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Amizade social para superar guetos e seitas

A temática da Campanha da Fraternidade 2024 tem muitos elementos que nos levam a refletir. Não podemos esquecer que estamos diante de um tema que tem a ver com a vida do dia a dia, com nosso jeito de nos relacionarmos com os outros. Mas será que ter um bom relacionamento com todos é uma preocupação em nossa vida? O individualismo, que nos distância e nos enfrenta com os outros, é um elemento cada vez mais presente na vida das pessoas. Inclusive podemos dizer que esse individualismo faz com que os outros se tornem aos poucos inimigos, sendo vistos como uma ameaça para nossa vida. O individualismo coloca em nossa mente que não precisamos de ninguém, que não precisamos de amigos, que a amizade social é algo completamente desnecessário. Isso atinge nosso relacionamento com os vizinhos, com nossos colegas de trabalho, de estudo, mas também na família. Vivemos cada vez mais afastados dos outros, aumentamos intencionalmente as distâncias, nos interessamos exclusivamente por aquilo que está relacionado com nosso próprio mundo, cada vez menor, mais reduzido, com menos coisas a nos ensinar, com menos elementos que nos ajudam a crescer. A amizade, quando existe, se fecha em grupos onde não há possibilidade de divergências. Entramos a fazer parte de pequenas seitas fechadas, com um pensamento uniforme, onde são alimentadas ideias que com o decorrer do tempo podem aumentar nossas neuroses e nos afastam cada vez mais daqueles que podem ter opiniões divergentes, mesmo sendo divergências pequenas. Confundimos amizade com uniformidade, com pensamento único, com guetos, cada vez mais isolados e distanciados da realidade social, que ignoramos, construindo mundos alternativos. Isso provoca conflitos cada vez maiores, enfrentamentos que tem difícil solução, uma realidade que é incentivada através das redes sociais e dos aplicativos de mensagens, que vão modelando nossa personalidade de acordo com interesses que muitas vezes não controlamos mais. Como buscar propostas alternativas a partir da Palavra de Deus, do Magistério da Igreja, em vista de uma sociedade onde ser irmãos e irmãs dos outros, onde ser amigos e amigas é visto como uma necessidade? A amizade é uma necessidade, uma urgência, uma utopia? Queremos que a amizade social, uma atitude presente na história da humanidade ao longo dos séculos, seja presente na sociedade atual? Criar amizade social, aberta a todos, sem guetos, sem grupos fechados e isolados. Promover atitudes que nos aproximam de todos, gerar uma sociedade onde ser irmãos e irmãs seja assumido como necessidade por cada um e cada uma de nós. Sabemos que o caminho é longo, mas também sabemos que na medida em que a gente desiste da necessidade de avançar nessa direção a vida da nossa sociedade, a vida da gente será cada vez pior. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

COMISE Labonté do Seminário São José de Manaus escolhe nova coordenação

Formar os futuros presbíteros na dimensão missionária é um dos objetivos do Seminário São José de Manaus, onde se formam os seminaristas das igrejas locais do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1). Um instrumento para aprofundar esse caminho formativo missionário é o Conselho Missionário de Seminaristas (COMISE Labonté). Na manhã desta terça-feira, 20 de fevereiro de 2024, com a presença de Pe. Pedro Cavalcante, reitor do Seminário São José, e do Pe. Matheus Marques, assessor eclesiástico do COMISE Norte1, foi realizada a eleição da nova coordenação do COMISE Labonté. A nova coordenação está formada pelos seminaristas Camilo Jaílton, da diocese do Alto Solimões, que será o coordenador; João Marcelo, da prelazia de Itacoatiara, como vice coordenador; o secretário será Fabrício de Souza, da diocese de Borba; e Idelfonso Barbosa, da diocese de Roraima será o tesoureiro. O COMISE é o organismo encarregado da animação, formação, articulação e cooperação missionária de seminaristas diocesanos e alunos das casas de formação religiosa, aberto a todos aqueles que estão no tempo de formação, que busca favorecer “uma maior unidade e eficácia operativa na animação e cooperação, e para evitar concorrências e paralelismos”, segundo recolhe o Documento Cooperatio Missionalis, 12. O objetivo dos conselhos missionários de seminaristas é fomentar nos futuros presbíteros e candidatos à Vida Religiosa Consagrada a consciência da missão como identidade do cristão e favorecer neles uma sólida espiritualidade e formação missionária que os tornem capazes de enfrentar os desafios da ação evangelizadora da Igreja: na pastoral, na nova evangelização e na missão ad gentes (aos povos). Em nível nacional já foram organizadas diversas experiências missionárias para seminaristas. A última, “Pés a Caminho” aconteceu na arquidiocese de Manaus, diocese de Coari e prelazia de Itacoatiara, em janeiro de 2023, e reuniu quase 300 seminaristas de todos os regionais da CNBB. A CNBB e as Diretrizes para a formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil incentivam essas experiências, como parte do processo formativo, sendo consideradas “sumamente importantes para confirmar a autenticidade das motivações no candidato e ajudá-lo a assumir o ministério como verdadeiro e generoso serviço, no qual o ser e o agir, pessoa consagrada e ministério, são realidades inseparáveis”, o que leva a realizar experiências missionárias e estágios pastorais em áreas mais desafiadoras e carentes. Os seminaristas pedem que, pela intercessão da Virgem Maria, Mãe da Amazônia, a nova coordenação seja conduzida neste serviço de animação missionária dos futuros presbíteros do Regional Norte1, sendo sinal profético de uma Igreja sempre em saída. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Curso no CCM sobre “Formação Missionária com Enfoque na Amazônia” de 6 a 10 de maio

A Igreja do Basil tem colocado seu foco na Amazônia, sobretudo depois do Sínodo para a Amazônia. Querendo dar um passo a mais nesse caminho, o Centro Cultural Missionário, em parceria com a Comissão Episcopal para a Amazônia, as Pontifícias Obras Missionárias e a Conferência dos Religiosos do Brasil promoverão de 06 a 10 de maio de 2024 o curso: “Formação Missionária com Enfoque na Amazônia”. Os destinatários do curso são leigos e leigas, consagrados e consagradas, ministros ordenados, buscando se aprimorar nas temáticas relacionadas à missão na Amazônia, para amadurecer uma eventual decisão por projetos junto à congregação ou diocese ou aqueles que já estão inseridos na realidade amazônica. O curso pretende “preparar e aprofundar o conhecimento e a reflexão que se tornam em ação no chão da Amazônia”, procurando ser um instrumento para “a qualificação dos missionários e missionárias que desenvolvem atividades missionárias junto aos povos tradicionais e que se colocam a caminho das comunidades distantes e de difícil acesso, mas que aguardam fervorosamente a presença dos missionários”. Uma experiência que “deseja contribuir com a orientação, discernimento e ação dos participantes para que tenham cada vez mais clareza do caminho a ser percorrido diante das realidades sociocultural, econômica e eclesial encontradas”. Os organizadores querem que o curso seja uma resposta aos sonhos do Papa Francisco em Querida Amazônia: “Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida. Sonho com uma Amazônia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana. Sonho com uma Amazônia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas. Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos.” (QA n. 7). A metodologia que será seguida terá uma perspectiva antropológica e histórica da realidade amazônica, bem como da presença da Igreja em diferentes campos de atuação. Os assessores do curso serão dois grandes conhecedores da história da Amazônia e da vida e cultura dos povos indígenas: Dom Raimundo Possidônio Carrera da Mata, bispo coadjutor de Bragança (PA) e o padre Justino Sarmento Rezende, salesiano do povo tuyuka, doutor em Antropologia Social. Um curso que busca “corresponder ao grande desejo do Papa Francisco de sermos uma Igreja cada vez mais defensora da vida, servidora e missionária”. Entre os objetivos do curso, aparece “qualificar e capacitar nas dimensões antropológica, histórica e eclesial” aos missionários e missionárias, particularmente na Amazônia; aprofundar as motivações para a missão; fornecer referenciais essenciais teóricos e práticos para a ação missionária; proporcionar momentos de discernimento participativo, de revigoramento espiritual e de atualização sobre os caminhos da Igreja no Brasil, especialmente na Amazônia. Faça sua inscrião. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “Superar o barulho da ideologia tomada pela brutalidade que busca destruir”

Lembrando que “Convertei-vos e crede no Evangelho!”, é o apelo que Jesus nos faz neste primeiro domingo da Quaresma, iniciou o cardeal Leonado Steiner sua homilia. Ele lembrou que “ao voltar do deserto, ao ser transformado pelo Espírito do deserto, Jesus pede: crede no Evangelho. Crede na Boa Nova!” O arcebispo de Manaus afirrmou que “deserto o lugar da intimidade, do silêncio, da surpresa, que leva, conduz! O conduz, para a solidão, para o silêncio, para o inóspito, para o confronto da aridez, para o caminho da secura e do desverdor, e, assim estar a sós com o Mistério. Lugar para medir-se, deixar-se medir e tomar pela presença de Deus. O deserto não só é o lugar da solidão (éremon) e da desolação, da experiência de ser posto à prova, da tentação, no confronto com o mal, do nada negativo e do destrutivo, mas, também o lugar do encontro solitário, limpo, único com Deus. É o lugar da solidão, o estar a sós com Deus. Onde Deus é tudo, por isso, o lugar do aprendizado de “sofrer Deus”. O deserto o lugar privilegiado do encontro com Deus. O Espírito leva Jesus ao deserto para manifestar-se e revelar o tempo novo”, lembrando as palavras do então cardeal Joseph Ratzinger sobre o deserto. “Em caminhando no deserto o povo de Israel experimentou o amor e a solicitude de Deus. Também foi o lugar da prova, da tentação, da murmuração, da traição. Por ser lugar da tentação foi o lugar da purificação, transformação, da consolidação rumo à terra da promessa. Foi no deserto que Israel foi gerado para as forças identitárias de ser povo”, disse o cardeal. “Jesus viveu no deserto por 40 dias e começa a anunciar: ‘O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!’. Para dar início a sua missão, o Espírito conduz Jesus para o deserto para estar a sós com o Pai e receber a nova Lei do amor e anunciar a nova terra. No meio da harmonia originária dos animais selvagens, na solidão e silêncio, onde tudo permanece na sua mais lídima graça fontal, Ele recebe a visita de satanás e é tentado. Satanás, o adversário, o inimigo por excelência, o tenta, deseja arrancá-lo da missão que o Pai confiara. O inimigo do homem, tenta a Jesus para levá-lo para longe dos planos do Pai, desviá-lo da harmonia originária da vida, o Reino de Deus”, disse Dom Leonardo. Lembrando que No deserto Jesus “Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam”, o cardeal destacou que “quando Adão escolheu o caminho da auto-suficiência e se revoltou contra Deus, rompeu-se a harmonia original, os animais tornaram-se inimigos do homem e até os anjos deixaram de o servir”. “O Espírito que levara Jesus ao deserto, guia, ilumina, fala ao coração, e o devolve cheio de força e vigor para anunciar o novo Reino”, destacou Dom Leonardo. Ele lembrou que “o Espírito lhe concede o vigor, a essencialidade do plano do Pai. O Espírito lhe concedeu discernimento, lucidez, purificação; está envolto pela harmonia originária. Chegou o tempo do Espírito: superar a inimizada, a violência, o conflito, a escravidão e gerar o novo Reino da paz, do amor”. Analisando a primeira leitura, o presidente do Regional Norte1 disse que “ao fazer ressoar o texto do dilúvio nos alenta: Deus não mais destruirá este mundo. Ele estabelece uma aliança não apenas com os homens, mas com todas as criaturas: “Estabelecerei convosco a minha aliança: de hoje em diante nenhuma criatura será exterminada pelas águas do dilúvio e nunca mais um dilúvio devastará a terra”. Uma aliança, um cuidado permanente com a vida de todo o universo. Um novo marco, uma nova aliança, um novo cuidado. O arco do amor entre o céu e a terra não há de ser rompido”. Inspirado no comentário de Fernandes e Fassini, o cardeal disse que “em Jesus essa aliança chega à sua plenitude. Tudo resgatado, tudo salvo, tudo libertado, tudo banhado pelo sangue do Salvador. O novo Reino está instaurado. A morte não terá mais oportunidade de vitória.  Em lugar da arca de madeira, o madeiro da cruz será o lenho sagrado através do qual Jesus Cristo vai salvar os homens das águas da morte e resgatá-los do abismo aniquilador. As águas da morte vão se transformar em águas de vida (cf. Batismo). Novo nascimento do homem e de toda a criação virá deste novo Noé: Cristo Crucificado e Ressuscitado”. Sobre a Campanha da Fraternidade que estamos a celebrar no tempo da quaresma, o arcebispo de Manaus destacou que “vem, de modo insistente, despertar em todos nós o desejo da fraternidade”. Ele insistiu em que “somos convidados a permanecer no caminho de conversão quaresmal e nesse tempo propício de transformação, refazer os laços familiares e sociais”. Ele lembrou da mensagem que Papa Francisco enviou para a Campanha da Fraternidade, onde nos ensina que “Como irmãos e irmãs, somos convidados a construir uma verdadeira fraternidade universal que favoreça a nossa vida em sociedade e a nossa sobrevivência sobre a Terra, nossa Casa Comum, sem jamais perdermos de vista o Céu, onde o Pai nos acolherá a todos como seus filhos e filhas. Infelizmente, ainda vemos no mundo muitas sombras, sinais do fechamento em si mesmo. Por isso, lembro da necessidade de alargar os nossos círculos para chegarmos àqueles que, espontaneamente, não sentimos como parte do nosso mundo de interesses (cf. FT 97), de estender o nosso amor a ‘todo ser vivo’ (FT 59), vencendo fronteiras e superando ‘as barreiras da geografia e do espaço’ (FT 1)”. “Ao nos propor a conversão, Jesus nos indica a escuta como caminho. No deserto a prende a escuta e anuncia a conversão. ‘Converter-se’ significa transformar a existência, assumir um novo estilo de vida: escuta-diálogo. Converter o próprio escutar: desarmar, libertar, ‘desideologizar’; afinar a escuta para que possam ser percebidas as notas mais tênues e dissonantes que estão a implorar atenção entre nós. É uma escuta amorosa, que nos compromete. Superar o…
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REPAM e CEAMA buscam em Puerto Maldonado espaços de articulação em favor dos povos da Amazônia

A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) estão reunidas em Puerto Maldonado, a cidade amazônica peruana visitada pelo Papa Francisco em janeiro de 2018, onde podemos dizer que foi dado o pontapé inicial do Sínodo para a Amazônia. Reuniões de órgãos individuais, mas também reuniões conjuntas, marcam a intensa programação. Na reunião participa Dom Zenildo Lima, bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus e vice-presidente da CEAMA. Direitos humanos e justiça socioambiental Por parte da REPAM, a reunião pretendia ser um momento para que cada um dos países compartilhasse o trabalho que está sendo realizado com base na articulação em cada REPAM Nacional e, a partir daí, ver como avançar na dimensão pan-amazônica da Rede. As urgências destacadas pela REPAM são, em primeiro lugar, a defesa dos direitos humanos dos povos amazônicos, uma necessidade cada vez mais urgente e que causa maior preocupação diante das ameaças que sofrem, e, junto com isso, a promoção da justiça socioambiental e do bem viver. Também algumas articulações pan-amazônicas como o FOSPA 2024, a COP 16 sobre Biodiversidade e a COP 30, como avançar na comunicação e a comemoração dos 10 anos da REPAM. Na reunião conjunta entre a REPAM e o CEAMA, foram apresentados os caminhos, estruturas e funcionamento de ambas as organizações, bem como os da Rede Amazônica de Educação Intercultural Bilíngue (REIBA) e do Programa Universitário Amazônico (PUAM), o que deu lugar a diálogos e reflexões abertas e à busca de espaços comuns de articulação entre a REPAM e a CEAMA. A comemoração dos 10 anos da REPAM, a comunicação articulada entre ambas as organizações, a visita das presidências a Roma, a COP 30 e os espaços de incidência, a Assembleia da CEAMA, que será realizada em Manaus no próximo mês de agosto, e as propostas e horizontes comuns, foram temas abordados na reunião conjunta da REPAM e da CEAMA. 10 anos de REPAM De acordo com o secretário executivo da REPAM, Ir. João Gutemberg Sampaio, a reunião teve como objetivo ajudar a colocar em prática as decisões do Comitê Ampliado realizado em 2023, em Florência (Colômbia), destacando também a importância do encontro como expressão de sinodalidade, de caminhar juntos. Depois de 10 anos de experiência, elas precisam ser estruturadas, enfatizou o religioso, em busca de um futuro mais organizado de uma estrutura que não é jurídica, mas pastoral. Ao longo desse tempo, a consciência pan-amazônica da Rede foi sedimentada, insistiu seu secretário executivo, pensando na Amazônia como um todo. Doris Vasconcellos, coordenadora do Eixo Justiça Socioambiental e Bem Viver, que está participando do encontro, afirmou que se quer pensar em um plano estratégico para fortalecer as experiências de agroecologia, economia solidária e experiências do Bem Viver dentro da Amazônia, fortalecendo assim os territórios a partir das REPAMs Nacionais, em busca de um plano pedagógico que seja trabalhado nas escolas e possibilite o aprendizado sobre o cuidado da casa comum, o Bem Viver, o fortalecimento da economia agroflorestal no território amazônico para que todos os povos tenham a possibilidade de empoderamento econômico a partir do equilíbrio da natureza e de um processo amazônico do Bem Viver, para que não tenham que se expor a projetos que impactam a vida dos povos. Articulação em nível social e eclesial No que diz respeito à articulação, Doris Vasconcellos destacou que desde 2020 a REPAM acompanha um processo de articulação e mobilização junto aos povos e movimentos sociais e populares da Pan-Amazônia com o objetivo de reunir essas organizações, movimentos, organizações indígenas e comunidades tradicionais para pensar em como ajudar os povos a articular sua resistência e existência em uma discussão de pautas e incidência amazônica, para que a garantia dos direitos territoriais e dos povos possa ser garantida pelos governos. Para isso, as Assembleias pela Amazônia têm abordado os impactos sofridos pelos povos amazônicos, em um encontro de saberes entre os povos e os cientistas e analistas políticos diante da situação ambiental da região. Isso deu lugar a uma discussão sobre vários assuntos, à elaboração de documentos e propostas a serem levados adiante pelos governos da região, insistindo na participação social nas discussões e diálogos amazônicos e na criação de mecanismos para esse fim. O objetivo é poder influenciar a COP30 a ser realizada em Belém, na Amazônia brasileira. Isso porque a REPAM acredita que, a serviço da vida, articulando e mobilizando esses povos, é possível garantir que seus direitos sejam oficializados, legalizados, dentro das ações governamentais com vistas a respeitar os direitos dos povos nos nove países da Pan-Amazônia. Uma resposta dos territórios à crise Diante da grave crise socioambiental e climática que estamos vivendo, o padre Dario Bossi destaca que “a REPAM acredita que a resposta e a alternativa vêm dos territórios, embora precise ser fortalecida por meio da organização popular e também da incidência política nacional e internacional“, o que levou a REPAM a participar de vários eventos em nível pan-amazônico, Algo que quer continuar fazendo para “fortalecer as demandas e a voz dos povos para mudar a história do clima”, como o 11º FOSPA, que será realizado na Bolívia em junho próximo, e a COP30, querendo “amplificar a Amazônia e mostrar ao mundo que as experiências concretas dos povos que são livres para estabelecer seus planos de vida nos territórios são a melhor proposta para um clima equilibrado”. Para isso, ele insiste no direito à terra e à autodeterminação das comunidades, na liberdade de dizer não aos grandes projetos e na possibilidade de estabelecer novos modelos econômicos, como a economia de Francisco e Clara. Ele também defende o reconhecimento dos povos indígenas, dos afrodescendentes e das comunidades tradicionais, com novas relações entre a cidade e o campo para evitar o êxodo urbano. O padre Bossi considera soluções que já estão em andamento e que precisam ser fortalecidas por uma política com visão de longo prazo, e que ele vê como uma resposta mais concreta à crise ambiental. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 Fotos: REPAM e CEAMA

Amizade social, uma necessidade urgente em um mundo cada vez mais desunido

Os sentimentos que nós temos uns pelos outros determinam nosso modo de convivência. Em uma sociedade cada vez mais polarizada e dividida a Campanha da Fraternidade de 2024 nos convida a descobrir a amizade social como caminho a ser trilhado, como atitude a ser assumida para fazer realidade um mundo melhor para todos e todas. Cada um, cada uma de nós somos desafiados a nos questionarmos como olhamos para os outros, quais os sentimentos que temos diante das pessoas com quem a gente se encontra no dia a dia. O que é que a gente enxerga do outro, se a gente repara naquilo que nos divide ou pelo contrário reparamos naquilo que nos une e fomentamos tudo o que possibilita que possamos caminhar juntos. O caminho da amizade social, da fraternidade, a gente constrói junto, e tem que ser um caminho que cada vez vai mais longe, do qual cada vez faz parte mais gente. Quando nos fechamos, nos distanciamos, quando ignoramos a presença dos outros, a nossa vida e a nossa sociedade se empobrecem, aos poucos vai se esmorecendo aquilo que fundamenta nossa personalidade, aquilo que nos constitui em humanidade. O ser humano é um ser em relação, que vai se formando, que vai crescendo na medida em que vai se abrindo aos outros, na medida em que vai descobrindo no outro aquilo que lhe enriquece, que lhe faz ser gente, melhor pessoa. São sentimentos que devem ser impulsionados em nossa vida, pois isso faz com que a sociedade da qual fazemos parte também seja enriquecida e a vida das pessoas com as que nos encontramos em nosso cotidiano possa melhorar. Essa amizade social sobre a que nos chama a refletir a Campanha da Fraternidade, seguindo as propostas do Papa Francisco em Fratelli tutti, sua última encíclica, é uma necessidade no mundo atual, enfrentado pela violência que se traduz em guerras entre os povos, divisão nas famílias, enfrentamentos de todo tipo em diversos espaços e realidades que fazem parte da vida das pessoas. A Quaresma é um tempo para mudar não só o pensamento, mas as atitudes. A conversão tem que nos levar a nos relacionarmos com as pessoas de modo diferente, a promover sentimentos que façam com que nossa sociedade, nossas famílias, se tornem espaços melhores para viver, onde os sentimentos que dominam sejam aqueles que constroem vida e não aqueles que geram destruição, divisão e morte. É tempo de parar e pensar, de descobrir esses caminhos, de fazer realidade esse mundo melhor sustentado na fraternidade, na amizade social. Para isso, cada um, cada uma de nós somos cada dia desafiados a olhar os outros com um olhar diferente, com um olhar que vai fazendo com que as pessoas sintam o prazer de caminhar juntos, de construir um mundo mais humano, mais fraterno. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Cardeal Steiner: Viver as práticas quaresmais na gratuidade

Com a celebração da Quarta-feira de Cinzas na Catedral de São Gabriel da Cachoeira, presidida por Dom Leonardo Steiner e concelebrada pelos bispos do Regional Norte1, o clero local e aqueles que chegaram para o início da missão de Dom Raimundo Vanthuy Neto, a Igreja do Rio Negro iniciou o caminho quaresmal, que tem no jejum, a oração e a esmola os três exercícios que a Igreja nos propõe para celebrar a Quaresma. O cardeal Steiner insistiu em fazer essas práticas gratuitamente, afirmando que “o que nós desejamos é entender, compreender, vislumbrar, intuir que significa Jesus Crucificado”, insistindo em que o Tempo da Quaresma vai nos levar sempre ao encontro de Jesus Crucificado, lembrando como São Francisco de Assis, olhando o Crucificado, “ele ficava admirado, encantado, deslumbrado” percebendo como ele não pedia em troca, o que segundo o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tem que nos levar a tentar viver gratuitamente. O arcebispo de Manaus advertiu sobre a tentação de querer aparecer e chamou a agir na intimidade, na afabilidade, nesse jeito de proximidade, como se estivéssemos diante de Deus. Refletindo sobre a esmola, o cardeal disse que deve ser um dar gratuitamente. Ele lembrou da primeira leitura da Liturgia da Palavra do dia, que faz um chamado a desnudar o coração para que assim cada vez mais possa entrar, ser tomado pelo amor de Deus. Lembrando das palavras de um pensador da Igreja, que diz que “com Deus a gente não precisa negociar, Ele dá tudo”, Dom Leonardo Steiner disse que na Quaresma, na fé, nós vamos recebendo tudo de Deus, lembrando da Campanha da Fraternidade que a Igreja realiza durante a Quaresma, que em 2024 tem como tema “Fraternidade e amizade social”, que nos lembra que mantemos relações com todas as pessoas, uma relação respeitosa, uma relação fraterna, ressaltou o cardeal. Ele insistiu em que Jesus deu a vida por todos, que somos todos irmãos, todas irmãs, refletindo sobre o “por que essa desgraça de politicamente considerar-nos inimigos, por que essa desgraça de nos dividirmos politicamente até das nossas famílias, por que essa desgraça de não conseguirmos mais sentar, nos ouvirmos e rezar juntos”, fazendo um chamado a entender que Deus nos quer a todos como filhos e filhas, que todos somos irmãos e irmãs. O cardeal Steiner pediu que este tempo da Quaresma possa nos ajudar a nos encontrar mais, nas nossas famílias, nas nossas comunidades, buscarmos uma reconciliação, abrir nosso coração e transformarmos a nossa interioridade, o nosso coração. E junto com isso, que este tempo da Quaresma nos ensine a sermos cada vez mais irmãos e irmãs, a perceber a grandeza de nos sentirmos amados e amadas e continuarmos a ser amados e amadas por Deus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Papa Francisco pede que a Campanha da Fraternidade ajude a superar “toda divisão, indiferença, ódio e violência”

A Igreja do Brasil realiza desde há 60 anos durante o Tempo da Quaresma a Campanha da Fraternidade, que em 2024 tem como tema “Fraternidade e Amizade Social”, e como lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt. 23,8). Seguindo o costume dos últimos Papas, Francisco enviou uma mensagem com motivo dessa campanha. O Papa Francisco iniciou sua mensagem se unindo aos bispos do país “num hino de ação de graças ao Altíssimo pelos 60 anos da Campanha da Fraternidade, um itinerário de conversão que une fé e vida, espiritualidade e compromisso fraterno, amor a Deus e amor ao próximo, especialmente àquele mais fragilizado e necessitado de atenção”, lembrando que “este percurso é proposto cada ano à Igreja no Brasil e a todas as pessoas de boa vontade desta querida nação”. Ele lembrou o tema e o lema, afirmando que com a Campanha da Fraternidade, “os bispos do Brasil convidam todo o povo brasileiro a trilhar, durante a Quaresma, um caminho de conversão baseado na Carta Encíclica Fratelli Tutti, que assinei em Assis, no dia 3 de outubro de 2020, véspera da memória litúrgica de São Francisco”. Segundo o Santo Padre, “como irmãos e irmãs, somos convidados a construir uma verdadeira fraternidade universal que favoreça a nossa vida em sociedade e a nossa sobrevivência sobre a Terra, nossa Casa Comum, sem jamais perdermos de vista o Céu, onde o Pai nos acolherá a todos como seus filhos e filhas”. Diante da realidade social em que vivemos, o Papa disse que “infelizmente, ainda vemos no mundo muitas sombras, sinais do fechamento em si mesmo”, lembrando “a necessidade de alargar os nossos círculos para chegarmos àqueles que, espontaneamente, não sentimos como parte do nosso mundo de interesses (cf. FT 97), de estender o nosso amor a “todo ser vivo” (FT 59), vencendo fronteiras e superando “as barreiras da geografia e do espaço” (FT 1)”. O Papa Francisco deseja que “a Igreja no Brasil obtenha bons frutos nesse caminho quaresmal e faço votos que a Campanha da Fraternidade, uma vez mais, auxilie às pessoas e comunidades dessa querida nação no seu processo de conversão ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, superando toda divisão, indiferença, ódio e violência”. Encomendando seus votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, ele concede a Benção Apostólica a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham pela fraternidade universal. Ele encerra suas palavras pedindo, como é costume, “que continuem a rezar por mim”. MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2024 Queridos irmãos e irmãs do Brasil! Ao iniciarmos, com jejum, penitência e oração, a caminhada quaresmal, uno-me aos meus irmãos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil num hino de ação de graças ao Altíssimo pelos 60 anos da Campanha da Fraternidade, um itinerário de conversão que une fé e vida, espiritualidade e compromisso fraterno, amor a Deus e amor ao próximo, especialmente àquele mais fragilizado e necessitado de atenção. Este percurso é proposto cada ano à Igreja no Brasil e a todas as pessoas de boa vontade desta querida nação. Neste ano, com o tema “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23, 8), os bispos do Brasil convidam todo o povo brasileiro a trilhar, durante a Quaresma, um caminho de conversão baseado na Carta Encíclica Fratelli Tutti, que assinei em Assis, no dia 3 de outubro de 2020, véspera da memória litúrgica de São Francisco. Como irmãos e irmãs, somos convidados a construir uma verdadeira fraternidade universal que favoreça a nossa vida em sociedade e a nossa sobrevivência sobre a Terra, nossa Casa Comum, sem jamais perdermos de vista o Céu, onde o Pai nos acolherá a todos como seus filhos e filhas. Infelizmente, ainda vemos no mundo muitas sombras, sinais do fechamento em si mesmo. Por isso, lembro da necessidade de alargar os nossos círculos para chegarmos àqueles que, espontaneamente, não sentimos como parte do nosso mundo de interesses (cf. FT 97), de estender o nosso amor a “todo ser vivo” (FT 59), vencendo fronteiras e superando “as barreiras da geografia e do espaço” (FT 1). Desejo que a Igreja no Brasil obtenha bons frutos nesse caminho quaresmal e faço votos que a Campanha da Fraternidade, uma vez mais, auxilie às pessoas e comunidades dessa querida nação no seu processo de conversão ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, superando toda divisão, indiferença, ódio e violência. Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, e como penhor de abundantes graças celestes, concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham pela fraternidade universal, a Bênção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim. Roma, São João de Latrão, 25 de janeiro de 2024, festa litúrgica da conversão de São Paulo Apóstolo. FRANCISCUS Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Vanthuy celebra numa comunidade indígena e insiste em que na nova diocese “Jesus vai dar o jeito dele”

Querendo conhecer as comunidades da diocese de São Gabriel da Cachoeira, que ele considera a primeira missão que a Igreja lhe confiou, Dom Raimundo Vanthuy Neto, que neste domingo 11 de fevereiro iniciou seu ministério episcopal na Igreja do Rio Negro, visitou nesta segunda-feira a comunidade indígena da Ilha Duraka, onde moram diversos povos da região, que prepararam uma acolhida com todo capricho e detalhe, com uma delicada ornamentação, liturgia e alimentos típicos da região. Conhecer para devagarzinho ir colocando esse povo no coração, um coração pequeno, mas que tende a crescer, disse o bispo. Dom Vanhuy pediu caminhar em sinodalidade, fazer as coisas juntos, insistindo em que o bispo não consegue fazer nada sozinho. A presença de Jesus é garantia de que as coisas são bem-feitas, de que as coisas dão certo, de que aquilo que necessitamos nos é dado, ressaltou Dom Raimundo Vanthuy Neto, afirmando que “sua presença indica que ele faz a gente descobrir o que é realmente necessário para nossa vida”. Jesus trabalha a confiança na providência disse o bispo, citando Santa Teresa de Jesus: “Nada te perturbe, nada espante você, quem com Deus anda nada lhe falta. Basta Deus”, insistindo em que “se andas com Deus, Ele saberá o que é bom e necessário para sua vida”, e que “com Jesus, nós ficamos livres das grandes preocupações”. Frente a isso, Dom Vanthuy disse que algumas vezes a gente quer dizer para Deus o que é bom para nós. Ele assume isso como primeira palavra para o bispo de São Gabriel: “se colocar totalmente nas mãos de Deus”, dizendo que em sua nova diocese, Jesus vai dar o jeito dele, “porque se ele me chamou para andar com ele, ele vai dar o jeito dele”, animando a todos a viver dessa promessa, dessa graça, desse dom. Dom Evaristo Spengler, bispo de Roraima, a diocese onde Dom Vanthuy viveu seu ministério presbiteral, lembrou os muitos serviços que ele assumia naquela diocese, que “ele fazia bem, fazia com o coração, com a alma, com todo seu ser”, insistindo Dom Evaristo em que “assim ele vem para cá agora, ele vem inteiro para servir a esse povo”, como “alguém que vem com amor aos nossos povos indígenas, ao nosso povo desta terra, alguém que vem a dar continuidade aquilo que está no coração do Papa Francisco, que convocou um Sínodo para a Amazônia e quer que a Igreja seja encarnada dentro da realidade que está o nosso povo, para que ajude esse povo a cada vez mais descobrir Jesus Cristo, caminhar na luz do Evangelho e ouvir os apelos”. O bispo de Roraima insistiu em que “quem está buscando seguir Jesus Cristo, ele sempre vai ter a luz do Espírito Santo, e sempre vai ter o povo que é esse leme que ajudar a dizer por aqui ou por aqui, caminhar juntos como diz o Papa Francisco”. Ele agradeceu a Dom Edson Damian, alguém que sempre levou a causa dos povos indígenas para os encontros dos bispos, “pelo seu trabalho, pelo seu amor, pela sua contribuição que deu em toda essa reflexão de Igreja como uma Igreja cada vez mais com rosto amazônico”. Finalmente, o bispo pediu ao povo acolher com o coração, com a generosidade, Dom Vanthuy, insistindo em que a Igreja é católica e pensa no bem da evangelização em todo o mundo, querendo sempre formar comunhão. Dom Edson Damian, bispo emérito de São Gabriel da Cachoeira, lembrou a seu sucessor o conselho recebido de Dom José Song, seu predecessor: “primeiro, aqui precisa ter paciência, segundo muita paciência, terceiro, nunca perder a paciência”, algo que ele disse ter experimentado desde que ele chegou em suas viagens pelos rios da diocese. Em uma diocese pobre, Dom Edson destacou que nunca faltou nada, “aqui a gente aprendeu a viver com o estritamente necessário, os povos indígenas ensinam a gente a viver na sobriedade, nas poucas coisas. Quando se reparte não falta para ninguém”. Ele insistiu em que “a gente aprende a viver com a simplicidade, com a pobreza, e a gente aprende com o testemunho de fé”. Povos indígenas que acreditam em Deus, segundo testemunhou o catequista da comunidade, que vão aprendendo pouco a pouco conteúdo da religião e da espiritualidade, “conhecer a verdade, o amor da nossa comunidade”, insistindo em que “a comunidade para nós vem de Deus”. O senhor Hermelindo pediu “abrir nosso coração para desde nossa fé acreditar mesmo, de verdade”, para permanecer firmes na fé, “por que fomos batizados em Cristo”. Ele enfatizou o fato de serem indígenas e o sentimento de ser índios em sua comunidade, pedindo abrir seu coração para Deus, insistindo em que “o que Dom Vanthuy vai trazer para nós é amor, não dinheiro, viver como irmãos e irmãs em nossa comunidade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Vanthuy inicia sua missão “para que a gente possa enxergar bem melhor o que Deus pede nesta hora, aqui no Alto Rio Negro”

O Rio Negro tem novo bispo, Dom Raimundo Vanthuy Neto chegou em São Gabriel da Cachoeira, onde foi acolhido pelos 23 povos originários da diocese mais indígena e mais extensa do Brasil. Uma diocese onde se concretiza o desejo de Papa Francisco de fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico e rosto indígena, sendo mostrados alguns elementos próprios desse modo de viver a fé na Eucaristia de início de ministério do bispo ordenado no dia 04 de fevereiro em Roraima, a diocese onde ele vivenciou seu ministério presbiteral. Os ritmos próprios das culturas e espiritualidades do Alto Rio Negro se fizeram presentes no ginásio da cidade, rostos expectantes, felizes, cheios de esperança com a chegada do sucessor de Dom Edson Damian, que pastoreou esses povos nos últimos 15 anos, que foi quem acolheu Dom Vanthuy, também acolhido pelos representantes do clero, da vida religiosa e do laicato da diocese, que lhe deram as boas-vindas na familiaridade de Jesus e lhe mostraram seu desejo de caminhar juntos na evangelização dos povos do Rio Negro. Uma missa que o novo bispo, depois de receber o báculo de seu predecessor, fez questão de rezar descalço, tirando as sandálias, igual Moises no Êxodo, em sinal de respeito por uma terra sagrada. Uma região, uma diocese, que, segundo o cardeal Leonardo Steiner, foi evangelizada por missionários e missionárias que deram sua vida, lembrando Dom Walter Ivan Azevedo, bispo dessa diocese, falecido no dia 28 de janeiro, agradecendo pelo trabalho que está sendo realizado nas comunidades da diocese, mas também pela família de Dom Vanthuy, os pais e irmãos, presentes na celebração, que lhe transmitiram a fé. Um agradecimento também à diocese de Roraima e a Dom Edson Damian, sempre preocupado com a causa indígena. O novo bispo disse chegar para “em companhia de vocês poder continuar todo o Mistério, com minha pequena vida de discípulo que quer cada vez mais seguir Jesus mais de perto”, e fazê-lo na Igreja do Rio Negro, onde quer aprender de todo o caminho percorrido, mostrando sua gratidão pela acolhida, mas também para com a Igreja de Roraima, para com todos os que rezam por ele, para com os bispos do Regional Norte1, representados na celebração por Dom Edson Damian, seu predecessor em São Gabriel, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, e seu bispo auxiliar, Dom Zenildo Lima, Dom Evaristo Spengler, bispo de Roraima, Dom José Albuquerque, bispo de Parintins, e Dom Adolfo Zon, bispo de Alto Solimões. Um sentimento de gratidão para com o Papa Francisco que lhe escolheu, “esse grande servo do Senhor que está ajudando o mundo inteiro a cada vez mais redescobrir o Evangelho”. Dom Vanthuy disse chegar com sua pequena lamparina “para que a gente possa enxergar bem melhor o que Deus pede neste tempo, nesta hora, aqui no Alto Rio Negro”. Ele insistiu em que “todos somos primeiramente ovelhas do rebanho do Senhor” e junto com isso pequenos pastores e pastorinhas que cuidam e zelam, do mesmo modo que “o Senhor toma conta de nós”, segundo relatado nas leituras que foram proferidas na celebração, pois “nós somos o rebanho do Senhor”, insistiu o bispo. O bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira usou imagens para definir Jesus Bom Pastor, aquele que dá a vida por suas ovelhas, pois “só aquele que dá a vida pelos outros sabe o que é viver”, igual um pai e uma mãe que dão a vida pelos seus filhos, lembrando as palavras do Papa Paulo VI, quando ele dizia que “a Igreja está para ajudar os povos a passar de condições menos humanas para mais humanas”, uma missão recebida por todo batizado. Ele denunciou a bebida alcoólica como o grande veneno que destrói a vida das pessoas, das famílias, das comunidades da região, fazendo um chamado a enfrentá-lo. Uma segunda imagem que Dom Vanthuy usou foi a de Jesus que nos conhece a todos pelo nome, chamando a se sentir rebanho e entender que sozinho ninguém consegue, destacando como um dom a vida comunitária dos povos indígenas do Rio Negro, um terreno que ajudou no trabalho evangelizador dos missionários e missionárias que chegaram. Daí a importância de caminhar juntos, de formar comunidade, enfatizou. De fazê-lo nas comunidades indígenas, que acolheram e continuam a acolher a Boa Notícia do Evangelho de Jesus, dizendo entrar como um semeador na escola dos grandes semeadores na diocese de São Gabriel da Cachoeira, os bispos que lhe precederam por mais de 100 anos, em uma terra sempre fértil, onde homens e mulheres anunciaram o jeito novo de viver o Evangelho. Dom Vanthuy pediu ajuda aos missionários e missionárias que trabalham na diocese, agradecendo às congregações religiosas presentes, mas também ao clero diocesano local e de outros lugares. A eles lhes pediu que não tenham medo de corrigi-lo quando errar, quando quiser fazer o que ele fazia em outros lugares. Igual os missionários e missionárias chegados no Alto Rio Negro quer se tornar amigo e irmão dos povos da região, com uma vida sóbria e simples, concretizando seu lema episcopal “Servir na caridade e na esperança”, uma esperança que, lembrando as palavras do cardeal Steiner uma semana atrás em sua ordenação episcopal, tem duas filhas: a indignação e a coragem. O novo bispo encerrou suas palavras apresentando seus pais e irmãos, agradecendo tudo o que fizeram por ele no caminho da fé e a coragem em busca de uma vida melhor para a família. Também apresentou o bispo, os padres, as religiosas e o povo que o acompanhou desde Roraima até sua nova missão. Palavras que foram encerradas com a profissão de fé, momento em que seus pais seguraram a veste e a vela com que Dom Vanthuy foi batizado. No final da celebração, Dom Edson Damian, agora bispo emérito da diocese de São Gabriel da Cachoeira, dirigiu suas palavras de agradecimento pelos15 anos de missão episcopal na Igreja do Alto Rio Negro, com um coração agradecido, pois em seu coração tem lugar para aqueles com quem ele caminhou nesse tempo. Ele…
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