amazônia, seu território e as populações”, a REPAM-Brasil preparou uma roda de conversa (pode baixar aqui) para ajudar a refletir sobre essa realidade, mostrando “a gravidade da situação enfrentada pelos Povos na Amazônia, agravada pela pandemia da Covid-19”. Amazonizar é uma palavra usada pela primeira vez em 1986, quando o bispo de Rio Branco, no Acre, Dom Moacyr Grechi, usou esse termo em uma carta pastoral. Ele “convocava o povo a assumir a causa da Amazônia e a defesa de seus povos”. O Sínodo para a Amazônia popularizou a palavra, sendo assumida como foco da campanha, fazendo “um chamado para todas as pessoas a se amazonizarem”, algo que continua. O material elaborado pela REPAM-Brasil começa acolhendo as pessoas, convidando para a oração e fazendo a recordação da vida. Lembra o texto que “a Amazônia e seus povos são continuamente alvo de práticas de exploração sem limites que colocam em risco toda a vida daquele território”, algo que a pandemia acrescentou. Daí insiste na urgência de “ações de solidariedade para garantir a existência dos povos originários e das comunidades tradicionais”, relatando ações que estão sendo “desenvolvidas pela Igreja, organizações populares e movimentos sociais”. “Amazonizar” deve levar a “reconhecer as lutas e resistências dos Povos da Amazônia que enfrentam mais de 500 anos de colonização e de projetos desenvolvimentistas pautados na exploração desmedida”, relata o texto. Mas também é “o despertar de todo o povo em defesa da Amazônia, seu bioma e seus povos ameaçados em seus territórios”. “Amazonizar também significa portar o mundo de sentido, sensibilidade, contemplação e comprometimento para com a obra da criação”. Comprometer para reconhecer as violações de direitos dos povos e do meio ambiente é amazonizar, diante de diferentes situações:  Queimadas e desmatamento, um número que só aumenta a cada ano, como mostram os testemunhos que aparecem no texto; Garimpo e mineração em terras indígenas, que aumenta as doenças, levando à morte, como acontece com os Yanomami em Roraima, com os Munduruku no Pará; Conflitos por terra, que em 2020 teve o maior número desde 1985; Criminalização e ameaças de lideranças; Indígenas na cidade, a quem são negados direitos fundamentais. O roteiro aporta uma palavra de vida e luz diante da realidade e “aponta horizontes para vivermos de forma plena e compromissada com a nossa casa comum”. Para isso lembra os sonhos do Papa Francisco em Querida Amazônia, mas também as reflexões que surgem dos povos e culturas da Amazônia, fazendo um apela a se amazonizar e se questionar. Como diz a oração final, “É hora de colocarmos toda essa bagagem em nossa canoa e navegarmos pelas águas desse nosso imenso Brasil. É hora de contribuirmos para que todas e todos tenham consciência da importância da Amazônia e de seus povos. É hora de Amazonizarmos o mundo!” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Quanto Vale a Vida?: Infelizmente, nem todas as vidas valem a mesma coisa

Quanto Vale a Vida? A partir dessa pergunta, a Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), junto com outras organizações querem que a gente pare e reflita sobre um dos crimes mais macabros que fazem parte da condição humana: o Tráfico de Pessoas. Pessoas vistas como mercadoria, que podem ser compradas e vendidas, que podem ser descartadas quando o lucro já não responde às expectativas. O tráfico de pessoas, algo presente na história da humanidade desde seus primórdios, nos mostra a crueldade que faz parte da condição humana, que se aproveita do outro em benefício próprio, deixando de lado uma atitude que sempre deveria estar presente no meio de nós: a fraternidade. Diante dessa realidade, o 30 de julho, data declarada pela ONU como Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, não pode passar batido. É momento de se mobilizar, de defender a vida, de denunciar. Não podemos esquecer que mais de 2 milhões de pessoas são vítimas do tráfico humano no mundo. São várias as modalidades de tráfico de pessoas, mas a maioria são mulheres, crianças e adolescentes aliciadas para a exploração sexual ou mão de obra escrava. Ser livre é um direito de todas as pessoas, mas que nem todas têm diante do fenómeno do tráfico humano. Quando a gente sabe dessas situações e não denuncia se torna cúmplice, partícipe de algo que pode ser considerado uma ofensa aos direitos humanos, de uma realidade que oprime e escraviza, que fere a dignidade das pessoas, que viola os direitos fundamentais. Na sociedade contemporânea não podemos tolerar que as pessoas sejam traficadas, se tornando vítimas de uma das piores violências. O tráfico humano está próximo da gente e continua estando porque a nossa omissão possibilita que pessoas sem escrúpulos possam praticar esse crime, com impunidade, provocando dor e sofrimento nos mais fracos. O Dia 30 de julho tem que ser uma oportunidade para declarar abertamente e assumir com coragem que a vida não tem preço, que ela não pode ser comprada nem vendida, que ela não pode ser explorada. Esse deve ser um sentimento presente na vida da gente, de cada pessoa, sabendo que a falta dessa atitude nos desumaniza, pois perdemos o respeito por aquilo que é sagrado: a vida em plenitude de toda pessoa. O que fazer para que algo assim seja realmente assumido? Como implicar os governantes para que sejam investidos os recursos que ajudem a fiscalizar essas situações de trafico humano e punir àqueles que se acham donos da vida dos outros? Como visibilizar esse crime e provocar mudanças radicais que acabem com o tráfico de pessoas? São muitos os questionamentos que surgem diante dessa realidade, especialmente naqueles momentos em que o calendário nos lembra que ela existe e deve ser enfrentada e combatida. Muita gente se esforça cada dia no combate do tráfico humano, salvando vidas e se tornando um incentivo para não deixar passar mais uma oportunidade. A resposta depende de cada um e cada uma, mas não esqueça que a Vida vale mais do que aquilo que alguém poderia chegar a pagar, ela é sagrada. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1