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“O Servo Sofredor se faz presente nos Sofredores de nossos dias”, afirma Dom Ionilton na Sexta-feira Santa

“O Senhor é nossa esperança para combatermos a pandemia; é nossa esperança de que vamos conquistar nosso direito a ter vacina já e para todas as pessoas em todo o Brasil”. Com essas palavras, Dom Ionilton Lisboa de Oliveira atualizava as palavras que a liturgia do Ofício da Paixão nos apresenta para nossa reflexão: “Senhor, ponho em vós minha esperança. Eu entrego em vossas mãos meu destino”. Cristo, o Servo Sofredor, relatado pelo profeta Isaias, se faz presente nos Sofredores de nossos dias. É N´Ele que “permaneçamos firmes na fé que professamos”, o que levava ao Bispo de Itacoatiara a pedir “que nada nem ninguém nos roube a fé que professamos”, e junto com isso, “que nenhuma promessa ilusória de milagre, faça-nos abandonar o caminho como Igreja que estamos fazendo”. Ao falar sobre Jesus que saiu com os discípulos, Dom Ionilton afirmava que isso “lembra-nos Cristo andante, lembra-nos que somos uma Igreja missionária por natureza, lembra-nos o apelo do Papa Francisco: ser uma Igreja em saída, fazendo nossa missão ser eminentemente missionária e não apenas de conservação”. Um Jesus que é consciente de tudo o que está em volta dele, que tem uma identidade bem definida, o que deve nos levar a refletir, segundo o bispo sobre nossa consciência e identidade como cidadãos e como cristãos. Seguindo o princípio de Jesus da não violência, algo que faz ver a Pedro, o bispo de Itacoatiara chamava a “dizer não a toda forma de violência física, moral, policial, familiar, religiosa. Somos chamados a dizer não à pena de morte, a liberação das armas, aos linchamentos”. Seguindo o relato da Paixão, de Jesus prendido e amarrado, de Jesus inocente levado à prisão, Dom Ionilton lembrava dos “presos políticos na época da ditadura militar; presos políticos mais recentes, a partir de juízes parciais, que julgam não a partir da lei, do amplo direito de defesa, mas para obter vantagens, para eliminar opositores, para ganhar cargos no governo”. Mas é um Jesus que se defende, que pergunta por que lhe batem, o que tem que nos levar a “nos defender das injustiças e de toda maldade que queiram fazer a nós e ao nosso povo”, segundo o bispo. E junto com isso a “defender a nossa Casa Comum, a Mãe Natureza. Não podemos nos calar. Temos de nos indignar, não podemos deixar que anestesiem a nossa consciência social”, recordando assim as palavras do Papa Francisco na Querida Amazônia. Citando as palavras em que Jesus diz que “Vim dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta a minha voz”, ele se perguntava se somos e estamos do lado da verdade. Isso o levava a refletir sobre as notícias falsas, e nossas postura diante delas, sobre nossa postura nesse tempo de pandemia para com a ciência, sobre nosso apoio à necessidade do isolamento, do uso de máscaras, álcool em gel, do apoio à vacina… Ou se pelo contrário somos da turma dos chamados negacionistas, daqueles que saem às ruas sem nenhuma proteção, que faz aglomeração de pessoas, que se opõem ao isolamento, afirmando que prejudica a economia… Situações tão presentes hoje em nossa sociedade. O bispo também refletia sobre as atitudes de alguns personagens que aparecem no relato da Paixão, sobre o medo de Pilatos, daquele que “julga por medo, para agradar a alguém, para garantir o emprego, para tirar benefícios, pro exemplo, ganhar um ministério, uma secretaria, sair candidato, receber dinheiro”. Pilatos que entrega Jesus para ser crucificado, “um julgamento falso feito por um juiz parcial, que age como defensor de um grupo político ou de um poder religioso, condena inocente a morte. Aconteceu com Jesus e aconteceu e acontece em nossa história até hoje”, insistia Dom Ionilton. Ele refletia sobre as mulheres ao pé da Cruz, “mulheres símbolos da resistência e da resiliência”. Aquelas que ao contrário dos homens que fugiram, “estavam lá ao pé da cruz, sendo solidárias com Jesus até o fim. Não se importando com o que poderia acontecer com elas”. Essas mulheres que hoje continuam presentes na Igreja, também na Amazônia, lembrando as palavras do Documento Final do Sínodo, onde diz que “a Igreja na Amazônia quer ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva… Se a Igreja perde as mulheres… corre o risco da esterilidade”, e da Querida Amazônia, onde o Papa Francisco insiste para que “as mulheres tenham uma incidência real e efetiva na organização, nas decisões mais importantes e na coordenação das comunidades”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Ionilton lembra que “O Cristo reconhecido na Eucaristia remete ao encontro e serviço aos pobres”

O relato da Páscoa, presente na Liturgia da Palavra da Missa da Ceia do Senhor, é “memória da libertação do Povo de Israel da escravidão no Egito”, mas também “memória da libertação do pecado e da morte”. Com essas palavras começava sua homilia nesta Quinta-feira Santa Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, lembrando que com essa celebração “nós cristãos começamos hoje os três últimos dias de preparação”, fazendo um convite a vive-los intensamente. No dia em que se faz memória da instituição da Eucaristia, o bispo da Prelazia de Itacoatiara afirmava que “Eucaristia, acima de tudo, é isto: Vida de Jesus doada pela humanidade”, recordando as palavras do Evangelho de Lucas: “Isto é o meu corpo que é dado por vós… Este cálice é a nova aliança no meu sangue que é derramado por vós” (22, 19-20). Isso deve levar a quem participa de uma celebração da Eucaristia e quem comunga com Jesus na Eucaristia, a continuar fazendo o que Ele fez e mandou que a gente fizesse, memória. Dom Ionilton lembrava o recolhido no documento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, “Comunidade de Comunidades: uma nova Paróquia”, onde diz que “O Cristo reconhecido na Eucaristia remete ao encontro e serviço aos pobres”. Também fazia referência às Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja 2008-2010: “O compromisso social tem sua raiz na própria fé; deve ser manifestado por toda a comunidade cristã e não apenas por algum grupo ou pastoral social; uma comunidade insensível às necessidades dos irmãos e à luta para vencer as injustiças, celebra indignamente a liturgia”. O bispo vê nas palavras da CNBB uma referência às palavras do Apóstolo Paulo, que “qualifica como ‘indigna’ uma comunidade cristã que celebra a Ceia do Senhor em um clima de discórdia e de indiferença pelos pobres“. No mesmo sentido, seguindo o Documento 100 da CNBB, Dom Ionilton lembrava que “é necessário evitar a separação entre culto e misericórdia, liturgia e ética, celebração e serviço aos irmãos. O Cristo reconhecido na Eucaristia remete ao encontro e serviço aos pobres”. Uma ideia que também se fez presente no pensamento do Bem-Aventurado Justino Russolillo, fundador dos Vocacionistas, congregação da qual faz parte Dom Ionilton, quem dizia: “Como mudaria nossa vida se compreendêssemos a vida Eucarística de Jesus”. “A Eucaristia não é um prêmio para os bons, mas a força para os débeis e os pecadores”, lembrava o bispo de Itacoatiara, seguindo as palavras do Papa Francisco. Ele lembrava que a santidade é um caminho e destacava a importância de cada Eucaristia, que “é única, não tem uma maior ou mais importante do que outra”. Dom Ionilton, que foi padre sinodal, lembrava que o Documento Final do Sínodo para a Amazônia constata que “muitas comunidades eclesiais do território amazônico têm enormes dificuldades em ter acesso a Eucaristia. Às vezes, não apenas meses se passam, mas vários anos para um sacerdote visitar a comunidade e celebrar a Eucaristia”. Uma realidade que levou o Papa Francisco na Querida Amazônia a dizer que “é urgente fazer com que os povos amazônicos não estejam privados do alimento de vida nova e do sacramento do perdão”. Lembrando que na Quinta-feira Santa a Igreja celebra a instituição do sacerdócio, Sacramento da Ordem, ele recordava as palavras do bispo na ordenação sacerdotal, afirmando que essas palavras tentam ajudar o presbítero a “viver intensamente o que a Igreja pediu“. Nesse sentido, tendo como referência o Documento de Aparecida, pedia para rezar para que os sacerdotes “sejam sempre e cada vez melhor Presbíteros-Discípulos, Presbíteros-Missionários, Presbíteros-Servidores da Vida e Presbíteros-Cheios de Misericórdia”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Acreditar na vida, uma urgência pascal diante da morte de tantos inocentes

Acreditar na vida é fundamento da fé cristã. Os discípulos e discípulas de Jesus Cristo acreditamos que Ele está vivo, que Ele Ressuscitou e N´ele, nós vamos ressuscitar. Diante da realidade que estamos vivendo nos últimos dias no Brasil, em que a morte tomou conta do país, somos chamados a refletir sobre a importância da vida, do que ela significa. No Tríduo Pascal celebramos a Vitória sobre a morte daquele que morreu injustamente, crucificado por um sistema político e religioso que tinha virado as costas para o povo. O acontecido com Jesus é uma história que tem se repetido ao longo da história da humanidade. Hoje, de modos diferentes, muitos continuam sendo crucificados, se tornando mais uma vez vítimas inocentes. Diante dessa realidade, cuidar da vida e acreditar nela se faz cada vez mais urgente. Cada um de nós e todos juntos, como sociedade, como homens e mulheres de fé, somos desafiados constantemente a encontrar caminhos que tornem a vida e seu cuidado como uma prioridade universal. Contemplar o Crucificado tem que nos levar a enxergar aqueles e aquelas que hoje são pregados nas cruzes, que se tornaram imagem de Cristo sofrente. São muitas as vítimas que hoje contemplam desde suas cruzes a indiferença de muitos, inclusive o desprezo daqueles que ficam caçoando, rindo diante do sofrimento alheio. A falta de empatia continua presente no coração de muitos, inclusive daqueles que se rasgam as vestes ao ver a imagem do Filho de Deus pregado na Cruz, esquecendo que Ele é só um exemplo que representa situações que perpassam o tempo e o espaço. O que fazer para cuidar da vida? Como nos envolver, pessoal e comunitariamente, nesse cuidado? Quais os passos a serem dados para acreditar definitivamente na vida? Essas são perguntas diante das quais se faz necessária uma resposta urgente, que provoque uma reação que possa ajudar a acreditar definitivamente no cuidado com a vida. O nosso compromisso pessoal e comunitário se tornou uma urgência inadiável. Não assumir esse desafio faz com que centenas, milhares de pessoas continuem vendo ceifadas suas vidas a cada dia. Não podemos nos fazermos parceiros de quem mostra um claro descaso com a vida. Se nossos sentimentos humanos não fossem algo suficiente para isso, a nossa fé deve ser um imperativo a mais. Nunca podemos esquecer que acreditamos num Deus que não compactua com a morte, ainda menos com a morte do inocente. Ele é alguém que acredita decisivamente na vida e nós, se de fato queremos ser seus discípulos e discípulas, temos que trilhar o mesmo caminho, o caminho da vida. Viver e celebrar o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, não é uma lembrança do passado e sim uma memória que atualiza o acontecido quase dois mil anos atrás. As atitudes dos personagens que aparecem nos relatos evangélicos continuam presentes hoje em cada um e cada uma de nós. Qual é a minha? Qual é a sua? Realmente podemos dizer que somos parte de quem acreditou na vida? Deus continua nos questionando, nos desafiando a acreditar naquilo que realmente fundamenta a nossa vida.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar

Dom Leonardo Steiner chama a “ler a humanidade: as suas dores e sofreres, as suas buscas e sonhos”, na Missa Crismal

O Ginásio do Colégio Auxiliadora de Manaus acolhia na manhã da Quinta-feira Santa a Missa dos Santos Óleos da Arquidiocese de Manaus, um momento importante na vida de toda igreja particular, em que são abençoados os Santos Óleos que farão parte da vida sacramental da Arquidiocese e os padres renovam suas promessas sacerdotais. Seguindo uma imagem muito presente na sua reflexão nos últimos tempos, o Arcebispo de Manaus centrava sua homilia em torno da Palavra, afirmando que no trecho do Evangelho de Lucas, que faz parte da liturgia da Missa do Santo Crisma, “encontramos a passagem que dá sentido e vigor à nossa vocação e missão como discípulos missionários; nos apercebemos ungidos e enviados”. Dom Leonardo Steiner chamava aos presbíteros a “voltar ao nosso nascer, para ser nascidos, para vir à luz na nossa vida e missão, no nosso ministério”. O arcebispo destacava a importância de ler as “palavras que guardam a vida, as alegrias, as dores, os abandonos, a história, os amores, a solidão, as preces, a destruição, o esquecimento, a missão”. Mas também, junto com as palavras, “ler a humanidade: as suas dores e sofreres, as suas buscas e sonhos, a sua fé com seus cantos, lamentos, cantares, partilhas, os segredos reservados apenas para Deus”. Ler, e “ao ler, ler-se”, aprender com São João Maria Vianney, algo que lembrava Simone Weil, “a ler as almas”. Segundo Dom Leonardo, “lemos o coração aflito, as dores, a fome, a nudez, a prisão dos nossos irmãos e irmãs, quando na proximidade”, algo que a gente não consegue “enquanto girarmos em torno de nós mesmos”. Ser “evangelizadores da alegria, da esperança”, o que nasce do espírito e da unção, evangelizar inclusive sem palavras, “ser uma Boa-Nova! Não triste, neutra, indiferente”, insistia Dom Leonardo Steiner, que citava as palavras do Papa Francisco em que nos lembra a “alegria dum Pai que não quer que se perca nenhum dos seus pequeninos”. Ele colocava a Madre Teresa de Calcutá como exemplo de anuncio sem palavras. Falando aos sacerdotes, o Arcebispo de Manaus os lembrava que são “enviados para ungir”. Isso se faz realidade ao “deitar o óleo do consolo aos aflitos no coração, o óleo da proximidade aos descartados e abandonados das nossas ruas; ofertar o óleo da comida aos famintos, o óleo da acolhida, da casa, aos sem teto; revestir com esperança aos que estão nus sem destino”, relatando assim muitas ações desenvolvidas ao longo da pandemia na Arquidiocese de Manaus. Por isso, é necessário “não reter o bem gratuitamente recebido”. Nas suas palavras, o arcebispo fazia referência à Assembleia Sinodal, convocada recentemente, que mostra “a certeza de que ninguém caminha sozinho na nossa Arquidiocese; que as nossas comunidades são sinal do Reino novo; que os pobres são acolhidos;que podemos visibilizar esse Reino como novos ministérios”. Também agradecia aos sacerdotes, “pelo bem que realizam em favor do povo de Deus, das nossas comunidades neste tempo de pandemia”. O arcebispo agradecia “a disponibilidade e prontidão do óleo do consolo nos cemitérios, nos velórios; o óleo da misericórdia nos corações arrependidos, no atendimento aos pobres, aos irmãos e irmãs em situação de rua; o óleo do alimento na distribuição de cesta básicas; o óleo benfazejo que cobre a nudez, que agasalha, que oferece casa. O óleo da escuta aos desconsolados/as, aos buscantes de sentido na dor e despedida”. O mesmo agradecimento, o arcebispo fazia aos diáconos, à vida consagrada, às nossas lideranças, os ministros e ministras das nossas comunidades, pois “cada um externalizou o mais precioso, o amor terno e generoso. Cada um expressou a sua paternidade-materna no estar e ser presença de Jesus”. No final da celebração, Dom Leonardo lembrava que na Igreja de Manaus “as necessidades são muitas, mas se tivermos a ousadia de ler e nos sentirmos ungidos e enviados, nós conseguiremos chegar até onde nós às vezes imaginamos não chegar”. Ele relatava a visita que na segunda-feira fez em três aldeias indígenas, e o sentimento de gratidão do povo com sua presença, até o ponto de afirmar que “nós nunca esperávamos que o bispo viesse”. O arcebispo refletia, afirmando que “são comunidades pequenas, às vezes distantes, que nós não lembramos, mas eles se sentem igreja”. Diante disso insistia em que “nós temos essa tarefa de ir, sem medo de ir, temos que ir, talvez tenhamos que sair mais”, enfatizando que “isso é que nos realiza, quando saímos de nós mesmos, isso tem a ver com a integridade da nossa pessoa”. Luis Miguel Modino, assessor de cimunicação CNBB Norte 1

Dom Mário Antônio da Silva: “A Boa Notícia para uns é o uma má notícia para quem deseja continuar vivendo à custa dos pobres”

A Diocese de Roraima celebrava na terça-feira, 30 de março, a Missa dos Santos Óleos, a Missa da Unidade. Na ocasião, o bispo diocesano, Dom Mário Antônio da Silva, agradecia a presença dos padres, da vida religiosa e dos leigos e leigas, mas também daqueles que participavam através das redes sociais da diocese. Na sua homilia, ele convidava a “olhar para Jesus, mesmo Crucificado, que é o mesmo Encarnado e Ressuscitado, que veio para proclamar o Ano da Graça do Senhor”, como recolhe o Evangelho de Lucas, escutado na Liturgia da Palavra da Missa Crismal. O bispo fazia uma analise da passagem do Evangelho à luz do profeta Isaias, destacando a importância de proclamar um ano do agrado do Senhor, “uma urgência da graça, mesmo em meio a tantas desgraças, lá na época do profeta, na época de Jesus e hoje neste tempo de pandemia”. Dom Mário Antônio insistia em “quão necessária anunciar a graça em meio a tantas angustias, tantas desgraças, tanta pandemia, tantas situações que nos desarticulam”. Segundo o Bispo de Roraima, “o que não é possível é ficar indiferente”, insistindo em que “a Boa Notícia para uns é o uma má notícia para quem deseja continuar vivendo à custa dos pobres, dos marginalizados”. Dom Mário Antônio da Silva afirmava que “como ontem, ainda hoje se repete a mesma situação, quando uma pessoa assume a promoção dos mais pobres, de modo que possam comer e viver com dignidade, continua sendo caluniada, perseguida, injustamente condenada e até detida”, algo que é feito “a serviço dos donos do poder”. Ele criticava os serviçais ao serviço do poder, “a grande mídia, os setores de Igreja, inclusive da nossa, boa parte dos políticos, dos juízes, dos generais, e a lista vai, dos padres, até dos bispos”. “Que a graça de Deus nos ajude a nos colocarmos no mesmo caminho da profecia”, pedia o bispo, que fazia um chamado a amar e servir, algo que recorda nosso serviço a todos, sacerdotes, vida religiosa e leigos e leigas. Dom Mário Antônio dizia que a Diocese de Roraima está retomando o caminho do diaconato permanente, uma experiencia da qual vão participar 18 homens, junto com suas famílias, e que ele vê como “um dom, uma graça”. Isso é algo que é fruto do Sínodo para a Amazônia, da Querida Amazônia e que o bispo considera expressão “do amor e do serviço à Igreja, especialmente aos mais pobres e necessitados”. O bispo diocesano, após explicar o que significava no tempo de Jesus proclamar o Ano da Graça do Senhor, se perguntava o que é hoje, em 2021, o Ano da Graça, afirmando que isso se traduz em “afirmação da dignidade humana, defesa incondicional da vida, promoção do bem comum, justa distribuição de renda, inclusão social, incidência política, defesa dos direitos humanos, salário justo, segurança alimentar”, lembrando o Documento de Aparecida e o Magistério do Papa Francisco. Falando da pandemia, o bispo insistia em que “é preciso compromisso, é preciso olhar com gratidão e continuar anunciando a graça do Senhor”, o que deve nos levar a “rezar com confiança em Deus pelo fim da pandemia, é ser solidário com os pobres e necessitados, com os vulneráveis e famintos, é cuidar dos desanimados e doentes, é criar proximidade e afeto comas pessoas e famílias enlutadas, é rezar pelos falecidos”. Ele insistia em que os falecidos é algo que “vai além do número, pois são pessoas do nosso convívio, do nosso conhecimento”, citando muitos exemplos que tem feito presente o Ano da Graça do Senhor. Dom Mário Antônio pedia a vacina, “que chegue logo e para todos, que seja um sinal do Ano da Graça, com colaboração de toda a população e dos governantes e responsáveis pela questão farmacêutica”.

“Nenhum católico, nenhuma católica pode dizer eu vou ficar longe dos pobres”, afirma Dom Ionilton na Missa dos Santos Óleos

A Prelazia de Itacoatiara celebrava na noite desta terça-feira, 30 de março, a Missa dos Santos Óleos, onde foram abençoados os óleos que serão usados nos sacramentos ao longo do ano, como lembrava ao povo da prelazia seu bispo, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira. Segundo o bispo, essa missa também é conhecida como Missa da Unidade, onde “os padres são convidados a virem participar para fazer essa unidade, essa comunhão com seu bispo e nesta celebração os padres também renovam aquelas suas promessas feitas no dia da ordenação”. Dom José Ionilton lembrava que “a unidade que é feita entre o clero e o bispo, se amplia com a vida consagrada e com os leigos e leigas, que também participam da celebração e que também fazem parte da Igreja”. Em suas palavras na homilia, o Bispo de Itacoatiara refletia sobre a opção pelos pobres, algo que esteve presente no encontro do clero que aconteceu durante a terça-feira. Seguindo aquilo que o Papa Francisco diz no número 201 da Evangelii Gaudium, onde ele afirma que “ninguém deveria dizer que se mantem longe dos pobres porque as suas opções de vida precisam prestar mais atenção a outras incumbências”, Dom José Ionilton destacava que “a liderança da nossa Igreja afirma categoricamente que ninguém de nós que seguimos a Jesus e somos católicos e católicas poderá dizer que da opção pelos pobres, eu não gosto”. Dom José Ionilton, seguindo as palavras do Papa Francisco, deixava claro que “nenhum católico, nenhuma católica pode dizer eu vou ficar longe dos pobres, porque eu não gosto dos pobres”, insistindo em que “ninguém pode se sentir exonerado da preocupação pelos pobres e pela justiça social”. Por isso, “todos nós, católicos e católicas temos que fazer opção preferencial, evangélica, pelos pobres e pela justiça social”. A missão de Jesus “é a nossa, não tem outro”, afirmava o Bispo de Itacoatiara. Trata-se de agir diante dos irmãos que passam por situações difíceis na vida, de sobrevivência, afirmando que “nós não podemos não podemos relativizar a opção pelos pobres desviando a atenção”. Ele afirmava que para ser cristão, “nós temos que fazer a mesma coisa que Jesus fez”.   O texto de Isaias e do Evangelho de Lucas, presentes na liturgia da Missa dos Santos Óleos, reforçado no Concílio Vaticano II, nas Conferência da América Latina e do Caribe, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, levava o bispo a pedir que “a opção preferencial evangélica pelos pobres não seja causa de divisão entre nós, que ninguém acuse ninguém na Igreja de estar com ideologia, seguindo princípios contrários à doutrina cristã porque faz opção evangélica preferencial pelos pobres”. Ele fazia um chamado a que a Palavra de Deus “nos desinstale, nos provoque, nos ajude a refletir, pensar, a ver, rever a minha vida, como é que eu faço, como é que eu ajo, como é que eu me relaciono com os pobres”. O bispo chamava a se perguntar pela reação diante de quem está passando fome por causa da pandemia, onde não caberá o discurso hipócrita, falso de quem nunca passou necessidade na vida. Um chamado ao compromisso com essas pessoas e a se comprometer para “criar uma sociedade mais justa, mais humana, mais fraterna, mais igualitária, um mundo de Deus”. Também um chamado como prelazia a não ser uma Igreja isolada, que escuta o que diz o Papa. Finalmente, seguindo as palavras de São João Paulo II, destacava a importância do testemunho, que “é a melhor forma de evangelizar, a primeira e insubstituível forma de missão”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Morre vítima da Covid-19 Dom Pedro Zilli, bispo brasileiro do PIME na Guiné-Bissau

Dom Pedro Zilli, bispo brasileiro da diocese de Bafatá, Guiné-Bissau, faleceu a 31 de março. Nascido em Santa Cruz do Rio Pardo – SP, a 7 de outubro de 1954, foi o primeiro bispo dessa diocese desde 2001. Trata-se de uma nova vítima da Covid-19, doença da qual estava sendo tratado num hospital em Cúmura, Guiné-Bissau. Dom Pedro Zilli era membro do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras – PIME, e a sua primeira missão após a sua ordenação a 5 de janeiro de 1985, foi na missão de Bafatá, onde atualmente era bispo. Após um período de missão, regressou ao Brasil em 1998, assumindo o serviço de formação de seminaristas do PIME e sendo vice superior regional para o Brasil-Sul, quando foi eleito bispo a 13 de março de 2001, se tornando o primeiro bispo missionário brasileiro. Em sua ordenação episcopal, um dos bispos co-consagrantes foi Dom Giuliano Frigeni, bispo de Parintins. Na diocese de Bafatá a maioria da população, 60% praticam religiões tradicionais africanas, 30% são muçulmanos e apenas 10% são cristãos. O trabalho da Igreja na região é de primeira evangelização, algo sempre presente no PIME. No seu trabalho missionário, o Pontifício Instituto para Missões Estrangeiras realiza um forte trabalho no campo da educação e da saúde na Diocese de Bafatá. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Investidores católicos pedem ao governo brasileiro melhor proteção para a Amazônia e os direitos dos povos indígenas

  Melhor proteção para a Amazônia e os direitos dos povos indígenas, foi o que cerca de 100 organizações católicas de 18 países solicitaram ao governo brasileiro numa carta (ver aqui) enviada em 29 de março a altos funcionários do governo brasileiro, incluindo o Presidente Jair Bolsonaro e o Vice-Presidente Hamilton Mourão. A carta, liderada pela Comissão Especial sobre Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Movimento Católico Global pelo Clima (GCCM) e o Banco für Kirche und Caritas da Igreja Católica Alemã (BKC), contém quase uma dúzia de pedidos concretos para a proteção da floresta tropical e dos povos indígenas. Ao mesmo tempo, num país com maioria católica, os signatários pedem ao governo brasileiro mais diálogo, para escutar os brasileiros e para cuidar melhor da nossa casa comum. De fato, um estudo de 2019 mostra que sete em cada dez católicos no Brasil pensam que a preservação da Amazônia é “muito importante”, e 85% responderam que consideram atacar a floresta tropical amazônica um pecado. Desde que o atual governo chegou ao poder em 1° de janeiro de 2019, a destruição da floresta tropical amazônica, essencial para a proteção do clima do planeta, aumentou. As consequências do desmatamento indiscriminado e dos incêndios têm ido além de uma destruição ambiental grave, causando a privação de direitos, a deslocação e o assassinato dos povos indígenas que aí vivem. Dom Vicente de Paula Ferreira, secretário da Comissão Especial sobre Ecologia Integral e Minas da Conferência Episcopal Brasileira, salientou a este respeito que “esse modelo de desenvolvimento capitalista que mata a vida humana e o meio ambiente está em total contraste com o ensinamento cristão sobre Integridade da Criação e com encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco“. A carta apela à ação, incluindo a implementação de um plano coerente de combate ao desmatamento, incluindo um orçamento específico e objetivos intermédios mensuráveis. Além disso, pedem um orçamento maior para combater os incêndios e para o trabalho do Instituto Brasileiro do Meio Ambiental e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) na região amazônica, que foram drasticamente reduzidos nos últimos anos. O direito ao território e o respeito pelos direitos humanos dos povos indígenas, algo que está de acordo com as ideias expressas pelo Papa Francisco em Laudato Si´ e Querida Amazônia, é outro dos pedidos das organizações católicas ao governo brasileiro. Como católicos envolvidos no mercado financeiro, Tommy Piemonte, Chefe da Sustainable Investment Research no BKC, fez um apelo para se manifestar, “iniciando um diálogo de compromisso com o governo brasileiro procurando motivá-lo a finalmente respeitar os direitos humanos e ambientais na Amazônia”. Este é mais um passo para unir a pressão dos investidores, insistindo em “iniciar um diálogo construtivo para pôr em prática as nossas reivindicações“, segundo Piemonte, que ameaça, se o governo brasileiro não tomar as medidas propostas, retirar “as nossas bases como investidores institucionais atuais e potenciais em títulos do governo brasileiro e em empresas de certos sectores”. Na mesma linha, Tomás Insua, Diretor Executivo do Movimento Católico Mundial para o Clima, salientou a importância da carta, porque “como uma aliança católica tão grande, podemos certamente contribuir para o esforço conjunto. Porque num país católico como o Brasil, talvez uma ‘voz católica’ seja ouvida e a pressão sobre o governo aumente”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Dom Juventino Kestering, mais uma vítima da Covid-19, que em 48 horas matou 7.088

7.088, esse é o número de mortes no Brasil nas últimas 48 horas, de acordo com dados oficiais, um verdadeiro massacre, uma Semana da Paixão, onde todos os dias vários milhares são crucificados por um sistema que virou as costas à vida, em nome de uma economia que mata, e que também está morta. Os apelos à ação têm sido feitos por muitas pessoas, incluindo a Igreja Católica, que nos últimos dias perdeu vários padres, irmãs, ministros e ministras das milhares de comunidades espalhadas por todo o país, e hoje, 28 de março, mais um bispo, o sexto. Desta vez foi Dom Juventino Kestering, Bispo da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga – MT. Dom Juventino nasceu na cidade de São Ludgero – SC, a 19 de maio de 1946, e desde a sua ordenação como bispo em março de 1998, foi o segundo bispo da diocese que, segundo o Direito Canónico, apresentaria sua renúncia em pouco menos de dois meses. Pelo menos 310.694 pessoas morreram no Brasil vítimas da Covid-19, sufocadas, embora a suspeita seja de que o número seja ainda maior, muitas delas à espera de um leito nos hospitais, de uma vaga na UTI, que em quase todas as regiões do país estão lotados. A Igreja Católica tem-se manifestado repetidamente contra esta situação, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, o Pacto pela Vida e pelo Brasil, do qual a CNBB é membro, e o Conselho Episcopal Latino-americano – CELAM, que na sexta-feira, 26 de março, enviou uma mensagem ao presidente da Conferência Episcopal do Brasil – CNBB, enviaram mensagens repetidas ao governo e à sociedade brasileira para que o cuidado com a vida se torne uma prioridade urgente, para que o processo de vacinação, que por enquanto só atingiu uma pequena parte da população, seja acelerado. O povo brasileiro, que tem um profundo sentimento religioso, está mais do que nunca nas mãos de Deus, que se tornou a última e única esperança. Um Deus que consola e enxuga as lágrimas de tantas famílias, de tantas pessoas, de tantas comunidades eclesiais que choram pela separação dos seus entes queridos. A fé na Ressurreição, que é o fundamento da vida cristã, o Mistério que será celebrado ao longo desta semana que estamos a começar, será o sustento daqueles que veem a morte dos inocentes tornar-se presente entre os seus entes queridos. É um tempo de Paixão, mas sempre com a esperança de alcançar a Ressurreição, a plenitude de vida na casa do Pai. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

40 Dias navengando com a Laudato Si´ na Querida Amazônia  28 DE MARÇO:  Domingo de Ramos PEDIDO DA GRAÇA No início de cada dia, busco entrar em clima de oração e rezo: Senhor, neste  tempo favorável a voltarmos o nosso coração para os teus sonhos para a humanidade e para toda as tuas criaturas, te pedimos luz para refletirmos sobre como estamos vivendo as nossas relações contigo, com as pessoas, com o mundo que é a nossa casa comum e conosco mesmo. Ajuda-nos a reencontrar o sentido da vida no louvor e na contemplação agradecida da Criação, na saída de nós mesmos em direção aos que mais sofrem e se sentem sós, especialmente nestes tempos de pandemia, e na construção do teu reino de justiça e paz, tecendo redes de solidariedade e fraternidade entre todos os povos e culturas desta imensa região pan-amazônica e pelo mundo inteiro. Em especial hoje te peço … (apresente o seu pedido particular). Amém. OUVINDO A PALAVRA QUE NOS GUIA Quando se aproximaram de Jerusalém, na altura de Betfagé e de Betânia, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo: ‘Ide até o povoado que está em frente, e logo que ali entrardes, encontrareis amarrado um jumentinho que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui! Se alguém disser: ‘Por que fazeis isso?’, dizei: ‘O Senhor precisa dele, mas logo o mandará de volta’.’    Eles foram e encontraram um jumentinho amarrado junto de uma porta, do lado de fora, na rua, e o desamarraram. Alguns dos que estavam ali disseram: ‘O que estais fazendo, desamarrando este jumentinho?’ 6Os discípulos responderam como Jesus havia dito, e eles permitiram. Trouxeram então o jumentinho a Jesus, colocaram sobre ele seus mantos, e Jesus montou.    Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam apanhado nos campos. Os que iam na frente e os que vinham atrás gritavam: ‘Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!’. (Mc 11,1-10)  REFLETINDO COM A LAUDATO SI’ Com a entrada de Jesus em Jerusalém, montado humildemente em um jumentinho, damos início à Semana Santa e encerramos, assim, a nossa preparação quaresmal para celebrar com Ele o mistério da sua paixão, morte e ressurreição. É o momento de cantarmos com os pobres da Terra e da nossa Querida Amazônia: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!”.     Convictos da presença do Cristo cósmico em todas as criaturas, concluamos louvando-o com as palavras finais do Papa Francisco em sua encíclica Laudato Si’: “Filho de Deus, Jesus, por Vós foram criadas todas as coisas. Fostes formado no seio materno de Maria, fizestes-Vos parte desta terra, e contemplastes este mundo com olhos humanos. Hoje estais vivo em cada criatura com a vossa glória de ressuscitado. Louvado sejais! Espírito Santo, que, com a vossa luz, guiais este mundo para o amor do Pai e acompanhais o gemido da criação, Vós viveis também nos nossos corações a fim de nos impelir para o bem. Louvado sejais! (LS 246).  AVANÇANDO PARA ÁGUAS MAIS PROFUNDAS Após um momento de silêncio… À luz do texto bíblico e das palavras do Papa Francisco, busco aprofundar minha experiência de encontro com o Senhor, trazendo para a minha oração a realidade concreta na qual estou envolvido, a situação pela qual passa o mundo, a região pan-amazônica, a minha cidade ou comunidade, a Igreja etc. Procuro perceber os apelos de mudança que Deus me faz e peço forças para concretizá-los, a fim de que o meu louvor a Ele se manifeste em obras concretas de compromisso pela vida, na defesa da nossa Querida Amazônia, dos seus povos e dos pobres da Terra. Concluo com um Pai-Nosso e uma Ave-Maria.  FRASE PARA ME AJUDAR A CONTINUAR MEDITANDO NESTE DIA A Amazônia querida apresenta-se aos olhos do mundo com todo o seu esplendor, o seu drama e o seu mistério. (Querida Amazônia, 1)  Pe. Adelson Araújo dos Santos, SJ