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Cardeal Steiner: “Jesus toca a quem não pode ser tocado”

Citando o texto evangélico: “Se queres tens poder de curar-me. Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: Eu quero: fica curado!”, e lembrando que na Escritura, a palavra “lepra” indica enfermidades que deformam a pele, que causa impureza ritual e recebe forte significado religioso, iniciou Dom Leonardo Steiner o comentário às leituras do 6º Domingo do Tempo Comum. Segundo o arcebispo de Manaus, “Jesus, a mão da compaixão e da misericórdia do Pai, estende, toca e cura, libertando do que corrompe e dilacera a integridade humana, abrindo espaço de reintegração para quem foi descartado”. Ele disse que “Senhor, se queres, podes purificar-me! é o pedido que o leproso dirige a Jesus. Este homem não pede somente para ser curado, isto é, curado integralmente, no corpo e no espírito”. O cardeal destacou que “a lepra e os leprosos eram motivo de medo e segregação entre os povos antigos e, por isso, eram sinal ou símbolo, mais significativo do pecado e dos pecadores. Destruindo o homem em sua integridade e vitalidade física, a lepra era, um sinal expressivo da desintegração interior e religiosa do homem; por isso, todo leproso era considerado como um excomungado por Deus, que devia ser excluído da comunidade”, seguindo o comentário de Fernandes e Fassini. Citando o texto do Levítico, recolhido na primeira leitura, Dom Leonardo disse que “nos fez sentir como os hansenianos, os leprosos, eram segregados e excluídos”. Eles erão vistos como “separados, segregados, descartados, porque fora da sociedade, fora da cidade, distanciados. Um muro de isolamento os separava de tudo e de todos. Além do medo de serem transmissores da doença, eram vistos como pessoas degradadas, religiosamente castigadas. Homens e mulheres que perdiam a sua dignidade e eram tidos como moral e espiritualmente doentes. Leproso é, ainda hoje, figura e símbolo da condição humana, em sua vulnerabilidade não só física, mas também psíquica, moral e espiritual”. O cardeal insistiu em que “diante do distanciamento, da separação, da segregação, do medo, da impureza, da maldição, da quase inumanidade, nos encanta o extraordinário mover-se desse homem tomado pela doença. Não aceita a sua situação, não se acomoda; sente-se um necessitado, um excluído, mas não se exclui. Sente-se abandonado por todos, mas não se sente abandonado por Deus. Porque é necessitado, porque deseja recuperar a sua dignidade no meio de seu povo, porque deseja participar das celebrações, rompe com as normas, transgrede o mandamento, abre espaço no meio da multidão. Pouco importa o que pensam, o que irão dizer, as consequências. Está tomado por uma medida que é de vida ou morte: ser curado, purificado. Tem diante de si, apenas Jesus”. “Nos toca profundamente este homem ferido em sua humanidade, em sua integridade, na sua dignidade, na sua religiosidade”, disse o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Segundo ele, “nós o vemos entrando na cidade com as vestes rasgadas, os cabelos revoltos, barba desalinhada, descalço, chagado: gritando imputo, impuro. E o vemos com os olhos fixos em Jesus e dele se aproximar. Prostrado, por terra, terrificado, feito húmus, humildade e súplica: ‘Se queres tens poder de curar-me’. Reúne todas as forças que a enfermidade lhe concede, deixa-se guiar pela esperança da vida nova, da purificação. Revê a sua busca, o caminho provado pela enfermidade que o distanciava de tudo e de todos. Admirável esse ícone da fragilidade humana que da fraqueza, da miséria, do descarte, faz o caminho da da cura, da purificação, da salvação. Comovente vê-lo prostrado diante de Jesus com sua súplica”. O arcebispo de Manaus sublinhou que “não poderia ser de outro modo: Jesus é tocado nas suas entranhas por este homem das dores”. Citando o texto: “Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: Eu quero: fica curado!”, o cardeal disse que “sentir compaixão, padecer, sofrer, ser atingido por; um apaixonado, um compadecido com a liberdade, com o desejo da cura. O leproso com a sua súplica atinge o coração, as entranhas de Jesus”. Ele lembrou que “André Chouraqui, atento à sensibilidade da língua hebraica, traduz: ‘foi pego nas entranhas’. Ele sofre o padecimento desse servo sofredor. Compaixão é próprio de quem sofre, padece em si o sofrer do outro. Atingido na sua intimidade se volta para o sofrido com compadecimento misericordioso”. “Tão compadecido que se aproxima de quem deveria permanecer à distância. Se aproxima ainda mais e estende a mão a quem fora excluído do convívio; toca a quem não pode ser tocado”, destacou o arcebispo de Manaus. Segundo Dom Leonardo, “o movimento da aproximação do leproso nos pega nas entranhas, a mão de Jesus que se move, se estende e toca, silencia todo o nosso ser e respiramos a compaixão de Deus. Um encontro: toda a fraqueza e desumanidade que se faz imploração “úmica” e inclinar-se compadecido de Deus a curar, purificar”. “Tomado, pego, pela afeição das entranhas diz: ‘Eu quero: fica curado!’”, lembrou o cardeal. Ele destacou que “o querer de Jesus ressoa como amor-misericórdia, com-paixão-cordial. É esse olhar, essa afeição, essa boa vontade do amor, que torna puro todo e por inteiro. A cura, a transformação: a lepra desapareceu e ele ficou curado! Na receptividade amorosa, no toque do sopro do Espírito, na vontade da doação gratuita, aquele leproso se apercebe livre do corpo chagado e do descarte em que vivia. Tudo volta à sua mais ancestral, primeva e prístina pureza. Como o amanhecer de todas as coisas emergindo do nada da Palavra criadora: quero; faça-se!”. “Talvez, desintegrado também na sua interioridade, havia rompido com sua origem. Ingressara em um processo de ruptura com Deus, corrupção e desintegração consigo mesmo, com sua comunidade, seu povo e com todas as demais criaturas. A ruptura é primeira e mais agressiva de todas as lepras, causa e origem de todas as demais lepras ou doenças espirituais, morais e físicas”, enfatizou o presidente do Regional Norte1. “Este homem quase feito desumanidade ousa olhar a sua desintegração e ruptura”, disse o arcebispo. Ele ressaltou que “em Jesus o olhar se estende para…
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A REPAM prepara a celebração de 10 anos, um tempo para “amazonizar a humanidade”

A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) completa 10 anos em 2024, um organismo que nasceu para promover o trabalho em rede dentro e fora da Igreja católica, especialmente na região amazônica, mas querendo ser também uma luz para outras realidades. Recentemente, o irmão João Gutemberg Sampaio, secretário executivo da REPAM, e Rodrigo Fadul, secretário adjunto, visitaram em Brasília diversas instituições, buscando avançar nesse tecer redes. Uma dessas visitas foi na sede das Pontifícias Obas Missionárias (POM), a casa onde nasceu a REPAM, segundo lembrou a Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das POM-Brasil, que vê esse nascimento como um sinal da providência de Deus. Segundo a religiosa, “as Pontifícias Obras e a REPAM que tem muito em comum. A missão é uma missão que promove a vida e a vida em plenitude, porque o anúncio do Reino de Deus tem esse grande sonho de que os sinais do Reino se multipliquem em todas as partes”. A Ir. Regina insistiu em que “cuidar da nossa casa comum, cuidar dos povos que são os guardiões da casa comum é algo que faz com que a REPAM e as Pontifícias caminhem realmente lado a lado”, vendo a visita como algo que estreita laços e “ajuda a pensar e a sonhar uma colaboração ainda mais estreita para que as nossas pautas possam se reforçar mutuamente e para que possamos de verdade trabalhar juntos” em favor da causa dos povos e do ambiente, para que possa ser levada a frente essa causa por toda a Igreja. Os 10 anos da REPAM é uma renovação dos compromissos, segundo Luiz Felipe Lacerda, secretário executivo do Observatório Luciano Mendes de Almeida (OLMA), que destacou os desafios da Amazônia e de seus povos. Ele insistiu na colaboração com os outros como algo explícito dos jesuítas, dizendo ter aprendido muito com a REPAM sobre como fazer rede e enfrentar os desafios e as dificuldades, um espaço de troca de expectativas e de conquistas ao longo dos anos. Um modo de ver a REPAM que também é partilhado pela Iniciativa Interreligiosa pelas Florestas Tropicais, que faz parte do Programa de Meio Ambiente da ONU, olhando para a REPAM como inspiradora, sendo instituições que ajudam a carregar as dores da Amazônia e dos povos da região, garantido a preservação. Para a Vida Religiosa no Brasil, o papel articulador da REPAM é de grande importância, segundo a Ir. Valmi Bohn, do Setor Missão da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), e junto com isso a espiritualidade encarnada e a defesa dos povos e da diversidade amazônica, assumida pela Rede. O encontro ajudou a fortalecer laços entre CRB e REPAM disse a religiosa, que destacou o grande número de religiosas e religiosos presentes nas fronteiras geográficas e existenciais, dando a vida pelos mais vulneráveis e defendendo a vida da casa comum, sendo reforçada a importância do intercambio de conhecimentos. A religiosa ressaltou igualmente a prioridade da CRB de assegurar a presença profética e transformadora e assumir a ecologia integral como estilo de vida. A REPAM nasceu no ambiente missionário, destacou Dom Mauricio Jardim, bispo da diocese de Rondonópolis-Guiratinga e presidente da Comissão Episcopal para a Ação Missionária da Conferência Nacional do Bispos do Brasil (CNBB). Segundo o bispo, “a REPAM sempre nos ajudou a entender a missão, como o Papa Francisco insiste, como paradigma, como eixo e como a chave para a toda a vida da Igreja”. Dom Maurício Jardim enfatizou que “uma Igreja em saída, uma Igreja em constante e permanente estado de missão”. Nessa perspectiva, “a REPAM nos recorda a importância da Amazônia e do cuidado com a nossa casa comum, a importância da ecologia integral e entender de forma mais ampla a missão”. O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), participou da gestação da REPAM, lembrou seu secretário executivo, Luis Ventura, acompanhando isso como uma grande notícia para a Igreja na região Pan-amazônica, trazendo muita lucidez na defesa dos direitos humanos e do cuidado da Criação na Amazônia, algo que prosseguiu com a encíclica Laudato Si´ e o Sínodo para a Amazônia. Segundo o secretário executivo do CIMI são sinais do Espírito, vendo os 10 anos da REPAM como “uma celebração de uma Igreja que quer se colocar ao serviço dos povos a partir de uma territorialidade diferente”, que segundo ele “está marcada pela própria realidade dos povos da Amazônia” e leva a pensar numa perspectiva além das fronteiras e a se articular com outras igrejas e realidades. 10 anos de esperança, de desafios, de experiência de Deus, de pôr em prática a Palavra de Deus, de valorizar e resgatar a vida, caminhando com os mais empobrecidos, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, daqueles que ao longo da história foram excluídos do processo de desenvolvimento, destacou o padre Nereudo Freire Henrique, ecônomo da CNBB. Ele insistiu em que a estrutura da REPAM é marcada pela transparência, para assim buscar a justiça, a prática da ecologia integral, a solidariedade, a escuta, a partilha, o estar nos territórios. 10 anos de anúncio e de recuperação da vida para todos. Uma das entidades fundadoras da REPAM foi a CNBB, e segundo seu secretário geral, Dom Ricardo Hoepers, “com os 10 anos nós queremos cultivar a memória e semear a esperança”, considerando o caminhar dessa Rede como “uma verdadeira missão: amazonizar a humanidade”. Vendo a REPAM como um fruto da Conferência de Aparecida, o bispo auxiliar de Brasília a define como uma expressão do trabalho em conjunto de diversos organismos da Igreja na América Latina “para que todos juntos pudessem ir ao encontro desses povos pan-amazônicos e ao mesmo tempo trazê-los como protagonistas e testemunhas do cuidado da casa comum”. Resumindo, ele disse que “pela REPAM todos nós nos sentimos responsáveis de salvaguardar esse patrimônio dos povos da Amazônia neste espírito da ecologia integral que nos pede o Papa Francisco na Laudato Si´”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “O Seminário é o lugar para aprender a escutar”

Uma celebração eucarística na capela do Seminário São José de Manaus, presidida pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), deu início aos trabalhos da nova equipe formativa do Seminário, onde se formam os 45 seminaristas das igrejas particulares do Regional Norte1. A celebração, onde estavam presentes os bispos auxiliares de Manaus, Dom Tadeu Canavarros, Dom Zenildo Lima e Dom Hudson Ribeiro, os bispos de Parintins, Dom José Albuquerque e Dom Giuliano Frigenni, e o bispo de Alto Slimões, Dom Adolfo Zon, começou com a leitura das nomeações da nova equipe: Pe. Pedro Cavalcante (reitor) e Pe. Alcimar Araújo (vice-reitor e formador da Teologia), ambos do clero da arquidiocese de Manaus, Pe. Alex Mota, do clero da prelazia de Itacoatiara, e Pe. Odilio dos Santos, do clero da diocese de São Gabriel da Cacheira (formadores da Filosofia), que durante a celebração fizeram sua profissão de fé e assumiram sua nova missão. Lembrando que “Deus nos chama ao ministério presbiteral não para estarmos parados, mas para andarmos, sermos peregrinos, sermos discípulos missionários, mas para isso precisamos ouvir”, o cardeal Steiner insistiu na necessidade de bons ouvidos para sermos discípulos missionários, afirmando que Jesus cura nossos ouvidos. O presidente do Regional Norte advertiu que “não sempre o que ouvimos é o que deveríamos ouvir”, aquilo que nos colocasse melhor a caminho do Evangelho. Ele desafiou a “ouvir bem a Palavra de Deus, ouvir bem o Evangelho, ouvir bem os pequenos, ouvir bem as periferias, ouvir bem os sofridos, saber ouvir de tal forma que nós consigamos perceber a presença de Deus”. Um Deus que vai abrindo nossos ouvidos, “o ouvido da existência, o ouvido da vida vocacional”, até que “ressoe dentro de nós Jesus Palavra”. Isso porque “o Seminário é o lugar para aprender a escutar, lugar de escuta, da escuta de Deus, da escuta da Palavra, da escuta das nossas comunidades”, fazendo ver aos seminaristas a necessidade de “escutar as dificuldades e os problemas que existem, não se fechar diante de uma piedade insegura”. Segundo o arcebispo de Manaus, daí nascerá a Palavra e o missionário, aquele que deseja permanecer a caminho, falando de Deus e falando do Reino, pregando o Reino de Deus. Por isso, Dom Leonardo incentivou os seminaristas a aproveitar o tempo da escuta que é o Seminário. O novo reitor agradeceu a confiança do arcebispo na nova equipe, mas também aos muitos que contribuíram no trabalho formativo no Seminário São José ao longo dos anos, para que “a obra aqui iniciada continuasse a ser inspirada nos valores do Evangelho e amalgamasse nos nossos traços culturais uma maneira de ser, viver, crer e corresponder ao sopro do Espírito”. Reconhecendo as novidades da nova missão, o padre Pedro Cavalcante, disse que “a Igreja, a Mãe de muitos filhos, nos coloca diante dos olhos e do coração suas orientações e caminhos”. Segundo ele, “o Seminário Arquidiocesano São José, com sua história e conquistas, oferece para nós formadores uma identidade e um dinamismo próprio, fruto de tudo isso. Ele existe formando padres no coração da Amazônia, e com isso nós estamos nos comprometendo”. Finalmente, o reitor pediu a Deus, “um coração compreensivo e a capacidade de distinguir o bem do mal. E viver nesta casa o espírito de sinodalidade e missão”. Dom Zenildo Lima, bispo auxiliar de Manaus, que foi reitor do Seminário São José de Manaus de 2016 a 2023, lembrou que iniciou sua missão quando foi lançada a Ratio fundamentalis para a formação nos seminários, e disse que o Sínodo sobre a Sinodalidade está pedindo uma nova ratio. Ele lembrou os passos dados nas assembleias do Regional Norte1, no Sínodo para a Amazônia, no Sínodo sobre a Sinodalidade, e os apelos das nossas comunidades, e insistiu que hoje se pede na Igreja uma nova formação dos padres, considerando que são apelos entusiasmantes. Segundo o bispo auxiliar de Manaus, “a razão de ser do nosso Seminário é a construção das nossas igrejas locais”, ressaltando a importância da escuta, segundo apelo de Dom Leonardo, que encerrou a celebração agradecendo a disponibilidade dos novos formadores e da Prelazia de Itacoatiara e da Diocese de São Gabriel da Cachoeira.  Um agradecimento extensivo a todos aqueles que de diversos modos participam do processo formativo dos seminaristas do Regional Norte1. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Rede um Grito pela Vida presente em Roma no encontro de formação contra o tráfico de pessoas

Com motivo da X Jornada de Oração e Reflexão pelas Vítimas do Tráfico Humano, a Rede Talitha Kum, rede internacional da Vida Religiosa para o enfrentamento ao tráfico de pessoas, organizou em Roma de 03 a 08 de fevereiro, um encontro de reflexão e formação com 35 jovens de diversos países com o tema “Caminhando pela Dignidade: Escutar, sonhar e agir”. Representando o Brasil participou a Ir. Michele Silva, coordenadora do Núcleo de Manaus da Rede um Grito pela Vida e referencial da Região Norte. O encontro teve como objetivo incentivar a luta coletiva contra o crime do tráfico de pessoas, procurando unir esforços e criar uma consciência global. “Durante esta semana fizemos realizamos a experiência da escuta das realidades de cada Rede local, das culturas e atividades que acontecem em cada país, onde a Rede Talitha Kum está presente”, segundo a religiosa do Imaculado Coração de Maria. Os participantes estiveram presentes no Angelus com o Papa Francisco no domingo 04 de fevereiro e da audiência pública da quarta-feira 07 de fevereiro, onde “nos animou com suas palavras de amorosidade e esperança”, destacou a Ir. Michele Silva. A religiosa ressaltou igualmente a Vigília de Oração pelas vítimas do tráfico humano realizada na Igreja de Santa Maria em Trastevere, que foi precedida por um Flash Mod na praça em frente da Igreja. O encontro concluiu em sintonia com a Jornada Online do Dia 08, festa de Santa Josefina Bakhita, onde “tivemos as palavras encorajadoras do Papa Francisco, avaliação e confraternização”, disse a religiosa. Na Mensagem, o Papa disse se unir “especialmente aos jovens, que em todo o mundo trabalhais para debelar este drama global”, fazendo um chamado a “seguir os passos de Santa Bakhita, a freira sudanesa que em criança acabou vendida como escrava e foi vítima de tráfico. Recordemos a injustiça que sofreu, as suas tribulações, mas também a sua força e o seu percurso de libertação e renascimento para uma vida nova”. Segundo o Papa, “Santa Bakhita anima-nos a abrir os olhos e os ouvidos para ver os invisíveis e ouvir quantos não têm voz, para reconhecer a dignidade de cada um e agir contra o tráfico e toda a forma de exploração”. Isso porque “muitas vezes o tráfico é invisível”, enfatizou Francisco, que reconheceu o trabalho de repórteres corajosos, que “fazem luz sobre as escravidões do nosso tempo, mas a cultura da indiferença anestesia-nos”. Ele pediu que nos ajudemos “a reagir, a abrir as nossas vidas, os nossos corações a tantas irmãs e tantos irmãos que são tratados como escravos. Nunca é tarde demais para nos decidirmos a fazê-lo”, destacando o entusiasmo dos jovens que “aponta-nos o caminho, dizendo-nos que, contra o tráfico, temos de escutar, sonhar e agir”. O Papa insistiu em “ter a capacidade de escutar quem está a sofrer”, relatando situações de sofrimento, o que deve levar a escutar “o seu grito de ajuda, deixemo-nos interpelar pelas suas histórias; e, juntamente com as vítimas e os jovens, voltemos a sonhar um mundo onde as pessoas possam viver em liberdade e com dignidade”. Finalmente, Francisco pediu ações concretas de combate ao tráfico, rezar e agir, chegar à raiz do fenómeno, erradicando as suas causas. Ele colocou Santa Josefina Bakhita como “símbolo daqueles que, reduzidos infelizmente à escravatura, ainda podem recuperar a liberdade”, apelando para “não ficarmos parados, mobilizarmos todos os nossos recursos na luta contra o tráfico e restituirmos plena dignidade a quantos são vítima do mesmo”. Por isso, o Papa insistiu em que “se fecharmos olhos e ouvidos, se ficarmos inertes, seremos cúmplices”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Oração e reflexão para acabar com o Tráfico de Pessoas, uma urgência inadiável

Hoje é o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, uma data instituída pelo Papa Francisco em 2015 e que está completando 10 anos em 2024. Refletir sobre essa realidade e rezar pelas vítimas é uma necessidade na Amazônia, uma das rotas principais em nível mundial deste tipo de crime. No dia em que a Igreja lembra Santa Bakhita, uma religiosa sudanesa que foi vítima da escravidão, somos chamados a refletir sobre essa realidade, o que tem que nos levar a nos perguntarmos até que ponto nos indigna esse tipo de situações, até que ponto somos tocados pelo sofrimento das vítimas do tráfico de pessoas, tratadas como mercadoria por grupos criminosos que buscam o lucro desprezando a vida das vítimas. Muitas das vítimas do tráfico de pessoas são mulheres, que sofrem a exploração sexual, muitas vezes vítimas de enganos. As redes sociais têm se tornado espaços de aliciamento, sendo as adolescentes e jovens os alvos principais das redes de tráfico de pessoas. Essa realidade tem que nos levar a redobrar os esforços para poder ajudar as vítimas potenciais. A Vida Religiosa tem assumido essa causa, e através da Rede um Grito pela Vida ajuda na prevenção e combate à exploração sexual e o Tráfico de Pessoas. Como sociedade e como Igreja temos a oportunidade de aproveitar esse trabalho e gerar espaços onde essa prevenção possa ser realizada a través da formação que ajude a descobrir que alguém está sendo vítima de aliciamento. No último domingo 04 de fevereiro, o Papa Francisco disse que “ainda hoje, muitos irmãos e irmãs são enganados com falsas promessas e depois sujeitos a exploração e abuso. Juntemo-nos todos para combater o dramático fenómeno global do tráfico de seres humanos”. As palavras do Santo Padre são um incentivo para tomarmos consciência dessa realidade que cada vez atinge mais pessoas e gera mais lucro. Nossa falta de envolvimento faz com que as vítimas aumentem, provocando dor e sofrimento em muitas pessoas. Se isso nos deixa indiferentes devemos nos questionarmos sobre nosso ser pessoas, sobre nosso ser sociedade, mas também sobre nosso ser Igreja. Quando olhamos para o outro lado diante do sofrimento alheio deixamos de ser pessoas e deixamos de ser discípulos e discípulas de Jesus, daquele que sempre ficou do lado das vítimas. Não deixemos passar essa oportunidade para nos posicionarmos como pessoas, como sociedade, como Igreja. Sejamos conscientes que acabar com esse crime é responsabilidade de todos, também sua, também minha. Oração, reflexão e compromisso se tornam uma urgência inadiável. Assumamos esse pedido do Papa Francisco e façamos tudo o que estiver em nossa mão para ajudar as vítimas. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Os bispos do Regional Norte1 reunidos em Roraima para estreitar laços e avançar como Igreja encarnada e libertadora

Os bispos do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), estão reunidos em Tepequem (RR) de 04 a 07 de fevereiro de 2023. Participam 14 bispos, dentre eles Dom Gilberto Pastana, arcebispo de São Luís (MA) e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB, que segundo o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, “além de ser uma visita também quis ouvir o nosso Regional. Assim estabelecermos laços cada vez maiores com a Comissão e pensarmos com a Comissão como sermos na Amazônia uma Igreja que seja uma Igreja missionária, uma Igreja samaritana, uma Igreja sempre muito presente, como foi no passado e deseja ser também agora no presente, ainda mais com as orientações do Papa Francisco”, que o cardeal disse ser um momento muito bom, muito importante. Os bispos ouviram e encaminharam as questões a respeito do abuso de menores. Dom Leonardo Steiner lembrou que “nós temos a comissão de escuta em nosso Regional, mas temos que encaminhar outras questões para podermos prevenir”. Segundo o presidente do Regional Norte1, “isso foi uma questão muito bonita, muito profunda, de vermos como fazer para colocarmos as nossas comunidades dentro desse processo de prevenção”, destacando que “foram dadas algumas sugestões, foi constituída uma pequena comissão para depois irmos devagar levando para as nossas dioceses essas sugestões dadas em relação à prevenção”. Um encontro que também tem uma dimensão de vivência fraterna, com momentos de lazer, de encontro, uma oportunidade para conhecer a região do Tepequem, um antigo garimpo que hoje está mais voltada para o turismo. O cardeal Steiner insistiu na importância de estreitar os laços entre os bispos, ainda mais com os três bispos novos recém ordenados no Regional Norte1. Ele lembrou que “conhecem o nosso Regional, sempre foram muito atuantes como presbíteros e agora como bispos haverão de nos ajudar para que sejamos uma Igreja sempre profundamente encarnada e libertadora”. Igualmente recordou que alguns bispos, depois do encontro, irão em São Gabriel da Cachoeira para o início do ministério episcopal de dom Vanthuy. Um dos novos bispos, que participa pela primeira vez, é dom Hudson Ribeiro, ordenado bispo no dia 02 de fevereiro, assumindo a missão de bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus. Ele diz viver este encontro como “momento de conhecimento, reconhecimento, afirmação, reafirmação, encontro e reencontro de uma realidade que já é nossa e ao mesmo tempo é de se conhecer”. Ele disse se sentir “muito tranquilo, porque me sinto acolhido”, destacando como “bonito esse colegiado do Norte1, porque ele representa muita harmonia, muita comunhão, também muita alegria, bom senso de humor”. Segundo o bispo auxiliar de Manaus “prevalece o desejo de querer levar a pastoral, a evangelização, o pastoreio com alegria e entusiasmo”. Segundo dom Hudson Ribeiro, “esse início de conhecimento, de reconhecimento do trabalho, também é de assumir responsabilidades”. Os bispos do Regional Norte1 atribuíram ao novo bispo quatro responsabilidades, que ele define como “responsabilidades para o serviço e que eu acolho com muita alegria”. Um momento de inserção, segundo o bispo, “de inserção daquilo que já me pertencia, de pertencia à Igreja”. Ele vê seu novo ministério como “uma nova condição de servir, mas a mesma Igreja”, insistindo em que “ a gente se sente em casa, e isso é muito bom”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Vanthuy: “Gratidão ao povo de Deus do Alto Rio Negro, que me convidam e me deixam entrar em sua barca”

Gratidão foi a palavra que marcou a intervenção de Dom Raimundo Vanthuy Neto, bispo eleito de São Gabriel da Cachoeira, no final da celebração, presidida pelo cardeal Leonardo Steiner, em que foi ordenado bispo. Uma celebração marcada pela simplicidade de um bispo que escolheu as sandalias, símbolo tradicional de missão, para calçar em um dia de grande importância daqui para frente. Gratidão em primeiro lugar a Deus, “Trindade Santa que olhando a minha pequenez quer ainda se servir dela, a graça a mim dada/conferida nesta manhã na sucessão dos apóstolos, é mais uma possibilidade do Senhor de fazer avançar minha conversão, que aponta para o seguimento mais de perto de Jesus, pobre da Manjedoura, entregue na Cruz e doado na Eucaristia”, disse o novo bispo. Ele insistiu em que “só posso comprender o mandato do Papa Francisco na pespectiva que o Espíirto Santo ainda tem muito trabalho na minha pobre e fragil humanidade e por isso encontrou na Igreja do Alto Rio Negro na sagrada companhia dos mais de 23 povos originários, nos seus caminhos sagrados, suas culturas, nas suas vidas, na pluralidade daquelas etnias o lugar da graça e da visibilidade do seu amor a mim”, agradecendo aos bispos presentes. Gratidão à Igreja de Manaus, onde se formou no Seminário São José, à amada Igreja de Roraima, aos corajosos Povos Indígenas, insistiendo em que nesta Igreja, “vocês me acolheram na mais bela aventura da vida cristã, a vida comunitária, na audácia da missão, na formação das lideranças, no andar juntos. Aqui vocês me gestaram sempre para ser melhor, do útero da minha família, aqui fui alimentado pelo testemunho de grandes missionários e testemunhas da fé”, lembrando o nome de muitos deles, das religiosas, “verdadeiras mães no dar a vida pela missão”. Gratidão ao Prado, que definiu como “a escola que Deus me chamou desde o seminário para seguir seu Filho Jesus mais de perto, no estudo do Evangelho cotidiano, a fim de fazer chegar o Evangelho onde ainda no meu ser não entrou de cheio, no serviço à evangelização dos pobres, no dom da vida fraternal”, concretizado naqueles que fazem parte dessa espiritualidade e tem caminhado com ele. Gratidão ao povo de Deus do Alto Rio Negro, das comunidades da diocese de São Gabriel, “que me convidam e me deixam entrar em sua barca, suas canoas com e remos e rabetas, para experimentar os frutos do Evangelho plantado pelos inumeros missionários e missionárias da nobre familia salesiana, os filhos e filhas de Maria Auxiliadora e de dom Bosco”. Ele agradeceu por “me deixarem com as comunidades a continuarem a semear o Evangelho, pois lá me dizem sem medo que a boa noticia das culturas indígenas continuam a acolher a boa notícia do Evangelho”. Falando sobre sua nova diocese, ele destacou que “lá  muitos missionários, missionárias armaram suas redes e muitos nasceram de novo, como disse Jesus a Nicodemos, nas águas da vida de vossas comunidades e no amor terno dos preferidos de Deus, os pobres. As missionárias salesianas contam que chegaram como amigas e foram convertidas em irmãs. Essa é a novidade do Evangelho, de estrangeiros, Jesus nos faz todos irmãos e irmãs, uma só família, o Povo de Deus. Assim, quero chegar eu, como aluno da escola de Jesus Cristo, pequeno servo da vinha do Senhor e filho da Igreja, me coloco à disposição de ir caminhar com vocês e conhecer esse mundo fascinante de muitas culturas originárias, das águas e da floresta. Peço de me ajudarem a vencer o medo das cachoeiras, do novo que me é dado agora viver”.  Um sentimento de gratidão enorme a dom Edson, “muito obrigado meu irmão pelas sementes semeadas, vou lá na tentativa de continuar a cultivar e ousar a continuar a semeadura”.  Falando sobre o Alto Rio Negro, seu novo bispo a partir de 11 de fevereiro, disse que “escuto que essa grande região ainda é como um cobiçado jardim da Criação onde a natureza e as sociedades vivem em equilíbrio. O compromisso da defesa e do cuidado com a Casa Comum tornou-se uma missão essencial dos Povos da Amazônia, dos povos do Rio Negro, dos migrantes que chegaram nessa região, do Estado Brasileiro e, claro, também da Igreja. Em muitas partes da Amazônia, aqui em Roraima já sentimos os efeitos devastadores do garimpo, da contaminação das águas, do desmatamento, da pesca predatória, e do avanço da fronteira do agronegócio. Aprendemos na seca dos nossos rios que ano passado assolou a Amazônia, revela que  a agressão à Casa Comum nos afeta a todos e tem consequências que vão além de nós. Diante das crises climáticas somos chamados a dar as mãos, a trabalhar em colaboração e com esperança”. Finalmente gratidão “a meus pais e irmãos”, que “me moldaram na graça da boa noticia de Jesus, de filho e irmão. A seca, a pobreza do Nordeste nos trouxeram a uma terra tão boa e cheia de esperança, Roraima. Somos do sertão do Rio Grande do Norte, de Pau dos Ferros, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, da Diocese de Mossoró”. Um sentimento de gratidão “ao Senhor que conduz a missão de bispo a qual sou envia hoje, só pode ser numa única perspectiva, na perspectiva do Servir na Caridade e na Esperança, desta intuição vinda das primeiras comunidades cristãs, nasce a indicativa do ministério que nesta  manhã, vocês me comunicam, vocês, por que todos aqui temos a única igualdade, a fonte de onde emana todo chamado, o Batismo, a fonte de todos os serviços na Igreja, é Cristo, somos todos de Cristo e  nele somos de Deus”.  Dom Vanthuy insistiu em que “vou para o Rio Negro, pois lá Belém se apresenta, na simplicidade, na pobreza, na acolhida, na precariedade, no essencial para se bem viver, tão presente nas comunidades indígenas, por lá também sei que  o calvário há de chegar, pois nosso Mestre Jesus bem nos lembra, nos alerta, quem quizer me seguir renuncie a si mesmo tome sua crus e me siga, para abraçar o verdadeiro dispulado é preciso abraçar a Cruz, sigularmente nos dias de…
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Dom Vanthuy é ordenado bispo para “nos ajudar a ser uma Igreja sempre mais acolhedora das culturas”

Boa Vista, sede da diocese de Roraima acolheu neste domingo 4 de fevereiro de 2024 a ordenação episcopal de Mons. Raimundo Vanthuy Neto, bispo eleito da diocese de São Gabriel da Cachoeira, que escolheu como lema: “Servir na Caridade e na Esperança”. Uma celebração marcada por uma realidade indígena presente na igreja local e naquela que o Papa Francisco lhe confiou para ser seu pastor, seu bispo. A benção inicial do Povo Macuxi, a primeira leitura e a apresentação do candidato nessa mesma língua, a benção indígena de um padre de São Gabriel da Cachoeira, a continua presença dos povos indigenas de Roraima na celebração, são detalhes que mostram o desejo da Igreja da Amazônia de acolher a riqueza das culturas dos povos da Amazônia. Na homilia, o cardeal Steiner começou lembrando as palavras de Jesus no Evangelho: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi”, insistindo em que “todos nós fomos escolhidos, buscados, todos nós fomos amados: ‘eu vos amei, como meu Pai me amou’. Fomos desejados, amados com o amor que o Pai amou o seu filho Jesus. No mesmo amor, na mesma intensidade, na mesma afabilidade, fomos e somos amados, amadas. E porque fomos atingidos por um amor inigualável, gratuito, Jesus nos faz um pedido: ‘permanecei no meu amor’”. Segundo o arcebispo de Manaus, “a realização da nossa vida, a alegria de viver, de saborear a vida vem do amor que recebemos de Jesus. Ele desperta uma alegria plena, realizadora. Um amor que plenifica, cria a verdadeira família, a verdadeira comunidade, a Igreja”, recordando as palavras de Jesus: “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. Uma frase que o levou a perguntar: “Como nos amou?”, dando ele mesmo a resposta: “ofertando a sua vida”. Dom Leonardo disse que “como a mãe entrega a sua vida no cuidado materno para que os filhos cresçam e cheguem à maturidade de uma vida plena, muito mais fez Jesus. Nos amou até a morte e morte de cruz. Um amor que aparece definido no Evangelho: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos”, afirmando que “é desse amor que vivemos, é nesse amor que nos movemos, é desse amor que nos alimentamos e damos frutos: geramos, educamos, plenificamos vidas”. O cardeal Steiner “esse amor nos escolheu, a esse amor fomos chamados. Esse amor nos encontrou. Nenhuma iniciativa nossa”. Lembrando as palavras de São Bernardo sobre a escolha, o chamado, disse. Isso porque “no amor somos escolhidos, não escolhemos. Nesse amor benevolente somos todos discípulos missionários, todas discípulas missionárias, pois tomados pela dinâmica extraordinária de pertencermos à predileção amorosa de Deus”. “Toda vocação é uma escolha para participar plenamente desse amor. Toda vocação é a possibilidade de permanecer no amor de Jesus e em Jesus viver a graça do Reino. Toda a vocação é um modo de guardar e ser guardado pelo mandamento do amor. É desse amor que toda a vocação e ministério se alimenta e é dinamizado. É no Reino do “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”, que a alegria é plena e realizativa. Toda a vocação é dar a sua vida em resgate por muitos, por todos os que são e não são amigos e amigas de Jesus, mesmo os inimigos”, refletiu o cardeal de Manaus. Lembrando a escolha dos Doze para caminhar com Ele e enviá-los a pregar o Reino de Deus, Dom Leonardo Steiner disse que “eles foram as testemunhas da vida, da morte e da ressurreição de Jesus; testemunhas do amor que tudo vivifica e restaura. Nessa missão foram confirmados pelo Espírito Santo, segundo a promessa: ‘Recebereis a força do Espírito Santo que virá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia, Samaria e até os extremos da terra’”. Isso porque “a missão dos apóstolos de anunciar o Evangelho da vida deveria durar até o fim dos séculos (cf Mt 28,20), por isso, os apóstolos constituíram sucessores (LG, 20)”. A celebração de ordenação episcopal “visibiliza, mais uma vez, a escolha, o chamado, o envio, a frutificação”. Ele lembrou que “a Igreja aqui reunida invocará o Espírito Santo sobre padre Raimundo Vanthuy e com o gesto milenar da imposição das mãos dos bispos, com a oração de ordenação e a unção, ele recebe o múnus episcopal e participa do colégio dos bispos como sucessor dos apóstolos. Ele participará do múnus dos apóstolos de anunciar, bendizer e cuidar do Reino de Deus, da igreja de São Gabriel da Cachoeira”. Comentando a primeira leitura, o cardeal disse que “o Espírito e a unção enviam para uma presença de caridade, de amor, de esperança! Hoje, após a invocação do Espírito Santo, a imposição das mãos, a oração de ordenação e a unção com o óleo do crisma, padre Vanthuy poderá dizer com o profeta: ‘O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu’. Vamos impor as mãos na força do Espírito Santo e te ungir, para seres enviado. Enviado para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma e do corpo, pregar a redenção aos cativos no corpo e no espírito; a liberdade aos que estão presos em si mesmos, nas prisões da ganância, da morte, das ideologias; consolar todos os que choram e gemem. Serás enviado para proclamar o tempo da graça, da libertação, da transformação, da salvação, pois levarás na alegria o óleo da caridade e o vinho da esperança (cf. Is 61,1-3ª). Enviado na caridade e na esperança! Não é privilégio, mas uma missão que te é confiada. Enviado para recordar, rememorar, viver na caridade e na esperança”. “Pelo sacramento da Ordem o bispo recebe o dom da caridade pastoral de Cristo. A caridade pastoral cria a comunhão e desperta para a plenificação da vida segundo o Evangelho. Um modo da caridade é a compaixão, compadecer-se dos frágeis, dos que foram colocados à margem, seja pela cultura, seja pelo sistema econômico. Cuidar das comunidades com amor paterno-materno, sendo bondoso e compassivo com os doentes…
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Dom Hudson Ribeiro: “Devo me fazer presença servidora nessa Igreja de Manaus”

Com as palavras da oração do abandono de Charles de Foucauld iniciou Dom Joaquim Hudson de Souza Ribeiro sua intervenção no final da celebração em que nesta sexta-feira 02 de fevereiro de 2024 foi ordenado bispo, assumindo a missão de bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus. Uma ordenação presidida pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, tendo como bispos co-ordenantes Dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus, e Dom Mário Antônio da Silva, arcebispo de Cuiabá. Depois das homenagens da sociedade civil, as religiões de matriz africana e do clero da arquidiocese de Manaus, comentando o lema episcopal, “Ministrare non ministrari” (Servir e não ser servido), Dom Hudson Ribeiro disse que “a primeira vez que li essa frase em latim, foi na ocasião da chegada de Dom Luiz Soares na Arquidiocese de Manaus em 1992”, dizendo que “foi por causa dele que escolhi o mesmo lema de brasão episcopal”, agradecendo a presença do arcebispo emérito de Manaus e o fato de ter acreditado nele, tê-lo acolhido em sua casa como filho e, “sobretudo por ter me ensinado, pelo seu testemunho, o valor do serviço e da simplicidade”. Um serviço que disse ter estado presente em sua família como “exercício contínuo de repartir com quem tinha menos que a gente”, o que ele aprendeu de sua mãe Rosa, que “ensinou aos filhos que o melhor, tinha que ser sempre para os outros”.  Ele insistiu em trazer memórias da infância, pois em palavras do poeta Fernando Pessoa “o melhor do mundo são as crianças”, afirmando que “o mundo fica pior quando deixamos que a criança que vive em nós, morra”. O significado da palavra serviço, Dom Hudson disse ter aprendido “na pequena comunidade de base que eu freqüentava com meus irmãos”, na Paróquia São Pedro Apóstolo, no bairro de Petrópolis. Um legado do Mons. Sabino que “muito nos ensinou o que Jesus nos deixou como preceito de viver em comunidade, de rebaixar-se sempre, tomar toalha, água e bacia e lavar os pés uns dos outros, evitando não querer ser nem grande e nem primeiro”, ressaltou. De Mons. Sabino disse ter escutado pela primeira vez a frase atribuída a Gandhi: “Quem não vive para servir, não serve para viver”. Foi na comunidade que ele foi ampliando o repertório do serviço, descobrindo que “da mesma mesa do pão da palavra e do pão da Eucaristia, devem brotar o compromisso pela busca e encontro de outros serviços outros importantes pães”. Ele foi relatando esses pães: “serviço do pão da justiça, do pão da paz, do pão da esperança, do pão da igualdade, do pão da equidade, do pão do respeito às diferenças, do pão que se alegra com as vitórias pela vida não pelas derrotas das guerras; do pão que enxuga as lágrimas e se faz colo de mãe que acolhe nos momentos de provação da vida; do pão da amizade; do pão que defende e promove a vida em todas as suas circunstâncias; do pão da compaixão e sensibilidade; do pão do conhecimento, da cultura e da arte; do pão de defesa da Amazônia – da floresta e de seus povos; do pão do mistério do aqui e agora e do que ainda virá na promessa da eternidade, e que teima dia a dia a conjugar o verbo esperançar, carregando a cruz uns dos outros”. Um serviço que em sua maior expressão “brota de um coração humilde que encontrou na cruz de Cristo a razão de sua existência”. O novo bispo lembrou palavras do Cardeal Martini, onde ele diz que “o crucificado é porta da Trindade” e que “Deus-amor” é mais bem representado por Jesus humilhado, pobre, sofredor, crucificado”. Daí Dom Hudson disse que “somente a loucura da cruz nos dará parâmetros para reler a história do mundo como promoção verdadeira e profunda do ser humano e de seus valores, não por meio da força, do poder que violenta, nem mesmo pela legitimidade da lei, mas pelo caminho do serviço que se desdobra em atitudes de compaixão, de perdão, de misericórdia, e que nos desafiam a assumir atitudes proféticas a partir dos valores do Reino de Deus no cuidado para com toda a criação”. Em seu ministério episcopal, ele pediu que ecoem as mesmas palavras de Jesus: “o filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”. E a Nossa Senhora de Guadalupe, ele pediu que nos momentos de dúvidas, sofrimentos e provações ele encontre amparo em suas palavras: “Não estou eu aqui que sou tua mãe?!”. Uma intercessão que também pediu para uma longa lista de santos e santas e para os bispos que lhe ensinaram o valor da profecia, agradecendo a presença dos bispos co-ordenantes. Também lembrou das paróquias por onde ele passou, Mons. Sabino e padre Orlando com quem tem morado por muitos anos, as pastorais e diversos grupos que tem feito parte de sua vida, pedindo que “as nossas redes se fortaleçam nas diferenças e na diversidade por meio da acolhida e do respeito”. Dom Hudson agradeceu a acolhida do Santuário São Jose, lembrando que “foi no pátio dessa casa salesiana que um dia o querido amigo Pe. Damásio me apresentou Dom Bosco sonhador, me ajudou a alimentar a vocação e a sonhar outros sonhos”. Ele agradeceu à vida religiosa, os diáconos, leigos e leigas, pedindo ajuda para assumir as palavras de Santo Agostinho: “para vós sou bispo, convosco sou cristão”. Um agradecimento também a Dom Leonardo Steiner, “por confiar, por acreditar, por incentivar, por me acolher, por compartilhar ensinamentos e inquietações, por partilhar do que se tem, do que se sabe, do que se é, do que se sonha a partir dos valores do Reino de Deus, e do que se acredita como Igreja Sinodal”, pedindo que “Deus nos proporcione junto a Dom Zenildo e Dom Tadeu, sapiência, para sermos sinal do amor de Cristo junto ao povo de nossa Arquidiocese de Manaus”. Aos padres se dirigiu com as palavras da Primeira Carta de Pedro: “Faço uma…
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Mais um bispo auxiliar na Arquidiocese de Manaus, ordenado para “entrar na dinâmica do servir”

A Arquidiocese de Manaus tem um novo bispo auxiliar, Dom Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, ordenado nesta sexta-feira 02 de fevereiro pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, tendo como bispos co-ordenantes Dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus, e Dom Mário Antônio da Silva, arcebispo de Cuiabá. Uma celebração que contou com a presença de mais de vinte bispos, uma centena de padres, sua família e amigos e o povo da Arquidiocese de Manaus. Na homilia, o cardeal Steiner lembrou a Antífona de entrada da celebração da ordenação episcopal: “O espírito do Senhor repousa sobre mim, ele me consagrou com a unção, enviou-me para levar a boa nova aos pobres e curar os corações contritos”, que é o texto que Jesus proclama na sinagoga de Nazaré quando lhe oferecem o livro de Isaias para ser lido. Um texto que levou Jesus a dizer: “hoje se cumpriu a escritura que acabastes de ouvir”. Segundo o arcebispo de Manaus, “Jesus se deixa ler pela Palavra. É a Palavra escutando a palavra e a Palavra sendo enviada em missão uma vez ungida pelo amor do Pai: enviado para levar a boa nova aos pobres e curar os corações contritos. Enviado para servir!”, insistindo em que “nos foi proclamada a palavra! Qual a palavra ouvida que nos envia aos pobres para curar os corações em contrição? ‘Servir e não ser servido?’’. Dom Leonardo lembrou que “depois de lavar os pés, retomar as vestes e sentar-se novamente à mesa, Jesus entrega aos discípulos a missão do serviço, do amor: ‘Deveis lavar os pés uns dos outros’, pois ‘o servo não é maior do que o seu Senhor’! Lavar os pés, o serviço do servente, do escravo! Era ele que tinha a oportunidade de abaixar-se, não apenas para lavar a poeira do caminho, mas inclinar-se para ouvir por onde andaram os pés”. “O exemplo e fazer como Jesus fez: servir”, destacou o arcebispo, para quem “a essência do exemplo de servir é o dar-se a si mesmo o melhor de si, o engajar-se de corpo a corpo no dar-se a si o melhor de si”. Ele insistiu que “no servir, toda a busca do melhor de si é oferenda, ao serviço de Deus, aos necessitados, todo o empenho e desempenho de se dar o melhor de si se torna cada vez mais um serviço cordial, humilde, cheio de gratidão, benignidade e generosidade, cujo exemplo, para nós cristãos em tudo deixar-se conduzir pelo modo de Jesus e de seu Pai Misericordioso. Lavar os pés, servir!”. O cardeal ressaltou que “no lavar os pés, no servir, a existência humana se ergue, se eleva! Mais que banhar, erguer, elevar, somos elevados. Quando nos abaixamos para servir as irmãs e os irmãos, subimos: é o amor que eleva, enobrece, dignifica, nobilita. Servir, enobrece, dignifica a quem é servido, mas nobilita e transfigura o servidor. No entanto, o verdadeiro servidor, a verdadeira servidora, não se lembra que serve. O servir o faz ser o que é: vida para os outros. Já não se lembra que serve, apenas é para os outros”. “Na Igreja, no seguimento de Jesus, no viver o Evangelho, encontramos muitos modos de servir” enfatizou Dom Leonardo, que destacou que São Paulo, na carta aos Romanos, “nos ensinava a diversidade de membros em Cristo, mas um só corpo. Num mesmo corpo, a Igreja, dons diferentes, como graça recebida: se é a profecia, exercê-la em harmonia com a fé; se é o serviço, praticar o serviço; se é o dom de ensinar, consagrar-se ao ensino. Os dons, os donativos, entregar com simplicidade; que a mão direita não saiba o que faz a esquerda; quem preside presida com solicitude e disponibilidade; quem se dedica às obras de misericórdia, faça-o com alegria e generosidade. Tudo envolto e dinamizado pelo serviço nascido do Amor generoso, gratuito pendido da cruz. As vocações, os ministérios na Igreja, tem sabor, gosto, no servir. Servir com amor terno, afeiçoado, diligente, livre! Um serviço salvífico!”. Segundo o presidente do Regional Norte1 da CNBB, “com seus gestos, palavras, olhares, Jesus tornou papável o modo de Deus. Animando, consolando, transformando, curando tornou o Reino de Deus visível. Ao anunciar e visibilizar o Reino, Ele chamou, atraiu, escolheu discípulos. Dentre os seguidores e seguidoras, escolheu doze para estarem com Ele e os enviou a pregar o Reino de Deus (cfr. Mc. 3, 13-19; Mt. 10, 1-42). No dia de Pentecostes apóstolos foram confirmados pelo Espírito Santo na missão e foram até os confins da terra anunciando a boa nova (cfr. At. 2, 1-26; 1,8). No anúncio confirmaram os que são recebidos no Reino novo, como raça escolhida, sacerdócio real, a nação santa, povo conquistado… que outrora não era povo, mas agora é povo de Deus (cf. 1 Ped. 2, 9-10)”. Inspirado em Lumen Gentium, ele disse que “os Apóstolos estabeleceram sucessores, para que a missão confiada por Jesus e confirmada pelo Espírito Santo, continuasse até o fim dos tempos. Entre os vários ministérios que na Igreja se exerce desde os primeiros dias da Igreja, em sucessão ininterrupta, é o múnus apostólico. Hoje, com a ordenação episcopal de padre Joaquim Hudson repetimos o gesto da tradição apostólica de invocar o Espírito Santo, impor as mãos e rezar a oração de ordenação, dando continuidade à missão e ministério apostólico de servir na Igreja”. “Servir nasce do Povo de Deus, da comunidade, para o Povo de Deus, para as comunidades dos batizados. O ministério episcopal é um serviço à comunidade dos fiéis em dinâmica sinodal”, disse o bispo ordenante. Ele lembrou que “a Igreja aqui reunida invocará o Espírito Santo, e com a imposição das mãos dos bispos, com a oração de ordenação e a unção, padre Joaquim Hudson participa do colégio dos bispos e Ele recebe o tríplice múnus: anunciar-evangelizar, santificar-bendizer e cuidar-governar o Povo de Deus, as comunidades. Tudo no movimento, na dinâmica do servir”. Dom Leonardo Steiner lembrou que “Papa João Paulo I ensinava que o bispo preside, serve; será justa a presidência se se transformar em serviço,…
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