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A REPAM lança a Cesta Amazónica, uma contribuição para “construir uma Igreja com rosto amazónico”

A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, acaba de lançar a Cesta Amazónica, um compêndio de guias, itinerários e conteúdos de temas importantes que partem da realidade amazónica e pretendem ajudar a conhece-la e, ao mesmo tempo, adquirir conhecimentos que podem ajudar no trabalho de acompanhamento dos povos e dos processos na região. Na sequência da proposta do Sínodo para a Amazónia, de construir uma Igreja com rosto amazónico, uma Igreja inserida no seu território, a Cesta Amazônica oferece subsídios para aprofundar o conhecimento, visão, teoria e tudo o que possa colaborar neste caminho. Trata-se, em atenção aos seus povos, de realizar este trabalho na Amazônia, com novos horizontes e conteúdos formativos aprofundados que nos ajudam a gerar vida. Estamos perante uma caixa de ferramentas, como mostra o vídeo que foi lançado para explicar do que se trata, “que é disponibilizado aos agentes pastorais de toda a Pan-Amazônia e que procura ser um contributo para a sua ação pastoral e também para o papel que desempenham na sociedade”. Os objetivos desta Cesta Amazónica são “estabelecer relações entre os agentes pastorais e as suas comunidades para construir uma Igreja presente, próxima das necessidades da realidade, a partir da perspectiva integral do território Pan-Amazônico, face a estes desafios”. Além disso, pretende ajudar na “construção ou atualização de planos pastorais“, e finalmente “procura adaptar-se aos contextos e necessidades da realidade”. A Metodologia baseia-se na educação popular e faz uso de documentos valiosos já existentes na história da Igreja na região. São materiais construídos por diferentes colaboradores do Eixo de Formação e Métodos Pastorais da REPAM, que, na medida do possível, se baseiam na vida das comunidades amazônicas. A cesta segue o método de reflexão presente na Igreja latino-americana: Contemplar (momento de oração e reflexão à luz de textos e histórias sagradas); Ver (leitura de textos, ideias e conceitos para localizar a realidade); Julgar ou Discernir (espaço de intercâmbio, partilha e discussão construtiva, através de perguntas. Assimilação do conteúdo revisto e geração de conhecimento crítico); Agir (construção de compromissos claros e concretos); Celebrar (expressão simbólica da fé encarnada para animar a nossa experiência onde assumimos e reconhecemos que Deus nos acompanha nesta missão). A partir daí, foram elaborados 31 módulos, organizados em 9 temas diferentes: Território, Espiritualidade, Organização, Água, Biodiversidade, Evangelii Gaudium, Pastoral Itinerante, Doutrina Social da Igreja e Megaprojetos e atividades predatórias. Elementos como a língua materna, educação tradicional no território, leis para proteger o território, desterritorialização, ecossistemas, saúde, espiritualidade como fonte de vida, mitos e ritos, simbologias e pinturas, canções, lugares e tempos sagrados, sabedoria ancestral, sonhos como revelações de Deus, resistência, família, transmissão oral, governo, leis comunitárias, líderes e relacionamento com outros povos, entre outros elementos, são abordados. Todos estes conteúdos e respostas a perguntas podem ser encontrados no website da REPAM: www.redamazonica.org Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Trindade, comunhão, unidade na diversidade

Unidade na diversidade, isso é o que define a Santíssima Trindade, a festa que vamos celebrar no próximo domingo, 30 de maio. Essa mesma unidade na diversidade é um elemento que está presente na sinodalidade, o modo de ser Igreja que o Papa Francisco está nos propondo, uma reflexão que vai estar presente na vida da Igreja católica nos próximos anos. Na última sexta-feira, 21 de maio, o Santo Padre convocava oficialmente o Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade, que será aberto no próximo mês de outubro e que vai ter sua assembleia sinodal em outubro de 2023. Ao longo de dois anos somos chamados a entrar no caminho da comunhão, um desafio secular na vida da humanidade. Podemos caminhar juntos, que é o que significa sinodalidade, mesmo sabendo que somos diferentes? Estamos dispostos a entrar nessa dinâmica de comunhão? Podemos dizer que essa é uma necessidade cada vez mais urgente, ainda mais numa sociedade cada vez mais dividida e enfrentada? Ninguém pode obviar que a divisão é instrumento de dominação de um povo que esquece os inimigos comuns e se enfrenta por questões que não ajudam a superar as ameaças que se cernem sobre o a totalidade. Essa é uma dinâmica instigada em espaços de poder político, econômico, inclusive religioso, que deve ser ignorada, na tentativa de fazer realidade essa vida em comunhão. Quem se diz cristão, a gente que se diz católico, deveria fomentar essa vida em comunhão, essa dinâmica sinodal, esse empenho em caminhar juntos, como modo de vida cotidiano. Assumir esse modelo faz com que a gente possa se tornar testemunho para a convivência social. Num país cada vez mais próximo dos 500 mil mortos pela Covid-19, muitos deles consequência da falta de sentimentos comuns, de empatia pelos outros, somos chamados a refletir e assumir a urgência dessa atitude. Deus não é uma ideia, ele não é algo que fica no campo do pensamento, acreditamos num Deus encarnado, presente na vida da humanidade, que acompanha e orienta o decorrer da história. Não acreditamos num Deus que fica acima e sim num Deus que fica no meio da gente, que inclusive assume ser o último, o menor de todos. A comunhão se faz mais fácil quando a gente se reconhece pequeno, limitado, quando a gente experimenta a necessidade do outro para alcançar a plenitude. Não deixemos que aquilo que a gente celebra fique como algo que não mexe com a vida da gente. Acreditar em Deus é traze-lo para o dia a dia, deixar que Ele se faça presente em nosso modo de reagir diante de tudo o que acontece, das decisões que tomamos. É tempo de comunhão, de caminhar juntos, de entender que juntos somos mais e que o testemunho dos outros nos abre à possibilidade de sermos melhores. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Regional Norte 1 organiza o processo de escuta da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe

A Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que vai acontecer de 21 a 28 de novembro, aos poucos está começando a fazer parte da vida da Igreja do continente. O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, também está se organizando para participar do processo de escuta. Com esse motivo acontecia nesta segunda-feira, 24 de maio, um encontro virtual onde participam o secretário executivo do Regional Norte 1, Francisco Lima, junto com coordenadores de pastoral de algumas dioceses e prelazias e das pastorais em nível regional, junto com o Comitê REPAM Norte 1, num total de umas 30 pessoas. No encontro foi explicado o caminho percorrido pela Assembleia até o momento, sendo apresentados os documentos que fazem parte da assembleia, que podem ser descarregados em PDF no site asambleaeclesial.lat: Documento parao caminho, Guia Metodológico completo, Guia Metodológico simplificado, Guia parao caminho versão popular e Manual Plataforma de Escuta, todos eles traduzidos ao português.     No encontro foi destacado a importância de cada um se envolver individualmente e também coletivamente no processo de escuta, de animar o povo do Regional, também as pessoas de boa vontade que não tem uma participação constante na vida da Igreja. Todos podem participar, individualmente ou em grupo, do processo de escuta através da plataforma. Para isso foi pedido ajudar às pessoas que tem dificuldade no acesso à internet, e também incentivar o envolvimento do clero no processo de escuta, de ser animadores e multiplicadores, dando voz às diferentes realidades que fazem parte do Regional Norte 1 da CNBB. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Sonho eclesial: “O modelo pastoral na Amazônia tem de ser marcadamente laico”

Depois de percorrer o sonho social, ecológico e cultural, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), juntamente com a Verbo Films, acaba de lançar o vídeo do quarto e último sonho da exortação pós-sinodal Querida Amazônia, o sonho eclesial. Num relato conduzido mais uma vez por Mauricio Lopez, até há poucos meses atrás secretário executivo da REPAM, vozes diferentes fazem uma leitura da realidade do que talvez possa ser considerado o sonho “o mais desafiante, o mais complexo, no qual há grandes esperanças, mas também muitos caminhos a percorrer”, nas palavras de Mauricio. Estamos perante um sonho que “pede novos rostos para a Igreja, que sejam coerentes com a diversidade cultural, que sejam coerentes com o apelo do nosso tempo, o grito da terra e o grito dos pobres”. A Igreja da Amazônia enfrenta o desafio “de anunciar a vida, de anunciar o Reino, de trazer o Evangelho de Jesus no coração, mas uma dinâmica que acolhe, que respeita, que promove, que acompanha, que é fiel ao Magistério da nossa Igreja”. Neste sentido, o vídeo insiste que “não podemos abandonar a missão da Igreja de ser fiel a si mesma, não somos apenas uma ação social que poderia ser associada a uma ONG. Somos um rosto concreto que se encarna na realidade, que quer promover e acompanhar estas diversas expressões multiformes, com todas as vozes diversas, mas com um sentido do Reino, do Evangelho, de ser Igreja, à luz do projeto de vida e querendo sempre caminhar numa dimensão integral”. A evangelização é realizada dentro das culturas, o que leva o diácono Francisco Lima, secretário executivo do Regional Norte 1 da CNBB, a advertir que os evangelizadores não podem “usar da sua própria cultura tentando fazer o anúncio do Evangelho a partir da sua cultura”, que devem “procurar o diálogo com a interculturalidade entre evangelizadores e nacionalidades, com respeito e cuidado pela casa comum”, de acordo com a indígena Kichwa Gloria Grefa. É um caminho de encarnação, procurando “aceitar o desafio com coragem e encarnar ou inculturar a liturgia e todos os outros elementos”, algo em que o Padre José Miguel Goldaraz, missionário durante décadas na Amazônia equatoriana, insiste. Os povos amazónicos reconhecem, como diz Gorete Oliveira, da Equipe Itinerante, “a Igreja está se aproximando cada vez mais do nosso povo, se aproximando do nosso jeito de ser, a nossa maneira de viver, a nossa maneira de falar, a nossa maneira de comer, dos nossos costumes, dos nossos mitos, dos nossos rituais”. O grande desafio é que “as espiritualidades das comunidades amazónicas, a sua visão do bem viver, devem também fazer parte deste caminho inculturado”, diz Mauricio Lopez. Isto torna-se realidade numa “perspectiva de evangelização do social, a partir da perspectiva das cosmovisões de cada um dos povos e comunidades desta Amazônia”, e que isto acontece por transbordamento, que se concretiza: “são rostos novos, é todo um ministério, em coerência com o Evangelho e com a nossa Igreja, mas que se alarga, que se expande, à maneira do Reino, que se expande a todas as culturas e, portanto, a inculturação e a interculturalidade como chaves do processo”, segundo o ex-secretário da REPAM. No campo dos sacramentos, aqueles que vivem na Amazônia dizem que “não devemos negar ninguém”, e que não podem ser usados para “fazer negócios”, para ganhar dinheiro, mas sim “para o poder espalhar a outras pessoas, a outros irmãos e irmãs, para os poder atrair”, ideias explicadas por Eleuterio Temo, da Amazônia boliviana. Esta mesma visão é partilhada por Maria Petronila Neto, da Amazônia brasileira, para quem para além da inculturação dos sacramentos, ela vê a necessidade de “ser oferecido de forma acessível para todos”. Centrando-se na Eucaristia, Dom Erwin Kräutler reflete sobre o fato de, na Amazônia, “80% das nossas comunidades não participam da Eucaristia, a não ser uma, duas ou três vezes ao ano”, pelo que questiona “como nós podemos viver a Eucaristia nessas comunidades”. Trata-se de “fortalecer o tecido eclesial”, afirma Tania Ávila, para quem “sem justiça não há Eucaristia”, que exige que “os planos de formação dos sacerdotes incluam tempos de convivência no território, para se sentirem parte do povo, do povo que cuida da vida. Para aprender com o povo. Conhecer-se a si próprio como terra. Sentir-se corresponsável pela casa comum”. Na inculturação da liturgia e do ministério, Mauricio Lopez coloca o rito amazónico, seguindo o exemplo de outros ritos locais, como o congolês, que ajuda a Amazônia a marcar “os seus rostos particulares, a criar uma verdadeira expressão litúrgica própria”, algo que também tem a ver com o ministério, que deve ser desenvolvido, explorando novos ministérios e reconhecendo o que está “a fazer a diferença na vida quotidiana”. Mauricio vai ao ponto de dizer que para além do diaconado permanente, é possível, eventualmente, a possibilidade de sacerdotes casados, bem como “uma atribuição de mais papéis às mulheres, que são as que estão mais presentes, para que não falte o acesso à Eucaristia, porque é ela quem faz a comunidade”. “A mulher é a alma da família”, disse Dom Joselito Carreño, para quem “uma Igreja, a família de Deus na Amazônia, sem a presença ativa e participativa das mulheres, não lhe poderíamos chamar uma Igreja cristã católica”. Na Amazônia, tal como “são as mulheres as primeiras a anunciar aos discípulos que o Senhor havia ressuscitado”, diz o padre Adelson Araujo dos Santos, “são as mulheres as pioneiras, as primeiras a chegarem, a ajudarem a comunidade local a se organizar e a fundar aí uma Igreja particular”, o que nos desafia a “dar este reconhecimento de maior espaço as mulheres, também nas decisões”. Sobre este ponto, “não é clericalizar as mulheres, mas é reconhecer seu lugar e seu direito de contribuir nas decisões”, insiste Doris Vasconcelos, para compreender que “na Amazônia profunda, leigos e leigas, mergulhados entre conflitos e contradições, são protagonistas de vivências de um outro projeto de sociedade”, como sublinha Bené de Queiroz. É uma questão de compreender e assumir que “o modelo pastoral na Amazônia tem de ser marcadamente laico”, segundo Mauricio…
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Em Carta ao Papa, o CELAM compromete-se a assumir a sinodalidade, “o espírito e o estilo da nossa vida eclesial presente e futura”

O Conselho Episcopal Latino-americano, que encerrou a sua 38ª Assembleia Geral esta sexta-feira, escreveu três mensagens nas quais dá a conhecer o que viveu durante quatro dias de reunião virtual. As mensagens são às Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe, ao Povo de Deus, que ainda não foi dado a conhecer, e ao Papa Francisco. Ao Santo Padre, o CELAM quer “apresentar a nova estrutura pastoral do CELAM que aprovámos“, o fruto de dois anos de trabalho. Na sua mensagem, assinada pela presidência do organismo, relaciona o contexto atual, “que expõe a forte inequidade que o nosso continente está experimentando”, algo presente na vida dos pastores, que dizem “colocar um ouvido no grito da terra e o clamor dos pobres com a consciência de que tudo está interligado, e o outro ouvido no Evangelho do Reino de Deus“. A carta reflete sobre a lógica do transbordamento, presente no pensamento do atual pontífice, algo que se manifesta na sinodalidade que o CELAM quer pôr em prática, especialmente com a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, “um transbordamento missionário em saída permanente”. Nesta dinâmica sinodal, os bispos procuram “exercer um discernimento colegial e sinodal“, baseado na escuta da Palavra de Deus e do grito do povo. Tudo isto em busca de um horizonte que “inclui os quatro sonhos que o senhor quis despregar na exortação apostólica Querida Amazônia“. Finalmente, agradecem ao Papa Francisco, “pelo seu ministério e pelo seu magistério, particularmente neste tempo de pandemia que nos iluminou com o seu testemunho e a sua palavra”, a quem lhe asseguram as suas orações e pedem a sua bênção paterna. CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO PRESIDÊNCIA “Somos todos discípulos missionários em saída” Bogotá, D.C., 21 de maio de 2021 A Sua Santidade FRANCISCO Cidade do Vaticano Santo Padre: Na conclusão desta 38ª Assembleia Geral Ordinária do CELAM, que se realizou pela primeira vez presencialmente e virtualmente, gostaríamos de vos apresentar a nova estrutura pastoral do CELAM que aprovámos. Nós, os participantes, reconhecemos o imenso trabalho que tem sido feito durante dois anos sob a liderança da Presidência para cumprir o mandato dado pela Assembleia de Honduras em 2019. O nosso encontro teve lugar no contexto da pandemia da COVID-19, o que expõe a forte inequidade que o nosso continente está experimentando e que a acentuou, como se pode ver na taxa de pobreza per capita, que cresceu 12%. Como pastores do Povo de Deus, queremos colocar um ouvido no grito da terra e o clamor dos pobres com a consciência de que tudo está interligado, e o outro ouvido no Evangelho do Reino de Deus com a esperança de sairmos desta crise juntos e melhores, animados pelas suas palavras: “estamos todos na mesma barca”, “ninguém se salva sozinho”. Ao contemplarmos a situação dos nossos povos, confirmamos a experiência de que a realidade nos transborda e os desafios vencem-nos, mas confiamos que Deus nos surpreende, renova, fortalece e inspira-nos a transbordar de criatividade pastoral. Desejamos seguir a “lógica do transbordamento” que o senhor nos propõe (cf. QA 104-105). O transbordamento é uma novidade do Espírito Santo que abre a possibilidade de uma superação criativa dos conflitos e das polaridades. O senhor quis promover este tipo de “transbordamentos” dentro da Igreja, reavivando a antiga prática da sinodalidade. A ação discreta e harmoniosa do Espírito ultrapassa os nossos horizontes limitados e abre-nos ao excesso do amor gratuito de Deus, à sabedoria da cruz pascal, e ao dom da vida abundante para todos (cf. Jo 10:10) e leva-nos a um transbordamento missionário em saída permanente. Partilhamos o nosso apoio esperançoso à primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe: Aparecida, “Memória e Desafios”; com a participação de todos os setores do Povo de Deus, já lançada em janeiro passado, e que se encontra atualmente no processo de escuta. Percorremos este caminho como uma aprendizagem na prática da sinodalidade, que deve ser o talante e o estilo da nossa vida eclesial presente e futura. Na comunhão do Espírito, procuramos exercer um discernimento colegial e sinodal através a escuta atenta aos “gemidos inexprimíveis” do Espírito Santo (cf. Rom 8,26) e dos clamores do Povo de Deus. Como discípulos missionários estamos tentando escutar a Palavra de Deus, para sentir o clamor dos povos e ouvir os nossos irmãos e irmãs para respirar nas suas vozes a vontade de Deus que nos ama e nos chama (cf. Ap. 366, 454). O horizonte que propusemos a nós próprios inclui os quatro sonhos que o senhor quis despregar na exortação apostólica Querida Amazônia. Queremos ser uma Igreja que: anima o continente a lutar pelos direitos dos mais pobres e por uma sociedade mais justa (sonho social); preserva o seu património cultural num diálogo intercultural (sonho cultural); custodia sua beleza natural e o valor da vida (sonho ecológico); uma Igreja com comunidades cristãs capazes de lhe dar um rosto latino-americano e caribenho que dê um testemunho claro do Senhor Ressuscitado (sonho eclesial). Agradecemos-lhe pelo seu ministério e pelo seu magistério, particularmente neste tempo de pandemia que nos iluminou com o seu testemunho e a sua palavra. Juntamente consigo, unimo-nos em oração por tantos homens e mulheres que estão sofrendo a doença e confiá-los à Mãe de Misericórdia, e para aqueles que perderam entes queridos, com os quais nos unimos na comunhão dos santos. Asseguramos-lhe as nossas orações por si e pedimos a sua bênção paterna.     Dom Cabrejos Vidarte, O.F.M. Arcebispo de Trujillo, Peru Presidente   Card. Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo, Brasil Primeiro Vice-Presidente   Card. Leopoldo José Brenes Solórzano Arcebispo de Manágua, Nicarágua Segundo Vice-Presidente   Arcebispo Rogelio Cabrera López Arcebispo de Monterrey, México Presidente do Conselho para os Assuntos Económicos   Arcebispo Jorge Eduardo Lozano Arcebispo de San Juan de Cuyo, Argentina Secretário-Geral Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Sinodalidade: um processo construído aos poucos na América Latina

Todos sabíamos que o próximo Sínodo dos Bispos abordaria o tema da sinodalidade, o que muitos não imaginavam é a forma como o Papa Francisco decidiu realizá-la, com uma metodologia sem precedentes, pelo menos em instâncias do Vaticano, mas isso não surpreende aqueles que vivem a sua fé na América Latina. A sinodalidade não é uma invenção de Francisco, um homem de processos, é algo intrínseco à vida da Igreja, que nasceu naquela primeira comunidade de seguidores e seguidoras de Jesus onde houve a coragem de se sentar, ouvir uns aos outros, discernir e encontrar o caminho a seguir, algo nem sempre fácil para uma Igreja perseguida, onde ser cristão era muitas vezes pago com martírio e sempre com perseguição e exclusão social. Esta Igreja que escuta, que está interessada no que está acontecendo no mundo, na vida de homens e mulheres de cada momento histórico, foi retomada no Concílio Vaticano II. Assim, uma das Constituições que pode ser considerada fundamental no último Concílio, a que trata da Igreja no mundo de hoje, começa por dizer: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo“. As palavras de Gaudium et Spes, como todas as contidas nos documentos do Concílio, não ficaram por ouvir na América Latina, que pouco depois se reuniu em Medellín para encontrar uma forma de concretizar no continente as decisões do Concílio. O método de ver (ouvir), julgar (iluminar) e agir foi assumido como o caminho a seguir, estabelecendo assim elementos de uma sinodalidade que, sem ser explicitada em terminologia, foi vivida na prática, na vida das comunidades que fizeram da caminhada sinodal uma realidade, onde, sem a presença constante do clero, as decisões eram tomadas em conjunto, também pelas mulheres, porque as mulheres tiveram sempre um papel decisivo na vida destas comunidades, elas eram ouvidas no processo de tomada de decisões. Não podemos negar que esta forma de ser Igreja, sinodal, pouco a pouco se desvaneceu e permaneceu em segundo plano. A retomada pode ser datada em Aparecida, um documento construído sobre o batismo, onde é feito um apelo para ser discípulos missionários, uma condição própria de todos os batizados. As ideias de Aparecida irão inundando a vida da Igreja latino-americana, para mais tarde inundar a vida da Igreja universal. Em 2012 teve lugar o Sínodo sobre a Nova Evangelização para a Transmissão da Fé Cristã, onde muitos dos bispos latino-americanos levaram as ideias de Aparecida, o que pouco a pouco despertou questões nos outros padres sinodais. Destas reflexões surgirá a exortação pós-sinodal Evangelii Gaudium, já escrita pelo Papa Francisco, o relator geral de Aparecida, onde muitos veem refletidas as reflexões da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, incluindo as que foram postas de lado no Documento final aprovado pelo Vaticano. Estamos em 2013, e agora, com a chegada do Papa latino-americano, o Papa do fim do mundo, como ele próprio disse nas suas primeiras palavras na sede papal, a dinâmica eclesial está tomado novos rumos. É um Papa que insiste em escutar e que mostra que tem o interesse e o tempo para ouvir, para estar no meio do povo. Nunca esquecerei a procissão no início do Sínodo para a Amazónia, desde o interior da Basílica de São Pedro até à Sala do Sínodo. Ali Francisco estava, no meio do povo, sorrindo, feliz. Se um estranho chegasse, só saberia que era o Papa porque estava vestido de branco, mas ele era apenas mais um. Esse sínodo pode ser visto como um ensaio geral para o processo de renovação eclesial que começou há mais de 50 anos. A maioria dos que entraram na sala sinodal sabiam o que estava a ser cozinhado, muitos tinham participado num processo de escuta que tinha escrutinado cada canto da Amazónia, descobrindo assim “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje”, como nos disse Gaudium et Spes e Aparecida retoma. E não só isso, ali estavam eles, no meio dos bispos e cardeais, os indígenas e as mulheres, a quem o Papa ouvia com especial atenção sempre que falavam na sala sinodal e nos encontros informais durante os intervalos, nas quais ele continuava ouvindo, como sempre faz. Esta dinâmica de sinodalidade, de escuta como elemento indispensável para um bom discernimento, tem vindo a enraizar-se na vida da Igreja. Mais uma vez, foi no continente latino-americano onde foi dado mais um passo. Tem sido com a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, como anteriormente com a Conferência Eclesial da Amazônia, experiências sem precedentes, decorrentes do discernimento do primeiro Papa jesuíta, filho do mestre do discernimento. Francisco não quer elites nem ideologias na Igreja, ele quer ouvir e dialogar com parrésia para encontrar juntos o caminho a seguir. Estamos perante uma Igreja em que todos falam e ouvem, com base na categoria teológica do Povo de Deus. Ouvir as pessoas, mesmo aquelas que sempre estiveram em baixo ou nas margens, já não é algo opcional ou feito para o bem da galeria. É interessante ver como os povos indígenas dizem que no Documento Final do Sínodo e na Querida Amazónia veem o que disseram ao longo do processo de escuta do Sínodo para a Amazónia. A Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe adoptou uma metodologia semelhante à do Sínodo para a Amazônia, algo que foi transferido para a Igreja universal. A Secretaria do Sínodo dos Bispos assumiu esta dinâmica para o próximo Sínodo, que tem como tema “Por uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão“. Quer partir das igrejas particulares, da base, da escuta de todos, sem quaisquer escrúpulos ou restrições. “Um na escuta dos outros, e todos na escuta do Espírito Santo”, a fim de superar qualquer “tentação de uniformidade”, procurando “a unidade na pluralidade”. A grande reforma está em curso, uma reforma que durará no tempo, porque não é algo…
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O CELAM chama os bispos “a fomentar a comunhão, a colegialidade e a sinodalidade em todas as nossas igrejas”

Numa mensagem às Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe, no final da 38ª Assembleia Geral do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), os participantes do encontro, celebrado virtualmente de 18 a 21 de maio, onde dizem ter refletido sobre a realidade na perspectiva do processo de Renovação e Reestruturação do CELAM, que tem sido aprovado pela assembleia, em vista de uma “proposta de uma abordagem pastoral, como uma Igreja sinodal em saída”. A assembleia, segundo a mensagem, tem sido momento para refletir sobre a Assembleia da América Latina e do Caribe e a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). O CELAM diz querer prestar um serviço “em chave de sinodalidade, colegialidade, conversão integral, com voz profética, visão integradora continental, articulando uma ‘rede de redes’, promovendo a descentralização e relevância, acolhendo e contribuindo para o Magistério da Igreja”. Desde o encontro com Jesus Cristo, o CELAM propõe “fomentar a comunhão, a colegialidade e a sinodalidade em todas as nossas igrejas e promova a opção preferencial pelos pobres e o cuidado da casa comum como sinais visíveis da presença do Reino de Deus no nosso meio”. Junto com isso destacam a importância da Palavra e de avançar “sem medo e com e com audácia ao longo dos novos caminhos que o Espírito nos apresenta”.   CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO PRESIDÊNCIA “Somos todos discípulos missionários em saída” MENSAGEM DOS PARTICIPANTES DA 38ª ASSEMBLEIA GERAL DO CELAM ÀS CONFERÊNCIAS EPISCOPAIS DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE “Eis que estou fazendo algo novo, não o reconheces?” Isaías, 43.19  Bogotá, D.C., 21 de maio de 2021  Sob o lema “Tecendo sonhos, renovando compromissos”, e num clima marcado pelas limitações e desafios colocados pela complexa situação sanitária e social que estamos hoje vivendo, de 18 a 21 de maio de 2021, realizámos a 38ª Assembleia Geral do CELAM. Nela, num espírito de comunhão e fraternidade, fizemos um “olhar contemplativo sobre a realidade da América Latina e do Caribe, com uma visão universal e de esperança, e em perspectiva para o ano 2031 – 2033”. Da mesma forma, iluminámos esta realidade desde os “fundamentos teológicos, eclesiológicos e pastorais do processo de Renovação e Reestruturação do CELAM”, e aprofundámos numa “proposta de uma abordagem pastoral, como uma Igreja sinodal em saída, para o desenvolvimento humano e integral das pessoas e comunidades”. Também tivemos a oportunidade de refletir sobre o progresso da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, Aparecida: “Memória e Desafios”; e sobre a Conferência Eclesial da Amazónia, Aparecida: “Memória e Desafios”, e sobre a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), instâncias de escuta, de diálogo e de renovado dinamismo evangelizador para as nossas igrejas.  Tudo isto, enquadrado no profundo desejo de responder ao mandato dado na 37ª Assembleia realizada nas Honduras em 2019, e para levar adiante o Processo de Renovação e Reestruturação do CELAM.  Hoje gostaríamos de vos apresentar o documento que orienta o início desta caminhada deste Projeto de Renovação e Reestruturação, onde nesta Assembleia Geral aprovámos a nova estrutura pastoral do CELAM. É o produto de um longo e intenso processo de discernimento que tem envolvido muitos e diversos agentes pastorais e instituições eclesiais, e que tem exigido numerosas consultas, através das quais realizámos um exercício concreto e operativo da sinodalidade eclesial e da colegialidade episcopal. Nele aparece a importância do serviço que o CELAM é chamado a prestar, nos próximos anos, às Conferências Episcopais e a todas as Igrejas particulares do continente, em chave de sinodalidade, colegialidade, conversão integral, com voz profética, visão integradora continental, articulando uma “rede de redes”, promovendo a descentralização e relevância, acolhendo e contribuindo para o Magistério da Igreja. O presente documento pretende ser um instrumento que provoca e favorece em todos os membros do Povo de Deus uma experiência pessoal e comunitária com Jesus Cristo, de tal forma que a alegria deste encontro possa fomentar a comunhão, a colegialidade e a sinodalidade em todas as nossas igrejas e promova a opção preferencial pelos pobres e o cuidado da casa comum como sinais visíveis da presença do Reino de Deus no nosso meio.  Para nós, como discípulos missionários de Jesus Cristo, configurados com os sentimentos do Bom Pastor, e pastores do Povo santo de Deus que peregrina entre os povos da América Latina e do Caribe, cabe-nos a nós assumir, animar e promover este Projeto de Renovação e Reestruturação do CELAM, com base numa leitura orante da Palavra e numa leitura crente, analítica, com base na realidade dos sinais dos tempos. Acompanhando os nossos povos e juntamente com eles, avancemos sem medo e com e com audácia ao longo dos novos caminhos que o Espírito nos apresenta!  Encorajamo-los a fazer parte deste projeto para o qual todos somos chamados. Que Santa Maria, Nossa Senhora de Guadalupe, a mulher do coração ardente, acompanhe-nos, e que São José, cujo ano celebramos, nos guie nesta tarefa. Dom Miguel Cabrejos Vidarte, O.F.M. Arcebispo de Trujillo, Peru Presidente   Card. Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo, Brasil Primeiro Vice-Presidente   Card. Leopoldo José Brenes Solórzano Arcebispo de Manágua, Nicarágua Segundo Vice-Presidente   Dom Rogelio Cabrera López Arcebispo de Monterrey, México Presidente do Conselho para os Assuntos Económicos   Dom Jorge Eduardo Lozano Arcebispo de San Juan de Cuyo, Argentina Secretário-Geral Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Os bispos do Regional Norte 1 celebram o ministério do leitorato e a admissão às ordens sacras de 12 seminaristas

O Seminário São José de Manaus, onde estudam os seminaristas das dioceses e prelazias do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, celebrou nesta quinta-feira, 20 de maio, o leitorado de Odinei Viana Meireles, indígena do povo tucano, da diocese de São Gabriel da Cachoeira, e a admissão às ordens sacras de 11 seminaristas da Arquidiocese de Manaus, as dioceses de Parintins, Roraima, São Gabriel da Cachoeira e Coari, e a prelazia de Tefé. Cada um dos bispos acolheu seus seminaristas, numa celebração onde mais uma vez apareceu a união existente entre as diferentes Igrejas do Regional Norte 1 da CNBB. Na homilia, o presidente do Regional, que presidiu a celebração refletia sobre a vocação, afirmando que “a iniciativa de toda vocação é de Deus. Ele nos chama gratuitamente e espera de nós a acolhida generosa do seu chamado. Dom Edson Damian enfatizava que diante do chamado de Jesus, “os discípulos imediatamente deixaram tudo e seguiram Jesus”. Segundo o bispo de São Gabriel da Cachoeira, “Jesus continua chamando também hoje, e espera de nós a mesma prontidão, a mesma generosidade”. Ao mesmo tempo, o presidente do Regional refletia sobre o convite que Jesus nos faz a permanecer N´ele, o que “nos mostra a importância da oração e da escuta da Palavra”, lembrando também o amor universal de Jesus pelos pequenos e pecadores. A todos os seminaristas que se formam no Seminário São José de Manaus, Dom Edson fazia-lhes o convite a serem “testemunhas do Crucificado Ressuscitado no coração da Amazônia para fazer realidade os sonhos do Papa Francisco”. Segundo o presidente do Regional Norte 1, “a Amazônia vive um tempo grandioso, um kairós”, e por isso chamava os seminaristas a “entrar nos novos caminhos delineados pelo Sínodo para continuar a missão na Amazônia”. Na missa foi lida a carta aberta que os bispos da Amazônia, reunidos virtualmente nos dias 18 e 19 de maio, escreveram ao Povo de Deus, que Dom Edson convidava aos seminaristas a ler e meditar. Finalmente, Dom Leonardo Steiner parabenizava agradecia pelo seu sim, aos seminaristas que receberam a admissão às ordens sacras e o ministério do leitorato. Também agradecia ao reitor e os formadores do Seminário pelo seu trabalho no Seminário São José de Manaus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Unidade: uma dimensão a ser construída entre todos a cada dia

Nesta semana que antecede a festa de Pentecostes, celebramos a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. A unidade é um pedido de Jesus aos seus discípulos, que quer que entre eles exista a mesma união que acontece entre Ele e Deus Pai. A questão primeira e fundamental e se a gente sente necessidade dessa unidade, ainda mais numa sociedade que tenta colocar na cabeça da gente a dinâmica do individualismo como elemento que gere divisão e facilite o controle social. Fazemos parte de uma estrutura que incentiva o enfrentamento, o que deve nos levar a refletir como superar as tensões cada vez mais presentes entre nós. Tudo isso vai gerando um sentimento de crispação, de desconfiança para com os outros, uma atitude presente nas nossas famílias, no mundo do trabalho, na rua e também nas Igrejas. Os outros são vistos como inimigos, deixando de lado o sentimento de fraternidade que deveria estar presente no meio de nós. Por isso temos que insistir em que a unidade é uma dimensão a ser construída entre todos a cada dia. Nunca podemos esquecer que juntos somos mais, que juntos conseguimos superar com maior facilidade as dificuldades com que a gente vai se deparando no dia a dia. A divisão é uma pandemia que não ajuda a superar a pandemia que assola a humanidade neste momento da história, fazendo com que a gente pague um alto preço, consequência de posicionamentos egoístas, claro exemplo de atitudes individualistas. Nunca podemos esquecer que há muitos mais elementos que nos unem do que aquilo que nos separa, mesmo que nos empenhemos em acentuar as diferenças, que, por outro lado, podem ser superadas na medida em que a gente se empenhe nisso. Mas realmente queremos avançar nessa proposta de unidade? Estamos dispostos a deixar de lado atitudes que nos dividem e enfrentam? Quais os valores que nessa perspectiva estamos transmitindo àqueles com quem a gente convive, principalmente nas nossas famílias, sobretudo entre as gerações mais jovens? Quem se diz cristão deveríamos refletir sobre a necessidade de avançar no caminho da unidade, nos tornando um exemplo e uma referência de uma sociedade cada vez mais enfrentada e, em consequência, mais violenta. É tempo de nos esforçarmos num caminho que só pode nos aportar coisas boas e pode nos ajudar a fazer realidade um mundo melhor para todos e para todas. Vamos lá, a unidade é o caminho a seguir, não duvide. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Carta dos Bispos da Amazônia faz chamado a manter “um olhar esperançoso” nascido do Sínodo

Lembrando as palavras do Papa Paulo VI, que diz que “Cristo aponta para Amazônia”, no final do encontro celebrado nos dias 18 e 19 de maio, organizado pela Comissão Episcopal para a Amazônia e pela REPAM-Brasil, os bispos da Amazônia brasileira têm lançado uma mensagem (acesse aqui) onde mostram mais uma vez suas preocupações diante da realidade atual. Os bispos denunciam “o devastador agravamento de uma crise que escancara a pobreza diante da escandalosa concentração de riquezas”, fruto da primazia do capital especulativo, que “sequestra a autonomia dos Estados”. Isso leva os bispos a colocar uma disjuntiva: “Ou apelamos para a garantia legal da vida e dos territórios, ou nos defendemos quando o extermínio se torna lei!”. Essa realidade atinge especialmente os povos indígenas, vítimas do “agravamento das violações dos direitos”, algo que se faz presente de múltiplos modos. A carta vai relatando situações presentes na Amazônia, que mostram que a crise socioambiental se acentuou durante a pandemia, assim como outras agressões cada vez mais presentes na região. Por isso, denunciam “um governo que vira as costas a estes clamores, opta pela militarização em seus quadros, semeia estratégias de criminalização de lideranças e provoca conflito entre os pequenos”. Diante dessa realidade, os bispos dizem manter um olhar esperançoso, nascido da Amazônia, que “é também resposta!”, que “irrompe como novo sujeito e como novo paradigma”, desafio para a ação evangelizadora. Os bispos lembraram do Pacto das Catacumbas pela Casa Comum, assinado por muitos dos participantes do encontro virtual, e dos compromissos lá assumidos, que conduzem a “uma Igreja com o rosto Amazônico”, e a um avanço na concreção das decisões do Sínodo. Daí, os bispos tem assumido alguns compromissos, na linha de avançar “as reflexões e indicações ousadas do Sínodo em torno dos ministérios”, elaborar um plano estratégico com diretrizes pastorais, que encarne os sonhos da Querida Amazônia, incentivar a questão da segurança alimentar, reafirmar o envolvimento efetivo com o Pacto pela Vida e pelo Brasil e o Pacto Educativo Global. Finalmente, os bispos fazem um chamado a não desanimar da luta, renovar a comunhão eclesial, alimentar a paixão pelo Reino de Deus e a sensibilidade para com os mais pobres. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1