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CNBB conclama pela apuração de todas as denúncias “em vista de imediata correção política e social dos descompassos”

A situação que vive o Brasil tem provocado a reação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, que numa breve e contundente nota, publicada nesta sexta-feira, 9 de julho, “levanta sua voz neste momento, mais uma vez, para defender vidas ameaçadas, direitos desrespeitados e para apoiar a restauração da justiça, fazendo valer a verdade”. A nota, assinada pela presidência da CNBB, define o momento que está vivendo a sociedade democrática brasileira, como “um dos períodos mais desafiadores da sua história”. Diante da gravidade deste momento, os bispos afirmam que essa situação “exige de todos coragem, sensatez e pronta correção de rumos”. O episcopado brasileiro destaca “a trágica perda de mais de meio milhão de vidas”, uma situação “agravada pelas denúncias de prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia da COVID-19”. Citando as palavras da Mensagem da 56ª. Assembleia Geral ao Povo Brasileiro, publicada em 19 de abril de 2018, os bispo lembram que “Ao abdicarem da ética e da busca do bem comum, muitos agentes públicos e privados tornaram-se protagonistas de um cenário desolador, no qual a corrupção ganha destaque”, uma realidade cada vez mais presente na sociedade brasileira, que atingem os mais altos órgãos do poder executivo e legislativo. Diante dessa realidade, os bispos brasileiros dizem apoiar e conclamar “às instituições da República para que, sob o olhar da sociedade civil, sem se esquivar, efetivem procedimentos em favor da apuração, irrestrita e imparcial, de todas as denúncias, com consequências para quem quer que seja, em vista de imediata correção política e social dos descompassos”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Um dia sem mortes por Covid-19: uma luz de esperança a ser cuidada

Pela primeira vez em 16 meses, nesta terça-feira, 6 de julho, o Estado do Amazonas não teve nenhuma morte por coronavírus. Podemos dizer que essa é uma grande notícia, uma das melhores notícias dos últimos meses, algo que é um sinal de esperança no meio de tanta dor e sofrimento, que já acabou com a vida de ao menos 13.349 amazonenses. Ninguém sabe o que vai acontecer daqui para frente, mas se faz necessário tomarmos consciência de que o vírus será superado na medida em que a gente assuma o cuidado coletivo como prioridade fundamental. Para isso temos que ter solidariedade e empatia, entender que existem elementos que podem ajudar a superar a pandemia. Um deles é a vacina, que está sendo aplicada em grande quantidade no Estado do Amazonas, mas que, incompreensivelmente alguns se negam a receber, ignorando que sua decisão prejudica nem só eles como os outros, especialmente as pessoas com quem eles têm uma convivência mais próxima. A gente sabe que uma maçã podre pode fazer com que todas as outras apodreçam. O cuidado coletivo, ainda mais em uma sociedade onde cada vez mais é colocado na cabeça da gente que o outro é um inimigo, é uma atitude fundamental a ser assumida e testemunhada. Não podemos esquecer que a ciência, sim a ciência, isso que muitos se empenham em negar seu valor e importância, diz que no processo evolutivo, os seres humanos começaram a serem considerados como tais quando deram sinais evidentes de cuidado com os outros. Aquele que não cuida do outro não pode ser considerado um ser humano, pois a animalidade ocupa uma porcentagem maior no seu ser do que a humanidade. Infelizmente podemos dizer que ainda tem muito animal que diz ser humano, mas de fato não é. O ser humano tem que ser solidário e mostrar empatia para ele ser considerado como tal. Cultivar e promover essas atitudes que fazem parte do convívio social, especialmente nas nossas famílias, se faz algo inadiável. Quando a solidariedade e a empatia se tornam presentes na vida da gente, vamos percebendo que a felicidade e a alegria começam a tomar conta de nós. O mundo se torna melhor, e não podemos esquecer que fazer realidade um mundo melhor para todos e todas deve ser uma preocupação sempre presente na vida da gente. O que eu devo fazer para que assim seja? Como colaborar para que o cuidado coletivo, a solidariedade, a empatia se tornem atitudes mais presentes na minha vida e na vida daqueles mais próximos da gente? Como deixar para trás a dor e o sofrimento que tem estado tão presentes no meio de nós nos últimos meses? O fato de vivenciar um dia sem mortes no Estado do Amazonas vítimas da Covid-19 é algo que deve ser motivo de gratidão, mas também de toma de consciência de que é possível superar a pandemia e que isso depende da gente. É só entender e assumir que o cuidado coletivo, a solidariedade e a empatia é o caminho a seguir. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Garantir água de qualidade nas comunidades: mais uma missão da Igreja na Amazônia

A dificuldade de ter água para beber, água de qualidade num lugar onde a abundância de água impressiona. Isso acontece na região do Alto Solimões, na Tríplice Fronteira entre o Brasil, a Colômbia e o Peru, no coração da Amazônia. Numa floresta de grande biodiversidade, muitas vezes sua riqueza é saqueada por parte de potências econômicas estrangeiras e também brasileiras. Trata-se de uma região com grande presença indígena, onde o povo mais numeroso é o povo Tikuna. Ao mesmo tempo, essa é uma região com os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e de acesso a serviços de saneamento básico no Brasil. Nesta região, no município de Santo Antônio do Iça, se encontra a paróquia de Santo Antônio de Lisboa, que conta com 36 comunidades, a grande maioria no interior do município, 3 na beira do Solimões e 25 nas margens do Rio Iça. Além disso existem mais 27 comunidades de outras igrejas. Diante da realidade que é vivida nas comunidades, desde a paróquia “todas queremos acompanhar na defesa e promoção da vida, pois a água é um bem e um direito fundamental. O Deus da Vida não faz diferenças de religiões!”, segundo o padre Gabriel Carlotti, que junto com o padre Gabriel Burani, são missionários fidei donum na paróquia. Segundo os missionários da diocese de Reggio Emília, na Itália, “apesar de o bioma Amazônico ser abundante em recursos hídricos o acesso à água potável e de qualidade não está garantido à maioria dessas comunidades. Seja pela sazonalidade do rio, com cheias e secas extremas, seja pela má qualidade da água que é captada bruta em rios, córregos ou poços”. Uma alternativa usada pelas comunidades é a captação da água da chuva, um projeto em que a paróquia de Santo Antônio de Lisboa está colaborando, oferecendo para as comunidades caixas d’água de polietileno com capacidade de 500 litros para viabilizar a captação da água da chuva. Segundo os missionários, “temos consciência que isso não resolve todos os problemas, precisamos também de uma educação para a captação, o tratamento e a conservação da água da chuva para que não fique contaminada”. Ao mesmo tempo denunciam que “o poder público teria as condições de viabilizar uma melhor solução ao problema da falta de água de boa qualidade, mas, infelizmente, muitas vezes falta vontade política”. Junto com isso, afirmam que “nos dias de hoje uma política em favor da vida é mais difícil de se ver em nosso País”. Na região amazônica, “aumentou o desmatamento em favor das madeireiras, da criação de gado e do agronegócio. Com o aumento dos garimpos ilegais, de ouro e diamantes, sem nenhum controle dos Órgãos competentes, também estão sendo destruídas áreas ainda não contaminadas na nossa região. Esperando tempos melhores, nosso povo está adoecendo e morrendo!”, contam os missionários. Esse projeto surgiu a partir da situação em que o povo vive. Segundo o padre Gabriel Carlotti, “nossa atenção para a qualidade da água foi provocada por um encontro que se deu por ocasião de uma visita à comunidade de São Pedro, no rio Içá, a 180 km da sede do município. Chegamos no horário marcado para a celebração, mas ninguém estava no lugar. Perguntamos se as famílias estavam sabendo e nos responderam: ‘Sim, padre, o cacique avisou todo mundo, mas temos muitos doentes na comunidade, com febre alta e diarreia’”. Diante da situação o padre perguntou a causa, chegando na conclusão de que a origem deveria estar no fato de beber água do rio, pois na comunidade não tem igarapé onde pegar água. O povo bebia água sem nenhum tratamento com hipoclorito, por falta de agente de saúde. Isso levou os missionários a procurar ajuda que possibilitasse adquirir caixas de 500 litros para a captação da água da chuva. Já foram distribuídas 150 caixas e cada mês são levadas mais 40 caixas na lancha da paróquia. Junto com as caixas, no intuito de chamar a atenção para os perigos que podem decorrer da ingestão de uma água contaminada e/ou poluída a paróquia elaborou também uma cartilha orientadora sobre a importância dos cuidados com a caixa d’água, com as calhas, com as vasilhas e com a própria água a fim de evitar doenças. A cartilha explica com texto e desenhos como saber quando a água é poluída e os passos a serem dados para instalar e conservar as caixas d´água, o telhado e as calhas. A cartilha informa sobre diferentes métodos para deixar a água potável. Também informa sobre as doenças provocadas pela água contaminada, remédios caseiros e medidas importantes para prevenir doenças. Segundo os missionários, “temos consciência que ‘melhor que dar o peixe, é ensinar a pescar’, por isso confiamos que a gratuidade de ter recebido uma caixa de 500 litros para a captação da chuva, desperte para o cuidado com a água para que não seja contaminada.  Calhas para o telhado e instalação da caixa ficam ao cuidado de cada família. Sabemos que nem todo mundo vai fazer, mas optamos por correr o risco, responsabilizando as pessoas e pedindo a colaboração de quem será beneficiado”. Os missionários dizem ter outra esperança, “conseguir ‘contagiar’ o poder público para que melhore a saúde, o saneamento básico e o tratamento da água potável”. Sua inspiração está em Francisco de Assis, lembrando o que ele dizia aos seus companheiros: “Vamos trabalhar, que ainda não fizemos nada…”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Vida Religiosa feminina no interior da Amazônia: “Pau para toda obra”

Na Amazônia, tem muitos lugares onde a vida religiosa feminina é a única presença como agentes de pastoral. Elas são pau para toda obra, “assumindo os diferentes ministérios nas comunidades”, segundo Dom Adolfo Zon, bispo da Diocese do Alto Solimões. Um exemplo disso acontece em Santa Rita do Well, distrito de São Paulo de Olivença, na Diocese do Alto Solimões. A comunidade, situada na beira do Solimões, inaugurava no último sábado, 3 de julho, sua Unidade Básica de Saúde, com o nome de Marlene Aparício Tavares, a primeira enfermeira que trabalhou em Santa Rita.   A Unidade Básica de Saúde, uma construção abandonada há 4 anos, representa um serviço importante. Não podemos esquecer as dificuldades que vive o povo do interior diante da falta de serviços básicos de saúde, algo que agora deve ser revertido em Santa Rita do Well, onde o povo vai contar inclusive com tratamento odontológico. Na inauguração teve um momento de espiritualidade, onde a irmã Odete Christ, missionária da Imaculada (Pime), foi convidada em representação da Igreja católica. A religiosa, que insiste em que os bens públicos não são da Prefeitura ou do Estado, mas da comunidade que tem a responsabilidade de zelar por eles e não a depredar, destacou que “uma inauguração de uma UBS não pode ser feita sem a presença do médico, enfermeiros, agentes de saúde e todos que estão a serviço dos doentes”. Partindo do texto de Mateus 4,23-25, em que Jesus curava todas as pessoas sem fazer distinção e de qualquer região, a religiosa insistiu em que “todos estavam convidados a seguir os passos de Jesus, acolher a todos com amor, respeito, e se solidarizando com as situações mais variadas”. As salas foram abençoadas com água benta, e foi rezado pedindo “a ajuda de Deus no trabalho árduo que é a saúde e também os abençoasse”, segundo a religiosa. A irmã Odete diz tem sentido “a presença de Deus nos acompanhando naquele momento solene”. As religiosas do Pime, presentes na comunidade de Santa Rita do Well, acompanham as comunidades vizinhas, participando do trabalho de formação dos indígenas do povo Tikuna e Kokama. Seu trabalho e a celebração do sábado 3 de julho, é mais um exemplo do trabalho missionário da Vida Religiosa feminina na Amazônia. Elas são muitas vezes a única presença eclesial continua nas comunidades mais distantes, fazendo assim realidade o pedido do Sínodo para a Amazônia, de ser uma Igreja de presença e não só de visita. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Seminaristas de Borba participam de duas semanas de missão

Dentro do recesso que os seminaristas costumam ter na metade do ano, os 10 seminaristas da Prelazia de Borba, 5 do Seminário Maior São José de Manaus,  onde se formam os seminaristas do Regional Norte 1, e 5 do Seminário Propedêutico, que tem sua sede na cidade de Borba, participam de um tempo de missão. A experiência missionária está acontecendo na Vila de Urucurituba, no município de Autazes. Os seminaristas começaram seu tempo de missão na segunda-feira, 28 de junho, e vai se prolongar até domingo 11 de julho. Mais uma experiência dentro do processo formativo que vai lhes ajudar em sua caminhada. A Prelazia de Borba pede orações pelas vocações sacerdotais missionárias. Com informações da Prelazia de Borba

Óbolo de São Pedro: momento de colaborar com a caridade do Papa

Neste domingo, 4 de julho, em que a Igreja do Brasil celebra a solenidade de São Pedro e São Paulo apóstolos, acontece a coleta para o Óbolo de São Pedro, que é destinada para as obras sociais, iniciativas humanitárias e de promoção social do Papa Francisco. Toda a arrecadação deste dia é encaminhada integralmente à cúria de cada arqui/diocese, que por sua vez envia à Nunciatura Apostólica, que é a representação do Vaticano no Brasil. A coleta do Óbolo de São Pedro acontece todos os anos no domingo da celebração da solenidade de São Pedro e São Paulo. Neste dia, por decisão da 7ª Assembleia Geral Ordinária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em todas as Igrejas, oratórios, mesmo dos mosteiros, conventos e colégios, comemora-se o dia do Papa, com pregações e orações que traduzam amor, veneração, respeito e obediência ao vigário de Cristo e com ofertas para o Óbolo de São Pedro. Com Informações da CNBB

Dom Leonardo abençoa o Barco Hospital São João XXIII: “presença misericordiosa de Deus no meio de nós”

Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, abençoou nesta quinta-feira, 1º de julho, o Barco Hospital São João XXIII. Trata-se do terceiro barco hospital que vai surcar os rios da Amazônia, após o Barco Hospital Papa Francisco, que desde 2019 atende à população do Estado do Pará, e o Barco Hospital São João Paulo II, comprado em outubro de 2020 e que vai acompanhar as comunidades da Região do Baixo Amazonas. O novo barco, um navio de 4 pisos, vai atender as comunidades do Rio Negro e do Rio Solimões, e, segundo Dom Leonardo, “haverá de curar também os enfermos, mas não apenas os enfermos do corpo, mas também os enfermos no espírito, na alma”. O arcebispo de Manaus lembrou que “Jesus sempre que cura alguém diz os teus pecados são perdoados, ele quer curar a pessoa por inteira”. O arcebispo insistiu em “que esse barco hospital seja essa presença misericordiosa de Deus no meio de nós, em Jesus, e que cada enfermo, cada enferma que entrar nesse barco hospital seja recebido como se recebêssemos Jesus, e cuidemos de Jesus nesses nossos irmãos e irmãs”. A celebração de benção contou com a presença de Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, bispo auxiliar de Manaus e vice-presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e Dom Bernardo Johannes Bahlmann, bispo de Óbidos e presidente do Regional Norte 2 da CNBB, onde trabalham os outros dois barcos hospitais. Junto com eles se fez presente Jorsinei Dourado do Nascimento, procurador do Ministério Público do Trabalho do Estado do Amazonas, uma das entidades parceiras. Segundo ele, “o projeto do Barco Hospital São João XXIII, ele faz parte de um trabalho também do Ministério Público do Trabalho, na medida em que foram revestidos valores de processos judiciais em que o Ministério Público atuou, em que empresas foram condenadas, e estes recursos que devem ser revestidos obrigatoriamente em projetos que beneficiam à sociedade amazonense”. Segundo o procurador, os recursos, “eles estão sendo canalizados para esse projeto do barco, que tem uma finalidade social clara e evidente, na medida em que entregará, quando ele estiver completamente pronto para operar nas comunidades ribeirinhas, um serviço de saúde pública, e que vai atingir as pessoas que mais necessitam, que são as comunidades ribeirinhas e as comunidades indígenas”. Jorsenei Dourado do Nascimento, insiste nessa dificuldade de ter acesso da população dessas comunidades, “seja por questão logística, seja por questão de costume, até mesmo da precariedade do serviço de saúde no interior, as pessoas não conseguem ter acesso, e vão ter com o barco”. Também participaram do evento os frades da Associação Lar de São Francisco da Providência de Deus, que administram os barcos hospitais Papa Francisco e São João Paulo II. O novo barco hospital, que depois de um trabalho de reabilitação e adaptação tem previsto começar os trabalhos médicos no início de 2022, vai atender a população, desde o serviço mais básico até serviços mais complexos, como cirurgias. Com o novo barco, essas pessoas irão ser atendidas em suas comunidades por profissionais de saúde. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

A pior friagem é aquela que congela os corações

A friagem no Brasil, inclusive no Norte do país, se tornou notícia nas últimas horas, e isso deve nos levar a nos questionarmos sobre o perigo desse frio tomar conta dos nossos corações e que eles fiquem congelados. Um coração congelado não reage diante das situações, fica impassível, não expressa sentimentos, e acaba morrendo. Quando o coração da gente esfria, a gente deixa de ser humano. Perder a humanidade, algo cada vez mais presente na sociedade atual, se tornou uma realidade preocupante. A humanidade é a condição que nos leva a nos preocuparmos com o sofrimento dos outros, que nos faz reagir diante das injustiças, que nos leva a lutar por direitos para todos e todas, mas especialmente para os mais fracos, para os pequenos, para aqueles que não contam. Nesta semana, Dom Joel Portella Amado se perguntava: “Se nós não somos um país que pode confiar sequer na garantia e na proteção dada pela sua lei maior, onde é que nós vamos?” Ele fazia esse questionamento no acampamento da Esplanada dos Ministérios, onde os povos indígenas lutam por defender os direitos garantidos na Constituição Federal, e o primeiro direito é à terra, que para os povos originários é Mãe e não objeto de lucro e exploração desmedida. Diante de uma luta que se prolonga durante semanas, muitos de nós fazemos de conta que não está acontecendo nada. Inclusive deixamos ser manipulados por meios de comunicação que na tentativa de favorecer interesses políticos e econômicos distorcem informações, colocando as vítimas como culpados. O que fazer para aquecer os nossos corações? Como mostrar empatia por aqueles que são vítimas de projetos de morte? Qual é o lado que a gente escolhe? Como deixar de estar sempre acima do muro e tomar postura pelas vítimas? Como evitar continuar sendo manipulados por aqueles que estão ao serviço do poder e não do povo? Quando a gente se questiona e tenta responder às perguntas, a gente vai aquecendo o coração, vai criando sentimentos de empatia, que evitam viver como se nada estivesse acontecendo em volta da gente, ou como se nada do que acontece nos atingisse. Não podemos nos somar a discursos dominantes que justificam mortes cruéis, seja quem for o ajustiçado. Quando a gente não conhece a realidade na sua totalidade, quando os verdadeiros culpados ficam protegidos por um sistema que tem lado, nos tornamos aliados daqueles que se colocam como donos da lei, inclusive da lei suprema que é a vida, da qual ninguém pode dispor. Um dos grandes desafios é defender a vida, e isso a gente o consegue quando a gente tem sentimentos, quando o coração está aquecido. A friagem sempre tem que ser passageira, sobretudo aquela que pode nos esfriar o coração para sempre. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Fernando agradece a Deus pela “experiência de ser missionário na Amazônia”

Numa carta dirigida aos bispos e às Coordenações de Pastoral do Regional Norte 1, Dom Fernando Barbosa, bispo da Prelazia de Tefé nos últimos 7 anos e bispo eleito da Diocese de Palmares, se despede daqueles com quem partilhou sua missão desde 2014. Faz isso “com o coração cheio de gratidão”, um sentimento que brota da sua “alegria em ter sido agraciado com meu envio para essas terras na Amazônia, neste chão que servi durante esses quase 7 anos”. Dom Fernando agradece pela amizade e missão partilhada, insistindo em que “a comunhão dos irmãos nos torna pessoas mais corajosas e empenhadas”. O bispo eleito de Palmares destaca as trocas de experiências, que ele define como “fundamentais para minha caminhada e principalmente para conhecer e entender sempre mais sobre a riqueza que é fazer parte desta grande maloca”. Dom Fernando agradece a Deus pela “experiência de ser missionário na Amazônia”, que ele define como “uma das maiores alegrias na minha vida de sacerdócio”. Dom Fernando diz partir emocionado, esperando encontrar na sua nova missão “pessoas tão amigas, comprometidas com o Reino de Deus e apaixonas pela fé, como encontrei neste rincão da Amazônia”. O bispo destaca ter vivido com pessoas cheias de “amor, misericórdia e esperança”, citando as palavras do Papa Francisco em Querida Amazônia, onde fala das “comunidades vivas”, uma realidade presente na Prelazia de Tefé e onde tem experimentado o amor de Deus. Agradecendo o companheirismo e comunhão vividos “no serviço no Regional Norte I”, convida os bispos do Regional Norte I, para sua posse na Diocese de Palmares, no dia 22 de agosto de 2021.Finalmente pede orações por ele, afirmando que “no coração não há distância, só profundidade de amar o que recebemos de Deus”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Fernando Barbosa: “A escuta nos ajuda a nos inserir na comunidade, na Amazônia”

No dia 9 de junho, o Papa Francisco nomeou Dom Fernando Barbosa dos Santos novo bispo de Palmares (PE). Chegado na Prelazia de Tefé em 2014, o bispo faz uma leitura do tempo vivido na Amazônia, onde diz ter vivido uma grande experiência, “experiência missionária, experiência de despojamento, de simplicidade, de humildade”. Dom Fernando destaca que “a Prelazia de Tefé é uma Igreja missionária, com um rosto laico”, colocando os dois grandes encontros das CEBs acontecidos nos últimos 7 anos como momentos marcantes no seu tempo na Prelazia. Ele também destaca a importância do Sínodo para a Amazônia, onde o bispo eleito de Palmares participou como padre sinodal. Segundo Dom Fernando, a maior contribuição do Sínodo “é esse reforço do engajamento de nossos leigos e leigas dentro de uma realidade amazônica”, insistindo na importância do reconhecimento dos ministérios. Ao falar sobre a escuta, uma insistência cada vez maior da parte do Papa Francisco, Dom Fernando afirma que “a escuta nos ajuda a nos inserir na comunidade, na Amazônia”. Segundo ele, “você chega numa terra desconhecida e se torna conhecido quando você dialoga com as pessoas, quando escuta”, enfatizando que “na escuta se fala da vida, se fala dos sonhos das pessoas”. É essa atitude de escuta que espera lhe acompanhe em sua nova missão na Diocese de Palmares. Depois de 7 anos como bispo na Amazônia, na Prelazia de Tefé, volta de novo para uma região que o senhor conhece. O que o senhor está levando de volta da Amazônia e o que é que o senhor espera diante da nova missão como bispo de Palmares? Diante deste momento que estou vivendo de transferência, da Prelazia de Tefé para a Diocese de Palmares, primeiramente eu levarei a grande experiência da Amazônia, experiência missionária, experiência de despojamento, de simplicidade, de humildade. Foi aqui na Amazônia que eu aprendi ser bispo, aprendi a caminhar com os povos amazônicos, principalmente os povos indígenas. Levo essa parcela de contribuição, tanto na minha vida futura quanto também naquela comunidade, naquela diocese que com muita alegria também me acolhe. Tudo isto são contribuições necessárias que vamos adquirindo nesse tempo tão pouco que eu passei na Prelazia de Tefé. Qual seria o melhor momento, a melhor experiência nestes sete anos na Prelazia? A Prelazia de Tefé é uma Igreja missionária, com um rosto laico. O que mais me marcou como experiência, o que mais me chamou a atenção, o que mais me envolveu na missão, foi a experiência das comunidades de base, a experiência com alguns povos indígenas e a experiência juntamente com os agentes de pastoral, os leigos e leigas. Teve um momento muito importante da Prelazia de Tefé, que eu participei de dois encontros das CEBs. Logo quando eu cheguei, em 2014, e também em 2018, que foi na cidade de Jutaí. Nesse encontro das comunidades, a temática era o Sínodo para a Amazônia, nós trabalhamos muito isto. Lembro muito bem que o irmão João Gutemberg foi um dos facilitadores, o cantor leigo consagrado Zé Vicente, e muitos outros assessores, que foram até a cidade de Jutaí, onde era sediado o encontro das comunidades. Me chamou muito a atenção a presença de mais de mil lideranças, mil delegados de toda a Prelazia. O envolvimento das pessoas, a alegria, tanto os moradores da cidade, acolher todos os delegados das CEBs, como também o engajamento dessas pessoas nas oficinas, aprofundando o que é a REPAM, o que era o Sínodo, que novos caminhos são esses. Tudo aquilo nos ajudou bastante, e está ajudando, o Sínodo está ajudando as nossas Igrejas particulares a encontrar caminhos pastorais mais dinâmicos, uma Igreja mais evangelizadora. Para mim foram muito marcantes esses dois momentos na Prelazia de Tefé, e tantos outros, como a festa de Santa Teresa, beber nas suas fontes espirituais também ajuda muito o bispo. O senhor falou do Sínodo para a Amazônia, o senhor foi padre sinodal, participou de todo o processo, e até agora esteve participando desses novos caminhos. Como o senhor pensa que o Sínodo para a Amazônia pode ajudar, nem só a Igreja da Amazônia, como a Igreja do Brasil e do mundo, nesse processo de renovação e conversão pastoral? Falar do Sínodo para a Amazônia, do qual participei com alegria, com a convocação que o Santo Padre fez a todos os bispos da Pan-Amazônia, a maior contribuição que o Sínodo está trazendo para as Igrejas particulares, especialmente para Tefé, é esse reforço do engajamento de nossos leigos e leigas dentro de uma realidade amazônica que exija da própria comunidade eclesial o reconhecimento dos ministérios, é muito importante esse reconhecimento. Existe já muitas experiências, riquezas importantíssimas para a evangelização na Prelazia de Tefé, como o ministério dos animadores do setor, instituído pelo bispo, como uma marca muito grande de todos os bispos que passaram por esta Igreja local. Nesses novos caminhos, quero destacar a importância dos catequistas locais, que na Prelazia de Tefé já havia uma experiência de catequistas locais, que é o reconhecimento daquele animador da comunidade instituído pelo bispo. Ali, aquela pessoa representa a comunidade, representa a Igreja, e ele é reconhecido. Ele é enviado, ele é apresentado à comunidade, como responsável daquela pequena comunidade ribeirinha. Os novos caminhos nos levam também a beber desta fonte dos nossos povos indígenas, tanta beleza na sua vivência espiritual e no seu relacionamento com a natureza, com a comunidade. O sentido de partilha, o sentido de pertencer a um chão que tem toda uma intimidade de amor, como mãe Terra, esse vínculo de amor, esses povos que defendem a vida, que defendem o Planeta, que defendem a casa comum. São tantos novos caminhos! E como resultado do Sínodo, o Papa Francisco nos deu um presente, que a exortação apostólica, que trata dos quatro sonhos já conhecidos: ecológico, social, cultural e eclesial. Cada sonho desses já uma realidade em muitas dioceses, já se concretizam muitas coisas. Mas para avançar mais ainda à luz do Sínodo, nós temos a graça agora da Conferência Eclesial da Amazônia, a CEAMA.É…
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