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Cardeal Hollerich: “Onde reina o clericalismo há uma Igreja que não se move, uma Igreja sem missão”

A Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade iniciou nesta quarta-feira o Módulo B3, no qual refletirá sobre “Participação, responsabilidade e autoridade“. Isso vem depois de um trabalho que o Cardeal Hollerich, relator geral do Sínodo, descreveu como belo, emocionante e exigente. O Arcebispo de Luxemburgo alertou para duas tarefas a serem realizadas após o término da atual sessão da Assembleia: devolver às Igrejas locais os frutos do trabalho, reunidos no Relatório Síntese, e reunir os elementos para concluir o discernimento no próximo ano, carregado de uma consciência mais clara do Povo de Deus sobre o que significa ser uma Igreja sinodal e os passos a serem dados para sê-lo. Processos, estruturas e intuições em uma Igreja sinodal missionária A pergunta inicial do quarto módulo leva a uma reflexão sobre os processos, as estruturas e as instituições necessárias em uma Igreja sinodal missionária. Esse módulo tratará de questões de mudanças na vida do discipulado missionário e da corresponsabilidade. Tudo isso em uma Igreja que, nas palavras de Hollerich, “não é muito sinodal”, onde muitos “sentem que sua opinião não conta e que alguns ou apenas uma pessoa decide tudo”. A partir daí, ele analisou as cinco planilhas do Módulo que serão trabalhadas pelos Círculos Menores: a renovação do serviço da autoridade, afirmando que “onde reina o clericalismo há uma Igreja que não se move, uma Igreja sem missão“, algo que também pode afetar os leigos; a prática do discernimento em comum, perguntando como introduzi-lo nos processos de tomada de decisão da Igreja, em diferentes níveis, buscando um consenso que supere a polarização; a criação de estruturas e instituições que favoreçam a participação e o crescimento; a promoção de estruturas continentais, Assembleias Eclesiais, redes entre Igrejas locais, garantindo a unidade com Roma; a relação dinâmica entre sinodalidade, colegialidade episcopal e primazia petrina.   Questões delicadas Hollerich reconheceu que “essas são questões delicadas, que exigem um discernimento cuidadoso“, às quais serão dedicados os trabalhos deste Módulo e o ano que antecede a segunda sessão da Assembleia Sinodal. Questões delicadas “porque tocam a vida concreta da Igreja e o dinamismo do crescimento da tradição”, afirmando que “um discernimento errado poderia cortá-la ou congelá-la. Em ambos os casos, ele a mataria”. Nas palavras do Relator Geral do Sínodo, “é através da participação que podemos trazer a visão inspiradora para a terra e dar continuidade no tempo ao impulso da missão“, alertando que “a concretude também implica o risco de dispersão em detalhes, anedotas, casos particulares”. A partir daí, ele pediu para “fazer um esforço especial para manter o foco no objetivo que estamos buscando”, algo que está incluído nas perguntas para discernimento de cada parte, pedindo para evitar sair pela tangente. Convergências e divergências Sobre o trabalho dos grupos de discernimento comunitário, o cardeal pediu “para expressar convergências, divergências, questões a serem exploradas e propostas concretas para avançar“, solicitando aos facilitadores, a quem agradeceu por seu trabalho, “que não tenham medo de nos pressionar, mesmo que de forma um pouco decisiva, quando precisarmos deles para nos ajudar a não perder o foco”. Por fim, desejando “um trabalho frutífero neste Módulo, que beneficiará toda a Igreja“, ele enfatizou que “o discipulado missionário ou a corresponsabilidade não são apenas frases feitas, mas um chamado que só podemos realizar juntos, com o apoio de processos, estruturas e instituições concretas que realmente funcionem no espírito da sinodalidade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal López Romero: “Que o Sínodo passe, mas que a sinodalidade permaneça”

A Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade conclui seu terceiro módulo nesta terça-feira, no qual foi discutida a corresponsabilidade na missão. O cardeal Cristóbal López Romero, arcebispo de Rabat, a professora Reneé Khöler-Ryan, diretora da Escola de Filosofia da Universidade de Notre Dame (Austrália), Dom Anthony Randazzo, bispo de Broken Bay (Austrália) e presidente da Federação das Conferências Episcopais Católicas da Oceania, e o jesuíta nigeriano Agbonkhianmeghe Emmanuel Orobator, reitor da Universidade de Santa Clara, na Califórnia (Estados Unidos), refletiram em coletiva de imprensa sobre o tema. O papel das mulheres como tema de destaque A Assembleia Sinodal lembrou o Dia de Jejum e Oração pela Paz na Terra Santa, “como uma força santa a ser oposta à força do demônio, à força da guerra”, nas palavras de Paulo Ruffini. Embora se insista que o tema do Sínodo é a sinodalidade, as palavras do prefeito do Dicastério para a Comunicação deixaram claro que o tema da mulher ocupou o centro deste módulo, algo que já ficou claro na introdução de sexta-feira, da qual todos os detalhes são conhecidos, pois são os únicos momentos em que se tem acesso irrestrito a tudo o que é dito na sala sinodal. Ruffini salientou que foi abordada a questão de como superar modelos clericais que podem dificultar a comunhão, mas acima de outras questões destacou em relação à corresponsabilidade, o tema deste módulo, a questão do diaconato feminino, sendo importante esclarecer a própria natureza do diaconato, a questão da linguagem inclusiva na Igreja, o papel da mulher, lembrando que Jesus tinha muitas mulheres ao seu redor. A participação das mulheres é importante, pois elas podem “ajudar a Igreja a encontrar seu vigor nesta época”, ressaltou. Missão dos bispos na Igreja sinodal Nesse campo, a participação das mulheres na homilia foi discutida, com Ruffini reconhecendo que “quando há mulheres nos conselhos pastorais, as comunidades são mais criativas“, tendo sido falado que “quando queremos falar é importante ter homens e quando queremos fazer coisas é importante ter mulheres”. Além disso, o tema do serviço em comunhão e a necessidade de ter todos os batizados. A Assembleia Sinodal, conforme relatado por Sheila Pires, secretária da Comissão de Comunicação, refletiu sobre o papel dos bispos na Igreja, que devem promover o diálogo ecumênico e inter-religioso, tendo sido solicitada uma maior participação nas consultas para a nomeação de bispos. Também foi observada a necessidade de todos os bispos adotarem um estilo sinodal, sua formação contínua, seu relacionamento com o clero e sua proximidade com as vítimas de abuso. Um fã da sinodalidade O Cardeal Cristóbal López Romero se declarou “um fã da sinodalidade”, enfatizando a importância de todo o processo sinodal, não apenas da Assembleia Sinodal. A partir daí, ele pediu que “o Sínodo passe, mas que a sinodalidade permaneça“. Em suas palavras, destacou o clima de espiritualidade na Assembleia, o processo de consulta e as diferentes etapas em todos os níveis que foram realizadas, a presença na Assembleia Sinodal de mulheres, leigos e sacerdotes, e a organização em mesas redondas, bem como o método de conversação no Espírito e a atmosfera franca, serena e fraterna que prevaleceu. Uma Assembleia Sinodal na qual ele insistiu que não é possível pretender falar sobre todos os temas. De fato, afirmando que os membros da Assembleia Sinodal levarão para casa a lição de casa no final desta primeira sessão, que ele definiu como um aquecimento, ele enfatizou que nenhuma proposta ou resolução é esperada nesta fase, e que entre esta e a segunda fase, prevista para outubro de 2024, o trabalho terá que ser feito nos diferentes níveis da Igreja. As ideias do Cardeal foram repetidas pelos outros convidados na coletiva de imprensa, enfatizando a importância de trabalhar a partir do mundo digital, especialmente em realidades onde as distâncias são enormes, como na Oceania, insistindo em não cair no isolamento. Um processo no qual é necessário “ir ao mais profundo do processo, para entender o fermento do que estamos vivendo“, como apontou o jesuíta nigeriano, que insistiu na importância do processo além do resultado, porque estamos diante “do mecanismo que nos guiará a novas formas de ser, de buscar novas formas”. Diaconato feminino Em relação ao diaconato feminino, Reneé Khöler-Ryan acredita que essa é uma das questões que merece mais consideração. Mas, ao mesmo tempo, como alguém que trabalha na Igreja, ela pediu para entender que as mulheres se concentram em coisas mais cotidianas, “não falamos todos os dias sobre o fato de não sermos sacerdotes”, pedindo para não se concentrar apenas nisso e esquecer as necessidades das mulheres em todo o mundo, preocupar-se, como mãe, com o que diz respeito à sua família, que seus filhos sejam educados na fé, tenham suas necessidades atendidas e um futuro em que possam ser bem recebidos na Igreja, o que ela considera ser o desejo de muitas mulheres em todo o mundo, pedindo que não se concentrem apenas em uma questão e se esqueçam das outras, que sejam mais abertas a várias questões. Uma Assembleia Sinodal em que há divergências, como reconheceu o Cardeal López Romero, embora tenha insistido que “não são muito perceptíveis, nem notórias, não é que haja uma briga, um fogo cruzado de tiros uns contra os outros”, algo que é ajudado pelo método de conversação no Espírito, que “faz com que sejamos muito respeitosos uns com os outros“, sem falar em resposta ao que o outro disse. Salientando que todos têm o mesmo tempo e a importância dos momentos de silêncio, ele enfatizou que “há muito mais coisas que nos unem do que nos separam”. Não esconder as divergências Para o arcebispo de Rabat, é possível que “quando chegarmos a questões mais concretas, as divergências se tornem aparentes“, ressaltando o pedido da Secretaria do Sínodo para que as divergências sejam destacadas, ajudando assim a superar a auto referencialidade. Para isso, uma experiência como essa ajuda muitos a abrir os olhos e a descobrir que a experiência dos outros pode modificar as visões. O padre Orobator reconheceu “muitas diferenças…
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Sentados na carteira da Igreja Sinodal para não ficarmos ancorados em ideologias, Deus nos fala nos diferentes

Aprofundar uma dimensão essencial no caminhar de uma Igreja sinodal foi o objetivo dos últimos dias na primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está acontecendo na Sala Paulo VI de 4 a 29 de outubro. O terceiro módulo do Instrumento de Trabalho, o módulo B1, que será encerrado nesta terça-feira, foi um chamado à corresponsabilidade na missão.  Deus fala nos diferentes A questão que se coloca é se os participantes do Sínodo terão conseguido responder à pergunta que foi o ponto de partida para a reflexão realizada na última sexta-feira: “Como podemos compartilhar dons e tarefas a serviço do Evangelho?“. Na coletiva de imprensa de segunda-feira, a irmã Patrícia Murray definiu a Assembleia Sinodal como um momento de “escutar o sopro da vontade de Deus entre diferentes vozes”, algo que realmente se aplica a tudo o que acontece em uma Igreja sinodal. À medida que a Assembleia entra em sua segunda metade, alguns se perguntam até que ponto o processo sinodal, a dinâmica da conversa no Espírito, está avançando e ajudando a escutar o sopro da vontade de Deus naquele que pensa diferente. O risco é aquele contra o qual Francisco sempre adverte, de que a ideologia fale mais alto do que o Espírito, de que posições fechadas, ancoradas no passado, que nos levam a preservar nosso status quo, seja ele qual for, queiram se impor na Sala Sinodal. De volta às carteiras da Escola Sinodal Estar aberto à novidade de uma nova forma de ser Igreja, uma Igreja sinodal, na qual é necessário sentar-se às carteiras para aprender seus segredos e conhecer seu funcionamento interno, é uma necessidade. É preciso assumir uma dinâmica sinodal para responder, por meio da escuta, do diálogo e do discernimento comunitário, aos clamores que o tempo presente está colocando em nossa caminhada eclesial, pessoal e comunitária, uma caminhada determinada pelo batismo. É nesse contexto que surge a necessidade de nos deixarmos iluminar pelo Espírito, que nos ajuda a transcender a realidade, transbordando, como diz Francisco com tanta frequência. Não podemos nos esquecer de que toda mudança precisa de uma conversão, e estamos diante de um Sínodo que pode ser considerado uma tentativa de reforma eclesial, conforme delineado no Concílio Vaticano II, mas que não foi realizado na medida em que deveria ter sido. Para isso, é essencial aprender a construir juntos, superando os laços pessoais e comunitários que nos impedem de romper, confrontando opiniões diferentes para encontrar, no discernimento comunitário, o rumo a seguir em meio a posições conflitantes, evitando o distanciamento que nos impede de continuar caminhando em uma direção comum, o que não podemos esquecer que é um objetivo óbvio de qualquer processo sinodal. Para continuar caminhando juntos, às vezes é necessário ter a coragem de pedir perdão, e isso é algo que às vezes não é fácil, mas é o que cura as feridas e nos permite continuar caminhando juntos, em uma verdadeira sinodalidade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Patrícia Murray: “Estamos escutando o sopro da vontade de Deus entre diferentes vozes”

A Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade retomou seus trabalhos nesta segunda-feira, após a pausa do fim de semana. Desde a última sexta-feira, está sendo trabalhado o terceiro módulo do Instrumentum Laboris, que tem como tema a corresponsabilidade na missão, elemento fundamental em uma Igreja que quer ser sinodal. Nesta segunda-feira, o trabalho está sendo realizado na congregação geral, presidida pela segunda vez por uma mulher, a japonesa Momoko Nishimura, com a participação do Papa Francisco na primeira parte, que foi agradecido com um grande aplauso pela publicação de sua última exortação apostólica: “C’est la confiance”. Um teólogo, um bispo e uma religiosa A coletiva de imprensa do dia contou com a presença de Vimal Tirimanna, redentorista do Sri Lanka, assessor teológico do Sínodo e professor de teologia moral na Universidade Alfonsiana de Roma, Dom Zdeněk Wasserbauer, bispo auxiliar de Praga (República Tcheca), e Ir. Patrícia Murray, do Instituto da Bem-Aventurada Virgem Maria, que está participando do Sínodo como secretária da União das Superioras Gerais. Nos trabalhos das últimas horas, foi enfatizado o significado da sinodalidade, que é um processo de aprendizado contínuo, destacando a importância e a riqueza da diversidade, que deve ser preservada. O papel dos leigos na missão, a evangelização na era digital, sabendo que nos países mais pobres o acesso ao mundo digital é mais difícil, a formação permanente, a inclusão e o reconhecimento das mulheres, com a questão do diaconato para as mulheres sendo abordada, foram temas enfatizados. Processo sinodal vivido de forma clara Um Sínodo que está despertando otimismo no Pe. Tirimanna, que antes da assembleia tinha dúvidas, que diz ter superado após duas semanas de trabalho, sobre o equilíbrio entre a prática e a teoria, insistindo que a sinodalidade está sendo vivida, porque “é algo que se vê quando se desenvolve“. A atmosfera de oração constante que complementa o método de conversação no espírito contribuiu para isso, segundo o redentorista, que não hesita em afirmar que “o processo sinodal é algo que estamos vivendo claramente”. Como teólogo, ele enfatizou a eclesiologia da Lumen Gentium presente em um processo que ele vê como uma continuação do Concílio Vaticano II, cuja teologia está sendo revivida a partir de dois polos: o Povo de Deus e o Batismo. Nesse sentido, ele deu como exemplo a presença de muitas mulheres ao lado dos cardeais, afirmando que na Sala Sinodal está sendo oferecida a sinodalidade, razão pela qual ele insistiu que esse espírito deve ser levado para fora da Assembleia Sinodal. Criando espaços para a escuta e o acompanhamento Uma sinodalidade que, de acordo com a Ir. Pat Murray, tem sido vivida por mais de 20 anos nas decisões de muitas congregações religiosas. Expressando o desejo de que isso seja vivido na missão da Igreja, ela enfatizou a necessidade de criar espaços de escuta e acompanhamento, de assumir o método do discernimento comunitário como método eclesial, destacando a importância de ter duas sessões da assembleia e o trabalho entre elas, porque “estamos escutando o sopro da vontade de Deus entre diferentes vozes“. No trabalho sinodal, a religiosa destacou a lógica circular empregada “que nos ajuda a aprofundar as questões”, além da profunda reflexão que os membros do Sínodo realizam antes de suas intervenções. Também ressaltou a necessidade de compreender “a amplitude do que estamos tratando, por causa das diferentes culturas, dos diferentes contextos, das diferentes perspectivas, das diferentes opiniões, das diferentes eclesiologias”. Por sua vez, o bispo auxiliar de Praga destacou a importância da exortação apostólica publicada neste domingo sobre a santa padroeira das missões, desejando relacioná-la com a Assembleia Sinodal, onde há “mais de 400 pessoas que querem o bem dos outros”. Com relação ao papel da missão, disse que “é a vontade de levar a salvação aos outros“, refletindo sobre um elemento presente na exortação, o ateísmo, algo que ele disse ter experimentado em seu país, que passou por um regime comunista. Nesse sentido, ressaltou que o Sínodo quer ser uma luz na escuridão do Terceiro Milênio. Primeira mulher na Comissão de Síntese Ir. Patrícia Murray é a primeira mulher a ser membro da Comissão de Síntese do Sínodo, algo que ela vê como uma honra e uma surpresa. Para ela, “essas nomeações são simbólicas, é uma indicação clara do fato de que as mulheres estão participando do nível de tomada de decisões“. Ela revelou que “o documento não deve ser muito longo, vamos dividi-lo em seções claras e teremos áreas em que serão feitas propostas, mas, ao mesmo tempo, muitas áreas para uma reflexão mais profunda, para um estudo mais profundo, para revisar os pontos mais candentes”. Como uma mulher que é membro da Assembleia Sinodal, ela destacou a capacidade das mulheres de ocupar seu espaço de maneira apropriada, tendo espaço apropriado para suas intervenções, observando também que muitos membros masculinos da Assembleia Sinodal estão falando sobre a importância do papel das mulheres na Igreja, que estão participando muito da Assembleia. Lidando com as feridas como Igreja Em relação à população LGBTQI, a religiosa insistiu que em muitas das mesas foi abordada a questão das feridas em nível individual e coletivo, “são questões tangenciais e ardentes”, chamando a enfrentar essas feridas como Igreja, “nossas formas pastorais e litúrgicas podem ser símbolos que ajudam a perdoar nessa direção”, destacou. Nesse sentido, ela disse que “há uma forte consciência da dor que foi causada, e isso não é esquecido”. De fato, “esta é uma questão candente em todo o mundo”, disse o padre Vimal Tirimanna, para quem no processo sinodal “todos estão incluídos”. O processo sinodal é “um esforço para garantir que ninguém seja excluído, Jesus quis incluir todos”, e é importante que o processo não se concentre apenas em um tema, mas que seja aberto em um Sínodo que tem como objetivo claro “criar uma cultura de encontro por meio da sinodalidade“, que assume todos os temas e pessoas, “trata-se de uma conversão radical no âmbito da Igreja, queremos uma cultura de escuta, de sinodalidade e de inclusão”. Espaço para todos no âmbito da…
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Sem uma Igreja com ministérios de homens e mulheres não há corresponsabilidade na missão

Uma Assembleia Sinodal que está entrando gradualmente em questões que são decisivas em uma Igreja que quer caminhar junto. Daí a importância do módulo que está sendo trabalhado durante esses dias, o Módulo B2, o terceiro do Instrumentum Laboris, no qual o tema é a corresponsabilidade na missão e leva a questionar a melhor forma de compartilhar dons e tarefas a serviço do Evangelho. A ministerialidade como uma dinâmica decisiva Nessa corresponsabilidade na missão, tudo o que se refere à ministerialidade desempenha um papel fundamental, uma dinâmica que é decisiva se quisermos tornar uma Igreja sinodal uma realidade, uma Igreja onde possamos caminhar juntos, em comunhão. A partir daí, pode-se afirmar que sem uma Igreja com ministérios assumidos por homens e mulheres não há corresponsabilidade na missão, dimensão que é decisiva nesse modo de ser Igreja para o qual o atual processo sinodal quer nos abrir. É verdade que estão sendo dados passos, que há sinais nessa direção, mas se eles não forem perpetuados no tempo e assumidos nas comunidades, paróquias, pastorais, movimentos, dioceses e outras estruturas eclesiais, continuarão sendo fogos de artifício. E isso não é uma coisa fácil de fazer, porque em muitos lugares ela não se quer levar adiante. Ser uma Igreja ministerial, uma Igreja em que a corresponsabilidade na missão é vivida por meio do sacramento do batismo, deixando para trás uma Igreja que é estruturada e funciona por meio do sacramento da Ordem Sagrada, não é do agrado de algumas pessoas. Uma Igreja sem clérigos que se empenha em ser clerical Especialmente na velha Europa, onde, apesar da falta de clérigos, a Igreja Católica insiste em ser clerical, ela não gosta dessa ministerialidade. De fato, muitas missas em Roma neste fim de semana não rezaram pelo Sínodo e pelo trabalho da Assembleia Sinodal. Uma atitude de não querer saber que também deve ter sido assumida em outros lugares. Há sacerdotes que chegaram a dizer em homilias que, com este Sínodo, Francisco quer provocar um cisma na Igreja, uma afirmação que provoca risos, mas também preocupação, primeiro por causa da falta de formação, e depois pelo fato de que eles não quer abrir mão do poder, de poder viver muito melhor do que eles viveriam sem desfrutar dos privilégios clericais que eles têm. O lado bom é que muitas pessoas não toleram mais essas posições e defendem um Papa que consideram seu. Mais uma vez, uma mulher presidente-delegada Nesta segunda-feira, como aconteceu na última sexta-feira, uma mulher, pela segunda vez na história dos sínodos, presidiu a sessão como presidente delegada nomeada pelo Santo Padre. Momoko Nishimura, do Japão, consagrada das Servas do Evangelho da Misericórdia de Deus, que caminha pela Sala Sinodal com a cuia de mate, um costume adotado durante seus seis anos de missão na Argentina, o que demonstra a importância de levar em conta a cultura local na missão. São sinais, passos lentos, mas sempre em frente, em direção àquela Igreja que, por mais que alguns insistam, está sendo gradualmente assumida como o caminho para encarnar o Evangelho hoje, uma Igreja de comunhão, participação e missão, a Igreja sinodal. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

“Igreja Sinodal com Rosto Magüta” realiza seu terceiro encontro de formação

O Projeto “Igreja Sinodal com Rosto Magüta” realizou de 11 a 13 de outubro na comunidade de Nazareth (Colômbia) seu terceiro encontro de formação, dos seis que fazem parte da programação, com a participação de 60 catequistas indígenas tikunas de Umariacú I y II e de Emaús (Brasil), de Nazaret, Progreso, Arara, Loma Linda y Santa Sofía (Colômbia) y de Yahuma y San José de Barranco (Peru). O propósito é inculturar o anúncio do Evangelho aos costumes e tradições desse povo nessa Triple fronteira. É importante lembrar que os encontros são realizados em língua tikuna. O tema abordado foi a Misericórdia, trabalhado quatro eixos: Misericórdia com os outros; Misericórdia com a criação; Misericórdia consigo mesmo; Misericórdia de Deus. O trabalho teve como ponto de partida a compreensão da misericórdia na cotidianidade, sendo relatadas histórias do povo Magüta que mostram a prática de obras de misericórdia. Com a ajuda dos sábios das comunidades, foi trabalhado a temática desde os elementos presentes na natureza, conhecendo assim os efeitos medicinais das plantas. Se questionando sobre o que é misericórdia, isso levou a se perguntar como isso é traduzido no cuidado da natureza seguindo o método ver, julgar, agir. Daí foram trabalhados alguns conselhos: ter misericórdia com a natureza; lembrar de que qualquer prejudica também nosso futuro ato contra a natureza; monitorar na comunidade os lugares que precisam de serem cuidados para preservar; incentivar os outros a cuidar da criação.   A temática foi trabalhada também em relação com cada um e cada uma, partindo de exemplos concretos da vida e da Palavra de Deus. Na reflexão foi mostrado o quão difícil é vencer obstáculos quando nos falta um membro o quando estamos com a saúde debilitada e a experiência de ser curados e curadas, sendo voltada a reflexão para a saúde e a vida plena. Uma reflexão que partindo do Evangelho, da cura do paralitico, mostrou o amor de Deus com todas as criaturas, querendo assim a vida, mas o pecado nos afasta dessa plenitude, interrompendo a vida e nos levando contra o Amor e a justiça de Deus, do próximo e da criação.  Para isso Deus nos oferece seu coração cheio de compaixão e misericórdia que acolhe a todos, perdoa e restaura nossas vidas.  Os cantos, danças, histórias, arte e tradições ficaram muito evidentes e foram a estrutura inspiradora para descobrir as “Sementes do Reino” presentes em todas as culturas, especialmente nesse povo cheio de vida e esperança. Os participantes destacaram a acolhida da comunidade local, recebendo quase todos os participantes nas casas das famílias. Igualmente foi avaliado positivamente o desenvolvimento do curso de formação, tanto nos conteúdos, na didática, nos compromissos e nos desafios para os próximos temas desse processo formativo que está cheio de expectativa, esperança e sentimentos de maior unidade como um só povo Magüta a partir da experiência de fé e da imensa delicadeza da presença de Deus nos povos amazônicos. Com informações da Irmã Maria das Dores Rodrigues e do Irmão Marco Antônio

Comunhão, corresponsabilidade e peregrinação às Catacumbas marcam a semana no Sínodo

A primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, que está sendo realizada na Sala Paulo VI, no Vaticano, de 4 a 29 de outubro, teve mais uma semana. De segunda-feira, 9 de outubro, a sábado 14, os membros do Sínodo das Mesas Redondas concluíram o segundo Módulo, o B1, e iniciaram os trabalhos do B2, o terceiro módulo em que se divide o Instrumentum Laboris. Comunhão, o fundamento e a fonte do ser Igreja Ambos os módulos seguiram o mesmo esquema: uma introdução do relator geral, uma análise da perspectiva da espiritualidade e da teologia e vários testemunhos. No Módulo B1, que teve a comunhão como tema principal, o Cardeal Hollerich afirmou que “a Santíssima Trindade é a base de todas as comunhões” e insistiu que “todos são convidados a fazer parte da Igreja”. Por sua vez, o Padre Timothy Radcliffe apresentou a Igreja sinodal como “aquela em que somos formados para um amor sem posses”, e a teóloga Anna Rowlands disse que a comunhão é “o fundamento da realidade e a fonte do ser da Igreja”, convidando a pensar “na comunhão como a primeira e a última palavra de um processo sinodal”. A apresentação foi concluída com quatro testemunhos de como viver a sinodalidade no Brasil, nas Igrejas Orientais e no mundo asiático. Nesse caminho sinodal, somos chamados a descobrir que a diversidade nunca é uma ameaça, pois existem “maneiras diferentes de fazer as mesmas coisas”, como disse o Cardeal Tobin em uma coletiva de imprensa, insistindo para que seja “um Sínodo que seja livre para falar e enfatizar todas as grandes questões”. Um Sínodo no qual Liliana Franco disse não sentir “que há agendas ocultas”. Um caminho sinodal que, para se tornar realidade, é necessário passar do “eu” ao “nós”, para ser “uma orquestra sinfônica na qual cada um tem seu próprio instrumento“, como afirmou o Cardeal Lacroix, insistindo que “nos ajuda a descobrir a presença do Senhor em cada batizado”. Corresponsabilidade na missão Nesta Assembleia Sinodal, que segue o método de conversação espiritual nos chamados círculos menores ou comunidades de discernimento comunitário, distribuídas em 35 mesas redondas, dinâmica que está sendo muito elogiada pelos participantes, o respeito, a sensibilidade e a acolhida são necessárias para resolver o difícil e complexo que evidentemente existe. Após uma visita às Catacumbas de Roma, momento em que os participantes da Assembleia Sinodal puderam respirar o ar dos primeiros cristãos, na sexta-feira iniciaram os trabalhos do terceiro Módulo, que visa aprofundar a corresponsabilidade na missão, buscando compartilhar dons e tarefas a serviço do Evangelho. Uma missão que pertence a todos os batizados, homens e mulheres, “o batismo das mulheres não é inferior ao dos homens“, disse o Cardeal Hollerich, que ressaltou a importância da missão no campo virtual. Reconhecendo as mulheres para o bem da Igreja Nesse sentido, a monja beneditina Maria Grazia Angelini, inspirada nas atitudes de Jesus e na vida das primeiras comunidades cristãs, definiu o maior reconhecimento e a promoção da dignidade batismal das mulheres como algo não mundano, “mas para o bem da Igreja”. Algo que se expressa na “Corresponsabilidade sinodal na missão evangelizadora“, um aspecto que foi apresentado pelo teólogo argentino Carlos Galli. O que essa corresponsabilidade implica na prática foi apresentado nos testemunhos, que refletiram sobre o papel das mulheres na Igreja, cujo caminhar “está cheio de cicatrizes, de situações que envolveram dor e redenção”; sobre a missão no ambiente digital, “um território ideal para uma Igreja sinodal missionária, na qual todos os batizados assumem a corresponsabilidade de evangelizar“; e sobre o ministério do bispo, chamado a promover “uma comunhão missionária dentro da Igreja diocesana” e “favorecer uma mentalidade moldada pelo pensamento sinodal”. Uma Congregação Geral, a da sexta-feira 13, que pela primeira vez na história, uma mulher, a religiosa mexicana Dolores Palencia, que viveu seus mais de 50 anos de vida religiosa nas periferias, assumiu o papel de presidenta delegada em uma assembleia sinodal. “Uma experiência muito profunda, muito comovente, estar sentada na mesma mesa redonda com o Papa”, segundo a religiosa da Congregação de São José de Lyon, para quem esse serviço a ajuda a “perceber que essa é uma maneira de viver para sempre e no futuro a corresponsabilidade que todos nós temos como batizados”, e ela o vê como “um símbolo dessa abertura e desse desejo de que todos nós caminhemos em igualdade e juntos“. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “A seca que estamos vivendo na Amazônia é dramática”. “Unamo-nos e nos ajudemos”

A combinação de diversos fenómenos, dentre eles o “El Niño”, e da falta de cuidado do ser humano, cada vez mais empenhado no avanço de uma economia que mata, tem provocado graves consequências para o bioma amazônico, um dos mais importantes para a sobrevivência do Planeta. A seca extrema dos rios da Amazônia, uma das maiores dos últimos tempos, o aumento da temperatura e a poluição do ar pelos muitos incêndios, tornam a situação insustentável. Situação de emergência A grande mortandade de peixes, o que coloca em risco a cadeia alimentaria nas comunidades ribeirinhas, o desabastecimento de alimentos pela dificuldade para o transporte, a falta de água potável, se tornou algo comum. Dos 62 municípios do Estado do Amazonas só dois estão em situação normal, com 42 em estado de emergência e 18 em alerta. Diante da situação que a Amazônia está passando, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da CNBB, tem se pronunciado, afirmando que “a seca que estamos vivendo na Amazônia é dramática, os rios diminuíram, os igarapés secaram, as comunidades estão isoladas, a fumaça tomou conta de várias regiões de nossa Amazônia”. Solidariedade com os necessitados Diante dessa realidade, o cardeal Steiner insiste em que “nós queremos manifestar nossa solidariedade para com as comunidades, as pessoas, as famílias”. O presidente do Regional Norte1 da CNBB disse incentivar “para que haja solidariedade e nós todos como cristãos saiamos ao encontro das pessoas que mais necessitam, mas também saiamos ao encontro da natureza, que neste momento está profundamente necessitada”. Em sua mensagem, o arcebispo de Manaus chamou a “participar do SOS Amazônia”. Essa campanha está sendo incentivada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM-Brasil) e a Cáritas. O chamado que Dom Leonardo Steiner está fazendo é a “participar para diminuir a angústia, diminuir a dor, e neste momento de dor nos sentirmos mais fraternos, mais solidários”. Finalmente, ele faz um pedido: “vamos no futuro cada vez mais cuidar da nossa casa comum, a nossa casa comum que está sendo destruída”. Nesse sentido, a última exortação apostólica do Papa Francisco, Laudate Deum, publicada recentemente, no dia 04 de outubro de 2023, considerada a segunda parte, um complemento da Encíclica Laudato Si´, publicada em 2015, se torna um instrumento importante, que deve ser estudado e assumido pelos cristãos, mas também por toda a humanidade. É por isso, que o cardeal Steiner encerrou sua mensagem dizendo: “Unamo-nos e nos ajudemos”. Luis Miguel Modino, assessor de comunição CNBB Norte1

Ir. Dolores Palencia: “Presidir a Assembleia Sinodal é um símbolo de abertura e o desejo de que todos nós caminhemos em igualdade e juntos”

A Assembleia Sinodal do Sínodo sobre Sinodalidade deu mais um passo adiante com o trabalho no terceiro Módulo, B2, que trata da corresponsabilidade na missão. Depois da apresentação dos principais elementos desta parte, o trabalho se desenvolveu nos círculos menores, nas comunidades para o discernimento comunitário, nas mesas redondas, uma organização e uma forma de trabalho cada vez mais elogiadas pelos membros da Assembleia, que neste sábado realizaram um novo encontro com os jornalistas. Os representantes foram a Ir. María de los Dolores Palencia Gómez, que nesta sexta-feira foi a primeira mulher a ser presidenta delegada de um Sínodo, Enrique Alarcón García, presidente do movimento FRATER España – Fraternidad Cristiana de Personas con Discapacidad, e o monge Mauro Giuseppe Lepori, Abade Geral da Ordem Cisterciense. Em seus mais de 50 anos de vida religiosa na Congregação de São José de Lyon, a mexicana Dolores Palencia, viveu quase sempre nas periferias, atualmente em um abrigo que acolhe migrantes de todo o mundo. Ela experimenta sua presença no Sínodo como uma graça, “uma maneira de aprender e desaprender, uma maneira de nos abrirmos a uma escuta muito atenta de cada pessoa, de cada realidade, de cada cultura“, a fim de “assumir naquelas palavras que escuto o que o Espírito está me dizendo” e, por meio do discernimento comunitário, “descobrir o que o Espírito está dizendo a todos nós, juntos, para servir e dar um passo adiante nesse desejo de nos tornar uma mensagem de esperança e uma proclamação do Evangelho no mundo”. Sobre sua função como Presidenta Delegada, ela a define como “uma experiência muito profunda, muito emocionante, de estar sentada na mesma mesa redonda com o Papa“. Algo que, segundo ela, a ajudou a “perceber que esse deve ser um modo de viver a corresponsabilidade que todos nós temos como homens e mulheres batizados para todo o sempre”. A religiosa lembrou as palavras de Paulo VI em Ecclesiam Suam, onde ele define a Igreja como diálogo, dizendo que isso é algo que está sendo vivido no Sínodo, o que ela considera uma graça. Ser a primeira mulher presidenta de uma Assembleia de Bispos “é um símbolo dessa abertura e desse desejo de que todos nós caminhemos em igualdade e juntos“. O reconhecimento das mulheres é uma alegria e uma responsabilidade, enfatizou ela, “ao sermos reconhecidas publicamente, temos que mostrar o que nós, mulheres, leigas e religiosas, podemos colocar a serviço do Evangelho e a serviço da esperança”. Enrique Alarcón vê a presença das pessoas com deficiência como um motivo de gratidão e surpresa, que encheu seu coração de alegria. As pessoas com deficiência não querem que isso seja um gesto decorativo, mas uma maneira de “tornar real o processo de sinodalidade“. Nesse sentido, ele destacou uma consulta feita pelo Papa por meio do Dicastério para os Leigos sobre o que pensam as pessoas com deficiência em relação à Igreja. Em seu discurso, ele denunciou o fato de que elas não podem participar da vida da Igreja, às vezes as barreiras arquitetônicas as impedem de entrar. Nos últimos tempos, ele vê uma mudança radical, “a Igreja nos escuta”, eles participaram do processo sinodal e estão deixando para trás visões paternalistas e assistencialistas, “o Papa nos trata como membros com plenos direitos, chamados a ser evangelizadores“, o que fez com que as pessoas com deficiência olhassem para a Igreja com uma visão diferente, vendo o Sínodo como uma possível revolução, que nos faz avançar em direção a “uma Igreja onde todos podem estar e onde todos nós podemos realizar nossa tarefa evangelizadora”. O Abade Geral da Ordem Cisterciense participa da Assembleia como representante da União dos Superiores Gerais, especificamente da Vida Monástica, dizendo que está aprendendo muito. A partir daí, ele pediu para seguir o caminho da sinodalidade e trabalhar com a comunhão sempre no centro, a comunhão da Igreja e do povo. Um Sínodo que chama à conversão e à escuta, para descobrir o sopro do Espírito na escuta mútua, para preparar espaços para o que o Espírito Santo pode dizer à Igreja hoje. Em contraste com o Sínodo de 2018, do qual também participou, ele destaca a importância das mesas redondas, uma ajuda muito forte para a escuta ativa, para intensificar os relacionamentos, algo importante que ele experimentou na presença em seu círculo menor de uma mulher palestina e seu sofrimento diante da atual guerra naquela região. O monge disse que está se tornando um ouvinte no qual é importante escutar um ao outro sem ser separado pelas palavras do outro. Isso está criando “uma comunhão, uma empatia básica que nos enche de esperança e espanto e estamos caminhando em direção a uma meta que é bela para a Igreja e é necessário deixar que nossos corações se convertam a Jesus Cristo”, enfatizou. Esse aspecto também foi destacado pela Ir. Dolores Palencia, que enfatizou o fato de que haverá uma segunda sessão da Assembleia Sinodal no próximo ano e a importância de retornar as reflexões às bases para enriquecê-las, também às periferias, para que elas mesmas tenham sua opinião e sejam levadas em consideração. Ela também enfatizou a ênfase na realidade dos migrantes que ele acompanha e que, como cristãos, devemos tocar a consciência das autoridades e da sociedade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O batismo é graça para todos, não é um dom exclusivo de Deus para os homens

Há afirmações que, em caso de dúvida, é preciso pensar no que leva a elas. As palavras do Cardeal Hollerich, relator geral do Sínodo da Sinodalidade, na introdução ao trabalho sobre o Módulo B2, que propõe uma reflexão sobre a corresponsabilidade na missão, onde ele disse que “o batismo das mulheres não é inferior ao dos homens“, é um exemplo claro disso. Graça, possibilidade e envio para todos Perguntando às mulheres que participam da primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade, que acontece no Vaticano de 4 a 29 de outubro, como elas reagiriam se alguém alegasse superioridade do “batismo masculino”, elas disseram que o seu “não é um batismo inferior, é o mesmo dom, é Deus Pai, Filho e Espírito Santo derramado totalmente com sua graça e seus dons, não é um dom exclusivo de Deus para os homens, é graça para todos, é a possibilidade para todos, é o envio para todos“. Embora afirmem que nunca esperariam ouvir alguém dizer que o batismo das mulheres é inferior ao dos homens, elas mesmas reconhecem que, na prática, na vida cotidiana de algumas comunidades eclesiais, pode-se dizer que é assim, “porque se fôssemos ver pelo que experimentamos como mulheres na Igreja, parece que o batismo dos homens vale mais do que o nosso. Eles têm poder, dão ordens, dominam tudo, a última palavra é sempre a do padre”. Fundamentos bíblicos e do Magistério A base para essa igual dignidade batismal vem da Palavra de Deus e do Magistério da Igreja. No Gênesis, aparece que todo ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus, onde se destaca que ele os fez homem e mulher, o que significa que o batismo de homens e mulheres é exatamente o mesmo. De fato, no Evangelho, parece que Jesus convidou a todos igualmente, sem distinção, e deu a muitas mulheres um lugar de dignidade e preferência. Quando alguém afirma uma suposta superioridade do batismo masculino sobre o feminino, há mulheres que lhe dizem que “essa pessoa perdeu algumas páginas do Evangelho em sua Bíblia, ou fez uma leitura parcial do lugar das mulheres ao lado de Jesus e dos discípulos da primeira hora. Elas acompanhavam Jesus pelas cidades e aldeias, proclamando e anunciando as Boas Novas do Reino de Deus e ajudando-o com seus bens, como Lucas relembra no capítulo 8, versículos 1-3. Não há dúvida de que nós, mulheres, também somos consideradas ‘do caminho’, aquelas que abrem e abrem trilhas ao lado do Mestre”. No Magistério da Igreja, o Cardeal Joseph Ratzinger, em sua “Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a Colaboração do Homem e da Mulher na Igreja e no Mundo”, enquanto Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, propôs “rever os dados doutrinais da antropologia bíblica”. As mulheres insistem que “o magistério pontifício, através de numerosas e variadas intervenções, e a partir de diferentes abordagens – antropológica, teológica, eclesiológica, histórica, sociocultural, jurídica – nos mostrou o verdadeiro significado da vocação da mulher, e como a feminilidade pertence ao patrimônio constitutivo da humanidade e da própria Igreja, complementando necessariamente a missão do Povo de Deus“. A dignidade batismal rompe toda assimetria São mulheres, e não nos esqueçamos de seu importante papel na Sala Sinodal, que insistem que “a dignidade batismal nos torna irmãs, rompe toda assimetria e nos permite olhar nos olhos umas das outras sem distinção, com o único objetivo de tornar presente o reino de Deus e sua justiça”. Por isso, insistem que “todos temos a mesma dignidade, a identidade fundamental é a de filhos de Deus, e nessa categoria todos nos encaixamos”. “O grande desafio de nosso tempo, aqui e agora, é colocá-lo em prática“, insistem, ressaltando a importância da presença feminina, com a contribuição do que é próprio e característico da mulher. Para isso, é preciso entender que “os homens muitas vezes assumem isso porque muitas pessoas, inclusive nós, mulheres, reforçam isso”. A partir daí, um chamado à esperança, que está em “assumir nosso compromisso e tomar consciência de que nós, mulheres, pertencemos à Igreja e queremos espaço, mas não como disputa de poder, para não reproduzir o que os homens fazem conosco”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1