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“Não adianta levantar as mãos, eu rezar para Deus, mas eu não colocar as mãos a serviço”, afirma Dom Guilherme Werlang

No dia 7 de abril de 2020, seis entidades brasileiras, dentre elas a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, assinavam o “Pacto pela Vida e pelo Brasil”, visando, naquelas primeiras semanas da pandemia, amenizar os impactos da pandemia e a defesa do Sistema Único de Saúde – SUS, que garante saúde pública, universal e gratuita para todos os brasileiros. Dom Guilherme Werlang, na coletiva de imprensa da 58ª Assembleia Geral da CNBB, que acontecia nesta quarta-feira, denunciava que “nos últimos anos as políticas públicas, que foram alcançadas com tanta luta popular brasileira e devagarzinho estão sendo desmanteladas, desacreditadas, estão sendo tirados os recursos básicos, fundamentais, para que eles possam cumprir com a sua função a sua finalidade”. Segundo o presidente do Grupo de Trabalho do Pacto pela Vida e pelo Brasil, a vida deve ser entendida como algo interligado que vai além da vida humana. Desde o Pacto se defende a necessidade de garantir o auxílio emergencial, o atendimento pelo SUS e a segurança alimentar, uma questão fundamental num momento em que o Brasil está voltando ao Mapa Mundial da Fome. Trata-se de defender a vida e as políticas públicas que, segundo o bispo de Lages – SC, “estão sendo desmontadas”, denunciando que existe dinheiro para salvar bancos e a bolsa de valores, mas não para o auxílio emergencial, afirmando que não é possível chamar de auxilio emergencial a quantidade que está sendo destinada pelo governo. Ele fazia um chamado a lutar pelo Brasil, algo que não é possível sem defender os mais pobres. Em 2022, a Campanha da Fraternidade, que acompanha a vida da Igreja do Brasil no tempo da Quaresma desde a década de 60, vai ter como tema “Fraternidade e Educação”. Dom João Justino de Medeiros Silva, ao apresenta-la destacava que ela tem sido pensada em sua relação mais ampla com a sociedade, pensando em todos os atores que fazem parte da educação. O lema da Campanha está inspirado no Livro dos Provérbios: “Fala com sabedoria e ensina com amor”, tendo como objetivo “Promover um diálogo sobre a realidade educativa no Brasil”. Dom Leomar Antônio Brustolin destacava a transversalidade da Campanha da Fraternidade 2022, em torno a três aspectos: pandemia, 20 milhões de brasileiros ficaram sem escola em 2020; as pedagogias de Francisco, a pedagogia da escuta, do diálogo, da proximidade e do encontro; o Pacto Educativo Global, que parte de Laudato Si´ 215, mostrando necessidade de difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação coma natureza. O bispo auxiliar de Porto Alegre – RS fazia um chamado a se questionar sobre “a cultura e a civilização que está sendo construída neste momento de pandemia, onde até usar a máscara se torna motivo de polémica”. Ele insistia, desde a proposta do Pacto Educativo Global, em promover “uma educação mais aberta, inclusive, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mutua compreensão”. Tudo isso, segundo o bispo, precisa “coragem de colocar no centro a pessoa humana, num estilo de vida que rejeita a cultura do descarte”, seguindo a proposta do Papa Francisco. Ele denunciava que o mercado tem sido o critério principal para educar em muitos ambientes. Também fazia um chamado a “investir nos muitos talentos que temos”, denunciando que muito talento brasileiro é acolhido no exterior e ignorado no Brasil. Ao mesmo tempo destacava a necessidade de “uma educação ao serviço da comunidade, que leve a preparar não apenas para o trabalho e sim para a vida comunitária, social, com senso de comunhão e comprometimento com a realidade”. Por isso, ele espera que a Campanha da Fraternidade de 2022 seja “uma contribuição que possa ajudar a transformar a realidade”. Nas perguntas dos jornalistas, os bispos abordaram algumas questões importantes como a evasão escolar, o modo de trabalho do Pacto pela Vida, que tenta ser antenas de onde a vida está sendo ameaçada. Também foi refletido sobre questões presentes na sociedade brasileira, sobre a relação entre educação e cultura, que levava Dom Leomar a afirmar que existe um jeitinho brasileiro de ser, uma vontade de querer levar vantagem em tudo, o que “não nos levou a grandes progressos”. Ele denunciava a falta de lei no Brasil, a existência de uma sociedade polarizada, onde o contraponto se torno um inimigo a ser destruído, o uso da violência, que tem se fortalecido muito, a questão do feminicídio, insistindo em que “estamos anestesiados frente a tudo e as nossas iniquidades”, até o ponto de que “estamos nos acostumando com a violência, a corrupção, uma situação de morte”, o que demanda uma educação que defenda a vida e mude a cultura brasileira. O bispo insistia em que a cultura não está promovendo a vida, diante de tanta morte e descarte, insistindo em que a começa na família, onde se aprende o agradecimento, o respeito e a justiça social. Se faz necessário resgatar a capilaridade da Igreja, em palavras de Dom Guilherme, que fazia um chamado a recuperar o profetismo na Igreja, pois o Brasil está polarizado dentro das igrejas. O bispo de Lages denunciava que os que assumem a verdade do Evangelho, que está fundamentada na justiça, no amor aos pobres, quando assume a Palavra de Deus, são chamados de comunistas, como acontece com o Papa Francisco, que neste domingo lembrava que a defesa dos pobres, isso é puro cristianismo. Segundo o bispo somos desafiados a retomar com radicalidade o seguimento do Jesus histórico, que nasceu na periferia do mundo. Recuperar o espírito do Pacto das Catacumbas, e no Pacto pela Vida, recuperar o direito à segurança alimentar, ao auxilio emergencial. Em relação com a Campanha da Fraternidade, Dom João Justino, insistia em que “as desigualdades sociais afrontam a própria dignidade da pessoa humana”, e por isso “supera-las, para nós que somos cristãos, passa pela conversão”. O arcebispo de Montes Claros vê a Campanha da Fraternidade, celebrada na quaresma, como um “apelo a construir um mundo mais humano, de fraternidade”. O desafio está em pensar ações, propor atividades, desencadear processos para contribuir na…
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Momento de “proximidade, fraternidade, partilha e colegialidade episcopal”. Nossos bispos participam virtualmente da 58ª AG da CNBB

Uma assembleia diferente, em modo virtual, algo que está sendo uma novidade para os bispos. A Assessoria de Imprensa da CNBB tem recolhidos os testemunhos e as fotos dos bispos do Brasil, dentre eles alguns do nosso Regional Norte 1.  Recolhemos as aportações de Dom Marcos Piatek, bispo de Coari, e de Dom Edson Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira e presidente do Regional Norte 1 da CNBB. A matéria completa pode ser conferida aqui. O bispo da diocese de Coari (AM), do Regional Norte 1, dom Marcos Piatek, afirmou que apesar das suas limitações, a 58ª AG CNBB se tornou muito importante e em certo sentido ficou “real”. “Sentimo-nos mais perto dos irmãos bispos, dos diversos organismos da CNBB e em comunhão com o Papa Francisco. Graças aos meios de comunicação podemos renovar a nossa proximidade, fraternidade, partilha e a colegialidade episcopal. Esta nova experiência se tornou muito frutífera para animar a nossa comunhão eclesial e ação pastoral”, avaliou. O caráter inovador da experiência de participação em uma assembleia on-line foi destacado pelo bispo de São Gabriel da Cachoeira (AM) e presidente do Regional Norte 1, dom Edson Damian. Ele ressalta que esta assembleia, no formato remoto, não tem o calor humano, a conversa fraterna com os irmãos no episcopado, a partilha dos sonhos e esperanças que acontecia no formato presencial na casa da Mãe Aparecida, mas nem por isto deixará de contribuir com a caminhada da Igreja no Brasil.  Ele ressalta que graças à presidência da CNBB, aos secretários-executivos, e a todos os assessores, tudo está transcorrendo muito bem e com muito proveito e a assembleia está sendo muito bem organizada, planejada e programada.  “Sem dúvidas, a maneira presencial traz saudades, o encontro com todos os irmãos bispos, a santa missa de todas as manhãs na casa da Mãe Aparecida, a troca de experiências e a convivência fraterna, mas para este ano é esta a modalidade que temos e está sendo muito eficiente e de grande proveito. Vamos torcer e pedir a Deus que o médico dos médicos, Jesus, nos livre dessa pandemia e, em breve, possamos realizar todos os nossos encontros presencialmente e nos abraçando fraternalmente”, disse.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Adolfo Zon destaca “as temáticas preciosas da 6ª SSB” e o ambiente fraterno da 58ª AG da CNBB

  Na análise que estamos fazendo ao longo desta semana com os bispos do Regional Norte 1 da CNBB sobre o decorrer da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, hoje partilhamos com Dom Adolfo Zon, bispo de Alto Solimões, que mostra o que tem sido o segundo dia da Assembleia. Uma Assembleia com uma pauta muito ampla, segundo Dom Adolfo Zon, está se desenvolvendo ao longo dos dois primeiros dias. Na manhã desta terça-feira foram abordadas questões referentes ao Pio Colégio Brasileiro em Roma, dois subsídios da Comissão da Doutrina da Fé, o Projeto Comunhão e Partilha que já vem sendo realizado desde há oito anos e ajuda na formação dos seminaristas das dioceses mais pobres, que atualmente beneficia mais ou menos 400 seminaristas. Também foi abordado o Ano Vocacional em 2023, comemorando os 40 e 20 anos dos Anos Vocacionais já celebrados, o Fundo de Solidariedade e a 6ª Semana Social Brasileira. O bispo, que acompanha as Pastorais Sociais no Regional Norte 1, relatava algumas das atividades desenvolvidas pela 6ª Semana Social Brasileira e os matérias que já estão postados no site. Desde uma perspectiva amazônica, tendo em conta as dificuldades de comunicação em muitas regiões do interior da Amaônia, Dom Adolfo colocava que as atividades, “todas acontecem virtualmente, o que faz com que em muitas dioceses fiquem alheios”. O motivo é que a internet não possibilita “acompanhar tanta riqueza que se está produzindo e se está realizando”. Por isso, o bispo de Alto Solimões sugere a possibilidade de “realizar uma sistematização que possa ser partilhada com as diferentes igrejas, compartilhando as coisas melhores que estão sendo realizadas nos mutirões que acontecem de forma virtual”. Segundo Dom Adolfo, “isso ajudaria a criar conteúdos e partilhar experiências”. Ele mesmo diz se ver “um pouco fora de tanta coisa que está acontecendo, por não termos uma internet que possa nos ajudar para acompanhar”. Dom Adolfo entende que diante da situação da pandemia, “a única forma de realizar as diferentes programações é virtualmente”, mas espera que a chegada de cartilhas escritas nas dioceses “ajude a socializar e que o nosso povo possa ir sensibilizando-se e refletindo um pouco sobre as temáticas preciosas desta 6ª Semana Social Brasileira”. Dom Adolfo destaca o momento de encontro com o presidente do CELAM o secretário geral adjunto e os diretores dos centros em que se divide o Conselho Episcopal Latino-americano, realizado na tarde desta terça-feira. Segundo o bispo, Dom Miguel Cabrejos destacou os grandes aportes da CNBB no caminho da sinodalidade e sua capacidade propositiva. O bispo de Alto Solimões destaca o ambiente fraterno ao longo do encontro com o CELAM e ao longo da Assembleia, mesmo em modo virtual. Ele ressalta a possibilidade de todos se manifestar e o respeito a todas as opiniões, o que facilita que todos os participantes possam se expressar com plena liberdade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1  

“Defender ditadura, isso está fora de qualquer possibilidade de quem quer ser discípulo de Jesus”, afirma Dom Mol

Nesta terça-feira, a coletiva de imprensa da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que acontece de 12 a 16 de abril, abordou a Análise de Conjuntura e a 6ª Semana Social Brasileira. Ao longo da semana, esses momentos são mediados por Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo Horizonte – MG e presidente da Comissão Episcopal para a comunicação da CNBB. Diante de uma pergunta em referência à democracia, num contexto social em que muitos cristãos pedem a volta da ditadura e pregam a violência como mudança para o país, Dom Joaquim Mol, afirmava que “de maneira completamente inesperada começaram aparecer pessoas no Brasil, inclusive governantes brasileiros, apoiando a ditadura em detrimento da democracia”. Segundo o presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB, “só consegue apoiar e pedir a volta da ditadura quem nunca passou por isso”. Ele dizia que “querer a ditadura de volta, qualquer tipo de ditadura em nosso país, significa apontar uma espécie de anomalia na cabeça da pessoa, ela não pensa adequadamente, como também não sente adequadamente”. O bispo auxiliar de Belo Horizonte definia a ditadura como “a intolerância total a tudo o que é diferente, a toda e qualquer diferença, de qualquer tipo. A ditadura e a imposição de um modo de governar, de envolver a cultura, a economia, de fazer política com um máximo de intolerância a quem faz, sente e pensa diferente”. O bispo insistia em que “é por isso que a ditadura mata. Por isso a ditadura não tem nenhum escrúpulo em matar quem quer que seja, se estiver pensando diferente”. “Pedir a ditadura de volta é uma insanidade mental, uma insanidade dos sentimentos, é um total embrutecimento do ser desejar a ditadura”, enfatizava o bispo. Frente a isso, definia a democracia como a alegria, a importância, a valorização da diversidade pacífica entre nós”. Junto com isso, Dom Mol definia a democracia como “a expansão de direitos individuais e coletivos a todos, não só a um pedacinho”. Ele fazia referência à profunda desigualdade social no Brasil, uma das maiores do mundo, o que ele vê como “falta de democracia, porque democracia significa escola de qualidade para todo mundo, alimentação para todo mundo, teto para todo mundo, trabalho para todo mundo, terra para todos os que precisam de terra”. Segundo Dom Mol, não há como entender “a busca, a propaganda, a defesa de toda e qualquer ditadura”. Ele diz que não podemos permitir que a ditadura que aconteceu no Brasil durante 20 anos “seja chamado com outro nome que não ditadura militar e civil”, quando “alguém sem voto, foi e tomou o poder a passou a exercer esse poder com mão de ferro, quem pensa diferente, morre, inclusive com tortura”. Ele dizia que “um cristão, jamais pode, nem pensar em defender ditadura, isso está fora de qualquer possibilidade de quem quer ser discípulo de Jesus”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

“A catequese nossa é muito para os sacramentos, e acaba abandonando a dimensão social da fé”, afirma Dom Ionilton

Dentro das coletivas de imprensa que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil organiza cada dia, nesta terça-feira se fez presente Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara. O tema da coletiva era análise de conjuntura e 6ª Semana Social Brasileira. Segundo Dom Joaquim Mol, presidente da Comissão de Comunicação da CNBB e mediador das coletivas de imprensa ao longo da semana, “só é frutuosa uma assembleia quando ela se deixa iluminar pela realidade”. Na coletiva participaram, além de Dom José Ionilton, Dom Francisco Lima Soares, Bispo de Carolina – MA e Dom José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo – MA. Eles fizeram um resumo da Análise de Conjuntura apresentada na segunda-feira e da 6ª Semana Social Brasileira, apresentada na terça-feira de manhã. A Analise de Conjuntura foi realizada, segundo o presidente da Comissão de Análise de Conjuntura por oito professores e professoras de universidades católicas, que se reúnem a cada 15 dias e partem de informações científicas em suas análises. Dom Francisco relatava os desdobramentos da crise atual no Brasil e no mundo. Trata-se de uma realidade muito complexa, diante da qual a Igreja tem o papel de “apontar ações que sejam inspiradas no Evangelho e pela necessidade da nossa fraternidade”, afirmava Dom Joaquim Mol. A 6ª Semana Social Brasileira que tem por título “Mutirão pela Vida, por Terra, Teto e Trabalho”, está inspirada no encontro do Papa Francisco com os movimentos populares em 2014, segundo Dom Valdeci. Ele destacava democracia, soberania e economia como pontos fundamentais de discussão da 6ª SSB, apresentando os objetivos, enfatizando a necessidade de alargar o debate a toda a sociedade. Estamos diante de um processo, onde é destacada a importância das lutas populares, daqueles que lutam por uma sociedade mais justa e mais fraterna, denunciando as violações dos direitos humanos e da natureza. Já foram realizados mais de 90 mutirões desde 2019, no último ano em modo virtual, na tentativa de apontar rumos e caminhos que ajudem o povo a conquistar direitos e dignidade. Nesse ponto Dom Mol, seguindo EG 176, afirmava que “evangelizar é tornar o Reino de Deus presente no mundo”, o que mostra a importância da Análise de Conjuntura e da 6ª SSB. Dom Francisco, Bispo de Carolina Dom José Ionilton, seguindo as palavras do Papa Francisco, afirmava que “a humanidade é pisoteada por esse vírus e por tantos outros vírus que nós ajudamos a crescer”, relatando elementos que mostram a situação que o Brasil vive em consequência da pandemia: maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil, papel da Igreja no campo da solidariedade. Segundo o bispo de Itacoatiara agora é momento de solidariedade, mas depois deve ser tempo de manifestação de indignação, lembrando que o Papa Francisco nos chama a não nos deixar anestesiar nossa consciência social. Nas perguntas dos jornalistas os bispos foram abordando diferentes questões, fazendo um chamado a refletir sobre a realidade atual, a agir com prudência, unidade e serenidade. Também foi abordado o posicionamento que um cristão deve ter diante da ditadura, a necessidade de tomar consciência diante do desmatamento, da pressão aos povos indígenas, que estão vendo seus territórios invadidos durante a pandemia, a falta de política de preservação do meio ambiente do governo, o que incentivou os ataques. Diante disso era feito um pedido aos meios de comunicação de inspiração católica para divulgar essas situações. Dom Ionilton refletia sobre “o desafio que é a gente conseguir ajudar as pessoas a compreender a dimensão social, política e profética da fé”. O bispo afirmava que na Bíblia esses assuntos estão presentes, nos profetas, onde se faz um chamado a defender o pobre e o insjustiçado, as ações de Jesus em defesa dos pobres, dos pequenos, insistindo que “não tem outro caminho”. O bispo de Itacoatiara também lembrava o relatado no Concilio de Jerusalém, onde se faz um chamado a não esquecer os pobres. Ele lembrava da figura de Dom Helder, muitas vezes chamado de comunista, o que continua acontecendo com o Papa Francisco, com muitos bispos e lideranças da nossa igreja. “Basta falar em direitos humanos, defesa do bem comum, defesa da natureza, aí se titula logo de comunista”, dizia Dom Ionilton. Diante disso, “o nosso papel é fazer a Doutrina Social da Igreja cada vez mais conhecida, assimilada e vivida por nós”, algo que era colocado pelo bispo como grande desafio. Segundo Dom Ionilton, “nós trabalhamos muito o para dentro da Igreja, a catequese nossa é muito para os sacramentos, e acaba abandonando a dimensão social da fé”. Ela chamava a assumir o pedido do Papa Francisco na Querida Amazônia: “que a Doutrina Social da Igreja seja estudada, conhecida e praticada”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Os Bispos do Brasil agradecem ao Papa Francisco sua “proximidade paterna e misericordiosa ao povo brasileiro, na pandemia”

Uma carta onde expressam e renovam sua fidelidade e sua comunhão com o Papa Francisco, será enviada ao Santo Padre pelo Bispos do Brasil reunidos em virtualmente na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, de 12 a 16 de abril. O escrito destaca o esforço pela unidade entre as igrejas cristãs e o diálogo com outras religiões e culturas, algo que se fez presente na viagem ao Iraque. Também agradecem pela encíclica Fratelli tutti e pelo ano dedicado ao Patriarca São José e às famílias. Ao mesmo tempo, os bispos externam seus “sentimentos de gratidão pela proximidade paterna e misericordiosa de Vossa Santidade, expressa nas muitas formas de concreta solidariedade manifestadas ao povo brasileiro, neste tempo em que a pandemia fez aflorar misérias, sofrimentos e precariedades em muitas regiões e dioceses brasileiras”. O texto relata as consequências da pandemia: “a fragilidade de nossas políticas públicas, a inabilidade de nossos governantes no trato da pandemia, o negacionismo de uma parcela de brasileiros, a politização e ideologização da pandemia, a impossibilidade dos ritos e orações por ocasião do sepultamento dos mortos por COVID-19, causando dor ainda maior às famílias”. Junto com isso destacam a solidariedade e caridade e que “Não estamos silenciados! Não estamos omissos!” Os bispos falam ao Papa Francisco sobre o tema da 58ª Assembleia Geral da CNBB, que aborda o tema da Palavra, e dizem se unir “a Vossa Santidade nos esforços pela purificação, conversão e justiça frente aos casos de abusos cometidos por membros da Igreja”. Para isso estão sendo estruturados os mecanismos de enfrentamento. O texto faz referência ao Sínodo para a Amazônia e a Querida Amazônia, que “repercutem em nova sensibilidade, gestos de solidariedade e novas atenções pastorais”. Ao mesmo tempo destaca a importância da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que visa “celebrar, rever e retomar as luzes, perspectivas e esperanças da Conferência de Aparecida”. Eis a Carta:  CARTA AO PAPA DA 58ª AG CNBB Amado Papa Francisco, Nós, os Bispos do Brasil, reunidos neste ano, de 12 a 16 de abril, por plataforma virtual, a partir de nossas Igrejas Particulares, vivenciamos nossa 58ª Assembleia Geral Ordinária. Neste tempo difícil e desafiador, quisemos viver, neste formato possível, nosso encontro anual, que não nos foi possível realizar no ano passado, devido à insegurança e aos riscos causados pelo início da pandemia da COVID-19. Expressamos e renovamos nossa fidelidade e nossa comunhão com Vossa Santidade, Bispo de Roma e Sucessor de Pedro. Reconhecemos seus inúmeros esforços para construir a unidade na Igreja e com os demais cristãos e favorecer o diálogo com outras religiões não cristãs e com a pluralidade das culturas. Pudemos, de modo exemplar, perceber isto na sua recente viagem ao Iraque, pelos caminhos da fé de Abraão, e nos fecundos diálogos empreendidos ali pela paz e pela concórdia entre os povos, buscando levar também bálsamo espiritual às muitas feridas causadas pelos históricos conflitos naquela região.  Agradecemos pelos frutos e boas repercussões eclesiais e sociais entre nós gerados pela Encíclica Fratelli tutti e pelo ano dedicado ao Patriarca São José e às famílias. Com o auxílio deste “homem justo”, iluminados e impulsionados pelas indicações pastorais da Exortação Amoris Laetitia, haveremos de relançar o olhar pastoral sobre a realidade das famílias. O ano da “Família Amoris Laetitia”, iniciado em 19 de março e a ser concluído com o X Encontro Mundial de Famílias, em junho de 2022, certamente será um norte seguro para nossa ação evangelizadora das famílias. Sem descuidar igualmente dos esforços da nossa comunidade cristã na construção da grande família humana, chamada a construir-se como casa de irmãos e irmãs, no respeito, na amizade e no diálogo amoroso.  Também não podemos deixar de externar nossos sentimentos de gratidão pela proximidade paterna e misericordiosa de Vossa Santidade, expressa nas muitas formas de concreta solidariedade manifestadas ao povo brasileiro, neste tempo em que a pandemia fez aflorar misérias, sofrimentos e precariedades em muitas regiões e dioceses brasileiras. Os apelos mundiais de Vossa Santidade em relação ao Pacto Global pela Educação e Economia de Francisco estão sendo divulgados e acolhidos pelos respectivos segmentos, com adesões importantes e criativas da sociedade e da Igreja no Brasil.  Nesta pandemia estamos experimentando e assistindo a situações de grande dor e de belas iniciativas, a saber, de um lado, a fragilidade de nossas políticas públicas, a inabilidade de nossos governantes no trato da pandemia, o negacionismo de uma parcela de brasileiros, a politização e ideologização da pandemia, a impossibilidade dos ritos e orações por ocasião do sepultamento dos mortos por COVID-19, causando dor ainda maior às famílias; por outro lado, a solidariedade entre as pessoas, famílias e comunidades, as muitas e criativas formas de presença junto aos que sofrem com a solidão e o abandono, sobretudo os idosos. A pandemia nos tem educado para muitas ações de evangélica caridade, de socorro aos mais vulneráveis, num belo e criativo pacto pela vida e pelo nosso sofrido Brasil. Contudo, não faltam iniciativas pastorais e vozes proféticas para apontar o Reino e a primazia da vida. Não estamos silenciados! Não estamos omissos! Mesmo reconhecendo o poder das forças de destruição e de morte a que estamos sujeitos. Não perdemos de vista o Evangelho e a presença invisível e vitoriosa do Senhor Jesus, o Vivente, que nos acompanha e nos ajuda a interpretar a história em chave pascal, como fez com os discípulos de Emaús.  Nossa Assembleia Geral dedica-se neste ano, em consonância com as atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, ao tema da Igreja como Casa da Palavra de Deus. “Casa da Palavra: animação bíblica da vida e da pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias”. A partir da imagem bíblica da semente (Mt 13,1-9) queremos mergulhar no mistério do Cristo-Palavra, nos desafios da semeadura neste nosso tempo, nos terrenos prioritários, nos meios para semear. Conhecer a Escritura é conhecer Cristo. Ele é nossa Páscoa e nossa Paz! “Do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14a). É preciso recomeçar sempre…
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Faleceu Dom Jaime Mota de Farias, bispo emérito de Alagoinhas – BA

Faleceu na noite desta segunda-feira, 12 de abril, aos 95 anos, dom Jaime Mota de Farias, bispo emérito da diocese de Alagoinhas – BA. A morte foi consequência da doença de Alzheimer, que nos últimos dias tinha se agravado. Nascido em São Bento do Una, interior de Pernambuco, no dia 12 de novembro de 1925, era sacerdote desde 25 de agosto de 1957, sendo nomeado bispo auxiliar da diocese de Nazaré da Mata – PE, no dia 21 de julho de 1982. Após três anos como bispo auxiliar, foi nomeado o segundo bispo da diocese de Alagoinhas, onde exerceu essa missão até apresentar sua renuncia em 24 de abril de 2002. Sendo emérito continuou residindo na diocese, onde ajudou no trabalho pastoral sempre que foi preciso. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida na 58ª Assembleia Geral, em nota assinada pela presidência, manifestou pesar pelo falecimento de Dom Jaime Mota de Farias. O episcopado brasileiro, diz se unir “em solidariedade aos familiares, amigos e ao povo de Deus presente na diocese de Alagoinhas”, agradecendo a Deus pelos seus 40 anos de dedicação à Igreja particular da diocese de Alagoinhas. Cientes de que a vida sempre vence a morte, a CNBB, lembrando a liturgia da segunda-feira da segunda semana da Páscoa, reafirma “a certeza de que, mesmo diante da morte, somos sempre convidados a nascer de novo”.

Palavra e Análise de Conjuntura. Dom Tadeu e Dom Ionilton destacam os pontos mais relevantes do 1º dia da 58ª AG da CNBB

Nesta segunda-feira, 12 de abril, iniciou a 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional – CNBB, que em consequência da pandemia está acontecendo 100% virtual. No final do dia trazemos as impressões de dois dos nossos bispos do Regional Norte 1 da CNBB, seu vice-presidente, Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, bispo auxiliar de Manaus, e Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara. Dom Tadeu destacava a novidade que representa o modo virtual da Assembleia, “por causa da pandemia que vivemos não é possível ainda fazer uma Assembleia presencial”. O bispo auxiliar de Manaus afirma que “a participação está sendo bastante intensa”. A abertura da Assembleia “foi feita invocando ao Espírito Santo, logo em seguida o relatório da presidência e um relatório sobre a questão econômica”, que fez referência aos anos 2019 e 2020. O bispo destaca dois elementos importantes nesse relatório, a reestruturação do setor contável na CNBB e o Centro Cultural Missionário – CCM, como filial da CNBB. Ao falar sobre o Tema Central deste ano, que é a Palavra, Dom Tadeu afirma que “esse tema está de acordo com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil de 2019 a 2023”. Ele lembra que “na 57ª Assembleia Geral, nós assumimos que a Caridade, Pão, Palavra e Ação Missionária são os quatro pilares que devem sustentar a vida das comunidades eclesiais missionárias e a ideia da Igreja nas casas”. O Tema Central, Pilar da Palavra de Deus, ele traz para nós, segundo o bispo auxiliar de Manaus, “o que significa para nós essa animação bíblica da pastoral”. O documento está dividido em sete capítulos, que segundo Dom Tadeu podem ser vistos como “sete caminhos que nos ajudam na vivência da Palavra e que esta Palavra permeia toda a dimensão da animação da vida das comunidades em que nós nos encontramos”. Do texto, o bispo destaca que “em nossos dias torna-se indispensável estabelecer e fortalecer nas pessoas e nas comunidades o vínculo entre a Palavra de Deus e a vida, tornando nossa ação pastoral cada vez mais alicerçada do contato fecundo com a Escritura Sagrada”. “Nós podemos afirmar que é no encontro com o Senhor Ressuscitado, que na força do Espírito conduz a Igreja, nossa comunidade de discípulos e discípulas, e torna essa comunidade sempre mais missionária na vivência, no anúncio da Palavra de Deus”, enfatiza Dom Tadeu. Ele destaca que “isso está em sintonia com aquilo que já refletíamos na Conferência de Aparecida sobre a reflexão bíblica da pastoral”. É por isso, que “somos convidados, sem dúvida, a partir dessa Assembleia a reassumir, como discípulos, como discípulas, servidores da Palavra de Deus na missão da Igreja e na construção do Reino de Deus”. Falando sobre a Análise de Conjuntura Sócio-política e Eclesial, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, afirmava que “na verdade, a Análise de Conjuntura Eclesial se tornou um estudo sobre a sinodalidade”. Segundo o bispo da Prelazia de Itacoatiara, “faltou entrar em aspectos importantes da vida e da ação da Igreja no Brasil”. Falando sobre a Análise da Conjuntura Sócio-política, ele afirma que “foi muito mais desenvolvida, destacando que o povo de Deus sofre com a doença e com a fome”, lembrando as palavras do Papa neste domingo, “que não é um tempo para a indiferença”. A Analise relatou, lembrava Dom José Ionilton, que “estamos vivendo graves problemas desde que a pandemia explodiu, mas que esses graves problemas já existiam antes mesmo da pandemia”. O bispo destacou que a análise “ressaltou o colapso sanitário e hospitalar, o maior da história do Brasil, o crescimento do desemprego, a volta do Brasil ao mapa da fome, e a política, se assim podemos chamar, do governo Bolsonaro e dos bolsonaristas, dos seguidores de Bolsonaro”. Outro elemento destacado na análise, foi “a militarização do governo, hoje tem mais militares no governo do que o próprio governo militar, a hostilidade à ciência, e por causa disso, o negacionismo”. No final da Análise de Conjuntura, relatava o bispo de Itacoatiara, aparece que “o presidente minimizou a doença, desrespeitou as vítimas, descumpriu o isolamento social, combateu quem quis fazer isso, criou desavenças com governadores, prefeitos e instituições da sociedade civil, que apontaram o caminho do isolamento social como necessário para o combate da pandemia”. Dom José Ionilton também colocava em destaque, em referência ao Análise de Conjuntura, que “ele [o presidente] realizou uma má gestão da área da saúde, trocou quatro vezes o ministro da saúde nesse tempo da pandemia, dificultou a gestão da saúde pública, divulgou dados errados, omitiu informações, e não atuou para criar uma unidade nacional de combate à pandemia”. Segundo o bispo, “foi uma análise de conjuntura muito bem feita e que muito vai ajudar a toda nossa caminhada como Igreja do Brasil”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Sofrimento com a doença e a fome e Sinodalidade marcam Análise de Conjuntura da 58ª Assembleia Geral da CNBB

Um momento importante do primeiro dia da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB tem sido a Análise de Conjuntura social e eclesial, elaboradas por uma equipe de assessores e assessoras, que destacam que não representa a opinião da Conferência. “O Povo de Deus sofre com a doença e a fome”. O título da análise de conjuntura social apresentada aos bispos do Brasil, que nos mostra a realidade de um país profundamente atingido pela pandemia da Covid-19, que oficialmente está próximo de 13,5 milhões de casos e já superou os 353 mil mortos. Estamos diante de uma crise com muitas faces, consequência da primazia do dinheiro e das finanças, que tem provocado “uma gravíssima pandemia” que coloca a prova a sobrevivência da humanidade está colocada à prova, e que ameaça com repetir de modo ainda mais grave. A crise sanitária tem impactado nas diversas dimensões da sociedade, provocando um mundo em mudança. A análise relata como tem ido se desenvolvendo o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil, com longas filas de espera, trabalhadores com uma carga excessiva de trabalho. Diante dessa realidade o texto destaca “a importância da vacina e do distanciamento social para a superação da pandemia”, junto com o uso de máscaras. A vacinação está “muito aquém do necessário”, o distanciamento social “nunca foi feito de forma plena e organizada em todo o país”. No Brasil a crise econômica e a crise sanitária estão fundamentalmente correlacionadas. Se faz necessário investimentos públicos e fomento à economia, para assim evitar um colapso económico cada vez mais próximo, que vai se traduzir em fome, miséria e desesperança, uma realidade presente nas periferias das grandes cidades. No campo da economia também tem se dado uma grave desvalorização do real, consequência do fato de que nos últimos meses o Brasil se tornou o epicentro da pandemia. Isso favorece as exportações, principalmente do agronegócio, mas tem elevado o preço dos produtos importados, dos itens mais presentes na vida dos mais pobres, a inflação e os juros. A pergunta que surge na análise é o efeito das medidas económicas que estão sendo tomadas no campo económico, mas também os efeitos no meio ambiente. Junto com isso o desemprego bateu recordes ao final de 2020 na maioria dos estados brasileiros. Esse “terrível quadro econômico do ano passado não foi pior, em parte, por conta da política fiscal adotada para mitigar os efeitos da pandemia”, mas o PIB e a dívida externa estão numa situação muito complicada. Uma das mais graves consequências disso é a fome, que atinge a 19,1 milhões de brasileiros, com mais da metade da população sem segurança alimentar. As perspectivas, após “a catastrófica gestão da pandemia e da economia”, são pouco alentadoras, com “ausência de crescimento econômico (exceto para alguns setores), junto com considerável inflação ao consumidor”. O texto entregue aos bispos afirma que o Brasil mudou, algo que se faz visível na conjuntura política, no aumento das possibilidades de comunicação, surgindo o fenómeno da psicopolítica, que “o fluxo contínuo da comunicação, a instabilidade da emoção, não permitindo a reflexão, o racionalismo”. Isso se traduz numa difícil relação entre política e cultura e as dificuldades enfrentadas pelo sistema democrático, cimentado em “relações de mando e subserviência”, se fazendo cada vez mais evidente o que texto chama de “uma paixão pela ignorância”, também chamado de “ódio à inteligência, ao conhecimento, à ciência, ao esclarecimento, ao discernimento”, se fazendo um “uso elitista do conhecimento”. A educação, junto com a cultura, também se tornou uma dificuldade no Brasil. Tem aparecido distintos universos culturais, que tem motivado “uma perda do respeito pelo mundo da cultura e da educação, o maior alicerce da esfera pública”. Essa realidade, que já estava em crise, piorou muito com a pandemia. O texto analise a figura do atual presidente, Bolsonaro, que denomina como “um entrave para a superação da crise”, fez realidade uma política marcada pela militarização, por querer fazer a vontade do povo, o messianismo, a hostilidade à ciência e o anticomunismo. Frente a ele está o fator Lula, que tem retornado para a corrida eleitoral, e tem provocado “a notória a mudança política do governo federal”.  Junto com isso, a análise destaca a grande presença militar no atual governo. O texto conclui relatando a postura do governo federal e do presidente diante da pandemia, que o levou a minimizar a doença e desrespeitar as vítimas; descumprir o isolamento social, o uso de máscaras e incentivou o uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada; realizar uma má gestão da área da saúde; criar desavenças com governadores, prefeitos e instituições da sociedade civil. A análise afirma que “muitas mortes e sofrimento de famílias poderiam ter sido evitados”. Diante disso, as propostas são: vacinas e vacinação com a maior velocidade possível; distanciamento social; auxílio emergencial. Diante de um quadro “de fome, doença e de desgovernos” a proposta é de “mais unidade e uma profunda e resistente união do coro dos lúcidos”, construindo pontes e diálogos, “tarefa dos cristãos e de todos de boa-fé”. A análise de conjuntura eclesial teve como ponto central a sinodalidade, que promove uma experiência de comunhão e participação. De fato, pode ser considerada como uma reflexão teológica sobre essa dimensão. O ponto de partida tem sido o Magistério do Papa Francisco, para quem esse é “o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”, uma proposta de “caminhar juntos”, em chave missionária, que tem como fundamento teológico a infalibilidade in credendo de todo o povo de Deus, o sensus fidei e o consensus fidelium, o que faz de cada batizado um “sujeito ativo da evangelização”.   O Santo Padre vê a sinodalidade como “dimensão constitutiva da Igreja”, de onde surge o “dinamismo de comunhão que inspira todas as decisões eclesiais”, que tem como base a escuta e a decisão de entrar num processo. A realização da sinodalidade começa nas igrejas particulares e continua nas regiões eclesiásticas e conferências episcopais, chegando finalmente ao âmbito da Igreja universal. A teologia da…
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Dá início a 58ª Assembleia Geral da CNBB centrada na Palavra de Deus e 100% virtual

Foto: CNBB Da grandiosidade do Santuário Nacional de Aparecida à simplicidade da Capela da sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, também sob a invocação da padroeira do Brasil. Do grande encontro anual no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida à tela do computador ou do celular. Assim iniciava nesta segunda-feira, 12 de abril, a 58ª Assembleia Geral da CNBB. A Eucaristia, presidida por Dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, transmitida pelos canais católicos de TV do Brasil e pelas redes sociais da CNBB. contou com a participação de convidados e assessores da entidade. O bispo auxiliar do Rio de Janeiro fez um chamado a “nascer de novo”, e assim adquirir “essa coragem para anunciar a Palavra em meio a todas as dificuldades”. Com a celebração iniciou-se a primeira assembleia em formato totalmente remoto, onde são convidados os 475 bispos titulares e eméritos, além de representantes de organismos e pastorais. O tema central será a Palavra de Deus, seguindo a proposta das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2019-2023). Além disso, os bispos vão aprofundar também outros 30 assuntos previstos estatutariamente sobre a vida da Igreja e a evangelização no Brasil. Seguindo os estatutos da CNBB, será realizada uma Assembleia sem votações que impliquem alterações ou consequências de natureza legislativa para a Conferência. Só irão acontecer as votações de natureza pastoral. Após um momento de oração e as solenidades de abertura a cargo do presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, onde acolheu os presentes, especialmente os bispos nomeados nos dois últimos anos e lembrou as vítimas da pandemia, pedindo um momento de silêncio em homenagem, o novo Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, dirigia-se pela primeira vez ao episcopado brasileiro reunido em Assembleia, destacando a importância da tecnologia “a serviço da proclamação corajosa da Palavra de Deus”. A primeira sessão tem sido momento para apresentar o relatório bienal 2019-2020. Além disso, também foram apresentados o relatório econômico e o tema central. Os destaques do período da tarde ficam por conta das análises de conjuntura eclesial e social e a programação de atividades dos anos Amoris Laetitia e Josefino, em 2021. Todos os dias acontecerá uma coletiva de imprensa, onde serão tratados os temas mais relevantes de cada jornada. Falar da Palavra não é novo, segundo Dom José Antônio Peruzzo. Ele enfatizava que “na tradição bíblica, palavra também é pessoa”. Estamos diante de um tema que nunca será suficientemente esgotado, insistindo em que a palavra cria proximidade entre quem escreveu e quem lê, o que mostra a importância da Palavra de Deus, de partilhar aquilo que é fonte de vida. Dom Paulo Jackson destacava o “belíssimo movimento de leitura popular da Bíblia, no Brasil e América Latina” surgido da Dei Verbum, destacando a importância do Centro de Estudos Bíblicos – CEBI. Trata-se de fazer com que “a vida inteira da pessoa e das comunidades eclesiais missionarias, e também da própria pastoral e da missionariedade, tudo isso animado pela força da Palavra de Deus“. O bispo de Garanhuns falava sobre os desafios para semear a Palavra de Deus, destacando a necessidade de descobrir a Bíblia como fonte de mudanças estruturais. O objetivo é que “o povo tenha mais desejo da Palavra de Deus”, segundo Dom Armando Bucciol, que falava sobre os diferentes terrenos em que a Palavra de Deus deve ser semeada: na liturgia, destacando a importância da homilia, na ação missionária, na Iniciação Cristã- Catequese, na Piedade Popular, na família, nas juventudes, no diálogo ecumênico e inter-religioso, nos meios de comunicação, nos processos formativos, na presença nas periferias, dentre outros. Nas perguntas dos jornalistas surgiram algumas reflexões dos bispos. Um deles, cada vez mais presente na sociedade, é a polarização, que leva a refletir sobre os fundamentalismos, fruto das debilidades, visto por alguns como refúgio seguro e que pode ser considerado irmão do fanatismo, segundo o Arcebispo de Curitiba. Ele insistia em que os fanáticos não dialogam, destacando o papel da religião como poderoso meio de fundamentalismo. Por isso, insistia na necessidade de despojar-se de convicções, na diferença entre experiência religiosa e experiência de fé. Segundo Dom Peruzzo, as agressões entre católicos têm como causa que eles ouvem pouco a Palavra e não se deixam inspirar nela. Dom Paulo Jackson vê a polarização como fruto da resistência aos valores da modernidade. Ele denunciava o esfriamento do trabalho bíblico no Brasil, tendo se deixado de realizar o Mês da Bíblia em muitos lugares. Diante disso, afirmava que a Palavra pode ajudar a formar comunidades eclesiais missionárias vivas, animadas, entusiasmadas. A partir da experiência pessoal, acrescentada durante a pandemia, insistia na necessidade dos bispos e a Igreja fazer mais presente a Palavra na internet. O abuso e mal uso da Palavra está muito presente na Igreja, segundo Dom Armando, que refletia sobre a homilia, que não é palestra. O bispo de Livramento de Nossa Senhora refletia sobre os pregadores que ignoram a Palavra, inclusive nas TVs católicas, insistindo para que o povo seja franco com os padres e bispos para dizer que não é por aí. O bispo dava um conselho não exagerar no tempo e preparar durante várias horas de reflexão. Junto com a Palavra, destacava a importância da Pastoral da Escuta, de multiplicar mentes e corações que saibam de verdade escutar. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1