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Escola de Formação de São Gabriel da Cachoeira: construir uma Igreja com rosto amazônico

O Sínodo para a Amazônia deu um impulso definitivo à necessidade de fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico e rosto indígena. Aos poucos, a Igreja da Amazônia vai dando passos nesse sentido, ajudando os agentes de pastoral e as lideranças a entender e assumir esse jeito de ser Igreja. Na diocese de São Gabriel da Cachoeira, a circunscrição eclesiástica com maior porcentagem de população indígena do Brasil, está acontecendo a Escola de Formação, que tem como objetivo “formar lideranças testemunhas capazes de dar razão da própria fé e ajudar a construir comunidades eclesiais com rosto amazônico”. A escola vai se prolongar ao longo de três anos, com seis módulos, que acontecerão nos meses de julho e janeiro. No dia 18 de julho começou o primeiro módulo, que vai se prolongar até o dia 31 de julho. A escola pretende capacitar para a liderança e animação bíblica, litúrgico, sacramental, possibilitando formação para lideranças que vivam a palavra e os sacramentos que celebram. Junto com isso, será momento para as lideranças aprofundarem na própria fé e nos princípios e valores da ética cristã e da cidadania. A metodologia prevista para a escola vai ter momentos teóricos e práticos com aprofundamentos dos conteúdos, que depois serão repassados nas paroquias e comunidades. Junto com isso os participantes vão participar de oficinas da leitura orante, do ofício divino e da Celebração da Palavra como método e pratica. O primeiro módulo tem 80 participantes de todas as paróquias da diocese. Dentre eles se fazem presentes 10 povos indígenas: Tukano, Yanomami, Baré, Baniwa, Piratapuia, Werekena, Arapaso, Desano, Tariano e Tuyuka. A temática está sendo Antropologia cultural e Teológica, com a assessoria dos padres Justino Rezende e Sidicley Meireles, indígenas nascidos na diocese de São Gabriel da Cachoeira, eclesiologia, com o padre Zenildo Lima, reitor do Seminário São José de Manaus,e Leitura Orante e celebrações com a assessoria do padre Odílio Gentil dos Santos, também indígena. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Cláudio Hummes convida a Igreja na Amazónia a passar do dever fazer para o fazer

Um dos grandes desafios para a Conferência Eclesial da Amazónia (CEAMA) é passar do dever fazer para o fazer, a fim de aplicar o Sínodo no território. O Papa Francisco na Querida Amazónia, como recordou o Cardeal Hummes num comunicado, apela a que assim seja. O presidente da CEAMA lembra-nos que o Papa nos diz: “Deus queira que toda a Igreja se deixe enriquecer e interpelar por este trabalho [do sínodo], que os pastores, os consagrados, as consagradas e os fiéis leigos da Amazônia se empenhem na sua aplicação“. Segundo o Cardeal Hummes, ficar com o que devemos fazer, mesmo que seja algo bom, “não é suficiente“. Por esta razão, ele vê a necessidade de passar à prática, afirmando que muitas coisas estão sendo feitas, mas que é necessário torná-lo conhecido, procurando trabalhar “em rede e em sinodalidade“. Isto implica, segundo o Cardeal Hummes, continuar “indo às comunidades, expondo-lhes os resultados do sínodo, escutando-as e com elas construindo ‘os novos caminhos’, para depois comunicar a toda a rede ‘o que estamos fazendo’. Todo este processo seja realizado à luz da Palavra de Deus e com muita oração. É o Espírito Santo quem nos deve conduzir”, insiste o cardeal. O texto, baseado no número 15 do Instrumentum Laboris do Sínodo, relara algumas das ameaças à Amazónia: pela criminalização e pelo assassinato de líderes e defensores do território; pela apropriação e privatização de bens da natureza, como a própria água; por concessões madeireiras legais e pela entrada de madeireiras ilegais; pela caça e pesca predatórias, principalmente nos rios; por megaprojetos: hidrelétricas, concessões florestais, desmatamento para produzir monoculturas, estradas e ferrovias, projetos mineiros e petroleiros; pela contaminação ocasionada por todas as indústrias extrativistas que causam problemas e enfermidades, principalmente para as crianças e os jovens; pelo narcotráfico; pelos consequentes problemas sociais associados a tais ameaças, como alcoolismo, a violência contra a mulher, o trabalho sexual, o tráfico de pessoas, a perda de sua cultura originária e de sua identidade (idioma, práticas espirituais e costumes) e todas as condições de pobreza às quais estão condenados os povos da Amazônia (Fr.PM). ] Além disso, aborda questões mais centradas na vida pastoral da Igreja, tais como “que o Papa Francisco solicita com insistência que se multipliquem os diáconos permanentes na região amazônica”, e juntamente com eles, “os ministros leigos e leigas dos vários ministérios instituídos, com destaque dos indígenas”. Para isso propõe algumas medidas, tais como “escolas de diaconato permanente, de catequistas e dirigentes de comunidades, seja mulheres seja homens, agentes missionários com prática sinodal, bem como renovação sinodal do nosso atual clero e dos religiosos/as“. Devem ser escolas que “precisarão inovar e se inculturar seja na metodologia seja no currículo”. Reconhecendo que estes são alguns aspectos entre muitos outros, ele pede que o Espírito Santo “mantenha aceso o fogo sinodal na Igreja Panamazônica!“, convidando a REPAM a juntar-se à CEAMA para assumir este processo sinodal. Finalmente, apelou a cada jurisdição eclesiástica a partilhar o que está fazendo “relativo aos compromissos, que assumimos na documentação final da Assembleia Sinodal”, procurando assim “visibilizar, reconhecer, aprender, socializar e agradecer em espírito sinodal“. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

33º Congresso da SOTER debate sobre a responsabilidade das religiões na defesa da laicidade, democracia e direitos humanos

A Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (SOTER) celebrou de 12 a 16 de julho seu 33º Congresso Internacional, que teve como tema “Religião, Laicidade e Democracia: cenários e perspectivas”. Com cerca de 800 pessoas inscritas, conferencistas nacionais e internacionais e mais de 440 apresentações acadêmicas, o congresso tem sido um momento importante na reflexão sobre uma questão que cada vez cobra maior destaque na realidade brasileira e mundial. Segundo Cesar Kuzma, presidente da SOTER, “tentamos trabalhar as urgências do nosso tempo no âmbito social, no âmbito político-democrático, na responsabilidade que toca às Igrejas cristãs e às religiões em geral da defesa da laicidade, na defesa da democracia, na defesa dos direitos humanos, apontando caminhos, apontando horizontes, apontando novas perspectivas”. O congresso partiu dos diferentes cenários em que a sociedade brasileira se encontra, agora marcados também “pela pandemia, pela destruição do estado democrático de direito, pela fragilidade nas nossas democracias, pela perda de direitos sociais e também humanos, pelo desmonte das políticas públicas e pelo grande desastre que vem ocorrendo também em nível ambiental”, segundo o presidente da SOTER. Dentro dessa pluralidade de cenários, o 33º Congresso da SOTER foi um momento para refletir, que partiu da abordagem de Pedro Ribeiro de Oliveira, que buscou “apresentar-nos uma visão panorâmica no qual nós estamos inseridos”, segundo Kuzma. A palestra de Boaventura de Boaventura de Sousa Santos, que trabalhou a questão da laicidade e da democracia, mostrou a diferença entre os diferentes espaços, valorizando “a importância da Teologia da Libertação na América Latina, na luta histórica que ela teve na defesa da própria democracia”, afirma Kuzma. Na leitura sobre os diferentes momentos, o teólogo fala sobre os aportes de Frei Betto e Jucimeri Isolda Silveira, destacando os direitos humanos, “que se tornam cada vez mais frágeis na atual conjuntura social que nós vivemos”. Ele destaca a celebração que aconteceu pelos 50 anos da Teologia da Libertação, que considera um momento brilhante, afirmando que a SOTER segue essa linha, e “tem na opção pelos pobres o grande enfoque da sua proposta e de seus objetivos”, insistindo em que “a linha libertadora faz parte da natureza da própria SOTER”, algo que foi feito de forma coletiva. Com a presença de diferentes instituições foi, segundo o presidente da SOTER, “um momento marcante, brilhante, que emocionou a todos”.   Esse momento contou com os aportes de 5 teólogos e teólogas que são considerados referentes na reflexão teológica latianoamericana e da Teologia da Libertação: a brasileira Maria Clara Bingemer, o chileno Sergio Torres, o teólogo luterano brasileiro Roberto Zwetsch, Geraldina Céspedes do México, e o também brasileiro Luiz Carlos Susin. A professora italiana Serena Noceti abordou a questão da responsabilidade das Igrejas cristãs na defesa do estado democrático, desde elementos da Fratelli tutti e o Conselho Mundial de Igrejas. Desde os aportes do Papa Francisco, foi refletido sobre a economia, com a presença de Ladislas Dowbor, e a ecologia, com a reflexão de Afonso Murad, perspectivas que segundo Kuzma, “se somam à questão da democracia, da laicidade, do direito, do bem comum, ou da Casa Comum, que é uma expressão que acabou fazendo parte dos nossos discursos”. O Congresso da SOTER foi momento para reconhecer com o prêmio João Batista Libânio, a trajetória da teóloga Ivone Gebara, valorizando, segundo o presidente da SOTER “uma caminhada de luta que não se faz sozinha, se faz de modo coletivo, se faz com outras pessoas”. Seguindo o tema do congresso, Cesar Kuzma insiste em que “dar o prêmio a Ivone, com a história que ela tem, com a dinâmica de espiritualidade com a qual ela vive, e na ternura de sua voz e pelo fato de ser mulher, isso foi algo muito emocionante e muito bonito”. O congresso foi encerrado na sexta-feira com a palestra de Ivone Guevara, onde abordou a questão da responsabilidade das religiões no Estado, para a defesa da laicidade a da democracia. A teóloga colocou a importância de as religiões caminhar em conjunto com a sociedade. Finalmente, Maria Isabel Varanda e Rudolf von Sinner, apontaram pistas, horizontes, fazendo uma releitura do evento e apontando possíveis caminhos, “sem a intenção de nos oferecer, mas convidando a um caminhar continuo, coletivo, em busca de novos horizontes, de novas perguntas, de novos espaços”, segundo o professor Kuzma. Segundo o presidente da SOTER, “o congresso superou todas as expectativas”, inclusive em número de participantes. Ele destaca que o fato de ser virtual permitiu o acesso de pessoas de varias partes do Brasil, da América Latina e de outros países. Mesmo virtualmente, “conseguimos espaços onde a afetividade, a ternura, a humanidade, se fizesse presente”, afirmou Cesar Kuzma. Teve momentos para homenagear as vítimas da Covid-19 e a diretoria da SOTER emitiu uma nota por ocasião do Encerramento do 33º Congresso. A nota manifesta “a nossa preocupação e o nosso repúdio em relação à deterioração da democracia no Brasil, que se traduz não só no ataque contínuo às Instituições Democráticas e ao Estado de Direito, mas também no aumento da repressão e da violência policial, no aprofundamento da desigualdade social e da fome, na destruição ambiental, na agressão aos povos indígenas, seus direitos e vidas, nos atos sistemáticos de racismo que revelam a condição do racismo estrutural presente em nossa sociedade, na afirmação do sexismo e no crescimento do feminicídio”. Desde a SOTER é denunciado que “o negacionismo foi e é responsável por grande parte do número de mortos pela atual pandemia da COVID-19, que já ceifou mais de 530 mil vidas no Brasil”. Ao mesmo tempo, a nota insiste em que “este mesmo negacionismo agravou a crise econômica, levando a um enorme contingente de pessoas desempregadas e ao aumento da fome e da miséria”. O texto condena que “neste contexto, as Religiões, sobretudo certas expressões do Cristianismo, nem sempre têm tido um papel profético, crítico e libertador”, denunciando que “ao contrário, alguns grupos têm instrumentalizado a Religião, negado o caráter laico do Estado e promovido, ou reforçado, a deterioração de nossa democracia em nome de Deus, inclusive afirmando e…
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Dom Fernando Barbosa informa da morte de seu pai, vítima da Covid-19

Faleceu na tarde desta sexta-feira, 16 julho, o pai de Dom Fernando Barbosa dos Santos, vítima da Covid-19. Segundo informou o bispo eleito de Palmares – PE, seu pai tinha dado ingresso no hospital a última semana com Covid-19. A idade avançada e outros problemas de saúde fez com que o quadro se agravasse, sendo necessário fazer intubação, vindo finalmente a óbito. Dom Fernando, atual administrador diocesano da Prelazia de Tefé, informou que sua mãe, também internada a causa da Covid-19, recebeu alta hospitalar na manhã desta sexta-feira. Ele pede orações pela sua família, para que Deus lhes conceda forças neste momento difícil.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Diácono Francisco Lima: “Momento de partilha, de reflexão, de apontar caminhos, de olhar para a ação como Igreja”

Todos os anos no mês de julho e no mês de novembro acontece a reunião dos secretários executivos dos regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Desta vez aconteceu na última quarta-feira, 14 de julho, e por causa da pandemia, o encontro aconteceu de forma virtual. Segundo o diácono Francisco Andrade de Lima, secretário executivo do Regional Norte 1 da CNBB, “tratamos de muitos assuntos para a caminhada da Igreja como o novo processo do Sínodo que o Papa Francisco está convocando, um Sínodo que nos chama exatamente para refletir sobre a nossa comunhão, esse nosso jeito de caminhar juntos que o Papa está nos chamando para refletir sobre essa sinodalidade, esse jeito de ser Igreja, esse jeito necessário de caminhar juntos”. Um outro ponto de reflexão durante a reunião foi a Lei de Proteção de Dados. Segundo o diácono Francisco, “nós como Igreja temos muita responsabilidade com isso”. Também foi refletido sobre o novo Documento de Estudo da CNBB, o Documento 114, “E a Palavra habitou entre nós”, aprovado na última assembleia da CNBB, no mês de abril. Além disso foram abordadas questões relativas ao trabalho dos secretários e secretárias nos regionais, dioceses e prelazias. Também foi abordada a questão da Economia de Francisco e Clara, “esse jeito de viver sem explorar, mas com uma vida digna”. Mesmo realizado de forma virtual, isso “não diminui nem um pouco esse espírito de comunhão entre nós, entre os secretários regionais, entre a secretaria geral da CNBB, entre os colaboradores que fazem com que a missão da Igreja no Brasil aconteça”, segundo Francisco Andrade de Lima. O secretário executivo do Regional Norte 1 da CNBB destaca que foi “um momento de partilha, de reflexão, de apontar caminhos, de olhar para a ação como Igreja”. O encontro foi coordenado pelo padre Marcus Barbosa Guimarães, subsecretário adjunto de pastoral da CNBB. Ele destacou “a disponibilidade, alegria e comprometimento desses secretários e secretarias regionais. Essa generosidade dos participantes é que faz o nosso trabalho fluir, com mais leveza e solidariedade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 Com informações da CNBB

O jogo que o Brasil tem que ganhar

No último sábado aconteceu a final da Copa América, uma competição que muitos questionaram desde antes de começar. O futebol, ou para melhor falar, tudo o que envolve, é considerado por muitos como uma nova expressão do Circo Romano. O famoso “Pão e Circo”, era a forma em que os imperadores desviavam o foco nos momentos críticos do Império. Muitos entenderam a organização da Copa América como uma tentativa do governo brasileiro de desviar o foco diante de uma situação cada vez mais crítica, onde às consequências da Covid-19, que tem provocado muita dor e sofrimento em grande número de famílias brasileiras, se une uma situação econômica cada vez mais precária, com um grande aumento dos preços daquilo que é básico na vida do povo mais simples, e uma corrupção cada vez mais evidente, que atinge o mais alto escalão dos diferentes poderes. Um Brasil-Argentina, mesmo que seja numa Copa América desvirtuada, sempre é um acontecimento para muitos brasileiros, que desperta as paixões de uma das maiores rivalidades mundiais no futebol. Pelo que a gente viu nas redes sociais, muitos brasileiros torceram a favor da Argentina, o que tem provocado o receio daqueles que, seguindo a história, não entendem essa atitude. Na verdade, esse torcer a favor da Argentina é uma forma de manifestar um mal-estar cada vez mais presente entre os brasileiros, cansados de uma realidade social e política que não coloca os melhores jogadores em campo para superar as crescentes dificuldades que o país deveria enfrentar. Muita gente cansou de assistir um jogo em que muitos só pensam em se próprio, sem se importar com o coletivo. Quando todo mundo se une, é mais fácil vencer o adversário e o Brasil tem muitas realidades que podem se tornar invencíveis por falta de estratégia de jogo, por falta de um treinador que coloque os jogadores no lugar certo, que promova a união, o jogo coletivo e não faça com que cada um só procure seu pedaço do bolo. O pior que pode acontecer com um país é perder o prestigio e o respeito diante dos outros. Demora muito para construir isso, mas pode ser perdido em pouco tempo, quase sempre por falta de estratégia e união. Mas ainda pior do que perder o reconhecimento no exterior, é perder o reconhecimento do próprio povo. Essa falta de reconhecimento, quando é denunciado, não quer dizer que ninguém torce contra e sim que as pessoas querem que as coisas mudem para melhor. O Brasil está diante de um jogo que pode definir seu futuro, que se perder pode ser eliminado do panorama internacional, rebaixado de categoria, ficando de fora de muitas coisas decisivas no futuro do povo brasileiro. Esse é o jogo que não pode perder, mas para isso é preciso que o time jogue bonito. Quem pode fazer que isso aconteça é aquele que decide a tática de jogo, e isso parece que cada vez está menos claro. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Caritas Alto Solimões promove encontro de formação com 200 lideranças tikuna

No marco das formações que a paróquia São Francisco de Assis, em Belém do Solimões, Diocese do Alto Solimões, organiza para suas lideranças, aconteceu na semana passada a formação em língua tikuna com as lideranças das comunidades indígenas. No final de julho vai acontecer a mesma formação com as lideranças das comunidades que falam português. Desta vez, a formação, onde participaram mais de 200 pessoas de 23 comunidades tikuna, foi para conhecer o que é a Caritas, “foi a primeira vez que as lideranças tikuna tiveram contato, conhecimento, com esta temática”, segundo Veronica Rubi. Segundo a coordenadora diocesana da Caritas, “foi necessário ir desde o significado da palavra Caritas”, insistindo no significado do Amor de Deus e a necessidade de isso ser assumido pelos agentes Caritas. Junto com isso foi explicitada a missão da Caritas Brasileira: “Testemunhar a anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo toda forma de vida e participando da construção solidária da sociedade do Bem Viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social”. No encontro foram apresentadas as três linhas de ação da Caritas do Alto Solimões: Promoção Humana, que deve velar por vida digna para todos, trabalhando na prevenção de abusos e violências e na formação de lideranças no âmbito da economia solidária; Políticas Públicas, que visa a formação continuada para uma participação cidadã, na defesa de direitos, especialmente de pessoas em situação de vulnerabilidade; Emergência, com um olhar atento e uma atitude de prontidão estar organizados para dar resposta a situações concretas de urgência. O encontro serviu para, num momento de espiritualidade, refletir sobre a vida do padroeiro da Caritas, São Oscar Romero, da padroeira das pessoas vítimas do tráfico de pessoas, Santa Bakhita, e dos mártires da Amazônia, Chico Mendes e Ir. Dorothy, “pessoas que com sua vida e testemunho nos animam no serviço e no trabalho da Caritas”, segundo Veronica Rubi. Em um outro momento de espiritualidade, foi feita uma leitura inculturada da parábola do Bom Samaritano, com realidades presentes na região, como são os piratas que atacam as comunidades do Solimões, tentando assim aproximar o Evangelho da vida do povo. No final do encontro, os participantes agradeceram o conteúdo repassado e as ferramentas apresentadas, que vai ajudar no trabalho nas comunidades no serviço a quem mais precisa e na atenção para com os mais necessitados. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Preparação do Batismo em família: uma proposta pastoral em tempos de pandemia

  A pandemia da Covid-19 tem desafiado a pastoral da Igreja. A impossibilidade de se encontrar presencialmente fez com que fosse necessário buscar caminhos alternativos para continuar o trabalho evangelizador, especialmente em regiões onde a dificuldade de acesso a internet impede fazer encontros virtuais. Uma das regiões onde isso acontece é no interior da Amazônia. Diante disso, a gente vai se deparando com experiências que tem ajudado no trabalho pastoral e que inclusive podem ser assumidas como caminho de futuro, também após a pandemia. Na diocese do Alto Solimões, a paróquia São Sebastião, da cidade de Atalaia do Norte – AM, celebrava no último domingo, 11 de julho, o batismo de 12 crianças. A proposta da paróquia para a preparação dos pais e padrinhos foi fazer os encontros em família. Ao longo de 4 semanas, eles foram fazendo os encontros seguindo o subsídio elaborado pela paroquia. Cada semana, na missa dominical, os pais e padrinhos foram partilhando as reflexões surgidas durante a semana, recebendo o subsídio para a seguinte semana. A reflexão partia da Palavra de Deus e dos sinais do batismo: cruz, água, óleo, luz. Após invocar o Espírito Santo, as famílias liam uma passagem do Evangelho, respondiam às perguntas sugeridas e refletiam sobre o sinal proposto para cada um dos encontros. Algumas das reflexões das famílias foram relatadas na celebração do Batismo, mostrando assim como as pessoas vão descobrindo na sua vida cotidiana a presença do Deus que acompanha a caminhada do seu povo. Os relatos das famílias têm ajudado a descobrir como eles enxergam a presença da cruz, da água, do óleo e da luz na vida do dia-a-dia, e como isso os compromete com sua família e com os outros. Segundo reconhecem os membros da Pastoral do Batismo, estamos diante de uma experiência que pode ser adotada, nem só em tempo de pandemia. Eles destacam a importância das visitas dos membros da equipe às famílias, uma experiencia que pode ser assumida por outras pastorais, como a catequese de adultos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Centro de Pastoral em Atalaia do Norte é reinaugurado com formação sobre direitos de crianças e adolescentes

Os desafios econômicos, sempre presentes em muitas paróquias da Amazônia, têm aumentado durante a pandemia da Covid-19. A paróquia São Sebastião, na cidade de Atalaia do Norte – AM, diocese do Alto Solimões, no dia 12 de outubro de 2020, como consequência de um temporal, viu como o telhado do Centro Pastoral foi completamente destruído. Ao longo dos últimos meses, a paróquia, diante da falta de recursos, foi organizando diferentes eventos para conseguir reformar o telhado e assim poder dar continuidade aos trabalhos pastorais que são realizados no Centro. Com a ajuda da Prefeitura Municipal de Atalaia do Norte, que providenciou a mão de obra, no último dia 7 de julho foi inaugurada a reforma. Depois de oito meses fechado, o Centro Pastoral São Sebastião foi inaugurado com os trabalhos do Instituto de Assistência à Criança e Adolescente – Santo Antônio/IACAS. Foi um momento de formação, na tentativa de mobilizar e agir, capacitando os profissionais das instituições que realizam trabalhos diretamente com essa demanda. Ao longo de três dias, foram abordadas diferentes temáticas: Um olhar para a infância: a história de conquista da garantia de direitos de crianças e adolescentes no Brasil, que contou com a assessoria de Amanda Ferreira; Analise coletiva do cenário local sobre a situação de crianças e adolescentes e as violências; devolutiva do diagnóstico da rede de proteção local; Violência contra criança e adolescente e seus conceitos, coma assessoria de Ana Paula Agiole; Sistema de garantia de direitos, estudo de caso e construção do fluxo de atenção às vítimas de violência sexual. Segundo a equipe de pastoral da paróquia de São Sebastião, o desafio é organizar para colocar em pratica as orientações recebidas. A proposta é fazer isso por meio de oficinas e a leitura dos recursos facilitadores no que diz respeito às questões sociais e econômicas que mais afetam a vida das crianças e adolescente do Município de Atalaia do Norte. A recuperação do Centro de Pastoral, fruto do esforço de muita gente, vai favorecer as iniciativas e os trabalhos sociais e pastorais na paróquia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Um rosto amazônico da Economia de Francisco e Clara: proposta de uma forma de vida com sabor a Evangelho

A Economia de Francisco, que no Brasil recebe o nome de Economia de Francisco e Clara, é uma das reflexões presentes na caminhada da Igreja nos últimos meses. Aos poucos, através de encontros virtuais, está sendo aprofundado o que é essa nova proposta de economia, mas também o que não é essa economia de Francisco Clara. “É um tempo de semeadura”, segundo a Ir. Michele Silva, que junto com Andrei Thomaz Oss-Emer, membros da Articulação Brasileira de Francisco e Clara, assessoraram um encontro onde foi abordada a Economia de Francisco e Clara na Amazônia Legal. Estamos diante de uma proposta de economia com alma, inclusiva, efetivamente humana, que cuide da Casa Comum, uma economia que valorize a vida e não a competição, uma economia que humaniza e cuida da Criação, inclui os povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. A caminhada da Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara na Amazônia foi assumida no dia 27 de fevereiro de 2021, que aconteceu o Primeiro Encontro Regional da Amazônia Legal. Aos poucos a proposta do Papa Francisco via sendo assumida, tentando que cobre um rosto amazônico, fazendo realidade uma economia solidária, popular, de comunhão, indígena, cooperativa, dos ribeirinhos, das mulheres, das moedas e bancos sociais, entre outras. Segundo Dom Ionilton Lisboa de Oliveira a Economia de Francisco e Clara possibilita “repensar o jeito de fazer economia no mundo”. O bispo da Prelazia de Itacoatiara destacava a importância dos participantes do encontro se tornar “divulgadores desse caminho de fazer economia que o Papa Francisco propõe, uma economia que faz viver e não mata, uma economia que traga vida e não uma economia que traga morte”. Deve ser, segundo o presidente da Comissão Pastoral da Terra, uma economia que “não seja uma economia que gira em torno do lucro para um pequeno grupo de pessoas”. Pelo contrário, “deve se algo que seja imagem da cultura do Bem Viver, que traga vida para todos”, segundo o bispo. Ele lembrava o a 6ª Semana Social Brasileira passa também pelo eixo da economia. O tema do encontro foi “Juventudes, Amazônia e a Economia de Francisco e Clara”. A Ir. Michele Silva e Andrei Thomaz apresentaram as vilas que fazem parte da Economia de Francisco e Clara, onde cada vila é associada com um tópico principal da economia de hoje e de amanhã. As Vilas Temáticas são Finanças e humanidade; Agricultura e Justiça; Energia e pobreza; Lucro e vocação; Negócios em transição; Gestão e dom; Trabalho e cuidado; Políticas e felicidade; CO2 da desigualdade; Vida e estilo de vida; Negócios e Paz; e Mulheres pela Economia. Segundo a Ir. Michele Silva, “as Vilas ou Aldeias foram subdivisões em grupos temáticos, realizadas com os jovens selecionados para o encontro em Assis”. A religiosa insistia em que “são laboratórios de diálogo, escuta e partilha de vida, com o propósito de encontrar soluções conjuntas e caminhos alternativos para uma nova economia!”. Os jovens, com o apoio de economistas experientes, estão pensando de forma crítica e sustentável, soluções para os problemas do mundo contemporâneo. Cada vila, que foram apresentadas detalhadamente no encontro, tem como nome um binômio composto por duas palavras que, em diálogo são capazes de dar nova alma à economia.  Estamos diante de uma proposta de uma forma de vida com sabor a Evangelho. Trata-se de reflexões presentes no pensamento Francisco, tanto nas suas encíclicas, como Fratelli tutti e Laudato Si´, assim como em seus discursos. O encontro foi momento para se questionar sobre como Construir as “Malocas” que contemplem a Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara na realidade da Amazônia Legal. Nesse sentido, se faz preciso identificar as iniciativas que já existem, escutar as pessoas que dinamizam essa economia, subsidiar essas iniciativas que favorecem economias alternativas, ligar as Malocas à realidade local, reconstruir as Casas de Francisco e Clara na Amazônia Legal. As Casas de Francisco e Clara, segundo a Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara, “nascem como lugares de vivência e imersão, através dos quais a prática da Economia de Francisco e Clara acontece na vida das comunidades”. Nessa experiência, o chamado é a todas as pessoas, mas especialmente às juventudes, numa experiencia onde ecologia e economia são vividas de maneira integral. As Casas de Francisco e Clara são guiadas por 10 Eixos Místicos, que na Amazônia são iluminados desde as espiritualidades locais. Partindo da realidade amazônica se faz necessário pensar uma caminhada para a Economia de Francisco e Clara, a partir dos elementos da cultura local, ter uma atenção especial as realidades urbanas. O trabalho em grupos foi um momento para avançar nas iniciativas que contemplam a Economia de Francisco e Clara na Amazônia Legal e práticas concretas que podem ser pensadas. Foram colocadas as feiras solidárias, a Fazenda da Esperança, os grupos de agricultura familiar, o cuidado com os rios e igarapés, a Pastoral da saúde, as comunidades extrativistas, as mudanças nos hábitos de consumo, valorizando o comércio local, coleta seletiva de lixo, o artesanato, trabalhos de ecologia local e oficinas para geração de renda, trabalho inter-religioso, segurança alimentar, criação de peixe, cooperativas de economia solidária, organização do povo, pastoral do Povo de Rua, dentre outras muitas propostas e iniciativas que estão sendo realizadas e planejadas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1