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Dom Leonardo: “O encontro com o Ressuscitado acontece quando Tomé volta à comunidade e nela permanece”

Falando da crença que brota do ver, iniciou o cardeal Leonardo Steiner sua homilia do Segundo Domingo da Páscoa. “Ver a vida ressurreta brotando do lugar dos pregos e da lança. Ver as marcas, sem tocar com os dedos, sem colocar a mão no lado. Um ver que suscita admiração, exclamação, estupefação: ‘Meu Senhor e meu Deus!’”, ressaltou o arcebispo de Manaus. Segundo dom Leonardo, “na ausência de Jesus pela sua morte, os discípulos refugiam-se no medo, entram no entardecer, deixam-se tomar pela escuridão da perda, da morte. O horizonte que lhes havia sido revelado, desapareceu e fecharam-se as portas da liberdade para a qual tinham sido despertados. E agora? Para onde? Sonhos desfeitos, reino destruído, esperanças desvanecidas”. Em poucas palavras, “o evangelista visibiliza o ânimo e o desânimo, a desesperança, o sombrio, que toma conta dos seguidores de Jesus. No entanto, no anoitecer do primeiro dia da semana, com as portas fechadas, Jesus põe-se no meio dos discípulos e saúda: ‘A paz esteja convosco’. Na noite dos discípulos, Jesus se presencializa, traz a paz. No meio dos transtornos daqueles dias perdidos Ele se faz presença. É justamente ali no meio do desconforto, do medo e da penumbra a ofuscar o horizonte, que Ele sopra sobre eles o Espírito Santo e o envia. Na paz os envia no envio do Pai. Um envio que anuncia a paz, porque perdão. O perdão concede a paz! A paz, o perdão que desarma, tranquiliza, devolve o conviver”, destacou o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Lembrando o texto evangélico, o cardeal lembrou que “Tomé estava ausente, se distanciara da comunidade quando Jesus se apresentou pela primeira vez. Longe da comunidade não é encontrado pelo Ressuscitado. Ele que se distanciara e ao retornar ao seio da comunidade, recebe o anúncio: ‘Vimos o Senhor!’ Diante da boa nova, ele continua distante ao afirmar: ‘Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e puser a mão no seu lado, não acreditarei’. No entardecer, na penumbra da vida, no medo que retrai, Tomé sente a necessidade de ver”. O arcebispo de Manaus ressaltou, se referindo a Tomé, que “arde em desejo, é somente desejo de ver, tomado do desejo, da visão, isto é, de um encontro. Ele era pura ardência de encontro, muito mais que amada pelo seu amado, ele é todo desejo, ele arde de desejo de ver, ver a marca dos pregos, tocar, apalpar: ver. O meu mestre e Senhor foi morto e morto tragicamente enfiaram-lhe os pregos nas mães e nos pés e abriram-lhe o lado. Quanta saudade do meu Senhor. No meio da perda de não saber para onde, nasce o desejo de ver”. “Se eu não vir, diz Tomé não acreditarei. Como se dissesse: se eu não vir não tenho a possibilidade de ser tocado pelo Ressuscitado; se eu não vir, se Ele não se mostrar, se Ele não se der a ver, não tenho como vir à graça da ressurreição”, lembrou dom Leonardo Steiner. Segundo ele, “Tomé deseja ver, não como um contador de histórias; não como um cético que deseja comprovar a existência de Deus; não como um homem de ciência que deseja comprovar que alguém de entre os mortos está vivo; mas deseja ver aquele por quem tudo deixara para pertencer ao Reino de Deus”. O arcebispo insistiu em que “um tal ver não é a comprovação da visão dos olhos, dos sentidos, mas a visão, o ver de um encontro. Tomé é dessa estirpe. Aquela estirpe de pessoas que ouvem, mas sabe que somente em recebendo a visão poderá vir à fé, à alegria da fé, à exclamação da fé. Se eu não vir, se eu não colocar o dedo, se eu não puser a mão! Como se dissesse se todo meu ser, se toda a minha pessoa não ver, não poderei perceber a nova presença”. Ele perguntou: “Como poderei vir à fé se Ele não se der à minha vista, se Ele não se apresentar de tal modo que todo o meu ser, toda a minha pessoa for tocada por Ele, invadida por Ele? Como vir à visão da fé, senão me tocar o vazio de suas mãos transpassadas, se não me tocar o seu lado aberto, a abertura sem medida de amor? Se meu Senhor não se tornar visível, papável, como posso vir à luz da fé?”, respondendo que “é a confissão da impossibilidade de Tomé, a confissão pública da sua incapacidade e o implorar da alma amante para que o Senhor se faça visível. É como se dissesse: todo meu ser deseja ver-te, Senhor. Mas eu, a partir de mim, não posso; posso apenas desejar, que te faças visível ao meu coração”. “E assim, quando toda a pessoa de Tomé está desejosa, aberta, ardendo de desejo, toda a sua existência como olhos abertos na procura de quem já se fez visível, de repente, inesperadamente, é tomado pela presença inaudita, transparente e terna de seu Senhor: ‘A paz’ e dirigindo-se a Tomé, disse: ‘Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’. Então, ele vem à fé: ‘Meu Senhor e meu Deus’. Somente no encontro, no inaudito de um encontro, Jesus se faz visível, invisível aos olhos. Tudo é, então, apenas admiração, espanto, encanto, que a presença do Senhor concede. Admiração, espanto, encanto: gratidão”, ressaltou o cardeal Steiner. “O encontro com o Ressuscitado acontece quando Tomé volta à comunidade e nela permanece. É na comunidade dos discípulos que Tomé é encontrado por Jesus e é levado a professar: ‘Meu Senhor e meu Deus’! O Ressuscitado torna-se tudo para ele, o seu Deus e Senhor! Tomé permanecerá fiel, vai anunciar e gerar comunidades que visibilizam o Ressuscitado. É na comunidade que o Ressuscitado está sempre presente e nela somos encontrados pelo Ressuscitado. É nas chagas da comunidade, o lado aberto da comunidade,…
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Encontro da Coordenação Nacional da PJ em Manaus: No ouvir, amar e servir, construir a civilização do amor

A Coordenação Nacional da Pastoral da Juventude está reunida em Manaus de 05 a 07 de abril para pensar os próximos passos e preparar o Encontro Nacional da Pastoral da Juventude que será no Maranhão. Segundo Ingrid Sabrina Batista Costa, Coordenadora Nacional da Pastoral da Juventude, Manaus é “um lugar muito profético para nós enquanto jovens do Brasil, onde a gente se conecta com um chão que é marcado por muitas histórias, por muita violência, por muito abandono, onde a gente discute muitas questões de desmatamento, mudanças climáticas e a defesa da vida na Amazônia”. Trazer os representantes da Pastoral da Juventude do Brasil para a Amazônia, segundo a jovem, “faz a gente gritar, ressoar e fazer com que eles nos escutem e entendam o que é fazer Pastoral da Juventude na Amazônia, o que é ser jovem na Amazônia e como a gente consegue construir um caminho para a defesa da casa comum”. Um encontro que pretende ajudar a pensar em como alinhar a sustentabilidade, a espiritualidade e a mística no trabalho da Pastoral da Juventude. Do encontro participa dom Antônio Fontinele de Melo, bispo de Humaitá (AM), que é membro da Comissão Episcopal para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ele destaca que o encontro acontece “nessa perspectiva do escutar, do ouvir, do amar e do servir, nessa caminhada com a juventude, na construção dessa civilização do amor, na esperança, na ousadia de construirmos a partir do Evangelho, de assumir a profecia nas nossas realidades, que hoje atingem toda a nossa juventude”. Uma juventude que, segundo o bispo de Humaitá, “grita por vida, por dignidade, por liberdade, para ser escutada, e assim junto aos nossos jovens possamos construir um mundo melhor a partir do encontro com Jesus Cristo, na oração, na Palavra, na Eucaristia e na missão nas diversas realidades, nas periferias, nos lugares mais distantes, principalmente no meio àqueles jovens que hoje estão passando por situações de ansiedade, depressão, por dificuldades também na questão do trabalho, da convivência e de situações de violência e de morte”. Dom Fontinele destacou que “nosso grito junto com a juventude é pela vida, é pela liberdade, é pela dignidade, é por uma vida melhor, onde os jovens possam encontrar esse espaço para assim trabalharem e viverem como verdadeiros filhos e filhas de Deus na construção de um mundo melhor”. Um encontro que na Amazônia, a partir da Laudato Si´, a partir do Cristo que aponta para a Amazônia, quer “pensar processos pastorais para o Brasil”, segundo Luiz Filipe Fialho, Secretário Regional da Pastoral da Juventude Norte1. No encontro está sendo mostrado o panorama do Regional Norte1, como estão sendo organizados os grupos nas diversas igrejas locais e missão da PJ Norte1, destacou o secretário regional. Ele disse estar acontecendo o encontro “na mística dos rios, na mística do encontro, na mística da travessia, que vai se dando a partir dos 19 regionais que têm representação na CNBB Nacional”. Isso faz com que estejam sendo “dias fecundos e profundos da gente reafirmar nosso processo evangélico a partir da nossa Querida Amazônia”, em consonância com o papado de Francisco, que alimenta a missão da PJ, ressaltou. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Diretoria da Adveniat visita Regional Norte1: Gesto de solidariedade e intercambio de Igreja

O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos bispos do Brasil (CNBB Norte1) está recebendo a visita da direção da Adveniat, com a presença de quatro bispos, o diretor e alguns dos funcionários, uma organização da Igreja católica da Alemanha que tem apoiado projetos de evangelização, também projetos sociais no Brasil e em toda América Latina. No Regional Norte1 a Adveniat tem apoiado diversos projetos nas dioceses e prelazias e tem apoiado o Seminário São José, onde se formam os seminaristas das nove igrejas locais que fazem parte do Regional Norte1. Igualmente, apoia o trabalho pastoral que as irmãs realizam na arquidiocese de Manaus. O cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 agradeceu a visita da direção da Adveniat, lembrando que alguns dos bispos participantes da visita não conheciam a Amazônia, sendo a visita uma oportunidade para conhecer a região e perceber as necessidades, “onde eles podem continuar a apoiar, onde eles também podem pensar em apoiar outros projetos”, enfatizou o cardeal Steiner. Isso tudo, segundo dom Leonardo, “é um gesto de solidariedade, é um intercambio de Igreja, é uma evangelização, uma Igreja que evangeliza a outra, uma Igreja que apoia a outra”. O presidente do Regional Norte1 destacou que “é por isso que tem um significado muito importante para nosso Regional a presença da direção da Adveniat”. Ingrid Schuchhardt, responsável pelos projetos no Brasil na Adveniat, é quem acompanha a comitiva da diretoria da Adveniat, destacou que é uma oportunidade “para conhecer a realidade da Amazônia, de Manaus, e também conhecer os desafios que as pessoas têm aqui e mostrar nossa solidariedade com os povos da Amazônia”. A visita iniciou na quarta-feira 03 de abril e será encerrada na segunda-feira 08 de abril. No programa está previsto uma visita à Rádio Rio Mar; encontro com a Pastoral Indigenista e visita a uma comunidade indígena Moiray, no Município de Autazes; visita do trabalho pastoral na periferia de Manaus e da Casa de Francisco e Clara; visita a uma comunidade ribeirinha; encontro com a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), abordando o contexto econômico, social, ecológico, cultural, eclesial e político, sobretudo no que faz referência aos povos indígenas; a realidade da violência, abuso, exploração sexual e tráfico de pessoas; implementação do Sínodo para a Amazônia e desafios atuais para as igrejas locais. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ser ressuscitado: difundir o que é vida, o que é bom

A Páscoa, tempo em que celebramos a ressurreição do Senhor, é uma oportunidade para refletir sobre a necessidade de espalhar vida numa sociedade onde tudo o que tem a ver com a morte parece querer tomar conta. Os discípulos e discípulas de Jesus se tornaram testemunhas da vida, se empenharam em anunciar, em dar a conhecer tudo o que tinha a ver com a vida. Quando a gente olha para nossa realidade social, descobrimos que todas essas coisas que têm a ver com a morte, tudo o que é ruim, rapidamente é espalhado, enquanto aquilo que é sinal de vida, não é dado a conhecer aos outros. Se nos empenharmos em testemunhar tudo o que de bom temos e enxergamos nos outros, nossa vida seria diferente e o mundo em que vivemos seria melhor. A bondade, os sinais de ressurreição, os sinais de Deus, iriam tomando conta da nossa vida e desterraríamos tudo o que faz com o pessimismo tome cada vez mais conta da nossa sociedade, da nossa vida, da vida das nossas famílias. Quando nós difundimos esses sinais de morte, quando temos medo de apostar na vida, nossa vida vai se apagando, deixando de ser luz para os outros, nos afastando daquilo que nos plenifica como pessoas, daquilo que nos aproxima de Deus. Deixar de lado essas atitudes têm que ser visto como uma necessidade em nossa vida e somos chamados a nos empenharmos nisso, nos empenharmos em ser sementes de vida para a humanidade, sementes de vida para aqueles com a gente convive, com as pessoas com as quais nos relacionamos em nosso cotidiano. Nunca podemos esquecer que nós podemos fazer a diferença, como tantos homens e mulheres tem feito ao longo da história. Mesmo com posturas contrárias dos outros, mesmo com tentativas de boicotar nosso empenho, não podemos perder a esperança em espalhar o bem, em espalhar tantos sinais de vida que vamos descobrindo em nosso dia a dia. O que eu vou fazer para apostar na vida, para testemunhar o novo modo de viver como ressuscitados? Como eu vou me implicar para que a verdade seja testemunhada, espalhada e tudo o que tem cheiro de morte, tudo o que é ruim seja desterrado da sociedade? Como ser consciente de que na medida em que eu me implico nas mudanças, a realidade pode ser diferente? A ressurreição de Jesus é algo que tem implicações em nossa vida, é bem mais do que um sentimento, é um motor que nos impulsiona em nosso testemunho e nos compromete para fazer realidade um mundo melhor para todos e todas, um mundo onde cada um de nós, cada ser humano, difunda o que é vida, o que é bom. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar 

As Irmãs Missionárias Ticunas tomam o hábito e iniciam experiencia de Vida Religiosa Indígena

Um dos desafios da Igreja católica na Amazônia é fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico e rosto indígena, um pedido que cobrou maior força com o Sínodo para a Amazônia. Entre o povo ticuna, na diocese de Alto Solimões, tem surgido uma iniciativa de Vida Religiosa Indígena, acontecendo no dia 25 de março de 2024 a celebração onde as primeiras quatro jovens Irmãs Missionárias Ticuna doaram sua vida totalmente a Deus, um momento de grande emoção e alegria, que tem fortalecido a Igreja Católica com seu rosto indígena. Foi na missa de abertura da Formação Diocesana ticuna, em Belém do Solimões, onde estavam presentes representantes de 30 comunidades indígenas. As quatro jovens, Ir. Cristina da comunidade de Piranha, Ir. Marieta da comunidade de Vendaval, Ir. Lucidete da comunidade de Cigana Branca e Ir. Jeane da comunidade de Cidade Nova, tomaram o hábito numa celebração em que o povo ticuna as acolheu e abraçou. No final da formação, na celebração da Páscoa, as Irmãs Missionárias Ticuna receberam uma bênção solene e foram enviadas, iniciando assim oficialmente o primeiro ano de vida comunitária, formação (bíblica, espiritual, humana) e missão na nova casa delas. Essa casa, que foi abençoada no dia 31 de março, Domingo de Páscoa, é fruto do trabalho do povo, que desde dezembro de 2023 tem se mobilizado para construir com muitos ajuris e o apoio incansável dos Frades Menores Capuchinhos. As novas irmãs são os primeiros frutos de um caminho iniciado na Assembleia Geral do Povo Católico Ticuna, realizada em 2015, quando foi realizado um apelo a possibilitar um caminho formativo para a vida consagrada e sacerdotal de forma mais amazônica, mais próxima da vida do seu povo e cultura. Nesse caminho foram se dando passos nas diversas comunidades, sendo o Sínodo para a Amazônia um forte impulso nesse caminho. As jovens têm elaborado uma primeira e simples Regra de Vida, que agora vai marcar sua vida comunitária. Com informações e fotos do Blog: Povo Ticuna de Belem do Solimões

Cardeal Steiner: “A presença do Ressuscitado enche e transforma todo o universo!”

No domingo da ressurreição, o cardeal Leonardo Steiner, anunciando que “o Senhor ressurgiu, Aleluia!”, iniciou sua homilia dizendo que “São João nos mostra como Maria Madalena, João e Pedro vendo o sepulcro vazio, chegaram à fé no Ressuscitado. Os Apóstolos e as mulheres tocados e despertados pelo vazio do túmulo creram que o ‘Senhor devia ressuscitar dos mortos!’ (Jo 20,9)”, que “a vida, arrancada, destruída, aniquilada na Cruz, despertou e voltou a palpitar”, citando Romano Guardini. Seguindo o texto do Evangelho de João, que diz: “No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo”, o arcebispo de Manaus enfatizou que “de madrugada, antes de ser dia, antes do amanhecer, ela vai ao túmulo. Como se fosse convidada a um novo amanhecer, a um novo dia! Como no início, no dizer do Gênesis, a vida não saiu do nada, mas do amor de Deus, assim a nova criação, surge do sepulcro vazio que Madalena e os apóstolos experimentaram como novo nascer”. “Se despertados pela narrativa, pudéssemos chegar a crer como os Apóstolos…”, disse o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, ressaltando que “para João crer é ver. Um ver que no Evangelho proclamado nos induz numa dinâmica toda própria. Maria Madalena é levada a ver: ‘vê que a pedra fora retirada do túmulo’. Também João, ‘vê as faixas deitadas ali’ (Jo 20,5). Madalena e João olham e descobrem o túmulo aberto, as faixas deitadas. Eles viram, mas não viram. Vem o vazio, mas no vazio ainda não veem a nova presença”. Segundo Dom Leonardo Steiner, “Pedro, chega, entra no sepulcro e, num primeiro momento, vê como Madalena e João. Mas, com olhar atento, observa as faixas que envolveram o corpo de Jesus e o pano que cobrira o rosto, colocado à parte. Pedro também vê. Mas vê mais que João e Madalena. Ele vê e lê. Vê que o sepulcro vazio escondia uma realidade invisível que necessita ser apalpada, desvendada, lida. No ver ele é lido e se deixa ler”. “Escutamos que o discípulo amado, depois também entrou no túmulo: ‘Ele viu e acreditou’. Viu, pois no ver dos olhos foi despertado para perceber, captar o aspecto essencial, uma nova presença o invisível aos olhos. Visível aos olhos da fé. Viu no visível o invisível e o invisível no visível”, disse o cardeal. Citando o místico Harada, ele lembrou que “assim, de repente, tudo se vira pelo avesso: o vazio do túmulo, o abandono é, na realidade, a plenitude da presença do amor; a profunda solidão converte-se em unidade universal e total. Quando parece desamparado, está mais do que nunca identificado com o querer divino, transparente ao Pai. Nessa fraqueza sem fim, Jesus se acha, sem reserva, “entregue” ao poder do Pai, totalmente aberto ao ato criador da Ressurreição”. “Na verdade, esse ver é fruto da graça do encontro”, segundo o arcebispo de Manaus. Ele destacou que “nesse momento é que se dá o conhecimento, no sentido de “conascimento”, de nascer com e de novo: a conversão, a virada”. Por isso, o Evangelho a aclarar, citando Fernandes e Fassini: “Com efeito, eles ainda não tinham compreendido a Escritura segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos” (Jo 20,9). A dificuldade de crer na Ressurreição de Jesus, da parte dos discípulos, mostra que estamos diante de um evento extraordinário, fora do poder do homem e das leis da natureza”. “Um ver que é um ver na fé! A fé em Jesus Ressuscitado tem um itinerário, um caminho próprio. Tudo tem início com a graça do encontro de Jesus com os discípulos e as discípulas. Ele chama, convida, a participar de sua vida. E participantes, sentem-se ligados a Jesus, discípulos”, ressaltou o presidente do Regional Norte1. Por isso, enfatizou o cardeal, “Madalena e os Apóstolos vão ao túmulo antes do nascer do sol. Com a morte crucificada, os discípulos e as discípulas desorientados, busca o Senhor na noite da dúvida e entram no vazio. Buscam consolo no estar na proximidade pelo menos de seu corpo. A morte e a sepultura faz nascer a saudade, a afeição da presença perdida, a confiança da vida nova que parecia desaparecida. E, Madalena, lembrada de como acolhida, perdoada, porque amada, restaurada na sua dignidade de mulher, vai em busca de seu Senhor. Foi a saudade que a levou até o túmulo, na madrugada da saudade”. “A fé, porém, não é uma clareza de ideias, mas uma luz que cintila no meio da escuridão da noite de muitas incertezas, interrogações, dúvidas; no meio dos muitos medos e sofrimentos, e até mesmo de infidelidades. É o que o Evangelista parece dizer quando assinala que Maria foi ao sepulcro quando ainda estava escuro. A mensagem é muito transparente: a fé em Jesus Cristo ressuscitado não é algo de espontâneo, automático, como se bastasse ouvir o relato da Ressurreição na catequese, no curso e nas pregações. Maria Madalena, procurou a Jesus na noite, somos convidados buscá-lo em meio à escuridão de dúvidas, incertezas, angústias e pecados”, disse Dom Leonardo Steiner, tendo como referência Fernandes e Fassini. Segundo o cardeal, inspirado nas palavras de Papa Francisco, “a fé no Ressuscitado alimenta a esperança, pois vida nova, novo horizonte, novo sentido de vida, de viver. Esperança não é mero otimismo, nem uma atitude psicológica ou um convite a ter coragem. A esperança cristã é um dom que Deus concede, para sairmos de nós mesmos e nos abrirmos a Ele. Esta esperança não decepciona porque o Espírito Santo foi infundido nos nossos corações (cf. Rm 5, 5). O Consolador não faz com que tudo apareça bonito, não elimina o mal com a varinha mágica, mas infunde a verdadeira força da vida, que não é a ausência de problemas, mas a certeza de sermos sempre amados e perdoados por Jesus, que por nós venceu o pecado, venceu a morte, venceu o medo. Por isso podemos celebrar a festa da nossa esperança,…
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Dom Leonardo: “Abençoada Páscoa: Cristo ressuscitou, esperança para toda a humanidade”

Abençoada Páscoa é o desejo do cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. “Cristo ressuscitou, esperança para toda a humanidade”, enfatizou o cardeal. O presidente do Regional Norte1 da CNBB lembrou que “acompanhamos a Jesus no sofrimento, na dor, na morte. Acompanhamos em Jesus, na dor e na morte, a humanidade que sofre, os irmãos e irmãs que padecem, e Cristo ressuscitando, nos trouxe vida nova, vida nova para toda a humanidade, mas vida nova também para toda a Criação”. “O Cristo ressuscitado, esperança nossa, guie os nossos passos, e que nós possamos sempre de novo ajudar a salvar, a bendizer, a consolar, a vida dos irmãos e irmãs”, enfatizou o cardeal. Ele concluiu desejando em nome dos bispos do Regional Norte1 da CNBB “uma abençoada Páscoa a todos”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

“Em oração com Jesus, no caminho da cruz”: Meditações do Papa Francisco na Via-Sacra no Coliseu

Foto: Vatican Media O Bollettino da Sala Stampa da Santa Sede publicou as meditações da Via Sacra que será realizada na Sexta-feira Santa às 21:15 horas, no horário de Roma (17:15 no horário de Brasília, 16:15 no horário de Manaus). Pela primeira vez em 11 anos de pontificado, as meditações foram escritas pelo Papa Francisco, propondo, no Ano da Oração em preparação ao Jubileu de 2025, uma conversa face a face com Jesus Uma oportunidade para cada um olhar para si mesmo, para sua consciência, mas também para o mundo atual e suas distorções. VIA SACRA 2024 Introdução Senhor Jesus, olhamos para a vossa cruz e compreendemos que destes tudo por nós. Dedicamo-Vos este tempo. Queremos passá-lo ao pé de Vós, que rezastes desde o Getsémani até ao Calvário. No Ano de Oração, unimo-nos ao vosso caminho de oração. Evangelho segundo São Marcos (14, 32-37) Chegaram a uma propriedade chamada Getsémani (…). Tomando consigo Pedro, Tiago e João, começou a sentir pavor e a angustiar-Se. E disse-lhes: «(…) Ficai aqui e vigiai». Adiantando-Se um pouco, caiu por terra e orou (…): «Abbá, Pai! Tudo Te é possível; afasta de Mim este cálice! Mas não se faça o que Eu quero, e sim o que Tu queres». Depois, foi ter com os discípulos, encontrou-os a dormir e disse a Pedro: «(…) Nem uma hora pudeste vigiar!» Senhor, preparastes com a oração cada uma das vossas jornadas e agora, no Getsémani, preparais a Páscoa. Abbá, Pai! Tudo Te é possível – dizeis Vós –, porque a oração é antes de tudo diálogo e intimidade; mas é também luta e súplica: afasta de Mim este cálice! E é abandono e oferta: mas não se faça o que Eu quero, e sim o que Tu queres. Assim, em oração, entrastes pela porta estreita do nosso sofrimento e atravessaste-la profundamente. Sentistes medo e angústia (cf. Mc 14, 33): medo diante da morte, angústia sob o peso do nosso pecado que experimentastes sobre Vós, enquanto Vos invadia uma amargura infinita. Mas, no apogeu da luta, rezastes «mais instantemente» (Lc 22, 44): assim transformastes a veemência do sofrimento em oferta de amor. Uma coisa apenas nos pedistes: ficar convosco, vigiar. Não nos pedis o impossível, mas a proximidade. No entanto, quantas vezes me distanciei de Vós! Quantas vezes, como os discípulos, em vez de vigiar dormi, quantas vezes não tive tempo ou vontade de rezar porque cansado, anestesiado pelas comodidades, ensonado na alma. Jesus, repeti novamente para mim, para nós, vossa Igreja: «Levantai-vos e orai» (Lc 22, 46). Acordai-nos, Senhor, despertai-nos do torpor do coração, porque também hoje, sobretudo hoje, precisais da nossa oração. 1. Jesus é condenado à morte O Sumo Sacerdote ergueu-se no meio da assembleia e interrogou Jesus: «Não respondes nada ao que estes testemunham contra Ti?» Mas Ele continuava em silêncio e nada respondia. (…) Pilatos interrogou-o de novo, dizendo: «Não respondes nada? Vê de quantas coisas és acusado!» Mas Jesus nada mais respondeu, de modo que Pilatos estava estupefacto (Mc 14, 60-61; 15, 4-5). Jesus, sois a vida, e acabais condenado à morte; sois a verdade, e suportastes um processo cheio de falsidades. Mas por que não reclamais? Por que não levantais a voz e explicais as vossas razões? Por que não refutais os eruditos e os poderosos, como sempre fizestes com tanto sucesso? A vossa reação é surpreendente, Jesus: no momento decisivo, não falais; calais-Vos. Porque, quanto mais forte é o mal, mais radical é a vossa resposta. E a vossa resposta é o silêncio. Mas o vosso silêncio é fecundo: é oração, é mansidão, é perdão, é o caminho para redimir do mal, para converter o que sofreis num dom que ofereceis. Jesus, dou-me conta de Vos conhecer pouco, porque não conheço suficientemente o vosso silêncio; porque no frenesim de correr e fazer, absorvido pelas coisas, tomado pelo medo de não continuar a figurar ou pela mania de me pôr no centro, não encontro tempo para parar e ficar convosco: para Vos deixar agir a Vós, Palavra do Pai que trabalhais no silêncio. Jesus, o vosso silêncio mexe comigo: ensina-me que a oração não nasce dos lábios que se movem, mas dum coração que sabe permanecer à escuta: porque rezar é fazer-se dócil à vossa Palavra, é adorar a vossa presença. Rezemos dizendo: Falai ao meu coração, Jesus Vós que respondeis ao mal com o bem Falai ao meu coração, Jesus Vós que extinguis o clamor com a mansidão Falai ao meu coração, Jesus Vós que detestais a crítica e as lamentações Falai ao meu coração, Jesus Vós que me conheceis intimamente Falai ao meu coração, Jesus Vós que me tendes mais amor do que me amo eu próprio Falai ao meu coração, Jesus 2. Jesus carrega a cruz Subindo ao madeiro, Ele levou os nossos pecados no seu corpo, para que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça: pelas suas chagas fomos curados (1 Ped 2, 24). Jesus, também nós carregamos cruzes, às vezes muito pesadas: uma doença, um acidente, a morte dum ente querido, uma desilusão afetiva, um filho que anda perdido, o emprego que falta, uma ferida interior que não cura, o fracasso dum projeto, a milésima expetativa para nada… Jesus, como se faz então para rezar? Como fazer quando me sinto esmagado pela vida, quando um fardo me pesa no coração, quando estou sob pressão e já não tenho força para reagir? A vossa resposta reside numa proposta: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei de aliviar-vos» (Mt 11, 28). Vir a Vós… mas eu fecho-me em mim: passo e repasso, sinto pena de mim mesmo, afundo na condição de vítima, um campeão de negatividade. Vinde a Mim: dizê-lo, não foi suficiente! Então vindes ao nosso encontro e carregais aos ombros a nossa cruz, para nos tirar de cima o seu peso. Desejais que lancemos sobre Vós fadigas e preocupações, pois quereis que nos sintamos livres e amados em Vós. Obrigado, Jesus! Uno a minha cruz à vossa, trago-Vos o meu cansaço e as minhas misérias, lanço sobre Vós todos os pesos do meu coração. Rezemos dizendo: Venho a Vós, Senhor…
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Missa do Crisma na Arquidiocese de Manaus: “Ungidos pelo Espírito Santo para ungir”

A Arquidiocese de Manaus celebrou na manhã da Quinta-feira Santa a Missa do Crisma, com a participação de todo o Povo de Deus. Em sua homilia, o cardeal Leonardo Steiner lembrou o texto do Evangelho, onde Jesus reconhece a sua missão: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. Percebe-se ungido e enviado pelo Espírito e anuncia, segundo o arcebispo de Manaus que “o Reino de Deus está próximo”. “No princípio, no principiar, no florir, da nossa vida cristã está o Espírito do Senhor. A razão de ser cristão está na graça da unção do Espírito Santo que recebemos”, ressaltou o cardeal Steiner. Lembrando o texto de Isaias, retomado por Jesus no Evangelho, ele disse que “nos implica, pois o Espírito repousou sobre e em cada um de nós. Sobre e em cada um de nós, pois batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Na Crisma fomos confirmados pelo Espírito: ‘recebe o Espírito Santo, dom de Deus!’ Nele somos filhos, filhas no Filho. É Ele que concede a nossa participação em Cristo, a nossa transformação em Cristo, o vivermos por Cristo, com Cristo e em Cristo. Pela ação do Espírito que nos tornamos pertencentes ao Reino da verdade, da graça, do amor”. Segundo dom Leonardo, “seguidores de Jesus, foi pelo Espírito que os discípulos medrosos foram transformados em anunciadores, profetas, testemunhas. O Espírito ao estar sobre os discípulos como língua de fogo, desalojou aqueles homens escondidos, receosos, duvidosos. Os ungiu com e os fez anunciadores ardorosos, proclamadores do Crucificado-Ressuscitado. No ardor apostólico nasce a Igreja e se constitui o Reino de Deus”. Ele ressaltou que “a obra do Espírito é livre e libertário, não nos pertence. Ele continua a ser enviado para a difusão do Reino”. Segundo o arcebispo de Manaus, no Credo de Niceia-Constantinopla “professamos que o Espírito Santo ‘dá a vida’”, afirmando que “na vida do Reino, Ele é a vida da Igreja, das nossas comunidades. Sem Ele, a Igreja não seria a Esposa viva de Cristo, mas, no máximo, uma organização religiosa, mais ou menos boa. Não seria o Corpo de Cristo, mas um templo construído por mãos humanas. Edificamos a Igreja a partir da graça de sermos ‘templos do Espírito Santo’ (1Cor 6, 19; 3, 16), que habita em nós. Ele o centro da vida da Igreja, das nossas comunidades, da nossa vida. Não podemos transformar o Espírito em uma devoção”. Ele disse, que diariamente deveríamos invocar as palavras da Sequência de Pentecostes: “Vinde, porque sem a vossa força e favor clemente, nada há no homem que seja inocente”. Inspirado no Papa Francisco, o cardeal lembrou que “o Espírito do Senhor está sobre mim, me consagrou, me ungiu, para anunciar aos pobres e por Ele somos enviados. O Povo de Deus enviado para evangelizar, para testemunhar a misericórdia e paz”. Com as palavras do Evangelho, ele lembrou que “foi pela imposição das mãos e a invocação do Espírito Santo, irmãos, que recebemos o dom do diaconado, o dom do sacerdócio, a pertença ao presbítero, o dom de pertencemos aos sucessores dos Apóstolos. No dia em que celebramos o nascer do sacerdócio, somos despertados para a origem da nossa vida e missão como padres, como presbitério. O Espírito está na origem do nosso ministério, da vida e da vitalidade de nosso pastoreio”. Por isso afirmou que “cada um de nós pode dizer: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim’. Somos diáconos, somos presbíteros, somos bispos porque o ‘Espírito do Senhor está sobre mim’. Nesta celebração, especialmente, nós presbíteros professamos: o ‘Espírito do Senhor está sobre mim’. E não é presunção, é realidade, já que cada cristão, e de modo particular cada sacerdote, pode fazer suas as palavras: ‘porque o Senhor me consagrou com a unção’ (Is 61,1). Irmãos, não é mérito nosso, mas pura graça; recebemos uma unção que nos faz pais e pastores no Povo santo de Deus”. “Ao sermos atraídos pelas palavras do Evangelho vamos sendo tomados pela admiração das ações multiformes do Espírito Santo”, disse Dom Leonardo. Inspirado em São Basílio, ele colocou o exemplo daqueles que foram chamados, um cobrador de impostos, um pescador, um perseguidor. Com ele afirmou que “da ação transformante e revitalizadora do espírito na Igreja: os fracos tornam-se fortes, os pobres tornam-se ricos, os plebeus sem instrução tornam-se mais sábios do que os sábios. A força vitalizadora do Espírito ele o torna perceptível ao apresentar a ação de Espírito nos apóstolos”, citando diversos exemplos disso que aparecem nos Atos dos Apóstolos. O arcebispo de Manaus afirmou que “se o Espírito, no ensinar de São Basílio, realizou obras extraordinárias com homens tão frágeis e pecadores, também realizará em nós e pela sombra de nosso ministério as transformações no Povo de Deus”. Por isso questionou: “O que não faz de nós se estivermos em sintonia, se estivermos convencidos que ele repousa sobre nós e nos envia? O que não faria de nós, se estivéssemos abertos, receptivos ao seu sopro de vida transformador, à sua unção?” Lembrando que Papa Francisco nos diz que “depois da primeira ‘unção’ que aconteceu no ventre de Maria, o Espírito desceu sobre Jesus no Jordão”, o cardeal afirmou que “cada ação (de Jesus) gozava da com-presença do Espírito Santo”, citando São Basílio. “Pois, com o poder daquela unção, Ele pregava e realizava sinais, em virtude daquela unção ‘emanava d’Ele uma força que a todos curava’”, destacou. Inspirado em Santo Ireneu, lembrou que “Jesus e o Espírito trabalham sempre juntos, como se fossem as duas mãos do Pai, que, estendidas para nós, nos abraçam, acolhem, levantam, erguem, afagam, nos colocam a caminho. E, por elas, foram ungidas as nossas mãos, ungidas pelo Espírito de Cristo. Sim, irmãos, o Senhor não se limitou a escolher-nos e chamar-nos de diversos lugares, mas infundiu em nós a unção do seu Espírito, o mesmo que desceu sobre os Apóstolos. Irmãos, somos ‘ungidos’”. O arcebispo lembrou aos ministros ordenados que “hoje ao renovarmos nossas promessas que pronunciamos diante do bispo e do Povo de Deus, deixemos o…
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Semana Santa: amor, serviço e entrega fundamento do discipulado cristão

O Tríduo Pascal é momento para pensar sobre nossa fé, sobre aquilo que fundamenta nosso discipulado. Podemos dizer que o fundamento do nosso ser cristão é o amor, o serviço, a entrega, e disso a gente faz memória sempre, mas de modo especial na Semana Santa, tempo em que a Igreja aprofunda no sentido da entrega de Jesus como caminho para uma vida em plenitude. No caminho da vida plena, e essa é a meta a que nos conduz nosso discipulado, somos desafiados a encontrar mecanismos que nos permitem avançar. Só quem assume o amor, o serviço e a entrega vai descobrindo o rumo que nos aproxima com Aquele a quem seguimos. Jesus, com seu exemplo, nos mostra a necessidade de dar a vida para que nossa vida se plenifique. Para isso temos que estarmos dispostos a nos fazermos pequenos, a nos colocarmos os últimos, a nos abaixar e lavar os pés daqueles que humanamente nunca iriamos lavar e não e teríamos obrigação de lavar. Assumir a condição de escravo é um sentimento que mesmo muitos vendo-o como algo que nos desumaniza, se torna uma atitude que nos diviniza, nos identifica com a divindade que está presente naquele que sendo Deus assumiu a condição humana. Em verdade, assumir o serviço gratuito, o serviço por amor, nos faz mais humanos, nos humaniza plenamente, pois nos aproxima daqueles que conhecem o sofrimento humano, nos ajuda a entender que somos limitados e que quando estamos dispostos a servir os outros, é mais fácil superar as limitações que fazem parte da nossa condição humana. Uma questão importante é até que ponto nós estamos dispostos servir, a quem nós estamos dispostos servir, como nós estamos dispostos servir. Somos desafiados a servir entregando nossa vida por completo, a servir a todos, também aos Judas que a vida nos coloca em nossa frente, e a servir sem esperar nada em troca. Esse modo de realizar o serviço nos torna verdadeiros discípulos e discípulas daquele que veio para servir e não para ser servido. Quando a gente ama, vamos compreendo melhor o sentido desse serviço como expressão de amor, como concreção da entrega. É no amor que a gente vai encontrando o motor que nos ajuda a ir além de onde nosso sentimento humano, nossas forças, conseguem nos conduzir. Daí a necessidade de amar para chegar longe, para nos aproximarmos daquele que dá sentido a nossa vida, daquele que deu a vida para nos mostrarmos o caminho a seguir. Verdadeiramente queremos ser seus discípulos? Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar