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A PRESIDÊNCIA DO REGIONAL NORTE 1 REÚNE-SE PARA AVALIAR E PLANEJAR AS AÇÕES

A Presidência do Regional Norte 1 reuniu-se no dia 20 de agosto, no Seminário Arquidiocesano São José, com a presença de Dom Edson Tasquetto Damian, Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira e Presidente do Regional; Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Manaus e Vice-Presidente do Regional; Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, Bispo da Prelazia de Borba e Secretário do Regional; e do Diácono Francisco Andrade de Lima, Secretário Executivo do Regional. Nesta, foi feita uma análise da realidade que estamos vivendo em tempo de pandemia. Destacando grandes desafios como a violência. Comunidades indígenas e ribeirinhas enfrentam ataques violentos de narcotraficantes, de exploradores e até de autoridades públicas, diante destes grandes desafios que respostas podemos dar? A presidência, juntamente com os Bispos do Regional, quer expressar apoio as comunidades afetadas por esta onda de violência, ao mesmo tempo cobrar das autoridades públicas respostas adequadas a esta realidade. Além de refletir a realidade, a Presidência também avaliou o caminho feito neste tempo de pandemia, as Dioceses e Prelazias que compõe o Regional foram se adaptando e se adequando as orientações das autoridades de saúde, conforme a situação agravava ou amenizava os bispos procuravam orientar a ação da sua Igreja particular. Mesmo com a precariedade da internet na Região, realizou-se algumas ações de forma virtual, já com relação as celebrações o meio mais comum foram as transmissões via rádio e redes sociais, vivenciamos a experiência da “Igreja Doméstica”. Mas também foi momento de olhar para o futuro, planejar a vida do Regional neste segundo semestre, e o grande foco é a 48ª Assembléia Regional que ocorrerá nos dias 23 a 26 de novembro. Esta assembleia ocorrerá de forma presencial seguindo todas as orientações e cuidados exigidos pelas autoridades de saúde. O Caminho está sendo feito pela arquidiocese, dioceses e prelazias do Regional, está sendo trabalhado um instrumento preparatório, que segue as orientações das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, também do caminho que fizemos desde a preparação até a Exortação Pós Sinodal Querida Amazônia do Papa Francisco e em novembro o regional aprovará suas novas diretrizes. A Presidência do Regional encerrou a reunião com a presença dos Seminários de nossas dioceses e Prelazias em um almoço, com muita partilha das histórias vividas neste tempo em que somos convidados a “não perder a esperança”.

A REPAM pede ação unitária para evitar uma tragédia humanitária e ambiental na Amazônia

Por Pe. Luis Modino Uma tragédia humanitária e ambiental é o grande perigo que a Amazônia enfrenta, um território de 33 milhões de habitantes, incluindo 3 milhões de indígenas de 400 povos diferentes, além de 120 povos em isolamento voluntário ou contato inicial. Para dizer a verdade, a região está ameaçada há anos, uma situação que se acelerou nas últimas semanas, o que pode levar a um colapso estrutural. Quem denuncia essa situação é a Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, que em 18 de maio divulgou um comunicado pedindo ação urgente e unificada. A situação está se tornando mais grave a cada dia, porque, apesar da evidente subnotificação do número de casos e mortes, na Panamazônia, como a REPAM coleta todos os dias de dados oficiais, já existem mais de 70.000 infectados e 4.000 mortos, aumentando a cada dia mais nas regiões do interior, onde a população mais vulnerável vive e possui um sistema de saúde muito precário. Entre os povos indígenas, de quase 40 povos diferentes, existem cerca de 550 infectados e aproximadamente 120 mortos, com uma taxa de mortalidade que em alguns países chega a 28%. A REPAM chama a participar dessa ação, “os povos indígenas da Amazônia, a sociedade civil da Pan-Amazônia e do mundo, a Igreja Católica e todas as denominações religiosas relacionadas ao cuidado da Criação, governos, instituições internacionais de direitos humanos, comunidade científica, artistas e todas as pessoas de boa vontade, para unir esforços em defesa da “Amazônia querida, com todo seu esplendor, drama e mistério” (QA 1), uma proposta que leva mais forte nestes dias em que estamos comemorando a Semana Laudato Si. O documento, assinado pelos cardeais Claudio Hummes e Pedro Barreto, presidente e vice-presidente da REPAM, juntamente com seu secretário executivo, Mauricio López, alerta sobre a devastação que paira sobre a Amazônia como resultado da “pandemia de Covid-19 que atinge os mais vulneráveis e o aumento descontrolado da violência nos territórios”, denunciando que “a dor e o grito dos povos e da terra se fundem no mesmo clamor”. O Sínodo da Amazônia transformou a Igreja em uma aliada dos povos indígenas, apoiando-os, agora também, que pensam em “construir seu futuro neste momento difícil da pandemia”, adotando as palavras do cardeal Hummes. Essa atitude está sendo assumida por “uma Igreja que está arriscando a vida e acompanhando situações particulares”, diz Mauricio López, nos diferentes países da Panamazônia, detalhando no comunicado as diferentes realidades presentes na região, principalmente no que se refere aos povos indígenas, cujos direitos fundamentais não são respeitados: informações em seus próprios idiomas, insegurança alimentar, atendimento médico diferenciado, facilitando o retorno às comunidades, entre outros. Juntamente com o perigo da pandemia, a declaração da REPAM denuncia a presença do “vírus da violência e saques na Amazônia”, onde “a mineração e o desmatamento ilegal em terras indígenas da região ainda estão em pleno andamento”. Frente a essas e outras situações, como o derramamento de óleo na Amazônia equatoriana, os governos fecham os olhos, apoiando, como acontece no Brasil, medidas que favorecem a invasão de terras indígenas ou a extração de ouro na Guiana. Seguindo as palavras do Papa Francisco na Querida Amazônia, a declaração pede uma ação global em defesa da Amazônia, que promova o cuidado das pessoas e ecossistemas como algo inseparável. Isso não pode esperar, porque “estamos em um momento decisivo para a Amazônia e para o mundo”, afirma a REPAM, que provoca dois caminhos possíveis, por um lado “a gestação de novas relações inspiradas na ecologia integral”, e por outro, se nos deixarmos levar pelo medo, interesse ou pressão, “a perda dos sonhos do Sínodo”. Estamos em um momento de solidariedade planetária, nas palavras do Papa Francisco, de apoiar “os povos indígenas da Amazônia, porque eles estão nos ignorando”, conforme enfatizado por Gregorio Díaz Mirabal, coordenador da COICA. Trata-se de enfrentar uma situação que em muitos casos é causada “pela inação, pela irresponsabilidade, pela cumplicidade”, diz o Secretário Executivo da REPAM, algo que, segundo ele, sempre “busca favorecer grupos de poder” . Por esse motivo, “a REPAM e a Igreja, fiéis ao chamado do processo sinodal, da exortação do Papa Francisco, sentem-se chamadas a defender a vida, defender os direitos, defender os territórios, junto com os povos indígenas, sua cultura, sua diversidade, que sonha com uma Amazônia que seja uma canção de vida, que seja um mistério, mas também atendendo a tantos gritos dos pobres e da Irmã Mãe Terra ”, conclui Mauricio López. CONFIRA NA ÍNTEGRA REPAM convoca para uma ação urgente e unificada,  a fim de evitar uma tragédia humanitária e ambiental  Colapso estrutural na Amazônia  Uma força enorme de proporções nunca vistas está devastando a Amazônia, em duas dimensões que se combinam de forma brutal: a pandemia do Covid-19, atingindo corpos vulnerabilizados, e o aumento descontrolado da violência sobre os territórios. A dor e o grito dos povos e da terra se fundem em um mesmo clamor.   “Os povos pediram que a Igreja fosse uma aliada, uma Igreja que estivesse com eles, uma Igreja que apoiasse o que eles decidem, o que eles pretendem e de que forma eles pretendem construir o seu futuro nesse momento tão difícil da pandemia” (Cardeal Dom Cláudio Hummes).  Nos diversos países da Pan-Amazônia, a Igreja está ecoando apelos e pedidos de socorro, num contexto que ameaça a sobrevivência desse bioma e de seus povos.  Na Bolívia1, os povos indígenas denunciam o governo por falta de coordenação e de consulta na prevenção e combate à pandemia; destacam, inclusive, que todas as informações não são divulgadas nos idiomas originários reconhecidos pela Constituição.  Na Colômbia2, os bispos reconhecem os esforços do governo, mas ressaltam que “os indígenas, camponeses e afrodescendentes são os grupos mais em risco, porque já se encontravam em situação de pobreza estrutural, em condições de insegurança alimentar e desnutrição, sem acesso à saúde e à água potável”.  A insegurança alimentar dos povos indígenas é uma preocupação também na Venezuela3, onde esses povos sentem-se ameaçados pelo possível contágio por meio das atividades de mineração ilegal em seus territórios e…
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Campanha “A Amazônia precisa de você” tem apoio de bispos do Regional Norte 1

A mobilização com apoio da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é promovida em parceria com as Pontifícias Obras Missionárias e estará relacionada à iniciativa da CNBB e da Cáritas Brasileira “É Tempo de cuidar”, mas com a intenção de arrecadar recursos, “principalmente para as dioceses que estão muito necessitadas”. Vatican News “A Amazônia precisa de você” é a campanha que será lançada nas redes sociais na próxima segunda-feira, 18 de maio, numa realização da Rede Eclesial Pan-Amazônica no Brasil (Repam-Brasil) e Pontifícias Obras Missionárias (POM). A iniciativa tem por objetivo mobilizar as pessoas para a solidariedade diante da situação dos povos amazônicos. “A gente sabe que é um problema mundial, mas tem afetado muitos povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e isso tem preocupado muito a gente, porque estamos sem recursos nenhum, faltando EPIs para médicos, enfermeiros, as pessoas que estão circulando”, afirmou a irmã Maria Irene Lopes, assessora da Comissão e secretária executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica no Brasil. A mobilização com apoio da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é promovida em parceria com as Pontifícias Obras Missionárias e estará relacionada à iniciativa da CNBB e da Cáritas Brasileira “É Tempo de cuidar”, mas com a intenção de arrecadar recursos, “principalmente para as dioceses que estão muito necessitadas”, explicou a religiosa, acrescentando que “algumas situações precisam do dinheiro. Nós estamos com muitas cestas básicas paradas porque não tem combustível. Daí a necessidade de ter um recurso para que tudo o que está sendo arrecadado chegue ao seu destino”. O tema foi debatido na reunião virtual realizada na última quinta-feira, 14, pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Esta é a segunda reunião realizada pela comissão com os novos membros: dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus (AM); dom José Ionilton, bispo da prelazia de Itacoatiara (AM), e dom Evaristo Pascoal Spengler, bispo da prelazia do Marajó (PA). Antes de acrescentar os novos integrantes, a Comissão para a Amazônia era composta pelo arcebispo emérito de São Paulo (SP), cardeal Cláudio Hummes, que preside o grupo; o arcebispo de Porto Velho (RO), dom Roque Paloschi; e o bispo emérito do Xingu (PA), dom Erwin Kräutler. O encontro foi uma oportunidade para fazer uma análise de conjuntura, principalmente diante da devastação pela qual passa a Amazônia, a questão da pandemia de Covid-19 na região e como podem incidir nacional e internacionalmente diante das complicações que surgem a partir Sensibilização Além do número de casos de covid-19 e o consequente colapso nos sistemas de saúde da região, os bispos da Amazônia têm denunciado outras situações desafiadoras da região que têm se agravado nos últimos meses também em decorrência da pandemia, como verifica-se na nota divulgada no início deste mês. “O coronavírus que nos assola agora e a crise socioambiental já fazem vislumbrar uma imensa tragédia humanitária causada por um colapso estrutural. Com a Amazônia cada vez mais arrasada, sucessivas pandemias ainda virão, piores do que esta que vivemos atualmente”, denunciaram os bispos e administradores apostólicos de todas as prelazias, dioceses e arquidioceses da Amazônia brasileira. “A nossa nota teve repercussão bastante grande no Brasil e fora do Brasil. No Congresso Nacional, várias frentes aproveitaram da nota para fazer suas falas. A gente está recebendo solicitações da Áustria e de outros lugares para continuarmos intensificando, a partir da nota, essa incidência internacional. E continuar usando pontos da nota nas falas para continuar o grito de todos os bispos da Amazônia”, disse irmã Irene. A iniciativa de sensibilização também pretende envolver atores sociais e eclesiais, além de diálogo com artistas, para “levar os gritos da Amazônia principalmente nas redes sociais, fazer eco do que está acontecendo na Amazônia”. * Com CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Bispos da Amazônia Brasileira exigem medidas urgentes dos governos para combater a Covid-19 na região

De acordo com os bispos em uma nota pública, os dados do coronavírus na região são alarmantes. Eles lembram dos povos tradicionais, que exigem um maior cuidado e tratamento diferenciado, e também das populações urbanas, especialmente das pessoas que vivem nas periferias das grandes cidades. Diante do cenário da pandemia de Covid-19 na Amazônia, 67 bispos que atuam na Amazônia Brasileira assinaram um nota pública divulgada na manhã desta segunda-feira (04). No texto, liderado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB, eles convocam a Igreja e toda a Sociedade para exigir medidas urgentes do Governo Federal, do Congresso Nacional, dos Governos Estaduais e das Assembleias Legislativas. De acordo com os bispos, os dados do coronavírus na região são alarmantes. Eles lembram dos povos tradicionais, que exigem um maior cuidado e tratamento diferenciado, e também das populações urbanas, especialmente das pessoas que vivem nas periferias das grandes cidades. Na nota, eles afirmam que “a região possui a menor proporção de hospitais do país, de baixa e alta complexidades (apenas 10%)”, o que requer uma atuação urgente dos governos. Ao final do texto, que foi traduzido para diferentes línguas, inclusive o Tukano (língua indígena), os bispos convocam toda a Igreja e a sociedade para exigirem 13 pontos aos governos, entre eles: “realizar testagem na população indígena para adotar as necessárias medidas de isolamento e evitar a disseminação da COVID-19; fortalecer as medidas de fiscalização contra o desmatamento, mineração e garimpo, sobretudo em terras indígenas e tradicionais e áreas de proteção ambiental; e revogar o Decreto nº 10.239/2020, voltando o Conselho Nacional da Amazônia Legal para o Ministério do Meio Ambiente, com a participação de representantes da FUNAI e do IBAMA e de outras organizações da sociedade civil, indígenas ou indigenistas como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que atuam na Amazônia”. Eis a íntegra da Nota: NOTA DOS BISPOS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA SOBRE A SITUAÇÃO DOS POVOS E DA FLORESTA EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19 “Às operações econômicas que danificam a Amazônia  há que rotulá-las com o nome devido: injustiça e crime”  “É preciso indignar-se”. (Papa Francisco – Querida Amazônia, 14-15) Nós bispos da Amazônia, diante do avanço descontrolado da COVID 19 no Brasil, especialmente na Amazônia, manifestamos nossa imensa preocupação e exigimos maior atenção dos governos federal e estaduais à essa enfermidade que cada vez mais se alastra nesta região. Os povos da Amazônia reclamam das autoridades uma atenção especial para que sua vida não seja ainda mais violentada. O índice de letalidade é um dos maiores do país e a sociedade já assiste ao colapso dos sistemas de saúde nas principais cidades, como Manaus e Belém. As estatísticas veiculadas pelos meios de comunicação não correspondem à realidade. A testagem é insuficiente para saber a real expansão do vírus. Muita gente com evidentes sintomas da doença morre em casa sem assistência médica e acesso a um hospital. Diante deste cenário de pandemia incumbe aos poderes públicos a implementação de estratégias responsáveis de cuidado para com os setores populacionais mais vulneráveis. Os povos indígenas, quilombolas, e outras comunidades tradicionais correm grandes riscos que se estendem também à floresta, dado o papel importante dessas comunidades em sua conservação. Os dados são alarmantes: a região possui a menor proporção de hospitais do país, de baixa e alta complexidades (apenas 10%). Extensas áreas do território amazônico não dispõem de leitos de UTI e apenas poucos municípios atendem aos requisitos mínimos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em número de leitos e de UTIs por habitante (10 leitos de UTI por 100 mil usuários). Além dos povos da floresta, as populações urbanas, especialmente nas periferias, estão expostas e têm suas condições de vida ainda mais degradadas pela falta de saneamento básico, moradia digna, alimentação e emprego. São migrantes, refugiados, indígenas urbanos, trabalhadores das indústrias, trabalhadoras domésticas, pessoas que vivem do trabalho informal que clamam pela proteção da saúde. É obrigação do Estado garantir os direitos afirmados na Constituição Federal oferecendo condições mínimas para que possam atravessar este grave momento. A garimpagem, a mineração e o desmatamento para o monocultivo de soja e a criação de gado para exportação vêm aumentando assustadoramente nos últimos anos. De acordo com o sistema Deter-B, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento na floresta Amazônica cresceu 29,9% em março de 2020, se comparado ao mesmo mês do ano passado. Contribuem para esse crescimento o notório afrouxamento das fiscalizações e o contínuo discurso político do governo federal contra a proteção ambiental e as áreas indígenas protegidas pela Constituição Federal (Art. 231 e 232). O coronavírus que nos assola agora e a crise socioambiental já fazem vislumbrar uma imensa tragédia humanitária causada por um colapso estrutural. Com a Amazônia cada vez mais arrasada, sucessivas pandemias ainda virão, piores do que esta que vivemos atualmente. Preocupa-nos imensamente o aumento da violência no Campo, 23% a mais que em 2018. No ano de 2019, segundo dados do “Caderno Conflitos no Campo Brasil 2019”, da Comissão Pastoral da Terra (CPT Nacional), 84% dos assassinatos (27 de 32) e 73% das tentativas de assassinato (22 de 30) aconteceram na Amazônia. Causas do aumento da violência no campo e do desmatamento da floresta amazônica são sem dúvida a extinção, sucateamento, desestruturação financeira e a instrumentalização política de órgãos como o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e de órgãos de fiscalização e de controle agrícola, ambiental e trabalhista. Inquieta-nos também a militarização da Conselho Nacional da Amazônia Legal, conforme Decreto nº 10.239, de 11 de fevereiro de 2020, formado somente pelo governo federal, sem a participação dos estados, dos municípios, nem da sociedade civil, e a sua transferência do Ministério do Meio Ambiente para a Vice-Presidência da República. Nós, bispos da Amazônia brasileira que assinamos esta nota, convocamos a Igreja e toda a Sociedade para exigir medidas urgentes do Governo Federal, do Congresso Nacional, dos Governos Estaduais e das Assembleias Legislativas, a fim de:…
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Ordenado o primeiro diácono permanente do povo tikuna em Belém do Solimões

Os pequenos passos que estão sendo dados nos ajudam a fazer realidade os novos caminhos para a Igreja, tornar realidade os sonhos e todo o trabalho realizado ao longo de anos. Este 15 de março foi um dia histórico, um momento de imensa alegria na vida da diocese de Alto Solimões, localizada na parte brasileira da tríplice fronteira que o país faz com a Colômbia e o Peru. Texto e fotos: Luis Miguel Modino. O diácono permanente Antelmo Pereira Ângelo, um dos líderes do povo Tikuna, que tradicionalmente habita essa região, foi ordenado diácono permanente nesta diocese, especificamente na paróquia de São Francisco de Assis, em Belém do Solimões. O povo tikuna se espalha atualmente nos três países, sendo um dos povos mais numerosos que atualmente habitam a região amazônica. O novo diácono é pai de nove filhos e professor. Quem o conhece o define como um homem fervoroso, movido por um grande impulso missionário. Mensalmente, junto com sua esposa e outros missionários, visitam as comunidades da região. Nesse sentido, podemos dizer que a vocação diaconal tem sido algo adotado na família, que amadureceu ao longo de 4 anos de formação. No final da celebração, o próprio Antelmo reconheceu que sempre sonhara realizar algo de bom em sua vida. Ele próprio disse que alguém havia lhe dito para ser vereador, o que ele rapidamente percebeu que não era o que ele queria. Somente depois de muitos anos essa possibilidade de ser diácono apareceu e ele abraçou essa vocação como uma maneira de fazer o bem, de se dedicar à vida da Igreja e de seu povo. A ordenação não foi algo isolado na vida da paróquia, que há anos tenta fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico e rosto indígena, uma realidade na qual o Papa Francisco tem insistido tanto em todo o processo sinodal. De fato, a ordenação fez parte da celebração de encerramento de uma formação sobre leitura orante do povo Tikuna, bem como de diferentes ministérios e da Campanha da Fraternidade, que este ano reflete sobre o cuidado da vida, uma urgência nestes tempos difíceis que estamos vivendo em nosso planeta. 130 líderes tikuna participaram desta reunião por 4 dias, e estiveram presentes na ordenação diaconal de seu parente, em quem, sem dúvida, muitos podem ver um exemplo a seguir. Neste encontro de formação, um pequeno grupo foi criado para a inculturação do Evangelho na cultura tikuna. Algumas medidas já foram tomadas nesse sentido, como a tradução da Bíblia para crianças e várias músicas foram criadas pelos cantores das próprias comunidades. Essas não são músicas traduzidas de outros idiomas, mas músicas nas quais a letra e a música são locais, incluindo textos da Bíblia traduzidos para o tikuna. Numa paróquia com rosto indígena, como a de Belém do Solimões, na noite anterior à ordenação foi realizada uma vigília na qual foi introduzida a leitura de um mito tikuna e cada um foi se pintando de acordo com o povoe a que pertence. Junto com isso, a ornamentação da Igreja foi um momento para entender mais uma vez a capacidade que os povos originários têm de trazer para a Igreja toda a beleza da natureza, usando plantas da região e elementos da cultura. local. Na própria ordenação, foi visto que a interculturalidade é algo que pode ser realizado na vida da Igreja. A celebração começou ao lado de um igarapé, ao lado da Igreja, com uma dança tradicional que é realizada na festa da menina moça, em que as adolescentes passam para a idade adulta, acompanhados de instrumentos tradicionais. De lá, a dança os acompanhou até a entrada na Igreja, momento em que o bispo, Dom Adolfo Zon, que tem assumido concretizar tudo o que tem sido vivido durante o processo sinodal, vestiu as roupas litúrgicas para o diácono que ia ser ordenado, estando ele acompanhado por sua esposa e filhos. Esta liturgia inculturada é uma prática habitual nas celebrações da Paróquia de São Francisco de Assis, em Belém do Solimões. De fato, as missas geralmente começam com um ministro da Palavra presidindo, que faz a liturgia da Palavra. Juntamente com o bispo local, alguns padres da diocese, que participaram do processo de formação do novo diácono, estiveram presentes na celebração. No momento da prostração, teve dois gestos indígenas muito significativos. Entrou uma esteira, feita de palha de buriti, tecida pelas mulheres, exatamente como as feitas para a festa da menina moça, na qual ele se prostrou. Junto com isso, outro tapete, em formato circular, típico da mesma festa e símbolo de proteção de todas as forças da natureza. O novo diácono, que trabalha como agente pastoral há muitos anos, segundo Dom Adolfo Zon, assumindo seu novo serviço, “continuará esse trabalho de acompanhamento às comunidades que estão no beiradão”. O bispo local insiste em que “ele ajudará as comunidades a se organizarem e também a criar as condições para que eles possam ter os ministérios do leitorado, acolitado ou líder da comunidade”. De fato, o bispo destaca que os próprios indígenas são os que melhor podem realizar esse trabalho. Nesse sentido, a ordenação de Antelmo possibilitará, segundo Dom Adolfo Zon, uma maior proximidade com as comunidades e uma ajuda ao trabalho que o padre da paróquia já vem realizando. O bispo destaca que o trabalho que o novo diácono deve realizar, em sua própria língua, possibilitará “uma ministerialidade cada vez mais inculturada”.

CIMI do Regional Norte 1 realiza sua 40.a Assembleia em Manaus

Aconteceu entre os dias 14 e 16 de fevereiro, no Centro de Formação Xare, Manaus – Amazonas.  A temática foi ” Terra, água e territórios:  Sínodo da Amazônia e fortalecimento da causa dos povos indígenas. Durante os três dias de atividades, os/as missionários/as das equipes do CIMI das bases, lideranças indígenas, representantes dos movimentos indígenas, convidados/as, aliados e parceiros da causa indígena, estiveram numa só canoa, numa só perspectiva, de refletir, discutir e traçar estratégias de ações em defesa dos direitos dos povos indígenas, espaço ainda para o fortalecimento da espiritualidade militante para o impulsionamento da força do Espírito Santo as missões junto aos irmãos indígenas. Houve a participação expressiva dos Bispos do Regional Norte 1, manifestando apoio à missão junto aos povos indígenas. Por  Fábio  Pereira, agente do CIMI da Prelazia de Tefé.

Bispos manifestam repúdio ao projeto de lei que estabelece condições para pesquisa e lavra de recursos minerais

Os bispos do Regional Norte 1 –  Amazonas e Roraima, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, reunidos em na Prelazia de Itacoatiara – AM, de 10 a 13 de fevereiro de 2020, produziram um manifesto em repúdio ao Projeto Lei que visa estabelecer “condições específicas para a pesquisa e lavra de recursos minerais em terras indígenas”, proposto pelo Poder Executivo Federal, e qualquer outra iniciativa do Executivo Federal que atinge os povos indígenas isolados de recente contato no Brasil.  Nesta, renovam a solidariedade aos povos indígenas e reafirmam o apoio às lutas pelos seus direitos, como brasileiros, destacando a também preocupação do Papa Francisco com estes povos, muito  citada em suas declarações e na recente Exortação Apostólica Querida Amazônia.  Confira na íntegra:   

Regional Norte I realiza retiro das suas pastorais promovendo reflexão e avaliação das atividades de 2019

Aconteceu, nos dias 13, 14 e 15 de dezembro, o retiro das Coordenações de Pastorais do Regional Norte I – Amazonas e Roraima, realizado na Chácara Dom Luciano Mendes de Almeida, Km 43 da AM 010 (Chácara dos Jesuítas). Contou com a participação da liderança do Regional, sendo cerca de 23 participantes, entre eles o  secretário executivo do regional, o Diácono Francisco Andrade de Lima, que conduziu o retiro durante os três dias de encontro. O encontro iniciou com a reflexão do cuidado de si, assim como também o cuidado do próximo. Na manhã de sábado(14/12) foram trabalhadas três dimensões muito importantes, uma breve reflexão sobre a vida dos mártires como o indígena Humberto Peixoto entre outras  vidas que foram ceifadas devido ao trabalho de evangelização e cuidado do seu povo. Dentro das reflexões e estudo esteve: Serviço – Comunidade:  Casa espaço de encontro (DGAE 132-133); Casa – Lugar da ternura (DGAE 134-137); Casa – Lugar de portas abertas (DGAE141); e Quem é o meu próximo? O Sínodo, realizado no mês de outubro, em Roma, convocado pelo Papa Francisco, foi tema de partilha de experiências através do Padre Paulo Tadeu e da Irmã Rose Bertoldo que estiveram presentes neste importante evento. Em outro momento foram  realizadas reflexão e partilha sobre o serviço como dom da vida, uma pequena dinâmica sobre como partilhar e oferta do dom do serviço de cada pastoral nas suas dimensões. No último momento, houve o estudo e reflexão sobre o tema “Solidariedade – o Amor como êxodo compassivo”,  o Estudo do texto bíblico Lucas 10, 25 -37 – O bom Samaritano, recordando a vida, através da luz de Deus que nos ilumina e ilumina os nossos espaços de evangelização. Ao final, foi realizada a partilha das experiências do caminhar das pastorais e um breve planejamento  para 2020 de todo o processo de formação e perspectivas como será e como serão realizadas as atividades do Regional Norte I. Por Francilma Grana

CNBB emite nota sobre o desrespeito à fé cristã

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota na tarde desta quinta-feira, 12 de dezembro, na qual critica a postura de artistas que, em nome da liberdade de expressão, vilipendiam símbolos sagrados da fé cristã. “Ridicularizar a crença de um grupo, seja ele qual for, além de constituir ilícito previsto na legislação penal, significa desrespeitar todas as pessoas, ferindo a busca por uma sociedade efetivamente democrática, que valoriza todos os seus cidadãos”, diz o texto. Confira abaixo a íntegra do documento. No áudio abaixo, a nota é lida pelo arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo. Nota ofical da CNBBsobre o desrespeito à fé cristã Examinai tudo e ficai com o que é bom! (1 Ts 5,21) A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) repudia recentes fatos que, em nome da liberdade de expressão e da criatividade artística, agridem profundamente a fé cristã. Ridicularizar a crença de um grupo, seja ele qual for, além de constituir ilícito previsto na legislação penal, significa desrespeitar todas as pessoas, ferindo a busca por uma sociedade efetivamente democrática, que valoriza todos os seus cidadãos. A Igreja nunca deixou de promover a arte e a liberdade de expressão. Por isso, a CNBB reitera que toda produção artística respeite “os sentimentos de um povo ou de grupos que vivem valores, muitas vezes, revestidos de uma sacralidade inviolável”. Quando há desrespeito em produções midiáticas, os meios de comunicação tornam-se violentos, verdadeiras armas que contribuem para ridicularizar e matar os valores mais profundos de um povo. Vivemos em uma sociedade pluralista. Nem todos têm as mesmas crenças. Devemos, no entanto, como exigência ética e democrática, respeitar todas as pessoas. Nada permite a quem quer que seja o direito de vilipendiar crenças, atingindo vidas. O direito à liberdade de expressão não anula o respeito às pessoas e aos seus valores. Neste tempo de Advento, somos convocados a permanecer firmes na fé, constantes na esperança e assíduos na caridade. Não podemos nos deixar conduzir por atitudes de quem, utilizando a inteligência recebida de Deus, agride esse mesmo Deus. Um dia, haveremos de prestar contas de todos os nossos atos. Diante, pois, dessas agressões, respeitando a autonomia de cada pessoa a reagir conforme sua consciência, a CNBB clama a todos os cidadãos brasileiros a se unirem por um país com mais justiça, paz, respeito e fraternidade. Brasília-DF, 12 de dezembro de 2019Festa de Nossa Senhora de Guadalupe Dom Walmor Oliveira de AzevedoArcebispo de Belo Horizonte – MGPresidente da CNBB Dom Jaime SpenglerArcebispo de Porto Alegre – RS1º Vice-Presidente da CNBB Dom Mário Antônio da SilvaBispo de Roraima – RR2º Vice-Presidente da CNBB Dom Joel Portella AmadoBispo Auxiliar de S. Sebastião do Rio de Janeiro – RJSecretário-Geral da CNBB

Regional promove Seminário sobre a Campanha da Fraternidade 2020 – Dom e Compromisso

“Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34)  foi a temática geral trabalhada no Seminário sobre a Campanha da Fraternidade – CF 2020, evento promovido pelo Regional Norte 1- Amazonas e Roraima, no último fim de semana (29 de novembro a 1 de dezembro) e contou com um pouco mais de 100 participantes oriundos das nove prelazias e dioceses do regional, e a participação do bispo da Diocese do Alto Solimões, Dom Adolfo Zon, que apresentou uma introdução sobre a CF 2020, cujo tema será “Fraternidade e vida: dom e compromisso” e visa despertar para o sentido da vida como dom e compromisso, recriando relações fecundas na família, na comunidade e na sociedade, à luz da palavra de Deus. Também assessorou o encontro a Irmã Eurides Alves, da Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria e da Rede Um Grito Pela Vida. Ela trabalhou a metodologia VER, na qual apresentou a situação atual das problemáticas levantadas pela CF 2020, mostrando diversos dados preocupantes, que incluem exploração do trabalho infantil, violência e exploração sexual de crianças e adolescentes; assassinatos de crianças; desigualdades sociais enquanto  raiz da pobreza e das exclusões; desigualdade econômica que mata, gerando pobreza, tráfico, roubo e pobreza; desigualdade social que gera falta de assistência médica, de educação, de moradia, de emprego, etc…;  a violência contra povos indígenas e seus territórios e contra as mulheres (estupros, feminicídio, homicídios, etc). Além dos dados, Irmã Eurides promoveu reflexões de como os presentes lidam com as realidades apresentadas e o papel de todos para mudar essa realidade, a começar por cada um e pela educação dada às crianças hoje, incentivando para uma cultura de paz e de amor e cuidado para com o próximo. Já a Irmã Telma Lage, do Centro de Migrações e Direitos Humanos (CMDH) da Diocese de Roraima, conduziu de forma orante e reflexiva a metodologia do JULGAR/DISCERNIR (…, Sentiu  compaixão, …..), conduzindo os presente para a importância da empatia pelo que sofre, “compaixonar-se”, se colocando no lugar do outro.  Ela afirmou que é preciso ter a consciência de que a campanha inicia em nós, que é necessário fazer o que se propõe na própria vida para depois agir na realidade e que sentir compaixão do outro é romper com a indiferença. “É preciso ressignificar a ação do samaritano. Nossas escolhas tem que ser pensadas a partir da necessidade do outro (do que o outro carece). Somos chamados a percorrer o mesmo caminho do samaritano, que é a figura de Cristo. Sintonizar o nosso coração com o coração de Jesus[…]. A CF ao tratar a vida como “dom e compromisso” nos convida a uma conversão pessoal, comunitária, social e conceitual em relação à justiça que nutrimos”, afirmou Irmã Telma. Por fim, na manhã de domingo (1/12), o diácono Francisco Lima, secretário executivo do Regional Norte 1 – AM/RR, trabalhou a terceira parte da metodologia, o AGIR  (…, e cuidou dele), elencando alguns pontos, como: Compromisso com a vida, Compromisso pessoal; Renovação familiar; viver em comunidades eclesiais missionárias; e os gestos concretos propostos (jornada mundial dos pobres e coleta da solidariedade). Também afirmou que para pensar ações que transformem a realidade, é preciso observar quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. No encerramento, houve o envio dos participantes para que estes, ao retornar para as suas prelazias, dioceses, comunidades, paróquias, etc., assumam o compromisso de serem multiplicadores do que a campanha da fraternidade propõe no tocante do compromisso com a vida.