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Rede CLAMOR reflete sobre o tráfico de pessoas para fins de recrutamento forçado

A Rede CLAMOR vem denunciando ao longo deste ano diversas situações de tráfico de pessoas na América Latina e no Caribe. Neste mês de junho o tema de reflexão é o tráfico de pessoas para fins de recrutamento forçado para conflitos armados e atividades criminosas. Segundo o vídeo divulgado, essa “é uma grave violação dos direitos humanos e que tem crescido na América Latina nos últimos anos”. Desde a Rede CLAMOR se informa que “milhares de pessoas foram afetadas, sendo meninos, meninas, jovens e adolescentes os mais afetados”.  Tudo isso vem motivado porque “os traficantes e suas redes se aproveitam da vulnerabilidade e das necessidades econômicas, emocionais e trabalhistas das vítimas, utilizando-as como objetos de guerra, colocando em risco seus projetos de vida, e capacidade de decisão”. Estamos diante de uma realidade, nos diz o vídeo, em que “os reclutas são obrigados a enfrentarem conflitos, onde se envolvem na produção e venda de drogas, uso de armas, assassinatos, entre outras práticas ilícitas”. Diante dessa realidade, a Rede CLAMOR insiste em que “os Estados, a Igreja e a sociedade devem trabalhar juntos para a prevenção do tráfico e a proteção de todas as pessoas, especialmente as mais vulneráveis“. Por isso, ninguém pode esquecer que “a vida não é uma mercadoria, é sobre pessoas”, fazendo um chamado a se juntar a eles na defesa da dignidade e dos direitos das vítimas de tráfico de pessoas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Mário Antônio da Silva denuncia “a omissão e negligência das autoridades” frente ao garimpo ilegal na TI Yanomami

Os ataques que sofre o povo Yanomami por parte do garimpo ilegal, especialmente desde o dia 10 de maio passado, em que aconteceu um tiroteio contra a aldeia Palimiú, tem sido motivo de repulsa por parte da diocese de Roraima. Numa Carta à Igreja e ao povo de Roraima, Dom Mário Antônio da Silva, denuncia que diante dos ataques, que se repetiram nos dias seguintes, “poucas providências foram tomadas da parte dos órgãos responsáveis para garantir a vida e a integridade da comunidade”. O bispo denuncia o garimpo ilegal em Roraima, “que nos últimos anos cresceu com a anuência dos poderes legislativo e executivo, inclusive com projetos de lei tentando validade e reconhecimento”. O segundo vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lembra as palavras da última assembleia, onde aparece a necessidade de se posicionar “quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada”. Por isso, Dom Mário Antônio afirma que “o garimpo nas terras indígenas é uma atividade ilegal que não pode ser acobertada”, pois ela traz violência e provoca estragos à Casa Comum. Diante da presença de mais ou menos 20 mil garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, o bispo se pergunta quem está atrás e quem se enriquece realmente com isso. O bispo de Roraima considera inaceitáveis “a omissão e negligência das autoridades”, dado que “a proteção dos territórios indígenas é uma obrigação constitucional”, denunciando que “há um descumprimento sistemático por parte da União frente as suas obrigações, tornando-se assim principal cúmplice da violência, da depredação e da ilegalidade”, pedindo a ação urgente das autoridades. Dom Mário Antônio pede “espaços de diálogo e caminhos de futuro que não passem pela degradação ambiental, pela agressão e violência aos povos indígenas e seus territórios”. A carta finaliza manifestando a “profunda solidariedade com os Yanomami e os Ye´kwana” e todos os povos indígenas de Roraima, que estão sofrendo com o garimpo, lhes mostrando que “vocês não estão sozinhos, vamos juntos!”.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

O CELAM chama o Povo de Deus “a procurar e discernir novos caminhos de evangelização e de serviço”

Numa mensagem ao Povo de Deus, fruto da sua 38ª Assembleia Geral, o Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), faz uma análise da realidade, marcada pela pandemia do Covid-19 e, dentro do seu processo de renovação e reestruturação, convida o Povo de Deus “a procurar novos caminhos e estratégias para promover com maior audácia a opção missionária“. As palavras dos pastores querem ser “de esperança e compromisso“, sublinhando que apesar “da angústia, tristeza e incertezas” causadas pela pandemia, nos mostrou “que somos um povo solidário, aberto às necessidades dos outros e sentindo a dor daqueles que sofrem”, uma atitude também presente nos membros da Igreja, “uma comunidade em caridade e em abertura à esperança que gera um novo amanhecer”. Pelo que foi vivido na 38ª Assembleia Geral, é evidente que o processo de renovação e reestruturação visa fazer do CELAM um grande Centro de Pastoral Continental, “mais de acordo com as situações atuais na nossa região sob a inspiração que o Evangelho nos oferece”. Numa nova realidade, o CELAM “é obrigado a procurar novos caminhos e estratégias para promover com maior audácia a opção missionária”, com uma pastoral que torna presente o Reino de Deus, como uma Igreja Sinodal em saída. O CELAM apela a todos para se envolverem “no ser e no trabalho da Igreja”, na diversidade e na comunhão, tendo como base “a força da sinodalidade onde todos temos o direito de participar, caminhando juntos”. A mensagem insiste em não permanecer nos desafios e descobrir as “novas oportunidades e imensas possibilidades de testemunhar o amor de Deus”, procurando “novas formas de evangelização e serviço, com o ardor de discípulos autênticos em saída missionária”, conscientes da presença de Jesus Ressuscitado, o que ajuda no “discernimento sobre as novas perspectivas e transformações da realidade para focalizar as respostas pastorais necessárias”.  A mensagem sublinha a importância da “Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe“, que é vista como um sinal de esperança. É um “evento em chave sinodal e participativa“, a fim de “procurar e desenhar juntos novos caminhos para o anúncio do Evangelho com o protagonismo e a participação de todos”. É um apelo a caminhar “numa atitude sincera de comunhão, colegialidade, eclesialidade e sinodalidade”. Para isso pedem a intercessão de Nossa Senhora de Guadalupe, a quem confiam “os sonhos, o trabalho e o impulso missionário”.                      Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

A Pan-Amazônia ultrapassa os 3 milhões de casos e os 81 mil mortos pela Covid-19

3.053.816 casos confirmados e 81.381 falecidos em consequência da Covid-19 na Pan-Amazônia, até 31 de maio de 2021. O informe semanal da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) mostra as graves consequências da pandemia na região amazônica, onde o número de contágios e óbitos continua sendo elevado. Na última semana houve um aumento de 67.829 casos e 1.640 falecidos. O maior número de casos e mortes está na Amazônia brasileira, onde já foram contagiadas, segundo os números oficiais, 2.308.816 pessoas, com 60.095 óbitos. No Regional Norte 1, o número de casos é de 447.733 e 14.112 mortes. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Ordenado o primeiro diácono permanente na Prelazia de Borba

Novo Aripuanã acolheu na noite deste domingo, Solenidade da Santíssima Trindade, a ordenação diaconal de Domingos Sávio Saldanha Colares. O novo diácono, de 53 anos de idade, casado e pai de três filhos, é o primeiro a ser ordenado na Prelazia de Borba, e escolheu como lema “Eu estou no meio de vós como aquele que serve”. Nascido em Novo Aripuanã, o novo diácono, ordenado por Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, na quadra da paróquia Nossa Senhora da Conceição, foi formado na escola diaconal da Prelazia de Borba “Dom Adriano Veigle”, o bispo que batizou e crismou o novo diácono. Na celebração fizeram-se presentes um bom número das comunidades e das lideranças locais, segundo Dom Zenildo. O bispo destaca que “foi uma celebração típica daqui, algo muito bem preparado. Com a graça de Deus, foi uma celebração vocacional, uma promoção vocacional para a Igreja, para a Prelazia de Borba, para a Igreja na Amazônia”. Segundo o bispo da Prelazia de Borba tem outros que serão ordenados no decorrer deste ano, que foram formados junto com o diácono recém ordenado. “Deus seja louvado pelo sim e por esta celebração bonita”, afirmava Dom Zenildo. Junto com isso, o bispo destaca a presença na prelazia do superior provincial dos Orionitas, da Provincia Nossa Senhora de Fátima – Brasil Norte, padre Josumar dos Santos, junto o padre Francisco de Assis Silva Alfenas, conselheiro provincial, que estudam a possibilidade de abrir uma comunidade em Novo Aripuanã. Também as irmãs de Jesus Bom Pastor, que segundo Dom Zenildo, “estão aqui marcando presença e sondando a abertura de uma missão nesta região”. O bispo diz que “nós temos um coração agradecido e estamos louvando a Deus por tantas iniciativas abençoadas para nossa Igreja local”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

“Nós queremos continuar sendo essa Igreja que não quer se calar”, afirma Dom Ionilton na apresentação do Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2020

Seguindo um costume que faz parte da caminhada da Comissão Pastoral da Terra (CPT) desde seu nascimento em 1975, era apresentado virtualmente nesta segunda-feira, 31 de maio, o Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2020. A apresentação começou, como acontece no caderno, um documento de 284 páginas, com uma homenagem a Dom André de Witte, presidente da CPT, falecido no dia 25 de abril, e a Dom Pedro Casaldáliga, um dos fundadores da instituição, falecido em 2020. Junto com eles, também foram lembrados os agentes da CPT falecidos em2020, muitos deles da pandemia da Covid-19. A pandemia determinou a vida da humanidade durante o ano 2020, também os conflitos no campo, que no Brasil atingiram quase um milhão de pessoas. 2020 tem sido o ano com maior número de conflitos no campo brasileiro, com 2.054 conflitos, um 8% a mais em relação com 2019. Mas além dos números, o Caderno de Conflitos, ele registra histórias, e junto com isso mostra a violência contra a biodiversidade, que também é detentora de direitos. O Brasil vive uma realidade marcada pelo retorno da fome, pela miséria e violência no campo, algo que está sendo referendado pelo poder público e pelo judiciário. Estamos diante de um aumento da violência contra as mulheres, mas também de um aumento das resistências, da solidariedade, onde os povos do campo tem sido exemplo de partilha diante da fome, mas também na defesa do meio ambiente, servindo como exemplo disso a proposta do Movimento Sem Terra (MST) de plantar 10 milhões de árvores. O Caderno de Conflitos 2020 é mais um episódio de uma história de denúncias que vem desde 1975, segundo Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, presidente da CPT após o falecimento de Dom André. O bispo da Prelazia de Itacoatiara mostrava a importância do que significa o Centro de Documentação Dom Tomás Balduino e do relato histórico do trabalho da CPT nesse campo, algo que é muito valorizado pelo mundo acadêmico, como foi constatado no webinar de lançamento. Não podemos esquecer que a CPT é a única entidade a realizar tão ampla pesquisa em nível nacional, se tornando a grande fonte de pesquisa das instituições de ensino e da imprensa. Esse trabalho desenvolvido no Caderno de Conflitos tem como fundamento seis dimensões: teológica, ética, política, pedagógica, histórica e científica. Segundo Dom Ionilton, “os bispos tem procurado acompanhar bem de perto e tem feito manifestações, foram duas notas recentes dos bispos da Amazônia” sobre o Projeto de Lei 510 e a Carta ao Povo brasileiro no encontro dos Bispos da Amazônia, “onde nós reafirmamos esse nosso compromisso com essa luta”, afirmava o presidente da CPT. Ele lembrava uma frase da última mensagem: “Assistimos um governo que vira as costas a estes clamores, opta pela militarização em seus quadros, semeia estratégias de criminalização de lideranças e provoca conflito entre os pequenos”. O bispo de Itacoatiara destaca a ação na Amazônia da CPT, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), as Pastorais do Campo, as Pastorais da Mobilidade Humana, a Carita, que ele define como “atividades em que a Igreja se faz presente”. Mesmo assim, Dom Ionilton insistia em que “tanto na instituição como na Igreja Povo de Deus, ainda temos muito que avançar, ainda tem também muita resistência entre nós, ainda tem gente que não entende a nossa presença e ação neste campo de ação evangelizadora, a defesa da Terra, dos territórios, das águas e dos povos que habitam a Amazônia”. Por isso, o bispo insistia em que “Nós queremos continuar sendo essa Igreja que não quer se calar”. Segundo o presidente da CPT, “a defesa da vida é o que mais interessa e nós temos que continuar fazendo isso”. Por isso destacava a importância do lançamento como momento em que “nós trazemos à luz esses dados”, que “vai ajudar à população brasileira e do mundo inteiro a tomar conhecimento de uma realidade que infelizmente fica muito ainda no escondimento, porque a grande mídia não tem interesse em ficar desvelando isso”, fazendo assim um chamado a “trazer à luz do dia essas informações  que com certeza vão muito contribuir para reforçar a luta e a defesa da terra, dos territórios, das águas e dos povos”. Dom Walmor Oliveira de Azevedo destacava que “a Comissão Pastoral da Terra, de modo corajoso e profético, tem caminhado ao lado dos pobres”. Segundo o presidente da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, o Caderno de Conflitos “ajuda o nosso país a enxergar a grave realidade dos trabalhadores do campo, das águas e das florestas brasileiras”. Ele insiste em que “sem uma política eficaz voltada para os mais vulneráveis, e que reafirme a função social da propriedade e do trabalho, prevalecem os conflitos”. O arcebispo de Belo Horizonte denunciava que “a ausência do Estado gera um caos, leva a graves danos ambientais provocados pela falta de gestão no campo, com a ocupação irregular de território por grileiros, derrubando árvores, comprometendo mananciais e rios, com impactos na fauna e na flora”. O presidente da CNBB exigia “uma adequada política de assentamentos, com gestão assertiva é imprescindível para minimizar os conflitos no campo e os danos ambientais”, lembrando o pedido da CNBB para não houver despejos em tempo de pandemia, trabalhando “para que os mais pobres, os perseguidos, tenham voz e sejam ouvidos”. Para Dom Walmor, “não há indiferença em relação aos pobres, há economia que mata, gerando miséria no campo e em todos os lugares com a degradação ambiental, caminho para muitos adoecimentos”. Por isso fazia um chamado a que “a nossa Igreja seja sempre sinal de esperança para a vida dos pobres, ajudando o mundo a ser mais justo, solidário e fraterno”, mostrando seu apoio a cada evangelizador da CPT. Na apresentação do caderno, realizada desde diferentes perspectivas por Paulo César Moreira, Patrícia Chaves e Sônia Guajajara, a gente destaca que os conflitos no campo no Brasil em 2020 estão focalizados na Amazônia (62,4% do total) e tem como principais vítimas os povos indígenas (42 %). Estamos diante de “dados que nos trazem muita…
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Diocese de Alto Solimões pede orações pela saúde de Dom Alcimar

Segundo informou a Diocese de Alto Solimões num breve comunicado, o bispo emérito, Dom Alcimar Caldas Magalhães, está internado e será submetido nos próximos dias, segunda ou terça-feira, a uma cirurgia no Hospital Unimed de Manaus. A cirurgia será para desobstruir o canal da vesícula, um procedimento que foi realizado anos atrás. A intervenção, que em princípio não reveste especial gravidade, precisa de cuidados, dada a idade de Dom Alcimar, 81 anos, e que ele é diabético. O bispo diocesano, Dom Adolfo Zon, e a Diocese de Alto Solimões, pedem orações pelo sucesso da intervenção e a pronta recuperação daquele que foi bispo titular entre 1990 e 2015, que segundo informações se encontra bem de ânimo à espera dos exames pre-cirúrgicos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Leonardo Steiner abençoa a nova sede da REPAM em Manaus

  Depois de vários meses de mudança, alargados pela pandemia da Covid-19, que obrigou a realizar o trabalho desde casa, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) está estreando sua nova sede. Manaus acolhe a secretaria executiva, que até final de 2020 tinha sua sede em Quito (Equador), e que está formada pelo ir. João Gutemberg Sampaio, novo secretário, Rodrigo Fadul, vice-secretário, Lidiane Cristo, Diego Aguiar e o padre Júlio Caldeira. O novo espaço foi abençoado pelo arcebispo de Manaus, que acolheu a nova equipe, que foi se apresentando a Dom Leonardo Steiner, relatando as funções que cada um deles assume na secretaria e no acompanhamento dos diferentes eixos. Tem sido também um momento para fazer memória do caminho percorrido desde 2014 e de trazer presentes os povos do território amazônico. O cardeal Pedro Barreto enviava uma mensagem onde agradecia a Dom Leonardo pela gentileza de abençoar o escritório da REPAM, cumprimentando toda a equipe da nova secretaria executiva. Segundo o presidente da REPAM, estar em Manaus, “nos abre à possibilidade de olhar com esperança o futuro próximo, não só da REPAM, também da CEAMA, da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, e proximamente toda a preparação do sínodo sobre a sinodalidade, que será em 2023”. Em suas palavras, o cardeal peruano agradecia a toda a equipe, “não só por realizar um serviço, mas também pelo aporte significativo para a Amazônia e também para toda a Igreja universal”, insistindo em que “estamos num momento muito importante”. Na inauguração também se fez presente a Ir. Carmelita Conceição, conselheira da REPAM. A auditora sinodal vê o momento atual como oportunidade para “concretizar o que a gente sonhou no Sínodo”. Segundo a religiosa salesiana, “é como se a REPAM tivesse ficado adulta”, insistindo na necessidade de cuidar da planta que nasceu e tem crescido ao longo de quase sete anos. A Ir. Carmelita falava do nascimento da CEAMA “como se uma fecundidade fosse se multiplicando, criando, descobrindo outras formas de realizar esse sonho que foi a REPAM”. A religiosa afirmava que “a gente se sente irmão dos outros países, porque estamos no mesmo barco, estamos sofrendo as mesmas situações e estamos juntos lutando”. Acima das possíveis diferenças entre os países, “hoje há uma questão forte que nos une, que é a questão da luta pela vida, a luta pela libertação, lutar juntos contra a situação”. Ela insistia em que “a REPAM está chegando num momento de plenitude, de fecundidade, de maturidade”. Dom Leonardo Steiner lembrava de alguns passos que antecedem o nascimento da REPAM, encontros em nível pan-amazônico onde foi surgindo a necessidade de criar “um organismo que pudesse aglutinar as experiências riquíssimas em relação aos povos indígenas, à assistência social que sempre foi feita”, tentando assim “fazer uma rede de partilha”. Com a criação da Comissão da Amazônia pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, tudo isso foi avançando, o que acabou provocando a criação da REPAM. O arcebispo de Manaus, que acolheu a nova sede da REPAM e mostrou o apoio não só da arquidiocese como de todos os bispos do Regional Norte 1 da CNBB, falava sobre a necessidade de “cuidar para que não se torne um organismo que seja apenas organizativo, mas de animação”. Junto com isso, o fato de ter vindo a Manaus, leva Dom Leonardo a ver a necessidade de cuidar para “sempre estar envolvendo os outros países”. Numa perspectiva de fomentar a reflexão teológica desde a REPAM, o arcebispo de Manaus vê como algo positivo o fato de que a REPAM esteja ligada ao Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da Amazônia – ITEPES, ajudando à academia na produção de material que auxilie na reflexão a partir da Igreja que está na Amazônia. Dom Leonardo Steiner refletia sobre a necessidade de trabalhar em rede para enfrentar “o que o governo está fazendo em relação aos povos indígenas, em relação ao meio ambiente”. Ele insistia em que “nossa tarefa é também educativa, educação no sentido de despertar”. Por isso fazia um chamado, dizendo que “vamos juntos trabalhando e buscando sempre o melhor”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Prolongado até 30 de agosto o processo de escuta da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe

A pedido de várias conferências episcopais, feito durante a 38ª Assembleia Geral do Conselho Episcopal Latino-americano – CELAM, realizada de 18 a 21 de maio, a presidência do organismo aceitou a necessidade de prolongar o período de participação no processo de escuta. A nova data para este importante momento será “30 de agosto de 2021, quase mais dois meses, a fim de promover uma participação mais ampla que permita reunir as vozes do Povo de Deus que peregrina no nosso continente”. No mês de junho, “o comité de conteúdo juntamente com o comité de escuta começará a trabalhar”, diz o comunicado assinado pelo presidente e secretário-geral do CELAM, a fim de “assegurar a sistematização atempada de todas as contribuições do processo de escuta”. Uma vez concluído o processo de escuta, durante o mês de setembro, “procederemos à elaboração do Documento para o Discernimento“. O comunicado destaca o trabalho que está sendo realizado pelas Equipes de Animação Pastoral da Assembleia nas Conferências Episcopais. Diz-se que “eles estão envolvidos, organizados, entusiasmados e empenhados“. O CELAM oferece a sua disponibilidade para colaborar em caso de dúvidas ou dificuldades, confiando “que a Assembleia Eclesial será um sinal e uma expressão de proximidade e esperança no meio da pandemia que o continente está vivendo”. Recordando que os materiais preparados estão disponíveis no website da Assembleia, https://asambleaeclesial.lat, lembra-se que a data da Assembleia continua a ser a mesma, de 21 a 28 de novembro na Cidade do México. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Mauricio López: “A Assembleia Eclesial é uma verdadeira experiência de amplitude eclesial onde o essencial é o exercício da escuta”

Na semana passada, o CELAM viveu a sua 38ª Assembleia Geral, onde o processo de renovação e reestruturação foi o seu tema fundamental. Mauricio López, coordenador do novo Centro de Programas e Redes de Ação Pastoral, participou na mesma. Nesta entrevista, Mauricio reflete sobre alguns aspectos importantes deste processo, bem como da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que está passando pelo seu processo de escuta. Alguém que conhece a dinâmica do que é uma Igreja sinodal, ajuda-nos a entrar no que significam estes novos caminhos que estão sendo empreendidos pela Igreja da América Latina e do Caribe.   O CELAM acaba de celebrar a sua 38ª Assembleia Geral, onde o tema principal foi o processo de renovação e reestruturação, ao qual a assembleia deu o aval para continuar neste caminho. Em que parâmetros pensa que este processo deve avançar, qual, como disse Dom Miguel Cabrejos, é o caminho que deve continuar sendo seguido durante pelo menos os próximos dois anos? Para mim tem sido uma experiência muito significativa reconhecer que na Igreja, e sobretudo nas estruturas da Igreja, há uma tendência para processos que envolvem discernimento. Apesar de uma certa incerteza ou ansiedade em alguns sectores, alguns, da Igreja latino-americana e do episcopado da região, o que vivemos foi uma tomada de consciência do mandato dado pela assembleia anterior em Tegucigalpa. Nele havia uma série de elementos que para mim foram muito claros neste processo de discernimento: o apelo era para fazer uma parada, para parar as atividades, para parar aquele ativismo que tinha levado o CELAM, embora com uma série de atividades significativas, a ser mais como um espaço baseado em eventos. O mandato era tentar fazer um verdadeiro discernimento sobre onde está a relevância, o apelo essencial do CELAM neste momento da história. Para que nos chama Deus neste momento como Igreja na América Latina? O segundo elemento chave é que houve um pedido frontal e claro de repensar o modelo pastoral do CELAM, o qual, embora tenha gerado alguma resistência em alguns, na maioria dos casos percebemos que há necessidade de um certo aggiornamento ou atualização para encontrar o modelo pastoral mais coerente com os sinais dos tempos, mas também com o que o Magistério da Igreja, tanto latino-americano como universal, nos diz. O terceiro elemento era ultrapassar esta ideia de cortar e colar programas e departamentos, para, de fato, renovar e reestruturar o CELAM. Esta assembleia tem sido a confirmação de um processo em curso. Agora podemos dizer que temos um forte apoio, sem dúvida, com algumas observações, sobre a confirmação da aposta essencial e fundamental relativamente à proposta de reestruturação e reorientação na perspectiva pastoral. Mas temos dois anos à nossa frente, onde vamos começar a explorar as formas de implementar algumas questões que são inovadoras, outras que representam novos desafios, outras que são formas de reorganizar o que já existe, e certamente também de continuidade com algumas das coisas que já estavam sendo feitas. O que avalio é que temos sido fiéis ao mandato dos bispos de Tegucigalpa de realizar um processo de avaliação e discernimento, e temos agora uma confirmação necessária da direção que devemos seguir. A segunda metade deste ciclo de quatro anos está chegando, que não será de ativismo descontrolado, mas de tentativa de explorar, aprofundar e amadurecer propostas que esperamos possam permanecer por mais quatro ou oito anos no caminho. Esperemos que o CELAM abrace cada vez mais esta ideia de continuidade de processos, para além das administrações temporárias que terminam e outra mudança drástica vem, porque estas administrações são, no fim de contas, meios e não fins em si mesmas. Dentro deste processo de renovação e reestruturação, passámos dos antigos sete departamentos para os quatro novos centros. Como coordenador do Centro de Ação Pastoral, como podem estes novos centros influenciar a vida pastoral do CELAM e da Igreja da América Latina e do Caribe? A primeira coisa é que os quatro centros querem ser centros pastorais, embora o CEPRAP, que é o Centro de Programas e Redes de Ação Pastoral, que tenho agora o privilégio de servir, seja aquele que tem um enfoque mais específico no acompanhamento de ações inculturadas ou encarnadas. Há duas novidades que são uma resposta aos sinais dos tempos, uma é o Centro de Gestão do Conhecimento, que assume de forma permanente a metodologia pastoral de discernimento da realidade, uma que está normalmente associada a um pequeno momento no tempo, e depois abandonada. Este centro procura fazer uma análise permanente da realidade, que muitas vezes foi um serviço externo ou uma atividade única, para torná-la um elemento permanente de toda a visão pastoral do CELAM. Este é o Centro de Gestão do Conhecimento, com uma lógica de escuta permanente, de leitura da realidade e de ajuda às Conferências Episcopais e ao CELAM como um todo a elucidar os apelos essenciais que o Espírito nos faz nesta América Latina e no Caribe. Aqui há uma novidade chave que é consistente com o momento que estamos vivendo e com as mudanças eclesiológicas. A segunda novidade é o Centro de Comunicação, que era apenas um departamento com uma lógica de serviço interno, e hoje tornou-se um verdadeiro espaço pastoral. Ou seja, um centro que acompanhará a ação pastoral com as narrativas e os instrumentos comunicacionais que dão conta de todos os aspectos da realidade que estamos vivendo. Uma resposta à situação de pós-verdade e de notícias falsas que vivemos hoje. A ideia é gerar uma narrativa que reflita a ética do que a Igreja quer contribuir. Trata-se de dar horizontes e orientações a partir de uma visão crítica da realidade, e também de oferecer serviços específicos, tais como a editora que o CELAM está gerando. Depois temos o CEBITEPAL, que de alguma forma quer passar de um excelente prestador de serviços formativos a uma instância que acompanha a realidade como um todo e as situações pastorais específicas com itinerários formativos que são tecidas em conjunto com os próprios atores. Já não se trata apenas…
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