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“Criar um planeta justo, equitativo e ambientalmente seguro”. Apelo do Papa Francisco no Dia da Terra

  Repetir as coisas para que não caiam no esquecimento. Com esta intenção o Papa Francisco iniciou o seu vídeo para o Dia da Terra, numa altura em que cada vez mais, e ele é um dos grandes arquitetos disto, “estamos a tornar-nos mais conscientes de que a natureza merece ser protegida“. Nas suas palavras, o Santo Padre convidou-nos a “cuidar da biodiversidade, cuidar da natureza“, recordando as lições da pandemia, que “nos mostrou o que acontece quando o mundo para”, com um impacto decisivo nas alterações climáticas, o que nos mostra que a ação humana “faz estragos”. O que acontece à natureza, nas palavras do Papa, “afeta-nos a todos, embora de formas múltiplas, diversas e inequívocas”, insistindo que “também nos ensina mais sobre o que precisamos de fazer para criar um planeta justo, equitativo e ambientalmente seguro“, um desafio que tem sido assumido por muitos líderes mundiais, para quem o Santo Padre se tornou uma das grandes referências morais da humanidade. Referindo-se à pandemia de Covid, o Papa Francisco diz que “ela ensinou-nos esta interdependência, este partilhar o planeta“, avisando-nos da urgência em que vivemos, “não temos tempo para esperar”. Considerando que temos os meios para agir, ele faz-nos perceber que “está na hora de agir, estamos no limite“. Isto é provado por um ditado que ele já repetiu em várias ocasiões: “Deus perdoa sempre, nós homens perdoamos de vez em quando, a natureza já não perdoa mais“. Por esta razão, devemos estar conscientes de que quando “a destruição da natureza começa, é muito difícil impedi-la, mas ainda há tempo”. Na sua mensagem apela a trabalhar em conjunto, como forma de “ser mais resilientes“, insistindo que o momento atual deve levar-nos a “impulsionar a inovação, a invenção, a procurar novos caminhos”. Recordando a sua agora famosa frase: “Não se sai igual duma crise, sai-se melhores ou piores”, ele disse que “se não saímos melhores, estamos num caminho de autodestruição“. Finalmente, fez “um apelo a todos os líderes do mundo para agirem com coragem, para agirem com justiça e para dizerem sempre a verdade ao povo, para que as pessoas saibam como se proteger da destruição do Planeta, como proteger o Planeta da destruição que muitas vezes desencadeamos”, agradecendo todo o bem que está sendo feito para o cuidado da casa comum. No seu tweet diário, o Papa Francisco já tinha avisado que “quebrámos os laços que nos uniam ao Criador, aos outros seres humanos e ao resto da criação“. A partir desta realidade, ele insistiu na necessidade de “sarar estas relações danificadas, que são essenciais para sustentáculo de nós mesmos e a toda a trama da vida”.

Voltar a caminhar unidos

As crises são superadas quando a gente se une, quando descobre caminhos comuns que nos ajudam a olhar o futuro com esperança, superando as dificuldades e o desânimo, procurando caminhos de reconciliação. Diante de uma situação que ninguém sabe por quanto tempo vai se prolongar, a união tem que ser assumida como atitude primeira e fundamental. O Papa Francisco, em sua mensagem ao povo brasileiro, a través dos bispos reunidos na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, após dizer que o Brasil “enfrenta uma das provações mais difíceis da sua história”, afirmava que “podemos superar este momento trágico”. Para isso, ele fazia um apelo a “ser um instrumento de reconciliação, ser um instrumento de unidade” como “a missão da Igreja no Brasil”. O convite do Papa Francisco deveria ir além da Igreja católica e de todos aqueles que fazemos parte dela. Podemos dizer que é um convite a toda a sociedade brasileira, cada vez mais dividida e enfrentada. A pandemia conseguiu dividir ainda mais um país enfrentado, conseguindo assim vencer a batalha. Se a gente quer vencer a guerra, temos que buscar caminhos de união, de escuta mutua, de estratégias comuns. Na mensagem final da Assembleia os bispos do Brasil diziam que “são inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito”. Também reclamavam “atenção à ciência, incentivar o uso de máscara, o distanciamento social e garantir a vacinação para todos, o mais breve possível”, assim como auxílio emergencial. São medidas que podem nos ajudar a entrar em caminhos comuns, sustentados em atitudes de respeito. Só quando a gente se respeita e aceita que pensar diferente não pode nos levar ao confronto e sim ao diálogo, podemos avançar na superação de qualquer crise que devamos enfrentar. A união nos faz mais fortes, a divisão nos debilita e facilita nossa derrota. É tempo de olhar o futuro com esperança, de nos esperançar com a possibilidade de dias melhores e esperançar aqueles que estão ao nosso lado, promovendo atitudes que nos unam e nos fortaleçam. O inimigo da gente não são os outros, o inimigo da gente é um vírus que tem que ser vencido, e isso só é possível com união, uma união que se fortalece a cada dia, uma união que está além de religião, de posturas políticas, de classe social. Só se tomarmos consciência de que somos humanos e de que nossa condição humana será o que vai nos salvar, conseguiremos olhar o futuro com esperança, e a vida em plenitude se tornará uma realidade para todos e todas. Nunca esqueça que juntos somos mais! Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1, Editorial Rádio Rio Mar

Faleceu de Covid-19 Dom Segismundo Martínez, bispo emérito de Corumbá (MS)

Faleceu na tarde desta quarta-feira, 21 de abril, dom Segismundo Martínez Álvarez, bispo emérito da diocese de Corumbá – MS. Internado desde 28 de março, se trata do sétimo bispo brasileiro vítima da pandemia da Covid-19. A missa de corpo presente será celebrada nesta quinta-feira no santuário Nossa Senhora Auxiliadora de Corumbá, às 10 horas da manhã. Nascido em Acebes del Páramo, em León, na Espanha, no dia 23 de fevereiro de 1943, entrou nos salesianos em 1961 e foi ordenado sacerdote em 2 de julho 1972. O bispo falecido estudou filosofia em Medina del Campo, em Valladolid, na Espanha, e teologia em Verona, na Itália. Também era formando em pedagogia, economia, administração e contabilidade. Depois de desempenhar diferentes serviço na congregação salesiana no Brasil, nos estados de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, foi nomeado bispo da Diocese de Corumbá em 7 de dezembro de 2004, sendo ordenado pelo seu predecessor, Dom Milton Antônio dos Santos, em 30 de janeiro de 2005. No final de 2018 o Papa Francisco acolheu sua renúncia. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB emitia uma nota de pesar, assinada pela presidência, onde mostra sua “solidariedade aos familiares, à Sociedade Salesiana de Dom Bosco, aos amigos e ao povo de Deus presente na diocese de Corumbá”. A nota agradece a Deus “pelas mais de quatro décadas dedicadas como missionário salesiano à Igreja no Brasil e ao carisma da educação, especialmente à Igreja particular de Corumbá”. Ele é recordado pela “serenidade e a vivência profunda da fé como marcas do ministério deste pastor”. Junto com isso, a presidência da CNBB, lembrando as palavras do Papa Francisco à 58ª Assembleia Geral da CNBB, diz:“O anúncio Pascal é um anúncio que renova a esperança nos nossos corações: não podemos dar-nos por vencidos! Como cantamos na sequência do Domingo de Páscoa: ‘Duelam forte e mais forte: é a vida que enfrenta a morte. O Rei da vida, cativo, é morto, mas reina vivo!’ Sim queridos irmãos, o mais forte está ao nosso lado! Cristo venceu! Venceu a morte! Renovemos a esperança de que a vida vencerá!”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Patrícia Gualinga: “A espiritualidade é uma força para defender o ecossistema amazônico como a criação de Deus”

A espiritualidade de seis mulheres indígenas, que combinam a visão do mundo dos seus povos originários com o cristianismo, estiveram presentes esta quarta-feira, 21 de Abril, no encontro virtual organizado pela Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, no âmbito da secção anual para as questões dos povos indígenas do Fórum Permanente das Nações Unidas – ONU 2021, que este ano tem como tema especial: “Paz, justiça e instituições eficazes: o papel dos povos indígenas no cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16“, que se realiza praticamente de 19 a 30 de Abril. Foram mulheres da América do Norte e do Sul, que refletiram sobre a espiritualidade do cuidado da Mãe Terra, presente no universo feminino indígena, partilhando as suas experiências e as suas formas de combinar as diferentes espiritualidades nelas presentes. O Povo Ysleta do Sul vive no estado do Texas (Estados Unidos), e aí Rosa Holguín-Hernández vive a sua fé católica numa comunidade indígena, onde tenta preservar as tradições católicas e indígenas, com músicas e danças, especialmente nas festas dos diferentes santos que fazem parte da tradição católica, numa ligação positiva, e viver a caridade através de diferentes obras na área da saúde e educação, destacando a participação das mulheres na educação das crianças e jovens. Esta espiritualidade é vivida pelo povo Ñandesi Kaiowa através das suas danças, nas quais procuram o apoio da divindade. Neste momento, como reconheceu Adelaide Lopes, pajé deste povo, são danças de luta perante a tristeza do povo indígena devido à falta de alimentos e outras necessidades básicas que aumentaram neste tempo de pandemia. Ela mostrou a sua preocupação em transmitir isto aos mais jovens, que não estão muito interessados na preservação das suas tradições e espiritualidade. Da tradição anglicana, Carol Gallagher, a primeira bispa indígena desta tradição, relatou a situação muito tensa nos Estados Unidos, causada pela pandemia, racismo, mudanças climáticas, aspectos que afetam especialmente as comunidades indígenas, que sofrem a maior percentagem de mortes por Covid-19 nos Estados Unidos. Pertencente ao povo Cherokee, um povo que foi afastado do seu território original, recordou a figura da sua mãe, o seu compromisso de proteger e partilhar com todos. Nesta altura, a bispa insistiu na necessidade de educar, de ajudar os outros a respeitar a Terra, de partilhar recursos e dons. Ela apelou-nos a lutar pelos povos indígenas, sempre preocupados em cuidar uns dos outros, especialmente das crianças e dos idosos. Ela também sublinhou a necessidade, enquanto povos indígenas, de procurar ferramentas para continuar o seu modo de vida. Patricia Gualinga salientou a importância de “um evento que nos une na luta e na espiritualidade“. Ela definiu o povo Kichwa de Sarayaku, na Amazônia equatoriana, como um povo católico à sua maneira, que encontra na espiritualidade uma força para defender o ecossistema amazónico como Criação de Deus. Citando como exemplo o seu pai, um ancião indígena que tem agora 97 anos de idade, disse que é possível reunir a espiritualidade indígena e católica, porque a espiritualidade é uma só. O seu povo sempre viu a Natureza como criação divina, lembrando que as suas tradições espirituais apelam à luta com a firmeza de ter os pés no chão e o coração e o cérebro no céu. Patricia Gualinga definiu o tempo presente como momentos críticos, afirmando que estamos num caminho de não retorno. Portanto, é tempo de unir esforços em todos os campos, político, espiritual, social, em defesa da Amazônia. Aquela que foi auditora no Sínodo para a Amazônia salientou a importância do apoio da Igreja na defesa da Amazônia, a começar pelo Papa, muitos cardeais e bispos. Reconhecendo que existem diferentes formas de apoiar os povos na defesa da Amazônia, insistiu que temos de nos unir para transformar. Kateri Mitchell, indígena do povo Mohawk, é uma religiosa de Santa Ana, e sempre trabalhou sobre o tema da espiritualidade dos povos originários. Ela define os Mohawks, que foram um dos modelos para a Constituição dos EUA, como um povo forte e guerreiro, algo que os ajuda a ligarem-se a Deus, destacando a relação muito forte do seu povo com a Terra. Agradece aos seus pais pela formação espiritual da conectividade com a Terra e com a Criação de Deus, a relação com a água, que lhe permitiu ter uma identidade, ser perseverante, mergulhar em ministérios multiculturais que a ajudaram a ser o seu verdadeiro eu e a ser capaz de partilhar o que foi capaz de aprender com os outros. Usando o símbolo da roda da medicina, que, segundo a tradição do seu povo, liga a criação e nos liga a todos, ela refletiu sobre a necessidade de superar todo o racismo e discriminação, porque somos parte da criação de Deus, chamados a partilhar os dons especiais que cada um recebeu. Ao mesmo tempo, pediu ajuda mútua, para reconhecer a ligação que provém dos dons recebidos, para assumir que juntos formamos a família humana, partilhando os dons que recebemos individualmente. Da Amazônia peruana, Yesica Patiachi, contou à visão do mundo do povo Harakbut, que se consideram filhos de uma árvore. A sua espiritualidade baseia-se no respeito pela ordem dos mundos, o que os leva a realizar diferentes ritos para expressar este respeito e a ouvir os sons da floresta como forma de se ligarem ao mundo e lerem as diferentes manifestações que a natureza lhes comunica. Respeitar o equilíbrio dos mundos é o caminho para uma vida plena no mundo Harakbut, o que deve levar ao respeito pelos espaços, a casa comum. Um povo com uma grande capacidade de resiliência, tem avançado no caminho da interculturalidade, algo que também tem sido influenciado pelo fato de ter recebido o Deus cristão na sua cultura. Yesica, que foi auditora do Sínodo da Amazônia e é atualmente uma das conselheiras da REPAM, enfatizou a importância de cantar músicas católicas na sua língua, porque o canto sempre esteve presente na sua cultura, como forma de expressar o seu respeito pela floresta. Afirmou que desde que leu Laudato Si descobriu que o Papa Francisco é mais um harakbut que luta pelo…
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A pandemia do Tráfico de Pessoas, uma realidade “invisível, disfarçada, quase imperceptível” na Amazônia

O Tráfico de Pessoas, uma realidade definida pelo Papa Francisco como mercantilização da vida, é um desafio cada maior na sociedade atual, também para a Igreja. No Regional Norte 1 da CNBB, o enfrentamento do Tráfico Humano e da exploração sexual de crianças e adolescentes tem sido assumido desde 2011 pela Rede Um Grito Pela Vida. A pandemia da Covid-19 tem provocado um aumento dessa realidade, algo que tem sido abordado no encontro de formação organizado pela Rede um Grito pela Vida, que refletiu sobre “A realidade das violações dos direitos, abuso, exploração sexual, Tráfico de Pessoas e migração em tempos de pandemia no Regional Norte 1: junto a infância, juventudes e mulheres”. Estamos diante de uma realidade sempre presente na vida da humanidade, presente na Bíblia, onde já são narradas situações de trabalho escravo, violências, violações de direitos e migrações, segundo Francisco Lima. Não podemos esquecer que história é construída por povos que dominam outros povos, fazendo com que sempre existiu a escravidão do povo. A escravidão ao longo da história foi permitida durante séculos, era considerada legal e normal. De fato, o Brasil foi um país construído com indígenas e negros traficados, lembrava Francisco Lima. Hoje é uma realidade mascarada, disfarçada e invisível. O Tráfico Humano é a escravidão de nossa época, a mercantilização da vida em nome do lucro, onde pessoas são consideradas mercadorias, insistia o secretário executivo do Regional Norte 1. Na sociedade atual, uma situação que tem aumentado com a pandemia, existem circunstâncias que facilitam o Tráfico Humano. Uma delas é a miséria diante da falta de emprego ou qualquer fonte de renda, também a ganância, que faz com que as pessoas busquem ter dinheiro sem limites, sem escrúpulos, algo que inclusive acontece por pessoas conhecidas. Junto com isso, outra circunstância é a impunidade, dado que é difícil que os criminosos sejam punidos. Estamos diante de uma realidade que é a terceira atividade mais lucrativa no mundo, que rende 32 bilhões de dólares por ano. Uma realidade da qual participam muitas pessoas, de toda condição, que é um atentado contra a dignidade da pessoa, segundo Francisco Lima. Existem diversas modalidades desse crime: mendicância, exploração sexual, adoção irregular, servidão doméstica, casamento servil, trabalho escravo, atividades criminosas, venda de órgãos, que são expressões do Tráfico Humano. A Amazônia é uma das rotas principais do Tráfico Humano no mundo. Francisco Lima refletia sobre a situação dos ribeirinhos e indígenas nas cidades, muitas vezes nas periferias. Diante dessa realidade Jesus nos convida a acolher, dar de comer, cuidar, visitar. Ele lembrava como a Igreja tem buscado dar visibilidade e refletir essa realidade, sobretudo a partir da Campanha da Fraternidade de 2014. Em consequência disso, o Regional Norte 1 assumiu a Migração Forçada e o Tráfico de Pessoas como causa comum nas dioceses e prelazias. O Sínodo para a Amazônia, desde o processo de escuta, e Querida Amazônia, onde o Papa Francisco nos diz que “é preciso indignar-se”, tem ajudado a refletir e dar visibilidade ao Tráfico de Pessoas. A pandemia tem aumentado a vulnerabilidade das vítimas. Nesse sentido, a realidade do interior nos mostra que existem muitos casos de gravidez precoce, de meninas de 12 e 13 anos, algo que está ajudando a conhecer o trabalho realizado pelo AJURI Amazônico. Estamos numa região onde muitas menores são forçadas a se casar, onde acontece um crescente aumento do trabalho infantil no interior e nas cidades. Na verdade, os dados são pouco conhecidos, um grande problema é a ausência de dados, também a precarização da rede de proteção e do seu funcionamento, dos CMDCAs e dos conselhos tutelares. Diante dessa realidade somos chamados a olhar a realidade e se articular para transformar, afirmava Marcia Maria de Souza Miranda. A articuladora da Caritas Regional Norte 1, relatava as situações e dificuldades vividas neste tempo de pandemia, insistindo na necessidade de estender o olhar para o interior e trabalhar em rede. O desmonte das políticas públicas, uma realidade cada vez mais presente no Brasil, tem piorado a situação da população, relatava Márcia. Diante disso, a sociedade civil tem se organizado e garantido os direitos do povo. Um desafio é levar as formações para o interior, onde quase não tem acesso à internet. Isso tem que levar a fortalecer as pastorais sociais, a cuidar da realidade de muitas jovens e adolescentes que para se manterem, no interior e na cidade, acabam caindo na exploração sexual e tráfico de drogas. Se faz necessário continuar animando as pessoas, para que não desanimem diante da realidade de desgoverno e os tantos desafios. É tempo de ousadia, simpatia e profetismo, de resgatar a pastoral de conjunto, para poder superar a pandemia do Tráfico de Pessoas e tantas pandemias presentes na Amazônia e no mundo.   

Povos Indígenas da Amazônia, com o apoio da REPAM, denunciam na ONU as violações dos Direitos Humanos durante a Covid-19

A reunião do Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas, uma prática desde 2002, que este ano se realiza de 19 a 30 de abril, conta nos dias 20 e 21 com a presença da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, numa tentativa de trazer a voz das comunidades da Amazônia a este Fórum Permanente. O tema desta 20ª Sessão do Fórum é “Paz, justiça e instituições eficazes: o papel dos povos indígenas no cumprimento do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 16“. A REPAM tem ajudado a reunir as vozes dos povos indígenas que vivem nos territórios, o que pode ajudar a refletir a dura realidade da Amazônia nas futuras recomendações do Conselho e a sensibilizar para a promoção de políticas públicas mais consentâneas com a realidade das comunidades indígenas. A reflexão desta terça-feira foi “Durante a COVID-19, as violações dos Direitos Humanos na Amazônia crescem e aprofundam-se“. Presidido por Dom Gabriele Caccia, observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas, o evento foi moderado por João Gutemberg Sampaio, secretário executivo da REPAM, e contou com a presença de Francisco Calí, Relator Especial da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas, Jeremias Mura, do Povo Mura-Brasil, Veronica Grefa, do Povo Kichwa-Equador e Alberto Ynuma, do Povo Amahuaca-Peru. Os representantes dos povos indígenas mostraram a situação dos Direitos Humanos na Amazônia, num evento que Henry Ramirez, um dos organizadores, definiu como “uma expressão de solidariedade globalizada“, insistindo em ver “os direitos humanos como uma tarefa indiscutível da nossa fé”. Dom Caccia recordou a importância da visita do Papa Francisco à Amazônia e a sua defesa dos povos amazónicos, que nunca foram tão ameaçados, algo que aumentou com a pandemia, que causou a morte de muitos indígenas, como aconteceu noutras pandemias, consequência das grandes distâncias e do isolamento social destes povos. O observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas denunciou que os governos querem impulsionar a economia, permitindo a invasão da Amazônia, dando liberdade às empresas mineiras para explorarem a região amazónica, sem o consentimento prévio dos povos indígenas, transformando os tratados num tratado de morte. Foram os mineiros que, em alguns países, como o Brasil, trouxeram a Covid-19 às comunidades indígenas. Nas suas palavras fez referência ao Sínodo para a Amazônia, destacando a presença de representantes dos povos originários e do que foi reunido na Querida Amazônia em defesa dos povos amazónicos e dos mais pobres. Dom Caccia insistiu em que as suas vozes fossem ouvidas, e as suas culturas e beleza natural preservadas. Ao mesmo tempo, salientou as injustiças e violência sofridas pelas comunidades indígenas, pelo que estas devem ser protegidas e reconhecidas como os principais interlocutores, aos quais devemos respeitar e pedir autorização para qualquer ação. O prelado salientou a importância da presença de líderes indígenas no Fórum Permanente e a necessidade de os ouvir. A REPAM sempre se preocupou com “a defesa do território e dos mais vulneráveis, daqueles que são privados dos seus direitos”, segundo o irmão João Gutemberg Sampaio. O secretário executivo insistiu que a REPAM trabalha no campo da defesa dos direitos humanos e da incidência política, contando com a presença dos próprios atores territoriais. Nas suas palavras, salientou que a Amazônia é uma região com profundas desigualdades, grandes disparidades sociais, pobreza extrema, violência generalizada por várias razões, acesso precário à água potável, falta de segurança alimentar, sistema de saúde precário, o que tem causado um grande impacto da pandemia, algo que exige a necessidade de os Estados implementarem medidas de proteção.  Os povos indígenas estão entre os mais em risco, algo que tem aumentado com a pandemia. Esta declaração, feita por José Francisco Calí Tzay, mostra a necessidade de medidas especiais para a proteção dos povos indígenas em todo o mundo. Numa altura em que existe um risco acrescido para a saúde dos povos em muitos países, o Relator Especial da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas recordou diferentes pandemias espalhadas pelos colonizadores ao longo da história, por vezes intencionalmente. Outra situação preocupante, segundo o diplomata guatemalteco, são os efeitos da poluição ambiental sobre a saúde, com um aumento das doenças crónicas, que neste tempo de pandemia não estão a ser tratadas como deveriam. Francisco Calí instou os governos a promoverem medidas para proteger a saúde dos povos indígenas, com atenção prioritária aos efeitos da Covid-19. Ao mesmo tempo, denunciou que o neocolonialismo contribui para a invasão de terras e aumenta o risco, consequência da discriminação sistemática enfrentada pelos povos indígenas, muitas vezes privados do que garante a saúde e a alimentação. O relator denunciou o sofrimento dos povos indígenas nas grandes cidades e a situação particularmente grave em que vivem no Brasil. Jeremias Mura falou do Brasil, denunciando os ataques sofridos durante a pandemia. De acordo com o líder indígena, “o governo brasileiro não se preocupou com uma política diferenciada para os povos indígenas durante a pandemia, o que agravou muito a situação sanitária“. O mesmo se pode dizer da educação, uma vez que “em muitos casos os estudantes indígenas ficaram sem estudar”, dada a grande dificuldade em participar em aulas virtuais. Nesta época de pandemia houve um aumento de invasões, especialmente por parte de madeireiros e mineiros. Segundo ele, os invasores não respeitam o isolamento social e os órgãos de supervisão não se movem para controlar estas invasões. Foi por isso que exigiu respeito pelos protocolos de consulta e denunciou o enorme aumento dos preços no Brasil. Na Amazônia equatoriana, um dos grandes vilões são as companhias petrolíferas. Veronica Grefa, líder do povo Kichwa, recordou o derramamento de petróleo de 7 de abril de 2020, que contaminou os rios Coca e Napo e deixou mais de 105 comunidades indígenas sem comida e água. Segundo ela, “destruiu a nossa casa, já não temos uma vida digna“, insistindo que “temos vindo a sofrer as consequências há mais de um ano, com graves danos para a nossa saúde”. Além disso, o sistema de justiça, aliado ao governo e às grandes empresas petrolíferas, negou-lhes a sentença, a qual foi objeto de recurso em…
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“Ser mais um servidor entre vocês”. Dom Ionilton lembra sua nomeação como bispo de Itacoatiara

  Portanto, hoje são quatro anos de minha nomeação como bispo da Prelazia de Itacoatiara- Amazonas. Este anúncio aconteceu na Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Riachão do Jacuípe (BA), onde vivia e servia como Colaborador Paroquial.  Quero agradecer a Dom Giovanni D’ Aniello, Núncio Apostólico, Dom Ottorino, na época Bispo de Serrinha e aos meus Irmãos da Congregação Vocacionista: Padre Wesdras, Pároco, Padre José Lino, Vigário, Padre Antônio Rafael, Geral e Padre José Carlos, Provincial, presentes na celebração da Palavra, na qual foi feito o anúncio. Na minha mensagem à parcela do Povo de Deus da Prelazia de Itacoatiara, que envie naquele dia, disse que desejava “ser mais um servidor entre vocês que vivem a sua vocação e missão nesta Prelazia”. Confesso que tenho me esforçado para ser assim…  Disse, também, “vamos trabalhar em comunhão, numa Igreja toda vocacional e ministerial, que acolhe e busca servir todas as pessoas, mas que deseja servir especialmente aos empobrecidos e excluídos, para que todos tenham vida (cf. Jo 10, 10)”. Nesta minha primeira mensagem apresentei minha identidade como cristão, consagrado Vocacionista, padre e agora bispo. Continuo pensando assim e esforço-me para quer nossa Prelazia caminhe nesta direção.  Hoje, durante o dia, nos momentos de oração e na celebração da Eucaristia, me perguntei: por que a Igreja, me chamou de tão longe para vir servir como bispo aqui, nesta Querida Amazônia, nesta Querida Prelazia, a este Querido povo?  Sou consciente de que não sou o bispo esperado do Clero da Prelazia, afinal eles nem sabiam que eu existia. Sei que foram indicados outros nomes. A não escolha de alguém daqui do Norte, da Prelazia, deve ter sido meio frustrante para o nosso Clero.  Talvez, por isto, ainda sou visto, por muitos, com certa reserva, como um estranho no ninho, um forasteiro, alguém imposto pela Igreja.  Tenho sempre me perguntado diante de Deus: Como meu nome apareceu e foi escolhido para ser bispo na Prelazia de Itacoatiara? Só tem uma palavra para definir isto: mistério!  De uma coisa podem ter certeza, não pedi para ser bispo, fui escolhido pela Igreja; não pedi para vim ser bispo na Prelazia de Itacoatiara, que até o dia 04 de abril, dia da consulta, confesso, não sabia que existia. Foi a Igreja que me propôs ser bispo e ser bispo prelado em Itacoatiara. E com temor e tremor, disse sim!  Na minha primeira mensagem disse: “Que sejamos uma Igreja que celebra os sacramentos, que educa na fé e desperta lideranças para a vivência da cidadania, a partir dos valores de nossa fé cristã e da Doutrina Social da Igreja, para ajudar a resgatar a ética na política”. Continuo SONHANDO com este Projeto de Ação Evangelizadora. Quando alguém estranha meu jeito de ser bispo e minha maneira de orientar a nossa missão, sempre peço que leiam a minha primeira mensagem para o Povo de Deus na Prelazia, lá eu me revelei, quem era e o que pensava.  Ou não é verdade?  Obrigado ao Povo de Deus desta Prelazia, que desde o dia 19 de abril de 2017 tem rezado por mim e tem me acompanhado com a amizade e o apoio pastoral para que meu Sonho, que ouso dizer ser o sonho de Deus, o sonho da Igreja, que apresentei na minha primeira Mensagem, possa ir se concretizando cada vez mais neste chão amazônico, nesta Prelazia de Itacoatiara. Em Cristo Ressuscitado e em Maria, Mãe do Rosário, da Amazônia e das Vocações!   Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, SDV

Dom Roque Paloschi: “Essa concepção perversa de governar tem causado uma destruição inestimável”

Um cenário de retrocesso, essa é a situação que vivem os povos indígenas no Brasil, segundo o presidente do Conselho Indigenista Missionário – CIMI, que se manifesta no “agravamento das violações de direitos humanos dos Povos Indígenas, principalmente no que se refere a regularização dos seus territórios”. Neste 19 de abril em que é comemorado o Dia dos Povos Indígenas, que tem realizado um ato de protesto em Brasília, as palavras de Dom Roque Paloschi na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, realizada de 12 a 16 de abril, cobram ainda maior relevância. Diante da pandemia, o CIMI teve que se retirar das aldeias, “para preservar as vidas dos nossos irmãos indígenas”, segundo o bispo. Já são mais de mil indígenas vitimados pela Covid-19 e mais de 50 mil infectados. Muitas dessas vítimas tem sido os mais velhos, “verdadeiras bibliotecas vivas”. Além da pandemia, “os indígenas enfrentam a omissão e a falta de diálogo do atual governo”, segundo Dom Roque Paloschi, denunciando os constantes ataques aos povos indígenas. “Nas falas e nas ações do presidente da República com relação aos indígenas destacam-se a ignorância, o preconceito, a discriminação, a violência”, insiste o presidente do CIMI, citando diferentes manifestações e decisões do presidente Bolsonaro provando isso. Diante das invasões das terras indígenas, o arcebispo de Porto Velho denuncia que “essa concepção perversa de governar tem causado uma destruição inestimável, impactando a vida dos povos indígenas e a proteção do meio ambiente”. Exemplos disso acontece em diferentes pontos do Brasil, principalmente na Amazônia, onde o garimpo ilegal e o agronegócio, com o apoio do governo brasileiro, estão provocando graves consequências. São diferentes projetos de lei que o governo tem aprovado nos últimos messes nesse sentido. Ao mesmo tempo, o judiciário, através do Ministério Público Federal, o Supremo Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal “muitas ações têm sido deferidas em favor dos povos indígenas”. Desde o CIMI, “agradecemos imensamente o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, que tem sido muito importante na defesa dos direitos dos povos indígenas no Brasil”, disse seu presidente na 58ª Assembleia Geral da CNBB. Neste dia em que é comemorado o Dia dos Povos Indígenas, o CIMI assume ainda com mais força os desafios “na continuidade do apoio aos irmãos indígenas, mas o compromisso da missão e a solidariedade têm prevalecido”. São muitas as ações desenvolvidas pelo Conselho Indigenista Missionário que “têm ajudado a salvar vidas em todas as aldeias no Brasil”. Confira as palavras de Dom Roque na 58ª Assembleia da CNBB. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Povos Indígenas do Javari chamam “a fazer uma reflexão sobre o destino do nosso planeta”

“Nós povos originários, não podemos comemorar a morte dos nossos Líderes que já se foram nesta data”, são as palavras com as quais a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, abre uma nota lançada neste 19 de abril em que é comemorado o Dia dos Povos Indígenas. Num cenário de morte, incrementado pela pandemia da Covid-19, os povos indígenas do Vale do Javari, que divide o Brasil do Peru, na Diocese de Alto Solimões, onde existem vários povos em isolamento voluntário ou em contato inicial, denunciam que estão sendo empurrados ao precipício. Isso se faz visível em que “os rios, floresta e todo território originário estão sendo alterado”. Diante da morte dos povos indígenas, a nota afirma que “nosso inimigo revira a terra em nome do ‘progresso’ nitidamente ganancioso, nocivo e austero. Eliminatório!”. Isso é algo que os povos da floresta, tradicionalmente guiados pelo Bem Viver, dizem não compreender, “essa busca alucinante por riqueza, que chega ao ponto de destruir seu próprio chão”. Diante disso, sua proposta é que 19 de abril seja um dia de Resistência, que quer ser uma “homenagem às centenas de Lideranças que já foram caladas, e um dia os nossos filhos e filhas, irão dar continuidade e assim será até o último índio”. A situação atual é consequência de um governo que já advertiu suas intenções “nenhum centímetro de terra seria demarcado para índio“. Essas palavras foram proferidas pelo atual presidente da República na campanha eleitoral. Se trata de “uma maneira de eliminarmos, aliás, a maneira mais cruel e violenta”, enfatizam os povos indígenas do Vale do Javari. Mesmo assim, eles insistem em que “nós continuaremos na Luta!”. Diante dos planos de aniquilar os povos indígenas, “forjados nos porões da covardia”, os povos rezam “pela preservação do planeta”. Junto com isso, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari incentiva “nossos jovens que a nossa existência depende da preservação do território, pois um índio sem-terra, floresta e rios é uma pessoa sem identidade”. A mensagem é um convite “a fazer uma reflexão sobre o destino do nosso planeta, pois a cada árvore derrubada, é um copo d’água à menos que podemos oferecer aos nossos filhos”, fazendo um chamado “para combater esse ‘progresso devastador´”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Ionilton: “Façamos como Pedro e digamos a quem está matando o nosso povo: vós matastes a vida”

Na Homilia deste terceiro Domingo da Páscoa – Ano B, Dom Ionilton Lisboa de Oliveira começava fazendo referência à atitude de Pedro exercendo a dimensão profética da denúncia de sua missão. A partir do texto do Livro dos Atos dos Apóstolos, lembrava a Mensagem ao povo brasileiro da 58ª Assembleia Geral da CNBB, celebrada de 12 a 16 de abril, que nos lembra que “não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada”. Segundo o bispo de Itacoatiara, “diante deste grave momento que vivemos, ficarmos calado, não fazermos nada para a busca de solução, e pior criticarmos quem se esforça para fazer alguma coisa é pecado de omissão”. Ele convidava a que “façamos como Pedro e nos dirijamos a quem está matando o nosso povo e digamos: vós matastes a vida”. Dom Ionilton também destacava a função de Pedro exercendo o ministério da reconciliação. Segundo ele, “no Sacramento da Confissão é assim: eu preciso me arrepender, me converter, ou seja, mudar de vida, confessar e ser perdoado pela Igreja em nome de Deus”. Seguindo essa reflexão, citava as palavras do Papa Francisco em sua carta aos Bispos do Brasil, enviada nesta quinta-feira, 15 de abril, onde “nos pediu para sermos promotores da reconciliação para o bem de nosso país”. Segundo o bispo de Itacoatiara, “esta reconciliação não pode ser entendida, como vamos deixar para lá, nós não podemos dizer nada, deixemos as mortes pela Covid e pela fome continuarem a acontecer”. Nesse sentido, ele lembrava as palavras do Papa Francisco na Querida Amazônia: “A Amazônia deveria ser, também, um local de diálogo social… para encontrar formas de comunhão e luta conjunta… Mas se queremos dialogar, devemos começar pelos últimos”. Dom Ionilton acrescentava que “podemos substituir a palavra dialogar por reconciliar e dizer: Se queremos reconciliar, devemos começar pelos últimos”. Após uma pequena reflexão sobre o Salmo, que nos chama a confiar em Deus, e a segunda leitura, que é um convite a não pecar, nem pessoal, nem comunitariamente, o bispo refletia sobre a passagem do Evangelho deste 3º Domingo da Páscoa, onde aparece “o episódio dos chamados discípulos de Emaús, uma Vila nas proximidades de Jerusalém”. Eles fazem memória, e isso levava o bispo a se perguntar “estamos falando uns com os outros do que está acontecendo em nosso país, em nosso estado, em nosso município, em nossa vila, comunidade, cidade, bairro, rua?”. O que os discípulos contam é “como eles tinham reconhecido Jesus ao partir o pão”, o que o levou a se questionar: “E nós falamos, digitamos, postamos sobre o que? A Palavra de Deus? A homilia do Papa, do bispo ou do padre sobre a Palavra de Deus? A assembleia dos Bispos do Brasil? A Mensagem da CNBB ao povo brasileiro? Sobre a crise sanitária, ética, política e econômica de nosso país?  Sobre nossa preocupação com a demora da Vacina para todos? Sobre a alegria de quem já pode se vacinar? Ou conversamos sobre novela, futebol…” Falando sobre a paz que Jesus deseja aos discípulos, Dom Ionilton afirmava que “a paz deve ser nosso desejo”, algo que lembrando as palavras do profeta Isaías é fruto da justiça. Isso o levava a dizer que “segundo a Palavra de Deus, sem justiça não pode haver paz”. Daí o bispo de Itacoatiara afirmava que “nós precisamos trabalhar para que haja justiça social no mundo, para que assim possa haver paz e como consequência destas duas realidades, possamos viver alegres, felizes”. Refletindo sobre a paz de Jesus, Dom Ionilton diz que “é uma paz que promove a unidade na diversidade, a comunhão, o respeito entre as pessoas, a igualdade de direitos e deveres, a superação de toda forma de discriminação (raça, condição social, religião, opção política, gênero, região), como nos lembra a Campanha da Fraternidade Ecumênica”. Ele também lembrava do Documento de Aparecida, que diz que “Devemos promover a geração de uma cultura da paz que seja fruto de um desenvolvimento sustentável, equitativo e respeitoso da criação”. Também citava o Documento de Medellín: “A paz não se acha, há que construi-la. O cristão é um artesão da paz”, e o Texto Base da Campanha da Fraternidade de 2009, que afirma que “A conquista da paz não vem pela força das armas. Ela vem dos novos relacionamentos, fundamentados no amor, porque Deus é Amor e é Ele a fonte da verdadeira paz e da verdadeira concórdia”. No texto do Evangelho deste domingo, “Jesus nos envolve na missão, nos chama e nos envia”, segundo Dom Ionilton. O bispo insistia em que “precisamos ser testemunhas dele: amar como ele amou, pensar como ele pensou, sentir como ele sentiu, servir aos pobres e sofredores como ele serviu, defender a vida como ele defendeu, enfrentar com coragem e sem violência os que fazem o povo sofrer como ele enfrentou”. Em suas palavras citava de novo o Documento de Aparecida: “Cristo está presente naqueles e naquelas que dão testemunho de luta pela justiça, pela paz e pelo bem comum”. Também lembrava o dito pelo Papa São João Paulo II na Carta Encíclica Sobre a Validade Permanente do Mandato Missionário, onde disse que “O testemunho da vida cristã é a primeira e insubstituível forma de missão”. É por isso, que o bispo da Prelazia de Itacoatiara definia o testemunho como “viver conforme a fé que professamos, onde a gente estiver no dia a dia de nossa vida e não uma fala sobre uma experiência de fé que vivenciou”. Ele finalizava pedindo “que Jesus abra a nossa inteligência como abriu a dos discípulos para entendermos e praticarmos a Escritura, a Palavra de Deus”. Luis Miguel Modino, assesor de comunicação CNBB Norte 1