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Ministros da Eucaristia Ticuna e Kokama, um passo a mais numa Igreja com rosto indígena

Uma das propostas do Sínodo para a Amazônia foi a criação de uma Igreja com rosto indígena. A Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), criada em junho de 2020, tem esse como um dos seus objetivos, motivando a reflexão sobre o rito amazônico. A igreja de Belém do Solimões acolhia no último domingo, 6 de junho, uma celebração onde 11 indígenas dos povos ticuna e kokama, 7 homens e 4 mulheres, foram instituídos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística. A celebração, presidida pelo bispo de Alto Solimões, foi concelebrada pelo pároco, frei Paulo Maria Braghini, e contou com a presença dos diáconos Frei Marcos Marlan, ordenado recentemente, e Antelmo Pereira Ângelo, o primeiro diácono permanente do povo ticuna, ordenado em março de 2020. Dom Adolfo Zon destacou a importância dos ministérios e serviços para o crescimento da comunidade. Em referência ao ministério extraordinário da comunhão eucarística, o bispo local disse que “consiste não somente num serviço na hora da distribuição da comunhão eucarística, mas uma presença eucarística junto àqueles que se encontram impedidos por diversas dificuldades (grandes distâncias, doença, etc…), e deste jeito ter acesso à comunhão sacramental”. Os novos ministros vão possibilitar que nas comunidades onde eles atuam, durante a Celebração Dominical da Palavra, possa ser distribuída a comunhão eucarística. 9 ministros irão atuar nas comunidades da paróquia de São Francisco de Assis de Belém do Solimões, um na comunidade Cidade Nova da Paróquia de Benjamin Constant e um na Comunidade de Umariaçu I da paroquia de Tabatinga. Trata-se de um passo a mais na inculturação dos ministérios nas comunidades indígenas da diocese da Alto Solimões. Esse é um trabalho que se vem realizando desde há vários anos e que faz possível que cada comunidade conte com os ministérios e serviços necessários para o seu crescimento. Iniciou-se formando os Catequistas e os Ministros da Palavra para as comunidades e agora se está formando e conferindo o ministério extraordinário da Eucaristia. Além da instituição do ministério extraordinário da Comunhão Eucarística, Dom Adolfo Zon administrou o Sacramento da Confirmação a 6 indígenas do povo Kokama, que fizeram o itinerário da Iniciação a Vida Cristã ajudados pela equipe de formação da paróquia composta pelos freis capuchinhos e a missionária da Imaculada Ir Dora Scorpione. Aos poucos, vai se amadurecendo uma Igreja com rosto amazônico. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Uma Igreja samaritana que chega nos recantos mais afastados

A fome tem se tornado uma realidade cada vez mais presente na vida do povo brasileiro, também na Amazônia. A pandemia da Covid-19 tem provocado que outras pandemias, muitas vezes ocultas, apareçam de forma explícita. O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem sido uma das regiões mais atingidas em número de óbitos provocados pela pandemia. Até 31 de maio, segundo dados coletados pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), o número de casos era de 447.733, com 14.112 mortes, números muito elevados se levarmos em conta que a população é em torno de 4,5 milhões. A situação mais trágica no Regional foi vivida com o início da segunda onda, o que fez com que no dia 15 de janeiro, diante da crise de saúde pública vivida pelo Estado do Amazonas, e da situação delicada pela qual também passava o Estado de Roraima, o Regional Norte 1 da CNBB, que cobre os dois Estados, lançou a “Campanha Amazonas e Roraima contam com a sua Solidariedade”. Isso despertou uma grande solidariedade em nível brasileiro e mundial, até o Papa Francisco enviou um donativo. Com as abundantes doações foram adquiridos, segundo informa Francisco Lima, secretário executivo do Regional Norte 1, materiais de saúde (cilindros de oxigênio, BIPAPs, concentradores de oxigênio, oxímetros, EPIs…) que foram doados aos hospitais da região. Uma vez superado o pico da segunda onda, logo veio também a necessidade de ajudar na segurança alimentar. Junto com a crise da Covid-19, o Estado do Amazonas está passando por uma grande enchente nos últimos dias, que atinge 400 mil pessoas, a maior já registrada desde 1902, ano em que começou a ser medido o nível do Rio Negro em Manaus. Os Bispos do Regional, sempre atentos a esta realidade, foram buscando alternativas para amenizar o sofrimento das comunidades. Assim novas doações foram chegando. A Conferência Episcopal Italiana enviou uma ajuda, através da Arquidiocese de Manaus, que foi dividida entre todas as dioceses e prelazias do Regional. Essa importante doação está permitindo atender as famílias mais vulneráveis com cestas básicas, assim como outras ações no campo da saúde. A CNBB também enviou uma ajuda do Fundo Nacional de Solidariedade, o que possibilitou através das Pastorais Sociais, o atendendo famílias com cestas básicas e material de higiene e limpeza. Segundo seu secretário executivo, “o Regional continua atento às necessidades das nossas Igrejas Particulares no cuidado com a vida”. Um exemplo disso, como sucede em outras dioceses e prelazias, é o trabalho que está sendo realizado na diocese de Alto Solimões, que está encerrando a primeira remessa das cestas básicas que estão sendo distribuídas com a ajuda do Regional Norte 1. A previsão é de realizar três remessas, segundo Dom Adolfo Zon, bispo diocesano. Até o momento foram distribuídas 675 cestas básicas nos 7 municípios que fazem parte da diocese. As ajudas estão chegando nas cidades e nas comunidades indígenas e ribeirinhas. Dom Adolfo, em nome da diocese de Alto Solimões, agradece a solidariedade da Igreja do Regional e da Arquidiocese de Manaus. Segundo o bispo é de grande importância “a proximidade e solidariedade com nosso povo neste tempo de grande necessidade provocada pela pandemia”. O bispo de Alto Solimões destaca o empenho em “ir ao encontro das pessoas que não conseguem satisfazer sus necessidades básicas de subsistência”. Mais uma vez, estamos diante de um exemplo de “uma Igreja samaritana que chega nos recantos mais afastados”, segundo Dom Adolfo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

“Não tenhamos medo destes que falam mal da Igreja, dos que colocam-se a serviço da vida, da verdade e da paz”. Homilia de Dom Ionilton

Tendo como ponto de partida a pergunta do Senhor a Adão, quando ele diz: “onde estás?”, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da prelazia de Itacoatiara refletia na homilia deste 10º domingo do Tempo Comum. Dom Ionilton trazia essa pergunta para a vida de cada um, colocando diferentes respostas: “Em casa com a família, no trabalho, na Igreja, contemplando a natureza, ajudando alguém que precisa, participando de uma atividade de conquista de direitos? Ou fazendo aglomeração, sujando as ruas e as águas, derrubando árvores, desrespeitando as leis de trânsito, enviando fake News?”. O bispo advertia sobre o jogo de empurra entre Adão, Eva e a serpente, levando a refletir sobre “como isto se repete na história; como é difícil a gente assumir nosso erro; como faz parte de nossa natureza transferir a responsabilidade do que não deu certo para outras pessoas”. Esse pensamento o levava a denunciar que “no caso da epidemia da Covid-19, a CPI tem mostrado como tem depoentes e senadores que não aceitam que houve um erro do governo em não criar um projeto estratégico de combate à expansão do vírus, que houve um incentivo para se usar medicações que não serviam para combater o vírus, que não se acreditou na importância da vacina e por isto houve uma omissão na compra dela”. Em suas palavras, Dom Ionilton insistia em “como se transferiu a crise gerada pelo vírus para os prefeitos e governadores que acreditaram na ciência e implantaram o sistema de isolamento social, de uso de máscaras, de higienização das mãos; a culpa é de Deus, afirmando-se que o vírus é um castigo dele; a culpa é da China que inventou o vírus para o comunismo dominar o mundo”. Diante disso se perguntava: “somos capazes de assumir nossos erros? Ou procuramos jogar a culpa nos outros?” Segundo o bispo da prelazia de Itacoatiara, “no Brasil temos um mal costume quando se troca os governantes no nível federal, estadual e municipal, passarmos meses e até anos jogando a culpa nos governantes anteriores e não assumimos nossa missão, aquela que eu me ofereci para exercer, concorrendo a uma eleição”. Inclusive, segundo ele, essa é uma realidade também presente na Igreja. À luz da passagem do Evangelho, o bispo se questionava sobre a prática da acolhida, da escuta, da solidariedade/caridade. Junto com isso, diante das acusações contra Jesus, ele lembrava “quantos cristãos e cristãs na história da Igreja foram e são acusados das coisas mais absurdas por causa de sua fidelidade a Jesus e ao Evangelho”, algo que segundo Dom Ionilton também sofre o Papa Francisco, “acusado de comunista somente porque vive e ensina o amor aos pobres e a defesa da natureza, nossa casa comum”, ou a CNBB porque “nos ensina a viver a opção preferencial evangélica pelos pobres e a trabalharmos para que possa surgir uma sociedade justa e solidária”. Inclusive, o bispo lembrava de situações acontecidas na prelazia de Itacoatiara, onde “os Missionários de Scarboro foram acusados de insufladores do povo, porque ajudavam o povo a se organizar para conquistar os seus direitos e defender suas terras, seus rios e seus peixes”. Diante disso afirmava: “Não tenhamos medo destes que falam mal da Igreja, falam mal dos que movidos pela fé e pelo seguimento de Jesus, colocam-se a serviço da vida, da verdade e da paz”. Finalmente, Dom Ionilton convidava a refletir sobre nossas atitudes de condena “antes de se aceitar ou fazer uma acusação contra qualquer pessoa que faz o bem, serve aos pobres, defende a vida e o meio ambiente, fala profeticamente contra as injustiças e os crimes”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

“Para o Papa, o seu pontificado em assuntos pastorais e de reforma está fortemente associado à sinodalidade”. Entrevista com Mauricio López

A sinodalidade poderia ser considerada a dobradiça no pontificado de Francisco, um Papa que está determinado a pôr em prática elementos que têm feito parte da reflexão eclesial desde o Concílio Vaticano II. Por esta razão, o Santo Padre chamou a Igreja universal a um novo sínodo, com uma metodologia que tem vindo a experimentar nos três sínodos anteriores que ele já liderou. O Papa Francisco quer que a Igreja seja imbuída de sinodalidade, que aprenda a viver em sinodalidade. Alguém que compreende os caminhos desta sinodalidade na prática é Mauricio López, coordenador do Centro de Programas de Ação Pastoral e Redes do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM). O seu papel no Sínodo para a Amazónia ajudou-o a aprofundar esta dimensão e as suas palavras são uma luz que nos ajuda a compreender o processo de um Sínodo que será aberto em todas as dioceses do mundo no próximo mês de outubro. Nesta entrevista, Mauricio López reflete sobre estes passos a dar e sobre o que a Igreja na América Latina e no Caribe pode contribuir, especialmente a partir da experiência do Sínodo Amazónico e da Assembleia Eclesial que está tendo lugar. Estamos perante um Sínodo que deve estar aberto a todos, também àqueles a quem ele chama “improváveis”, os excluídos, os periféricos. Estamos perante uma nova oportunidade, que certamente encontrará “forças que impedem a revelação do Espírito”, na qual a dinâmica do Kairos, da revelação de Deus no momento certo, estará mais uma vez presente. O Papa Francisco acaba de convocar o novo sínodo, o qual, embora soubéssemos que seria convocado, surpreendeu-nos na forma como vai ser levado a cabo. Mais uma vez, a escuta é apresentada como um caminho decisivo para a Igreja sinodal que o Papa Francisco quer tornar realidade. Quais são as novas possibilidades que este sínodo oferece à Igreja? Embora seja um processo que está apenas começando e estaremos muito atentos para abraçar o que será gradualmente definido, aqui temos de fazer uma leitura dos passos dados pelo Papa, associados às suas repetidas expressões e ações, onde ele coloca a práxis da sinodalidade como uma das formas adequadas de exercer o seu pontificado. Esta atitude de escuta, mas não uma escuta demagógica, mas uma escuta como condição indispensável para o discernimento. Uma escuta situada num contexto de oração, numa dinâmica que exige liberdade interior, não de estar ligada a posições, a ideologias, mas de procurar genuína e corajosamente o que o Espírito nos quer dizer, e de o assumir com todas as suas consequências. Para o Papa, a forma adequada de exercer o seu pontificado em matéria pastoral e em matéria de reforma está fortemente associada à sinodalidade. Sinodalidade como práxis, sinodalidade como um conceito em desenvolvimento, sinodalidade mesmo como uma categoria estrutural dentro da Igreja, como expressa na Episcopalis Communio como constituição apostólica. Em segundo lugar, para compreender a perspectiva sinodal do seu pontificado, é necessário percorrer os sínodos que o Papa animou. Se olharmos para o Sínodo sobre a Família, percebemos que, sendo um tema importante e complexo, onde era urgente e necessário ter uma voz, sobretudo uma voz laica, o Papa estabeleceu uma longa dinâmica preparatória, com duas reuniões pré-sinodais de ampla participação, que de certa forma processam a reflexão e preparam o caminho. Metodologicamente, ali o Papa compreendeu o sentido de um amplo discernimento para preparar também as assembleias sinodais com a ajuda de outros processos anteriores. No Sínodo da Juventude, por outro lado, o que foi enriquecido foi uma ampliação da escuta. Foi uma ampliação da escuta como atitude, não sei se foi eficaz na forma como os documentos foram estruturados, mas a modalidade de escuta foi ampliada, sobretudo dando espaço para uma participação individual muito grande à distância. No Sínodo da Juventude, já na Assembleia, conseguiu-se uma representação mais significativa de auditores, convidados e peritos, que representam de forma mais viva o tema que estava sendo tratado, neste caso a juventude, no âmbito do processo sinodal. Há um fato interessante, a Episcopalis Communio foi publicada alguns dias antes da assembleia do Sínodo da Juventude. O seu impacto concreto e orgânico no Sínodo da Juventude já era praticamente mínimo, em termos de estrutura, porque era um Sínodo que já estava organizado. O Sínodo da Amazónia foi o ensaio metodológico mais importante, onde as duas experiências anteriores encontraram um ponto de convergência e onde as mudanças estruturais da Comunhão Episcopal tiveram o seu ponto inicial de realização. No sentido de uma ampla participação do Povo de Deus e de uma metodologia de escuta concreta, formal e explícita, que teve um impacto em tudo o que tinha a ver com o procedimento do próprio Sínodo em todas as suas fases. E depois, a ampla presença do Povo de Deus em todo o processo, especialmente povos originários, mulheres, convidados de outros organismos internacionais ou de outras denominações cristãs, tanto nas fases anteriores como na fase de assembleia. Quando se trata de concretizar os passos a dar neste Sínodo sobre a Sinodalidade, que elementos podemos dizer que estarão presentes? Enquanto se espera que os aspectos concretos sejam definidos, parece a alguns que se trata de um tópico estranho e novo que não toca nos aspectos essenciais da Igreja, mas que é muito discutível. Afinal, a dinâmica sinodal está presente desde a origem da Igreja, nas primeiras comunidades, na sua forma de discernir o modo de ser, de se estruturarem e de caminharem. Mas, por outro lado, reflete fielmente, não só o pontificado de Francisco, mas também muitos dos aspectos que o Concílio Vaticano II na Lumen Gentium já descreveu e levantou como uma necessidade de reforma estrutural, e que também estará presente neste processo. Aqui temos uma oportunidade única, onde todos estes passos anteriores do caminho sinodal foram desenvolvidos, concretizados, e o que temos agora é uma forma muito mais organizada, que toca todos estes níveis: amplitude, diversidade, metodologia de escuta, agora com a novidade de passos escalonados, de baixo para cima, para levar a voz do Povo de Deus ao evento da assembleia…
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“Contem comigo para enfrentar juntos e juntas os banzeiros dos nossos rios”. Dom Ionilton envia mensagem à 11ª Assembleia Regional da PJ

O bispo da prelazia de Itacoatiara, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, mostrou se apoio à 11ª Assembleia Regional da Pastoral da Juventude, que está acontecendo em Manaus de 4 a 6 de junho de 2021. Na mensagem, o bispo saúda os participantes em nome dos representantes da prelazia de Itacoatiara na Assembleia, Andressa, Anne, Iomar e Irmã Cleide, “manifestando nosso total apoio à Pastoral da Juventude na Prelazia de Itacoatiara”. Lembrando da música de Zé Martins, em que se faz um chamado para “a juventude acordar”, o bispo de Itacoatiara diz se somar ao tema da Assembleia e mostra sua disposição pessoal “para enfrentarmos juntos os banzeiros de nossos rios, e assim termos forças para resistir, esperançar e profetizar, naquela certeza de que Ele, Cristo, eternamente jovem, caminha, navega e permanece conosco”. Finalmente, Dom Ionilton lembra as palavras do Papa Francisco na exortação pós-sinodal do Sínodo da Juventude, onde Cristo é apresentado como “a nossa esperança”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

A PJ do Regional Norte 1 celebra sua 11ª Assembleia

A Pastoral da Juventude do Regional Norte 1 está celebrando neste final de semana, de 4 a 6 de junho, a 11ª Assembleia. A 11ª Assembleia, que já tem sido celebrada em diferentes momentos de modo virtual, reúne na Maromba de Manaus 25 jovens da Arquidiocese de Manaus, as dioceses de Roraima, Coari e Parintins, e as prelazias de Itacoatiara e Tefé. O tema da Assembleia é “Nos banzeiros desses rios vamos juntos: Resistir, Esperançar e Profetizar”, tendo como lema o texto do evangelho de Lucas, “Fica conosco Senhor”. Ao longo da Assembleia, que começou na noite da sexta-feira com uma celebração eucarística, tem sido apresentado o panorama do Regional, refletindo sobre diferentes realidades que fazem parte da vida da juventude. Os jovens têm sido convidados a se envolver e animar os grupos de base para participar do processo da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. Da reflexão dos jovens serão construídos os caminhos de futuro para a PJ do Regional Norte 1, incidindo na necessidade da missão, de anunciar o Cristo Jovem. A Assembleia será encerrada na tarde do domingo, 6 de junho, com a celebração da Missa de envio. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

“Precisamos de leigos que consigam entender a sua missão enquanto sujeito eclesial”. Entrevista com a presidenta do CNLB

O Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) celebra de modo virtual, de 3 a 5 de junho, sua 39ª Assembleia Geral Ordinária. O tema escolhido é “Cristãos leigos e leigas em missão: respondendo aos novos desafios”. Tentando refletir sobre o papel do laicato na Igreja do Brasil, especialmente neste tempo de pandemia, entrevistamos sua presidenta, Sônia Gomes de Oliveira. Ela nos ajuda a refletir sobre elementos presentes na vida da Igreja, especialmente na América Latina e no Caribe, como é a Igreja em saída, a Assembleia Eclesial de América Latina e do Caribe, seu processo de escuta e os desafios de uma Igreja sinodal, tema que vai estar presente na vida da Igreja ao longo dos dois próximos anos, em consequência do Sínodo sobre a Sinodalidade. O Conselho Nacional do Laicato do Brasil está celebrando mais uma Assembleia Geral, qual a realidade do laicato no Brasil num tempo em que a vida da Igreja está muito marcada pela pandemia e a Igreja foi obrigada a reinventar seu trabalho pastoral? O tema da nossa assembleia vem trazendo justamente isso, respondendo aos novos desafios. E que desafios são esses? O documento 105 da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ele já apresentava alguns desafios, o desafio do clericalismo, de uma Igreja de leigos que ficam muito no interno da Igreja, não consegue perceber a realidade social, um laicato desligado das questões sociai, um laicato que fica muito voltado para o ministério interno da Igreja, um laicato que não insere na questão política. Aí é que vai prejudicando essa tomada de consciência, que é muito importante, e o que nós queremos para os cristãos leigos e leigas. Com a pandemia, acabou que revelou muito isso, as igrejas que acabam se fechando e o laicato, em si toda a Igreja, todas as pessoas, acabam tendo que ir para dentro de casa, o laicato teve que se adaptar. Aquele cristão leigo que não estava acostumado com uma vivência comunitária, em família, da vivência da Palavra de Deus, que não estava acostumado com essa vivência da inserção social, para ir para uma solidariedade, para pensar na questão social, ele teve uma certa dificuldade para assumir esses desafios nesse tempo de pandemia. Haja visto que nesse tempo de pandemia, uma grande parcela dos leigos ficou brigando para abrir as igrejas, não pensando na defesa da vida, acreditando, e isso é interessante à luz da festa de Corpus Christi, que só a comunhão eucarística tem validade, e não valorizando a comunhão com a Palavra de Deus, a grande força que nós cristãos leigos e leigas temos que valorizar. Eu penso que são esses desafios que nós precisamos enquanto leigos vencermos, um laico que consiga entender a sua vocação, a sua missão enquanto sujeito eclesial, que nós precisamos estar nos nossos ministérios dentro da Igreja, mas que nós precisamos estar inseridos na nossa missão na sociedade. Você fala de muitos elementos que fazem parte daquilo que o Papa Francisco chama de Igreja em saída, uma Igreja que vai ao encontro do povo, onde o laicato tem um papel fundamental. Diante dos desafios e das novas realidades, como isso deveria ser concretizado no futuro da Igreja do Brasil? Eu penso que o primeiro passo é o próprio leigo se reconhecer como sujeito pastoral, não como objeto de cura pastoral, não como um tarefeiro na Igreja. Porque enquanto nós estivermos nos vendo desta forma, nós não vamos conseguir sair para essa Igreja em saída que o Papa Francisco tanto nos pede. Nós vamos sair para fazer tarefas, porque o padre pediu, porque alguém pediu. Depois, eu penso que a Igreja tem que se abrir para esses ministérios, garantir a ministerialidade ao cristão leigo, e aí o Sínodo para a Amazônia nos revelou muito isso, que é preciso ter um leigo que consiga não sei se realizar tantos sacramentos, mas ter uma certa autonomia para que possam realizar muitos ministérios que hoje dependem muito da presença do padre. Quando a Igreja começar se abrindo para isso, entendendo a mulher, também no seu papel forte na Igreja, como grande colaboradora, como grande contribuidora dentro da Igreja, e tantos leigos e leigas, nós conseguiríamos estar assumindo isso. Também o processo de formação, que nós precisamos entender que ao nos formarmos, e aí falo enquanto assistente social, que eu no meu papel de profissional do Serviço Social, eu entendo meu batismo, que aonde eu estiver como assistente social, eu vou poder dar também um testemunho de garantia de política pública, de garantia de vida, de protagonismo, e a efetivação de políticas públicas que defendam a vida das pessoas. Porque não basta estar nesses espaços e garantir políticas que são de morte, e muitas vezes temos encontrado leigos que fazem isso. Nós temos que ter leigos com capacidade e com uma formação de sujeitos eclesiais. Nesse protagonismo dos leigos, podemos dizer que a Igreja da América Latina e do Caribe está vivendo uma grande novidade, que é a I Assembleia Eclesial de América Latina e do Caribe. Na apresentação da Assembleia, o Papa Francisco insistiu muito para que não fosse algo reduzido a um pequeno grupo, a uma elite, e sim para que envolvesse todos aqueles que fazem parte da Igreja, onde os leigos e leigas são a grande maioria e os grandes protagonistas. Qual a importância que essa assembleia pode ter no futuro, nos novos caminhos para a Igreja latino-americana e caribenha? A primeira importância deve começar por nós leigos, tentando fazer com que esta assembleia possa chegar ao mais longe, ao leigo que está mais distante, ao leigo que está mais na periferia, para ser ouvido. É justamente quando naquela carta de convocação desta assembleia, o Papa Francisco vai dizer que a Igreja se dá no partir do pão, a Igreja se dá sem exclusão, a Igreja se dá a partir desta participação de todos e todas. Se nós queremos uma resposta que vai conseguir sair de dentro das paredes da Igreja, é nós leigos que temos que sair para escutar…
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Jesus Eucarístico percorre as ruas alagadas de Manaus, denunciando realidades que provocam sofrimento e morte

Movido por seu Amor, Jesus deu sua vida, morreu e ressuscitou, algo que é atualizado na Eucaristia. Esse amor é expressado em gestos concretos de acolhida e solidariedade, “uma exigência em um mundo extremamente agitado por tantas vozes e sons que nos dizem que, em primeiro lugar, deve ser feita a nossa vontade”. Com essas palavras iniciava a celebração de Corpus Christi na Catedral Metropolitana de Manaus, um momento que quis mostrar a necessidade de que fique “longe de nós a indiferença, a omissão e a negligência diante da dor e do sofrimento de nossos irmãos e irmãs, em especial, dos mais sofridos e empobrecidos”. A festa da Eucaristia é a festa do banquete, o banquete do Amor, ao qual somos convidados, segundo lembrava Dom Leonardo Steiner na homilia, que definia a Eucaristia como “encontro de amor”. Jesus está “desejoso de que todos participem da plenitude do banquete da vida”, afirmava o arcebispo de Manaus. Ele lembrava que “os frágeis, pecadores aceitam a participação no banquete. A Eucaristia é para os frágeis, para os pecadores como nós”. Somos chamados a entender que Jesus é “amor gratuito, sempre disponível a cada pessoa com fome e necessitada de revigorar suas forças”, dizia Dom Leonardo, citando as palavras do Papa Francisco. Por isso, a Eucaristia, mais do que os ritos “é antes de mais nada entrar em comunhão com aquele que deseja ardentemente estar conosco”. Essa comunhão, segundo o arcebispo, se estende a toda a Criação, como diz o Papa Francisco em Laudato Si´, onde afirma que “a Criação encontra sua maior elevação na Eucaristia”. Tudo isso foi recolhido na procissão em volta da Catedral de Manaus após a missa. No percurso foram realizadas cinco paradas, onde foi rezado por realidades que provocam sofrimento e morte: pelos doentes, pela saúde de todos e o fim da pandemia; pelos povos indígenas, comunidades tradicionais e as questões ambientais; pelos que sofrem por conta das enchentes; pelos empobrecidos, desempregados e os que passam fome; pela vida comunitária nas Paróquias e Áreas Missionárias. Um pequeno grupo, acompanhou Jesus sacramentado, indo ao encontro da realidade, muito marcada nos últimos dias pela maior enchente que Manaus já conheceu desde que este fenômeno é controlado na cidade. Um Jesus que percorreu as marombas instaladas no centro de uma cidade muito castigada no último ano, pela pandemia, pela fome, pela falta de emprego e moradia e agora pela água que provoca estragos na vida da população, especialmente dos ribeirinhos, que sofrem com a inundação de suas casas e lavouras. Com mais de 465 mil mortos no país, foi pedido pelo fim da pandemia, lembrando os profissionais da saúde e aqueles que cuidam dos doentes onde quer que estejam. Também foi pedido maior responsabilidade dos governantes na contenção da pandemia. A oração também lembrou daqueles que derramaram seu sangue, “banhando as terras amazônicas, pelo bem de seus habitantes e do território”. Foi pedido que as vidas dos indígenas, ribeirinhos e quilombolas, “sejam dignificadas pelo reconhecimento, valorização de suas culturas”, mas também “pela garantia e promoção de seus direitos fundamentais”. Junto com isso, era solicitada “consciência e respeito para com o meio ambiente”.   400 mil pessoas sofrem por conta das enchentes no Estado do Amazonas, consequência dos desastres ambientais e das mudanças climáticas. Diante disso, se implorava a Deus, que olhe “com compaixão pelo nosso povo sofrido por conta das consequências das enchentes”, pedindo aos governantes, “sabedoria, criatividade, zelo e responsabilidade”, para promover o saneamento básico e o cuidado com os igarapés e rios, por “políticas públicas consistentes e por menos ações interventivas paliativas”. O sofrimento, a marginalização, o desemprego estão cada vez mais presentes no Brasil. Por isso, a necessidade de “dirigir o olhar, a fim de escutar os seus clamores, reconhecer suas necessidades, saciar sua fome e socorrê-los a partir do amor que Jesus nos ensinou”. Se faz indispensável, “instituir uma economia que almeje o bem comum, ao invés das tiranas leis de mercado que apenas visam o lucro”. Também foi lembrado, tendo o olhar nas paróquias e áreas missionárias da Arquidiocese, a necessidade de entender que “evangelizar implica comprometer-se com nossos irmãos e irmãs, melhorar a vida comunitária, e assim tornar o Reino de Deus presente no mundo, promovendo por e para todo o mundo não uma caridade por receita, senão um verdadeiro desenvolvimento humano integral, para todas as pessoas e para a pessoa toda”. Por isso era pedido a ajuda de Deus para “fortalecermos nossas comunidades e nossa vivência comunitária”, superando o egoísmo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Eucaristia, vida partilhada no cotidiano

Corpus Christi é a festa da Eucaristia, do Corpo e Sangre entregado como alimento para todos. Celebrar a Eucaristia tem que nos levar a entender a necessidade de assumir a partilha como modo conatural de ser e de entender a própria vida e nosso relacionamento com os outros, fundamentado na caridade, na misericórdia, na samaritaneidade. A Eucaristia não acontece só dentro do templo e não pode ser reduzida ao marco temporal em que acontecem os ritos próprios da celebração. O grande desafio é levar a Eucaristia para a vida do dia-a-dia, e isso acontece quando a gente vive aquilo que a gente celebra, um Deus que em Jesus se doa, se entrega por completo e alimenta a vida de quem tem fome dele. A pandemia da Covid-19 tem mostrado a presença de uma Igreja que tem sido testemunho de partilha. Diante do descaso do poder público, pouco ou nada preocupado com o sofrimento provocado pela morte, a fome, o desemprego, e tantas outras realidades já presentes, mas que tem aumentado ao longo do último ano, podemos dizer que as atitudes próprias daqueles que sustentam sua vida na Eucaristia tem se espalhado na nossa sociedade. A Eucaristia é alimento que nos fortalece e nos dá a capacidade de ter maior disposição para ir além, para chegar em situações e pessoas que precisam de nossa ajuda e solidariedade. Estar ao lado daqueles que sofrem deveria ser um sentimento humano, mas tem que ser uma atitude inadiável na vida daqueles que se alimentam da Eucaristia. Não podemos esquecer que o propósito de Jesus foi fazer realidade um mundo melhor para todos e todas, onde o sentimento comunitário, o sentimento de fraternidade fosse assumido como atitude que supera o individualismo e o egoísmo, elementos presentes na condição humana. Ser discípulos e discípulas, um chamado recebido pelo nosso batismo e alimentado cotidianamente na Eucaristia, nos leva a ser Igreja em saída, que vai ao encontro dos mais vulneráveis, daqueles que sofrem as consequências de um sistema injusto e desigual. É tempo de refletir para poder entender, para poder assumir as atitudes que tem que estar presentes em nossa vida, colocando o outro, especialmente aqueles que sofrem, no foco do nosso olhar. A Eucaristia tem que nos levar a sair de nós, a superar posturas intimistas, que nos fecham dentro de nós, dos nossos problemas e preocupações. Aproveitemos a festa do Corpo e Sangue de Cristo, a festa da Eucaristia, para entender seu sentido e significado, para assumir as consequências que esse alimento provoca na nossa vida. Estamos diante de uma realidade que nos transforma e faz de nós homens e mulheres com um olhar diferente, próprio daquele que nos alimenta e fortalece, que nos ajuda a entender a vida como testemunho de partilha e doação.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Mauricio López: “REPAM e CEAMA são dois rios que se encontram, novos caminhos sinodais para a Igreja e para a Amazônia”

Mauricio Lopez tem vindo a encerrar nos últimos meses o seu serviço em favor da Igreja e dos povos da Amazônia, onde durante mais de seis anos foi secretário executivo da Rede Eclesial Pan-Amazônica e nos primeiros meses da sua caminhada serviu como secretário interino da Conferência Eclesial da Amazônia. Para o atual coordenador do Centro de Programas de Ação Pastoral e Redes do Conselho Episcopal Latino-americano – CELAM, “o sentido de pertença à Igreja vai muito além dos serviços que prestamos ou dos cargos que ocupamos”. Na sua opinião, foram “anos de uma experiência muito profunda da missão da Igreja neste território”, quase 10 anos desde a abordagem inicial com a Caritas Equador, onde começou um processo de intercâmbio e aprendizagem mútua com o território amazónico. Foram plantadas “as primeiras sementes de uma rede territorial a nível do país (Equador) que incluía seis vicariatos, que se expandiram gradualmente numa perspectiva Pan-Amazônica”. Isto foi ajudado por diferentes testemunhos, “como a Equipe Itinerante, casos como o CIMI no Brasil, CAAAP no Peru, e outros”, afirma Mauricio. Segundo ele, “os serviços e a própria forma de acompanhamento foram gerados de acordo com as necessidades pastorais que estávamos descobrindo juntamente com o território e os povos que ali viviam, tanto com o povo como com a Igreja”. Nisto, Mauricio López descobre sobre a sua própria missão que “estes são serviços que têm necessariamente um ciclo“, e que não é possível estar nestes serviços para sempre. É por isso que insiste que “a validade das intuições do nosso discernimento e a qualidade dos nossos serviços é confirmada quando cumprimos ciclos razoáveis, somos capazes de nos mover para que outros tons, outros sinais venham, porque a Igreja é muito rica em diversidade, e também deve ser multicolorida, tal como os carismas, por isso é necessário saber quando é o momento certo para fechar um ciclo e abrir um novo. Este é o próprio processo da vida”. Aquele que foi seu secretário durante os seus primeiros anos de vida, recorda que “a REPAM nasceu de intuições muito marginais que se tornaram germinais, e em pedagogias que tinham sido consideradas periféricas, que se tornaram fundamentais para este momento, não só para a Igreja na Amazônia, mas talvez para a Igreja em maior escala”. Neste sentido, quando lhe perguntam o que aconteceria se um dia a REPAM terminasse por qualquer razão externa ou interna, ele tem consciência de que “nada aconteceria no sentido de perder a missão, uma vez que a intuição foi do Espírito, e isto produziria, como no início desta caminhada, a procura de novos caminhos, novas formas, respondendo às experiências encarnadas, para acompanhar aqueles que vivem estas realidades encarnadas”. Por esta razão, afirma que “uma situação de conclusão, ou a necessidade de encerrar um processo, chamar-nos-ia sempre a encontrar outro novo caminho, como aconteceu com o nascimento da REPAM, ou outras instâncias que são meios para a construção do Reino, nunca fins em si mesmas”. “Não devemos ter medo de assumir serviços que são gerados a partir da própria experiência de acompanhamento territorial e partilha da caminhada com presenças encarnadas da Igreja”, de acordo com Mauricio Lopez. Na sua opinião, “os problemas que temos hoje nas várias redes, que são fortes, acontecem com base num caminho já percorrido, numa estrutura e num serviço já existentes, em prioridades definidas, numa grande legitimidade, em relações institucionais, e mesmo no acesso aos recursos”. Pode-se dizer, nas palavras de Maurício, que “os desafios atuais da REPAM fazem parte do seu ciclo de vida, mas já existem numa expressão viva de um serviço eclesial relevante e significativo”, e isto significa que com “o tipo de problemas atuais, estamos sempre a perguntar-nos, dia após dia, como continuar a ser fiéis ao discernimento permanente e à realidade concreta que dos gritos dos pobres e da Irmã Mãe Terra nos desafia”. O objetivo sempre foi claro para o primeiro secretário executivo da REPAM, “ir a esses lugares complexos, onde talvez tenhamos de começar a tecer, sempre com muitas mãos e muitos corações, sem muitas certezas, para ir pouco a pouco avançando e abrindo novos caminhos. Às vezes dando passos em frente e outras vezes para trás, sempre numa certa incerteza institucional, insegurança no orgânico, mas que torna mais forte a fidelidade ao discernimento no essencial, no pequeno, na encarnação que acontece na fragilidade”. Ao analisar a CEAMA, vê-a como mais um processo vivo, porque “na realidade as primeiras conversas sobre a necessidade de um organismo eclesial pan-amazônico surgiram na escuta do Sínodo, ou seja, meses antes da Assembleia de Outubro de 2019″, algo que era claro, forte, evidente, segundo Maurício, tendo em vista uma estrutura “que respondesse às necessidades de uma outra dimensão, e que superasse a perspectiva da identidade da rede”. Na sua opinião, “a institucionalização da REPAM não era a saída, no seu discernimento e apelo fundacional deveria permanecer como uma rede com ligação direta ao território, e não institucionalizada. Portanto, dados os mandatos do Sínodo Amazónico, que vieram das vozes do próprio território na escuta do Sínodo, era evidente a necessidade de criar um organismo amplo em chave sinodal, mas certamente institucional para enfrentar alguns dos desafios mais complexos a longo prazo e com uma necessidade mais estrutural que a Igreja no território, e que as vozes do povo, tinham afirmado”. Neste caminho, recorda conversas com os Cardeais Hummes e Barreto e o fórum temático em preparação do Sínodo com o CELAM, onde foram dados os primeiros passos sobre a necessidade essencial de uma nova estrutura eclesial Pan-Amazônica com um papel de articulação. “Aí descobrimos também a forma de nomear esta proposta e a necessidade de a levar adiante com base no que ouvimos, pois precisava de ser confirmada e respondida pelo próprio Sínodo”. Nas suas palavras, Mauricio recorda as propostas que apareceram durante a escuta e no Sínodo, como o rito amazónico, algo “de tal complexidade, de tão longo prazo, que necessita de uma estrutura de substância, legitimada pela própria Santa Sé para poder levar a cabo este…
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