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Artigo: Não percamos a esperança, busquemos novos caminhos

Diácono Francisco Andrade de Lima Secretário Executivo do Regional Norte 1 da CNBB Quando analisamos a realidade, tudo parece estar perdido, nada faz sentido, os desafios, as dificuldades parecem nos vencer, a impressão que dá é que estamos literalmente no “fundo do poço”. Os grandes meios de comunicação divulgam notícias de morte, violências de todo tipo: contra migrantes, mulheres, jovens, crianças, idosos… a Amazônia literalmente ardendo em chamas, estamos vivendo uma guerra? No seio da Igreja tudo, não é diferente, cada vez mais difícil encontrar consensos, o Papa lança documentos, encíclicas, convoca a Igreja para Sínodos: família, juventude, Amazônia, mas ainda assim muitas divisões, críticas, disputas… será que estamos prestes a um cisma, uma divisão? A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil segue a mesma direção do Papa, lança documentos: Iniciação a Vida Cristã, Ministros da Palavra, Diretrizes para a Ação Evangelizadora… Junto com outras organizações, realizou a assembleia do Povo de Deus, anualmente propõe reflexões através de campanhas: Fraternidade, Missionária, Evangelização, mas ainda assim, parece que estamos sem rumo. O que está acontecendo com o mundo? Com a Igreja? Com as lideranças? Quando olhamos ao nosso redor, começamos a ver que não, não estamos tão perdidos assim, mesmo com as más notícias veiculadas nos grandes meios de comunicação, com toda esta conjuntura que nos cerca, encontramos sinais de esperança, de resistência. Muitas ações pelo mundo a favor da vida, lideranças religiosas colocando suas vidas a serviço da vida ainda que sejam martirizadas, presas; pastorais, organismos movimentos, lutam e defendem a vida. Com todos os desafios e críticas, os Sínodos da Juventude e da Família aconteceram, muitos frutos estão sendo colhidos. O processo do Sínodo para a Amazônia aos poucos vai sendo entendido, e vamos vivendo e fazendo um caminho sinodal, um caminhar juntos. A CNBB com suas novas Diretrizes para a Ação Evangelizadora, traz a preocupação com a evangelização do mundo urbano, sem esquecer as comunidades do mundo rural, todos rumo a uma Igreja cada vez mais missionária, acolhedora e em saída. Mas quando saímos deste ambiente mais acadêmico, midiático, de organização das instâncias maiores, e adentramos lá onde a vida acontece, nas comunidades, aí vamos encontrar concretamente estes sinais de esperança sonhados nos documentos, nas grandes instâncias, às vezes sem ao menos saber da existência destas reflexões. No mês de julho fiz a experiência de participar de um encontro das Comunidades da Prelazia de Tefé, na Paróquia de São José, Município de Jutaí, com mais de 1000 pessoas envolvidas, muitos jovens presentes e protagonizando aquele encontro, ali pude testemunhar a sinodalidade da Igreja: Bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas, missionários, missionárias, leigos e leigas todos juntos, fazendo a experiência de uma Igreja circular que caminha junto. A Prelazia de Borba, ainda no mês de julho reúne 300 jovens em um Congresso na cidade de Novo Aripuanã, um sinal de que estas Comunidades não estão acabando, tem continuidade. No final do mês de julho novamente os jovens protagonizam um grande encontro na Prelazia de Itacoatiara, vindos das dioceses e prelazias: Manaus, Alto Solimões, São Gabriel da Cachoeira, Roraima, Parintins, Coari, Borba, Tefé, Itacoatiara, refletindo a vida e a missão nesta região.     A Pastoral Familiar do Regional se reuniu na Diocese de Coari, a luz do Sínodo para a Amazônia, fizeram uma reflexão da missão e dos desafios das famílias nesta grande região. A Cáritas de todos os Regionais da Amazônia se reúnem em Boa Vista na Diocese de Roraima, para refletir a missão e seus desafios, levando em conta toda esta realidade dos Migrantes, sobretudo, Venezuelanos nesta região. Seguindo estes sinais, testemunhei uma outra atividade importante na Região, o II Congresso das Comunidades Cristãs da Diocese de Cametá, celebrando 50 anos de caminhada, bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas, seminaristas, leigos e leigas, participando, mas de 1000 mil pessoas envolvidas. Encerrando o mês de agosto os Bispos e representantes dos Regionais da Amazônia Legal, se reuniram em Belém, para aprofundar o Instrumentum Laboris do Sínodo Para a Amazônia, sempre na busca de novos caminhos. Estes são apenas alguns dos sinais de esperanças que pude vivenciar e testemunhar, mas muitos outros aconteceram neste mesmo período. Desde os primeiros tempos, Jesus insiste que é importante não estar sozinhos, seu grande ensinamento foi o amor a outra pessoa, formou a comunidade dos apóstolos, dos discípulos e discípulas, foram perseverantes, viveram a fé, podemos encontrar todos estes sinais e ensinamentos da Palavra de Deus, nos tempos atuais. Esta história continuou e está presente nos nossos dias. Muitas comunidades, com muitos nomes: cristãs, eclesiais de base, missionárias… com tantas inspirações, espiritualidades, mas todas buscando o mesmo objetivo: caminhar, testemunhar, partilhar, se encontrar, comprometer-se. Portanto, não podemos nos desanimar diante de tão grandes desafios que parecem nos esmagar, nos apagar, neutralizar, procuremos nos alegrar, nos animar, com estes pequenos sinais de esperança que vamos encontrando ao longo do caminho, sejamos como Maria, que “guardava tudo em seu coração”, mas que quando começar a faltar o vinho, estejamos decididos quanto ela e digamos, “façam o que ele vos disser”. E ainda, precisamos ser como as mulheres que chegaram ao Túmulo e ao entrarem e encontraram vazio, “saíram e anunciaram”. Anunciemos estas pequenas, mas boas notícias, assim vamos alimentando a esperança e transformando a realidade sempre a partir de perto de nós, assim como a Boa Notícia de Jesus, que começa com um pequeno grupo de pastores e chega até nós hoje.

Encontro de comunicadores é realizado em Manaus para articular a Pascom do Regional Norte 1 e formar rede de divulgação da Amazônia

Visando articular referenciais de comunicação das dioceses e prelazias pertencentes ao Regional Norte 1 da CNBB, aconteceu entre os dias 6 e 8 de setembro, em Manaus, no Centro de Treinamento Maromba, o primeiro Encontro de Comunicadores em parceria com a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), que também enviou o seu assessor de comunicação, Paulo Martins para assessorar o encontro. Ao todo, estiveram presentes cerca de 40 comunicadores vindos de Manaus, Tefé, Alto Solimões, Coari, Borba, Itacoatiara e Roraima, que atentos entenderam o conceito e processo de comunicação atual e a necessidade de se realizar uma comunicação popular, comunitária e alternativa, onde há a participação de todos os envolvidos no assunto, em uma era 4.0, que além de participar e construir a mensagem, leva-se em conta a experiência e a história de cada um. Também se pensou um plano de comunicação para o Regional Norte 1 e uma rede de comunicadores auxiliando na disseminação e produção de conteúdos próprios de cada realidade, a partir de uma consciência de que todo está interligado. O secretário executivo do Regional Norte 1, Francisco Lima, que organizou este encontro junto ao Comitê Repam, afirmou ter sido este um momento importante de encontro, partilha de experiências, convivência e fortalecimento, e que o próximo passo é continuar articulando esta rede de pessoas que ajudam a dar visibilidade aos invisíveis de nossas comunidades, de forma a tecer a história e construir redes em favor da Amazônia. Esteve presente no encontro o arcebispo da Arquidiocese de Manaus e bispo referencial para a Comunicação do Regional Norte 1, Dom Sergio Castriani, que além do apoio dado pela Repam e mostrou-se satisfeito com o incentivo dado e com a presença daqueles que têm potencialidade de desenvolver-se no campo da comunicação em sua diocese e prelazia. “Viemos aqui fazer um projeto de Pastoral da Comunicação. Conhecemos as dificuldades e os desafios do nosso regional. As distâncias que não seriam problema se tivéssemos dinheiro, mas não temos. Também a falta de compreensão da parte dos pastores que estão sempre ocupados e não nos acompanham e os problemas familiares e de trabalho. Mas ainda sim queremos fazer Pastoral, queremos comunicar a vida que encontrei na igreja com Jesus e os irmãos”, disse Dom Sergio aos participantes. A comunicadora e membro da equipe da Pascom da Arquidiocese de Manaus, Francilma Grana, destacou a importância do encontro de representantes de alguns municípios e o conhecimento partilhado para a formação de uma rede de comunicadores.  “Com a troca de experiências, oficinas, reflexões, articulações, conhecimento sobre a Repam, sobre comunicar para transformação social; refletir sobre o ambiente, o nosso quintal , criando sistema vivo e aberto da comunicação comunitária, popular e alternativa. Comunicar para transformar, para evangelizar, denunciar, anunciar, dar voz e vez para quem não tem, espaço de escutar, de processo de construção da leveza da comunicação na Amazônia. Obrigada pelo colóquio e reflexão sobre a Rede. Foram três dias de muitas partilhas, trocas de experiências e oração. Tenho certeza que o conhecimento e a construção destas articulações é começo de muita coisa boa que vem por aí antes, durante e após o Sínodo para a Amazônia, o novo de Deus que sopra sobre nós”, afirmou Francilma Grana. Confira as fotos na fanpage do Regional Norte 1 https://web.facebook.com/pg/cnbbnorte1/photos/?tab=album&album_id=905213519862437

Migração e Políticas Públicas é tema de seminário realizado pela Pastoral do Migrante

A Pastoral do Migrante do Regional Norte 1 da da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizou de 30 de agosto a 1 de setembro, no Centro de Treinamento Maromba, o Seminário Migração e Políticas Públicas, com o tema “Acolher, Proteger, Promover, Integrar e Celebrar. A luta é todo dia!”. Estiveram no evento representantes das dioceses e prelazias do Regional Norte 1 e Dom Mário Antônio, bispo da Diocese de Roraima e segundo vice-presidente da CNBB; e Dom Edson Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira e presidente do Regional Norte 1. Na oportunidade, houve a apresentação sobre o contexto da migração dentro dos estados de Amazonas e Roraima; discussão sobre a necessidade de políticas públicas migratórias; reflexão a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2019 que será celebrado no dia 29 de setembro de 2019 – “Não se trata apenas de migrantes”, onde propõe uma globalização da solidariedade e da acolhida daqueles que necessitam sair de sua cidade, seu país em busca de sobrevivência; mapeamento da realidade migratória em cada diocese e prelazia dentro do Regional Norte 1; e propostas para caminhos que ajudem a fortalecer o Serviço Pastoral do Migrante em âmbito regional, a partir do que propõe a Encíclica Laudato Si, no que consiste em valorizar e proteger a vida. A partir da Mensagem que o Papa Francisco escreveu para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2019, que será celebrado no dia 29 de setembro de 2019, Dom Mário Antônio, bispo da Diocese de Roraima e segundo vice-presidente da CNBB, fez uma importante reflexão sobre a nossa atitude diante do irmão migrante. “Não se trata apenas de migrantes, trata-se também de nossos medos, da nossa humanidade, do sentimento de compaixão, de colocar os últimos em primeiro lugar, colocar-se no nível do outro, como Jesus fez. Ele se colocou junto deles, na mesma condição que eles, a serviço deles. Não se trata apenas de migrantes, trata-se de uma pessoa toda, na sua integralidade. Diante do cerne da missão de todo cristão que é procurar que todos recebam o dom da vida em plenitude” … “A resposta aos desafios colocados pelas migrações estão quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar, e podemos acrescentar também o verbo celebrar”, destacou Dom Mário. O bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira e presidente do Regional Norte 1 – Amazonas e Roraima, Dom Edson Damian, em total apoio a essa iniciativa esteve presente no seminário e acredita ser um passo importante para estruturar o trabalho que tem sido tão urgente diante do fluxo migratório ocorrido nos últimos anos. “O nosso Norte 1 está feliz e agradecido pelas pessoas que articularam esse seminário, porque o nosso regional vive um momento dramático com esta migração de milhares de irmãos venezuelanos que entram por Roraima, chegam à Manaus e vão se espalhando pela nossa região. O clamor, o grito, a dor, a miséria de nossos irmãos abriu o nosso coração e a nossa mente para assumirmos pra valer a Pastoral do Migrante no Regional Norte 1. É uma das causas comuns que assumimos na última assembleia geral. Agradeço de coração a equipe que veio aqui, com pessoas muito preparadas e que nos motivaram profundamente para levar adiante esta pastoral e a mensagem do Papa Francisco não pode ser mais evangélica, mais questionadora e mais motivadora para que todos nós abramos os nossos corações como bons samaritanos para acolher, integrar, promover e amar profundamente os nossos irmãos migrantes que vão chegando por aqui”, afirmou Dom Edson Damian. A coordenadora da Pastoral do Migrante na Arquidiocese de Manaus e no Regional Norte 1, Rosana Nascimento, afirma ter o objetivo de que, a partir desse seminário, seja possível identificar os serviços existentes em cada diocese e prelazia e dar o apoio para que se estruturem como Pastoral do Migrante e articular as equipes e as ações. “O objetivo é conseguir identificar através das falas deles sobre o que fazem, para a gente fazer esse mapeamento e aí pensar e planejar o que nós da CNBB Regional Norte 1 podemos fazer para articular com as equipes que estão lá nesses locais. Tivemos a presença do Roberto Saraiva, da coordenação nacional, para ver o que temos e a partir do próximo ano a gente consiga incluir essas pequenas ações que acontecem no plano do nosso regional. Também conseguimos captar pessoas da Arquidiocese de Manaus pois temos o desafio de ampliar a Pastoral do Migrante, formando equipes nas paróquias. É uma sementinha que estamos lançando, esperando bons frutos”, afirmou Rosana. Roberto Saraiva, da equipe nacional do Serviço Pastoral do Migrante, esteve em Manaus, neste seminário, para conhecer a realidade local e dar o apoio necessário para a articulação desta pastoral no regional. “A região amazônica é um lugar muito visado pelo mundo inteiro por sua importância e trabalhar esta pastoral é muito importante. Este é o momento ímpar para que se possa discutir a ampliação da Pastoral do Migrante, sempre ligada às realidades locais, com suas dinâmicas diferentes, mas que visam uma ação conjunta com a igreja do Brasil, levando em conta as diversidades, reforçando o que o Papa nos diz: tudo está interligado”, destacou Roberto.

Repam: Em Belém, Igreja da Amazônia reafirma o compromisso com o território

Repam Brasil – 30 de agosto de 2019 Com uma carta aberta para a toda sociedade em que convocam a todos para a sintonia com o Sínodo e o cuidado com a Amazônia, termina o encontro dos bispos e lideranças da Igreja da Amazônia. Realizado no Centro de Espiritualidade Monte Tabor, da Arquidiocese de Belém, o evento teve como objetivo o estudo e preparação dos padres sinodais para a grande assembleia em outubro, no Vaticano. Cerca de 120 pessoas, entre padres, bispos, leigas e leigos e religiosos estiveram no encontro que começou na última quarta-feira (28). Coordenado pelo Cardeal Cláudio Hummes, presidente da Comissão Episcopal Especial para Amazônia/CEA da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB, da Rede Eclesial e relator nomeado para o Sínodo, juntamente com Dom Davi Martinez de Aguirre Guiné, bispo de Puerto Maldonado, no Peru, e Padre Michael Czerny, subsecretário da Seção Migrantes e Refugiados para o Serviço de Desenvolvimento Integral Humano do Vaticano, nomeados secretários do Sínodo para a Amazônia, as atividades ao longo dos três dias oportunizaram aos participantes o estudo do Documento de Trabalho do Sínodo por meio de palestras, orações e grupos de trabalho. Ao final da atividade, Dom Alberto Taveira, arcebispo metropolitano de Belém, agradeceu a todos a participação na atividade. O Cardeal Cláudio Hummes lembrou os bispos do compromisso e responsabilidade que têm na assembleia em Roma, em outubro. “Vamos com coragem e paixão”, afirmou o Cardeal. Dom Mário Antônio, vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil lembrou os participantes sobre a essência do Sínodo: “Quando se quer chegar rápido, se anda sozinho. Quando se quer chegar longe, vamos juntos”, destacou Dom Mário. E completou: “Que o pós-Sínodo seja Amazônico e grandioso, não pelo tamanho, mas pela intensidade e profundidade”, finalizou. Sobre o encontro Para Dom Zenildo Pereira, da Prelazia de Borba/AM, a atividade possibilitou o encontro e o reencontro dos pastores e lideranças de toda a Amazônia brasileira, numa celebração e comunhão de tudo o que foi realizado na caminhada em preparação ao Sínodo. “Os sonhos, as angústias e as urgências pastorais para, à luz do Espírito Santo, encontrar caminhos novos para isso”, disse Dom Zenildo avaliando positivamente a atividade de Belém. A atividade de estudos foi a última oportunidade de encontro da Igreja da Amazônia antes do Sínodo, em outubro. Para Dom Antônio de Assis, bispo auxiliar de Belém, foi uma atividade muito fraterna, profunda, num clima de grande liberdade, de sinceridade, de autenticidades na apresentação dos diversos temas que envolve a vida pastoral da Igreja. “Nós não tomamos decisões, foi uma experiência de discernimento, de apresentação de diversos horizontes e preocupações e eu creio que nós ganhamos com esse processo de crescimento, de estudo, de envolvimento e de maior convicção sobre a necessidade desse evento tão importante”, destacou Dom Antônio sobre a preparação para o Sínodo. Dom Sebastião Lima Duarte, bispo de Caxias/MA lembrou da particularidade do encontro de Belém, que antecipa a ida dos padres sinodais para Roma. “Foi um momento bom para nos debruçarmos sobre o Documento de Trabalho, diferente do que estávamos fazendo nas dioceses e prelazias, com uma leitura coletiva e a possibilidade de trocas de ideias e de afunilar as propostas para levarmos ao Sínodo”, pontuou o bispo de Caxias/MA. Lideranças leigas, religiosas e padres também participaram do encontro. Margarida Chaves, das pastorais sociais da diocese de Imperatriz/MA esteve na atividade e destacou a importância da voz do povo junto aos bispos nesse último momento de preparação, antes do Sínodo. “As nossas propostas, de fato, vão para o Sínodo e esperamos que os bispos discutam sobre elas. O Sínodo vai trazer, sim, novos horizontes para o nosso trabalho pastoral, principalmente considerando a questão da ecologia integral, da participação das mulheres e o reconhecimento dos povos indígenas enquanto atores da própria caminhada pastoral”, enfatizou Margarida. O pastor luterano Inácio Lemke, presidente do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil/CONIC, participou de todo o encontro. Para ele, pensar a Amazônia e o processo de evangelização no território é algo precisa ser pensado coletivamente. “O CONIC espera que se firme mais ainda esse compromisso ecumênico na região”, destacou o pastor sobre a expectativa em relação aos resultados do Sínodo para a Amazônia. Compromisso reafirmado Na carta elaborada pelos participantes do encontro, bispos e lideranças reafirmaram o compromisso com a defesa e cuidado com a vida dos povos e de toda a floresta. “Defendemos vigorosamente a Amazônia, que abrange quase 60% do nosso Brasil. A soberania brasileira sobre essa parte da Amazônia é para nós inquestionável”, afirmam na carta. No texto, há também uma manifestação da preocupação da Igreja para com a degradação do meio ambiente. “Ficamos angustiados e denunciamos o envenenamento de rios e lagos, a poluição do ar pela fumaça que causa perigosa intoxicação, especialmente das crianças, a pesca predatória, a invasão de terras indígenas por mineradoras, garimpos e madeireiras, o comércio ilegal de produtos da biodiversidade”, denunciam na carta. Confira o texto na íntegra: Carta do Encontro de Estudo do Documento de Trabalho do Sínodo para a Amazônia

EM SOLIDARIEDADE À AMAZÔNIA

“O homem não pode permanecer um espectador indiferente diante dessa destruição, nem a Igreja deve ficar em silêncio”. (Papa Francisco) A Presidência, o Conselho Consultivo e as Assessorias da Comissão Nacional dos Diáconos (CND), reunidos no Centro Cultural Missionário, em Brasília (DF) para o planejamento de suas atividades, no dia de Santa Rosa de Lima, Padroeira da América Latina, em comunhão com a Igreja no Brasil e com o Papa Francisco, levantamos a nossa voz pela Amazônia, indignados com os últimos acontecimentos que afetam a Região: o descaso com os direitos dos povos indígenas; quilombolas e ribeirinhos, a destruição incontrolada da biodiversidade; a incongruência das medidas governamentais; a entrega indiscriminada da exploração dos recursos naturais ao grande capital. O Grito da Amazônia é o grito por liberdade e respeito à natureza, aos povos amazônicos e a toda a humanidade. Como diáconos discípulos missionários de Cristo Servidor, levantamos a nossa voz em defesa da vida, diante da destruição irreparável que sofre a nossa Casa Comum. Nos unimos a todos que estão comprometidos com a Ecologia Integral, e ao mesmo tempo, incentivamos para que esclareçam, denunciem profeticamente toda destruição e cultura de morte, e promovam ações no âmbito das suas comunidades para garantir a preservação do Planeta. Estamos convencidos que o Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia será um acontecimento eclesial de luz e vida para todos os povos. Por isso, apoiamos com toda força e convicção, além de unir nossa oração ao Deus da Vida e Vida plena. Diácono Francisco Salvador Pontes FilhoPresidente da CND Brasília (DF), 23 de agosto de 2019

Secrerário do Regional Norte 1 – AM/RR fala sobre sua caminhada eclesial

Falar da caminhada feita é um tanto complicado, pois falar de nós mesmos não é algo muito fácil. Sou Francisco Andrade de Lima, filho de agricultores, nascido em Tefé/AM, batizado na Comunidade Divino Espírito Santo, sede de uma Paróquia chamada Missão, com mais de 60 comunidades, todas ribeirinhas. Minha família residia num lugar chamado Santa Marta, às margens do Rio Solimões. É nesse lugar que inicia minha caminhada de fé. Por causa da ausência de escolas, de serviço de saúde meus pais decidiram então mudar para a cidade de Tefé. Assim, poderiam nos proporcionar acesso à educação, à saúde… Cresci nesta cidade e ali continuei o processo de educação na fé. Fiz a primeira comunhão, confirmei a fé (crisma), celebrei o matrimônio e fui ordenado diácono. Ainda jovem, aos 20 anos (1995), recebi de Dom Mário Clemente Neto o convite para colaborar na equipe de Coordenação de Pastoral da Prelazia de Tefé, que tinha como coordenador o Pe. Domingos da Rocha Ferreira, um padre Espiritano. Fui conhecendo melhor a Igreja, colaborei na formação de muitas lideranças ribeirinhas, ao mesmo tempo continuava o meu processo de formação. Já tendo como bispo Dom Sérgio Eduardo Castriani, fui convidado para assumir o serviço da Coordenação de Pastoral da Prelazia. No início, achei um tanto estranho: como um leigo jovem poderia assumir tal serviço? Mas fui animado e motivado pelo bispo e assumi. A Prelazia não tinha ainda o Diaconato Permanente. Em 2005, Dom Sérgio convidou o então formador dos seminaristas, Pe. Teodoro Mendes Tavares (hoje Dom Teodoro Mendes Tavares, bispo da Diocese de Ponta de Pedras, no Pará), Ir. Ana Pedroso (uma Franciscana Missionária de Maria) e eu, para que apresentássemos uma proposta de uma escola diaconal. Nesta ocasião, já estávamos em um processo de animação vocacional em vista do diaconato permanente na Prelazia. Depois de um longo tempo, no dia 11 de abril de 2010, foram ordenados os 4 primeiros diáconos permanentes da Prelazia de Tefé, e um deles sou eu. Como diácono, continuei os serviços na Coordenação de Pastoral, que já havia iniciado antes do diaconato como leigo, percorrendo os rios da Prelazia, colaborando na formação de agentes de pastoral. Em 2015, Pe. Zenildo Lima da Silva, o então Secretário Executivo do Regional Norte 1 da CNBB, informou que os Bispos do Regional nos indicaram (eu e minha esposa) para assumirmos este serviço. No começo, achei complicado, pois seria uma mudança radical, inclusive de endereço. Depois de um longo discernimento com a esposa e filhas, decidimos aceitar a missão. Chegamos em Manaus em janeiro de 2016 para esta missão que estamos até hoje. Para mim, fazer a experiência da vocação familiar, sendo pai, esposo, e, ao mesmo tempo, a vocação ao ministério ordenado como diácono permanente, apesar dos desafios, não tem sido difícil. Ter uma família que está sempre presente comigo, minha esposa e minhas duas filhas todas atuando, exercendo algum serviço na comunidade é algo que me incentiva e me faz cada vez mais ter certeza do caminho escolhido. O serviço que exerço na Igreja que tem origem no Cristo Servo, me faz muito feliz. O processo vocacional não termina, é um processo, continua por toda a vida, a cada dia vai sendo construído ao longo da vida. Diácono Francisco Andrade de LimaSecretário Regional – Norte 1 Fonte: http://repam.org.br/?p=3043

Comissão Nacional dos Diáconos parabeniza bispo da Prelazia de Itacoatiara por inicar processo de formação ao diaconato

A Prelazia de Itacoatiara iniciou no dia 3 de agosto o processo de formação de diáconos diante da necessidade local. Ao tomar conhecimento, o presidente da Comissão Nacional dos Diáconos do Brasil, o diácono permanente Francisco Pontes pronunciou-se, parabenizando o bispo local, Dom Ionilton Lisbo por esta iniciativa. Confira na íntegra: Excelentíssimo e Reverendissimo Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira. Bispo da Prelazia de Itacoatiara Estimados presbíteros. Graça e paz! A Comissão Nacional dos Diáconos do Brasil se alegra pela notícia do início do processo de discernimento e formação dos candidatos ao diaconato da Prelazia de Itacoatiara. O ser, a vocação e a missão do diácono surgem da ação criativa do Espírito Santo, na Igreja primitiva diante das necessidades da comunidade e da urgência da Igreja em cumprir a sua missão (At 6,3). A restauração do diaconato permanente pelo Concílio Vaticano II não é um retorno somente a origem da Igreja, é muito mais que isso, ela vem responder a uma nova visão ministerial de Igreja. A história e as perspectivas pastorais que tanto motivaram os padres conciliares a restaurar o ministério diaconal, na verdade, eram motivações do grande protagonista da Igreja: o Espírito Santo. O diaconato tem a sua origem na consagração e na missão de Cristo, nas quais o diácono é chamado a participar (cf. LG, 28a). Nos últimos anos a vocação diaconal tem crescido, isto é, muitos bispos e presbíteros têm motivado e acolhido a vocação diaconal em suas dioceses. As diretrizes para o Diaconado Permanente da Igreja do Brasil (Doc 96 CNBB), indicam a as etapas do processo formativo, bem como o perfil e os pré-requisitos necessários para se tornar um diácono permanente. Além das diretrizes cada diocese estabelece os seus critérios segundo as necessidades da Igreja particular. Mais que nunca a Igreja espera dos diáconos disposição missionária para servir aos mais pobres nunca Igreja em saída, companheira no caminho. “A Conferência de Aparecida espera dos diáconos um testemunho evangélico e impulso missionário para que sejam apóstolos em suas famílias, em seus trabalhos, em suas comunidades e nas novas fronteiras da missão”. (DAp 208). Nos unimos a Comissão regional dos Diáconos e nos colocamos à disposição para colaborador no processo formativo dos candidatos e rogamos ao Senhor da messe, que envie operários para a sua messe. Que Nossa Senhora das Vocações e São Lourenço intercedam por esta iniciativa esperançosa para a Prelazia de Itacoatiara e para a nossa Igreja na Amazônia. Fraternalmente, Diác. Francisco Pontes Presidente da CND Manaus, 3 de agosto de 2019.

Em Carta Pastoral, Comissão para o Enfrentamento ao Tráfico Humano convoca à ação

A Comissão Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano divulgou, neste dia 29 de julho, um Carta Pastoral, por ocasião do Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, celebrado amanhã, dia 30. No documento, os representantes da Comissão reiteram seu compromisso no enfrentamento à realidade do tráfico de pessoas e conclamam a sociedade brasileira a empenhar-se em identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-las como caminho para a superação desta violação da dignidade humana. Clique aqui e confira a carta na íntegra

PJ festeja 35 anos de caminhada, para sair em missão, desde a memória construída coletivamente

Qual é o papel que a juventude tem na sociedade e na Igreja? Realmente podem exercer um papel protagonista, ou são relegados na hora das decisões? Se tem uma coisa que sempre marcou a caminhada da Pastoral da Juventude (PJ), foi sua luta pelo protagonismo e empoderamento juvenil, o que não poucas vezes provocou conflitos dentro da Igreja. No Regional Norte 1 a PJ está comemorando 35 anos de existência, e para isso, mais de duzentos jovens tem se encontrado em Itacoatiara – AM, de 25 a 28 de julho, para participar do 8º Encontro Regional da Pastoral da Juventude. No encontro se fizeram presentes três elementos importantes, a festa, a memória e a missão. Ao respeito deles, a Irmã Elsie Vinhote, assessora da PJ, reconhecia que existem “motivos de festa, de alegria da juventude da Amazônia, a pesar das dificuldades que o jovem passa”. Segundo a religiosa, “o motivo de ser festivo do jovem da Amazônia está na própria cultura, na sua própria maneira de ser”. Por isso, o encontro tem levado a “celebrar por ter vida diante de tantas ameaças à vida da juventude”. Em seus 29 anos de caminhada no meio da Pastoral da Juventude, desde que começou acompanhar um grupo de base, e depois as outras instâncias da PJ, ela faz memória desde “o significado do acompanhamento, de fortificar a fé para enfrentar dificuldades, de resistência, de eclesialidade e vivência da cidadania”, insistindo em que “a PJ firma nos jovens sua identidade, o protagonismo juvenil, a sua eclesialidade e missão na Igreja e na sociedade”. Na hora de falar de missão dos jovens, a religiosa reconhece que “uma das dificuldades é o próprio tempo dos jovens e a preparação para dominar diversos temas ou assuntos”. Ela coloca como exemplo o mundo da droga, dizendo que “é difícil tentar tirar outro jovem desse vício, dessa marginalidade porque às vezes ele não tem os mecanismos ou os meios suficientes que sustentam”. A reflexão que surge daí é que “falta formação nessas áreas de fronteira, de situações de risco”, afirmando que “mesmo não sendo todos, há jovens que se envolvem, que tem um pouco mais de profetismo, de formação, de ousadia, talvez não tenham as soluções mas eles tem a presença”. A importância do 8º Encontro da Pastoral da Juventude do Regional Norte 1, segundo Dom Tadeu Canavarros, bispo auxiliar de Manaus e referencial da juventude no Regional, “está na própria celebração, que vai envolvendo todo o Regional, as nossas diversas Igrejas que compõem o nosso Regional são enriquecidas por esta voz da Pastoral da Juventude de uma maneira especial”. O bispo auxiliar de Manaus destaca a “tríade que eles escolheram, baseado na festa, que é essa dimensão bastante juvenil, que nós encontramos de uma maneira muito caraterística na pessoa do jovem, depois essa dimensão da missão, do Evangelho, de levar a evangelização sempre a frente, e a memória, baseado na construção dos inúmeros pastores e jovens que abraçaram essa causa da juventude e que levam para frente”. Nessa dimensão, “celebrar tudo isso nesse contexto de 35 anos nos ajuda sempre a ouvir o clamor dos jovens”, segundo Dom Tadeu. Neste  tempo inter sinodal, entre o Sínodo da Juventude e o Sínodo para a Amazônia, o papel da juventude, segundo o bispo, é “de principal protagonista”. Se referindo à frase do Papa Francisco, “não tenham medo de avançar para o futuro desconhecido”, Dom Tadeu afirma que “esse futuro, na região amazônica, está exatamente na mão dos jovens, que já desde agora começam a tomar atitudes concretas para realmente passar da lógica da espoliação para uma lógica do cuidado, assumir de fato todo o cuidado com a Casa Comum, toda a dimensão de preservação e viver daquilo que a floresta oferece sem, de fato, destruir”. O bispo referencial da juventude, vê os jovens como “vozes proféticas, porque lutam e persistem nessa caminhada”. Igualmente, o bispo local, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, reconhecia a PJ como “uma força viva na Prelazia”, fazendo memória da música de Zé Martins que diz “eu quero ver, eu quero ver, eu quero ver a juventude acordar, eu quero ver, eu quero ver, todo jovem ocupando seu lugar”. O encontro pretendeu, segundo Luiz Filipe Fialho, Secretário Regional da Pastoral da Juventude, “celebrar o caminho que foi conduzido por muitos pés e hoje está sendo caminhado por nós”. Ele reconhece que “o nosso posicionamento, a nossa opção preferencial pelos jovens vai interferir em gerações futuras, e esse processo, a Pastoral da Juventude vive um processo que é de ciclo, a gente percebe que esse ciclo vai se renovar com outros pés”. O Secretário Regional afirma que “a gente está aqui para festejar e depois sair em missão, a partir dessa memória que a gente constrói coletivamente”. Desde essa perspectiva histórica, Luiz Filipe Fialho destaca que “hoje a missão da Pastoral da Juventude na Amazônia, sobretudo, que não é uma missão nova, mas que é uma missão que é permanente para a gente é construir políticas públicas, para a juventude indígena, para a juventude ribeirinha, para a juventude do meio urbano, porque a gente acredita que construindo e pautando a vida da juventude, com projetos e políticas públicas voltados para o bem viver, em uma construção coletiva, a gente está construindo um pouquinho da civilização do amor aqui nas terras amazônicas”.       Nesse mesmo sentido, o Secretário Nacional da Pastoral da Juventude, Davi Rodrigues, presente no encontro, afirmava que “a juventude da Amazônia, ela tem o ponto de vista fundamental para a Igreja do Brasil e para a Pastoral da Juventude brasileira”. Segundo ele, “a juventude da Amazônia, assim como a Igreja da Amazônia, tem muito a nos ensinar a partir de experiências sinodais, da vida do povo, do cuidado da Casa Comum, do cuidado com a vida”, chegando a dizer que “hoje seria a grande chave de leitura para o mundo, a Igreja da Amazônia”.  Na Amazônia, a presença do mundo indígena ainda é muito marcante em muitas regiões do interior. Nesse sentido, Luciane Mendes de…
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Líder indígena destaca a importância do Papa Francisco no processo de voltar o olhar para os povos originários

Patrícia (Foto: Luis Miguel Modino) Considerada uma das vozes mais relevantes do povo Kichwa de Sarayaku, Patrícia Gualinga tornou-se referência internacional por defender a Amazônia equatoriana e seus povos, uma terra onde a fronteira extrativista continua avançando, sem respeitar as leis e com o apoio do governo equatoriano, que “se concentrou maciçamente na promoção de atividades extrativistas dentro dos territórios dos povos indígenas”, como ela reconhece. Por  Luis Miguel Modino. A líder indígena destaca a importância do Papa Francisco, que levou a Igreja a voltar seus olhos para os povos originários. Nesse sentido, Patrícia Gualinga assinala que “o povo pede um maior acompanhamento, a Igreja amiga, a Igreja com rosto de irmão que acompanha os processos onde se cometem injustiças”, algo que pode ser fortalecido com o Sínodo para a Amazônia, que é visto como uma oportunidade para “a Igreja se comprometer mais a estar do lado do povo”, especialmente os povos indígenas, que “se tornaram objetos da ambição da economia global extrativista”. Ela afirma que “a contribuição fundamental que os povos indígenas têm a dar à humanidade é uma nova forma de relação com a natureza”, baseada no respeito, algo que ela vê como “essencial, porque senão o mundo se desconectou de tal maneira da natureza que estamos cavando nossa própria destruição”. Neste campo, destaca-se o papel da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, que “realizou um trabalho de extrema importância e teve a sabedoria de saber relacionar a parte religiosa, católica e bíblica ao conhecimento dos povos indígenas, com a conservação da natureza”. Patricia Gualinga lança uma mensagem aos padres sinodais, aos quais ela diz “não tenham medo da transformação”, insistindo que “confiem em Deus”, e “aceitem as mudanças que podem enriquecer a Igreja Católica, que há muitos anos precisava de uma transformação profunda”. Confira a entrevista! Qual é a situação atual dos povos indígenas na Amazônia equatoriana em relação à exploração dos recursos, muitas vezes incentivada pelo próprio governo? A situação continua sendo o avanço da fronteira extrativista, as concessões em territórios indígenas, a tentativa de explorar áreas imensamente ricas em biodiversidade, onde são as nascentes dos olhos da água, como o chamado bloco 28, que fica na região da Cordilheira dos Llanganates, onde nascem todas as águas que vão para o Amazonas, como o Pastaza, Bobonaza e outros rios que vão abastecem os rios que são afluentes do Amazonas. Há uma preocupação extrema com a violação da consulta prévia, livre e informada, sobre as tentativas de construir usinas hidrelétricas. O governo equatoriano concentrou-se maciçamente na promoção de atividades extrativistas dentro dos territórios dos povos indígenas.O Papa Francisco, em 2017, no Terceiro Fórum Mundial dos Povos Indígenas, insistiu na necessidade de conciliar o direito ao desenvolvimento com a proteção dos povos indígenas e seus territórios e que o direito ao consentimento prévio e informado prevaleça, um ideia também presente nas resoluções das Nações Unidas. Por que isso não é levado em conta, por que não se respeitam essas leis? Porque os governos tentam fazer prevalecer as leis menores, os decretos ministeriais ou presidenciais prevalecem, e eles não estão respeitando a Constituição, porque a Constituição é muito clara. Há falhas internacionais como Sarayaku, que segue padrões internacionais durante todo o processo de consulta prévia e informada e que deve haver consentimento quando se trata de atividades de grande escala que afetam os povos indígenas. É o governo quem realmente desrespeita a lei, a Constituição e o direito internacional. Embora o papa Francisco tenha frequentemente chamado ao respeito pelos direitos dos povos indígenas e da Amazônia, os governos estão se fazendo de surdos para tentar cumprir essa lei e com esses apelos.Até mesmo o cardeal Barreto, em um artigo publicado na semana passada na Revista la Civiltá Cattólica, disse que os países de onde vêm as empresas que saqueiam a Amazônia devem ser responsáveis pelas consequências das atividades dessas empresas. Como as organizações indígenas estão pressionando ou podem pressionar os organismos internacionais a esse respeito? É verdade, as grandes empresas são tão organizadas que seus interesses não são afetados, que geralmente se acontecem julgamentos estão em cada país, eles estão em diferentes lados e é difícil chegar à sede das empresas. Já vivemos isso com o caso da Chevron no Equador. Mas também incluem artigos que, se a resistência dos povos indígenas significa que os estados não cumprem o dever de garantir a empresa, não estamos falando de garantias do Equador, mas garantindo que a empresa cumpra com a extração, eles cobram uma compensação milionária e vão embora. E se eles não concordarem com isso, eles os levarão à arbitragem internacional. Existe uma organização tão altamente elaborada por empresas em que a sociedade civil e os povos indígenas não possuem esquemas que realmente protejam os direitos humanos. Embora os direitos humanos sejam protegidos dentro de organizações como a OEA (Organização dos Estados Americanos) ou a Corte Interamericana, aqueles que são julgados são os mesmos estados e não as empresas. Deveria haver uma instância que julgue violações de empresas extrativas, mesmo que extraterritorial, e nesse contexto eu acredito que não houve progresso. Houve queixas dentro das Nações Unidas sobre a questão da responsabilidade corporativa, mas são queixas que não são tão vinculativas dentro dos esquemas corporativos. Acredito que não atingimos o nível de formação daqueles espaços onde as empresas têm que responder por violações extraterritoriais que estão ocorrendo, seja na Amazônia ou em diferentes lados, onde sua responsabilidade é extremamente séria.Até que ponto vocês, como povos indígenas, estão se sentindo apoiados pela Igreja Católica? Você falou sobre o caso Sarayaku e recentemente foi realizado um julgamento em que o governo equatoriano foi condenado, onde alguns religiosos, padres, bispos estavam presentes, vocês realmente sente o apoio da Igreja? O caso Sarayaku foi julgado em 2012 na Corte Interamericana de Direitos Humanos, em San José, na Costa Rica, e no processo, se houve sacerdotes muito parceiros, mas a Igreja não tinha um papa como o que temos agora. Neste último caso, que é o dos Waoranis, que ganharam uma ação de proteção em…
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