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A Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe inicia o Processo de Escuta

Gerar vários diálogos e atividades que “serão o fio condutor de todo o processo de discernimento para e durante a Assembleia”, é o objetivo do processo de escuta da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que está começando e durará até meados de julho. Este processo de escuta responde ao desejo do Papa Francisco que, na apresentação da Assembleia a 24 de janeiro, disse que “a Igreja se dá ao partir o pão, a Igreja se dá com todos sem exclusão, e uma assembleia eclesial é um sinal disso: de uma Igreja sem exclusão”.  Mauricio Lopez, que já está familiarizado com este tipo de atividade, a partir da experiência do Sínodo para a Amazónia e que coordena o Comité de Escuta, assinala que “aspiramos ter uma plena e ampla participação de todo o povo de Deus que peregrina na América Latina e no Caribe, para que esta Assembleia seja uma verdadeira celebração de nossa identidade eclesial a serviço da vida“. Segundo o Secretário da Ação Pastoral do CELAM, “este evento quer ser uma genuína expressão de uma presença que acolhe as esperanças e os desejos de todas as pessoas que compõem a Igreja, Povo de Deus, especialmente neste tempo de profunda crise”. Por esta razão, Maurício insiste que “a coerência com o anúncio do Evangelho de Jesus será o gesto vivo que dará relevância ao nosso processo, e devemos escutar atentamente os gritos dos empobrecidos e da irmã mãe terra neste tempo de pandemia da Covid-19 e todas as outras pandemias de iniquidade e exclusão que este momento revela”. É uma proposta aberta a todos, na qual é possível participar através de atividades comunitárias, fóruns temáticos e contribuições individuais, com inscrições feitas através da utilização de uma plataforma de colaboração em linha, no website da Assembleia Eclesial, na sua secção “ESCUTA” ( https://asambleaeclesial.lat/escucha/ ).  A Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe incentiva a organização de espaços de escuta, cujas informações serão confidenciais, também através de plataformas virtuais, tendo em conta a situação da pandemia na América Latina e Caribe. O trabalho será organizado a nível geral, em cada uma das Conferências Episcopais e nas diferentes redes e instituições pastorais latino-americanas (CLAR, Caritas, redes eclesiais territoriais e temáticas, entre outras). Para este processo foram elaborados materiais que já se encontram disponíveis no site da Assembleia da América Latina e do Caribe. Este é o Documento para o Caminho, onde alguns aspectos da realidade que “nos desafiam como discípulos missionários neste momento da história” são estudados em profundidade, à luz do documento e da experiência de Aparecida. Aí encontramos os fundamentos teológicos, históricos e bíblicos à luz de vários documentos da Igreja Universal e das Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe. Nas palavras de Mauricio Lopez, “será uma ajuda para o diálogo e o discernimento pessoal e comunitário, suscitando muitas contribuições do Povo de Deus na escuta mútua e nas deliberações comuns. É um documento para encorajar e abrir diálogos”. Juntamente com ele, está disponível o Guia Metodológico, que explica os passos a dar e a forma de o fazer.   No pensamento do Papa Francisco, como afirma a Constituição Apostólica Episcopalis Communio: “o processo sinodal tem o seu ponto de partida e também o seu ponto de chegada no Povo de Deus, sobre o qual os dons da graça derramados pelo Espírito Santo devem ser derramados. Daí a importância de ouvir o Povo de Deus como primeiro passo para que a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe seja bem sucedida. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

“Uma assembleia que alcançou seus objetivos”. Dom Leonardo e Dom Edson analisam a 58ª AG da CNBB

Como a gente tem feito ao longo da semana, escutando a voz dos nossos bispos do Regional Norte 1, no final da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, celebrada de 12 a 16 de abril em formato virtual, escutamos o parecer de Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, e Dom Edson Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira y presidente do Regional Norte 1 da CNBB. Segundo o arcebispo de Manaus, “a Assembleia Geral da Conferência dos bispos do Brasil é sempre um momento rico de colegialidade, de oração, de partilha, de escuta, da busca para servir sempre melhor a Igreja no Brasil”. Dom Leonardo afirma que “na modalidade virtual caminhou bastante bem. Os bispos puderam participar de suas residências, escutando, falando, propondo”. Porém, ele também reconhece que “foi exigente por estar diante do computador por quatro horas, sem pausa”. Mesmo assim, “a diversidade e a organização dos assuntos ajudaram a amenizar”.  “A reflexão e discussão da pastoral a partir da Palavra de Deus foi uma riqueza”, afirma Dom Leonardo. Segundo ele “a Palavra é sempre fonte para o caminho da Igreja. Houve iluminações ao texto apresentado especialmente quanto à leitura da Palavra de Deus”, dizendo que “será publicado como texto de Estudo”, o que sem dúvida vai ajudar na reflexão da Igreja do Brasil.  Dom Leonardo destaca como significativa a Mensagem aos brasileiros, que ele considera um instrumento para “iluminar as ações e a realidade nesse tempo de pandemia e ao mesmo tempo oferecer esperança e solidariedade”. Analisando o formato da 58ª Assembleia Geral da CNBB, o arcebispo de Manaus, afirma que “numa Assembleia virtual falta a proximidade, o diálogo direto, a partilha mais espontânea, a oração onde se está um ao lado do outro; não apenas ouvindo a sua voz, mas também sentido o seu calor”. Segundo Dom Leonardo, “na virtualidade é possível realizar muito e até é mais fácil controlar o tempo. Mas falta a relação pessoal, o face a face, fundamental para a comunhão e a colegialidade”.  Finalmente, o arcebispo insiste em que “foi importante realizar a Assembleia para não nos distanciarmos uns dos outros, nos percebermos irmãos e mantermos acessa a nossa vocação de discípulos missionários como bispos”. Dom Edson Damian afirma que “apesar de ter sido realizada on-line pela primeira vez, a 58ª Assembleia Geral da CNBB alcançou seus objetivos”. Ele destaca que, “com raras excepções, os bispos convidados e assessores puderam participar integralmente, e foram mais de 400 os participantes”. Como acontece sempre, segundo o presidente do Regional Norte 1 da CNBB, “a pauta teve muitos assuntos e foi possível apresenta-los todos, alguns até com tempo razoável para boas complementações e esclarecimentos”. O bispo de São Gabriel da Cachoeira destaca a boa condução e articulação da assembleia dos quatro bispos da presidência. Ele destaca as oportunas e muito esclarecedoras intervenções de Dom Walmor. Na sua opinião, Dom Edson enfatiza “a abrangente e bem aprofundada estruturada Análise de Conjuntura sociopolítica e económica, sobre a trágica situação que vive o nosso país”, que serviu como base para elaborar “a profética mensagem ao povo brasileiro”. Também destaca a mensagem do Papa Francisco, enviada pela primeira vez, de viva voz, que “está em perfeita consonância com a nossa mensagem ao povo brasileiro”.   O presidente do Regional reconhece também a importância do “Pacto pela Vida e pelo Brasil”, que “está incentivando muitas ações emergenciais para enfrentar a situação dramática que vive o nosso país”, dentre elas a defesa do SUS, o auxilio emergencial, a vacina para todos e campanhas de solidariedade para enfrentar o gravíssimo problema da fome. Foram apresentadas muitas ações das 26 pastorais sociais que atuam sob o guarda-chuva da Comissão para a Ação Sociotransformadora, dentre elas a 6ª Semana Social Brasileira. O fato dela estar acontecendo neste tempo de pandemia, “está escancarando as tremendas injustiças e desigualdades sociais do Brasil”. A manhã de espiritualidade, conduzida pelo cardeal O´Malley, que surpreendeu aos participantes falando em português, também é destacada por Dom Edson Damian. Nela foi meditada a vida de Jesus em Nazaré e sua missão em Cafarnaum, destacando a referência que o cardeal fez a Charles de Foucauld, que captou os 30 anos de Jesus como pobre operário de Nazaré. O presidente do Regional destaca “como é importante esta inserção radical na vida dos pobres para a partir desse lugar partir para o anuncio do Evangelho”, destacando a importância da intimidade com Jesus para poder anuncia-lo no ministério, que deve centrar-se na misericórdia do Pai que busca os perdidos, os descartados pela sociedade que exclui e pela economia que mata. O Pacto Global pela Educação e a Campanha da Fraternidade 2022, que vai trata o tema da educação, também tem sido destacado por Dom Edson. O bispo fez referência aos encaminhamento da Comissão de Comunicação, do 15º Intereclesial das CEBs, e a presença do CELAM, que contou com a presença do presidente, Dom Miguel Cabrejos e de vários assessores, algo que Dom Edson valoriza como muito positivo, destacando que entre a CNBB e o CELAM “existe um diálogo muito aberto, um caminhar conjunto, na direção da sinodalidade”, algo que o bispo de São Gabriel da Cachoeira vê como fruto do caminho de preparação ao Sínodo para a Amazônia e os desdobramentos que estão acontecendo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

“A sociedade brasileira é um tecido social, económico, político, cultural e religioso rasgado”, afirma Dom Walmor no final da 58ª AG da CNBB

Inovação tecnológica colocada ao serviço do Evangelho, essa pode ser uma das definições em referência à 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, encerrada nesta sexta-feira, 16 de abril, e que desde o dia 12 reuniu virtualmente umas 400 pessoas. Esta tem sido uma assembleia de importância histórica, em palavras de Dom Mário Antônio da Silva, que a considera como “verdadeira semeadura” para a vida do episcopado, da Igreja, da sociedade brasileira e para o mundo. Mesmo com as dificuldades geradas pelo momento atual da pandemia, a assembleia respondeu às necessidades, segundo o bispo de Roraima, tendo acontecido momentos de muita atenção e muita emoção. O segundo vice-presidente da CNBB fazia um chamado a prosseguir unidos e sempre em frente. Na sua análise da assembleia, Dom Jaime Spengler, destacava três elementos: a expectativa, a pauta e o empenho. Após não ter sido celebrada o ano passado, a 58ª Assembleia Geral da CNBB era um desafio, tendo em conta seu caráter virtual, o alto número de participantes e a necessidade de seguir os estatutos da entidade. O primeiro vice-presidente da CNBB afirma que “é possível sim, utilizar a tecnologia para este tipo de eventos”, que tem como vantagem um maior aproveitamento, a redução de custos, a atenção dos participantes, mesmo sem diminuir a importância do encontro. A pauta foi seguida mais do que satisfatoriamente, segundo o arcebispo de Porto Alegre, que afirma que fizemos o que era possível neste momento, além daquilo que prevíamos. Ele também destacava o empenho dos assessores, de vários irmãos bispos em trabalhos em equipe ao longo destes dias, e o esforço de muitos dos participantes em usar as mídias digitais. No final da assembleia Dom Walmor Azevedo de Oliveira disse ter o coração cheio de gratidão, insistindo em que a Assembleia Geral “não foi um congresso, foi um encontro de pastores e de servidores do Povo de Deus”. Tem sido um momento, segundo o presidente da CNBB, para a Igreja do Brasil “rever seus caminhos e encontrar novas respostas”, para olhar sobre o mundo sofrido e ferido, diante do qual “temos que nos debruçar para cuidar dessas feridas”, fazendo um chamado a “colocar um pilar de esperança” num mundo sofrido. Ele insistia em que os bispos saíram da assembleia fortalecidos e com alegria. Falando sobre o uso político da religião, uma questão que aparece na Mensagem ao Povo Brasileiro difundida no último dia da Assembleia, Dom Walmor insistia em que “o uso político da religião é um equívoco, uma manipulação”, afirmando a necessidade de a fé ser raiz iluminadora para a escolha da boa política. Segundo o presidente da CNBB, “a manipulação da Religião significa submeter interesses religiosos àquilo que está no âmbito político partidário”. Ele fazia um chamado para os cristãos estar na sociedade brasileira para “anunciar o Evangelho e não deixarmos crescer polarizações e muito menos judicializações em torno a questões religiosas”. O arcebispo insistia na necessidade de não cair em manipulações e sim “anunciar o Evangelho para que haja paz, justiça, solidariedade, honestidade e verdade em tudo aquilo que fizermos” Em referência à pandemia, um tema presente nos debates da assembleia, Dom Jaime Spengler, destacava as “situações de dor, necessidades de toda ordem, situações que exigiram e exigem empenho para responder aos desafios que o vírus impôs e continua nos impondo”. O arcebispo insistia a necessidade de unir fé e ciência, alabando “a solidariedade em meio a tanta dor, a tanta morte”, algo muito presente em todas as pessoas. Ele relatava a situação de desemprego, a falta de vacinas, o número de pessoas em situação de rua. Dom Jaime enfatizava que diante desses fatos, “nós como Igreja, nós como pastores não podemos nos calar, é o Evangelho que o exige, é Jesus que nos exige”. Segundo o primeiro vice-presidente da CNBB, “quando a vida é ferida, nós não podemos permanecer indiferentes”. Ele chamava a ter senso de corresponsabilidade social, a cuidar e promover a vida e a esperança. Em referência ao acordo assinado entre o Governo brasileiro e o Governo dos Estados Unidos em referência à preservação da Amazônia, Dom Walmor disse esperar que os governantes cumpram aquilo que eles dizem, destacando que “o cuidado da Amazônia é fundamental, essencial para o equilíbrio da Casa Comum”. No horizonte da Laudato Si´ os cristãos temos um grande compromisso de trabalhar pela defesa da casa comum, segundo o arcebispo de Belo Horizonte, algo que é assumido pela CNBB, que tem uma comissão nesse sentido. Junto com isso, destacava a necessidade de um novo estilo de vida para evitar outras pesadas pandemias. Ele fazia um apelo para a Igreja lutar por políticas de preservação do meio ambiente, em diálogo com a sociedade e “com governos sérios”. Pensando no futuro pastoral da Igreja na pós pandemia, Dom Jaime Spengler, destacava a Palavra de Deus, Tema Central da 58ª Assembleia Geral da CNBB “como base, como luz, como orientação necessária para que a Igreja continue desenvolvendo a obra da evangelização”, se tornando “caminho para renovar nossas comunidades”. A mesma coisa a Mensagem ao Povo Brasileiro, que ele vê “como um convite para somarmos forças e não esmorecer diante dos desafios que temos pela frente”, que tem a ver com o senso de corresponsabilidade e continuar promovendo a obra do cuidado, respeito para com vida humana, para com o luto, numa sociedade onde “falta solidariedade maior com a dor”. O arcebispo de Porto Alegre pedia cuidado para com a casa comum, afirmando a necessidade de políticas públicas muito serias, determinadas neste campo, sem querer satisfazer interesses de grupos, e resgatando o olhar divino sobre a criação. Ele fazia um chamado à unidade como empenho decidido, a querer cooperar para deixar nosso mundo, nossa sociedade, nossas comunidades melhores para as futuras gerações. Em suas palavras finais Dom Walmor Azevedo de Oliveira, após agradecer pelo serviço da comunicação, disse que “a Igreja existe para evangelizar, o anúncio do Evangelho é essencial, e para isso a Igreja tem que se comprometer com a vida em todas…
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Dom David Martínez de Aguirre: “A CEAMA quer assumir a missão de delinear o rosto amazónico da Igreja”

Integrar todo o Povo de Deus, esse é o objetivo da Conferência Eclesial da Amazónia – CEAMA, nas palavras de Dom David Martinez de Aguirre. O que se pretende é ter “este carácter misto, que é formado pelos bispos, sacerdotes, religiosas, religiosos, leigos do Povo de Deus”. Este foi o ponto de partida da sua participação na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, que se reuniu virtualmente desde segunda-feira passada, 12 de abril, e que nesta sexta-feira encerrou os seus trabalhos. Nas palavras do seu vice-presidente, “o que a CEAMA nos diz é que esta Igreja Amazónica, que se apresentou no Sínodo com as suas dificuldades e os seus problemas específicos, problemas ambientais, problemas sociais e também problemas eclesiais, na própria Igreja nos encontramos com as nossas dificuldades e as nossas fraquezas e a nossa necessidade de procurar novos caminhos, esta Igreja, que se apresentou viva em Roma, no Sínodo, ainda está viva“. Segundo aquele que foi um dos secretários do Sínodo para a Amazónia, juntamente com o Cardeal Michael Czerny, “no Sínodo fomos confirmados, como os apóstolos, por Pedro e por toda a Igreja universal”. A partir daí, “voltámos à Amazônia e hoje a CEAMA quer ser o canal para aquele rio do Espírito Santo, aquele rio de graça, do que vivemos antes do Sínodo e durante o Sínodo, para o que a Querida Amazônia nos encoraja”, insistiu Martínez de Aguirre. Nas suas palavras ao episcopado brasileiro, que não podemos esquecer tem um papel notável na configuração da Igreja Amazónica, uma vez que ocupa mais de metade do território e encerra uma elevada percentagem das circunscrições eclesiásticas, o bispo de Puerto Maldonado, Peru, disse que “a CEAMA assume em missão o que já tinha sido proposto no Documento de Aparecida, queremos assumir a missão de delinear o rosto amazónico da Igreja nesta importante região para o mundo, promovendo uma ação pastoral como um todo, com prioridades diferenciadas e promovendo uma maior inculturação no nosso território”. Esta missão, segundo o vice-presidente da CEAMA, é realizada “em articulação com o CELAM e também com a REPAM, essa importante rede que tece o futuro da nossa Igreja na Amazónia, também com outras entidades importantes da Igreja como a CLAR e a Caritas”. Pode dizer-se que o que a CEAMA tem feito até agora é tentar compactar quais têm sido as prioridades do Sínodo da Amazónia, nas palavras do bispo. A CEAMA organizou-se em 21 áreas temáticas ou núcleos, “que a CEAMA assume como prioridades para delinear este plano pastoral”, segundo Dom David. Estas áreas estão organizadas em torno dos sonhos que o Papa Francisco delineou na Querida Amazónia. Cada um dos sonhos sociais, culturais e ecológicos engloba quatro prioridades, e o sonho eclesial inclui quatro novos sonhos. Todos eles foram apresentados de forma sucinta pelo vice-presidente da CEAMA. No sonho social, procuram-se alternativas ao atual modelo de desenvolvimento e aos impactos negativos sobre a Amazônia e as suas comunidades, para promover um mais justo com o protagonismo dos povos; o acompanhamento, defesa e articulação dos povos originários, especialmente os povos indígenas em isolamento voluntário ou em contacto inicial; a promoção da saúde intercultural para os povos e comunidades orifinárias da Amazônia, e o Observatório eclesial e socioambiental, em aliança também com o CELAM, CLAR, REPAM e Caritas. No sonho cultural, as quatro áreas referem-se à inculturação e experiência de fé, a Universidade Católica da Amazónia, a Rede de comunicação para a Amazónia, em articulação com a REPAM e a rede de educação bilingue intercultural – REIBA. O sonho ecológico, aborda a criação do ministério do cuidado do lar comum, o pecado ecológico, que incentiva a denúncia dos impactos ambientais e a defesa do território das suas comunidades, desenvolve um olhar espiritual para o cuidado da Amazônia, afirma e sensibiliza para a importância da Amazônia para o equilíbrio do clima e estabilidade planetária, em resposta ao desmatamento. Finalmente, o sonho eclesial contém a proposta do rito amazónico, que vai além da liturgia, e possibilita um estatuto próprio que nos permite enquadrar as propostas de inculturação; a passagem de uma pastoral de visita para uma pastoral de presença, superando os modelos colonizadores; promover uma cultura eclesial amazónica própria, marcadamente laica, com itinerários formativos, ministérios e comunidades de base; a força e o dom da mulher; serviços e carismas; vida missionária consagrada, formação, permanência e itinerância pastoral; novos caminhos para a formação do clero, diaconato permanente e presbitério; comunidade celebrante, sacramentos e centralidade da Eucaristia; convivência ecuménica e diálogo inter-religioso; a juventude pan-amazônica. Dom David Martínez de Aguirre destaca que se trata de articular todas estas propostas com o CELAM e a REPAM, que já está trabalhando em alguns temas. Muitos destes temas já começaram a funcionar, como a REIBA, já existe uma comissão para a Universidade da Amazónia e para o tema da juventude, bem como o tema do rito amazónico. Segundo o bispo, também foram formadas comissões em articulação com o CELAM, REPAM, Caritas e CLAR.

“Não podemos nos calar quando a vida está ameaçada”. Mensagem ao povo brasileiro da 58ª AG da CNBB

Numa mensagem onde se destaca o grave momento que o Brasil está vivendo, os bispos do Brasil, reunidos na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, tem enviado sua palavra ao povo brasileiro. Os bispos expressam “a nossa oração e a nossa solidariedade aos enfermos, às famílias que perderam seus entes queridos e a todos os que mais sofrem as consequências da Covid-19”, destacando sua “profunda gratidão aos profissionais de saúde e a todas as pessoas que têm doado a sua vida em favor dos doentes”. A crise que o Brasil enfrenta nos desafia, segundo a CNBB, destacando que “embora todos sofram com a pandemia, suas consequências são mais devastadoras na vida dos pobres e fragilizados”. Os bispos chamam os discípulos de Cristo a assumir posicionamentos, que “nós o fazemos por exigência do Evangelho”, insistindo em que “não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada”. O texto louva o esforço das comunidades “por amenizar as consequências da pandemia”, tantas pessoas que “movidos pelo autêntico espírito cristão, expõem suas vidas no socorro aos mais vulneráveis”. Os bispos reconhecem que mesmo sofrendo com “a restrita participação do Povo de Deus nos templos. Contudo, a sacralidade da vida humana exige de nós sensatez e responsabilidade”, fazendo um chamado “a observar as medidas sanitárias que dizem respeito às celebrações presenciais”, e destacando o papel da Igreja doméstica. Os bispos pedem “competência e lucidez” em defesa da saúde, afirmando que “são inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito”. Também reclamam “atenção à ciência, incentivar o uso de máscara, o distanciamento social e garantir a vacinação para todos, o mais breve possível”, assim como auxílio emergencial. Diante das consequências da pandemia, a CNBB pede “maiores investimentos em saúde pública”, considerando “inadmissíveis as tentativas sistemáticas de desmonte da estrutura de proteção social no país”. A mesma coisa se afirma da educação, afirmando que “é fundamental o engajamento no Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa Francisco”. A mensagem denuncia a violência, criticando o acesso às armas, favorecido pelo Governo Federal, fazendo referência ao discurso de ódio, instalado nas redes sociais, e ao “uso da religião como instrumento de disputa política”. Junto com isso, a CNBB não esquece “o cuidado com a casa comum”, insistindo na necessidade de “superar a desigualdade social no país”, y de “promover a melhor política”. Finalmente se faz um apelo à unidade, a promover a solidariedade e a partilha, a reconstruir a “sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça e da paz, trilhando o caminho da fraternidade e do diálogo”.

Momento de espiritualidade e pandemia marcam o 4º dia da AG da CNBB segundo Dom Marcos e Dom José

A manhã do quarto dia da 58ª Assembleia Geral virtual da CNBB foi dedicado à espiritualidade. Dom Marcos Piatek nos conta que o dia começou com a Eucaristia na sede da CNBB, em Brasília, presidida por Dom Joel, Secretário Geral. O bispo de Coari destaca que no início do retiro espiritual, Dom Walmor lembrou a frase de Santo Inácio de Antioquia: “Convém, pois, não se chamar apenas cristão, mas o ser também”.  A manhã de espiritualidade foi conduzida pelo Cardeal Seán Patrick O’Malley, OFM Cap., arcebispo de Boston – USA, que falou em português fluente e contou com 396 participantes. A primeira Palestra começou com a leitura do Evangelho de Lucas (Lc 4, 14-30). Segundo Dom Marcos, “o pregador nos levou à Terra Santa, o 5º Evangelho, e a visitar as duas cidades importantes na vida de Jesus”. Recordando as palavras do pregador, o bispo nos diz que “a vida de Jesus começa em Belém e termina em Jerusalém. Porém, a maior parte da sua vida Jesus passou em Nazaré (30 anos) e em Cafarnaum (3 anos)”. Partindo destas duas cidades “o pregador apresentou o nosso ministério episcopal e os seus elementos fundamentais”. Dom Marcos lembra que, segundo o cardeal de Boston, “existe uma tensão entre Nazaré e Cafarnaum: estar em casa, rezar, estudar, trabalhar, contemplar, vida cotidiana (Nazaré) e o nosso agir pastoral, o nosso fazer (Cafarnaum). São duas realidades que se complementam. Sem Nazaré não se consegue viver bem em Cafarnaum”. Dom Marcos Piatek diz que “após a rica partilha os bispos rezamos pelas vítimas da pandemia, que ultrapassaram 360 mil mortos”. Ele lembra que na segunda palestra, o Cardeal O’Malley “recorreu ao Evangelho de Lucas (Lc 15, 1-7) que fala da ovelha perdida”. Segundo o bispo, “a primeira prioridade de Jesus não era a pregação, mas assistir aos doentes, pobres, pecadores, realizar a misericórdia”. Na sua reflexão, “o pregador lembrou os mártires da América Latina: São Oscar Romero e Juan José, que doaram a vida defendendo os direitos humanos”, nos diz o bispo de Coari, que afirma que “depois da misericórdia de Jesus vem a sua pregação”. A palestra, afirma o bispo, “foi dedicada à misericórdia de Deus, à libertação do pecado e ao Sacramento da Reconciliação”. Dom Marcos insiste em que “nós bispos experimentamos a misericórdia de Deus e devemos ser misericordiosos no nosso ministério. Somos penitentes e confessores!”.  Após a reflexão, houve uma rica partilha entre os bispos e o Card. O’Malley. A manhã foi encerrada com “o vídeo-mensagem com as palavras muito profundas do Papa Francisco dirigidas não só aos bispos, mas a toda a nossa nação brasileira”, finaliza Dom Marcos Piatek. Na parte da tarde, como está acontecendo ao longo dos dias, teve uma pauta bem extensa, segundo Dom José Albuquerque. Depois da oração inicial, que acompanha as sessões da Assembleia, Laudes de manhã e Hora Média de tarde, “os trabalhos começaram com algumas comunicações, e o ponto alto foi a partilha de Dom Leonardo, nosso arcebispo, e de Dom Wilson, bispo de Florianópolis, que nos colocaram diante deste quadro da pandemia e da pós pandemia, como é que as nossas dioceses, como os nossos padres, como os nossos bispos, estão enfrentando, ainda em várias partes do Brasil, as consequências dessa terrível pandemia”. Segundo o bispo auxiliar de Manaus, “Dom Leonardo partilhou sua experiência a partir daqui de Manaus, de tudo o que ele tem vivido desde quando chegou, e Dom Wilson também nos ajudou a refletir sobre a dedicação do clero, das dioceses de um modo geral, assim como Dom Leonardo fez, relembrando alguns fatos importantes, necessários, para que pudéssemos dar esse testemunho de ser uma presença solidária e misericordiosa entre aqueles que mais sofreram e estão sofrendo ainda”. A segunda parte da tarde desta quinta-feira, tem sido momento para o encontro dos regionais. Dom José lembra que os bispos do Regional se encontraram presencialmente no mês de novembro, naquele período em que a situação não estava tão grave. Foi um momento de partilha entre os bispos do nosso Regional Norte 1, de encaminhar algumas datas no calendário deste ano. Aproveitando o encontro dos bispos da Amazônia, que deve acontecer nos dias 18 e 19 de maio, os bispos irão se reencontrar, segundo Dom José Albuquerque, após o dia 20 de maio. O bispo vê esse momento como oportunidade “da gente partilhar nossas alegrias, nossas preocupações”. Segundo Dom José, “o nosso Regional ele é muito coeso, é muito unido, a gente percebe que cada bispo no seu lugar procura ser um pastor, um elo de unidade e também de uma voz profética, porque a gente também escutou isso, tanto na voz de Dom Leonardo, como na voz de Dom Wilson, a realidade que nós estamos enfrentando, que de algum modo nos solicita a termos um profetismo”. O bispo auxiliar de Manaus insiste em que “não simplesmente no que diz respeito a denúncia, porque isso já a sociedade civil já está fazendo, a sociedade civil, o Ministério Público, os políticos mais sérios”. Dom José afirma que “o que nós queremos é ser uma voz profética de anunciar a esperança e de que a certeza de que neste tempo da pandemia, Deus não nos abandonou, e a caridade foi grande, aconteceram muitas iniciativas de solidariedade, dentro e fora das nossas comunidades eclesiais”. Finalmente, ele salienta, que hoje à tarde “foi um momento muito rico de partilha e de encontro”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Leonardo: “Mostrar a presença de Jesus, que não aparece somente no momento celebrativo, mas também no momento da solidariedade e da caridade”

A pandemia da Covid-19 está tendo consequências muitos graves para o Brasil. Os números oficiais dizem que já são mais de 13,6 milhões de casos e mais de 362 mil falecidos. Se trata de um momento complicado, que segundo o Papa Francisco, em sua mensagem ao povo brasileiro, através dos seus bispos, reunidos na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, “este amado país enfrenta uma das provações mais difíceis da sua história”. A pandemia no Brasil tem atingido a todos, “não ter sido contaminado, não significa estar ileso, porque de uma ou outra forma todos nós já fomos afetados profundamente”, dizia Dom Joaquim Mol na coletiva de imprensa desta quinta-feira. O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB vê o momento atual como “um grande drama”. Isso tem despertado inúmeras mostras de solidariedade da parte da Igreja católica no Brasil, que vê como o desemprego vai aumentando, as pessoas vão se empobrecendo cada vez mais. Nesse contexto, a Igreja, renovando seu compromisso com a pessoa humana e a defesa da vida, tem ficado do lado daqueles que sofrem as consequências sociais da pandemia. Tem sido muitas as iniciativas de socorro às pessoas. Desde um ano atrás, a Igreja brasileira lanço a Ação Solidária Emergencial “É Tempo de Cuidar”, que no último domingo lançava sua segunda fase. Uma das cidades mais atingidas pela pandemia da Covid-19 no mundo tem sido Manaus, onde já faleceram, segundo números oficiais, quase 4.000 pessoas por milhão de habitantes. O último ano tem sido um tempo extremamente difícil, segundo Dom Leonardo Steiner, quem relatava os fatos acontecidos numa arquidiocese onde ele chegou poucas semanas antes do início da pandemia, um lugar onde ele diz gostar muito de estar, mas que a pandemia não o deixou conhecer. Na primeira onda existiu muita falta de informação por parte do poder público, o que motivou que o povo não levasse a sério a gravidade da situação. Neste tempo muitas pessoas morreram em casa, diante da falta de leitos hospitalares. Mas o momento mais grave foi vivido na segunda onda, onde a falta de oxigênio se tornou notícia mundial. Dom Leonardo lembrava do vídeo gravado no dia 15 de janeiro, que viralizou nas redes sociais, ultrapassando as fronteiras do Brasil, onde o arcebispo implorava, “pelo amor de Deus, nos enviem oxigênio”. A Campanha da Arquidiocese e do Regional Norte 1 da CNBB fez possível uma corrente de solidariedade que fez chegar no Estado do Amazonas, grande quantidade de cilindros de oxigênio, BIPAPS, concentradores, mini ursinas, cestas básicas, tendo a possibilidade de ajudar mais de 80 mil pessoas. Foram ajudas que chegaram do Brasil e do exterior, muitas vezes o óbolo da viúva. Isso fez possível que a Igreja de Manaus chegasse em muitas comunidades indígenas, acompanhasse o povo da rua, a quem ainda hoje distribui 300 quentinhas por dia, os migrantes, os catadores, dando assim um grande testemunho de caridade, de solidariedade, escuta, sem importar a religião, segundo Dom Leonardo. No outro extremo do país, em Florianópolis, a primeira onda, segundo seu arcebispo, não teve efeitos muito graves, especialmente no interior do Estado de Santa Catarina. As consequências mais graves têm chegado com a segunda onda, que triplicou o número de contágios e óbitos. Isso tem mostrado, segundo Dom Wilson Tadeu Jönck, a precariedade do sistema de saúde. O arcebispo também destaca o envolvimento da Igreja diante da pandemia, indo ao encontro dos necessitados, querendo se irmanar com todas as situações de dor. Ele destaca a grande solidariedade do povo e o trabalho da ação social e da Caritas. A Ação Solidária Emergencial “É Tempo de Cuidar”, iniciada no Domingo de Páscoa, 12 de abril de 2020 é “uma página Pascal”, segundo Dom Mário Antônio da Silva. O presidente da Caritas Brasileira destaca essa Ação quer “ouvir o clamor das famílias necessitadas, o clamor das famílias que não tem alimento, que não tem trabalho, que não tem moradia boa, o clamor das famílias que estão em luto, que estão em pranto, que estão em sofrimento, que estão com seus pacientes nos hospitais”. Se quer socorrer as pessoas vulneráveis, moradores de rua, desempregados, migrantes. São pessoas que como recolhem os números, tem sido atendidas a través das comunidades, dioceses, paróquias, Caritas… Uma ação conjunta de toda a Igreja do Brasil, que também deve contar com o apoio dos jornalistas, como pedia o segundo vice-presidente da CNBB àqueles que acompanhavam a coletiva de imprensa. Ele lembrava que em 2021 a Ação Solidária Emergencial quer ajudar no enfrentamento da fome, num país onde 15% das famílias do Norte e Nordeste passam fome, 6% no Sul e Sudeste. Dom Mário enfatizava que “a fome mata, a fome doe”. No agir da Igreja do Brasil neste tempo de pandemia, afirmava Dom Leonardo Steiner, tem estado presente o incentivo da Leitura da Palavra de Deus, o incentivo da oração do terço, a presença nos cemitérios, a plantação de árvores no Dia dos Finados, a Escuta das pessoas a través do telefone, as cestas básicas. Se trata de mostrar “a presença de Jesus, que não aparece somente no momento celebrativo, mas também no momento da solidariedade e da caridade”, segundo o arcebispo de Manaus. O respeito e reconhecimento aos dados da ciência tem pautado a Ação Solidária da Igreja no Brasil, segundo Dom Mário Antônio. Junto com isso, a Ação tem procurado despertar nas pessoas a necessidade de cuidados, importantíssimos e indispensáveis para evitar a expansão do vírus. O presidente da Caritas pedia que os políticos eleitos “se empenhassem de braços abertos, à luz da ciência, no reconhecimento daquilo que é eficaz e funciona para o bem da população”. Junto com isso, o Brasil se enfrenta ao problema do negacionismo, que faz parte da polaridade cada vez mais presente na sociedade e que não ajuda ninguém, segundo Dom Wilson Tadeu Jönck. Diante disso, o arcebispo de Florianópolis fazia um chamado à Igreja a que “procure esclarecer quanto é possível e sobretudo levar a sério que essa doença…
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O Papa Francisco chama a Igreja brasileira a “ser um instrumento de reconciliação”

  Uma mensagem, onde o Papa Francisco começa brincando sobre o “portunhol”, enviou esta quinta-feira, 15 de abril, o Santo Padre ao povo brasileiro através dos seus bispos, reunidos na sua 58ª Assembleia Plenária, de 12 a 16 de abril, de uma forma completamente virtual. Nas suas palavras, o Papa reconhece que “este amado país enfrenta uma das provações mais difíceis da sua história”. Por esta razão, quer “expressar a minha proximidade às centenas de milhares de famílias que choram a perda de um ente querido”. Ele lembra da grande variedade dos que morreram, e “em particular dos Bispos que morreram vítimas de Covid”. Para os falecidos ele pede “descanso eterno e que possa dar conforto aos corações tristes dos familiares, que muitas vezes nem sequer foram capazes de dizer adeus aos seus entes queridos”, algo que ele vê como “uma das maiores tristezas”. À luz da proclamação da Páscoa, o Papa Francisco faz um apelo à esperança, insistindo que “não podemos desistir!”, recordando as palavras da Sequência do Domingo de Páscoa. “A nossa fé em Cristo Ressuscitado mostra-nos que podemos superar este momento trágico”, diz o Papa, que chama, da esperança, a “erguer-se’, da caridade, “a chorar com aqueles que choram e a dar uma mão, especialmente aos mais necessitados, para que possam voltar a sorrir”, a “despojar-nos”, um convite que ele fazia especialmente aos bispos. Uma vez mais, como tem sido o tom durante toda a pandemia, ele apela à unidade como forma de supera-la. Por esta razão, insiste que “a Conferência Episcopal deve ser uma neste momento, porque o povo sofredor é um só”. Referindo-se à imagem de Nossa Senhora Aparecida, que foi encontrada quebrada, recordou o seu discurso ao Episcopado brasileiro a 27 de julho de 2013, e daí fez um apelo para “ser um instrumento de reconciliação, ser um instrumento de unidade” como “a missão da Igreja no Brasil”. Para tal, é necessário, segundo o Papa Francisco, “pôr de lado divisões, desacordos” e encontrar-se naquilo que é essencial: Cristo. Esta unidade é vista pelo Santo Padre como uma forma de “inspirar não só os fiéis católicos, mas também outros cristãos, e outros homens e mulheres de boa vontade, a todos os níveis da sociedade, mesmo a nível institucional e governamental, podem inspirá-los a trabalhar em conjunto para superar não só o coronavírus, mas também outro vírus, que há muito infecta a humanidade: o vírus da indiferença, que nasce do egoísmo e gera injustiça social”. Recordando através de diferentes citações bíblicas que o Senhor acompanha a Igreja e é a fonte da unidade, expressou o seu desejo de que “esta Assembleia Geral possa dar frutos de unidade e reconciliação para todo o povo brasileiro, e na Conferência Episcopal. Unidade não é uniformidade, mas é harmonia, essa unidade harmoniosa que só o Espírito Santo dá”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Assembleia da CNBB: estar on-line para enxergar o sofrimento do povo

Uma Igreja atenta a tudo o que acontece na vida do povo, que tenta ter uma palavra que ajuda a superar o sofrimento e construir novos caminhos de vida para o futuro. Nesta semana, de 12 a 16 de abril, está acontecendo a 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Desta vez, a grande novidade é que está sendo 100% virtual. O grande desafio da nossa Igreja é estar on-line, atentos a tantas situações que provocam dor e sofrimento, especialmente nos mais pobres, naqueles que a sociedade descarta. A pandemia da Covid-19, tem mostrado que no Brasil existem muitas pandemias, muitas situações de morte, que devem ser superadas. O empenho daqueles que nos dizemos cristãos tem que ser decisivo nessa luta para fazer realidade o Reino de Deus, um mundo melhor para todos e todas. Somos desafiados a nos envolvermos na construção da sociedade do futuro, que de modo nenhum pode voltar àquilo que é chamado de normalidade, de velha normalidade. O futuro tem que ser construído a partir de novas visões, sustentadas em sentimentos de fraternidade, que não compactuam com tudo aquilo que é sinal de morte, de falta de respeito pela Vida, pelos ser humano, pela Natureza, por tudo o que habita nosso planeta Terra. Como falava Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, aqui no Amazonas, na coletiva de imprensa desta terça-feira, com motivo da Assembleia Geral da CNBB, seguindo as palavras do Papa Francisco, “a humanidade é pisoteada por esse vírus e por tantos outros vírus que nós ajudamos a crescer”. Ele relatava elementos que mostram a situação que o Brasil e a Amazônia vivem em consequência da pandemia. Não podemos esquecer que estamos vivendo nos últimos meses o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil. Isso não pode nos deixar indiferentes, agora é momento de solidariedade, mas depois deve ser tempo de manifestação de indignação, dizia Dom Ionilton, lembrando que o Papa Francisco nos chama a não nos deixar anestesiar nossa consciência social. A fé é compromisso, nos diz uma música que a gente canta nas celebrações, o que tem que nos levar a cuidar dos direitos humanos, das políticas públicas, a conhecer, assimilar e praticar a Doutrina Social da Igreja, a ser uma Igreja em saída que vai ao encontro daqueles que estão jogados na beira do caminho. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1, Editorial Rádio Rio Mar

Dom Giuliano e Dom Zenildo destacam a importância de uma Assembleia que “reforça a nossa missão, alimenta a nossa esperança”

Seguindo nosso olhar sobre a 58ª Assembleia Geral da CNBB, a través dos bispos do nosso Regional Norte 1, neste terceiro dia, conhecemos as impressões de Dom Giuliano Frigenni, bispo de Parintins, e de Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva. Eles nos contam o acontecido no encontro virtual dos bispos do Brasil, reunidos de 12 a 16 de abril, nesta quarta-feira. Dom Giuliano Frigenni destacava dos aspectos que ele considera importantíssimos, “a revisão do nosso Estatuto desde o Direito Canônico e a ligação profunda com a nossa vida como CNBB”. Segundo o bispo de Parintins, “tivemos a graça de escutar observações muito oportunas, ligadas à identidade da nossa Conferência Episcopal”. Ele enfatizava “a fidelidade ao mandato que o Papa deu a cada um de nós bispos de trabalhar na nossa diocese sempre em sintonia com os outros bispos, com a própria Conferência Episcopal, neste clima belíssimo de sinodalidade”. O bispo, que já participava há 21 anos da CNBB, diz ver que “este é um caminho de vários anos”. A segunda parte, segundo Dom Giuliano, “foi uma avaliação muito séria, muito bem feita, sobre a Campanha da Fraternidade 2021, que deu tantos problemas a través das redes sociais”. Ele destaca entre as observações que foram feitas, que o Texto Base da Campanha da Fraternidade “não é um documento da CNBB, mas é um instrumento de trabalho”. O bispo de Parintins destaca a importância da caminhada ecumênica, que “começou com uma grande força no Concilio Vaticano II, 55 anos atrás, seria um crime ir contra esta beleza, que é a experiência eclesial da Igreja católica, que tem uma responsabilidade, de um lado com a sociedade, veja a Campanha da Fraternidade, que passa da caridade para uma ação social, seja em relação às outras igrejas com um gesto de conversão, de diálogo e de fraternidade”. Para o bispo trata-se não de teorias e sim de “carne viva, corações sangrando pela unidade da Igreja, pela nossa missão de pastores, bispos”. Ele advertia sobre o aviso realizado por alguns bispos, “que tem forças dentro da Igreja que querem como uma separação, querem criar divisões que não estão nem no coração do Papa, nem no nosso coração”. Segundo Dom Giuliano, “foi uma manhã extremamente rica de colaboração de todos os bispos”. Já Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, começava dizendo que “é diferente, porque se trata de uma assembleia que está sendo virtual, onde não tem a possibilidade da convivência, mas reforça a comunicação, reforça a unidade, reforça a comunhão entre nós”. O bispo da Prelazia de Borba destacava nos trabalhos da tarde deste terceiro dia da 58ª Assembleia Geral da CNBB, três elementos. “O primeiro o retorno ao Tema Central, a Palavra habitou entre nós”, dizia o bispo, que destacava a importância de voltar à Palavra de Deus, “que é a grande Luz para nossa caminhada, para nossas comunidades”. Essa volta, segundo Dom Zenildo, “vem reforçar a formação das lideranças, o dinamismo que as comunidades podem ter a partir da Palavra de Deus”. Para o bispo da Prelazia de Borba, “as comunidades missionárias e as comunidades eclesiais de base, alimentando-se da Palavra de Deus, isso nos lembra os grupos de reflexão, isso nos lembra os círculos bíblicos”. Estamos diante de uma temática, segundo Dom Zenildo, que “está nos envolvendo, nos motivando, que dá continuidade às Diretrizes, e ilumina a caminhada da Igreja, reforçando assim a nossa missão de evangelizar”. Também destacou como ponto importante a ação emergencial “Tempo de Cuidar”, que envolve a CNBB, Caritas e CRB. Se trata de um trabalho, segundo o bispo, “para responder a dor do povo, a necessidade do povo, sobretudo encontrar meios de ajudar os pobres”. Dom Zenildo diz que “isso me fez lembrar uma mística que nos leva à solidariedade, uma Igreja solidária”, destacando a solidariedade do povo do Regional Norte 1 e na Amazônia, algo que vale para a Igreja no Brasil. Outro elemento apresentado, segundo o bispo, são os organismos do Povo de Deus, “instituições que caminham com um olhar voltado para a sinodalidade”.    Dom Zenildo afirma que “enquanto participante desta assembleia, eu fico rejuvenescido e vejo que ela acontece num tempo difícil, num tempo de sofrimento, de pandemia, mas ao mesmo tempo, ela reforça a nossa missão, alimenta a nossa esperança e acontece para iluminar com algumas temáticas os nossos planos, nossas diretrizes”. Ele disse querer deixar uma mensagem de esperança para o Povo de Deus, voltada para o que escreveu o Papa Francisco, “não deixem roubar a vossa esperança”, lembrando também as palavras de São Paulo, que diz, “Nada deve nos separar do Amor de Deus”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1