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Da Amazônia à Guiné-Bissau, a experiencia missionária do Padre Jaime Coimbra do Nascimento

América Latina foi tradicionalmente um continente que recebeu muitos missionários, a maioria vindos da Europa. Aos poucos a consciência missionária além fronteiras foi se fazendo presente na vida da Igreja latino-americana. Um exemplo dessa nova dinâmica é o padre Jaime Coimbra do Nascimento, que está esperando viajar para a diocese de Bafatá, Guiné-Bissau, que no dia 31 de março perdia seu bispo, também brasileiro, Dom Pedro Zilli, vítima da Covid-19. Ele já trabalhou lá durante 6 anos, de 2005 a 2011. Nascido na diocese de Parintins, Estado do Amazonas, ele é padre do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras – PIME, que foi quem praticamente fundou essa diocese, segundo ele afirma, pois o Instituto “tem como carisma a fundação da Igreja local”. Aos poucos o Instituto foi providenciando a estrutura da diocese e formando um clero local. O padre Jaime diz que “por enquanto eu sou o único da diocese, como sacerdote, que respondi a esse chamado missionário e tem também algumas irmãs daquela diocese que estão em países asiáticos e africanos, até na Europa, na Itália”. Sua vocação surgiu do convívio com os missionários do PIME, “desde a minha infância e adolescência sempre me fascinou, ter deixado terra, família, língua para estar ali junto com a gente”. Esse fascínio, segundo o missionário, “foi aumentando aos poucos, e a idade de 18 anos fiz um discernimento com a diocese”. Ele, que foi ordenado em 1999, estudou a filosofia em Manaus, no seminário da Arquidiocese, como seminarista do PIME, mas hóspede, “para fazer um discernimento para ver se de fato essa vocação que vem de Deus era missionária ou de seminarista diocesano”, para depois estudar a teologia na Itália. Afetivamente se sente incardinado na diocese de Parintins, algo que aparece nas constituições do PIME, que pedem “que onde o bispo aceitar, o candidato ao sacerdócio peça a incardinação afetiva a sua diocese de origem”. Seus primeiros anos como padre foram como animador vocacional missionário, na Arquidiocese de Londrina, nas comissões missionarias e vocacional, um trabalho de equipe, com a presença de padres diocesanos, padres missionários, religiosas, para ajudar a Igreja do Brasil, aos poucos, ter essa abertura missionária além fronteiras. Na sua primeira ida para Guiné-Bissau, onde passou seis anos, o missionário diz que “ali realizei plenamente a minha vocação missionária, porque um dos pilares do instituto é inspirado por Cristo missionário do Pai, o Cristo Missionário além fronteiras, fora da própria pátria, em países de maioria não cristã, por toda a vida”. Segundo o padre Jaime, “uma vez que um missionário brasileiro, italiano, filipino, é destinado para um país, aquele país passa a ser o seu país de missão, de adoção, até sua velhice, até mesmo a sua morte”. Guiné-Bissau é um país de um milhão seiscentos mil habitantes, a maioria, 60% de religião tradicional africana, 30% são muçulmanos e 10 % são cristãos. Falando daquele tempo, o padre diz que “a gente trabalha muito na linha de frente na educação, em todas as missões nós temos escolas e posto de saúde, são as duas linhas de frente”, onde todo mundo é acolhido. Trata-se de uma Igreja muito jovem, a maioria das conversões acontecem no meio da juventude. Em 2011 foi destinado ao seminário de teologia internacional, onde estudam os formandos do PIME do mundo todo, em Monza, Itália, uma comunidade de 50, 60 jovens, provenientes de 11 nações, onde fez parte da equipe formativa durante 6 anos. Ele define esse tempo como “uma experiência missionária, uma riqueza intercultural, intereclesial”. Após esse tempo, mesmo estando pronto para voltar para Guiné-Bissau, foi chamado de novo para trabalhar em Londrina, uma experiência que concluiu em dezembro de 2020. Agora espera que a pandemia o deixe viajar para sua missão na Guiné-Bissau, o quinto país mais pobre do mundo, sem energia elétrica, onde a maioria das pessoas vivem numa simplicidade, numa precariedade, no básico para a sobrevivência. Na Guiné-Bissau, o missionário destaca o trabalho inter-religioso com os muçulmanos, que enriquece a todos, “onde a gente procura viver aquilo que nos une, que é lutar e exigir da parte do governo a dignidade ao povo”. Num país com muito golpe de estado, os líderes muçulmanos e católicos se reúnem quando isso acontece para verem soluções. Esse diálogo inter-religioso “se concretiza com fatos, com atitudes, a oração pela paz na Guiné e ser intermediários para uma pacificação entre os políticos da Guiné-Bissau”, afirma o padre Jaime. O importante é descobrir que o muçulmano é uma pessoa humana, segundo o padre. Ele diz que “as escolas nossas também acolhem pessoas muçulmanas, jovens, crianças, e de outras igrejas, sem proselitismo”, algo que não acontece nas escolas evangélicas. O padre Jaime entende a vocação como dom de Deus, uma resposta que ele dá quando alguém questiona como diante das grandes necessidades que existem na Amazônia, ele é missionário na África. Ele entende isso a partir da atitude da oferta da viúva, uma Igreja que “mesmo precisando doa um dos seus membros para a missão”. Ele lembra do Documento de Puebla, onde se pede à Igreja da América Latina “doar da tua pobreza para o mundo, para a evangelização de países não cristãos”. Na Igreja do Brasil, “se estão dando passos muito significativos para se criar essa dimensão missionária a partir do Batismo, nos leigos, nos jovens, a través das várias comissões que a gente tem aqui no Brasil”. Esse trabalho missionário se realiza partindo do, Comissão Missionária Nacional (COMINA), Comissão Missionária Regional (COMIRE), Comissão Missionária Diocesana (COMIDI), Comissão Diocesana Paroquial (COMIPA), e algo que aos poucos está surgindo nos seminários, o COMISE. Ele também fala da Juventude Missionária, Adolescência Missionária, Infância Missionária. “Tem todo um trabalho, ao meu ver muito significativo, de conscientização de que a dimensão missionária, ela faz parte da vida de um cristão a partir do seu Batismo”, afirma o missionário do PIME. Segundo ele, “em nenhuma igreja que eu já estive, na Itália, na África, acontece esse trabalho missionário” Para que essa missionariedade se torne realidade, o padre Jaime vê necessário “fazer com que…
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A Pan-Amazônia chega em quase 72 mil óbitos pela Covid-19 e o Regional Norte 1 supera os 13.500

No último informe semanal da Rede Eclesial Pan-Amazônica, que recolhe os dados até 26 de abril de 2021, o número oficial de contagiados chegou em 2.727.341, com 71.957 falecidos. Segundo o informe, houve um aumento de 65.855 casos e 2.663 falecidos na última semana. O maior número dos contagiados e falecidos estão na Amazônia brasileira, com 2.090.519 casos e 53.458 falecidos. No Regional Norte 1 da CNBB o número de contagios é de 421.920 e os falecidos chegam em 13.538. Manaus com 195.648 casos e 9.207 falecidos é a circunscrição eclesiástica da Pan-Amazônia com maior número de casos e óbitos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Rádio Educação Rural de Tefé tem novo diretor

Na manhã de domingo, dia 25 de abril, foi realizada na Catedral de Santa Teresa a Missa em Ação de Gracas à Fundação Dom Joaquim – Rádio Educação Rural, pela transição de diretor do departamento da Rádio. Durante 33 anos a Rádio teve como diretor o senhor Thomas Schwamborn, um jovem alemão que chegou à Prelazia de Tefé como missionário da Congregação do Espírito Santo a convite do Bispo Dom Mário Clemente Neto, e que agora transmite ao Padre Hélio Rafael Benedetti a missão de fazer com que a Rádio continue sendo instrumento de ação evangelizadora na Prelazia de Tefé. Em sua fala de agradecimento, o bispo Dom Fernando destacou o grande compromisso e empenho que o senhor Thomas desempenhou a frente da Rádio como diretor: “Partilhou de muitas lutas e esforços para manter a Rádio e fazer com que continuasse sendo instrumento de ação Missionária da Prelazia, um dos principais meios pelo qual a evangelização chegou para tantos homens e mulheres e aproximou as mais longínquas comunidades desta Prelazia”, e falou também da gratidão que a Prelazia tem por seu serviço. Como uma pessoa carregada de tantos conhecimentos e apaixonado por Tefé, Thomas continuará na Prelazia, certamente fazendo outros serviços. Em sua fala de agradecimento, Thomas relatou um pouco de como foram esses 33 anos como diretor e do quanto aprendeu com esse serviço. A Rádio como uma de suas paixões sempre o dividiu com sua família, muitas vezes até vindo em primeiro lugar, falou do quanto ama esse meio de comunicação e do quanto o mesmo colaborou para a formação de muitas pessoas. Prestou agradecimentos a Dom Joaquim, como fundador da Rádio, a Dom Mário, a Dom Sérgio Castrianni e a Dom Fernando pela confiança depositada em seu serviço, e também a sua equipe que tanto o ajudou e que agora auxiliará o novo diretor. Ao final, Thomas recebeu das mãos do Padre Hélio uma placa em agradecimento de toda a Prelazia pela doação da vida ao serviço de contribuir para o Reino de Deus através da Rádio Educação Rural de Tefé. Para finalizar esse momento de confraternização, foi oferecido um almoço com os funcionários e alguns representantes de pastorais da Prelazia, seguindo os protocolos de segurança. Pascom Prelazia de Tefé

PJ inicia sua Assembleia Regional refletindo sobre o ciclo de violência contra as mulheres

Aconteceu neste sábado, 24 de abril, a primeira etapa da 11ª Assembleia Regional da Pastoral da Juventude Regional Norte 1, Amazonas e Roraima, que tem como tema: “Nos banzeiros desses rios, vamos juntos: Resistir, Esperançar e Profetizar”, e como lema “Fica conosco Senhor”. A Assembleia, que terá sua continuidade nos dias 4, 5 e 6 de junho, foi celebrada em formato virtual, foi sobretudo um momento de reflexão, que iniciou com uma mesa de debate, sobre o enfrentamento do ciclo de violência contra a mulher, onde teve a presença e a participação da Secretaria Nacional da Pastoral da Juventude, Michele Gonçalves, e da coordenadora regional, da Diocese de Coari, Ayslen Reis. Segundo Luiz Filipe Fialho, Secretário da PJ Norte 1, “nós debatemos, fizemos uma análise de conjuntura sobre o ciclo de violência contra a mulher, como está a realidade aqui no nosso Regional Norte 1, Amazonas e Roraima, sobre essa temática, tudo o que foi levantado durante esse tempo, seminários, debates, rodas de conversa, subsídios e um análise de conjuntura do Brasil”. Junto com isso foi refletido sobre “a importância da participação da mulher no seio da Igreja, nas estruturas, na sociedade, na política, como um caminho e um horizonte na construção da civilização do amor”, segundo Fialho. Os processos pastorais da Pastoral da Juventude e uma análise de conjuntura política, ocupou a reflexão na parte da tarde. Quem participou dessa mesa de debate foi Roberta e Marcos Dantas, ambos da comissão nacional de assessores da Pastoral da Juventude, com a presença de Altervir, que é assessor regional, e da irmã Elsie. Foi um momento, segundo o secretário da PJ Norte 1, “para fazer perguntas, tirar dúvidas”. Diferentes rodas de conversa a partir de algumas perguntas, serviram para debater sobre a realidade das Igrejas que fazem parte do Regional, sobre como está a articulação da Pastoral da Juventude e quais ações em tempo de pandemia, podem ser realizadas “em prol da construção de um novo puxirum, de uma nova sociedade e sobretudo de um novo projeto para a Pastoral da Juventude” segundo Luiz Filipe Fialho, que está encerrando seu serviço como secretário regional, assim como Filipe Santos, que encerra também seu tempo como coordenador regional. No fim da Assembleia foram apresentados os nomes indicados para os serviços que compõe a coordenação regional, para o novo secretario e o novo coordenador regional e a nova equipe de assessoria também, que serão concretizados nesta segunda-feira, 26 de abril, num momento de oração e mística, onde será eleita essa nova equipe. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação Regional Norte 1

Faleceu Dom André de Witte, presidente da CPT e bispo emérito de Ruy Barbosa – BA

Faleceu hoje, 25 de abril, Domingo Dom Bom Pastor, Dom André de Witte, bispo emérito de Ruy Barbosa – BA e presidente da Comissão Pastoral da Terra – CPT. Ele tinha sido internado ontem, 24 de abril, em Salvador, e os médicos estavam estudando a causa de sua doença. Nascido na Bélgica em 31 de dezembro de 1944, chegou no Brasil em12 de fevereiro de 1976. Ele tinha se formado no Seminário para América Latina, respondendo assim à sua vocação missionária. Durante mais de 18 anos, ele foi padre na diocese de Alagoinhas – BA, onde desempenho diferentes serviços. Em 28 de agosto de 1994 foi ordenado bispo, assumindo como 4º bispo da diocese de Ruy Barbosa – BA, no dia 18 de setembro. Dom André foi bispo de Ruy Barbosa até 15 de abril de 2020, em que o Papa Francisco aceitou seu pedido de renúncia e foi nomeado seu sucessor, Dom Estevam dos Santos Silva Filho, passando a ser emérito. Sempre ligado ao trabalho com os agricultores e à defesa da terra, ele era formado em agronomia, Dom André assumiu em 2015 a vice-presidência da Comissão Pastoral da Terra, passando a ser presidente em 2018. Recentemente, na XXXIII Assembleia Nacional da CPT, celebrada de 6 a 8 de abril, tinha sido reeleito como presidente. Dom André sempre foi uma pessoa de extrema simplicidade, pobre entre os pobres, com grande disposição para escutar e acolher todo mundo, um pastor com cheiro de ovelha. Ele se destacou pelo seu talante moderado, não impedindo isso ter uma atitude profética em defesa do povo diante das injustiças, um compromisso do qual nunca abriu mão. Em nota, a Diocese de Ruy Barbosa, a través do seu bispo, tem informado sobre seu falecimento, afirmando que “toda a família Diocesana, Bispos, Padres, Diáconos, leigos e leigas, também seus familiares na Bélgica, nos juntamos ao coro daqueles que com gratidão suplicam ao Bom Pastor que com seu cajado o conduza as verdes pastagens que ele é merecedor”. A Comissão Pastoral da Terra também tem emitido uma nota onde com grande pesar comunica a noticia do falecimento de seu presidente, recolhendo brevemente sua trajetória vital, especialmente sua missão durante 45 anos no Brasil e seu serviço na Comissão Pastoral de Terra. A Presidência da CNBB também divulgou nota de pesar sobre o falecimento de dom André:   Nota de pesar pelo falecimento de Dom André de Witte    Com pesar, recebemos a notícia do falecimento de nosso irmão Dom André de Witte, no último domingo, 25 de abril. Missionário belga, Dom André quis ser sinal de Jesus Bom Pastor e, de forma muito especial, na presença junto aos mais pobres e trabalhadores do campo.   Por mais de 45 anos Dom André serviu à Igreja no Brasil, inicialmente como padre Fidei Donum, e depois como Bispo da Diocese de Ruy Barbosa, na Bahia, por 25 anos e oito meses, até a acolhida de sua renúncia pelo Papa Francisco, em abril do ano passado. Permaneceu junto ao povo de sua diocese e atuante na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil como já fizera por muitos anos como referencial regional, vice-presidente e presidente da Comissão Pastoral da Terra; na Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora; nos diversos grupos de trabalho; e, mais recentemente, na Comissão Especial sobre a Mineração e Ecologia Integral.  Seja o legado de Dom André nosso compromisso pela Evangelização na perspectiva de Jesus que veio para que todos tivessem vida, denunciando e combatendo os projetos que a ameaçam, como Dom André sempre nos motivou.   A Dom Estevam dos Santos Silva Filho, Bispo Diocesano de Ruy Barbosa, a toda a diocese, aos agentes da CPT, amigos e familiares, movimentos e grupos populares do campo que puderam se enriquecer do compromisso evangélico de Dom André de Witte, nossa solidariedade e proximidade, rogando ao Bom Pastor que o acolha e lhe dê o descanso eterno.   Em Cristo sempre,      Dom Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo de Belo Horizonte, MGPresidente  Dom Jaime Spengler Arcebispo de Porto Alegre, RS1º Vice-Presidente  Dom Mário Antônio da Silva Bispo de Roraima, RR2º Vice-Presidente  Dom Joel Portella Amado Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJSecretário-Geral  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Alex Mota da Costa é ordenado padre na Prelazia de Itacoatiara

A Prelazia de Itacoatiara conta desde este sábado, 24 de abril, com mais um padre. Dom Ionilton Lisboa de Oliveira ordenava na Catedral de Nossa Senhora do Rosário o díacono Alex Mota da Costa. Na sua homilia, o bispo destacava que a vocação presbiteral é um chamado, na liberdade, para servir como pastor, insistindo em que “toda vocação começa no chamado de Deus. É Deus que chama”. Ele chama para uma missão, disse Dom Ionilton: “Não existe vocação sem missão. Deus chama e nos confia um serviço na construção de seu Reino”. A missão, toda missão é serviço, seguindo assim o exemplo de Jesus. O presbítero é chamado a se configurar com Jesus, a ser do mesmo jeito, lembrando o lema que o novo padre escolheu para sua ordenação presbiteral: “Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que no Cristo Jesus”. Ao longo da sua homilia, o bispo da prelazia foi refletindo sobre aquilo que deve estar presente na vida do presbítero, chamado a agir na pessoa de Cristo; a ser homem de misericórdia e compaixão; a ser presbítero – discípulo, que tenha profunda experiência de Deus, que se nutram da Palavra de Deus, da Eucaristia e da oração; a ser presbítero – missionário,  com caridade pastoral que o leve a cuidar do rebanho a ele confiado e a procurar os mais distantes; presbítero – servidor da vida, atento às necessidades dos mais pobres, comprometido na defesa dos direitos dos mais fracos e promotor da cultura da solidariedade; presbítero cheio de misericórdia, disponível para administrar o sacramento da reconciliação. A unção do presbítero, que ele recebe na ordenação, não deve ser para a autocontemplação, insistia Dom Ionilton, e sim para ser enviado. Por isso, ele fazia um chamado ao novo padre: “Não fixe seu olhar no que é exterior em sua vocação: a vestimenta, o título, as funções, os bens, o poder, mas fixe sempre o seu olhar em Cristo, Bom Pastor”, lembrando as palavras que aparecem no prefácio da Oração Eucarísitca VI D, se referindo a Jesus, que “sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados”. Finalmente, Dom Ionilton lembrava a tríplice missão do presbítero: ensinar, transmitir a todos a Palavra de Deus, lembrando as palavras do ritual da ordenação que diz: “procura crer no que leres, ensinar o que creres, praticar o que ensinares”; santificar, procurando viver uma vida nova: “toma consciência do que fazes e põe em prática o que celebras”; e servir, a exemplo do Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir. No final da celebração o novo padre agradecia à sua família, especialmente seus pais, à Igreja da Prelazia de Itacoatiara e do Seminário São José de Manaus, onde se formou ao longo de sete anos. Ele agradecia por ter podido viver “este grande momento que é tempo de Deus”, lembrando de todos “por continuarem a sinalizar na minha vida”, pedindo que “rezem por mim, para que eu sempre seja mais e mais, e busque cada vez mais e mais, sinalizar e poder ter os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, o Bom Pastor”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

As boas pastoras amazônicas, mulheres que mantiveram a Igreja de pé ao longo de séculos

  No dia em que celebramos o Domingo do Bom Pastor, nossa reflexão nos leva a dizer que bom pastor é aquele que cuida das ovelhas, a imagem de Jesus Bom Pastor. Ao longo do tempo o Magistério da Igreja identificou essa imagem com os varões ordenados, mas aos poucos essa visão está ficando mais ampla. Não se trata de excluir e sim de abrir horizontes, de reconhecer que as mulheres também são boas pastoras, boas cuidadoras do rebanho. Querida Amazônia dedica os números 99 a 103 a refletir sobre “A força e o dom das mulheres”. Nesses parágrafos, o Papa Francisco reconhece abertamente que “Na Amazónia, há comunidades que se mantiveram e transmitiram a fé durante longo tempo, mesmo decénios, sem que algum sacerdote passasse por lá. Isto foi possível graças à presença de mulheres fortes e generosas, que batizaram, catequizaram, ensinaram a rezar, foram missionárias, certamente chamadas e impelidas pelo Espírito Santo. Durante séculos, as mulheres mantiveram a Igreja de pé nesses lugares com admirável dedicação e fé ardente. No Sínodo, elas mesmas nos comoveram a todos com o seu testemunho”. A missão de pastorear, de cuidar das comunidades, tem sido assumida, como bem reconhece a exortação pós-sinodal do Sínodo para a Amazônia, por “mulheres fortes e generosas”. São muitas as mulheres que em todos os cantos da Amazônia podem ser reconhecidas entre aquelas de quem o Papa Francisco destaca sua “admirável dedicação”. Percorrendo algumas regiões da Amazônia, me adentrando pelos rios e igarapés, muitas vezes até as comunidades mais distantes, a gente tem descoberto a presença dessas mulheres imagem de Jesus Cristo que cuida, e por tanto boas pastoras. De fato, o texto de Querida Amazônia, nesse modo de se expressar do Papa Francisco, direto, sem arrodeio, ao falar da Igreja, ele diz abertamente que “sem as mulheres, ela se desmorona, como teriam caído aos pedaços muitas comunidades da Amazónia se não estivessem lá as mulheres, sustentando-as, conservando-as e cuidando delas”. Isso é algo que também acontece em muitas comunidades das cidades amazônicas, especialmente nas periferias, onde a presença feminina se torna decisiva na maioria dos casos. Muitas comunidades das cidades teriam se desmoronado se as mulheres não estivessem entregando sua vida no dia a dia. Neste tempo de pandemia, as mulheres têm sido uma forte expressão da Igreja samaritana, exemplo de cuidado numa região onde as consequências da Covid-19 têm provocado, estão provocando e irão provocar muita dor e sofrimento. Elas são prolongação da “força e a ternura de Maria”, como nos lembra Querida Amazônia. Mulheres que escutam, curam as feridas, distribuem o pão, semeiam esperança, carregam no colo a ovelha ferida e faminta. Tudo isso acontece numa Igreja sinodal, onde o Papa Francisco reclama protagonismo feminino, pudendo “expressar melhor o seu lugar próprio”. O Documento Final do Sínodo, que o Papa assumiu, pede a criação do ministério de “mulher dirigente da comunidade“, e junto com isso “o Motu Propio de São Paulo VI, Ministeria quaedam, para que também mulheres adequadamente formadas e preparadas possam receber os ministérios do Leitorado e do Acolitado“, algo que já foi assumido no Motu Proprio “Spiritus Domini”, promulgado na última Festa do Batismo do Senhor, onde se reconhece o acesso das mulheres ao ministério instituído do leitorado e acolitado. O Santo Padre já tinha advertido essa possibilidade em Querida Amazônia, onde disse que “convém recordar que tais serviços implicam uma estabilidade, um reconhecimento público e um envio por parte do bispo. Daqui resulta também que as mulheres tenham uma incidência real e efetiva na organização, nas decisões mais importantes e na guia das comunidades”. Reconhecer essa Igreja pastoreada por mulheres, bem pastoreada, é fazer justiça com a história e abrir novos caminhos de futuro para a Igreja na Amazônia, que foi um dos objetivos do Sínodo para a Amazônia. Não alimentemos polêmicas que dividem e enfrentar e sim tenhamos uma atitude de acolhida e reconhecimento para com tantas experiencias positivas, protagonizadas por mulheres, que tem ajudado a Igreja a perseverar e ser luz na vida dos povos amazônicos. Que as boas pastoras que deram a vida pelos povos continuem nos inspirando e conduzindo nos caminhos de Deus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 58º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

«São José: o sonho da vocação»   Queridos irmãos e irmãs! No dia 8 de dezembro passado, teve início o Ano especial dedicado a São José, por ocasião do 150º aniversário da declaração dele como Padroeiro da Igreja universal (cf. Decreto da Penitenciaria Apostólica, 8 de dezembro de 2020). Da parte minha, escrevi a carta apostólica Patris corde, com o objetivo de «aumentar o amor por este grande Santo» (concl.). Trata-se realmente duma figura extraordinária e, ao mesmo tempo, «tão próxima da condição humana de cada um de nós» (introd.). São José não sobressaía, não estava dotado de particulares carismas, não se apresentava especial aos olhos de quem se cruzava com ele. Não era famoso, nem se fazia notar: dele, os Evangelhos não transcrevem uma palavra sequer. Contudo, através da sua vida normal, realizou algo de extraordinário aos olhos de Deus. Deus vê o coração (cf. 1 Sam 16, 7) e, em São José, reconheceu um coração de pai, capaz de dar e gerar vida no dia a dia. É isto mesmo que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vidas todos os dias. O Senhor deseja moldar corações de pais, corações de mães: corações abertos, capazes de grandes ímpetos, generosos na doação, compassivos para consolar as angústias e firmes para fortalecer as esperanças. Disto mesmo têm necessidade o sacerdócio e a vida consagrada, particularmente nos dias de hoje, nestes tempos marcados por fragilidades e tribulações devidas também à pandemia que tem suscitado incertezas e medos sobre o futuro e o próprio sentido da vida. São José vem em nossa ajuda com a sua mansidão, como Santo ao pé da porta; simultaneamente pode, com o seu forte testemunho, guiar-nos no caminho. A vida de São José sugere-nos três palavras-chave para a vocação de cada um. A primeira é sonho. Todos sonham realizar-se na vida. E é justo nutrir aspirações grandes, expectativas altas, que objetivos efémeros como o sucesso, a riqueza e a diversão não conseguem satisfazer. Realmente, se pedíssemos às pessoas para traduzirem numa só palavra o sonho da sua vida, não seria difícil imaginar a resposta: «amor». É o amor que dá sentido à vida, porque revela o seu mistério. Pois só se tem a vida que se dá, só se possui de verdade a vida que se doa plenamente. A este propósito, muito nos tem a dizer São José, pois, através dos sonhos que Deus lhe inspirou, fez da sua existência um dom. Os Evangelhos falam de quatro sonhos (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19.22). Apesar de serem chamadas divinas, não eram fáceis de acolher. Depois de cada um dos sonhos, José teve de alterar os seus planos e entrar em jogo para executar os misteriosos projetos de Deus, sacrificando os próprios. Confiou plenamente. Podemos perguntar-nos: «Que era um sonho noturno, para o seguir com tanta confiança?» Por mais atenção que se lhe pudesse prestar na antiguidade, valia sempre muito pouco quando comparado com a realidade concreta da vida. Todavia São José deixou-se guiar decididamente pelos sonhos. Porquê? Porque o seu coração estava orientado para Deus, estava já predisposto para Ele. Para o seu vigilante «ouvido interior» era suficiente um pequeno sinal para reconhecer a voz divina. O mesmo se passa com a nossa vocação: Deus não gosta de Se revelar de forma espetacular, forçando a nossa liberdade. Transmite-nos os seus projetos com mansidão; não nos ofusca com visões esplendorosas, mas dirige-Se delicadamente à nossa interioridade, entrando no nosso íntimo e falando-nos através dos nossos pensamentos e sentimentos. E assim nos propõe, como fez com São José, metas elevadas e surpreendentes. Na realidade, os sonhos introduziram José em aventuras que nunca teria imaginado. O primeiro perturbou o seu noivado, mas tornou-o pai do Messias; o segundo fê-lo fugir para o Egito, mas salvou a vida da sua família. Depois do terceiro, que ordenava o regresso à pátria, vem o quarto que o levou a mudar os planos, fazendo-o seguir para Nazaré, onde precisamente Jesus havia de começar o anúncio do Reino de Deus. Por conseguinte, em todos estes transtornos, revelou-se vitoriosa a coragem de seguir a vontade de Deus. Assim acontece na vocação: a chamada divina impele sempre a sair, a dar-se, a ir mais além. Não há fé sem risco. Só abandonando-se confiadamente à graça, deixando de lado os próprios programas e comodidades, é que se diz verdadeiramente «sim» a Deus. E cada «sim» produz fruto, porque adere a um desígnio maior, do qual entrevemos apenas alguns detalhes, mas que o Artista divino conhece e desenvolve para fazer de cada vida uma obra-prima. Neste sentido, São José constitui um ícone exemplar do acolhimento dos projetos de Deus. Trata-se, porém, de um acolhimento ativo, nunca de abdicação nem capitulação; ele «não é um homem resignado passivamente. O seu protagonismo é corajoso e forte» (Carta ap. Patris corde, 4). Que ele ajude a todos, sobretudo aos jovens em discernimento, a realizar os sonhos que Deus tem para cada um; inspire a corajosa intrepidez de dizer «sim» ao Senhor, que sempre surpreende e nunca desilude! Uma segunda palavra marca o itinerário de São José e da vocação: serviço. Dos Evangelhos, resulta como ele viveu em tudo para os outros e nunca para si mesmo. O Povo santo de Deus chama-lhe castíssimo esposo, desvendando assim a sua capacidade de amar sem nada reservar para si próprio. Libertando o amor de qualquer posse, abriu-se realmente a um serviço ainda mais fecundo: o seu cuidado amoroso atravessou as gerações, a sua custódia solícita tornou-o patrono da Igreja. Ele que soube encarnar o sentido oblativo da vida, é também patrono da boa-morte. Contudo o seu serviço e os seus sacrifícios só foram possíveis, porque sustentados por um amor maior: «Toda a verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo, que é a maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, requer-se este género de maturidade. Quando uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade,…
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11ª Assembleia Regional da PJ começa neste sábado, 24 de abril, em formato on-line

“Uma assembleia on-line e por etapas”, assim define Luiz Filipe Fialho a 11ª Assembleia Regional da Pastoral da Juventude do Regional Norte 1, Amazonas e Roraima, que começa neste sábado, 24 de abril. Trata-se de um desafio, sobretudo para os jovens de muitos municípios do interior, onde o sinal de internet dificulta a participação. A assembleia tem sido preparada ao longo de diferentes encontros onde tem sido analisado “como está conjunturalmente a Pastoral da Juventude e a juventude na Amazônia”, segundo Fialho, no intuito de dar o passo metodológico do ver. O Articulador Regional da PJ diz que “grande parte dos grupos de base da Pastoral da Juventude no Regional, que são quase 500, no Amazonas e Roraima, são meninos e meninas que estão nas aldeias e comunidades, juventude indígena, juventude ribeirinha, e também, é claro, do mundo urbano, mas grande parte desses grupos se encontram nos beiradões, nas aldeias e nas comunidades”. Nos encontros preparatórios tem sido olhado “como estava a realidade de cada juventude, de cada diocese, de cada comunidade, de cada grupo de base, os desafios, e como a gente pode superar e enfrentar esses desafios”, insiste Fialho. Ele vê os encontros de preparação realizados como “momento bom de partilha, onde a gente pode conhecer as realidades, as mais diversas realidades que formam esse rosto juvenil aqui no chão da Amazônia”. Para o jovem manauara, “foi muito interessante a presença de Dom Tadeu”, o bispo auxiliar de Manaus que acompanha os jovens no Regional Norte 1 da CNBB. No último encontro preparatório, acontecido no sábado passado, 17 de abril, o bispo partilhava alguns elementos da Carta ao Povo Brasileiro que os bispos escreveram com motivo da 58ª Assembleia Geral da CNBB. Segundo Fialho, o bispo auxiliar de Manaus, “fez uma reflexão encima dessa carta para a juventude, dando ânimo e coragem para a caminhada”. Nesse último encontro, onde teve a participação de mais de 100 jovens, e do frei Justino e a irmã Elsie Vinhote, assessores da PJ no Regional Norte 1, também foram enviados os delegados que irão compor a 11ª Assembleia Regional da PJ, feito a través de um roteiro de oração. “Nos banzeiros desses rios vamos juntos: resistir, esperançar e profetizar”, será o tema da 11ª Assembleia Regional da Pastoral da Juventude Regional Norte 1, que vai ter como lema o versículo do Evangelho de Lucas: “Fica conosco Senhor”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Miguel Cabrejos: “É a hora da fraternidade com a nossa irmã-mãe Terra”

Um momento de “gratidão ao Deus da vida“, é assim que Dom Miguel Cabrejos Vidarte vê o Dia Internacional da Irmã Mãe Terra, tal como definida por S. Francisco de Assis. O presidente do Conselho Episcopal Latino-americano – CELAM, recorda-nos na sua mensagem que Deus “nos chama a cuidar da ‘casa comum’ atendendo aos clamores da criação e da humanidade”, um apelo fundamental face à pandemia de Covid-19.  Nas suas palavras, o presidente do episcopado peruano recorda a histórica e excessiva “destruição ambiental devida a práticas predatórias que poluem as fontes de água, o ar que respiramos e causam a degradação dos solos e das florestas”, sofrida pela região da América Latina e do Caribe. Entre as causas, o arcebispo de Trujillo denunciou “a mineração irresponsável em grande escala, o desmatamento impiedoso e os incêndios que destroem os ecossistemas”. Neste contexto, a Igreja do continente “reafirma a sua opção pelo cuidado e defesa da vida“, com base na ecologia integral e consciente de que “os gritos da Terra e dos pobres clamam ao céu!” Ao mesmo tempo, a mensagem do presidente do CELAM recorda as palavras do Papa Francisco na sua encíclica Laudato Si, onde ele nos mostra que “tudo está relacionado“. Nas suas palavras, faz um apelo para perceber que “é a hora da fraternidade com a nossa irmã-mãe Terra, assumindo a nossa missão evangelizadora com profecia, denunciando o grave ‘pecado ecológico‘, anunciando as boas práticas que nos levam ao ‘bem viver‘, e comprometendo-nos com ações de solidariedade para o desenvolvimento humano, integral e sustentável“. Faz-se referência a conceitos que pouco a pouco se vão tornando mais presentes na vida da Igreja, tais como “pecado ecológico”, algo que ganhou importância com as reflexões do Sínodo para a Amazónia, no qual Dom Miguel Cabrejos foi um dos padres sinodais. Por esta razão, o CELAM chama “a assumir os sonhos do Papa Francisco, expressos na sua Exortação Apostólica pós-sinodal Querida Amazônia“, que nos deve levar a lutar “pelo cuidado da Criação, pelos direitos humanos, especialmente dos mais pobres, dos povos originários, dos últimos; guardando ciosamente a esmagadora beleza natural que adorna os nossos territórios, protegendo a vida transbordante dos nossos rios e selvas”. Dom Miguel Cabrejos conclui a sua mensagem recordando as palavras de São Francisco e pedindo a bênção de Deus e a intercessão de Nossa Senhora de Guadalupe, “para cada um de nós, especialmente para os mais vulneráveis“, que somos sempre aqueles que sofrem com maior virulência as consequências da falta de cuidado com a casa comum, com a irmã-mãe Terra. Eis a Mensagem: MENSAGEM DO PRESIDENTE DO CELAM POR OCASIÃO DO DIA INTERNACIONAL DA MÃE TERRA Bogotá, D.C., 22 de abril de 2021 Irmãs e irmãos: Hoje celebramos o Dia Internacional da Irmã Mãe Terra (S. Francisco de Assis), com gratidão ao Deus da vida, que nos chama a cuidar da “casa comum”, atendendo aos clamores da criação e da humanidade, que sofre o rigor da pandemia de Covid-19.  A nossa região da América Latina e do Caribe tem sofrido historicamente uma destruição ambiental excessiva devido a práticas extrativistas que contaminam as fontes de água, o ar que respiramos e causam a degradação dos solos e das florestas. O nosso continente sofre graves impactos ambientais causados, entre outros, pela depredação irresponsável em grande escala, pela deflorestação impiedosa e pelos incêndios que destroem ecossistemas.  Face a estas realidades desafiantes, a Igreja na América Latina e no Caribe, a partir de uma ecologia integral, “em saída missionária e sinodal”, reafirma a sua opção pelo cuidado e defesa da vida; os gritos da Terra e dos pobres clamam ao céu!  O Papa Francisco ensina-nos que “tudo está relacionado, e todos os seres humanos estão juntos como irmãos e irmãs numa maravilhosa peregrinação, entrelaçados pelo amor que Deus tem por cada uma das suas criaturas e que nos une também, com terno afeto, ao irmão sol, irmã lua, irmão rio e mãe terra” (LS, 92).  É a hora da fraternidade com a nossa irmã-mãe Terra, assumindo a nossa missão evangelizadora com profecia, denunciando o grave ‘pecado ecológico’, anunciando as boas práticas que nos levam ao ‘ bem viver ‘, e comprometendo-nos com ações de solidariedade para o desenvolvimento humano, integral e sustentável.  Do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) apelamos a assumir os sonhos do Papa Francisco, expressos na sua Exortação Apostólica pós-sinodal Querida Amazónia, lutando pelo cuidado da Criação, pelos direitos humanos, especialmente dos mais pobres, dos povos originários, dos últimos; guardando ciosamente a esmagadora beleza natural que adorna os nossos territórios, protegendo a vida transbordante dos nossos rios e selvas (cf. QA 7). Com S. Francisco de Assis, afirmamos: “Louvado sejais, meu Senhor, pela nossa Irmã Mãe Terra, que nos sustenta, e nos governa, e produz vários frutos com flores coloridas e erva. Que Deus na sua infinita misericórdia nos abençoe sempre e que Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina e do Caribe, interceda por cada um de nós, especialmente pelos mais vulneráveis. Paz e Bem!   Dom Miguel Cabrejos Vidarte, OFM Arcebispo Metropolitano de Trujillo Presidente da Conferência Episcopal Peruana Presidente do CELAM