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Primeira semana de um longo processo para assumir que juntos iremos mais longe

A sinodalidade é a melhor expressão da universalidade da Igreja, da catolicidade, dessa sinfonia da diversidade que o Papa Francisco quer que seja tocada pela orquestra eclesial. Muitos não reconhecem essa melodia, quase sempre por razões ideológicas, um perigo contra o qual o pontífice adverte constantemente, que domina a mente e rompe a comunhão, tornando cada vez mais difícil a proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, que alguns confundem com sua própria maneira de entender Deus, muitas vezes um deus particular, à sua própria imagem e semelhança. Deus como ponto de partida Uma semana após o início da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal, uma primeira avaliação já pode ser feita. Devemos ter claro que o ponto de partida deve ser sempre Deus, Sua Palavra, daí a importância de estarmos diante dela, especialmente quando buscamos encontrar o caminho para sermos Igreja em qualquer época da história. A oração, a verdadeira oração, que nos leva a um encontro pessoal e comunitário com Deus, é a luz que deve guiar a caminhada da Igreja, fundada por Jesus Cristo e desafiada a ser um sinal de sua presença. Quando se está diante de Deus, reconhece-se a própria pequenez, os próprios pecados, algo que não é apenas pessoal, mas também comunitário, eclesial, estrutural. Somente tendo consciência dos pecados cometidos, e nisso Francisco é um verdadeiro testemunho de coragem, é que se pode crescer. Reconhecer os abusos na Igreja, denunciar a indiferença para com os descartados, os migrantes, as vítimas da guerra e da mudança climática, muitas vezes custa caro, mesmo para aqueles que à frente do catolicismo. Essas situações são provocadas pelos poderosos e, quando alguém coloca o dedo na ferida, paga as consequências. A comunhão como um princípio inegociável Em uma Igreja que vive a comunhão, e isso deveria ser um princípio inegociável, é inaceitável querer definir a agenda, já existem aqueles que querem definir a agenda até mesmo para o próprio Papa. Somente quando entendemos que juntos somos mais e que, para isso, precisamos escutar, dialogar e discernir em comunidade, é que aprendemos o que significa ser Igreja. Se eu não estiver disposto a sacrificar o que é meu, nunca nascerá algo novo, o plano de Deus nunca se tornará realidade. O processo sinodal pelo qual estamos passando como Igreja é um desafio para darmos passos em uma direção comum, sem medo, mas movidos por um espírito de unidade na diversidade. É tão perigoso cada um caminhar como bem entender quanto tentar estabelecer uma Igreja de clones, tentação presente naqueles que têm a ideologia como norte. A Igreja sinodal não poderia ter um inimigo maior do que esse. Não vamos continuar alimentando o ódio A partir desses primeiros dias de caminhada, na verdade a continuação de um longo processo, talvez a maior intensidade e atenção da mídia façam da Assembleia Sinodal um momento diferente, vale destacar alguns elementos já apontados na Primeira Sessão, como a atenção ao mundo virtual e a presença da Igreja nele, não olhar as mulheres de cima para baixo, não continuar a considerá-las inferiores e negar-lhes presença em áreas para as quais são mais do que capazes. Que ninguém, em nenhum dos lados das trincheiras ideológicas, pense que, com esse processo sinodal, a estrutura eclesial vai se transformar completamente, não reduzamos a sinodalidade a uma técnica, entendamos que é um estilo que exige escuta e conversão, não tentemos perpetuar um clericalismo que deve ser coisa do passado, pois impede a acolhida de todos e a livre atenção. Em um mundo dividido pela guerra, não sejamos como aqueles que alimentam o ódio, porque mesmo na Igreja as consequências são sempre dramáticas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Mês Missionário: Ide, convidai a todos para o banquete

“A Igreja peregrina é, por natureza missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na missão do Filho e do Espírito Santo” (cf. AG 2). A diversidade de dons, à Ela concedida, brota do seio da Trindade, e fortalece a sua identidade missionária. Com a força do Espírito, a Igreja é conduzida à unidade. O mês de outubro, desde 1926, é tradicionalmente celebrado pela Igreja como mês missionário. O Papa Pio XI, instituiu essa data com o objetivo de incentivar a oração pelas missões e de promover uma coleta em favor da evangelização dos povos. Essa iniciativa é inspirada no mandato de Jesus para anunciar o Evangelho a todas as nações (cf. Mt 16,15). Com isto, não estou afirmando que nos outros meses do ano não se fale de missão; se fala sim, pois a missão é a identidade da Igreja. Mas este é um mês de campanha missionária, ou seja, período em que se intensificam as iniciativas de animação e orações em prol das missões em todo o mundo. O tema deste ano, “Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo”, nos chama a refletir sobre o agir central do Espírito Santo na vida missionária da Igreja e a nossa vocação de ser testemunhas vivas do Evangelho de Jesus Cristo no mundo. Nos desperta o compromisso de ser luz e esperança em meio às diversas realidades. O lema bíblico, inspirado na mensagem de Jesus, “Ide, convidai a todos para o banquete!” (Mt 22,9), foi o tema da carta do Papa Francisco, para o Dia Mundial das Missões deste ano de 2024. Em sua carta, Franscisco destaca três pontos importantíssimos: O “ide e convidai” – mostrando uma Igreja que envia e que acolhe. No segundo ponto o Papa desenvolve a dimensão escatológica do “banquete” – eucaristia, a missão de Cristo e da Igreja. O terceiro, diz respeito a Igreja toda sinodal missionária, quando se refere ao termo – “convidai a todos”. Com isto, o Papa traz presente em sua reflexão, a segunda fase do sínodo sobre a sinodalidade, vivenciada neste mês de outubro. Assim, motivados por este tema e lema, como bispo referencial da missão em nosso Regional Norte 1, convido todas as Igrejas Locais do referido Regional, para vivermos missionariamente este mês de outubro, que começou com a comemoração de Santa Teresinha do Menino Jesus, que é reconhecida pela Igreja, como a padroeira das missões. Ela nos ensina que a primeira atitude do missionário(a) deve ser a mansidão. O anúncio da Boa Nova é um anúncio de paz, que leva aos mais necessitados a misericórdia que vem do Senhor.  E enquanto, Arquidiocese, Dioceses e Prelazias, devemos sensibilizar e despertar a consciência missionária dos batizados(as), ajudando-os(as) a perceber que todos somos responsáveis pelo trabalho do Reino. “O Mês das Missões deve lembrar a cada um de nós, que é missão de todo batizado ser evangelizador. Não é cristão de verdade quem não fala de Cristo e da Igreja. O Batismo nos faz “membros do Corpo de Cristo”, a Igreja, e assim, participantes de sua Missão de salvar o mundo, levando-o para Deus, por meio da vivência dos ensinamentos de Jesus.” O Conselho Missionário Regional – COMIRE, procura organizar e realizar a animação, formação e cooperação missionária em todos os níveis eclesiais do Regional. Animar e ajudar as Igrejas Particulares na formação, a ponto de se criar uma mentalidade de sua vocação missionária. O COMIRE, se coloca à disposição, para vivermos a sinodalidade numa Igreja toda ministerial, de comunhão, participação e missão.  Ao concluir esta mensagem, gostaria de lembrar sobre a Coleta do Dia Mundial das Missões. Vamos motivar em todas as celebrações durante os três primeiros domingos do mês missionário, para que a coleta em nosso Regional, seja generosa! Maria, que participou do primeiro milagre de Jesus, devolvendo a alegria do banquete das núpcias, em Caná da Galileia (Jo 2, 1-12), mantenha em nosso Regional a alegria do Evangelho. José Altevir da Silva, CSSp, bispo da Prelazia de Tefé e referencial da Missão no Regional Norte1

Cardeal Gracias: “Dar valor a todas as culturas, respeitá-las, caso contrário estaríamos indo contra a corrente”

As relações são um dos elementos presentes nas discussões da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada na Sala Paulo VI de 2 a 27 de outubro de 2024. Esse tema está muito presente na vida da Igreja Católica na Ásia, como afirmou o Cardeal Oswald Gracias, Arcebispo de Bombay e Presidente da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas. Trabalhando juntos como religiões, buscando Deus Para o cardeal indiano, na Ásia, “as relações com outras religiões são muito importantes, nós as definimos como religiões próximas, temos que trabalhar juntos, buscando Deus, buscando um elo entre nós”. Uma atitude que também está presente em outras latitudes, como na Amazônia, onde o Sínodo para a Amazônia, que realizou sua Assembleia Sinodal em outubro de 2019, da qual participou o arcebispo de Bombay, fortaleceu essa dinâmica, avançando em alguns elementos concretos, como o rito amazônico. A esse respeito, o cardeal Gracias lembrou que, na Ásia, os católicos representam quatro por cento, com países onde constituem um por cento, sendo as Filipinas uma exceção a esse respeito, com um número maior de católicos. A partir daí, ele disse que “o Sínodo deve ter um efeito sobre a transformação das igrejas cristãs no mundo”, insistindo na ideia de “poder trabalhar juntos, para avançar juntos”. Falando sobre participação, ele observou que “é aqui que a interculturalidade entra em jogo, e devemos respeitar outras culturas”. A necessidade de aceitar, respeitar e compreender O Cardeal Gracias lembrou que “depois do Concílio Vaticano II, percebemos muito melhor o valor, a necessidade de aceitar, respeitar e ser capaz de compreender os outros”. Nessa perspectiva, ele enfatizou que “a inculturação da fé também deve ser diferente”, destacando que “há uma enorme riqueza na Ásia, na Índia, na Coreia, no Japão, em todos esses países, as culturas locais nos ajudarão. Não queremos converter os outros, mas temos que construir o Reino de Deus na Ásia, temos que assumir o valor da Ásia como algo necessário”. “Por natureza, somos sinodais na Índia, na Ásia”, uma região onde “a cultura é totalmente diferente, eles não entenderiam outra cultura se ela lhes fosse imposta’. Lembrando o que diz o Vaticano II, o cardeal disse que “devemos valorizar todas as culturas, respeitá-las, aproveitar a riqueza dessas culturas, porque senão estaríamos indo contra a corrente, estaríamos indo contra a encarnação, este é um exemplo típico de inculturação”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Sinodal: “A sinodalidade é o modus vivendi de uma Igreja que vive em missão”

No dia em que a Assembleia Sinodal deu mais um passo à frente, com o início do trabalho em um novo módulo dos quatro em que está dividido o Instrumentum laboris, o das relações, a Sala Stampa sediou uma nova coletiva de imprensa com os membros da Assembleia Sinodal, neste caso o Arcebispo de Bombay, Cardeal Oswald Gracias, Dom Gintaras Grusas, Arcebispo de Vilnius e Ir. Mary Teresa Barron. A eles se juntaram os membros presentes cada dia: Paolo Ruffini, Sheila Pires e Cristiane Murray. Oração e solidariedade com o Oriente Médio Do que aconteceu na Congregação Geral na segunda-feira, Ruffini destacou o momento de oração e solidariedade com os povos do Oriente Médio no Dia de Oração e Jejum, convocado pelo Papa Francisco para 7 de outubro, buscando o que nos une pela Paz. Da mesma forma, afirmando que a caridade, a proximidade e a sinodalidade estão ligadas, ele relatou a coleta de esmolas para a paróquia de Gaza, sempre presente entre as preocupações do Papa. Também recordou a presença na Assembleia Sinodal de 9 dos cardeais nomeados pelo Papa, e as palavras de Madre Maria Ignacia Angelini, que pediu uma conversão das relações para passar de um modelo piramidal a um modelo sinodal. O novo módulo significou uma mudança de membros nos círculos menores, nas mesas redondas, que elegem o relator, o secretário é previamente escolhido pela Secretaria do Sínodo, lembrou Sheila Pires, relatores e secretários que realizam um trabalho amplo e importante. O trabalho começa com a apresentação dos membros, que depois apresentam sua reflexão, preparada com antecedência, que dá lugar à conversa no Espírito. Nesta terça-feira, informou a secretária da Comissão de Informação, serão eleitos os membros da Comissão para a redação do Documento Final. Junto com isso, depois de explicar o desenvolvimento do trabalho, ela se referiu aos fóruns teológicos que serão realizados na quarta-feira à tarde, onde se refletirá sobre o Povo de Deus como sujeito da missão e o papel e a autoridade do bispo em uma Igreja sinodal. Sínodo como algo natural na Ásia O tema dos relacionamentos despertou enorme interesse, de acordo com o Cardeal Gracias, que destacou a enorme contribuição sobre essas questões no mundo asiático. Ele lembrou a assembleia asiática realizada em 2022, com a participação de 200 bispos, que, nas palavras do arcebispo de Bombay, abordou esses mesmos argumentos, concentrando-se na renovação pastoral. “O Sínodo chegou de maneira natural à Ásia“, disse o cardeal, para quem é necessário trabalhar em conjunto com respeito. Entre os elementos importantes, ele afirmou que a Igreja deve construir pontes, e é por isso que o relacionamento com outras religiões é importante, insistindo que “temos que trabalhar juntos em busca de Deus”. O cardeal também se referiu à mídia digital e sua importância para os jovens. A esse respeito, ele contou que recentemente um jovem se dirigiu aos bispos asiáticos dando-lhes as boas-vindas ao mundo digital, reconhecendo que os bispos “resistiram a esse mundo digital”. Sobre o caminho sinodal, ele pediu um progresso contínuo e frutífero a fim de revitalizar a Igreja, e também destacou as contribuições dos delegados fraternos, membros de outras igrejas, na assembleia. O Sínodo é mais do que burocrático A proximidade e a solidariedade com aqueles que sofrem com a guerra é uma realidade que tem a ver com o que é feito no Sínodo, disse Dom Grusas, que insistiu no fato de que o Sínodo é mais do que algo burocrático. Falando sobre o módulo das relações, ele disse que, ao lidar com a guerra, leva-se em conta o que o Papa diz em Fratelli tutti, somos uma família que reza pela paz. Ele também enfatizou a importância da oração pessoal, do amor entre as igrejas, com aqueles que estão em dificuldade, referindo-se à proximidade da Igreja Europeia com a Igreja na Ucrânia e em Gaza, pedindo para “rezar pelo milagre da paz”. O presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa destacou que, nesta Segunda Sessão da Assembleia Sinodal, os laços se estreitam, algo que “ajuda a entender o que significa ser Igreja, caminhar juntos como batizados que têm uma missão“. Por isso, não hesitou em dizer que “este Sínodo é uma oportunidade para que todos aprendam a ser Igreja”, uma afirmação decisiva, porque além dos temas a serem tratados, o fundamental é encontrar o caminho a seguir para ser uma Igreja que sente a necessidade de caminhar junto. Escutar os excluídos como Igreja A irmã Barron também se referiu ao crescimento e aprofundamento da capacidade de escutar uns aos outros. Ela que vê a necessidade de escutar a vontade de Deus, para aprender a respeitar as diferenças. Nesse sentido, a presidenta da União Internacional de Superioras Gerais (UISG), enfatizou que não devemos convencer os outros a aceitar o que acreditamos e como a Igreja pode escutar melhor aqueles que são excluídos, “devemos escutar cada vez melhor, a sinodalidade é o modus vivendi de uma Igreja que vive em missão“, insistindo que o desafio é ir até aqueles que não são ouvidos. A religiosa contou a experiência da UISG, que tem um escritório dedicado à sinodalidade, que se reúne com uma equipe intercultural, descobrindo como imagem da sinodalidade a imagem de uma ponte, uma ponte para ir além. Elas estabeleceram quatro prioridades: crescer no discernimento, saber escutar e construir melhores relacionamentos com toda a humanidade e com a criação, a fim de poder realizar melhor esses relacionamentos. Ela também se referiu à necessidade de revisar o modelo de liderança, para torná-lo mais sinodal, para ajudar e ser solidário com aqueles que como Vida Religiosa estão nas periferias, prestando atenção em como continuar esse caminho na Vida Religiosa. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Relações na Igreja Sinodal: “Um lugar onde todos são bem-vindos. Um lugar de cuidado gratuito”

Um novo módulo, o de relações, foi aberto na Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre Sinodalidade. No dia em que, conforme solicitado pelo Papa Francisco, acontece o Dia de Jejum e Oração pela Paz, no primeiro aniversário do bombardeio que provocou a guerra. Menos de 24 horas após a convocação de um consistório do qual participarão alguns dos participantes da Assembleia Sinodal. Cardeais na Assembleia Sinodal São 8 membros da Assembleia Sinodal: Dom Luis Gerardo Cabrera, Arcebispo de Guayaquil (Equador), um dos presidentes delegados; Dom Tarcisio Isao Kikuchi, Arcebispo de Tóquio (Japão); Dom Pablo Virgilio Siongco David, Bispo de Kalookan (Filipinas); Dom Ladislav Nemet, Arcebispo de Belgrado-Smederevo (Sérvia); Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (Brasil); Dom Ignace Bessi Dogbo, Arcebispo de Abidjan (Costa d’Avorio); Dom Ladislav Nemet, Arcebispo de Belgrado-Smederevo (Sérvia); Dom Dominique Joseph Mathieu, Arcebispo de Teerã-Ispahan (Irã), Dom Roberto Repole, Arcebispo de Turim (Itália). A eles se juntam um dos acompanhantes espirituais da assembleia e o coordenador do Grupo de Estudos 9, que fazem parte do Sínodo, o arcebispo Carlos Gustavo Castillo Mattasoglio, de Lima (Peru). Dez dos 21 novos cardeais são, de uma forma ou de outra, membros do Sínodo, um fato a ser levado em consideração. Novos cardeais, que continuam o seu trabalho da mesma forma, que se aproximam de todo mundo e são cumprimentados sem cerimónia, que foram abraçados e felicitados pelos participantes da assembleia e entre si, e que receberam felicitações públicas do secretário da Secretaria do Sínodo, Cardeal Mario Grech, que foram respondidas pelos aplausos dos presentes na Aula Paulo VI. Como um gesto concreto, os participantes foram convidados pelo Esmoleiro Pontifício, Cardeal Konrad Krajewski, a praticar a caridade com a paróquia de Gaza. Para esse fim, o próprio cardeal polonês coletará doações no início da sessão da tarde no Dia de Jejum e Oração. As esmolas serão enviadas imediatamente para a paróquia de Gaza, a quem o Papa telefona todos os dias para perguntar como estão indo e para encorajá-los, enfatizou o esmoleiro papal. Relacionamentos: com o Senhor, entre irmãos e irmãs e entre as igrejas No dia 7 de outubro, a Assembleia sinodal iniciou o módulo sobre as Relações. Trata-se de “relações com o Senhor, entre irmãos e irmãs e entre Igrejas”, que “sustentam a vitalidade da Igreja muito mais radicalmente do que suas estruturas“, como lembrou Maria Inazia Angelini em sua meditação, citando o Instrumetum laboris. A monja beneditina concentrou sua reflexão na parábola do Bom Samaritano e nos relacionamentos que aparecem no texto, onde “encontramos implicitamente desenhado, em símbolo, um mapa do caminho sinodal. Que tem sua rede de apoio nos relacionamentos. Relacionamentos nos quais, antes mesmo de fazer, é preciso ver”. Isso porque é “o ver que está na base da espiritualidade sinodal: onde há amor, abre-se uma nova visão”, sublinhou Angelini. De acordo com a monja beneditina, “o mistério do Mandamento só pode ser entendido através do evento do relacionamento“, sublinhando que o caminho sinodal, iniciado de diferentes maneiras, “é único”, mas, ao mesmo tempo, “para aqueles que o percorrem – o Evangelho nos revela – ele abre diferentes visões: ver e passar, distanciar-se do outro lado”. Isso em um mundo de guerras, que “deixa o ser humano igual à terra: meio morto”. Diante dessa realidade, a missão da Igreja “deve descobrir como abrir seu olhar para a alegria de ver com olhos de compaixão”. Relacionamentos que falam de Deus, não de si mesmo São relacionamentos “que falam de Deus, não de si mesmo“, afirmou, analisando as formas de relacionamento dos personagens da parábola do Bom Samaritano, onde “a história do gênero humano é contada”, onde o samaritano cria uma rede de relacionamentos, tece uma cultura de gratuidade. Algo que deveria tornar a Igreja “um lugar onde todos são bem-vindos. Um lugar de cuidado gratuito. Dessa forma, somos verdadeiramente provocados a ser uma igreja sinodal”. Isso em um mundo, e em uma Igreja, em que “o outro necessitado se torna invisível para aqueles que estão presos em suas próprias agendas, urgências, autorreferências“, em que “a indiferença é o mal de uma sociedade complexa, global, mas anônima”, destacou a monja. A paz como um horizonte de reflexão Os trabalhos propriamente ditos foram abertos pela Presidente Delegada desta Congregação Geral, a japonesa Momoko Nishimura, que depois de cumprimentar em espanhol, ela foi missionária na Argentina, passou a palavra ao Relator Geral, Cardeal Hollerich, que apresentou o módulo II, dedicado às Relações, que depois de cumprimentar, lembrou a oração do Rosário deste domingo em Santa Maria Maior, e o jejum e a oração desta segunda-feira, unindo-se aos bons votos para os novos membros do Colégio Cardinalício, em particular os presentes na assembleia. Na perspectiva da paz, ele pediu “que o anseio pela paz seja o horizonte de nossa reflexão e de nossos intercâmbios e que o Senhor nos mostre o caminho para nos tornarmos pacificadores, a serviço de toda a humanidade”. O cardeal explicou a natureza diferente desse módulo e dos seguintes, em relação aos fundamentos. São três módulos, relações, itinerários e lugares, intimamente interligados, que “iluminam, a partir de diferentes perspectivas, a vida sinodal missionária da Igreja”, como afirma o Instrumentum laboris. Descrever maneiras de incorporar os Fundamentos Trata-se de, com base no trabalho da Primeira Sessão da Assembleia Sinodal e refletido no Relatório de Síntese, “delinear formas de encarnar os Fundamentos na vida cotidiana e nas práticas das comunidades cristãs, tornando-os concretos e, portanto, capazes de serem experimentados pelo Povo de Deus”. Relações com o Senhor, entre irmãos e irmãs e entre as Igrejas, “que sustentam a vitalidade da Igreja muito mais radicalmente do que suas estruturas”. De acordo com Hollerich, “essa rede de relações, que oferece aos indivíduos e às comunidades pontos de referência e orientação, é multifacetada e atravessa uma multiplicidade de níveis”. Essa parte está organizada em quatro seções, cada uma das quais se concentra em um aspecto específico: relações trinitárias, expressas no itinerário da iniciação cristã; relações entre aqueles que receberam o dom do Batismo, membros do Povo de Deus…
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Francisco pede a ajuda de Maria pela paz: “Convertei os que alimentam o ódio”

A paz é uma das grandes preocupações de Francisco, especialmente neste momento em que, como ele já repetiu várias vezes, o mundo está vivendo uma Terceira Guerra Mundial em pedaços. Isso o levou, às vésperas do Dia de Oração e Jejum, que acontece em 7 de outubro, a convocar a reza do Rosário na Basílica de Santa Maria Maggiore, aos pés do Salus Populi Romani, para onde ele sempre vai para encomendar e agradecer por suas viagens apostólicas. Presença dos participantes da Assembleia Sinodal Uma celebração com a presença dos participantes da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada na Sala Paulo VI de 2 a 27 de outubro, entre eles alguns dos futuros cardeais, cujos nomes foram anunciados no Angelus de domingo, 6 de outubro. É uma assembleia que pede constantemente pela paz no mundo e da qual participam pessoas que sofrem as consequências das várias guerras que fazem parte do atual panorama mundial. Francisco invocou “Maria, nossa Mãe”, dizendo: “eis-nos aqui de novo na vossa presença. Vós conheceis as dores e os cansaços que nesta hora pesam sobre os nossos corações”, especialmente o dele, para quem a paz no mundo é algo constantemente presente em seu coração, em sua oração e em seus discursos. Ele disse a Maria: “Para Vós, erguemos os nossos olhos; sob o vosso olhar encontramos refúgio; e ao vosso coração nos confiamos”, lembrando as “provações difíceis e receios humanos” pelos quais Maria passou. Diante disso, Francisco lembrou que ela foi “corajosa e audaz: tudo confiastes a Deus, respondendo-Lhe com amor e oferecendo-Vos a Vós mesma sem reservas”. Mulher destemida da caridade O Papa elogiou Maria como uma “intrépida Mulher da Caridade”, observando que ela foi “apressastes-Vos a socorrer Isabel; com prontidão, acolhestes a necessidade dos esposos nas bodas de Caná; e com fortaleza de espírito, iluminastes no Calvário a noite da dor com a esperança pascal. Por fim, com ternura de Mãe, infundistes coragem aos discípulos atemorizados no Cenáculo e, com eles, acolhestes o dom do Espírito”. A ela ele orou: “acolhei o nosso grito! Precisamos do vosso olhar de amor que nos convida a confiar no vosso Filho Jesus. Vós que estais disposta a acolher as nossas mágoas, vinde socorrer-nos nestes tempos subjugados pela injustiça e devastados pelas guerras, enxugai as lágrimas dos rostos sofredores de quem chora a morte dos seus entes queridos, despertai-nos do torpor que obscureceu o nosso caminho e tirai do nosso coração as armas da violência, para que se realize sem demora a profecia de Isaías: «transformarão as suas espadas em relhas de arados, e as suas lanças, em foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se adestrarão mais para a guerra» (Is 2, 4).   Converter corações Ele também pediu a Maria que voltasse seu “Voltai o vosso olhar maternal para a família humana, que perdeu a alegria da paz e o sentido da fraternidade. Intercedei pelo nosso mundo em perigo, para que preserve a vida e rejeite a guerra, cuide dos que sofrem, dos pobres, dos indefesos, dos doentes e dos aflitos, e proteja a nossa Casa Comum”. Por fim, ele disse: “Ó Rainha da Paz, de Vós imploramos a misericórdia de Deus. Convertei os que alimentam o ódio, silenciai o ruído das armas que geram a morte, extingui a violência que grassa no coração humano e inspirai projetos de paz nas mãos de quem governa as Nações”. À Rainha do Santo Rosário, Francisco disse: “desatai os nós do egoísmo e dissipai as nuvens sombrias do mal. Enchei-nos com a vossa ternura, levantai-nos com a vossa mão carinhosa e dai a estes filhos, a vossa carícia de Mãe, que nos faz esperar o advento de uma nova humanidade onde ‘o deserto se converterá em pomar, e o pomar será como uma floresta. Na terra, agora deserta, habitará o direito, e a justiça no pomar. A paz será obra da justiça’ (Is 32, 15-17)”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Mounir Khairallah, o bispo maronita que foi ensinado por sua tia monja a perdoar os assassinos de seus pais

A paz é uma das grandes preocupações do Papa Francisco, daí a convocação de um Dia de Oração e Jejum pela Paz na segunda-feira, 7 de outubro, e a recitação do Rosário no domingo, 6 de outubro. Uma paz que só é possível por meio do perdão, algo que nem sempre é fácil de aceitar. Daí a importância do testemunho dado na Sala Stampa do Vaticano pelo bispo maronita Mounir Khairallah. Um país que teve uma guerra imposta O bispo libanês, um dos membros da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, começou contando a situação em seu país, que está em guerra desde 1975, uma guerra que começou com a desculpa de ser uma guerra religiosa entre muçulmanos e cristãos. Dom Mounir Khairallah não hesitou em afirmar que “50 anos depois, eles não conseguiram fazer com que as pessoas entendessem que não se trata de uma guerra religiosa, mas de uma guerra imposta ao Líbano”. Ele lembrou as palavras do Papa João Paulo II, que definiu o Líbano como um país que é uma mensagem de coexistência, liberdade, democracia e vida, caracterizado pelo respeito à diversidade, algo que o Papa Francisco também afirmou. De acordo com o bispo, “o Líbano é uma mensagem de paz e deve continuar a ser uma mensagem de paz”. Isso porque é “o único país do Oriente Médio onde cristãos, muçulmanos e judeus podem continuar a viver juntos, no respeito à sua diversidade em uma nação que é uma nação modelo”, como disse Bento XVI. Diante dessa situação de guerra prolongada, o bispo reconheceu sua dificuldade em falar do sínodo e do perdão, o perdão que o Papa Francisco escolheu como o sinal desta Segunda Sessão, lembrou. Falar de perdão e reconciliação, “enquanto meu país, meu povo sofre as consequências de guerras, conflitos, violência, vingança, ódio”. Condenamos o ódio, a vingança e a violência. “Nós, libaneses, queremos sempre condenar o ódio, a vingança e a violência. Queremos construir a paz e somos capazes de fazê-lo”, disse ele, afirmando que ‘para mim, essa é uma ótima mensagem para falar sobre o perdão’. Na ocasião, ele enfatizou que “o povo do Líbano rejeita a linguagem do ódio e da vingança”. O perdão é algo que o Bispo Mounir Khairallah foi chamado a experimentar quando criança. Como ele contou, produzindo um silêncio estrondoso de todos os ouvintes, “quando eu tinha cinco anos de idade, alguém foi à minha casa e assassinou selvagemente meus pais”. Os quatro irmãos, o mais novo com dois anos de idade, foram levados por sua tia monja maronita para seu mosteiro, onde, na igreja, “ela nos convidou a ajoelhar e orar ao Deus misericordioso, o Deus do amor”. Ela nos disse, continuou o bispo, “não rezem por seus pais, seus pais são mártires diante de Deus. Orem pela pessoa que os matou e tentem perdoar durante toda a vida, para que sejam filhos de seu pai, que está no céu”, lembrando as palavras de Jesus: “Se vocês amam aqueles que os amam, qual é o mérito de fazer isso? Amem aqueles que os perseguem”. “Quatro crianças que carregamos isso em nossos corações”, disse o bispo maronita, acrescentando que ‘o Senhor nunca nos abandonou e nos permitiu viver esse perdão’. Renovando sua promessa de perdão O bispo Mounir Khairallah foi ordenado sacerdote no aniversário do assassinato de seus pais, na véspera da festa da Exaltação da Santa Cruz, uma grande festa para as igrejas orientais. Citando a frase do Evangelho: “o grão, a menos que morra na terra, não pode dar frutos”, ele destacou que “o fruto desse grão é a vontade de Deus que nossos pais aceitaram e pela qual vivemos”, enfatizando que “renovo minha promessa de perdão a todos aqueles que nos prejudicam”. Poucos meses depois de sua ordenação, em 77-78, ele deu um retiro para alguns jovens, aos quais falou sobre o sacramento da reconciliação e do perdão, percebendo que “os jovens não me entendiam, estavam armados e queriam fazer guerra contra nossos inimigos”. Depois de quatro horas, ele percebeu que eles não aceitaram a mensagem, então lhes contou o que havia vivido e sua experiência de perdão e reconciliação. “Depois de um tempo de silêncio, um jovem se levantou e me disse: “Padre, suponho que o senhor tenha perdoado, mas imagine agora, padre, se o senhor estiver no confessionário e essa pessoa estiver ao seu lado, se confessar e pedir perdão, o que o senhor faz?” Naquele momento, reconhecendo que não era fácil responder, ele entendeu o que significava perdoar. Eu daria a absolvição ao assassino de meus pais. “É verdade, eu perdoei, mas agora sei que perdoei de longe, porque nunca o vi. Agora você me ajuda a vê-lo ao meu lado, e eu também sou um homem, tenho meus sentimentos. Mas, finalmente, sim, eu lhe daria a minha absolvição, o meu perdão”, disse aos jovens, fazendo-os ver que ‘o perdão é difícil, mas não é impossível’, que, apesar de compreendê-los, “é possível viver o perdão se quisermos ser discípulos de Cristo na terra de Cristo”. Isso porque, na Cruz, Jesus perdoou, ao que ele questionou: “Será que somos capazes de perdoar?” Para o bispo maronita, “todos aqueles que fazem guerra contra nós, que consideramos inimigos, israelenses, palestinos, de todas as nacionalidades, não são inimigos, porque aqueles que fomentam a guerra não têm identidade, nem confissão, nem religião”. Nesse sentido, ele afirmou que “as pessoas querem paz, querem viver em paz na terra da paz, a terra de Jesus Cristo, rei da paz”. Portanto, “também hoje, apesar de tudo o que está acontecendo depois de 50 anos de guerra cega e selvagem, apesar de tudo, nós, como povos de todas as culturas, de todas as confissões, nós, como povos, queremos a paz, somos capazes de construir a paz”. Vamos construir a paz O bispo Mounir Khairallah pediu para deixar de lado os políticos, que fazem e seguem seus interesses, “mas nós, como povos, não queremos tudo isso, rejeitamos tudo isso, um dia teremos a oportunidade…
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Segunda Sessão da Assembleia Sinodal: “Sinodalidade significa que todos se sentem em casa”

A Assembleia Sinodal continua recheada de temas a serem tratados, algo que se torna conhecido todos os dias nas coletivas de imprensa, nas quais alguns dos membros da assembleia vêm à Sala Stampa do Vaticano para compartilhar suas impressões sobre o que estão vivenciando no salão sinodal. Além dos habituais Paolo Ruffini, Prefeito do Dicastério para a Comunicação, e Sheila Pires, Secretária da Comissão para a Comunicação, o dia também contou com a presença do Bispo de Kalookan (Filipinas), dom Pablo Virgílio David, Dom Launay Saturné, arcebispo de Cap Haïtien (Haiti), Dom Mounir Khairallah, bispo de Batrun dos Maronitas (Líbano), e a teóloga Catherine Clifford, professora da St. Paul University em Ottawa (Canadá). Todos eles coordenados por Cristiane Murray, vice-diretora da Sala Stampa. Elementos abordados na sala de aula sinodal Como de costume, foram revelados os elementos fundamentais presentes na manhã e na tarde anterior, um trabalho realizado por Pires e Ruffini. O prefeito do dicastério para a comunicação destacou como importante a intervenção do cardeal Grech, secretário do Sínodo, que anunciou a necessidade de a Assembleia entrar em diálogo com os 10 grupos de estudo criados pelo Papa, o que foi aprovado com 265 votos a favor e 74 contra. O trabalho nas últimas horas foi realizado em círculos menores, que elaboram relatórios a serem entregues à Secretaria do Sínodo, onde são coletados os pontos a favor e o que precisa ser aprofundado, para os quais deve ser sugerido o que e como fazer isso. Ele também se referiu à oração do Rosário neste domingo em Santa Maria Maggiore, onde o Papa invocará a Paz, e ao Dia de Oração e Jejum na segunda-feira, dia 7. Tópicos mais relevantes Quanto aos temas, Sheila Pires lembrou o desejo de alguns membros de que o Sínodo fizesse um apelo à paz, com passos concretos para acabar com a guerra e pôr fim às migrações forçadas, ser artesãos da paz e condenar os fundamentalismos, denunciando o tráfico de armas, causa do sofrimento mundial, porque às vezes “além de rezar, é preciso denunciar”, sublinhou. Na assembleia, surgiu o tema dos pobres, que são os sujeitos e não os destinatários da sinodalidade, uma vez que o caminho para a salvação é frequentemente mostrado pelos últimos. O clamor da terra e dos povos também foi ouvido, assim como o fato de a caridade aparecer apenas duas vezes no Instrumentum laboris, o que não é bom, pois “a caridade e a misericórdia estão no centro da vida de todos os cristãos”. Pires lembrou que “sinodalidade significa que todos se sintam em casa, evitando formas de discriminação, ouvindo aqueles que não são ouvidos”. Sobre o papel das mulheres, tema que voltou a ser abordado, foi enfatizado que não deve acontecer que “as mulheres que querem servir a Igreja, que tanto ajudam a Igreja e a sociedade, que são comprometidas, estejam em posições marginais”, sendo dito da necessidade de acolher a todos, “inclusive as mulheres que querem ser ordenadas sacerdotes” e outros grupos marginalizados. Também foi discutido o tema dos jovens, sujeitos e não objetos de evangelização, atraídos pelo radicalismo evangélico, que deve levar a colocar Jesus novamente no centro. O tema do ecumenismo foi abordado, e foi afirmado que “a sinodalidade é uma forma de lutar contra o clericalismo“, destacando a necessidade de alcançar as igrejas locais e de realizar sínodos diocesanos. Importância da reunião de párocos Entre a primeira e a segunda sessão da Assembleia, foi realizada uma consulta global com os párocos, uma solicitação do Papa, como lembrou Dom Pablo Virgílio David. Depois de participar da reunião de párocos em Roma, em maio, foi organizada uma consulta continental com os párocos, a quem o Papa pediu que fossem apóstolos da sinodalidade, e o progresso da sinodalidade em cada conferência. Sobre a migração dos filipinos, primeiro das áreas rurais para as cidades locais, especialmente Manila, e depois para fora das Filipinas, ele disse que isso é visto como um desafio, já que os migrantes, mesmo dentro do país, são vistos como uma ameaça, o que levou a Igreja filipina a fazer missão entre eles e, assim, estar no meio dos mais pobres, nas periferias, um termo que não era bem conhecido nas Filipinas, mas que o processo sinodal tem ajudado a compreender. Preparando a Assembleia Sinodal em meio a dificuldades A preparação para a Primeira Sessão foi muito difícil no Haiti, segundo Dom Launay Saturné, dada a grave situação social de insegurança, com falta de respeito à dignidade da pessoa, o que leva a constantes massacres, diante dos quais as autoridades nada fazem, denunciou o bispo. Isso faz com que as pessoas fujam, o que dificulta a missão da Igreja, dada a violência dos grupos armados, que inclusive impede o acesso à educação. Apesar de tudo, a Igreja fez todo o possível para se preparar para a Assembleia Sinodal, buscando, por meio da formação e da catequese, transmitir os valores que tornam possível a democracia, e pedindo, como Conferência Episcopal, que as autoridades realizem a transição, algo que está parado há muitos anos. A Igreja pede à população que colabore para alcançar a paz e a segurança, destacando o apoio constante do Papa e agradecendo sua proximidade. Um país que rejeita a linguagem do ódio e da vingança O Líbano está em guerra desde 1975 e, 50 anos depois, não se quer reconhecer que se trata de uma guerra imposta. Um país que, nas palavras do bispo maronita Mounir Khairallah, é “uma mensagem de paz e deve continuar sendo uma mensagem de paz, no único país do Oriente Médio onde há coexistência pacífica entre cristãos, judeus e muçulmanos”. O bispo, cuja vida foi profundamente marcada pela violência desde que seus pais foram brutalmente assassinados quando ele tinha cinco anos de idade, diz que no Líbano “queremos construir a paz e somos capazes de fazê-lo“, em um país cuja população rejeita a linguagem do ódio e da vingança. Um clima de grande abertura O clima é muito diferente na Segunda Sessão da Assembleia Sinodal, observou Catherine…
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Metodologia sinodal: Oferecer ao Papa orientações sobre como ser uma Igreja sinodal em missão

O Instrumentum laboris marca a metodologia de trabalho das assembleias sinodais, algo que não é diferente na Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada de 2 a 27 de outubro de 2024, na Sala Paulo VI do Vaticano, com a participação de mais de 350 membros, aos quais se juntam outros participantes que fazem parte de diferentes equipes. Ser Igreja sinodal em missão Parte-se da pergunta que orienta o desenvolvimento desta Segunda Sessão: “Como ser uma Igreja sinodal em missão?”. O propósito é descobrir como concretizar a identidade do Povo de Deus sinodal em missão nas relações, itinerários e lugares onde se desenvolve a vida da Igreja. Quer que esta proposta possa chegar aonde se vive a sinodalidade, às comunidades, paróquias, dioceses, pastorais, movimentos… Por isso é tão importante que todos possam enviar contribuições, observações, propostas, através da Secretaria do Sínodo, para avançar no caminho sinodal. Essa possibilidade, que é fundamental para o processo avançar, não deve ter sido fácil. Os medos de escutar, de ser a Igreja sinodal, de ser aquela Igreja de todos, todos, todos, da qual Francisco fala constantemente, sempre aparecem. Mas é bom lembrar as palavras de Pedro Casaldáliga, que dizia que o medo é contrário à fé. Vem à minha cabeça a música de Gilberto Gil: ” Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá’”. O medo excessivo nos leva a buscar seguranças que sacrificam a vida, que matam o Espírito, e não esqueçamos que, na metodologia da Assembleia Sinodal, a conversa no Espírito é elemento protagonista. Fundamentos de uma Igreja sinodal missionária Os Fundamentos não pretendem ser “um tratado sinodal”, afirmou o arcebispo de Luxemburgo e relator geral do Sínodo, o cardeal Jean Claude Hollerich, ao começar a abordar esta parte. Nas suas palavras, ele citava o próprio Instrumentum laboris, que diz que esta seção “tenta delinear os fundamentos da visão de uma Igreja sinodal missionária, convidando-nos a aprofundar a compreensão do mistério da Igreja”. Nesta dinâmica processual, algo de grande importância no pensamento de Francisco e no caminho sinodal, o Instrumento de trabalho, neste primeiro momento, recolhe “a consciência que nestes anos foi se consolidando e em particular as convergências que no ano passado reconhecemos e expressamos no Relatório de Síntese”. Daí que o caminho a seguir não deve procurar “reabrir o debate sobre o que já aprovamos no ano passado, mas tomar o tempo necessário para nos apropriarmos dela e nos situarmos dentro de um horizonte”. Sintonizar com o método de trabalho Para isso, os Fundamentos oferecem “a oportunidade de nos sintonizarmos com o método de trabalho”, dado que “as coisas não funcionam exatamente como no ano passado”, embora seja verdade que permanecem as linhas fundamentais propostas na Primeira Sessão. Insiste-se na sinodalidade como modo de ser Igreja e na necessidade de implementá-la, na missão, em ser uma Igreja misericordiosa, aberta a todos, com protagonismo laical e feminino cada vez maior. Depois serão abordados os relacionamentos, itinerários e lugares, procurando discernir os pontos fortes e as questões a explorar em relação ao que propõe o Instrumentum laboris para responder à pergunta orientadora da Assembleia. Quer-se debater, emendar e aprovar um documento que ofereça ao Papa Francisco algumas orientações sobre como ser uma Igreja sinodal em missão. Importância da dinâmica a seguir Esse documento, sob a responsabilidade do relator geral e dos secretários especiais, com o apoio dos especialistas, recolherá os materiais produzidos durante as duas sessões da Assembleia Sinodal, com particular atenção ao fruto do discernimento da Segunda Sessão. Tudo isso seguindo uma dinâmica de oração, invocação ao Espírito Santo, apresentação do rascunho do documento, reflexão pessoal, compartilhamento, debate em plenário, emendas em grupo e aprovação final. Os Grupos de Trabalho, as famosas mesas redondas, 36 no total, com 10-11 participantes cada, são formados por línguas, 16 em inglês, 7 em italiano, 6 em francês, 6 em espanhol e uma em português, cujos trabalhos se juntam em 5 mesas linguísticas, dois em inglês, e uma em italiano, francês e espanhol-português. Um trabalho que segue o método da conversa no Espírito, com a ajuda de um facilitador e um especialista. Conversa no Espírito Na conversa no Espírito cada um toma a palavra a partir de sua própria experiência e oração, e escuta atentamente a contribuição dos outros. Em um segundo momento, procura-se abrir espaço para os outros e para o Outro, compartilhando a partir do que os outros disseram, o que mais ressoou nele ou o que mais resistência suscitou nele, deixando-se guiar pelo Espírito Santo. Finalmente, é hora de construir juntos, a partir do diálogo comum, discernir e colher o fruto da conversa no Espírito: reconhecer intuições e convergências; identificar discordâncias, obstáculos e novas perguntas; deixar que surjam vozes proféticas. Por isso, é importante que todos possam se sentir representados pelo resultado do trabalho, e que todos ajam com plena liberdade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal López Romero: A partir deste Sínodo, “a Igreja emergirá mais católica, mais universal”

O Arcebispo de Rabat (Marrocos), Cardeal Cristóbal López Romero, um dos membros da Assembleia Sinodal que participou da coletiva de imprensa na Sala Stampa no dia 4 de outubro, disse querer tirar a sinodalidade da aula Paulo VI, “onde se fala, se reflete e se reza, para trazê-la para a vida cotidiana, para diferentes lugares, e para mostrar que não é um assunto para estudo, mas uma realidade que já está, pelo menos germinalmente, em ação“. Experiências de sinodalidade na África Em seu discurso, o cardeal salesiano contou algumas experiências de sinodalidade na África anglófona realizadas por uma das religiosas membros da Assembleia Sinodal, criando uma experiência de reflexão e encontro, afirmando que essa mulher “fez muito mais do que muitas Conferências Episcopais para divulgar a sinodalidade e, sobretudo, para promover a sua implementação“. Ele também contou três experiências da Conferência Episcopal que representa, composta pelas dioceses do Marrocos, Líbia, Argélia e Tunísia e na Arquidiocese de Rabat. Experiências de participação de todos para definir o caminho das dioceses, buscando criar comunhão entre todos, dar voz a todos, traduzi-la a serviço da missão, em um plano pastoral. Estamos falando de um pequeno número de igrejas, com um número estimado de 25.000 católicos em Rabat, provenientes de 100 países, o que “nos deu uma riqueza extraordinária, mas também dificuldades para viver a comunhão entre tantas diferenças”, destacou o cardeal. Nesse sentido, ele disse que “quando os cristãos começaram a se escutar uns aos outros, encontraram maravilhas naqueles que os rodeavam, que os viam todos os dias, mas sem se descobrirem“, a ponto de uma pessoa dizer: “pela primeira vez em minha vida, pude me apresentar, falar de mim mesmo e fazer com que as pessoas me escutassem”, algo que ele definiu como interessante. Assumir a sinodalidade em cada diocese Uma Igreja com mais homens do que mulheres, mais jovens do que idosos e com uma presença cada vez maior de subsaarianos. Uma Igreja cujo plano pastoral é: “Seguindo Cristo, sejamos uma Igreja para o Reino de Deus”. Uma experiência de sinodalidade que deveria ser adotada em todas as dioceses e que ele deseja colocar em prática e levar adiante, porque a sinodalidade colocada em prática produz muitos frutos. Para o arcebispo de Rabat, “este Sínodo está sendo extremamente enriquecedor, porque reúne pessoas de diferentes continentes, porque reúne homens e mulheres, este Sínodo reúne clérigos e leigos, e toda essa diversidade nos enriquece, embora signifique polir uns aos outros”. López Romero lembrou as palavras do Papa Francisco, que diz que a Igreja Católica ainda é muito europeizada, ocidentalizada, algo que ele diz ser verdade, e que ele experimentou vivendo na América Latina e na África. Todos precisam aprender com todos Daí o convite que ele fez para “ajudarmos uns aos outros”, dizendo que “a Igreja se tornará mais católica, no melhor sentido da palavra, mais universal“. O cardeal insistiu que, na Igreja, todos precisam aprender com os outros e “ajudar uns aos outros a viver o Evangelho de forma autêntica nas circunstâncias em que vivemos, com muitos ou com poucos”. A partir daí, enfatizo o quanto é bom nos aproximarmos e evitarmos nos distanciar uns dos outros. Algo que nos obriga a interagir, a escutar, a aprender uns com os outros e, assim, enriquecer-nos mutuamente. Com relação à Fiducia Supplicans, em resposta a uma das perguntas, ele disse que teria sido melhor que esse documento tivesse passado por um processo sinodal, já que não foi consultado, o que levou a divergências em alguns pontos. Sua conferência episcopal se posicionou de forma diferente do restante das conferências africanas, o que o levou a dizer que a prática da sinodalidade não é fácil, o que leva a tropeços e desculpas. Uma dinâmica que possibilitará ser mais humilde e se permitir ser mais iluminado pelo Espírito Santo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1