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Regional Norte 1 participa no encontro de secretários e secretárias na CNBB Nacional

A sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasília acolhe de 25 a 27 de novembro de 2025 o encontro dos bispos secretários e secretários e secretárias executivos dos 19 regionais da CNBB. Representando o Regional Norte 1 participam o bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva, e a secretária executiva, Ir. Rose Bertoldo. Conhecimento e partilha O encontro foi precedido por um encontro com os colaboradores realizado na segunda-feira (24), com o objetivo de também conhecer a estrutura da sede da CNBB, bem como todo o funcionamento da instituição em nível nacional. Depois da partilha da realidade dos regionais, os participantes do encontro celebraram a Eucaristia e visitaram as Edições CNBB. Igualmente, foi apresentada pela assessoria de comunicação a Campanha da Evangelização 2025. O encontro dos secretários iniciou, depois da celebração eucarística, com a saudação do bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers. Posteriormente, o bispo de Petrópolis, dom Joel Portela Amada, apresentou uma análise de conjuntura eclesial, que trouxe os grandes desafios da igreja frente à evangelização hoje. No encontro foi refletido sobre as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, tema da Assembleia Geral da CNBB em 2026. Além disso, foi abordado o tema “Evangelização e organização pastoral na Igreja do Brasil”, e os secretários e secretárias executivos partilharam com os assessores da CNBB Nacional. Na programação do encontro aparece a COP 30, a reflexão sobre “A Consolidação da cultura do cuidado na Igreja”, questões administrativas, as Pontifícias Obras Missionárias, o calendário de grandes eventos nacionais e regionais, dentre outras questões. Colegialidade no Regional Norte 1 O encontro acostuma acontecer todo mês de novembro, lembrou a Ir. Rose Bertoldo. A secretária executiva destaca a partilha sobre os passos que estão sendo dados nos regionais com relação às Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora. A religiosa sublinha a importância de abordar a temática da proteção de crianças, adolescentes e adultos vulneráveis. “Uma realidade cada vez mais presente nas igrejas com o intuito de trabalhar sempre mais a prevenção, as violências a partir dos espaços eclesiais”, salientou a Ir. Rose Bertoldo. Segundo a secretária executiva, no Regional Norte 1 da CNBB, “a gente também traz nessa caminhada, muito na dimensão da colegialidade que é feita entre as nove igrejas, também o trabalho que a gente fez na última assembleia, tendo presente as Diretrizes da Ação Evangelizadora e esse caminho da sinodalidade, de colocar em prática também o Sínodo sobre a Sinodalidade.” Ela define o encontro como “um momento bonito de confraternização, celebração”. Ação evangelizadora é algo dinâmico O bispo da prelazia de Tefé enfatizou a importância do encontro com os colaboradores da CNBB, que, além de propiciar o conhecimento, pode facilitar o trabalho. O secretário do Regional Norte 1 refletiu sobre a apresentação das diretrizes e a partilha em volta dessa questão, assim como alegrias, esperanças e desafios apresentados na análise de conjuntura. Com relação à organização da ação evangelizadora da Igreja no Brasil, dom Altevir disse que foi feita uma retrospectiva desde o Concilio Vaticano II e os passos dados pela Igreja do Brasil a partir disso em vista de “um plano de trabalho, um plano pastoral, um plano de conjunto para a aplicabilidade do Concílio Vaticano II”, que se concretizou, segundo o bispo, em linhas de evangelização e posteriormente em diretrizes. Um caminho que mostra que “a ação evangelizadora é realmente algo dinâmico que vai mudando de acordo com a realidade também”, segundo o bispo de Tefé. Dom José Altevir da Silva disse que o trabalho conjunto entre os secretários, os secretários e secretárias executivos e os assessores da CNBB, segundo a dinâmica sinodal da conversa espiritual foi uma novidade. Isso é visto como um instrumento que ajuda a “afinar nossos passos entre os regionais e os assessores nesse processo de evangelização”.

Coordenação Regional da Pastoral da Juventude realiza reunião em Manaus

A Pastoral da Juventude (PJ) do Regional Norte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB – Regional Norte 1) realizou a 73° reunião da Coordenação Regional. De 21 a 23 de novembro, os coordenadores se reuniram no Centro Magis Amazônia, em Manaus. Um momento de construção coletiva das atividades regionais, de partilha e de compromisso com a juventude e a Igreja da Amazônia. Além dos coordenadores regionais, participaram Marcelo Pereira, da Prelazia de Tefé, Coordenador Nacional da Pastoral da Juventude pela Regional Norte 1; Ir. Jerusa (ASC) e Pe. José Roberto (OMI), da Comissão de Assessoria da Pastoral da Juventude, e Ir. Rosiene Gomes, Articuladora Regional das Pastorais Sociais. Na programação da noite de sexta-feira (21), os participantes vivenciaram um momento de encontro, escuta e espiritualidade. O sábado iniciou com uma mística, inspirada no lema do Ano Jubilar “A esperança não confunde” (Rm 5,5), aprofundada nos versículos de 1-5. A partir disso, iniciaram o puxirum para a construção do plano de ação do próximo triênio. Segundo Marcelo Pereira, os integrantes refletiram seis eixos que orientam a caminhada da Pastoral da Juventude: formação e relação, espiritualidade, comunicação, cultura, ação transformadora e sustentabilidade. E dentro de cada eixo, abordaram pistas, atividades e os passos que “queremos dar até o fim deste triênio da nova coordenação” (2025 a 2028). A programação encerrou no domingo. Informações e fotos: Pastoral da Juventude Regional Norte 1

Cardeal Steiner: “A Cruz é a expressão máxima de uma vida feita amor e entrega”

Na Solenidade de Cristo, Rei do Universo, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia recordando que “concluímos, hoje o Ano Litúrgico. Na conclusão a liturgia de hoje celebra a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo. As leituras no despertam para o sentido da Solenidade de hoje”. Unção de Davi NaPrimeira Leitura, ele destacou que “Davi é ungido rei das tribos de Israel (2Sm 5,1-3).O seu reino tornou-se símbolo do reino de paz, de justiça, de liberdade que um dia Deus teria instaurado na terra. E vemos como os Profetas prometeram a chegada de um descendente de Davi, que iria realizar esse sonho, a realização das promessas de um reino livre e libertador. O povo de Israel esperou durante muitos séculos a realização do reino estável e duradouro. Especialmente no tempo de Jesus em que o povo estava dominado pelos romanos, estavam sob o jugo do estrangeiro, esperavam um salvador, um libertador. Um povo que havia recebido a terra prometida, havia conquistado um reino de justiça e liberdade com Davi, agora sob a dominação de estrangeiros. Conhecemos como muitos reis foram traidores da Aliança e levaram o povo à escravidão. Descuidaram, não pastorearam devidamente a promessa, a Aliança de Deus para com os patriarcas, Abraão Isaac, Jacó e sua descendência”. Já na segunda leitura, o cardeal disse que “a Carta de São Paulo aos Colossenses, a nos ensinar porque Jesus se tornou rei, o centro, a possibilidade de realização do existir na nossa humanidade”. Ele citou o texto bíblico: “Ele nos libertou do poder das trevas e nos recebeu no reino de seu Filho amado, porque temos a redenção, o perdão dos pecados. (…) Ele o primogênito de toda a criatura, pois por causa dele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, as coisas visíveis e as invisíveis, tronos e dominações, soberanias e poderes. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas e todas tem nele a sua consistência. (…) Ele é o Princípio, o Primogênito dentre os mortos; de sorte que em tudo ele tem a primazia, porque Deus quis habitar nele com toda a sua plenitude e por ele reconciliar consigo todos os seres, os que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo sangue da sua cruz.” (Cl 1,12-20) Segundo o arcebispo de Manaus, “Paulo a nos recordar que Jesus é o centro da história, o fundamento de tudo o que existe. Foi Ele que nos devolveu a graça da filiação divina. Ele que nos salvou, nos ofereceu o perdão dos pecados. Os vivos e os mortos estão referidos a Ele. Ele o início e o fim de todas as coisas. Ele reconciliou todo o universo. E tudo na graça da cruz. Assim, Ele é o rei, pois reina, supera, a divisão, a maldade. O que nos impressiona é que esse rei que a tudo dá sentido e tudo deixa ser, é o Crucificado segundo o Evangelho”. Um Reino de serviço, de amor, de entrega “Na celebração de Cristo Rei do universo, o Evangelho a nos dizer que participamos da sua realeza crucificada. Cristo não aparece sentado num trono de ouro, mas pregado numa cruz, com uma coroa de espinhos, com uma inscrição sobre a cabeça: “Jesus Nazareno, rei dos Judeus”. Rodeado de dois homens que seriam ladrões, insultado, escarnecido pelos soldados. Nada poder, autoridade, realeza terrena. Jesus na cruz, apresenta um Reino de serviço, de amor, de entrega, de dom da vida; um reino de reconciliação”, ressaltou o presidente do Regional Norte 1 da CNBB. O cardeal Steiner mostrou que “nas palavras dos zombadores, vem a palavra de que Jesus é que salva, ele é o Salvador. A recordação da salvação vem como ironia, agressão para que ele salve a si mesmo. E Jesus não salva a si mesmo, morre crucificado, para salvar a todos. E na dor, no sofrimento, na passagem da morte salva toda a humanidade; nele somos salvos e libertos”. “Reino do amor, da vida veio visibilizado no pedido do homem que como ele está no infortúnio. No suplício da cruz, o bom ladrão reconhece a salvação que é Jesus, o seu reinado”, destacou o arcebispo de Manaus. “Por isso, pede a salvação”, disse ele, citando o texto evangélico: “lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Diante disso, “Jesus o acolhe”, disse, recordando as palavras de Jesus: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso“. Segundo ele, “a cruz é o Trono, em que se manifesta plenamente a salvação, a realeza de Jesus. Na cruz acontece a reconciliação, o perdão e a vida plena para todos. A Cruz é a expressão máxima de uma vida feita amor e entrega”. Inaugurar o Reino de Deus “A missão de Jesus foi anunciar e inaugurar o Reino de Deus, a salvação. Missão da Igreja, a nossa missão de discípulos missionários, de discípulas missionárias é continuar o anúncio do Reino de Deus e convocar a todos homens e todas as mulheres para construir aqui na terra, esse Reino da benevolência, do consolo, da misericórdia, do acolhimento, da bondade, da fraternidade universal, da salvação”, refletiu o cardeal Steiner. Ele recordou as palavras do Prefácio da solenidade de hoje, “Reino, eterno e universal, é o Reino da verdade e da vida, Reino da santidade e da graça, Reino da justiça, do amor e da paz”. Isso porque “esse é o Reino anunciado por Jesus, e plenificado na cruz, na sua morte e ressurreição”. “Ao nos ensinar a oração do Pai Nosso Jesus nos disse para pedirmos que seu reino venha”, disse, recordando as palavras da oração dos cristãos: “venha nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terá como no céu”. “Venha a nós o vosso Reino!” Nisso ele vê “Jesus a nos convidar a fazer parte desse Reino e a trabalhar para que esse Reino chegue ao coração de todos. Todos possam participar desse…
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Diocese de Parintins encerra Jubileu de 70 anos

A diocese de Parintins encerra neste domingo, 23 de novembro de 2025, Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, o Jubileu de 70 anos. Em carta assinada pelo bispo diocesano, dom José Araújo de Albuquerque, lembra que a diocese, criada em 1980, nasceu como prelazia em 1955. Ação de graças pelo vivido Uma celebração em que “elevaremos nossa ação de graças por tudo o que foi vivido e compartilhado neste Ano Santo”, afirma o texto. Junto com isso, “com todos os cristãos leigos e leigas, renovamos a fé na Trindade Santa e a pertença à nossa Igreja Local, trilhando um caminho sinodal e peregrinando na Esperança”. Na carta, a diocese agradece “o empenho e dedicação de todos os irmãos e irmãs que nos ajudaram a concretizar os objetivos deste ano, que certamente marcará nossas vidas e nos impulsionará na missão de testemunhar o Reino de Deus, que já está entre nós”. Alegria e entusiasmo O bispo diocesano pede celebrar “com alegria e entusiasmo esta bela página da história da Igreja em nossa Querida Amazônia e desde já, nos preparemos para iniciar o Ano Novo, com o coração renovado afim de sermos testemunhas do Evangelho, para que o mundo conheça Aquele que nos amou e seja salvo por Ele”. Finalmente, pede ser imitadores de Jesus Cristo “sob as bênçãos da Mãe do Povo Fiel, a Senhora do Carmelo”, e “que a vontade de Deus prevaleça e que no nosso cotidiano continuemos a dizer: ‘O Senhor fez maravilhas e Santo é o seu Nome’”.

Declaração Católica COP30: “Uma Igreja ao lado das pessoas e do planeta”

Que os católicos e pessoas de boa vontade “se juntem a nós em um compromisso e em ações renovados para cuidar de nossa casa comum”. Esse é o propósito da “Declaração dos cardeais, bispos e organizações católicas reunidos na COP30 e na Cúpula dos Povos em Belém.” O texto foi dado a conhecer no final da Conferência das Partes realizada em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro de 2025. Fortalecer a esperança A declaração, que recebeu assinaturas online, denuncia que “dez anos após o Acordo de Paris e o apelo do Papa Francisco para proteger nossa casa comum, o mundo enfrenta piores condições climáticas e degradação ambiental.” O texto ressalta que a defesa da vida no Brasil é um caminho que tem sido trilhado junto pela Igreja, os povos indígenas e os movimentos sociais, uma dinâmica que “fortaleceu ainda mais a esperança sentida por toda a comunidade católica”. Junto com isso, se destaca o envolvimento do mundo católico nos meses prévios à COP30, sublinhando a declaração publicada pelas Conferências Episcopais Católicas da Ásia, África, América Latina e Caribe: “Um Apelo à Justiça Climática e à Casa Comum.” Essa declaração é vista como “um forte apelo por ações concretas e corajosas daqueles mais afetados pela crise climática.” As perspectivas que lá aparecem foram compartilhadas por movimentos e organizações católicas. Amor de Deus pelos pobres e pela criação A presença dos católicos na COP30 foi “para descobrir um espírito de verdadeira sinodalidade, caminhando juntos, unidos no amor de Deus pelos pobres e pela criação.” Uma atitude manifestada de diversos modos, testemunho de “uma Igreja pronta para se manifestar ao lado das pessoas e do planeta”, e motivo de uma esperança renovada. Tudo em vista de “conversão ecológica”, segundo pediu Papa Francisco e reforço o Papa Leão XIV. Uma declaração que pede cuidar da criação, promover a solidariedade, coragem para responder fielmente aos desafios urgentes do nosso tempo, os quais afetam todos, “mas especialmente as mulheres, os jovens, os migrantes, os povos indígenas e os mais marginalizados.” Tudo isso, seguindo o pedido de Leão XIV: “Somos guardiões da criação, não rivais por seus bens”. Eis a íntegra da Declaração dos cardeais, bispos e organizações católicas reunidos na COP30 e na Cúpula dos Povos, em Belém De 10 a 21 de novembro, lideranças mundiais, negociadores, movimentos populares e outros viajaram para Belém, no Brasil, para a COP30 e a Cúpula dos Povos. Entre eles, há uma diversidade sem precedentes de vozes da nossa Igreja — leigos, religiosas e religiosos, cardeais, bispos, clérigos, movimentos pastorais, organizações juvenis, ONGs e muitos outros — que procuraram amplificar o que o Papa Francisco, em Laudato Si’, chamou de “o grito da terra e o grito dos pobres”. Comovidos com o que vivemos nesta COP, oferecemos esta declaração a todos os católicos e pessoas de boa vontade para que se juntem a nós em um compromisso e em ações renovados para cuidar de nossa casa comum. Dez anos após o Acordo de Paris e o apelo do Papa Francisco para proteger nossa casa comum, o mundo enfrenta piores condições climáticas e degradação ambiental. A realização da COP30 no Brasil, um país onde a Igreja, os povos indígenas e os movimentos sociais há muito caminham juntos em defesa da vida, fortaleceu ainda mais a esperança sentida por toda a comunidade católica. Meses antes da COP30, católicos começaram a expressar suas esperanças, preocupações e orações relacionadas a esta importante conferência. Em 12 de junho, as Conferências Episcopais Católicas da Ásia, África, América Latina e Caribe publicaram uma declaração conjunta intitulada Um Apelo à Justiça Climática e à Casa Comum, um forte apelo por ações concretas e corajosas daqueles mais afetados pela crise climática. Da mesma forma, movimentos e organizações católicas dialogaram entre si, compartilhando perspectivas e apoiando-se mutuamente.

Família Comboniana na COP30: “Em Belém, sentimos fortemente o cheiro da missão!”

39 representantes da Família Comboniana, incluindo representantes das Irmãs Missionárias Combonianas, dos Leigos e Leigas Missionárias Combonianas, dos Missionários Seculares Combonianos e dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus, reuniram-se em Belém (PA), de 11 a 18 de novembro de 2025, por ocasião da COP30, que ocorre nesta cidade amazônica de 10 a 21 de novembro. Representantes de 15 países O Fórum da Família Comboniana sobre Ecologia Integral – COP30, contou com a participação de mulheres e homens de 15 países, incluindo Congo, Moçambique, Quênia, Uganda, Filipinas, Costa Rica, Equador, Colômbia, Guatemala, México, Brasil, Peru, Espanha e Itália, participaram. Entre os presentes estavam o Bispo Auxiliar Léonard Ndjadi Ndjate, da Arquidiocese de Kisangani (Congo), o Padre Dario Bossi, Presidente da Rede Igreja e Mineração, e a Irmã Gabriela Bottani, Coordenadora da Rede Talitha Kum, rede da Vida Religiosa que coordena o enfrentamento ao tráfico de pessoas. A Mensagem Final afirma que “estes foram dias de encontro e escuta do Espírito presente na luta dos povos amazônicos e do mundo inteiro”. Este encontro foi motivado pela “convicção de que, neste momento decisivo, importantes páginas da história estão sendo escritas ao lado das demandas e propostas das comunidades em defesa do multilateralismo entre os povos, contra todas as formas de negacionismo e contra os interesses daqueles que defendem o lucro acima da vida”. A Família Comboniana exalta o papel da Amazônia, “um território de resistência e inspiração, fundamentado na sabedoria ancestral e no misticismo de seus povos”. O texto denuncia “a grave crise socioambiental que estamos vivenciando: uma crise civilizacional que exige uma profunda conversão de nossos estilos de vida individuais e coletivos, desta economia que mata, e de uma espiritualidade cristã que separou o Criador de suas criaturas”. Membros de uma Igreja em saída Uma COP com liderança indígena, cujas vidas e sonhos levaram os participantes do encontro a dizer que “em Belém sentimos fortemente o cheiro da missão!”. Eles se sentiram como “uma Igreja em saída, em busca de transformação, aliada ao saber ancestral e científico, em um diálogo ecumênico e inter-religioso que abre mentes e corações”. A Família Comboniana participou da COP30 de diversas maneiras e, com base em seu carisma, propôs várias diretrizes de ação, que têm a ver com conversão ecológica, formação em ecologia integral, união às diversas iniciativas para o cuidado de nossa Casa Comum, advocacia política, entre outros aspectos. FÓRUM DA FAMÍLIA COMBONIANA SOBRE ECOLOGIA INTEGRAL – COP30 “Respondendo ao Clamor da Terra e dos Empobrecidos” Mensagem Final “Sabemos que toda a criação geme até agora, sofrendo as dores de parto. E não só a criação, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, gememos interiormente, aguardando ansiosamente a nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo” (Romanos 8:22). “Não há duas crises separadas, uma ambiental e outra social, mas uma única e complexa crise socioambiental” (LS, 139). Convocados pelo clamor dos pobres e da terra, trinta e nove representantes da Família Comboniana reuniram-se em Belém (Brasil) por ocasião da COP30 para participar do Fórum sobre Ecologia Integral. De 11 a 18 de novembro, participamos de todos os espaços de encontro e debate organizados em torno da COP30 e dedicamos tempo ao trabalho conjunto, compartilhando momentos de espiritualidade e refletindo sobre o que nos tocou no que ouvimos e vimos na COP30. Foram dias de encontro e escuta do Espírito presente na luta dos povos amazônicos e do mundo inteiro. Reunimo-nos em Belém com a convicção de que, neste momento decisivo, importantes páginas da história estão sendo escritas ao lado das demandas e propostas das comunidades em apoio ao multilateralismo entre os povos, contra todas as formas de negacionismo e contra os interesses daqueles que defendem o lucro acima da vida. A Amazônia, que sedia a COP30, é um território de resistência e inspiração, baseado na sabedoria ancestral e no misticismo de seus povos. Ouvir seus povos confirma nossa percepção da grave crise socioambiental que estamos vivenciando: uma crise civilizacional que exige uma profunda conversão de nossos estilos de vida individuais e coletivos, desta economia que mata e de uma espiritualidade cristã que separou o Criador de suas criaturas. A confluência das águas na foz do Rio Amazonas reuniu povos de todo o mundo, com uma presença indígena proeminente e cada vez mais consciente e organizada. Dá-nos esperança partilhar as vidas e os sonhos desses povos: em Belém, sentimos fortemente o cheiro da missão! Sentimo-nos parte de uma Igreja que avança, buscando a transformação, aliada ao conhecimento ancestral e científico, num diálogo ecuménico e inter-religioso que abre mentes e corações. Celebramos a vida de muitos mártires, que fizeram e continuam a fazer causa comum com o clamor da Terra e das comunidades empobrecidas. Participamos em muitos debates, nas áreas institucionais da COP, na Cúpula dos Povos e no Tapiri Inter-religioso, e aprofundámos uma visão sistémica da emergência ambiental e climática que estamos a viver. As comunidades de fé, as igrejas e a vida consagrada têm um potencial e uma responsabilidade únicos para oferecer um caminho de esperança neste contexto, e este caminho chama-se espiritualidade da Ecologia Integral. Como pessoas convencidas e motivadas pelo tesouro do carisma Comboniano e pelo legado da doutrina social da Igreja, que relança a evangelização como promoção da dignidade da pessoa em todas as suas dimensões, renovamos o nosso compromisso como Família Comboniana e propomos as seguintes diretrizes de ação: • Promover e sustentar a conversão ecológica a nível pessoal e comunitário, a fim de transformar todas as relações baseadas em desigualdades e injustiças (colonialidade, racismo, género); • Desenvolver processos de formação inicial e permanente em Ecologia Integral e cultivar uma espiritualidade encarnada, libertadora e fundada na colaboração em rede, valorizando a vida litúrgica nas nossas comunidades; • Caminhar juntos como Igreja, valorizando iniciativas em curso como a Plataforma de Iniciativas Laudato Si’, Semeando Esperança para o Planeta, o Tempo da Criação e a Semana Laudato Si’, aprofundando a nossa compreensão dos ensinamentos da Igreja e, em particular, do Apelo das Igrejas do Sul Global à Justiça Climática…
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Patrícia Gualinga à COP30: “Pensem nas respostas urgentes que esta crise climática exige”

Patrícia Gualinga é uma das vice-presidentes da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), considerada no Sínodo sobre Sinodalidade como um exemplo dessa forma de ser Igreja. A líder indígena do povo Kichwa de Sarayaku, na Amazônia equatoriana, pede aos líderes da COP30 que “não pensem apenas em negócios, mas na resposta urgente que biomas como a Amazônia exigem, as respostas urgentes que esta crise climática exige”. A vice-presidente da CEAMA denuncia a situação climática na Amazônia e pede que se ouçam as vozes das mulheres e dos povos indígenas. Ela também pede respeito aos saberes tradicionais, aos direitos e ao cumprimento dos acordos. “Para os povos indígenas, o Papa Francisco foi uma surpresa muito positiva porque ele sentiu a Amazônia apesar de não ser da Amazônia, e a defendeu”, afirma Gualinga. Ela enfatiza a importância do Sínodo para a Amazônia, do qual participou. A líder indígena clama por “a resposta urgente que biomas como a Amazônia exigem, as respostas urgentes que esta crise climática demanda”. Dez anos após o Acordo de Paris e a Laudato Si’, dois marcos na luta contra as mudanças climáticas, o que significa realizar a COP na Amazônia? É altamente simbólico que ela aconteça aqui na Amazônia, pois já se fala em um ponto de não retorno na região, e acredito que seja urgente. Mesmo simbolicamente, a presença de povos indígenas neste bioma confere a ele um significado especial. No entanto, desde o Acordo de Paris, houve pouco progresso ou implementação das decisões tomadas, e isso nos levou a uma crise ainda maior. Esperamos que esta COP, realizada aqui no Brasil, realmente contemple a perspectiva do progresso necessário na proteção da Amazônia, com as vozes das mulheres, mas também com uma voz forte dos povos indígenas, para que eles possam estar no centro da tomada de decisões. Não podemos mais falar apenas sobre o meio ambiente, mas também sobre o aspecto social. E esperamos sinceramente que as negociações incluam pontos que ajudem a combater a crise que estamos vivenciando. E o que os povos indígenas exigem das Nações Unidas e dos diversos países em relação ao cuidado com nossa casa comum, ao cuidado com o planeta? Eles exigem algo que já existe: respeito aos seus direitos. Esse respeito existe, mas não tem sido cumprido. O primeiro ponto, e é muito importante, apesar de estar consagrado no direito internacional, não está sendo respeitado. Requer consentimento, não apenas consulta. Consentimento livre, prévio e informado, dado de boa-fé, com forte participação dos povos indígenas. Devem também considerar os impactos sociais que ocorrem na Amazônia. Deve haver um reconhecimento e uma valorização genuínos do conhecimento dos povos indígenas. Eles também precisam de acesso a financiamento para que possam implementar seus próprios planos de acordo com sua própria visão. Esses são alguns dos pontos que eles levantaram e que estão sendo discutidos atualmente. Deve haver inclusão; nós também devemos estar no centro da tomada de decisões. As negociações devem incluir a linguagem completa dos direitos e dos direitos coletivos. A partir das cosmovisões tradicionais, dos processos de pensamento dos povos indígenas, o que os povos indígenas querem enfatizar e o que precisa ser ouvido especificamente? Respeito ao conhecimento tradicional, sua não apropriação e sua valoração equitativa. Mas, ao mesmo tempo, esse conhecimento deve ser tratado com igualdade pela ciência, e não como mero conhecimento empírico. E isso é muito claro, porque o conhecimento ancestral contém muitas soluções que poderiam ser aplicadas se realmente quiséssemos combater a crise climática. Outro ponto que reivindicamos é: chega de combustíveis fósseis, chega de exploração de petróleo na Amazônia, chega de destruição causada pela mineração, chega de construção de estradas, porque isso acarreta muita destruição. Há uma demanda pelo reconhecimento do conhecimento ancestral, mas também pela proteção de nossos territórios. Muitos falam sobre a titulação e demarcação de terras, e isso precisa acontecer agora. Dez anos se passaram desde a publicação da Laudato Si’, escrita pelo Papa Francisco. O que o Papa Francisco representou para os povos indígenas, especialmente por meio da encíclica Laudato Si’ e do impulso que deu à necessidade de cuidar de nossa Casa Comum, sobretudo dos territórios indígenas? Para os povos indígenas, o Papa Francisco foi uma surpresa muito positiva, pois ele sentiu uma profunda conexão com a Amazônia, mesmo sem ter sido amazônico, e a defendeu. Ele promoveu o Sínodo da Amazônia, motivando um diálogo territorial abrangente que levou ao Sínodo, uma resposta ao território. A encíclica Laudato Si’ captura a visão e a perspectiva de muitos povos indígenas, não de todos, pois não tem os meios para alcançá-los a todos, mas captura sua essência. O belo disso é que conecta a fé, a espiritualidade, de uma forma bíblica. Isso é algo que não se perderá da noite para o dia. Há um movimento crescendo paralelamente a isso, e ele deve, de alguma forma, envolver aqueles que realmente sentiram o impacto da Laudato Si’ em suas próprias vidas. Você fala de envolvimento. Você é uma representante dos povos indígenas como vice-presidente da Conferência Eclesial da Amazônia. O que significa para os povos indígenas que a Igreja Católica, ao acompanhar a vida na Amazônia e tomar decisões sobre a própria Igreja na região amazônica, leve em consideração as vozes dos povos indígenas? É muito importante. O contexto eclesial não é o nosso mundo, mas é muito importante porque nos permite acompanhar e apoiar esse processo, que é inteiramente novo e muito complexo, pois envolve espiritualidade, mas também meio ambiente, questões sociais e os bispos, e não apenas os povos indígenas, mas também comunidades ribeirinhas, caboclos, agricultores e o povo das cidades como Belém. É sempre importante que essa visão holística e primordial dos povos indígenas, que vem da natureza, proporcione esse acompanhamento. Como indígena, como alguém que valoriza o legado do Papa Francisco, o que você diria à COP30 para ajudar a orientar decisões concretas? Eles não devem pensar apenas no aspecto comercial, mas na resposta urgente exigida por biomas como a Amazônia, as respostas urgentes exigidas por esta crise climática. E…
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Redes Climáticas Universitárias: Formar líderes mais generosos, inclusivos, com maior consciência ambiental

As universidades são instituições que estabeleceram Redes Climáticas, uma prática cada vez mais consolidada nos centros de ensino superior da América Latina. Seis reitores universitários refletiram sobre essa questão em 19 de novembro no Pavilhão de Ensino Superior para a Ação Climática, na Zona Azul da COP30, que está sendo realizada em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro de 2025. Os palestrantes foram Juan Pablo Murra, do Tecnológico de Monterrey (México); Cicilia Maia, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Brasil); Anderson Pedroso, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Brasil); Carlos Greco, da Universidade Nacional de San Martín (Argentina); Antônio de Almeida, da Universidade Estadual de Campinas (Brasil); e Agustina Rodríguez Saa, da Universidade Nacional de Comechingones (Argentina). A RUC e sua reflexão sobre a dívida ecológica Algumas delas fazem parte da Rede de Universidades para o Cuidado da Nossa Casa Comum (RUC), uma rede que reúne universidades públicas e privadas, seculares e religiosas, garantindo a diversidade. A rede nasceu da encíclica Laudato Si’, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e do Acordo de Paris. Em um encontro com o Papa Francisco em 2023, que impulsionou decisivamente essa rede, o pontífice as desafiou a formar líderes e fortalecer os laços com a comunidade local, promovendo o diálogo entre a ciência e outras formas de conhecimento. No encontro realizado no Rio de Janeiro em maio de 2025, a rede decidiu concentrar sua reflexão na dívida ecológica. O papel das universidades diante da gravidade da crise climática é crucial, enfatizou Juan Pablo Murra. Ele destacou que “seria um erro não se envolver no cuidado da nossa casa comum”. Isso deve ser feito por meio do ensino, da pesquisa e da defesa de direitos. Trabalhando em colaboração para transformar a partir do nível local e compartilhando experiências com outros. Pautas climáticas nos programas universitários Nesse sentido, nos deparamos com a necessidade de impactar através da educação universitária, incluir a pauta climática nos cursos de graduação e não só na pós-graduação, compartilhar experiências e informações nas redes universitárias, salientou Antônio de Almeida. Ele destacou o papel da inovação para transformar conhecimento em desenvolvimento. Igualmente refletiu sobre as possibilidades que os recursos naturais na América Latina, uma região de paz, representam em prol de uma economia sustentável. O mundo universitário, que goza de grande capilaridade, através da pesquisa, se torna meio para resolver problemas comuns, segundo Cicilia Maia. Ele ressaltou a importância da COP30 como espaço para fortalecer redes, para estabelecer a colaboração entre países. Descobrir a missão comum Anderson Pedroso vê a RUC como um modelo muito interessante: universidades públicas e privadas unidas no ideal de cuidar da nossa casa comum. O reitor da PUC-Rio defendeu “derrubar muros e construir pontes entre as redes, que são comunidades, espaços de sacrifício pessoal para a criação de comunidade”. É necessário falar sobre a missão comum e descobrir que, como instituições autônomas, buscamos um objetivo comum. Ele também defendeu a compreensão das universidades como espaços que salvaguardam a democracia e os direitos de todos. Devem ser espaços que não dependem de governos, espaços para vivenciar a democracia e construir algo comum. Tudo isso se baseia no fato de que as universidades são “laboratórios vivos de experiência”. Como membro da RUC, Carlos Greco defendeu o enfrentamento da dívida ecológica, algo que considera fundamental. Para isso, são necessários processos colaborativos no desenvolvimento de atividades educativas, que conduzam à transmissão de conhecimento para a solução dos problemas da sociedade. “Trabalho diário que aumenta a consciência dos alunos sobre o conhecimento que se relaciona com a realidade”, com o cuidado com o planeta. Desafios Essas redes enfrentam alguns desafios, como a fragilidade das democracias e a desigualdade na América Latina, visto que “através da democracia, os grandes problemas da desigualdade e da dívida ecológica podem ser resolvidos”, afirmou Greco. Outro desafio, nas palavras de Anderson Pedroso, é superar o que o Papa Leão XIV chamou de “globalização da impotência”. Isso pode ser superado compartilhando o que está sendo feito e capacitando as pessoas a organizar a esperança com método, conteúdo e etapas. Capacitando-as para serem o melhor para os outros, formando líderes generosos que possam pensar globalmente. Entre os desafios está a vulnerabilidade socioeconômica de muitos estudantes, mas também entender que uma nação se desenvolve quando as pessoas são desenvolvidas, formadas. Isso precisa de um plano de ação definido, salientou Cicilia Maia. Mas também se torna um desafio as colaborações universitárias muito mais intensas para ter uma voz mais determinante na sociedade, como reconheceu Antônio de Almeida. Olhando para o Futuro O baixo investimento em ciência e tecnologia é visto como mais um desafio pelo reitor do Tecnológico de Monterrey. Isso dificulta a capacidade da universidade de olhar para o exterior, pensar no futuro e ter sua voz ouvida em fóruns globais. Olhando para o futuro, considerando que as universidades são atores sociais que promovem o bem-estar da sociedade, a Inteligência Artificial torna-se um elemento crucial nos processos educacionais, fomentando um DNA de inovação. O futuro da universidade demanda a inclusão de todos os coletivos, algo presente na Universidade Estadual de Campinas, com grande presença de indígenas. Isso ajudará a “criar lideranças mais generosas e inclusivas, com consciência ecológica mais forte”, destacou seu reitor. Cicilia Maia também enfatizou a importância da expansão, da democratização do ensino superior no Brasil nos últimos anos, com presença dos grupos vulneráveis. Isso provoca “uma troca de saberes que produz soluções mais duradouras”. Junto com isso forma indivíduos com capacidade ética e crítica para poder desenvolver seu entorno. A reitora brasileira defende incluir questões ambientais e de sustentabilidade na grade universitária no Plano Nacional de Educação do Brasil. Formar líderes mundiais Essas políticas de inclusão nas universidades brasileiras tiveram origem nas universidades católicas, afirmou o reitor da PUC-Rio. Pedroso acredita ser necessário investir mais em educação de qualidade com pesquisa estratégica de alto nível para o futuro. Isso requer colaboração entre todos os setores, público e privado, em diálogo, inclusive entre diferentes pontos de vista. Além disso, é crucial formar indivíduos…
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Trabalho em rede: Um Caminho para Avançar no Cuidado da Nossa Casa Comum

Organizar a esperança é um desafio para todo cristão. No caso da Igreja Católica, essa tarefa é particularmente relevante em 2025, ano do Jubileu da Esperança, um empenho especial. O pavilhão da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), na Zona Verde da COP30, acolheu um painel no dia 18 de março, cujo ponto de partida foi se estamos fazendo o suficiente para avançar nesse caminho. Uma questão que trataram de responder Kalil Cury Filho, Subdiretor de Desenvolvimento Sustentável da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP); Hernán Coronado, Especialista Regional em Comunidades Indígenas do Escritório Latino-Americano da Organização Internacional do Trabalho; Kaira Reece, Secretária de Desenvolvimento Sustentável da União dos Trabalhadores das Américas; Patricia Gualinga, Vice-Presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA); e dom Reginaldo Andrietta, coordenador da Rede Eclesial de Trabalho Organizado (RETO) do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM). Uma Ponte Jubilar na COP Líderes empresariais, trabalhadores, movimentos populares e a Igreja Católica reuniram-se para um diálogo social. Este encontro representa mais um passo em uma ponte do Jubileu à COP e, portanto, ao progresso na ação climática, como destacou o moderador do painel, padre Anderson Pedroso, presidente da Organização das Universidades Católicas da América Latina e do Caribe (ODUCAL). Devemos partir da ideia de que “o trabalho em rede é fundamental”, enfatizou Kaira Reece. A líder sindical ressaltou o papel dos sindicatos na representação dos direitos dos trabalhadores, também em relação ao clima e à transição energética, que afetam suas vidas. Isso porque a crise climática impacta particularmente as pessoas vulneráveis, incluindo aquelas que vivem em condições precárias de trabalho. A Importância do Trabalho Coletivo O trabalho coletivo é instrumento para enfrentar as mudanças climáticas, um trabalho de colaboração que envolve a todos, destacou Kalil Cury Filho. O líder empresarial enfatizou a importância do comportamento de cada um, mostrando as iniciativas que estão sendo realizadas como sobre economia circular, “em ciranda, todos de mãos dados”. Ele disse que “não adianta só a tecnologia, se você não tiver o elemento humano, não vai”. Para mitigar as mudanças climáticas, Hernán Coronado afirmou que é necessário que as vozes de todos os grupos sejam representadas. O objetivo é construir uma governança climática com a participação de todos, incluindo as vozes indígenas. Nesse sentido, ele destacou o papel de liderança dos povos indígenas, das comunidades locais e dos jovens na COP30. O objetivo é contribuir para uma transição que ocorra com respeito, melhores condições de vida, emprego formal e garantia de plenos direitos trabalhistas. CEAMA, um clamor da terra Patrícia Gualinga falou em nome da CEAMA, que nasceu de um clamor e de uma terra, de baixo para cima, um lento processo de construção em resposta à realidade do bioma amazônico e às diversas crises presentes na sociedade. Sua vice-presidente destacou o apoio da CEAMA às comunidades locais e o fato de que esta conferência participa pela primeira vez de uma COP, apresentando assim a realidade amazônica e as demandas dos povos indígenas em relação à demarcação de seus territórios e sua participação nos espaços de tomada de decisão. A líder indígena equatoriana enfatizou que os territórios indígenas são os mais bem preservados. Em resposta, denunciou a falta de financiamento e expressou o desejo dos povos indígenas de serem “donos de suas próprias decisões”. Nesse sentido, a CEAMA pode apoiar os povos indígenas, aprendendo com seus gritos. Para Gualinga, é fundamental reconhecer o conhecimento ancestral dos povos indígenas como conhecimento científico, visto que pode ajudar a enfrentar a crise climática. Ecologia Integral na Igreja Latino-Americana O Acordo de Paris está gerando progresso real, mas este precisa ser acelerado, segundo dom Reginaldo Anndrietta, que cita fontes da ONU. Uma dificuldade reside na atitude das nações mais poderosas, que estão dificultando o progresso. Para o bispo de Jales, a ecologia integral tem sido uma dinâmica na Igreja Latino-Americana há décadas, seguindo o ensinamento papal sobre o assunto desde a Populorum Progressio de Paulo VI e o próprio Magistério da Igreja no continente. Conceitos como desenvolvimento humano integral, a convergência da tecnologia e uma economia a serviço dos interesses do poder como fator de desequilíbrio estão presentes nesse Magistério. Em relação ao mundo do trabalho, a Igreja em cada país tem desenvolvido o trabalho pastoral no mundo do trabalho, elemento estruturante da vida social, incentivando o diálogo com os diversos atores sociais. Isso é urgente, dada a alta porcentagem de informalidade no mercado de trabalho no continente e as condições de pobreza. O bispo brasileiro enfatizou que o Papa Francisco colocou o trabalho no centro e refletiu repetidamente sobre a realidade do trabalho. De forma semelhante, Leão XIV abraçou o trabalho como ponto central de seu pontificado. Nessa perspectiva, em Dilexi te, ele afirma que “é necessário continuar denunciando a ditadura de uma economia que mata” e a necessidade de apoiar os movimentos populares e seus líderes, destacando a importância da solidariedade e do trabalho como elemento central para garantir a democracia. Diante disso, o bispo questionou se a COP é democrática e elogiou as manifestações da sociedade civil, especialmente dos mais afetados pela crise ambiental. Por fim, insistiu que os acordos serão insuficientes se não forem implementados. Dignificando a Vida Nesse contexto, a importância da Laudato Si’ e o reconhecimento do trabalho, que dá sentido à vida das pessoas, é algo que Kalil Cury Filho enfatiza, expressando sua esperança para o futuro. Na mesma linha, Kaira Reece destacou o progresso necessário na defesa da dignidade da vida, “que deve ser primordial na tomada de decisões, na busca do desenvolvimento sustentável para e pelo povo”. Tudo isso visa alcançar um modelo de trabalho que assegure a dignidade humana. Por sua vez, Hernán Coronado insistiu na necessidade de continuar a fortalecer a liderança e a participação dos povos e comunidades indígenas, e de situar a discussão num nível horizontal. Patricia Gaulinga questionou se a COP é inclusiva, defendendo o renascimento da Laudato Si’, que abrange a todos e incorpora o conhecimento dos povos indígenas. Dom Reginaldo Andrietta considera este diálogo socioambiental um espírito necessário na…
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A Educação Instrumento para a Conversão Ecológica Estrutural na Espiritualidade do Cuidado

Os combustíveis fósseis são um dos principais culpados pelas mudanças climáticas, contribuindo decisivamente para o aumento da temperatura global. O abandono do seu uso e a promoção de novos estilos de vida, educação e formação para uma conversão ecológica estrutural foram o tema de discussão do painel realizado no Pavilhão da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), na Zona Verde da COP30, que ocorre em Belém de 10 a 21 de novembro de 2025. Os participantes do debate, em 18 de novembro, foram Juan Esteban Belderrain, assessor do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM); Carlos Greco, reitor da Universidade de San Martín (Argentina) e membro da Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC); Darío Bossi, presidente da Rede Igreja e Mineração; e dom Lizardo Estrada, secretário-geral do CELAM. Um painel moderado por Agustina Rodríguez Saa, presidente da RUC. RUC: Formando Líderes Conectados ao Território Um painel que, nas palavras de sua moderadora, buscou refletir sobre o papel da educação no abandono dos combustíveis fósseis e na adoção de novos estilos de vida. Essa é uma das forças motrizes da RUC, uma rede que reúne universidades públicas e privadas, seculares e religiosas, garantindo a diversidade. A rede nasceu da inspiração da Laudato Si’, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e do Acordo de Paris. Mais de 200 reitores da RUC se encontraram com o Papa Francisco em 2023, como lembrou Rodríguez Saa. O pontífice enfatizou a necessidade de formar líderes e sua conexão com o território. Não podemos esquecer que a RUC tem presença na América Latina, na Península Ibérica e no Reino Unido. Isso confere maior importância à sua participação na COP30, dado o conhecimento que essas universidades têm do território. Aceitando os Limites Darío Bossi abordou a questão dos combustíveis fósseis sob a perspectiva dos limites, especificamente a ausência de limites na sociedade atual, que põe em risco as gerações passadas e futuras. Este é um limite sobre o qual a comunidade científica vem alertando em relação à Mãe Terra, que se depara com o conceito central do capitalismo: o crescimento. O problema reside em conciliar crescimento e limites, especialmente diante de falsas soluções e verdades, “um desafio filosófico e cristão que devemos abraçar”, enfatizou o missionário comboniano. O caminho a seguir envolve aceitar e lidar com os limites, confrontar a crescente desigualdade e responsabilizar aqueles que geram as maiores emissões. Requer a capacidade de cultivar uma vida que transcenda o consumo e o desperdício, abraçando a sobriedade feliz e aprendendo a viver feliz com menos. A transformação deve começar com a compreensão dos limites e suas implicações para a vida cotidiana, no transporte, na produção e na diversificação dos investimentos. O Papel Profético da Igreja O documento das Igrejas do Sul, em preparação para a COP30, do qual a CELAM é signatária, “Um Apelo à Justiça Climática e à Nossa Casa Comum”, norteou a intervenção de dom Lizardo Estrada. Este documento exige “ações transformadoras dos Estados, fundamentadas na dignidade humana, no bem comum, na solidariedade e na justiça social, priorizando os mais vulneráveis, incluindo nossa irmã Mãe Terra”. O Secretário-Geral da CELAM delineou alguns elementos necessários para a geração de novos estilos de vida. Isso envolve evitar impactos irreversíveis, buscando soluções que unam justiça, ecologia e dignidade humana, superando paradigmas tecnocráticos e extrativistas, com políticas climáticas baseadas na equidade e em responsabilidades comuns, porém diferenciadas. É essencial levar em consideração as cosmovisões e práticas dos povos e comunidades locais, enfatizou Estrada. Para isso, o envolvimento das Igrejas é necessário, levando à rejeição de falsas soluções e à defesa da justiça climática; eliminar os combustíveis fósseis; rejeitar a mercantilização da natureza; condenar o capitalismo verde; fortalecer a resiliência e a resistência das comunidades; defender a soberania dos povos indígenas; promover novos paradigmas baseados na solidariedade, na justiça social, na cooperação e no respeito aos limites; implementar programas educativos sobre o cuidado da nossa casa comum; cultivar a espiritualidade em todas as esferas; e criar o Observatório da Igreja para a Justiça Climática. Isso está ligado a uma série de exigências feitas aos Estados quanto à implementação de mecanismos de governança climática com a participação ativa e vinculativa de todos. É necessário proteger as populações vulneráveis ​​das mudanças climáticas por meio de um pacto climático global e de um financiamento climático transparente e acessível que transcenda as soluções puramente baseadas no mercado. Para tanto, as Igrejas do Sul Global clamam por uma conversão ecológica, inspirada pela espiritualidade do cuidado. Isso envolve educação em consciência ecológica, comunhão com as vítimas e o fomento do diálogo e da profecia eclesial. Gerar Novos Agentes de Transformação A educação é o principal meio de alcançar as mudanças necessárias para enfrentar a crise climática, segundo Juan Esteban Belderrain. Ele questionou a falta de representação do mundo educativo nos espaços de tomada de decisão, destacando a importância do painel. O desafio, nas palavras do consultor do CELAM, é a necessidade de moldar o conteúdo educacional, uma questão que gera conflitos e dificulta o consenso. Devemos buscar uma educação para novos estilos de vida, o que exige a compreensão de que não há consenso sobre isso. Tudo isso visa gerar novos agentes de transformação. Isso vai além de materiais didáticos que abordam a sustentabilidade e exige uma transformação da lógica e das relações institucionais. Uma dinâmica em vista de evitar o que ele chama de “efeito vacina” do discurso, que nos desafia a ajudar a conscientizar de que a mudança climática é uma consequência do atual sistema de produção capitalista. Essa conscientização necessária, como disse Paulo Freire, não basta; devemos ir além, oferecendo aos estudantes a possibilidade de outra lógica, de outra forma de se relacionar com a natureza. Belderrain alertou sobre a “globalização da impotência“, como a descreveu Leão XIV, que nos leva a encarar os problemas com a consciência de que não podemos mudá-los. Educar para transformar Na universidade, o fundamento é trabalhar com o conhecimento para transformar a vida das pessoas por meio da educação, o que representa uma responsabilidade, afirmou Carlos…
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