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Dom Altevir: Diretrizes para a Ação Evangelizadora “sinodalidade em prol da missão”

Na 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que está sendo realizada em Aparecida (SP), de 10 a 19 de abril de 2024, o bispo da prelazia de Tefé e secretário do Regional do Regional Norte1 da CNBB, dom José Altevir da Silva, que já tem participado de várias assembleias, destaca como importante nelas “a comunhão entre nós, entre os bispos, assessores’. A atual assembleia destaca “as temáticas, a metodologia, totalmente diferente, isso tem fortalecido a esperança e essa assembleia vai trazer frutos muito positivos para a Igreja no Brasil, na situação que nós estamos vivendo, uma situação tão exigente do processo evangelizador, mas que na maneira como estamos vivendo essa assembleia, isso vai nos indicar caminhos”. Segundo o bispo de Tefé, “as diretrizes, elas sempre dão um norte. Por isso o processo de elaboração das mesmas é algo realmente muito importante”. Dom Altevir lembrou que neste ano, as diretrizes dizem “Alarga o espaço da tua tenda”, que “nos remete a uma caminhada sinodal, a uma caminhada de conjunto, de escuta, a um processo de caminhar juntos, de acolhida”, insistindo em que “isso é tudo o que nós precisamos na Igreja do Brasil, na Igreja da Amazônia”. Dom Altevir lembrou que “as diretrizes estão sendo construídas, já é o segundo ano que elas se tornam tema central da Assembleia”. O texto das diretrizes é formado por três capítulos: os sinais dos tempos, a conversão pastoral e novos caminhos para a missão. Segundo o bispo, trazendo “a caminhada da Igreja na Amazônia, baseada no Documento de Santarém, baseada nos nossos regionais, principalmente o Norte1, que tem uma caminhada muito firme, ligada à inculturação das celebrações, à vivência na vida do povo”. Ele ressalta que “essas diretrizes, elas vão trazer elementos iluminadores para nossa realidade, porque ela está vindo de lá, não é de cima para baixo”. Segundo o bispo, “está sendo feito todo um trabalho, especialmente agora, com a presença dos bispos aqui, e o método que nós estamos usando, que é um método de verdadeira escuta, o método que foi aplicado na primeira etapa da Assembleia Sinodal, onde todos participam e de uma maneira orante conseguem trazer elementos da realidade e à luz do Evangelho, com a força do Espírito Santo, consegue realmente devolver para as diversas realidades da nossa Igreja do Brasil”. Dom Altevir insiste nas diretrizes como sinal de esperança muito grande. O bispo destaca a importância de “trazer a voz do povo para uma instância de decisão como esta”. Na prelazia de Tefé, onde está há quase dois anos, seu bispo destaca a presença dos leigos, a preparação de um plano de pastoral, após um processo de escuta de um ano, onde pode se perceber “os caminhos novos da missão nos dias de hoje e o exercício sinodal, que define como “o Espírito de caminhar juntos que fica na Igreja”, algo que a Igreja de Tefé está vivenciando há muito tempo. Segundo o bispo as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil apontam para “a sinodalidade em prol da missão, não existe missão sem sinodalidade e tampouco a sinodalidade sem a missão”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “Os povos indígenas não são levados em consideração pelo Congresso Nacional”

A Amazônia é uma realidade sempre presente na vida da Igreja do Brasil, algo que se expressa de modo preferente na Comissão Especial para a Amazônia (CEA), criada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em 2003. Temáticas relacionadas com a Amazônia foram abordadas na coletiva de imprensa da terça-feira: a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o papel da Comissão Especial para a Amazônia e a COP 30. CEAMA, um espaço de diálogo e sinodalidade A CEAMA é uma Conferência Eclesial a pedido do Papa Francisco, a quem o Sínodo para a Amazônia tinha pedido a criação de uma Conferência Episcopal da Amazônia. Os membros que formam a CEAMA são as Igrejas particulares que estão na Pan-Amazônia, segundo explicitou o arcebispo de Manaus (AM) e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), cardeal Leonardo Steiner. Na presidência tem representantes dos bispos, dos padres, da Vida Religiosa, do laicato e dos povos indígenas. Segundo o cardeal, “a CEAMA ainda precisa achar o seu caminho, o seu espaço, para que realmente seja um espaço de diálogo, um espaço de sinodalidade”. Entre os elementos que estão caminhando mais, destacou o Rito Pan-Amazônico, que “não se trata apenas de um rito litúrgico, mas pensar como a Igreja que está na Amazônia pode se expressar e organizar”. Com relação ao CIMI, seu presidente destacou os 52 anos de existência de “um dos elementos talvez da Igreja do Brasil junto aos povos indígenas, não apenas defendendo seus direitos, mas ajudando também os povos a se organizarem”, que fez com que hoje existam muitas organizações indígenas. O trabalho do CIMI hoje está mais voltado para os povos com pequeno número, destacando o acompanhamento que o CIMI está fazendo do Marco Temporal, “uma questão vital para os povos indígenas”. CEA compromisso dos bispos do Brasil com a Amazônia A Comissão Especial para a Amazônia, constituída pelos seis presidentes dos regionais da Amazônia, que representam 58 Igrejas particulares, ela é, segundo o arcebispo de São Luís e presidente da CEA, dom Gilberto Pastana de Oliveira, “a expressão do compromisso de todos os bispos do Brasil para com a Amazônia”, e ela tem por objetivo, “visibilizar a ação evangelizadora da Igreja nessa região, olhando sobretudo as principais dificuldades que a Igreja passa”. A Comissão ajuda a estabelecer pontes entre as Igrejas irmãs e traz para o Brasil o conhecimento da Amazônia, “muitas igrejas, muitos regionais não conhecem a realidade dos povos indígenas, dos ribeirinhos, dos quilombolas, dos que habitam essa região’, enfatizou dom Gilberto. COOP30 e a incidência da Igreja na conversão ecológica Belém (PA) acolherá entre 10 e 21 de novembro de 2025 a COP 30 e em vista desse grande evento, a Presidência da CNBB constituiu uma comissão em vista da COP 30, da qual fazem parte o bispo auxiliar de Belém (PA), dom Paulo Andreolli, o bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), dom Vicente de Paula Ferreira, e o bispo de Vacaria (RS), dom Sílvio Guterres Dutra, junto com outras entidades e comissões. O objetivo dessa comissão é “coordenar ações de formação, de articulação, de incidência política e comunicação”, que será “um canal oficial da Igreja do Brasil para articulação e diálogo”, segundo o bispo auxiliar de Belém (PA). Ele destacou a proposta de uma construção coletiva, com eventos antes, durante e depois da COP, buscando “aproveitar a celebração da COP 30 no Brasil para fortalecer o grau de incidência da Igreja em vista da conversão ecológica e da transformação socioambiental do Planeta à luz d Doutrina Social da Igreja”. Catequistas indígenas Os jornalistas perguntaram sobre o fato de dona Deolinda Melchior da Silva, indígena do povo macuxi ter recebido o ministério de catequista. Respondendo à pergunta, o cardeal Steiner disse que “os povos indígenas são profundamente religiosos”, destacando a grande presença da Igreja entre os povos indígenas da Amazônia, colocando a dona Deolinda como “um exemplo de uma grande catequista, ela vai visitando aldeias e vai levando o Evangelho”. Os bispos do Regional Norte1 fizeram questão que “fosse uma indígena, pelo modo dela ser catequista”, destacando a tentativa dos catequistas indígenas de fazer o encontro do Evangelho com a própria religiosidade dos povos. O cardeal destacou que na cultura indígena catequista e liderança são as mesmas pessoas, e que eles fazem caminhar a comunidade eclesial muito bem. Uma dinâmica inspirada no Documento de Santarém 1972, onde aparece como prioridade a encarnação na realidade e a formação de lideranças, destacou o presidente da CEA, falando sobre a vivência do sacramento do batismo através do exercício desses ministérios. Segundo o arcebispo de São Luís, “o papel do leigo na Amazônia é fundamental, porque são eles que animam a comunidade”, dada a pouca presença dos ministros ordenados. São os catequistas, homens e mulheres que “fazem acontecer a vida eclesial nesses lugares”. Ele encara a presidência da CEA como uma missão numa Comissão que pretende resgatar todas as decisões que foram assumidas nos encontros dos bispos da região amazônica, visitando os regionais para fazer uma síntese dos regionais, onde estão presentes realidades diversificadas. Um caminho que pretende avançar no V Encontro da Igreja Católica na Amazônia programado de 19 a 22 de agosto de 2024 em Manaus, e escutar os maiores gritos e demandas que exigem respostas dos bispos. Em preparação à COP 30, existem várias iniciativas em vista da conscientização do povo com relação à ecologia integral, segundo dom Paulo Andreolli, querendo envolver a juventude, a Igreja do território, o Círio de Nazaré, querendo organizar uma Vigília ecumênica. Tudo isso em vista da conversão ecológica, uma realidade presente na Campanha da Fraternidade 2025, que tem como tema a ecologia integral. O futuro da Igreja será sinodal A CEA fez um caminho depois de Santarém 72, que foi dar no Sínodo para a Amazônia, que o cardeal Steiner definiu como “um laboratório de participação extraordinária de todos os segmentos da Igreja”. Segundo o arcebispo de Manaus, “o futuro da Igreja será sinodal, no sentido de cada vez mais nós como Igreja, todos os…
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Reunião dos Bispos da Amazônia: Avançar na aplicação do Sínodo para a Amazônia nas Igrejas locais

Os bispos da Amazônia que participam da 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que se realiza de 10 a 19 de abril de 2024, se reuniram no dia 15 de abril. Entre os pontos abordados esteve o V Encontro da Igreja Católica na Amazônia, que será realizado em Manaus de 19 a 22 de agosto de 2024. O propósito é retomar a caminhada do Sínodo, tendo como base o Documento de Santarém de 2022, um documento comemorativo e propositivo, segundo o bispo auxiliar de Manaus, dom Zenildo Lima, tentando ver como as decisões se concretizaram nas Igrejas locais. O tema do encontro será “A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: memória e esperança”. Um encontro que pretende debruçar sobre a aplicação do Sínodo para a Amazônia nas Igrejas locais, verificar os avanços, perceber situações emergentes no âmbito social e eclesial e consolidar algumas iniciativas que podem ser assumidas enquanto Igrejas locais. Para o encontro se pretende fazer um levantamento junto às Igrejas locais, não muito complexo, tendo como pano de fundo a sinodalidade na Igreja, sendo colocadas algumas questões a ser refletidas naquilo que faz referência às comunidades eclesiais, a formação dos discípulos missionários, defesa dos povos da Amazônia e cuidado da casa comum e a evangelização das juventudes. Se busca descobrir o que o Espírito tem a dizer à Igreja da Amazônia hoje, através de um levantamento feito nas Igrejas locais. O encontro quer partir da realidade das Igrejas locais e da conjuntura na Amazônia, querendo se apropriar de iniciativas eclesiais já em curso: Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), Programa Universitário Amazônico (PUAM), Rito amazônico. A partir daí buscar indicações de operacionalização e acompanhamento, e junto com isso a presença na COP 30 em Belém e o Jubileu da Esperança 2025. Diante do pedido de atualização da coletânea dos Documentos da Igreja da Amazônia, a secretária da Comissão para a Amazônia, Ir. Irene Lopes, apresentou essa possibilidade, assim como a publicação das intervenções dos participantes brasileiros na Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia. O assessor jurídico e de incidência política da REPAM-Brasil, Dr. Mellillo Dinis, apresentou os resultados da visita a diferentes ministérios com a presidência da REPAM-Brasil e de outros bispos da Amazônia. 18 reuniões com o Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria Geral da República, organizações da sociedade civil e diversos ministérios, fruto das vozes dos povos da Amazônia. O governo propôs um caderno de respostas que está sendo elaborado e já tem dado alguns frutos. Estão sendo realizadas reuniões em diversos níveis para abordar questões relacionadas com os grandes projetos. Uma experiência de incidência no Governo Federal que quer ter continuidade. Com relação à COP 30 está sendo um caminho prévio e está sendo pensado a participação da Igreja católica durante a COP 30, tentando construir um campo de atuação possível e viável. A COP 30 tem possibilidades e responsabilidades e existe um campo de atuação da Igreja brasileira, que quer articular as diversas iniciativas de Igreja, com seis diretrizes comuns e uma agenda de atividades até a celebração da COP. Os encontros preparatórios acontecerão por regiões, serão elaborados materiais de reflexão e celebrativos para poder chegar nas bases, buscando aumentar a incidência da Igreja na questão socioambiental. Nesse sentido está sendo pensado um evento simultâneo e muitas outras iniciativas durante a COP 30 em Belém. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Diretora das POM Brasil na reunião do C9: “A escuta das mulheres enriquece a Igreja e a ajuda a caminhar mais segundo o projeto de Deus”

O empenho do Papa Francisco em escutar é uma dinâmica presente em tudo aquilo que ele faz, também no Conselho dos Cardeais, no C9, que reúne periodicamente um grupo de cardeais de diversas procedências. Na passada sessão, realizada no mês de fevereiro, o Conselho iniciou a escuta das mulheres, em vista de refletir sobre o papel das mulheres na Igreja, uma prática que teve continuidade no início da reunião que acontece no Vaticano de 15 a 17 de abril de 2024. O Papa Francisco quer escutar as mulheres De novo três mulheres têm participado deste momento de escuta, a diretora das Pontifícias Obras Missionárias do Brasil, Ir. Regina da Costa Pedro, Stella Morra, professora de Teologia Fundamental, e Ir. Linda Pocher, professora de Teologia Dogmática, na Faculdade Auxilum, das Salesianas. Escutar as mulheres “é fundamental porque nós somos a maioria, nós somos pessoas ativas na Igreja, o Espírito tem muito a dizer para a Igreja e para o mundo através de nosso ser mulheres. Então, a escuta das mulheres é algo que enriquece a Igreja e a ajuda a caminhar mais segundo aquilo que é o projeto de Deus, porque também através de nós, ele tem uma palavra a dizer”, enfatizou a Ir. Regina da Costa Pedro, após participar da reunião do C9. Superar a dívida da escuta A Diretora das POM Brasil destaca “essa atitude da Igreja de querer superar essa dívida de escuta que ela tem para com tantos sujeitos eclesiais, entre eles as mulheres”. Essa escuta das mulheres “significa uma porta aberta deste processo sinodal para ouvir tantas outras pessoas”, citando os leigos, os jovens e tantas minorias marginalizadas. Igualmente ressaltou o fato de se sentir numa mini sala sinodal, ao redor da mesma mesa, num diálogo de igualdade, com uma representação do Povo de Deus mais ampla, uma escuta realmente sinodal. Um terceiro aspecto que a religiosa enfatiza foi “o aspecto cultural dessa dificuldade, dessa resistência, de integração mais ampla da realidade das mulheres na Igreja como instância também de decisão, de participação em todas as instâncias, inclusive naquelas de decisão”. Nesse diálogo, feito em dois momentos, a Diretora das POM Brasil apresentou a realidade de mulheres no Brasil, com ajuda de várias mulheres: professoras de História da Igreja, uma jornalista, leigas, biblistas, relatando “essa experiência de mulheres que já estão ao serviço da Igreja e como isso já traz uma novidade da abertura da Igreja às mulheres”. Enfrentar as resistências culturais Uma prática, que segundo a religiosa, “nos faz reconhecer quanto caminho ainda precisa ser percorrido”, colocando como dificuldades o clericalismo, o machismo na Igreja, da hierarquia toda ser simplesmente masculina, esse aspecto mais existencial, experiencial e refletido”. Ela lembrou do aporte de outra das convidadas, a professora Stella Morra, que resistências na Igreja com relação à mulher do ponto de vista cultural, e “como essas resistências culturais, se elas não são enfrentadas, se elas não são explicitadas, é muito mais difícil de vencê-las, porque algo que não é explicitado, não pode ser tematizado, não pode ser superado“. Partindo da passagem do encontro de Jesus com a mulher Cananéia, a religiosa disse ter feito três indicações que resumem a experiência de vida das mulheres. Em primeiro lugar, “a importância de encontrar meios para abater as barreiras e criar novas relações”, lembrando o êxodo feito por Jesus e a mulher, que sem ser um encontro fácil, “os dois encontraram um meio de fazer que essas barreiras caíssem para que novas relações fossem criadas entre Jesus e a mulher”. Sentar-se à mesma mesa A segunda indicação foi “a importância de sentar-se à mesma mesa, e não que alguns estejam sentados à mesa e que outros estejam sentados embaixo da mesa”, refletindo sobre o diálogo entre a mulher e Jesus e como essa mulher ajuda a Jesus a mudar de perspectiva e olhar da perspectiva dos cachorrinhos que estão embaixo da mesa. Diante disso, a Ir. Regina disse que “muitas vezes, as mulheres, elas são colocadas à margem da Igreja, mesmo estando ao centro. Como se fosse normal que se alimentassem das migalhas que caem da messa”. Ela considera muito bonito o exemplo de Jesus, “é como se Jesus saísse da mesa e se colocasse embaixo da mesa junto com a mulher, vendo a perspectiva dela, e a partir daí descobrindo como é grande a fé dessa mulher”. Um terceiro ponto destacado foi que “essa mulher anónima e marginalizada, a partir do encontro com Jesus, ela passa a ser protagonista”. Uma mulher que, segundo a religiosa, “ela é capaz, de apesar de sua situação de necessidade, provavelmente de indigência, devia ser uma mulher pobre, ela toma consciência da exclusão, como ela é relegada, ela exige um direito de cidadania, ela não aceita ser tratada como cachorrinho que está embaixo da mesa, ela exige ser tratada como os filhos e ela sai de sua situação de anonimato”. Foto: Victória Holzbach As mulheres defendem a vida porque elas têm fé “Ela se torna protagonista também porque ela tem uma palavra para dizer, ela quer algo”, o que é reconhecido por Jesus, destacou a Diretora das POM Brasil. Finalmente destacou que “esta mulher é uma mulher de grande fé”, que contrasta com a pouca fé dos discípulos, o que é falado antes e depois desse texto. A religiosa enfatizou “esta fé das mulheres, que faz com que não só nós consigamos gritar para defender a vida, mas gritamos para defender a vida porque temos fé, e essa fé reconhecida pelo próprio Jesus”. Três pontos que indicam para a Ir. Regina, “como a própria Igreja vai conseguir dar esses passos de superação dessa situação na qual nós nos encontramos, não só dando algum lugar de destaque para as mulheres, algum lugar de poder, mas vencendo esse machismo que existe na Igreja, e sobretudo quando nós aceitarmos que o Espírito, ele se manifesta e tem muito para dizer à Igreja através de nós que somos mulheres”. Algo que no Brasil tem que “levar a pensar nas mulheres em sua diversidade, mulheres brancas,…
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Dom José Albuquerque: “Precisamos sempre combater o grande perigo do clericalismo, que também está na mente dos nossos leigos”

Feliz de poder participar da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o bispo da diocese de Parintins, dom José Albuquerque de Araújo vê esse momento como oportunidade que “nos ajuda a compreender que significa nosso ministério, e nessa diversidade, nessa pluralidade, nesta comunhão, que acontece aqui durante toda a assembleia é que louvo a Deus pelo fato de poder ajudar, não só na minha diocese, não só no meu Regional, mas também a Igreja que está no Brasil”. O bispo de Parintins ressalta que “cada vez mais, as nossas assembleias se destacam por essa fraternidade, por esse ambiente de corresponsabilidade”. Ele destaca que “é bonito perceber que somos ajudados pelos assessores, padres, religiosos e leigos, que mostram esse rosto tão diverso, tão bonito, tão carismático da nossa Igreja”. Dom José Albuquerque percebe que “mesmo sendo uma agenda muito extensa, com temas importantíssimos, mas o nosso papel é trazer aqui presente a vida, as alegrias, as conquistas que nós estamos vivenciando nas nossas dioceses, na nossa querida Amazônia, e nessa comunhão a gente pode compartilhar o fato de ser chamado a ser pastor deste povo que tem tanta esperança desses momentos em que os bispos se encontram para celebrar, para rezar juntos e para poder se ajudar mutuamente”. Falando sobre as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, tema principal da 61ª Assembleia Geral da CNBB, que acontece em Aparecida (SP) de 10 a 19 de abril de 2024, e a formação dos futuros presbíteros, o bispo referencial da Pastoral Vocacional no Regional Norte1 e membro da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, lembra que “nós estamos já colhendo os frutos do 3º Ano Vocacional do Brasil, que aconteceu no ano passado, e a nossa comissão, assim como a preocupação de toda a assembleia dos bispos, esse tema da formação dos futuros presbíteros, também a formação permanente dos que já são presbíteros, esses temas são recorrentes, sempre tem um destaque especial”. Nesse sentido, o bispo insiste em que “precisamos formar bem e acompanhar aqueles que já são ordenados”, um caminho em que os passos estão sendo dados. Segundo Dom José Albuquerque, “o debate, a conversa, a escuta, tem nos ajudado a compreender e reconhecer a importância de estarmos cada vez mais próximos, seja nos seminários, com nossos seminaristas, seja em nossos presbitérios, com os nossos padres, de modo especial com os padres novos”. Dom José Albuquerque faz um chamado a “combater o grande perigo do clericalismo, e é interessante perceber que o clericalismo não está apenas na mente dos padres, dos bispos, dos diáconos, mas também na mente do povo, dos nossos leigos”. Diante dessa realidade, ele destaca como importante “ir por esse caminho da comunhão sinodal, onde todos nós somos chamados a sermos participantes desse processo de escuta, levando em conta tudo aquilo que estamos refletindo a partir do Magistério do Papa Francisco e também dos conteúdos das nossas assembleias”. “As Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil vão estar sim em sintonia com tudo aquilo que estamos refletindo no Sínodo sobre a Sinodalidade”, enfatizou o bispo de Parintins. Ele diz pensar que “a partir dessas diretrizes, nós estamos fazendo esse processo de revisar, de atualizar as Diretrizes para a Formação dos Presbíteros no Brasil, que seria o próximo passo, porque as diretrizes atuais estavam em tempo de experimento e esse tempo já terminou”. Então, afirma dom José Albuquerque, “estamos aguardando as Diretrizes Gerais para também podermos adaptar aquilo que o Sínodo sobre a Sinodalidade e a nossa Assembleia desde o ano passado, estamos refletindo sobre o que precisamos avançar”. O bispo de Parintins destacou que “temos muitas esperanças, a gente sabe que esse processo, ele é lento e é bom que seja assim, para a gente poder escutar e nos deixarmos conduzir pelo Espírito Santo, porque ele que é o grande protagonista da evangelização”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Hudson: “A comunhão que dá adesão e confirma o papel da CNBB como articuladora da ação evangelizadora da Igreja no Brasil”

Dom Hudson Ribeiro tem pouco mais de dois meses de bispo e participa pela primeira vez da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que em sua 61ª edição está sendo realizada de 10 a 19 de abril de 2024 em Aparecida (SP). O bispo auxiliar de Manaus está vivenciando este momento na perspectiva de tempo pascal. Segundo dom Hudson “é bonito que tudo aconteça nesse tempo pascal, porque é pleno de esperança, é pleno de sonhos, que já começaram, essa caminhada da Igreja, construção de novas etapas, mas não a partir de mim, a partir, a partir do serviço”. O bispo auxiliar de Manaus ressaltou que “durante a Assembleia, muitas coisas novas, muitas coisas que se conformam, inúmeros desafios, mas são desafios que não me causam medo, porque eu percebo uma Igreja muito unida, um colegiado episcopal com um grande esforço de manter a comunhão junto ao Papa, e que reconhece as fragilidades, os desafios do mundo, mas que também aponta caminhos de esperança”, enfatizando que ele quer somar com tudo isso, dizendo estar muito animado, muito esperançado, vendo como algo comovente e que firma seu compromisso com o povo o fato de poder celebrar junto a Nossa Senhora Aparecida. Essa comunhão entre os bispos é um elemento importante para avançar no caminho da evangelização, tema central da 61 Assembleia Geral da CNBB. Dom Hudson afirma que “o Brasil, ele é bastante diverso, a territorialidade, a regionalidade, as especificidades culturais, ela traz um grande mosaico de inúmeras experiências, e é uma diversidade muito grande”. Igualmente, ele destaca que “o ponto central que é da comunhão e da unidade, elas se fazem o alicerce da Igreja, é muito complicado pensar e juntar tudo isso para responder a tão grandes desafios”. “É tanta riqueza junta que somente a comunhão pode ajudar a que todas essas forças, todos esses recursos, eles possam responder a tantos desafios”, segundo o bispo auxiliar de Manaus. Por isso, “é extremamente importante a comunhão do episcopado brasileiro”, afirmou. Algo que se concretiza no Regional Norte1, na arquidiocese de Manaus, “mantendo firme essa comunhão. A comunhão é uma comunhão da Igreja, em torno do Papa, a comunhão que dá adesão e confirma o papel da CNBB como articuladora da ação evangelizadora da Igreja no Brasil, esse organismo importante, e junto ao Regional Norte1 da CNBB, isso vai ramificando, confirmando junto às outras circunscrições eclesiásticas”. “Beber de tudo isso é a gente voltar muito mais animado, muito mais consciente de que precisa manter a unidade entre nós, a comunhão entre nós. E isso a partir daquilo que você acredita, a gente chamado a ser pastor desse povo, possa fazer com que o rebanho cada vez mais se una em torno dessa grande comunhão que é a comunhão da Igreja”, concluiu dom Hudson. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Evaristo: Me ajoelhei e beijei sua mão porque “dona Deolinda não representa uma pessoa naquele momento, ela representa os povos indígenas do Brasil”

Uma assembleia com “um clima muito leve, de fraternidade, de comunhão”, que o bispo da diocese de Roraima, dom Evaristo Spengler, pensa que é devido ao fato de ter começado com o retiro, o que “criou um clima de uma busca comum, intensa, mais do que nas outras assembleias”. Isso o leva a dizer que “me sinto mais integrado a esse corpo da Igreja católica, ao episcopado, na busca de comunhão e também de caminhos para nossa Igreja no Brasil”. Dom Evaristo participou intensamente da celebração em que uma catequista de sua diocese, dona Deolinda Melchior da Silva, indígena Macuxi da região Maturuca, no município de Uiramutã, recebeu o ministério de catequista. Numa região de 70 comunidades, algumas de difícil acesso, o bispo destaca dona Deolinda pela sua história. “Ela vem de uma família de uma participação na Igreja muito antiga, uma família que contribuiu muito no processo eclesial, mas também no processo de reconhecimento da região da Raposa Serra do Sol como um território integral indígena”. Segundo dom Evaristo Spengler, “essa comunhão entre o social, a defesa do território, a defesa da cultura indígena, da língua, ela participou de todo esse processo, e já desde o pai dela vinha participando, e agora tem um sobrinho que terminou a teologia, talvez seja ordenado no próximo ano. Uma família muito integrada na Igreja e nas lutas sociais”. O bispo insistiu em defini-la como “uma pessoa de muita fé. Dona Deolinda busca ter uma vida de oração muito profunda, e hoje até a postura dela na Igreja chamava a atenção, como ela é respeitosa, como ela de fato é acolhedora com o sagrado, porque a mística indígena, a espiritualidade indígena, ela integra o todo, tudo fala de Deus, tudo respira Deus e ela manifesta Deus na vida dela”. Quando dom Evaristo Spengler entregou a Bíblia à catequista indígena, o bispo se ajoelhou e beijou a mão dela. Isso porque “dona Deolinda não representa uma pessoa naquele momento, ela representa os povos indígenas do Brasil. Então, eu me sinto humilde diante de uma história tão grande desse povo indígena que lutou pela sua terra há  500 anos e, diante dela, eu me ajoelhei e beijei a mão dela, porque eu trato ela com grande respeito, porque ela simboliza o povo indígena que recebeu a Boa Nova de Jesus Cristo, e agora se torna protagonista da evangelização, ela fez esse processo, agora está evangelizando. É uma pessoa que foi evangelizada por pessoas que vieram de fora, e ela se tornou uma protagonista do anúncio de Jesus Cristo e da Palavra de Deus”. Falando sobre a evangelização, tema principal da 61ª Assembleia Geral da CNBB, dom Evaristo Spengler disse que “algumas coisas são permanentes, a liturgia, a espiritualidade, a catequese, o anúncio da Palavra, a caridade, a missão, é permanente”. Ele disse que “o que me chama a atenção nessas diretrizes que estão sendo propostas agora, é o espírito de pertença à Igreja, a diocesaneidade, a participação da Igreja do Brasil e universal”. O bispo de Roraima afirma que “hoje a tendência é ser um cristão muito individual, que não precisa da comunidade, que não precisa da sua paróquia, que não necessita da Igreja universal e ele faz também a sua teologia”. Ele ressalta que “aqui estamos diante de uma questão do comunitário, do espírito de pertença. Quando a pessoa crê em Jesus Cristo, ela se torna anunciadora de Jesus Cristo, mas ela é também formadora de comunidade. Esse espírito eclesial é muito forte nessas Diretrizes que estão sendo propostas”. “Isso vai chegando na base”, segundo dom Evaristo Spengler. Ele destaca que “esse espírito de comunhão, de sinodalidade, criar conselhos e todos os níveis como se propõe, já a Igreja tem essa tradição no Brasil, mas agora tentando alargar a tenda Tudo isso vai ajudar de fato a nós termos cristãos mais conscientes no futuro”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Deolinda Melchior da Silva, a indígena Macuxi entre os 19 catequistas a receber o ministério

A missa do sábado 13 de abril foi um momento especial na 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que acontece em Aparecida (SP) de 10 a 19 de abril de 2024. 19 catequistas, 18 mulheres e um homem, representando os 19 regionais em que se organiza a Igreja do Brasil receberam o ministério de Catequistas pelas mãos do arcebispo de Santa Maria (RS) e presidente da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB, dom Leomar Brustolin. O ministério do Catequista foi instituído pelo Papa Francisco com o motu próprio Antiquum Ministerium, em 10 de maio de 2021. Seu papel é fundamental na Igreja, nos processos evangelizadores para os quais os bispos do Brasil estão elaborando as Diretrizes para a Ação Evangelizado. Um papel reconhecido por dom Leomar Brustolin, segundo ele destacou na missa celebrada aos pés de Nossa Senhora Aparecida, quando ele questionou: “Que seria da nossa Igreja sem a vossa missão?”. Entre aqueles que receberam o ministério, se encontra a indígena do Povo Macuxi, Deolinda Melchior da Silva, alguém que ajuda a concretizar uma Igreja com rosto indígena, segundo pedido do Sínodo para a Amazônia.  O presidente da Comissão Bíblico-Catequética afirmou que “foi uma grande alegria poder ter instituído entre o grupo dos primeiros catequistas do Brasil uma indígena com longa experiência na catequese, com uma capacidade muito grande de evangelizar”. Foto: Victória Holzbach – CNBB Segundo Dom Leomar Brustolin, “estando ela junto com todos os outros, revela a grandeza da pluriculturalidade brasileira, a grandeza da fé nessa terra, e acima de tudo mostra o quanto o Evangelho precisa ser inculturado e encarnado nas terras brasileiras. Para nós da comissão, termos uma indígena, pessoas que trabalham com deficiência, representantes de comunidades negras, todas elas representam a beleza do Evangelho sendo inculturado em diversas realidades”. Dona Deolinda é catequista na Missão Muturuca, município de Uiramutã, diocese de Roraima (RR), há 42 anos, e nos últimos 15 anos coordena a catequese em sua região. Ela disse se sentir muito feliz de estar recebendo esse ministério de catequista em uma celebração onde “me senti fortalecida, cada vez mais a fé vai aumentando e assim vamos trabalhando”, fazendo um chamado aos catequistas indígenas a seguir realizando sua missão. Na diocese de Roraima, eles cada ano realizam cursos de formação para catequistas e lideranças, que celebram a Palavra em suas comunidades. A instituição no ministério de Catequista de Deolinda Melchior da Silva é considerada pelo bispo de Roraima, dom Evaristo Spengler, como um dia histórico para a diocese e para o Regional Norte1. Aqueles que receberam esse ministério, são pessoas que preparam o povo para “serem discípulos e discípulas de Jesus Cristo, caminhando com Ele, ouvindo sua Palavra, vivendo em comunidade, se alimentando da Eucaristia e do convívio fraterno em comunidade”. Dom Evaristo Spengler, que entregou a Bíblia àquela que recebeu o ministério de catequista, igual fizeram os outros bispos com cada catequista, destacou a importância de ter dona Deolinda recebendo o ministério de Catequista em representação de todos os povos indígenas do Brasil. Os povos originários foram evangelizados por missionários que chegaram de outros lugares, “e agora os indígenas são protagonistas da missão”. Em uma região com comunidades de difícil acesso, “dona Deolinda é incansável, ela é um testemunho vivo do Evangelho que se difunde em meio ao nosso povo”, frisou o bispo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Zenildo Pereira da Silva: Na diocese de Borba “acreditamos no protagonismo dos leigos e os formamos para a ministerialidade”

A 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que está sendo realizada de 10 a 19 de abril de 2024 em Aparecida (SP), tem como tema central a elaboração das Diretrizes para a Ação Evangelizadora, sendo considerado o caminho sinodal como um elemento que influencia de modo decisivo essas diretrizes. Um dos primeiros consensos da primeira sessão da Assembleia Sinodal foi o tema da formação. A diocese de Borba (AM) tem investido fortemente na formação, especialmente do laicato, algo que está fundamentado, segundo o bispo dessa diocese, Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, no fato de que “nós acreditamos no protagonismo dos leigos, e valorizando, acolhendo esse protagonismo, nós formamos para a ministerialidade”. Ele destaca que “há alguns anos estamos fazendo um investimento na formação, por exemplo à luz da Palavra de Deus, estudando a Palavra Sagrada, isso a nível de foranias”, falando igualmente do investimento em formação para “dar aos leigos uma base doutrinal à luz dos documentos da Igreja”. Entre os eixos de estudo está a Cristologia e Eclesiologia, “porque cremos numa Igreja toda ministerial”, enfatizou o bispo da diocese de Borba. “Isso tem trazido frutos impressionantes, sobretudo no sentido de pertença às comunidades, nossas comunidades estão bem mais vivas, são bem mais missionárias, porque encontram elementos, apoios, e sobretudo fortalecendo os ministérios, mais ministros da Eucaristia, mais ministros da Palavra”. Dom Zenildo destacou a existência de “uma equipe itinerante que alcança as comunidades, sobretudo na formação, nessa presença”, lembrando que o Sínodo para a Amazônia insistiu em ser uma presença. Em uma diocese onde a maioria das comunidades não tem Eucaristia dominical, seu bispo define como “impressionante a participação dos ministros em nossas comunidades”, colocando como exemplo a celebração da Palavra aos domingos e os grupos de reflexão, “que estão segurando a animação da Palavra de Deus nas famílias, nas casas”, algo que ele diz ter animado muito a vida da diocese. Mesmo sem sacerdotes que celebrem a Eucaristia, “nós temos leigos que estão anunciando a Palavra, vivendo a Palavra e fortalecendo as comunidades. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Análise de conjuntura social e eclesial ajudas na elaboração das Diretrizes para a Ação Evangelizadora

A Análise de conjuntura social e eclesial no início dos trabalhos das assembleias da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tem se tornado costume, uma análise que quer ajudar a construir as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da CNBB, pauta principal da 61ª Assembleia Geral que está sendo realizada em Aparecida de 10 a 19 de abril de 2024. Nunca foi fácil essa análise diante de uma realidade tão ampla, ainda menos na atual complexidade presente em uma sociedade onde “todos os fenómenos estão interligados como uma grande rede”. Radiografia do mundo, da América Latina e do Brasil Uma sociedade dividida, marcada pelo ódio na sociedade e na política, inclusive na Igreja, que vive uma mudança de época, que demanda “construir novas estruturas de análises sociais”. Esse é o propósito do Grupo de Análise de Conjuntura da CNBB – Padre Thierry Linard, que tem buscado realizar “uma radiografia do mundo, da América Latina e do Brasil”, em vista dos bispos ter conhecimento mais aprofundado da realidade, segundo o bispo de Carolina (MA) e coordenador do grupo, Dom Francisco Lima Soares. Estamos diante de uma realidade que demanda “entender a reconfiguração histórica da visão do mundo”, ainda mais em uma conjuntura em que “o cidadão é objeto de um constante bombardeio informacional e desinformacional”. No mundo atual os desastres naturais são cada vez mais frequentes, e no Brasil faltam políticas públicas para enfrentá-los, e as guerras marcam negativamente a conjuntura económica, requerendo “estratégias económicas transformadoras”. A previsão é um baixo crescimento económico para América Latina e para o mundo como um todo, e “as pessoas demonstram uma esperança negativa em relação ao futuro”. Polarização e sectarismo Na política, América Latina, com um papel limitado no cenário global, vive uma profunda instabilidade, que aumenta diante das eleições previstas em diversos países nos próximos meses. Junto com isso se constata um enfraquecimento da democracia, sociedades divididas e crises de projetos, que mostra a importância da construção de espaços de resistência. Cresce no mundo atual a polarização, que no Brasil pegou um terreno fértil, também na Igreja, e o identitarismo ou sectarismo, que provoca a constituição de “uma política de exclusão e antagonismo, que impede o diálogo e a superação das divergências”, que fez com que as pessoas se tornaram de adversários em inimigos. Se faz necessário, segundo a análise de conjuntura social, refletir sobre as redes sociais e novas tecnologias e os desafios da liberdade, sendo cada vez mais evidente que “o poder não está ligado à posse dos meios de produção, mas ao acesso à informação”. Aumenta a virtualização das relações sob o fenómeno da Inteligência Artificial. Igualmente cabe destacar no cenário atual a forte instrumentalização da religião como tendência da política, do uso político da intolerância religiosa, e a oposição ao Papa Francisco, pela sua denúncia de uma economia que mata e os processos de desumanização, e é uma voz profética nesse contexto, continua presente. Individualização e pluralização na Conjuntura Eclesial Com relação à Conjuntura Eclesial, o bispo de Petrópolis (RJ) e presidente do Instituto Nacional de Pastoral (INAPAZ) que no atual quadriênio tem a responsabilidade de realizar essa análise, destacou que “o novo momento que o Brasil vive em todas as suas instâncias, inclusive na instância religiosa, chamado de ethos religioso atual, marcado por fortíssima individualização e pluralização”. Nessa conjuntura eclesial, “nenhum dos modelos de pastoral que hoje circulam pelo Brasil são capazes de responder total e unicamente”, afirmou o bispo, que vê necessário atuar com os três modelos de pastoral, e ao mesmo tempo descobrir um caminho novo. Segundo ele, “esse caminho significa uma Igreja mais missionária, uma Igreja em pequenas comunidades e uma Igreja marcada pela iniciação à Vida Cristã”. Alargar a tenda Essa análise de conjuntura social e eclesial se torna um instrumento que oferece uma ajuda importante na construção das Diretrizes para a Ação Evangelizadora na Igreja do Brasil, que pretendem ser concluídas em 2025, tendo em conta os novos desafios que estão aparecendo e as conclusões do Sínodo sobre a Sinodalidade, segundo destacou o arcebispo de Santa Maria (RS) e coordenador da equipe que elabora as diretrizes, Dom Leomar Brustolin. Nelas, é usada a imagem da tenda, “porque precisamos alargar o espaço” diante das novas realidades, colocando como exemplo a Inteligência Artificial e seu impacto sobre nossas vidas e sobre a evangelização, questionando como transmitir a fé para jovens e crianças. Com relação ao Instrumentum Laboris das novas Diretrizes destacou três aspectos fundamentais: escutar os sinais dos tempos, trabalho a ser realizado pela Assembleia em 45 comunidades para o discernimento seguindo o método da conversação no Espírito; conversão pastoral, sem medo de deixar uma pastoral de manutenção para uma pastoral essencialmente missionária; e propor caminhos para a missão, uma transversalidade urgente no texto das Diretrizes. Tudo isso com uma linguagem mais propositiva, um texto enxuto, mais imediato, mais simples, que ajude as comunidades a entender os propósitos da CNBB. Consonância com o processo sinodal O arcebispo de Santa Maria, buscando a recepção das Diretrizes, defendeu a implantação de uma metodologia de avaliação dos processos, insistindo em sua aplicabilidade na Pastoral, tendo em conta a realidade, marcada pela violência, a questão crónica da pobreza, a polarização, que entrou nas comunidades. Tudo isso em consonância com o processo sinodal, e em uma realidade religiosa marcada pelo acento individualista presente na fé cristã, com pessoas mais narcisistas, egoístas, e pelo enfraquecimento do aspecto comunitário da fé, insistindo em que “não é possível ser cristão sem uma comunidade de fé”. Para isso fez m chamado a reconhecer todo tipo de comunidades, a não uniformizar, e a rever a iniciação cristã, as questões ligadas a espiritualidade e liturgia, a questão de solidariedade, caridade, a ecologia, uma questão urgente y que se faz necessário trabalhar, e a questão da missão, saindo da autoreferencialidade e de “uma pastoral atrás do balcão”. Dom Leomar Brustolin destacou nas Diretrizes os sujeitos de sinodalidade: as juventudes, as mulheres, pessoas com deficiência, os idosos. Igualmente, ele destacou a importância do Sínodo para a Amazônia como…
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