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Diocese de Roraima, onde aconteceu o milagre, mostra alegria diante do anúncio da data de canonização de Allamano

No dia 1º de julho de 2024, em Consistório Público, o Papa Francisco anunciou que a canonização do Bem-aventurado José Allamano, fundador dos Institutos Missionários da Consolata, será realizada no domingo, 20 de outubro de 2024, em Roma, Dia Mundial das Missões. Diante desse anúncio, o bispo da diocese de Roraima, dom Evaristo Pascoal Spengler, emitiu uma nota, dirigida ao povo de Deus da diocese e aos missionários e missionárias da Consolata, onde manifesta sua alegria diante do “feliz anúncio da canonização do Bem-Aventurado José Allamano, fundador dos missionários e das missionárias da Consolata, presentes em nossa Igreja de Roraima desde 1948”. Um fato que segundo o bispo, “é o Deus misericordioso, mais uma vez agindo em nossa história. Deus não cansa de nos surpreender com seu amor e sua bondade”. Junto com a alegria para os missionários, esse júbilo também é vivido pela Igreja de Roraima, “pois reconhece o milagre por intercessão do Beato Allamano, em favor do indígena Yanomami Sorino, que mora em nossa Diocese, na Missão Catrimani, reserva indígena do povo Yanomami em Roraima. A cura milagrosa do indígena, no momento em que a cura tradicional e a ciência médica só poderiam aguardar sua morte, foi fruto da fervorosa oração das Missionárias da Consolata, pedindo socorro ao seu fundador, Beato José Allamano, no primeiro dia da novena a ele dedicada”. Segundo relata dom Evaristo Spengler, “o indígena Yanomami Sorino havia sido atacado por uma onça que feriu gravemente a sua cabeça, abrindo-lhe a caixa craniana. Era 7 de fevereiro de 1996, o primeiro dia da novena ao Bem-Aventurado Allamano. Socorrido pelas Missionárias da Consolata que trabalhavam na missão Catrimani e transportado para o Hospital de Boa Vista. As Missionárias ofereceram a novena nesta intenção e por intercessão do Pai Fundador, Sorino recuperou milagrosamente a saúde em poucos eses e ainda hoje vive em sua comunidade indígena”. O texto lembra os passos dados ao longo do processo, primeiro em fase diocesana, relatando como ele foi realizado. Igualmente destaca que “o anúncio da canonização do Beato José Allamano é um momento de júbilo para a família Consolata, de consolidação da opção evangelizadora da Missão Catrimani, de confirmação da história de aliança da nossa Diocese de Roraima com os povos indígenas e motivo de bênçãos e esperanças para a nossa Diocese que celebra 300 anos de evangeli zação nessas terras de Macunaíma”. Finalmente, o bispo de Roraima anunciou que “vamos constituir uma comissão em nossa Diocese, para bem celebrarmos o dom da fecundidade do anúncio do Evangelho entre nós, confirmado pelo milagre operado em nosso irmão Sorino, por intercessão do Beato, em breve Santo José Allamano”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Allamano, canonizado por um milagre na Amazônia, santo em 20 de outubro de 2024

Durante o Consistório Ordinário Público desta segunda-feira, 1º de julho, o Papa Francisco anunciou que a canonização do Bem-aventurado José Allamano, fundador dos Institutos Missionários da Consolata, será realizada no domingo, 20 de outubro de 2024, em Roma, Dia Mundial das Missões. O milagre atribuído à intercessão do Bem-aventurado Allamano ocorreu na floresta amazônica brasileira, no estado de Roraima, onde Sorino, um homem da etnia Yanomami, foi atacado por uma onça que feriu gravemente a sua cabeça, abrindo-lhe a caixa craniana; era 7 de fevereiro de 1996, o primeiro dia da novena ao Bem-aventurado Allamano. Transportado para o Hospital de Boa Vista, socorrido pelas Missionárias da Consolata, que nunca deixaram de pedir sua recuperação por intercessão do Pai Fundador, Sorino recuperou milagrosamente a saúde em poucos meses e ainda hoje vive em sua comunidade indígena. O processo diocesano para analisar o suposto milagre foi realizado em março de 2021 em Boa Vista, enquanto o processo do Dicastério para as Causas dos Santos foi concluído em 23 de maio de 2024, com a aprovação do decreto que reconheceu o milagre. É um momento muito significativo para toda a família Consolata, composta por Padres, Irmãos, Irmãs, Leigos e Leigas. A Irmã Renata Conti e o Padre Giacomo Mazzotti, que atualmente acompanham a postulação, falam sobre o significado da canonização do Bem-aventurado Allamano. Em uma mensagem, os Superiores Gerais dos dois Institutos, o Padre James Lengarin, IMC, e a  Madre Lucia Bortolomasi, MC, escreveram: “Sua canonização é para todos nós um imenso presente que nos convida a ouvi-lo para aproveitar cada vez mais a riqueza de sua santidade. Que nossos olhos e corações estejam fixos em nosso Fundador para ouvi-lo e olhar para sua santidade, que nos estimula a continuar sua missão de maneira séria e profunda”. Stefania Raspo e Jaime C. Patias – Consolata América

Dom Leonardo: “A graça da confissão de fé transforma Pedro por dentro, na raiz”

Com as perguntas de Jesus aos discípulos, iniciou sua reflexão sobre a Solenidade de São Pedro e São Paulo o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” “E vós, quem dizeis que eu sou?”, que ele vê como “duas perguntas que nos são envidas na solenidade de São Pedro e São Paulo. Duas perguntas que nos são dadas para responder”. O cardeal lembrou de Jó, que depois de seus tormentos e sofreres responde confessando: “Eu te conhecia por ouvir dizer, mas agora, vejo-te como meus próprios olhos” (Jó 42,5). Uma frase que ele comenta dizendo: “eu tinha um conhecimento de ti, um ouvi dizer, uma transmissão, uma herança que me foi passada. Agora, vejo-te como meus próprios olhos; Como se confessasse és o Deus de Abraão, Isaac e Jacó, o Deus que vi, porque me tocaste”. “Quem é Jesus? O que é que dizem de Jesus? O que dizemos nós de Jesus? Quem é Jesus para nós que fomos encontrados por Ele?”, perguntou. Segundo o arcebispo, “muitas pessoas vêm em Jesus uma pessoa boa, generosa, cheio de misericórdia, especialmente para com os pobres e doentes. Se encantam com seus ensinamentos, com os seus gestos. Outros o veem com quem esteve contra a situação em que vivia o povo sob leis rigorosas. Admiram a sua proximidade com os necessitados, os órfãos se as viúvas. Deixam-se iluminar pela esperança que levou aos pobres e como despertou a sensibilidade para com o próximo, que era preocupado em construir uma sociedade mais justa e mais livre. Deixam-se tocar pela fraternidade e a justiça esparramada. Um homem excepcional, carismático. Mas não conseguem dar o passo da cruz e da morte”. Novamente, dom Leonardo questionou: “Quem é Jesus para os discípulos? E vós quem dizeis que eu sou?”, respondendo com as palavras de Simão Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Ele insistiu em que “a pergunta aos discípulos era quem sou eu para vocês. Não mais o que os outros dizem, mas quem sou eu para cada um de vocês? ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ Conviviam com Jesus, ouviam as suas pregações, viam seus milagres; Jesus se fez um mestre para cada um deles. Vislumbravam e pressentiam uma relação especial com Jesus diferente dos profetas. Uma confissão de fé ainda não podia emergir e, com ela, o conhecimento, o encontro com a verdade, de quem Jesus era. A resposta nasce nas palavras de Simão Pedro: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’. Como o evangelho provoca a termos a precisão da confissão de Pedro: ‘Bem-aventurado és tu Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne e sangue que te revelaram isso, mas meu Pai que está nos céus’. Sim queridos irmãos e irmãs o perceber a presença do Filho de Deus não advém de nós mesmos, mas nos é revelado pelo Pai. O Filho de Deus, o Cristo, o Filho do Deus vivo nos é dado pelo Pai. Ele a nos dar essa preciosa revelação”. “Entre as afirmações, as traições, entre as entregas e recuos, entre afirmação da fé e a descrença, entre os caminhos e descaminhos, o Senhor fez de Simão pedra, Pedro”, enfatizou o cardeal. Ele lembrou as palavras de Santo Agostinho numa de suas homilias: “São Pedro, o primeiro dos apóstolos, que amou ardentemente a Cristo, e que chegou a ouvir dele as palavras: ‘por isso eu digo: Tu és Pedro’. Pois ele havia dito antes: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’. E Cristo respondeu: ‘Por isso eu digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.’ Sobre esta pedra edificarei a esta mesma fé que professa. Sobre esta declaração você fez: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo, edificarei a minha Igreja. Porque tu és Pedro’. ‘Pedro’ é uma palavra derivada de ‘pedra’, e não vice-versa. ‘Pedro’ vem de ‘pedra’, assim como ‘cristão’ vem de ‘Cristo’.” Nesse sentido, segundo dom Leonardo, “Santo Agostinho comenta que o Senhor não disse ‘tu és pedra’, mas, ‘tu és Pedro’. Não a Pedra vem de Pedro, mas Pedro vem da Pedra. Isto é: Simão torna-se Pedro, pétreo, graças à Pedra, que é Jesus, a ‘Pedra angular’, a quem ele confessou, reconheceu, como sendo o Cristo, o Filho do Deus vivo”. “A graça da confissão de fé transforma Pedro por dentro, na raiz. Por isso, Jesus troca o nome que Pedro recebera dos homens, de seus pais e concede um novo nome, como que dizendo: ‘Agora, Pedro você não é mais dos homens, mas é meu’. Se o velho nome – ‘Shimon’ (Simão) – que significa ‘o que ouve’, o ‘ouvinte’, enfim, o ‘obediente’ é belo para um israelita, muito mais será o novo: ‘E eu te digo: ‘Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja’”, enfatizou o cardeal; “Nas palavras do Evangelho, darmos conta que a pergunta é dirigida a cada um de nós: e você quem diz ser? E eu?”, disse dom Leonardo. Segundo ele, “quem é Jesus para mim a tal ponto que também a cruz tem sentido e justamente na cruz posso entrever o extraordinário mistério da presença de Deus no meio de nós. Não se trata de uma inspiração, mas de uma revelação. Na nossa confissão percebemos que nos foi dado, nos foi revelado. E porque revelado somos também parte da Igreja, pedra que visibiliza a Igreja”. Novamente, citou Santo Agostinho no Sermão 26: “Distingamos, vendo-nos a nós próprios neste membro da Igreja, o que é de Deus e o que é nosso. Pois então não vacilaremos, então estaremos fundados sobre a Pedra, então estaremos fixos e firmes contra os ventos, e tormentas, e correntes, as tentações, quero dizer, deste mundo presente. No entanto vede este Pedro, que era então nossa figura; ora confia, ora vacila; ora confessa o Imortal, ora teme que Ele morra. Por quê? Porque a Igreja de Cristo tem tanto fracos como fortes … Quando Pedro disse “Tu és o…
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25 anos de bispo de Dom Mário Pasqualotto: “Eu me sinto muito amado, não só dos bispos, dos padres, mas também do povo”

No dia 08 de dezembro de 1967 dom Mário Pasqualotto chegou no Brasil, junto com mais quatro missionários, num barco cargueiro, como missionário do Pontifício Instituto das Missões Exteriores (PIME). Nascido em Valenza (Itália) no dia 25 de junho de 1938, foi ordenado presbítero no dia 26 de junho de 1965. Nomeado bispo auxiliar de Manaus no dia 02 de junho de 1999, recebeu a ordenação episcopal no dia 15 de agosto do mesmo ano. O Papa Francisco aceitou sua renúncia como bispo auxiliar de Manaus em 17 de julho de 2013. Depois de quase 57 anos de ter chegado na Amazônia, no ano em que completa 25 anos de bispo, dom Mário Pasqualotto lançou recentemente o livro-testemunho: “Comunhão: Experiência de Deus”, onde relata “o caminho que foi levado a percorrer como graça do seguimento de Jesus Cristo”, segundo afirma o cardeal Leonardo Steiner no prefácio da obra. Ainda lembra a viagem de teco-teco de Macapá até Parintins, e a festa que o bispo e os padres fizeram para recebê-los, e junto com isso sua impressão enorme enquanto sobrevoava a floresta amazônica, ainda mais depois do avião estar com defeito e ter que descer em Santarém. Fazendo uma leitura da realidade social, ele afirma que “não vejo muita mudança, especialmente no interior, na periferia das cidades”, chegando a dizer que no interior, onde ficou 32 anos, nas cidades de Barreirinha, Parintins e Maués, “estavam melhor antigamente”. Segundo o bispo auxiliar emérito de Manaus, “os ricos se veem mais ricos, os pobres se veem mais pobres”. Ele duvida que no Brasil tenha democracia, isso porque “tem muitas pessoas que são obrigadas a votar naquela pessoa, senão perde o trabalho. Isso não é democracia de verdade”. Dom Mário reflete sobre as atitudes erradas dos prefeitos, que quando assumem o cargo mudam tudo, sobre a lavagem cerebral, a descarada compra de votos, dizendo que “em todos esses anos que estou aqui, ganha quem tem mais dinheiro”. Falando sobre a vivência eclesial, dom Mário Pasqualotto não duvida em dizer que “comparado com a Europa, aqui é um paraíso”, relatando sua tristeza quando vai de férias na Europa, diante da falta de jovens e de gente na Igreja. Frente a isso, no Brasil, ele destaca a animação nas celebrações, “gosto muito de rezar missa, gosto muito de fazer crisma”, numa Igreja ainda viva, mesmo reconhecendo os desafios presentes na Igreja de Manaus. Igualmente ressalta que “eu gosto muito dos padres, ainda hoje eu tenho um amor preferencial por eles”, lembrando que sendo bispo auxiliar de Manaus, sempre falava com os padres. Analisando sua vida como bispo, ele diz que sempre tinha saudade da paróquia, “a paróquia é mais família, você participa dos atos mais concretos, a paróquia se torna tua família, tem um contato contigo”. Daquele tempo, ele destaca que “eu gostava muito de fazer muitos encontros”, com várias reuniões todos os dias, cursos de formação e retiro espiritual com as comunidades do interior. Como bispo, ele reconhece que “a gente tem contato com o povo, mas ao mesmo tempo você não tem contato contínuo, direto”, destacando no ministério episcopal a maravilhosa experiência de comunhão, o que ele vivenciou com o arcebispo de Manaus, dom Luiz Soares Vieira, e os outros bispos auxiliares, dom Sebastião Bandeira e dom Mário Antônio da Silva. Diante de sua resistência inicial a ser bispo, o fato de morar, rezar e trabalhar junto com dom Luiz Soares, lhe fez aceitar, destacando que “foi isso que me ajudou mais”. Ele insiste em que no havia distinção entre o arcebispo e os bispos auxiliares, algo que se reforçava nas reuniões semanais entre eles, para rezar e debater os problemas, indo juntos sempre que podiam. Ele lembra que uma vez um padre disse para ele, “como é bonito ver nossos bispos unidos”, relatando diversos exemplos dessa vida comum entre os bispos de Manaus. Dom Mário Pasqualotto diz que sempre teve muita confiança nos leigos, como padre e como bispo. Ele lembra que na paróquia de Maues tinha 140 comunidades no interior, que às vezes demorava três anos para receber a visita do padre. Aí era muito importante os cursos de formação em janeiro e em julho, onde participavam 350 pessoas, com formação geral para todos e específica para cada grupo e pastoral. Igualmente, ressalta o trabalho das três equipes missionárias da paróquia, formadas principalmente por leigos e leigas, uma da Pastoral Familiar e Jovens, outra para o Dízimo, e outra para Liturgia, que reuniam as comunidades por setores para dar formação no interior. Algo que ele fez nas paróquias onde trabalhou como padre, relatando a riqueza dos círculos bíblicos no final da década de 60 e início da década de 70. Essa formação do laicato também estava presente em seu tempo como bispo auxiliar de Manaus. O bispo emérito enfatiza que “eu me sinto muito, muito inserido na diocese, sempre me senti”. Quando ele passou a ser emérito se tornou diretor espiritual do Seminário, e ainda hoje dirige espiritualmente quatro seminaristas e padres novos que ele acompanhou quando eles eram seminaristas. Junto com isso, enfatiza que até a pandemia, quarta-feira e sexta-feira confessava na Catedral, destacando a importância deste serviço para a Igreja. Poderíamos dizer que o grande serviço que dom Mário Pasqualotto desempenhou como bispo emérito na arquidiocese de Manaus foi acompanhar a Fazenda da Esperança, ressaltando sua importância como lugar de formação cristã. Lá ele batizou muita gente, e insiste que “esta espiritualidade da Fazenda da Esperança, realmente forma cristãos”. Ele cita como prova disso o fato de que desde 2001, saíram da Fazenda da Esperança de Manaus como voluntários mundo afora 160 “consagrados”. Depois de se recuperar estão ajudando os outros, enfatiza. Dom Mário Pasqualotto ressalta que “estes leigos fazem a experiência de Deus se doando”, afirmando ter duas fontes de espiritualidade, a presença de Jesus entre as pessoas, na comunidade, “que trabalha, que ilumina, que dá força”, e a outra, Jesus crucificado, abandonado, entender o valor da hora de Jesus, da nossa hora, que o bispo afirma ser…
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Com Francisco, com Pedro, com a Igreja

A atual conjuntura eclesial, marcada pelos contínuos e infundados ataques ao Papa Francisco, tem que nos levar a refletir àqueles que nos dizemos cristãos e cristãs. No dia 29 de junho, a Igreja celebra a festa de São Pedro, a festa do Papa. Uma boa oportunidade para refletir sobre a figura de Francisco, o sucessor de Pedro, e o que ele representa para a Igreja e para a humanidade. Depois de 11 anos de pontificado, o primeiro Papa latino-americano cumpriu o pedido feito pelos cardeais, antes de entrar na Capela Sistina, para eleger o sucessor de Bento XVI. Eles refletiram sobre a necessidade de reformar a Igreja diante dos escândalos, principalmente financeiros e de abuso de menores, em que ela estava envolvida. E o cardeal Bergoglio, um homem com grande capacidade de discernimento, assumiu e levou em frente o pedido. O caminho que ele escolheu foi em companhia dos últimos, dos pobres, dos migrantes, dos descartados, daqueles que por diversos motivos são vítimas, inclusive dentro da Igreja católica. Mas isso incomoda, e como incomoda, àqueles que sempre se serviram do poder para satisfazer interesses pessoais, para se servir dos outros em benefício próprio. Estar com Francisco é estar com a Igreja, com aquela Igreja que teve em Pedro o primeiro a conduzir seus caminhos. Um homem que se deixou transformar no seguimento de Jesus, daquele que um dia lhe cativou e que aos poucos, não sem dificuldade, foi entendendo seu modo de viver e de olhar para os outros, especialmente para aqueles que nunca contaram para ninguém, aqueles que sempre foram colocados do lado de fora da história. Na Igreja de Francisco cabem todos, todos, todos, e isso faz com que alguns se sintam incomodados. Eles só gostam daqueles que são iguaizinhos a eles, clones perfeitos, numa realidade e numa Igreja que só existe em sua cabeça. É por isso que desprezam a diversidade e àquele que acolhe a quem é diferente, escutando-o e tentando descobrir a riqueza que encerra em sua vida. Muitos que se dizem os autênticos católicos, mas que na verdade são membros de uma seita criada por eles mesmos, propagadores de mentiras e infâmias, deveriam refletir sobre suas palavras e atitudes em relação ao Santo Padre. Somos Igreja quando vivemos a comunhão, quando mesmo na diferença caminhamos juntos, como comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus, em sinodalidade. Somos católicos quando respeitamos o sucessor de Pedro, aquele a quem Jesus confiou a missão de apascentar suas ovelhas e conduzir a barca da Igreja. Hoje é Francisco, como em outros tempos foram outros e no futuro a Igreja irá escolher novos sucessores de Pedro. Mas sempre descobrindo em sua figura a presença de Cristo que neles nos guia como Igreja para continuar anunciando o Evangelho a todos os povos. Se você quer ser católico não se deixe enganar por aqueles que movidos por interesses políticos e económicos insultam o Papa Francisco. Quem escuta e acredita nesses personagens se distancia de Deus e da Igreja, pois eles pregam um Deus a imagem e semelhança deles e de seus interesses e não o Deus de Jesus Cristo, o Deus de Pedro, o Deus de Francisco. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Cardeal Leonardo Steiner cidadão manauara, um título que “oferece mais deveres que direito”

A Câmara Municipal de Manaus, mediante proposta do vereador Daniel Amaral de Vasconcelos, outorgou o título de Cidadão Manauara ao arcebispo metropolitano da arquidiocese de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, já Cidadão Amazonense desde 2023, em sessão solene realizada no Legislativo municipal, que contou com a presença dos bispos auxiliares, dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, dom Zenildo Lima e dom Hudson Ribeiro, de representantes do clero, da Vida Religiosa e das pastorais e movimentos da Igreja local. O vereador Daniel Vasconcelos, que se declarou católico, participante da Pastoral Familiar e do Encontro de Casais com Cristo, destacou em dom Leonardo Steiner, que “ele trabalha por todos nós, independente de religião, esse é o verdadeiro cristão”. Ele insistiu na simplicidade do cardeal, em sua presença na periferia, e no fato da Igreja católica ser a maior instituição de caridade do mundo, também em Manaus, citando diversos exemplos disso, e da parceria do poder público nesse trabalho. O vereador pediu que Deus possa conduzir o mais novo Cidadão Manauara e ele tenha a força para conduzir o povo da arquidiocese de Manaus. Osvaldo Lopes Filho, diretor presidente do Sistema Encontro das Águas, em representação do Governo do Estado do Amazonas, mostrou sua admiração e reconheceu a grandeza de sua pregação, cada domingo, na missa celebrada na Catedral, transmitida pela TV Encontro das Águas. Ele destacou “o quanto e em tão pouco tempo, ele cultivou a simpatia de todos”, ressaltando a admiração das demais religiões pelo cardeal. Igualmente, refletiu sobre o papel fundamental da Igreja, num momento em que a tecnologia está levando o homem a esquecer o homem, como aquela que mostra a existência de Deus. Dom Zenildo Lima, em nome dos bispos auxiliares e da Igreja de Manaus, falou sobre o significado do momento desde três perspectivas. Em primeiro lugar, o reconhecimento, afirmando que “dom Leonardo ganho a confiança de nós manauaras”, vendo ele como “alguém que consegue caminhar conosco, que temos nosso jeito de andar”. O bispo auxiliar ressaltou a presença de dom Leonardo com nossas situações de vida, no meio ao povo de rua, no cemitério ou num caminhão descarregando cilindros de oxigênio durante a pandemia da Covid19. Em segundo lugar, outorga, “a gente oferece a dom Leonardo tudo o que a gente tem nesta cidade, mas também tudo o que tem como drama, desafio”. Em terceiro lugar, destacou o comprometimento de quem está de mãos dadas, e ressaltando a presença de construtores de cidadania ocupando os lugares dos vereadores na bancada, enfatizou que “dom Leonardo está conosco nesta construção de cidadania, juntos continuamos esse processo de construção de cidadania”. Em sua intervenção, o homenageado iniciou sua fala dizendo que “se não estivesse eu na Amazônia, não seria cardeal”. Depois de agradecer aos presentes, o cardeal Steiner, reconhecendo sua alegria ao receber o título, afirmou que “o Município gira em torno da cidade de Manaus, a cidade dos manaos que se tornou cidade de culturas e povos”. O arcebispo de Manaus lembrou que “a cidade, pólis, é mais que uma forma de organização do convívio humano, é o lugar, a dimensão, a abertura, em que se dá a experiência do acontecer e do destinar histórico das pessoas que vão construindo o povo”. Comparando a cidade com diversos conceitos, o cardeal definiu a cidade como “sonho do Reino de Deus que se manifestava entre os pequeninos e despossuído”s. Inspirado no poete Hölderlin, que dialogou com o mundo grego, ele disse que “o povo grego tinha como seu dom inato o fogo do céu e como própria a ternura. Para proteger este fogo do céu e a ternura é que desenvolveram a sobriedade e o rigor”. Para proteger o espírito, os gregos potenciavam a força atlética dos corpos e a força aclaradora da reflexão, identificando esse espírito com “a força de vida e de iluminação, concedida pelo fogo do céu e pela ternura”. A força da ternura emerge, enfatizou o arcebispo de Manaus, “na hospitalidade, na proximidade, na solidariedade”. Ele destacou que “mesmo com dificuldade continuamos na poesia, na arte, na persistência, na perseverança dos pobres e intelectuais a proteger o espírito que nos deixa ser como cidade”. Nessa perspectiva, ele disse que “a polis intuída pelos gregos como possibilidade de convivência humana no mundo comum, no espaço público, não era tanto um quê, mas muito mais um como. Não era tanto um fato, quanto uma tarefa, um quefazer”. Igualmente, dom Leonardo destacou a cidade como local em que “a totalidade dos cidadãos, exercia a liberdade e a responsabilidade histórica pelo todo de seu mundo comum, de seu espaço público”, e junto com isso, a polis como “lugar em que o povo experimenta sua força, seu vigor, como  livre e soberano, guardados pela ternura e pelo fogo do céu”. Reconhecendo as dificuldades, violências, mortes, ele disse que “a fé nos obriga a deixar vir o vislumbre do fogo do céu e da ternura”, refletindo sobre a Cidade de Deus de Santo Agostinho e seu movimento do reino de Deus. O fato de pertencer à polis, a politeia, a cidadania, “com seus direitos e deveres, o modo de viver na responsabilização pelo cuidado da polis”, levou o cardeal a refletir sobre o fato de que “o título oferece direitos e deveres. Mais deveres que direito”. El disse se sentir, ao receber o título, “mais pertencente a esse movimento de ser cidade”, e “convocado a essa vitalidade politéica”. Isso, porque “pertencemos quando moramos e moramos quando construímos”, na medida em que obramos. O cardeal refletiu sobre o conceito de lugar, que “nos diz, nos constrói e nos oferece um pensamento distinto”. Ele recordou as palavras de Heidegger: “construir já é em si mesmo morar, viver”. Dom Leonardo ressaltou que “morar, pertencer é ser! Ser que não advém de um Título, mas que o Título pode despertar para melhor morar e obrar, isto é participar, transformar”. É por isso que “receber o título responsabiliza o morar e, por isso, o pertencer, pois morar é construir, obrar”, sublinhou o presidente do Regional Norte1…
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Dom Leonardo: “Levar Jesus é a essência do discípulo missionário, dos seguidores e das seguidoras de Jesus”

Na homilia do 12º domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, iniciou suas palavras lembrando o texto do Evangelho: “Ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: Vamos para a outra margem!”. Ele lembro que a passagem do Evangelho do dia começa dizendo: “Ao entardecer… (Mc 4,35)”. Ele lembrou as palavras de Papa Francisco no meio da pandemia do Covid19 na Praça de São Pedro vazia, “onde nos consolava com estas palavras, demonstrado o que era o entardecer, o cair da tarde, mas com confiança na travessia”: “Desde há semanas que parece entardecer, parece cair a noite. Densas trevas cobriram nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se de nossas vidas, enchendo tudo com um silêncio ensurdecedor e de um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem: pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares! Encontramo-nos temerosos e perdidos. À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda.” Segundo o arcebispo, “somos convidados à travessia, a buscar outra margem. Ao cair da tarde buscar a outra margem. Ao cair de um dia, quando começa a descer a noite, quando percebe-se findar uma possibilidade, quando as possibilidades parecem findar, buscar a outra margem. Ao cair da tarde, quando estamos a perder a luz, quando estamos para perder os olhos, quando os olhos começam a perder o ver; quando a necessidade de ultrapassar o já visto, o já compreendido, ultrapassar a segurança do tudo saber, do tudo ter, buscar a outra margem. No meio das dificuldades, no meio da tormenta, no meio do burburinho, no meio de tantos sofreres e não saberes, somos despertados pela outra margem: da liberdade, da fé, da misericórdia, da esperança, da vida do Reino. A outra margem nos atrai. A outra margem é mais que a espera de um novo dia! É travessia”. Dom Leonardo analisou o texto de Marcos, a nos dizer que os discípulos “despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava, na barca” (Mc 4,36). Nesse versículo, o arcebispo de Manaus destaca que “eles levaram Jesus com eles. Levar Jesus é a essência do discípulo missionário, dos seguidores e das seguidoras de Jesus. Levar significa, carregar o próprio Filho de Deus que não tem casa, pois todos os homens, todas as criaturas, todos os povos são sua casa. Fazer a travessia com Jesus. Ele presente no barco; Ele a travessia: caminho, verdade e vida. Ele estará sempre na quase não presença no fundo da barca”. No meio da travessia, diz o texto, “começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a encher-se de água” (Mc 4,37). “Os ventos, as ondas, a agitação, e os discípulos tomados pelo medo de soçobrar. Os ventos, as ondas que nos agitam, despertam sentimentos de morte de desesperança”. Se referindo à travessia dos nossos dias, dom Leonardo Steiner os identificou com “os ventos e as ondas da violência, da pandemia, da agressão, da ganância a qualquer custo, do desemprego, da fome, das águas, do negacionismo, da destruição do meio ambiente, da negação da ética; quantas ondas e ventos. Ondas a nos atingir às vezes duas de cada vez, somos tomados pelo medo de afundarmos como sociedade como pessoas dadas à convivência”. “Esse vento forte e agitado, destruidor e essas ondas violentas que nos fazem temer pela vida de nossas famílias, pela moral de liberdade e integridade. Essas ondas agitadas e ventos de ídolos do vazio, da religião mascarada e mercantilizada. Uma religião de um ritualismo vazio, sem amor aos pequenos e abandonados. Essa onda de morte e vingança que leva a encher o barco a existência, das paixões humanas e do mundo – os ídolos do poder, do domínio sobre os outros, da competição religiosa; a ansiedade pela fama e pelos aplausos do mundo. Na medida em que buscamos o outro lado essas tensões e desumanidades se apresentam como sinais de morte. Não existe travessia sem tensão, sem desconforto, sem ventos fortes e ondas agitadas. É que nos dada a graça da vida nova do reino de Deus: transformação”, enfatizou o cardeal. Citando as palavras de Rombach, quando fala do sofrer, o arcebispo de Manaus disse: “Através da experiência da cruz o homem aprendeu a ver o sofrer de outro modo. Sempre houve sofrimento, mas ele não era sofrido. Só com o sofrer divino o homem aprendeu a captar o sofrimento como figura fundamental do ser-homem: o homem que sofre tem um direito infinito, sua figura é intocável, nem repreensão nem acusação, nem boas palavras e exortações, nem louvação e recompensa nem meras ajudas técnicas são de valia para ele. O sofredor perdeu algo de irreparável, a pátria, os seus, o sentido. Caso nele a dor se transforme em sofrer, então ele se torna um indivíduo infinito, que não é alcançado por nada mais. O sofredor tem um direito absoluto. Rente a ele não passa nenhum caminho. Nele se torna presente o ser-homem e a humanidade. Nisso reside seu serviço, sua oferenda, sua tarefa: sofrer como experiência da infinitude e ajudar como um suportar estar junto. Nessa figura em que co-pertencem sofrer e suportar-junto, as existências individuais crescem para fora e para além de si.” “A travessia é uma espécie de purificação, de conversão, de mudança de vida. Melhor é uma imersão sempre maior e mais dinâmica no Evangelho, no modo de viver de Jesus que sofreu na cruz até a morte”, segundo dom Leonardo. É por isso que “na travessia Jesus conosco! Jesus a nos levar no meio de tudo o que acontece na travessia. Ele ali no meio das tormentas, a dormir e nós esquecidos de sua presença, apesar de termos levado conosco. É no meio da agitação e do desassossego o buscamos e o vemos. E com sua presença, apesar da agitação e do odor de morte, nos entregamos à suavidade de sua presença e somos tomados pela serenidade das ondas e dos ventos.” Citando uma homilia de Santo…
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Diocese de Roraima envia dom Lucio Nicoletto para sua nova missão em São Félix do Araguaia, “uma Prelazia com uma história belíssima”

A Igreja de Roraima, onde ele foi missionário desde 2016, enviou neste sábado, 22 de junho, dom Lucio Nicoletto para sua nova missão como bispo da Prelazia de São Felix do Araguaia. Ordenado bispo na catedral de Padova no dia 1º de junho, catedral de Cristo Redentor acolheu uma celebração com a participação de mais quatro bispos, o clero local, a Vida Religiosa, e de representantes das paróquias e comunidades da diocese, dentre eles os migrantes e os povos indígenas. Na homilia, após agradecer aos presentes, ao povo da prelazia de São Félix do Araguaia e aquele que foi seu bispo até agora, dom Adriano Ciocca, e aos bispos que participaram de sua ordenação episcopal em Padova, dom Lucio Nicoletto iniciou reconhecendo seu sentimento de gratidão, que nasce das “inúmeras memorias dessa caminhada que Deus me deu de viver aqui com vocês desde 2016”, um tempo marcado pelo conhecimento “dos mais pobres e de todos aqueles que sofrem”. Uma Igreja que ele define, seguindo Gaudium et Spes, como “uma Igreja que desde os seus primórdios guardou em seu coração o eco de toda realidade verdadeiramente humana”.  Uma Igreja que tem feito uma “reiterada opção pelos pobres e marginalizados, pelos povos indígenas e o povo dos migrantes e refugiados”. O bispo eleito de São Félix do Araguaia questionou “como poderíamos justificar essa pressão de que fala São Paulo na segunda leitura que o amor de Cristo nos faz, esse coração ardente que a Palavra de Deus acende em nós a partir do momento em que como Maria e com Maria queremos dizer o nosso Sim a Cristo na missão evangelizadora?”, respondendo que “os pés das discípulas e dos discípulos de Jesus Cristo se colocam a caminho por causa de uma urgência!”, insistindo na necessidade de uma resposta de amor. “Assim como eu vos amei!”, ressaltou dom Nicoletto, uma resposta necessária “quando o nosso coração se depara com tanta violência e injustiça, com tantas divisões e polarizações, até mesmo dentro da nossa mesma igreja; quando sentimos o cansaço de tanta dor e a tentação de dar o fora. Numa hora como essa sentimo-nos representados pelos discípulos de Jesus na hora mais crítica dessa travessia no meio do mar da vida: Mestre, não te importas que estamos perecendo, que estamos sofrendo demais? Deus parece dormir”, disse o bispo. “Será que Deus se esqueceu de nós?”, questionou dom Lucio Nicoletto, refletindo sobre o significado da barca e o mar, mostrando que “o mar simboliza o perigo, a ameaça na vida” uma realidade presente na comunidade de Marcos. Mesmo diante do perigo, Jesus chama seus discípulos a continuar sua missão, “a ir ao encontro das pessoas nas diferentes situações e lugares onde estão”, onde ele vê representada a Igreja missionária, que “atravessa diferentes mares para ir ao encontro dos homens e mulheres para lhes comunicar a boa notícia do reino de Deus”. Nas ondas do mar, dom Lúcio vê o “aburguesamento e cumplicidade: já fizemos bastante, pobres sempre existiram e existirão; o fundamentalismo e superioridade: é importante cuidar a pureza de nossos ritos, liturgias; as injustiças e discriminação para com a vida dos povos originários e migrantes; a rejeição para com as nossas crianças e jovens que ficam cada vez menos no topo de nossas preocupações e políticas públicas”.  No texto, destacou o bispo, Marcos quer transmitir aos seus, que “quando a comunidade segue os passos de seu Mestre, vai sofrer perseguições, vai ter dificuldades, vai vivenciar noites de tormentas, mas Deus é maior que tudo isso”. Para cresce na fé, “somos convidados e convidadas a passar para o outro lado. Para isso é preciso atravessar o mar com a confiança que demonstra Jesus no texto: ele dorme sereno porque confia no Pai”, salientou dom Lucio Nicoletto, mostrando que “os discípulos ainda têm uma fé que se desespera e devem aprender de Jesus a ter uma fé que confia”. Jesus grita, e em seu grito, se posiciona “diante de todo o mal que provocamos quando nos afastamos da lógica do amor e transformamos a fé numa ideologia; diante de nossa incapacidade de deixar-nos transformar pela sua Palavras em autênticos promotores de Justiça e de Paz para a realização da civilização do amor; diante da nossa obcecação pelo poder, pelo sucesso, pela ganância que desconsideram cada vez mais a vida dos outros e só se importa com a própria!” No convite de Jesus para irmos para outra margem, dom Lúcio vê “um convite a uma conversão radical e permanente”, que exige “um contínuo e permanente processo de conversão, principalmente de uma vida mais pautada pelo egoísmo árido e mortífero para uma vida que seja fruto de um contínuo deixar-se plasmar por Deus como Jesus fazia, sempre em intima e profunda comunhão com o Pai, para aprendermos assim a guardar em nós os mesmos sentimentos que foram de Cristo Jesus”. No Jesus apresentado pelo evangelista Marcos, o bispo vê “Aquele que veio para nos acompanhar no êxodo da vida e fazer-nos sentir que não estamos só, mas Ele nos guia e está conosco, como lâmpada resplandecente, como força profética para anunciar seu amor e sua justiça sem calar diante das ‘ondas’ do egoísmo e dos interesses particulares que não pertencem a Deus nem tampouco ao seu Reino”. Ele insistiu em que “essa é a tua vocação Igreja na Amazônia: ser sinal de Cristo Bom Pastor que ama e guia o seu povo com amor e ternura de Pai e Mãe, que abre para nós o caminho da vida plena para todos, que mostra para nós que não há salvação sem comunhão, não há misericórdia sem compaixão, não há evangelização sem missão, não há esperança sem conversão ao amor para com todas as criaturas”. No final da celebração, dom Lucio Nicoletto recebeu as homenagens dos missionários italianos, do laicato, a Vida Religiosa, o clero, a Pastoral do Migrante, lembrando e agradecendo pelos momentos vividos juntos ao longo de oito anos, destacando aquilo que foi marcante nesse tempo em sua missão na diocese de Roraima. Foi lida a…
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Mensagem do Regional Norte1 a dom Lucio Nicoletto em seu envio como bispo de São Félix do Araguaia

Na celebração de envio de dom Lucio Nicoletto como bispo da prelazia de São Félix do Araguaia, realizada na catedral Cristo Redentor da diocese de Roraima, o Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1) enviou uma mensagem assinada pelo presidente, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo metropolitano de Manaus. O texto manifesta a alegria com que o Regional Norte1 recebeu a notícia da nomeação episcopal de dom Lucio Nicoletto, lembrando seu trabalho missionário no Brasil desde 2005, na diocese de Duque de Caxias, e desde 2016 na diocese de Roraima. O Regional Norte1 lhe agradece ao bispo eleito de São Félix do Araguaia pelos oito anos que trabalhou no Regional, destacando sua “doação e testemunho missionário”. Igualmente, a mensagem agradece a dom Lucio Nicoletto, “por ter aceitado o pedido do Papa Francisco para exercer o ministério Episcopal na Prelazia de São Félix do Araguaia”, ressaltando a alegria pelo fato de continuar sua missão na Amazônia. O Regional Norte1 pede a Deus “que, por intercessão de Nossa Senhora da Amazônia e de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da igreja de São Félix do Araguaia, abençoe sua missão e lhe concede bom ânimo e generosidade para realizar seu pastoreio em meio ao povo que Deus está lhe confiando”, enviado a saudação dom Regional a dom Adriano Vasino Ciocca, predecessor de dom Lucio Nicoletto no pastoreio da Igreja de São Félix do Araguaia, e ao bom povo da estimada e querida Prelazia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação do Regional Norte1 da CNBB

Diocese de Roraima envia dom Lucio Nicoletto para sua nova missão em São Félix do Araguaia, “uma Prelazia com uma história belíssima”

A Igreja de Roraima, onde ele foi missionário desde 2016, enviou neste sábado, 22 de junho, dom Lucio Nicoletto para sua nova missão como bispo da Prelazia de São Felix do Araguaia. Ordenado bispo na catedral de Padova no dia 1º de junho, catedral de Cristo Redentor acolheu uma celebração com a participação de mais quatro bispos, o clero local, a Vida Religiosa, e de representantes das paróquias e comunidades da diocese, dentre eles os migrantes e os povos indígenas. Na homilia, após agradecer aos presentes, ao povo da prelazia de São Félix do Araguaia e aquele que foi seu bispo até agora, dom Adriano Ciocca, e aos bispos que participaram de sua ordenação episcopal em Padova, dom Lucio Nicoletto iniciou reconhecendo seu sentimento de gratidão, que nasce das “inúmeras memorias dessa caminhada que Deus me deu de viver aqui com vocês desde 2016”, um tempo marcado pelo conhecimento “dos mais pobres e de todos aqueles que sofrem”. Uma Igreja que ele define, seguindo Gaudium et Spes, como “uma Igreja que desde os seus primórdios guardou em seu coração o eco de toda realidade verdadeiramente humana”.  Uma Igreja que tem feito uma “reiterada opção pelos pobres e marginalizados, pelos povos indígenas e o povo dos migrantes e refugiados”. O bispo eleito de São Félix do Araguaia questionou “como poderíamos justificar essa pressão de que fala São Paulo na segunda leitura que o amor de Cristo nos faz, esse coração ardente que a Palavra de Deus acende em nós a partir do momento em que como Maria e com Maria queremos dizer o nosso Sim a Cristo na missão evangelizadora?”, respondendo que “os pés das discípulas e dos discípulos de Jesus Cristo se colocam a caminho por causa de uma urgência!”, insistindo na necessidade de uma resposta de amor. “Assim como eu vos amei!”, ressaltou dom Nicoletto, uma resposta necessária “quando o nosso coração se depara com tanta violência e injustiça, com tantas divisões e polarizações, até mesmo dentro da nossa mesma igreja; quando sentimos o cansaço de tanta dor e a tentação de dar o fora. Numa hora como essa sentimo-nos representados pelos discípulos de Jesus na hora mais crítica dessa travessia no meio do mar da vida: Mestre, não te importas que estamos perecendo, que estamos sofrendo demais? Deus parece dormir”, disse o bispo. “Será que Deus se esqueceu de nós?”, questionou dom Lucio Nicoletto, refletindo sobre o significado da barca e o mar, mostrando que “o mar simboliza o perigo, a ameaça na vida” uma realidade presente na comunidade de Marcos. Mesmo diante do perigo, Jesus chama seus discípulos a continuar sua missão, “a ir ao encontro das pessoas nas diferentes situações e lugares onde estão”, onde ele vê representada a Igreja missionária, que “atravessa diferentes mares para ir ao encontro dos homens e mulheres para lhes comunicar a boa notícia do reino de Deus”. Nas ondas do mar, dom Lúcio vê o “aburguesamento e cumplicidade: já fizemos bastante, pobres sempre existiram e existirão; o fundamentalismo e superioridade: é importante cuidar a pureza de nossos ritos, liturgias; as injustiças e discriminação para com a vida dos povos originários e migrantes; a rejeição para com as nossas crianças e jovens que ficam cada vez menos no topo de nossas preocupações e políticas públicas”.  No texto, destacou o bispo, Marcos quer transmitir aos seus, que “quando a comunidade segue os passos de seu Mestre, vai sofrer perseguições, vai ter dificuldades, vai vivenciar noites de tormentas, mas Deus é maior que tudo isso”. Para cresce na fé, “somos convidados e convidadas a passar para o outro lado. Para isso é preciso atravessar o mar com a confiança que demonstra Jesus no texto: ele dorme sereno porque confia no Pai”, salientou dom Lucio Nicoletto, mostrando que “os discípulos ainda têm uma fé que se desespera e devem aprender de Jesus a ter uma fé que confia”. Jesus grita, e em seu grito, se posiciona “diante de todo o mal que provocamos quando nos afastamos da lógica do amor e transformamos a fé numa ideologia; diante de nossa incapacidade de deixar-nos transformar pela sua Palavras em autênticos promotores de Justiça e de Paz para a realização da civilização do amor; diante da nossa obcecação pelo poder, pelo sucesso, pela ganância que desconsideram cada vez mais a vida dos outros e só se importa com a própria!” No convite de Jesus para irmos para outra margem, dom Lúcio vê “um convite a uma conversão radical e permanente”, que exige “um contínuo e permanente processo de conversão, principalmente de uma vida mais pautada pelo egoísmo árido e mortífero para uma vida que seja fruto de um contínuo deixar-se plasmar por Deus como Jesus fazia, sempre em intima e profunda comunhão com o Pai, para aprendermos assim a guardar em nós os mesmos sentimentos que foram de Cristo Jesus”. No Jesus apresentado pelo evangelista Marcos, o bispo vê “Aquele que veio para nos acompanhar no êxodo da vida e fazer-nos sentir que não estamos só, mas Ele nos guia e está conosco, como lâmpada resplandecente, como força profética para anunciar seu amor e sua justiça sem calar diante das ‘ondas’ do egoísmo e dos interesses particulares que não pertencem a Deus nem tampouco ao seu Reino”. Ele insistiu em que “essa é a tua vocação Igreja na Amazônia: ser sinal de Cristo Bom Pastor que ama e guia o seu povo com amor e ternura de Pai e Mãe, que abre para nós o caminho da vida plena para todos, que mostra para nós que não há salvação sem comunhão, não há misericórdia sem compaixão, não há evangelização sem missão, não há esperança sem conversão ao amor para com todas as criaturas”. No final da celebração, dom Lucio Nicoletto recebeu as homenagens dos missionários italianos, do laicato, a Vida Religiosa, o clero, a Pastoral do Migrante, lembrando e agradecendo pelos momentos vividos juntos ao longo de oito anos, destacando aquilo que foi marcante nesse tempo em sua missão na diocese de Roraima. Foi lida a mensagem enviada pelo cardeal Leonardo…
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