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Economia de Francisco e Clara Regional Norte 1: necessária releitura histórica dos impactos coloniais nos territórios

O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil se reunia neste último sábado para refletir sobre a Economia de Francisco e Clara. Trata-se de uma proposta do Papa Francisco, que surgiu para provocar a reflexão de jovens até 35 Anos que sonham, desejam dar alma a economia.  Estamos diante da possibilidade de uma “economia encarnada nas mais diversas sociedades, que inclui e não descarta, que integra e possibilita vivências de comunhão fraterna entre os povos”, segundo a irmã Elis Alberta Santos, uma das assessoras do encontro. “Essa economia trata de horizontalizar as lutas pelo direito da natureza e dos empobrecidos, articulando essas lutas num só grito, por novas economias”, segundo a religiosa.  A base da proposta está na Laudato Si, e ao longo de mais de dois anos se vem refletindo nesse caminho. Na Amazônia, a Economia de Francisco e Clara nos remete, segundo a Ir. Elis, para uma leitura crítica da realidade. Segundo a religiosa, nascida em Manaus, “é importante decolonizar mentes e corpos, a partir de uma releitura histórica de como os impactos coloniais afetaram e ainda afetam cruelmente nossos territórios, desde pequenos lugares, aldeias para a construção das grandes cidades”. Segundo a religiosa da Divina Providência, “o capitalismo embasa todo o processo colonial e continua hoje invadindo e saqueando os territórios indígenas”.  Tudo isso provocou fortes consequências, levando muita gente da Amazônia a negar “a nossa própria identidade”, consequência de “políticas assimilacionistas do estado nacional brasileio que criou estratégias legais para que deixássemos de existir”, segundo a Ir. Elis. Manaus é um claro exemplo disso, algo que tem provocado a reflexão da Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara. Daí surgem questionamentos no campo ambiental, vítima de uma economia que mata. A religiosa interligava a experiência mística de São Francisco de Assis com “a nossa experiência enquanto povo amazônico, do cuidado com a Mãe Terra, com o cosmo, com tudo que nos compõe e com o que propõe o Papa Francsico a partir desse chamado de ‘realmar a economia’ e no documento da Laudato Si que se entrelaça com Fratelli tutti”. Segundo a assessora do encontro, se faz necessário, recolhendo as palavras do Papa Francisco, “dar voz aos pobres e vulneráveis na criação de novas políticas econômicas para que se tornem protagonistas de suas vidas e de todo contexto social”. A reflexão vai se concretizando nas vilas temáticas, nas casas de Francisco e Clara, como espaços de comunhão fraterna, de vivência e imersão, que ajudem a reconstruir novas interações ecológicas e econômicas, a partir de outras lógicas, dialógicas e inclusivas, afirma a Ir. Elis. Também foi destacada a Aliança Mulher Mãe Terra, relatando diferentes experiências em que isso vai se concretizando na Amazônia e no Brasil. As Vilas Temáticas foram apresentadas pela Ir. Michele da Silva, quem mostrava que são subdivisões em grupos temáticos, que podem ser considerados como “laboratórios de diálogo, escuta e partilha de vida, com o propósito de encontrar soluções conjuntas e caminhos alternativos para uma nova economia”. Trata-se de uma construção conjunta entre os jovens e economistas experientes, “para pensar de forma crítica e sustentável, soluções para os problemas do mundo contemporâneo”, segundo a religiosa do Imaculado Coração de Maria. Em cada realidade local estão sendo construídas cada uma das vilas temáticas. A religiosa foi apresentando-as, mostrando os elementos mais importantes de cada uma das vilas. São 12 as vilas que fazem parte da Economia de Francisco e Clara: Finanças e humanidade, buscando o bem-estar das pessoas, investimentos que trabalhem pelo bem comum; Agricultura e Justiça, atenta às mudanças climáticas, direitos trabalhistas e direito à água, o papel das mulheres; Energia e pobreza, transitando para uma economia de baixo carbono; Lucro e vocação, um trabalho que ajude a desenvolver os dons que cada pessoa tem.   Entre as vilas temáticas também está Negócios em transição, buscando respostas diante da crise ambiental, e provocando transições que não excluam os mais pobres e vulneráveis; Gestão e dom, promovendo a gratuidade nos negócios e uma gestão sustentável; Trabalho e cuidado, com novas perspectivas culturais da atividade do trabalho, sustentadas na “ecologia humana integral”; Políticas e felicidade, com novas dinâmicas, não sustentadas no individualismo; CO2 das desigualdades, buscando semear uma nova economia, construir uma cultura de paz e bem, fomentar o trabalho como atividade humana digna. As vilas temáticas também abordam as questões de Vida e estilo de vida, que não seja distante da vida, que promova o não desperdiço e a equidade; Negócios e paz, um objetivo a ser ativamente promovido; Mulheres pela economia, mais inclusiva, equitativa e centrada nas pessoas, reconhecendo as capacidades das mulheres e criando novos modelos organizacionais, novas ferramentas de inclusão e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Na Amazônia, a Ir. Michele da Silva, buscando uma terminologia mais inculturada, falava de construir “Malocas”. Para isso se faz necessário identificar as iniciativas existentes, escuta das pessoas que dinamizam essa economia, subsidiar essas iniciativas e ampliar o trabalho, para que Economias alternativas, tenham espaço e fomentem um consumo consciente. Junto com isso, construir as Malocas ou Aldeias com as temáticas (grupos de estudo) ligadas a nossa realidade local. Também criar uma Casa ou mais Casas de Francisco, como referencial da ECOFRAN Norte 1.  Do encontro participaram representantes das pastorais, do conselho de leigos, da vida religiosa, mas também representantes do mundo político e académico. Nas reflexões oferecidas pelos presentes foi enfatizado a necessidade de abrir os encontros e reflexões sobre a Economia de Francisco e Clara a espaços extra eclesiais, o que deve ajudar a espalhar suas propostas e se enriquecer com ideias de outros coletivos que não participam ativamente da vida da Igreja. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Agenor Brighenti: o Sínodo “vai exigir que a gente repense as estruturas da Igreja”

O Sínodo sobre a sinodalidade se apresenta como “uma experiência única para a Igreja como um todo”, segundo Agenor Brighenti. O teólogo brasileiro foi nomeado recentemente membro da Comissão teológica do Sínodo, um serviço que ele diz acolher com muita alegria. O exercício da sinodalidade tem sido uma dificuldade na Igreja pós-conciliar, e “o Papa Francisco, ele está dando passos muito decisivos e consequentes na implementação dessa sinodalidade”, segundo Agenor. Na entrevista ele vai refletindo sobre os passos dados e as dificuldades enfrentadas na vivência da sinodalidade na América Latina. A Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, um claro exemplo de sinodalidade, é vista pelo teólogo como um bom aprendizado para o próximo Sínodo. As consequências desse Sínodo, “vai depender muito do processo de escuta”, segundo o padre Brighenti. Na medida em que “escuta o clamor, as demandas, os desafios, a Igreja também se converte à realidade, que a gente abre a possiblidade de uma conversão aos ideais do Evangelho”. Tudo isso “vai exigir que a gente repense as estruturas da Igreja”. Acaba de ser nomeado membro da Comissão teológica do Sínodo sobre a Sinodalidade. O que representa essa nomeação em seu trabalho como teólogo? É um serviço que a gente acolhe com muita alegria, a pesar do grande desafio e das dificuldades que se vá encontrar, mas é um momento único na Igreja. A gente nunca tinha pensado que a sinolalidade pudesse ser uma realidade estrutural, porque vai ter um momento nas igrejas locais. A partir dali vai ter um momento continental, nos cinco continentes, para desembocar numa assembleia geral. Nós podemos dizer que vai ser uma experiência única para a Igreja como um todo, porque nós teremos o Sínodo dos Bispos naquela perspectiva da Constituição Episcopalis Communio, que quer fazer da assembleia do Sínodo uma assembleia do Povo de Deus, onde a Igreja se configura como uma Igreja de igrejas, uma comunhão de igrejas locais. A sinodalidade, ela é expressiva realmente quando ela é expressão da voz do Povo de Deus a través das Igrejas locais. É um fato inusitado de Francisco que a gente acolhe com muita alegria e que a gente vai tentar colaborar na medida do possível. Fala sobre sinodalidade como uma dimensão estrutural da Igreja, que na verdade não é algo novo e sim uma proposta que surgiu do Concilio Vaticano II. Por que aconteceram tantas dificuldades para só depois de quase 60 anos assumir essa dimensão estruturante que o Concilio marcava como um elemento fundamental? Nós estamos num processo de recepção do Concilio Vaticano II, que é um processo de renovação da Igreja em grandes proporções, e um dos aspectos em que se teve grande dificuldade de avançar foi justamente no exercício da sinodalidade. Como fazer que o “sensus fidei” pudesse ser expressão da Igreja como um todo, desde as igrejas locais, as instâncias intermediárias, como são as conferências episcopais nacionais e continentais, e sobretudo a questão da Cúria Romana. O Papa Francisco, ele está dando passos muito decisivos e consequentes na implementação dessa sinodalidade, que teologicamente já está na reflexão do Vaticano II, mas que do ponto de vista da sua operacionalidade, se caminhou muito pouco. O grande desafio era situar a episcopalidade ou a colegialidade episcopal no seio da sinodalidade eclesial. Sempre foi algo difícil na Igreja isso, situar o bispo como membro do Povo de Deus, não como condutor do Povo de Deus, não como mestre do Povo de Deus, não como alguém que comanda o Povo de Deus, mas como membro do Povo de Deus. Aparecida, e isso é muito interessante nesse sentido, ela situa os bispos como membros do Povo de Deus, e Francisco, ele tem insistido que os bispos não podem ser uma espécie de elite na Igreja, eles precisam ser inseridos dentro do Povo de Deus. Mesmo quando há um organismo como uma conferência episcopal ou como um sínodo, que é de bispos, ele não pode ser expressão simplesmente de um setor da Igreja. Se há uma reunião de um segmento da Igreja, ele deve ser porta voz de todo esse sentir comum do Povo de Deus. Nesse sentido, na atualidade, a renovação do Vaticano II dá um passo substancial, como vai ser também a reforma da Cúria, como vai se pensar, certamente, o estatuto das conferências episcopais nacionais, para que sejam expressão de uma assembleia eclesial e não simplesmente de bispos. Como se vai repensar também certamente o papel do bispo nas dioceses, por que canonicamente os bispos, dentro da Igreja local, eles são muito pouco sinodais do ponto de vista do Direito Canónico, tanto que conselhos e assembleias são facultativos. Certamente, com esse sínodo vai se sentir necessidade de fazer com que esses organismos de comunhão, que hoje na Igreja existem mais ou menos funcionando, mas que eles precisam ser não facultativos, mas obrigatórios. Como a Igreja vai ser Povo de Deus, sinodal, o Povo de Deus vai exercer o “sensus fidei” se não há organismos estáveis que assegurem essa participação efetiva de todos no discernimento e na tomada de decisões daquilo que é relativo à vida pastoral. Mesmo aos trancos e barrancos, a gente pode dizer que América Latina tem sido o continente onde tem se realizado maiores esforços nessa tentativa de viver a sinodalidade. O que pode aportar a Igreja da América Latina e do Caribe ao próximo Sínodo sobre a Sinodalidade? A Igreja na América Latina, ela tem sido muito pioneira em muitos aspectos da recepção do Vaticano II, tanto que se diz que aqui houve uma recepção criativa do Concilio. Não no sentido de simplesmente repetir ou implementar a letra de um texto, mas aqui se fez uma recepção dentro do nosso contexto latino-americano. Por exemplo, categorias como nova evangelização, conversão pastoral, e essa renovação com relação a organismos eclesiais mais de comunhão e participação e mais sinodais, tem sido também a Igreja da América Latina uma pioneira. Medellín, enquanto conferência continental, já tinha havido em 1955 em Rio de Janeiro, são conferências pioneiras. Que um continente…
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Corpo de Dom Alcimar chega em Tabatinga a será sepultado na quarta-feira

Após as homenagens em Manaus, onde foi velado na Igreja de São Sebastião, o corpo de Dom Alcimar Caldas Magalhães, bispo emérito da diocese de Alto Solimões, chegou na manhã desta terça-feira, 22 de junho, no aeroporto Internacional de Tabatinga, onde foi recebido pelo bispo local, Dom Adolfo Zon, e representantes da diocese e da sociedade civil. Em Manaus, na Igreja de São Sebastião foram celebradas duas missas, uma presidida por Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, e outra concelebrada por Dom José Albuquerque, bispo auxiliar de Manaus, Dom Gutemberg Regis Freire, bispo emértio de Coari, e Dom Mário Pasqualotto, bispo auxiliar emérito de Manaus. Nas duas teve a presença dos freis capuchinhos e dos familiares e amigo se de Dom Alcimar.  Acompanhando o corpo do bispo falecido viajou Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, Frei Carlo Maria Chistolini, custódio dos Capuchinhos do Amazonas e Roraima, alguns freis capuchinhos e familiares de Dom Alcimar. Após as homenagens da banda de música do CFSol 8º.bis, e a carreata pelas ruas da cidade, o corpo do bispo chegou na catedral do Perpétuo Socorro, onde será velado até seu sepultamento na tarde da quarta-feira. A vida religiosa, o clero, as comunidades e pastorais da diocese, têm organizado momentos de oração e serão celebradas três missas para evitar aglomerações. Num comunicado, o bispo local pede aos fiéis “que participem das celebrações conforme a programação para não juntar muitas pessoas na celebração de quarta-feira às 16:00hs”. O comunicado também diz que “durante á tarde do dia 22 e durante a manhã do dia 23 fica disponível para as diversas homenagens que queiram realizar em honra ao nosso bispo emérito Dom Alcimar Caldas Magalhães OFMCap”. Dom Adolfo Zon, que recebeu uma mensagem de condolências do Papa Francisco nesta segunda-feira pelo falecimento de Dom Alcimar Caldas Magalhães, lembra no comunicado que “ainda estamos em tempo de pandemia, e seguiremos os protocolos de segurança orientados pela ANVISA (uso obrigatório de máscara, álcool em gel, distanciamento social)”. Finalmente, ele pede “que todos possam participar com espirito de gratidão, sustentados pela graça de Deus, e fortalecidos em nossa fé”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Leonardo: “Queremos recordar a irresponsabilidade das autoridades no cuidado do tempo pandêmico”

A Arquidiocese de Manaus, como tem acontecido nos últimos dias em muitas Igrejas do Brasil, realizou nesta segunda-feira um momento celebrativo de memória e Justiça, 500 velas por 500 mil vidas ceifadas. Com os últimos raios de sol começou uma celebração onde foi lembrado que cada pessoa é uma história, uma rede de relações, uma fonte de muitas lembranças. Como foi enfatizado nos primeiros momentos do ato, promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com o nome “Toda Vida importa”, nossa dor é coletiva, insistindo em que a solidariedade supera o isolamento. No ato, presidido por Dom Leonardo Steiner, estavam presentes algumas lideranças da diocese, padres, vida religiosa, leigos e leigas das paróquias, áreas missionárias, pastorais e movimentos que fazem parte da vida da arquidiocese de Manaus. Segundo o arcebispo, foi “um momento celebrativo de grande significação, pois desejamos fazer memória”. Ele insistiu em que “memória não é apenas recordar, memória é guardar, é trazer a luz”, tanto “o caminho da nossa sociedade, mas também o caminho da nossa Igreja”. Mas o arcebispo de Manaus também enfatizou que aquele era “um momento também de justiça, justiça porque quando falarmos de justiça estamos falando daquilo que é equânime, aquilo que pertence a todos”. Segundo Dom Leonardo, “neste momento, a dor pertence a todos nós, a separação pertence a todos nós, a morte está pertencendo a todos nós, porque nós os vivos desejamos recordar os mortos”. Mas também, é justiça “porque neste momento queremos recordar a irresponsabilidade das autoridades no cuidado do tempo pandêmico”. Segundo Dom Leonardo, “queremos fazer deste momento luz”. Acender 500 velas diante da Catedral, que o arcebispo lembrava que é “nossa Igreja mãe da arquidiocese de Manaus”, quis simbolizar a presença de todos aqueles que vieram a óbito em Manaus, na arquidiocese, mas também no Estado do Amazonas, donde o número de falecidos já supera os 13.200, e no Brasil. Refletindo sobre as mortes provocadas pela pandemia, o arcebispo afirmava que “a partir da fé, nós sabemos que participamos de uma mesma comunhão, de uma mesma vida. Eles nos acompanhem e nos ajudem a trilhar os passos, a fazer o caminho neste tempo de pandemia”. Por isso ele insistia em “que cada vela acessa seja um pequeno sinal da nossa esperança, esperança de um Brasil melhor, esperança de que nós estamos dispostos a lutar, esperança de um Brasil mais justo, esperança de um Brasil onde todas as pessoas tenham mais oportunidade”. E junto com isso pedia “que este momento celebrativo, de justiça e de memória, nos ajude a sermos pessoas ativas na nossa sociedade e também na nossa Igreja”. Durante o ato foram lidos nomes de pessoas falecidas diante da falta de assistência, de oxigênio, de uma coordenação nacional de medidas sanitárias. Pessoas conhecidas, dado que como foi lembrado “em Manaus vivemos os piores dias das nossas vidas, nos picos da primeira e da segunda onda”. Por isso foi denunciado que “nós amazonenses não somos cobaias, merecemos respeito”. A partir daí, mais uma vez, como sempre tem feito a Igreja de Manaus, foi reforçado o chamado a todos a se vacinar. Não podemos esquecer que nosso Deus é um Deus da Vida, toda vida importa. Somos desafiados a apontar soluções, apontar caminhos a serem seguidos para superar essa catástrofe, como foi sublinhado no ato. Também se insistiu no papel fundamental da CPI no Senado para buscar responsáveis pela catástrofe. Num estado que foi laboratório, segundo foi lembrado, há a necessidade de os políticos fazer seu trabalho fiscalizatório para que as vidas que se foram não sejam em vão. Também foi pedido pelos profissionais da saúde, verdadeiros heróis neste tempo de pandemia. Após rezar juntos a oração elaborada pela CNBB para este momento, Dom Leonardo Steiner destacava a necessidade de “continuar muito unidos e muito solidários para podermos continuar a enfrentar este tempo pandémico, mas também para podermos enfrentar este momento em que temos que exigir das autoridades maior cuidado e maior entrega de vacinas”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Leonardo agradece a Deus por Dom Alcimar, “um missionário que procurou viver simples e pobre, como vive o seu povo”

Dom Leonardo Steiner presidia nesta segunda-feira uma missa de corpo presente pelo sufrágio de Dom Alcimar Caldas Magalhães, bispo emérito da diocese do Alto Solimões, falecido ontem, 20 de junho em Manaus. A celebração aconteceu na Igreja de São Sebastião, no centro da capital amazonense.   Tem sido um momento para “recordar o bem que ele fez, mas o bem que ele foi para a Igreja, como capuchinho que foi, sempre a disposição do Povo de Deus”, segundo o arcebispo de Manaus dizia no início da celebração. Também um momento para “louvar a Deus por esta presença, por esta ação de Deus no meio de nós”. Dom Leonardo definia o bispo falecido como alguém que “se sentia ligado à Amazônia, à Igreja da Amazônia, com tantas iniciativas, e por isso, nós queremos louvar e agradecer a Deus, agradecer a Deus por ter tentado ser coerente com o Evangelho, por ter sido religioso coerente, por ter sido um padre coerente, mas por ter sido também um bispo coerente”. Na sua homilia, o metropolita refletia dizendo que “buscar a outra margem é a tarefa da nossa vida, buscar a outra margem nos é dado e nos é oferecido por Jesus”. Segundo o arcebispo de Manaus, “todos os que buscam a outra margem não fazem sem conflito, sem dificuldade, porque na medida em que vamos buscando a outra margem, vamos percebendo, e temos a percepção cada vez mais nítida da nossa fragilidade. E porque percebemos a nossa fragilidade, percebemos devagar a presença de Jesus que nunca nos abandona, Ele sempre está conosco”. Lembrando o momento em que Dom Alcimar, sendo um adolescente, saiu quase fugido de casa porque desejava ser frade, Dom Leonardo Steiner se referia ao bispo emérito do Alto Solimões como alguém que “além das fraquezas ou dificuldades, ele buscou viver o Evangelho, ele buscou seguir Jesus, ele foi o anunciador da presença de Jesus, ele não deixou jamais de se dar, se doar”. Esse fato era visto pelo arcebispo como algo que “é tão extraordinário, quando nós pensamos que a essência do Evangelho é a misericórdia, a misericórdia, essa doação, esse cuidado”. Para Dom Leonardo, diante da morte de Dom Alcimar Caldas Magalhães, “temos muito para agradecer hoje a Deus, porque ele agora é criatura nova, está transformado em Deus”. O arcebispo de Manaus concretizava suas palavras, dizendo que “hoje queremos agradecer a Deus por esse grande missionário, um missionário que sempre esteve preocupado com as suas comunidades, um missionário que sempre esteve preocupado com a formação dos leigos, um missionário que sempre esteve preocupado com estar presente em meio do seu povo, um missionário que procurou viver simples e pobre, como vive o seu povo”. Junto com isso o definia como “esse missionário despojado, esse missionário com olhar de futuro, um olhar para o bem das pessoas, das comunidades”. Dom Alcimar foi “um homem que soube estar presente, que soube estar ao lado, que soube apoiar, esse verdadeiro irmão que estava sempre preocupado em ajudar os outros, em promover os outros, em integrar os outros, um verdadeiro irmão”, segundo Dom Leonardo. Junto com isso, destacava outro elemento muito presente na vida franciscana, afirmando que “como verdadeiro frade, amigo da natureza, de todas as criaturas, jamais deixou de medir esforços para que Deus fosse visibilizado em todas as criaturas”. É por isso, que o arcebispo fazia um convite para que “esse nosso irmão nos inspire a sermos frades que estão ao lado do povo, vivermos na simplicidade, que nosso irmão nos ajude a viver a nossa fé, a vivermos a travessia, não temermos os momentos mais difíceis”. Nesse sentido, Dom Leonardo lembrava que “ele teve muitos, mas não deixou de estar ao lado do povo nos momentos mais difíceis”. No final da celebração, antes de fazer um momento de oração, o arcebispo de Manaus destacava que “Dom Alcimar tinha uma leveza, era muito crítico, mas ele tinha uma positividade franciscana”. Lembrando dos momentos em que se encontraram, ele lembrava dele como alguém que “sempre tinha na chegada um sorriso, sabia fazer as observações dele, mas tinha sempre uma positividade, que é a positividade de Jesus”. Mesmo no meio às muitas dificuldades que ele teve que enfrentar, segundo Dom Leonardo, “nunca perdeu essa percepção da gratuidade franciscana”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Corpo de Dom Alcimar será velado nesta segunda-feira na Igreja de São Sebastião de Manaus

A Custódia dos Capuchinhos do Amazonas e Roraima, que agradece pelas manifestações de solidariedade e orações, comunicou que o velório e missa do corpo presente de Dom Alcimar Caldas Magalhães ocorrerá nesta segunda-feira, 21 de junho, na paróquia de São Sebastião de Manaus. O corpo do bispo emérito da diocese do Alto Solimões será velado a partir das 9 horas e a missa de corpo presente, presidida por Dom Leonardo Steiner, arcebispo metropolitano de Manaus, será celebrada às 18 horas, seguindo os protocolos sanitários orientados pela ANVISA. Na terça-feira, 22 de junho, o corpo de Dom Alcimar será trasladado a Tabatinga, onde acontecerão as homenagens, o velório, a celebração das exéquias e o sepultamento.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Regional Norte 1 mostra condolências pela morte de Dom Alcimar, que com “o semblante feliz transmitia a todos otimismo e esperança”

O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma nota de pesar pelo falecimento de Dom Alcimar Caldas Magalhães, bispo emérito do Alto Solimões. O presidente do Regional Norte 1, Dom Edson Damian manifesta “condolências e solidariedade ao Dom Adolfo Zon Pereira, SX, aos presbíteros, aos irmãos e irmãs da vida consagrada e aos cristãos leigos e leigas pela perda do pastor que esteve à frente da diocese durante 24 anos”. A note lembra de Dom Alcimar como “um bispo profundamente humano e de coração franciscano”. Homem alegre, “com o sorriso nos lábios e o semblante feliz transmitia a todos otimismo e esperança”. Dom Edson Damian, seguindo as palavras da Evangelii Nuntiandi, faz referência ao dinamismo evangelizador do bispo falecido, destacando a importância de anunciar o Evangelho com alegria, uma atitude presente em Dom Alcimar. Dom Edson Damian citando as palavras do Evangelho de Mateus, lembra de Dom Alcimar como o “servo bom e fiel“, pedindo para suplicar a Deus “para que cesse o quanto antes a cruel pandemia que já ceifou mais de 500.000 vidas de nossos irmãs e irmãos brasileiros”. E junto com isso, “que o Brasil reencontre novamente o caminho do respeito aos diretos humanos e dos valores da democracia, da justiça social, da concórdia e da paz”.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Ionilton chama a “passar da margem da política por ódio para a margem da política como prática da cidadania”

“O Senhor nos responde sempre a partir de onde nós estamos”, uma ideia com que Dom Ionilton Lisboa de Oliveira começava sua reflexão neste 12º domingo do Tempo Comum. Lembrando da resposta a Jó, o bispo da Prelazia de Itacoatiara afirmava que “hoje, Ele nos responde no meio da tempestade da pandemia da Covid-19, da pandemia ética, da pandemia política”. Por isso, Dom Ionilton fazia um chamado a “aprender com Deus a dar resposta a partir de nossa realidade: Covid-19, desemprego, fome, enchente, falta de água potável, descaso com saúde por parte de quem tem a obrigação de cuidar dela”. O bispo, seguindo as palavras do Salmo, apresentava um Deus “que ouve nosso grito e nos liberta”, insistindo em que “nosso Deus é um Deus Libertador”. Estamos diante de um Deus a quem a gente agradece pelo seu amor, o que deve nos levar a que “rezemos sempre agradecendo ao Senhor por seu amor”, segundo o bispo de Itacoatiara. Ao elo das palavras de Paulo aos Coríntios, que faz um chamado a sermos criaturas novas, Dom Ionilton disse que a gente faz realidade isso, “Cuidando da natureza, nossa Casa Comum; valorizando a vida, assumindo a Campanha É tempo de cuidar para servir aos pobres; acolhendo os migrantes; trabalhando pela saúde, pela vacina para todas as pessoas e o mais rápido possível para salvar vidas; solidarizando-nos com os que lutam pela dignidade da pessoa humana e denunciam as injustiças, a corrupção, as notícias falsas, os projetos de lei que promovem a morte, a doença e o sofrimento dos povos indígenas, dos negros, dos ribeirinhos, dos pescadores, dos pequenos agricultores”. O bispo de Itacoatiara, diante do convite de Jesus aos discípulos a ir para a outra margem, ele se perguntava “qual margem nós estamos e para qual margem Jesus nos chama para ir?” Ele mesmo respondia, insistindo na necessidade de passar “da margem da indiferença para a margem da solidariedade; da margem da concentração de bens para a margem da partilha; da margem do consumismo para a margem da sobriedade; da margem do individualismo para a margem da valorização da comunidade; da margem de uma religiosidade de aparência, farisaica, para a margem de uma prática religiosa encarnada na realidade; da margem da politicagem, que busca usar a política para tirar proveito pessoal para a margem da política melhor que promove o bem comum; da margem da política por paixão ou por ódio para a margem da vivência da política como prática da cidadania e da busca das políticas públicas; da margem do apoio à cultura das armas para a margem da cultura da paz”. Diante da cena relatada no Evangelho de Marcos, onde os discípulos são surpreendidos pela tempestade, Dom Ionilton afirmou que “Jesus está conosco, mas isto não nos livra das tempestades, faz com que tenhamos coragem para enfrentá-las e vencê-las”. Junto com isso, ele disse que “Jesus só entra em ação quando não temos mais outra saída”. O bispo refletiu sobre realidades presentes na vida da Igreja e da sociedade, como é a 36ª Semana do Migrante, refletindo sobre a necessidade do Serviço Pastoral dos Migrantes na Prelazia de Itacoatiara, e sobre os processos de migração na Amazônia, tanto interna como internacional, lembrando a ligação dos processos migratórios com o tráfico de pessoas. Também lembrou da oração elaborada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em consequência das 500 mil mortes pela Covid-19 no Brasil, rezando a oração elaborada pela CNBB para este dia. Na sua homilia lembrou da difícil situação enfrentada por muitas pessoas na prelazia, diante da fome e falta de água potável diante da pandemia e as enchentes, lembrando que mediante a campanha Puxirum pela Vida estão sendo recolhidos alimentos e água nas secretarias das paróquias ou na secretaria da Cúria. O bispo também lembrou da Carta enviada ao Congresso pelo Conselho Permanente da CNBB, “pedindo a retirada de pauta dos Projetos de Leis (2633/2020 e 1730/2021 da Câmara e 510/2021 do Senado) que se aprovados forem prejudicarão e muito o meio ambiente, os povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, pescadores, seringueiros, pequenos agricultores, assentados da reforma agrária, pois vai favorecer o uso de terras públicas por pessoas físicas ou jurídicas, sem as regras de controle que existem hoje através da Lei nº 11.952/2009”. Finalmente lembrava a troca da coordenação da Pastoral da Criança na Prelazia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Alcimar, homem de alma franciscana

A espiritualidade de São Francisco de Assis, pautada no desapego, na capacidade de se colocar no lugar do outro, sobretudo, dos mais pobres, inspira a sua vida religiosa, como evangelizador, catequista e animador de comunidades. O lema que carrega na alma “Tens em mim um amigo” (Carta de São Paulo a Filemon) expressa muito bem a sua maneira de ser e de se relacionar com todas as pessoas, diante das mais gritantes desigualdades e conflitos sociais, assumindo com o povo o compromisso de pastor e a presença da Igreja Serva e Libertadora. Bispo que é Mestre, Pastor e Pontífice; Sinal visível e eficaz de Cristo; Construtor de unidade; Santificador; e Promotor da Justiça e Defensor dos Pobres. Assim é Dom Alcimar Caldas Magalhães, amazonense, filho dos nordestinos e trabalhadores de seringais Cosme Alves Magalhães e Alzinda Caldas Magalhães, já falecidos. Nasceu no dia 2 de fevereiro de 1940, em Igarapé de Ourique, no Município de Benjamin Constant (AM), na região do Alto Solimões.  Aos 13 anos, já não aguentava a inquietude de ir para o Seminário. Queria ser padre. Então, no ano de 1953, foi recebido no Seminário São José, em Manaus. No ano seguinte, já estava entre os Capuchinhos, onde recebeu o nome de Frei Evangelista de Benjamin Constant, sendo enviado para a cidade de Messejana (CE) para cursar o Seminário Menor. Em 1959, já está em Guaramiranga (CE) como noviço; e, no ano seguinte, na cidade de Parnaíba (PI), para iniciar os estudos filosóficos. Em 1965, é enviado para estudar Teologia na Itália, na cidade de Perúgia. Solenemente ordenado sacerdote em 1967, na Basílica de São Francisco em Assis. No ano seguinte, é licenciado em Teologia Dogmática, pela Lateranense de Roma, e Jornalismo, na Rede Audiotelevisiva Italiana (RAI), na Itália. O retorno para o Alto Solimões aconteceu em 1969, quando Frei Evangelista foi atuar como vigário e coordenador da Pastoral na Prelazia. De 1974 a 1979, foi o superior dos Capuchinhos do Amazonas, sendo o primeiro frade brasileiro a dirigir os rumos da missão no Amazonas. Terminado esse ministério, é enviado a inaugurar uma casa de formação do Postulantado (etapa de formação para aqueles que querem assumir a vocação de ser frade), em Tabatinga. Era o ano de 1979. Ele se punha como protagonista de uma nova geração de Capuchinhos autóctones sendo formados em nossa região. Mas foi em 1981, aos 16 de setembro, que o Papa João Paulo II (hoje, São João Paulo II) o nomeou Bispo de Carolina no Maranhão. E, no dia 25 de outubro, em Manaus, a Igreja Paroquial Nossa Senhora Aparecida (atualmente, Santuário de Aparecida) deu-se sua Ordenação Episcopal. Entre os anos de 1983 a 1989, atuou na Pastoral da Juventude e da Pastoral da Comunicação no Regional Nordeste IV da CNBB, Maranhão e Piauí. E, em 1990, é, finalmente, nomeado para a Prelazia do Alto Solimões, onde desenvolveu por 24 anos (até 2015) intenso trabalho pastoral e social. Ser humano inquieto e sonhador De espírito sensível e dócil, de olhar sereno e profundo e de sorriso fácil e verdadeiro, nos seus mais de oito décadas de existência, Dom Alcimar acumula uma vasta cultura e humildade encarnadas no seu jeito cortês em acolher as pessoas e transformar suas vidas. Ao longo dos municípios que constituíam a sua diocese, englobando as cidades de Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga, Santo Antonio do Iça, São Paulo de Olivença, Amaturá e Tonantins, no Alto Solimões, protagonizou a execução de projetos de desenvolvimento sustentável, com participação ativa nas causas sociais. Tendo como seu predecessor Dom Adalberto Marzi, reuniu prefeitos, vereadores e lideranças, na tentativa de criar um ambiente favorável ao desenvolvimento da região. Foi então que surgiu uma pastoral de fundo político, uma pastoral de fundo de compaixão, uma pastoral social com um âmbito maior. E, juntamente com as lideranças, iniciou o Consórcio dos Municípios, o Fórum da Meso-Região, ligado ao Ministério da Integração Nacional, devido ao baixíssimo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da região. Implantou projetos de segurança alimentar e de alimentos compatíveis com as culturas indígenas, como de produção de óleo de dendê para biodiesel, agronegócios para comunidades, flores tropicais. Foi ali que também organizou e executou, no ano de 2002, em parceria com o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), o Programa de Zoneamento Ecológico, Econômico e Participativo, na região do Alto Solimões. Não por acaso foi eleito, em 1999, conselheiro do Estado do Amazonas para o setor primário, condecorado com a medalha Marechal Cândido Rondon. Atuando em municípios com grande extensão territorial, fronteira com dois países, área de rota do tráfico de drogas, grandes populações indígenas, e grandes problemas, como assistência nas áreas de saúde, alimentação, segurança, educação e oportunidades de trabalho e geração de renda, Dom Alcimar não mediu esforços para possibilitar às pessoas sonharem com uma vida mais digna. “Podíamos ter escolhido catequese, cursos de Bíblia ou outros tipos de presença pastoral. Porém, o clamor mais forte, mais urgente, mais cristão e mais humanitário no momento é o lado social. É nessa maré que remamos. Saciado de palavras que não enchem barriga e, quando a barriga está vazia, a fome é uma péssima conselheira e não leva ninguém a ser solidário, a ser fraterno e irmão”, disse ele, certa vez. Sua missão evangelizadora focava na recuperação da auto-estima dos índios, ribeirinhos e marginalizados urbanos; no planejamento de ações eficazes para evitar o esvaziamento das comunidades ribeirinhas e indígenas;  em iniciativas de segurança alimentar – preocupado com esgotamento das reservas de peixes e abandono da agricultura familiar; e no descobrimento e capacitação de novas lideranças políticas com boa formação ética e cristã, além do envolvimento dos universitários com a realidade da região. A existência da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) na localidade é outro fruto dessa grande mobilização que fazia, com cursos básicos, na formação de políticos, professores, lideranças, técnicos, sonho de nossa região. Sempre acreditou que estava numa escola espetacular de convivência evangélica, de encontro e raças, de cultura e etnias. Dizia que eram poucos. Mas que, diante…
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Faleceu Dom Alcimar Caldas Magalhães, bispo emérito da Diocese do Alto Solimões

Faleceu neste domingo, 20 de junho de 2021, no Hospital Unimed de Manaus, Dom Alcimar Caldas Magalhães, bispo emérito da diocese do Alto Solimões. Segundo informou a diocese, a causa da morte parada cardíaca. Nascido em 02 de fevereiro de 1940, na comunidade de Ourique, município de Benjamin Constant (AM), filho de seringueiros, foi ordenado sacerdote em 1967. Sua primeira missão foi como pároco na Paróquia de São Paulo Apóstolo em São Paulo de Olivença (AM), sendo eleito Conselheiro e Definidor da Custódia dos Frades Capuchinhos do Amazonas, em 1972. Dom Alcimar iria completar no dia 25 de outubro 40 anos de ordenação episcopal. Ele foi bispo da diocese de Carolina (MA) durante 9 anos, sendo transferido para a Prelazia do Alto Solimões em 18 de novembro de 1990. Posteriormente, em 16 de fevereiro de 1992, a prelazia foi instituída diocese e Dom Alcimar foi nomeado bispo diocesano, cargo que assumiu até 20 de maio de 2015 em que o Papa Francisco aceitou sua renúncia canónica. A missão de Dom Alcimar na diocese do Alto Solimões, a terra onde ele nasceu, sempre esteve muito marcada pela dimensão social, ajudando a promover projetos a serviço de melhores condições de vida para o homem do interior. Seu trabalho foi reconhecido em muitas ocasiões. Em 1999 foi eleito Conselheiro do Estado do Amazonas para o Setor Primário, sendo condecorado pelo Governo do Amazonas com a medalha Marechal Cândido Rondon; no dia 31 de agosto de 2008, recebeu o título de Cavaleiro da Paz, por suas ações em favor da Vida e da Paz na região do Alto Solimões e em outros lugares por onde esteve; em 2009, foi indicado para concorrer ao Prêmio Brasileiro Imortal promovido pela Companhia Vale do Rio Doce, cujo objetivo era a eleição de seis brasileiros com atividades na área socioambiental e que tivesse real importância, apresentando benefícios e resultados comprováveis às comunidades, cidades, estados ou regiões em que atuam. Em parceria com entidades estrangeiras, governamentais, não governamentais e sociedade civil organizada realizou inúmeros projetos em prol dos mais carentes, como zoneamento ecológico, econômico participativo na Região do Alto Solimões, em 2002;implantação de sistemas de energia fotovoltaica, potabilização de água e educação socioambiental e sanitária, com a entidade italiana Sipec, em 2003 a 2006; validação de Tecnologia de produção de óleo de dendê, para Biodiesel por agricultores familiares no Amazonas, em 2006; desenvolvimento de agronegócios em comunidades do Alto Solimões, em 2008; flores tropicais em Tabatinga, em 2008; desenvolvimento sustentável de territórios rurais, no ano de 2008; desenvolvimento sustentável da Amazônia Fronteira de Brasil (Alto Solimões em Benjamin Constant), com a entidade italiana Iscos, no ano de 2010 a 2015; melhora da saúde e das condições de vida de comunidades indígenas da Amazônia, Rio Javari – CIMI, no ano de 2010 a 2016. A diocese, que pede orações pelo descanso eterno de seu bispo emérito, tem mostrado sua solidariedade com “seus familiares, a família capuchinha, amigos, e todos aqueles que com ele caminharam nesta nossa diocese na sua missão como padre e bispo no meio de nós”. Ainda não foi comunicado a data do velório e sepultamento do bispo emérito do Alto Solimões, que deve acontecer nos próximos dias em Tabatinga, sede da diocese. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1