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Categoria: Notícias

Cardeal Steiner: “Na medida em que vamos caminhando na fé, nós vamos percebendo a presença de Jesus”

Na solenidade da Ascensão do Senhor, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando que a liturgia dos últimos dias, “veio nos preparando para a solenidade que celebramos hoje. E a solenidade que celebramos hoje da Ascensão do Senhor nos prepara para a celebração de Pentecostes, que celebraremos no próximo domingo”. Nas leituras da última semana “Jesus estava como que se despedindo e preparando os discípulos para a vinda do Espírito Santo”. Voltam com grande alegria Na Solenidade da Ascenção, o Senhor “desaparece aos olhos e não é visto e não vendo adoram, e retornam à sua cotidianidade, ao seu dia a dia”. Junto com isso, segundo o cardeal refletiu, na primeira leitura, “Jesus foi elevado ao céu à vista deles”, destacando que longe de se entristecerem, os discípulos “voltam para Jerusalém com grande alegria”. O arcebispo disse que “é verdade, temos necessidade de ver. Ver nos dá a percepção de segurança e sabermos onde nos encontramos em determinado lugar. Ver nos faz perceber onde nos encontramos, mesmo quando nosso sofrimento. É que no ver, vemos mais do que os nossos olhos. Ver é aquela percepção de nos situarmos, nos localizarmos, nos encontrarmos. Ver, porque também os cegos veem”. Analisando a primeira leitura, nos dois homens vestidos de branco, ele disse que “recordam aos apóstolos que a nova situação deve levá-los a caminhar, mas caminhar na esperança”. Um chamado a caminhar com aquele que “se fez caminho: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ele agora será visível no caminhar, e caminhando vemos Jesus”. Nesse sentido, ele sublinhou que “na medida em que vamos caminhando na fé, nós vamos percebendo a presença de Jesus, e o vemos”. Jesus “faz descobrir nos passos sempre uma nuvem de não saber de antemão, invisível aos olhos, mas que faz fazer o caminho da luta, da labuta, da nossa cotidianidade. Ele encoberto pela nuvem dos nossos saberes, das nossas dogmatizações, das nossas definições, das nossas determinações”, disse o arcebispo de Manaus. Sobre o fato de os apóstolos serem conduzidos a Betânia, o cardeal recordou as palavras do venerável Beda, mostrando que Betânia significa “a casa da obediência”. É por isso que “foi para essa cidade da obediência, da atenção, da descoberta, da reverente audição que Jesus conduziu os seus discípulos porque viveram da nuvem do não-ser. Saber pré-determinado, um saber encoberto a ser descoberto, que é eterno na riqueza da presença de Deus em nossa humanidade. E Jesus continua presente no meio de nós, mesmo tendo subido aos céus”. Permanecer na escuta Algo que se faz presente na Liturgia, pois “quantas vezes nós dizemos, o Senhor esteja convosco, e nós respondemos, Ele está no meio de nós”, lembrou o cardeal. É por isso que Solenidade da Ascenção, “nos faz ver sem os olhos e permanecermos na escuta, na busca da presença salvadora, libertadora de Jesus, como quem perscruta o horizonte no deserto esperando chuva. E no perscrutar o horizonte da nossa cotidianidade, nos nossos afazeres, vemos o Senhor em contato. Coberto pela nuvem, mas vivo e presente no meio de nós. A ele ninguém viu, mas se nos amarmos uns aos outros e guardarmos a sua palavra, ele virá e fará em nós sua morada”, disse o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. “Nesse tatear, nesse buscar, nesse servir, nesse amar, é que somos tocados pela presença do Senhor, porque ele virá e fará em nós a sua morada. Ele se aproxima, nos toca e nos liberta. E vivemos numa espécie de eterna não fixação em Jesus. É como se Jesus sempre de novo fosse se revelando, através dos nossos momentos de oração, através do nosso serviço aos pobres, no cuidado do meio ambiente. A nossa assembleia celebrando presencializa Jesus que subiu aos céus, não estamos sós, continua no meio de nós”, refletiu o cardeal Steiner. Seguindo as palavras de Paulo aos Efésios, o arcebispo de Manaus disse que “o caminho agora é o da esperança e nós estamos no Ano da Esperança”. Uma reflexão também presente em Santo Agostinho, que diz que “Cristo já foi elevado ao mais alto dos céus, contudo continua sofrendo na terra através das tribulações que nós experimentamos como seus membros”. É por isso, que ele enfatizou que “Cristo está no céu, mas também está conosco e nós, permanecendo na terra, estamos também com Ele e por sua divindade, por seu poder, por seu amor, Ele está conosco e nós, embora não possamos realizar isso pela divindade como Ele, ao menos podemos realizar pelo amor que temos aos irmãos e as irmãs”. Ter olhos e coração para o encontrar O cardeal recordou as palavras de Papa Francisco na Solenidade da Ascensão, que falava sobre a nova forma de presença de Jesus no meio de nós, que “pede-nos para ter olhos e coração para o encontrar, para servir, para testemunhar Jesus aos outros. Trata-se de ser homens e mulheres da ascensão. São os que já buscadores de Cristo nas sendas do nosso tempo, levando a sua Palavra de salvação até os confins da terra”. Segundo ele, “nesse caminho, nesse itinerário, encontramos o próprio Jesus nos irmãos e irmãs, sobretudo nos mais pequenos, sobretudo nos pobres, enquanto sofrem na própria carne a dura, mortificadora experiência de antigas e novas pobrezas. Assim, como inicialmente Cristo ressuscitado enviou seus apóstolos com a força do Espírito Santo, também hoje Ele nos envia com a mesma força para dar sinais concretos e visíveis de esperança”. É por isso que Jesus “nos devolve a esperança, porque nos enviará o Espírito Santo”, disse o arcebispo. Segundo ele, “nessa visão e participação, recebemos gratuitamente os olhos da fé, que vê em novos céus e nova terra, e que a nuvem anuncia um novo tempo, o tempo da esperança”. Na Solenidade da Ascensão do Senhor, o cardeal Steiner pediu que “voltemos também nós, com alegria, a nossa cotidianidade, voltemos com satisfação ao dia a dia, para bem vivermos o dom de sermos participantes de Jesus, já agora…
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Cardeal Steiner: Um Conclave para eleger um Papa “que desse continuidade ao Concílio Vaticano II”

O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, um dos 133 eleitores que participaram da escolha do Papa Leão XIV, partilhou com o clero da arquidiocese suas vivências durante o Conclave e as congregações gerais prévias. Saber o estado da Igreja no mundo Ele iniciou sua partilha com a oração que os cardeais eleitores fizeram antes de entrar na Capela Sistina. Uma oração que, segundo o arcebispo de Manaus, resume o caráter eclesial da eleição do Romano Pontífice. Uma escolha do Papa que foi precedida pelas congregações gerais, onde cada cardeal, que fazia um juramento, podia tomar a palavra. A grande questão desses encontros prévios era “sabermos como a Igreja se encontrava no mundo inteiro”, aparecendo a enorme riqueza expressada pelos cardeais de mais de 70 países, aparecendo como “a Igreja vai se inculturando nas diversas realidades”. O pedido dos cardeais foi que o Papa fosse “alguém que desse continuidade ao Concílio Vaticano II como deu o Papa Francisco”, destacou o cardeal Steiner, ressaltando a necessidade de continuar com suas propostas evangelizadoras. O arcebispo de Manaus mostrou a importância da homilia do cardeal Re no funeral de Papa Francisco, que “tinha conseguido trazer alguns elementos importantes do pontificado de Papa Francisco”, enfatizando que “a reação na Praça de São Pedro àquilo que ele falava, repercutiu depois nas congregações”, dado que “os fiéis sabem por onde a Igreja deve ir”. As congregações gerais foram um momento dos cardeais se conhecerem, de troca de ideias para ir descobrindo o perfil daquele que poderia ajudar a conduzir a Igreja. Toda a Igreja presente no Conclave Depois da Missa pro Elegendo Pontífice, na manhã do dia 7 de maio, os cardeais ficaram isolados na Casa Santa Marta. Na tarde, os cardeais se dirigiram à Capela Paulina, sendo colocados conforme a data de criação de cardeais e conforme as três ordens dentro do Colégio Cardinalício: bispos, presbíteros e diáconos. O cardeal Steiner destacou a quase meia hora de silêncio nesse momento antes do cardeal Parolin dar início ao Conclave e iniciar a procissão até a Capela Sistina. Esse foi para o arcebispo de Manaus o momento mais emocionante, o mais significativo, com o canto da Ladainha de todos os santos, mostrando assim que “toda a Igreja estava presente. Igreja não como organização, mas a Igreja como Reino de Deus, a Igreja como Povo de Deus”. Algo que o cardeal considera muito importante, “porque você está invocando aqueles que já peregrinaram, já fizeram o itinerário, já viveram o Evangelho, já experimentaram a grandeza do Evangelho”, ressaltando que esse é um momento eclesial. Logo em seguida foi invocado o Veni Creator, “de novo esse sentido de que não somos nós que estamos ali, mas é a Igreja”. O fato de os cardeais estar com a veste litúrgica, é explicado por que “não é uma votação, é uma celebração”. Uma longa salva de palmas Ele contou brevemente os elementos que fazem parte das votações, destacando como algo que impressiona o fato de votar na frente do Juízo Final. No quarto escrutínio, quando deu o número de 89 votos, que eram os necessários para ser eleito, uma longa salva de palmas tomou conta da Capela Sistina e todos os cardeais se levantaram. Nesse momento, disse o cardeal Steiner, “você percebe o significado enorme de Pedro para a Igreja católica”. Terminada a recontagem, o cardeal Parolin perguntou ao cardeal Prevost se ele aceitava. Ele aceitou e disse que o nome seria Leão, que posteriormente, já com as vestes de Papa, foi cumprimentado por todos os cardeais e cerimoniários que estavam a serviço. Mesmo tendo trabalhado com o cardeal Prevost, no Sínodo sobre a Sinodalidade, e em um grupo de trabalho criado em torno ao Sínodo, para abordar a questão da nomeação dos bispos, o cardeal Steiner disse que uma vez que ele coloca a veste de Papa, “parece que tem uma autoridade que você antes não via”.  Ele insiste em que o Conclave “é uma experiência única”. Com o jeito latino-americano Do novo Papa, o arcebispo de Manaus destaca que “ele tem muito do jeito latino-americano, é muito simples, no trato muito próximo, é um homem que escuta muito. Não é de falar muito, mas que depois de escutar, encaminha”. Segundo o cardeal Steiner, “essas virtudes vão ajudá-lo a conduzir a Igreja”, ressaltando que “ele irá dar continuidade às iniciativas de Papa Francisco”. O Papa irá reunir os cardeais uma vez por ano, e desde a primeira reunião com os cardeais, no dia 10 de maio, ele quis escutá-los, perguntando o que a Igreja deveria fazer daqui para frente. O cardeal insistiu em que o Papa Leão XIV será alguém que “vai ouvir antes de tomar certas decisões”. Das conversas previas ao Conclave, o arcebispo de Manaus destaca como admirável que “os cardeais tenham insistido que a Igreja precisava de alguém que fosse um pastor e que tivesse profunda experiência de pastoreio numa diocese”, algo que considera bastante decisivo para elegê-lo. Os cardeais, mas que com a procedência do novo Papa, queriam alguém preocupado com “a questão dos pobres, a questão da paz”. Um Papa que escuta Com relação à sinodalidade, o cardeal Steiner disse que no grupo que aborda a questão da eleição dos bispos, o cardeal Prevost tinha insistido na necessidade de ouvir os conselhos pastorais diocesanos para indicar o perfil do bispo que precisa essa diocese. Algo que o arcebispo de Manaus percebeu na fala aos fiéis da diocese de Chiclayo pouco depois de ser eleito, de quem ele disse que tinha aprendido tanto, destacando a questão do sensus fidei. De fato, sendo bispo no Peru, ele ouvia muito às comunidades, ficava anotando as coisas, aprendendo com a experiência de fé que o povo faz nas comunidades, que para o cardeal Steiner é um ensinamento, uma espécie de Magistério. O Papa Leão XIV é visto pelo cardeal Steiner como alguém do meio dos pobres, afirmando que “quem viveu no meio dos pobres não sai o mesmo”. Mais do que unidade, o arcebispo de Manaus disse que…
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REPAM lança curso virtual “Água e Vida na Pan-Amazônia: Resistência, Direitos e Esperança”

Iniciativa fortalece a campanha “Água: vida, direitos e futuro na Amazônia” e promove formação aberta sobre os desafios e lutas em defesa das águas amazônicas A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, por meio do Núcleo Justiça Socioambiental e Bem Viver, em articulação com o Núcleo de Direitos Humanos e Incidência Internacional, lança o curso virtual “Água e Vida na Pan-Amazônia: Resistência, Direitos e Esperança”. A atividade integra as ações da campanha continental “Água: vida, direitos e futuro na Amazônia”, com o objetivo de oferecer um espaço formativo sobre a realidade da água nos territórios amazônicos, as violações de direitos sofridas pelos povos da região e as experiências de resistência e defesa desse bem essencial. O curso, que é gratuito e aberto ao público de toda a Pan-Amazônia e demais países da América Latina e Caribe, acontecerá em sete sessões virtuais, sempre às quartas-feiras, entre os dias 18 de junho e 30 de julho de 2025, via plataforma Zoom, com transmissão simultânea pelo canal da REPAM no YouTube. A programação conta com a participação de lideranças indígenas, especialistas, pesquisadores e agentes pastorais que atuam diretamente nos territórios amazônicos. Os encontros abordarão temas como: ecologia integral e justiça socioambiental, dados científicos sobre a situação da água na Pan-Amazônia, casos de violações de direitos, legislações emergentes e propostas políticas, além de experiências territoriais de luta e esperança. Entre os convidados e convidadas já confirmados estão Mari Luz Canaquiri (povo Kokama – Peru), Tania Ávila (Bolívia), Prof.ª Márcia Oliveira (Brasil), José Manuyama (Comitê de Defesa da Água), Barbara Fraser (Vigária da Água – Peru), entre muitos outros nomes representativos do compromisso com os direitos socioambientais na região. A iniciativa conta com a parceria de organizações como a Vicaría del Agua (Peru), o Centro de Innovación Científica Amazónica – CINCIA (Peru), o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES (Brasil), e a Cátedra Laudato Si’ da Universidade Católica de Pernambuco (Brasil). A certificação do curso será apoiada pela Associação de Universidades Confiadas à Companhia de Jesus na América Latina – AUSJAL. Segundo os organizadores, o curso busca fortalecer redes de cuidado com a Casa Comum, formar lideranças e ampliar a consciência sobre os riscos e desafios que ameaçam as águas da Pan-Amazônia, patrimônio dos povos e da biodiversidade. As inscrições estão abertas e podem ser feitas por meio do link: Formulario de inscripción – Formulário de inscrição REPAM

Pastoral Familiar Regional Norte 1 participa no 15º Simpósio e Peregrinação Nacional em Aparecida

O 15º Simpósio e Peregrinação Nacional das Famílias, realizado nos dias 24 e 25 de maio de 2025 no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida (SP), marcou um momento significativo para a Igreja no Brasil. Com o tema “Família peregrina de esperança” e o lema “Alegres na esperança”  (Rm 12,12), o evento reuniu várias  famílias e agentes pastorais de todo o país, incluindo uma delegação do nosso Regional Norte 1, composta pelo casal vice-coordenador regional (Francisco e Lúcia), pelo casal coordenador da Pastoral Familiar da Arquidiocese de Manaus (Márcio e Angélica) e pelo assessor eclesiástico regional e arquidiocesano (Fr. Faustino). O simpósio contou com uma agenda rica em formação e espiritualidade com palestras inspiradoras. O Padre Reginaldo Manzotti abordou a “Espiritualidade na Família como fonte de esperança”, enquanto Padre Chrystian Shankar discorreu sobre o papel da família como “protagonista da esperança no mundo atual”.  Dom Moacir Arantes mediou uma roda de conversa com adolescentes, destacando seu papel como agentes de transformação. No domingo, 25 de maio, a delegação do Norte 1 uniu-se aos vários fiéis na Santa Missa no Santuário Nacional, encerrando o evento com um compromisso renovado de levar a esperança às famílias. A participação da equipe do Regional Norte 1 destacou-se pelo compromisso com a formação e a espiritualidade familiar. O casal vice-coordenador regional, casal coordenador arquidiocesano e o assessor eclesiástico, acompanharam ativamente as palestras e atividades, reforçando a missão evangelizadora das famílias em suas comunidades locais, refletindo sobre os desafios e alegrias da vida familiar contemporânea, alinhando-se às diretrizes nacionais da Pastoral Familiar. A experiência em Aparecida fortaleceu os laços entre a Pastoral Familiar do Norte 1 e as iniciativas nacionais, como o XVII Congresso Nacional da Pastoral Familiar, previsto para setembro (12 a 14) em João Pessoa (PB) . Os participantes levarão aos seus regionais os testemunhos e aprendizados, promovendo ações locais alinhadas ao tema da esperança e ao Jubileu da Esperança, que permeia 2025. A presença da delegação do Norte 1 no 15º Simpósio reforçou a importância da unidade nacional da Pastoral Familiar e a missão de cada família como “Igreja doméstica”. A vivência em Aparecida não apenas alimentou a fé dos participantes, mas também os motivou a ser, em suas dioceses, sinais concretos da alegria e da esperança que emanam do Evangelho.   Fr. Faustino, TOR

Continuamos caminhando… Encontro da Nação Magüta

O leito do rio jogou a nosso favor, novos rostos de grande admiração e aqueles que já são uma canção, que soa e pulsa ao ritmo do tutu e do badalar do sino. Assim, nos dias 22, 23 e 24 de maio de 2025, teve início o encontro da Igreja com Rosto de Magüta “Encontro Cultural Internacional”. Irmãos da Nação Magüta, localizada na Tríplice Fronteira amazônica entre Peru, Colômbia e Brasil, participaram do evento. Com a participação ativa e animada de 40 pessoas, entre participantes e equipe de animação do evento. Tenho um compromisso na reserva indígena Umariazu, Brasil. Este encontro indígena da Nação Magüta nasceu como um espaço vital para fortalecer nossos conhecimentos tradicionais, arte, língua e práticas ancestrais, pilares fundamentais de nossa organização política, social, espiritual, territorial e cultural. Nesse ambiente de diálogo e encontro, abrimos caminhos para palavras e pensamentos, criando um espaço para o diálogo intergeracional e intercultural, onde anciãos, acadêmicos, jovens, crianças e aliados compartilham experiências e perspectivas sobre o processo organizacional da nossa nação. Um dos temas centrais deste encontro foi fortalecer o uso e o ensino da língua magüta, não apenas como forma de comunicação, mas também como ferramenta viva de transmissão de conhecimentos ancestrais que nos unem ao nosso território e aos nossos mais velhos. Da mesma forma, buscamos resgatar e valorizar nossas tradições orais, danças, músicas e artesanatos, expressões que dão vida à nossa identidade e enriquecem o tecido cultural da Amazônia. A participação ativa de toda a Nação Magüta, desde suas comunidades até suas organizações, para que este encontro reflita o compromisso coletivo de defender nossa memória, afirmar nossos direitos e dar continuidade ao nosso legado como povo indígena da Tríplice Fronteira amazônica. Os ecos dos participantes que podemos ler abaixo: – O mais importante é conhecer a nossa cultura, os nossos territórios centrais, os nossos filhos e avós. Sabendo que temos tradições como um grupo étnico como La Pelazón. Isso não pode nos faltar e temos que cuidar disso. Devemos também cuidar do nosso território, como a Selva; dela podemos nos alimentar e obter nossos remédios. Não se esqueça de que as crianças vêm depois de nós, e temos que orientá-las para que saibam de onde viemos. Outra coisa muito importante é saber tudo o que os avós podem nos dizer e dizer com suas palavras, a palavra que eles ensinam. Não podemos esquecer os clãs que são o nosso sangue. Obrigado, Moenchi. Pedro Nel Community Progress Colômbia. – Boa noite, primeiramente gostaria de agradecer a Deus. Meu nome é Gelcilene e estou participando desta reunião. É muito bom para mim; Sou estudante e isso me ajuda a continuar avançando e aprender mais sobre nossa cultura como povo, e saber mais é importante para conhecer nossas origens. Comunidade Gelcilene Umariazu Brasil. – As reuniões são muito importantes; elas nos ajudam a aprender e compartilhar cada um dos nossos costumes e tudo o que fazemos em cada país. O mais importante é que essas reuniões nos ajudem a avançar para nos tornarmos uma nação Maguta, onde somos todos irmãos e irmãs. Comunidade Roberto Yahuma Peru – Esses dias tive meu primeiro encontro com Magüta. Foi um encontro cultural onde fui recebido de braços abertos desde o primeiro momento. A distância criada pela falta de compreensão do idioma é encurtada pela experiência vivencial por meio da qual eles compartilham seu conhecimento, sua sabedoria e seu entendimento. Foi importante para mim não só porque aprendi mais sobre a cultura deles, mas porque ampliou minha compreensão do transcendente, do sagrado. Grato pela oportunidade de compartilhar. María Victoria Cisneros, Missionária Lassalista da Argentina. Este encontro não foi apenas uma reunião, mas um profundo ato de afirmação cultural e fortalecimento espiritual (conhecimento) da Nação Magüta. Ao compartilhar palavras, canções, danças, línguas e arte, reafirmamos que nosso conhecimento ancestral permanece vivo e continua a guiar nosso caminho como povos indígenas. O diálogo intergeracional permitiu construir pontes entre as memórias dos mais velhos e a energia das gerações mais novas, garantindo a continuidade da identidade coletiva. Fortalecer o uso da língua magüta, conscientizar sobre as expressões culturais e renovar nosso compromisso com nossa própria organização política e territorial nos permite projetar-nos poderosamente no futuro sem perder as raízes que nos sustentam a todos como irmãos e irmãs da mesma nação magüta. Assim, este encontro se torna uma semente e um canto: semeamos memória para que o futuro do nosso povo floresça, com dignidade, unidade e sabedoria. Equipe Facilitadora 2025

Seminário das Pastorais Sociais Regional Norte 1: Esperançar no cuidado da Casa Comum

No Jubileu da Esperança, que nos diz que “a Esperança não decepciona”, o Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte 1 reuniu na Maromba de Manaus, de 23 a 25 de maio de 2025, na comemoração de 10 anos da Laudato si’, 120 coordenadores/as das Pastorais e Organismos, representantes das igrejas locais e lideranças, para refletir sobre o tema: “No chão da Amazônia: caminhos no cuidado da Casa Comum”. Um caminho de décadas Uma oportunidade para esperançar, a partir das vivências dos povos e da Igreja da Amazônia, que peregrinam, construindo uma Igreja com rosto amazônico, um modo que foi tomando forma em Santarém 1972 e que teve na Laudato si’ um forte incentivo. Um tempo de aprendizado, inspirado na Palavra de Deus Criador, mas também na caminhada eclesial, nascida no Concilio Vaticano II e que foi dando passos em Medellin, Santarém, Aparecida, o Sínodo para a Amazônia… Uma Igreja encarnada e libertadora, sustentada nos saberes ancestrais, no Bem Viver. Uma Igreja que sonha, com uma eclesialidade sinodal, uma espiritualidade ecológica, o diálogo intercultural. Sonhos que tem os pés no chão, uma atitude que leva a não subestimar a realidade, a aprofundar, a entender que do lugar onde sonhamos transbordam desafios, surgidos no mundo atual, adoecido, com dissonância cognitiva, em um cenário de violências, marcado pelos dramas contemporâneos. Gerar esperança É nessa realidade que o Seminário das Pastorais Sociais chamou a esperançar, a descobrir os sinais dos tempos, o bem que existe no mundo. Um chamado que também é pelo estabelecimento da paz e o cessar das guerras, por “sonhar que as armas se calem”. Um chamado a estar abertos à vida, criando uma aliança social em prol da esperança para os presos, pedindo anistia e perdão, abolir a pena de morte; esperança para os doentes, aliviados pela proximidade dos outros; esperança aos jovens; esperança aos migrantes; esperança aos idosos; esperança aos pobres. Um esperançar que tem que nascer de cada pessoa, do fato de ir crescendo o número de pessoas que assumem e participam das Pastorais Sociais, com a genialidade das mulheres, aproveitando a capilaridade do laicato e a riqueza de experiências, ministérios, grupos, atividades e projetos de cuidado do meio ambiente que se vivem e são assumidos em tantos espaços do Regional Norte 1. Partilha de experiências O Seminário tem sido momento de partilha de inúmeras experiências que iluminam a vida da Igreja e da sociedade, que levam a reaprender o lugar da humanidade na Criação e a relação entre o ser humano e todas as criaturas. Tudo isso sustentado no cuidado, na capilaridade e na sinodalidade, que leva a acolher as audácias do Espírito, a assumir as experiências que ajudam na articulação, a reconhecer a riqueza de atuação predominantemente feminina, a descobrir a riqueza do diálogo com os saberes dos povos da Amazônia, com suas cosmovisões, a aprofundar o conhecimento dos dinamismos e mecanismos presentes nos grupos de interesse por trás da exploração da Amazônia. Uma realidade que demanda investimento em processos de formação, em parcerias, em incidência, que faz valer a própria posição enquanto agentes sociais. Para isso é necessário estabelecer metas claras, destacar o alcance das boas práticas, assumir uma evangelização que alcance o humano, fortalecer as ações e socializar aprendizados. Junto com isso o Seminário propus algumas ações: celebrar o Jubileu da Terra, das Águas e dos Povos, se envolver na COP. subsídios locais simplificados e com dados locais, investir em comunicação, integrar a Cúpula dos Povos, encontros diocesanos pré e pós COP. Não pode ser esquecido, seguindo a Bula do Jubileu, que “o Jubileu há de ser um Ano Santo caraterizado pela esperança que não conhece ocaso, a esperança em Deus. Que nos ajude também a reencontrar a confiança necessária, tanto na Igreja como na sociedade, no relacionamento interpessoal, nas relações internacionais, na promoção da dignidade de cada pessoa e no respeito pela criação. Que o testemunho crente seja fermento de esperança genuína no mundo, anúncio de novos céus e nova terra (cf. 2 Ped 3, 13), onde habite a justiça e a harmonia entre os povos, visando a realização da promessa do Senhor”. Perspectiva do cuidado O Seminário ajudou, a descobrir “as dinâmicas que mexem com a realidade com a qual a gente lida, nessa perspectiva do cuidado”, segundo o bispo auxiliar de Manaus, dom Zenildo Lima. Um tempo para “uma memória também das nossas percepções”, que mediante o discernimento são descobertas as intervenções necessárias. Mas também momento para fazer memória de “décadas de cuidado, de uma evangelização de cuidado da casa comum”, disse o bispo. Um caminho de fé, “que nos move, que nos movimenta, que nos impulsiona”, que conduz por um caminho ético. Tudo expressado em linguagens diversos, sinal do potencial que faz parte da vida do povo e da Igreja da Amazônia, que em sua capilaridade se faz presente em tantos locais com um agir incidente, mas que é desafiado a ser mais articulado e esperançador. Para isso, “a nossa fé pode ser uma ferramenta, um instrumento de linguagem e não um instrumento que dificulta a relação entre os povos e entre as sensibilidades religiosas”, enfatizou dom Zenildo Lima. Ele pediu uma mudança nas dinâmicas, nos modos de viver, que ajude a inaugurar algo totalmente novo, a exemplo daquilo que Jesus fez. A partir de uma fé bíblica, no Reino de Deus, como homens e mulheres comprometidos com as pastorais e com o cuidado da casa comum como algo assumido por todos.

Seminário das Pastorais Sociais Regional Norte 1: Formação para o cuidado da Casa Comum

As Pastorais Sociais do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1) realiza seu seminário de 23 a 25 de maio de 2025 na Maromba de Manaus. O tema é “No chão da Amazônia: caminhos no cuidado da Casa Comum”, tendo como lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn. 1,31). Objetivos Um seminário que procura “contribuir na formação de lideranças para atuar no cuidado da Casa Comum, à luz dos documentos Laudato Sí, Laudate Deum, Querida Amazônia, Doc. De Santarém, Texto base da CF 2025 e dos ensinamentos propostos no Jubileu da Esperança 2025”. Junto com isso, o seminário quer fortalecer as ações de cuidado com a ecologia integral, na defesa e promoção da Vida; promover o diálogo acerca da Ecologia Integral entre as pastorais sociais; socializar aprendizados adquiridos no processo de formação e das experiências compartilhadas favorecendo maior integração entre as pastorais sociais do Regional Norte 1; e propor caminhos para o fortalecimento das ações que contribuem para a ecologia integral na Amazônia que se entrelacem à vivência do Jubileu ordinário da Esperança. Como é costume nos últimos anos no Regional Norte 1 da CNBB, o Seminário das Pastorais Sociais é um momento de reflexão ligada à temática da Campanha da Fraternidade. Com a assessoria do padre Dário Bossi, assessor da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora, o Seminário conta com 120 participantes, coordenadores/as das Pastorais e Organismos, representantes das dioceses e prelazias e lideranças, sendo o número maior os participantes da arquidiocese de Manaus. O assessor apresentou a trajetória histórica da temática do cuidado da casa comum nos documentos da Igreja, especialmente no Sínodo para a Amazônia. Oficinas e Feira da Solidariedade No Seminário acontecem seis oficinas que tem a ver com a temática da casa comum, desde diversas perspectivas e possibilidades de cuidado, como a espiritualidade ecológica, a raiz humana da crise ecológica, com foco na fraternidade e na missão. Se busca que todas as Pastorais Sociais reflitam, verifiquem o que podem fazer nas igrejas locais. Durante o Seminário acontece a Feira da Solidariedade, aberto ao público, sendo expostos trabalhos que são realizados de forma artesanal, reaproveitando resíduos, pelos grupos nas comunidades, sendo expressão de cuidado pela Casa Comum. Se busca com isso despertar para essas atitudes e ter uma consciência maior. No Seminário serão partilhadas algumas ressonâncias sobre a Pre-COP,  e serão aprofundadas algumas questões sobre a COP 30, mostrando o que é esse evento, o objetivo e papel de cada pessoa diante da COP. A fé é cuidado com tudo O Seminário é uma oportunidade para “trazer essa temática do zelo pela casa comum nas Pastorais Sociais, trabalhando, discutindo, refletindo o papel de cada um”, segundo Marcela Amazonas, pesquisadora do INPA e missionária na Comissão de Ecologia Integral da Arquidiocese de Manaus. Ela destaca que “nossa fé vivida não só na ação missionária de evangelização, mas também a partir desse cuidado com tudo que está na nossa Amazônia, porque tudo está interligado”. Um Seminário que é muito importante para “nós mulheres, porque ele renova a nossa espiritualidade, fortalece o crescimento da mulher dentro da sociedade, em casa, no trabalho”, afirma Maria do Socorro da Silva, do Rio Arari, Paróquia Cristo Rei, na Prelazia de Itacoatiara. Um momento para fortalecer a caminhada na Igreja através de conhecimento e da espiritualidade da Palavra de Deus.

Aos pés do Cristo Redentor, a RUC clama pelo “exercício da justiça ecológica, social e ambiental”

Aos pés do Cristo Redentor, cartão-postal do Rio de Janeiro, onde se reuniram de 20 a 24 de maio de 2025, na Pontifícia Universidade Católica, integrantes da Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC) lançaram um chamado global por justiça climática. Foi uma oportunidade para “impactar e exigir com firmeza o cuidado da nossa casa comum, que inclui todos os seres humanos, incluindo os descartados e os desempregados”, nas palavras da secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina, Emilce Cuda. Uma voz coletiva diante da urgência global As 230 universidades públicas, privadas, seculares e religiosas das Américas e da Europa, a caminho da COP30 em Belém, levantaram “uma voz coletiva em resposta à urgência global”. Eles o fazem 10 anos depois da Laudato si’, momento em que se comprometem a fortalecer o caminho iniciado em 2023 com o Papa Francisco, que “os chamou a organizar a esperança” Os membros da RUC insistem que “a crise climática não é uma ameaça futura: é uma realidade presente que tem maior impacto sobre os povos e territórios mais vulneráveis“. Uma realidade que obriga as universidades a agir, dada sua “responsabilidade ética, científica, pedagógica e institucional de agir”. Dívida pública e dívida ecológica O texto faz “um apelo urgente ao exercício efetivo da justiça ecológica, social e ambiental que atenda aos clamores da Terra e dos povos mais desfavorecidos“. Ao mesmo tempo, propõem “que os Estados, as organizações multilaterais e os atores financeiros globais promovam, no âmbito do Acordo de Paris, o equilíbrio entre a dívida pública dos países menos industrializados e a dívida ecológica dos países mais desenvolvidos”. A RUC convida todos os setores da sociedade a construir diversas pontes de integração, “por meio da escuta atenta e do diálogo sincero, para concordar com estratégias globais de cuidado compartilhado”. A partir daí, eles se comprometem a “fortalecer uma educação transformadora que integre as dimensões ecológica, social, econômica, cultural e espiritual do desenvolvimento sustentável, abraçando a complexidade do presente e educando novas gerações capazes de habitar o mundo com responsabilidade, criatividade e justiça”. Tudo isso porque “não há justiça social sem justiça ecológica. Não há futuro sem comprometimento”. A voz do CELAM Esses compromissos também são assumidos pelo Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (CELAM), como afirmou seu secretário-geral, Dom Lizardo Estrada, que disse que “não podemos mais ignorar que vivemos uma única crise, tanto climática quanto social“, que ele vê como “uma questão de justiça, de vida e de fé”. Diante da grave realidade que enfrentamos, que considera “um sintoma visível de uma profunda desordem antropológica e social”, o CELAM enfatiza que “não podemos permanecer em silêncio quando nossos povos sofrem deslocamentos, doenças e a perda de suas raízes e cultura como consequência direta da degradação ambiental. A destruição de ecossistemas é, em sua essência, mais uma forma de violência contra a dignidade humana“. Cuidando da vida Portanto, “cuidar do meio ambiente é cuidar da própria vida, porque não há saúde nem futuro sem uma Terra habitável”. Nessa perspectiva, Dom Lizardo Estrada enfatizou que “o chamado a uma ecologia integral implica uma conversão pessoal e estrutural”, convocando as universidades, “coração pensante de nossas sociedades, semeadoras de esperança e transformadoras do presente”, a irem além dos gestos simbólicos e assumirem “com coragem a missão de proteger a criação como expressão concreta do respeito à vida e da defesa da dignidade de cada pessoa”. “É hora de agir, de dar o exemplo, de viver com sobriedade e de exigir com justiça um novo modelo de desenvolvimento centrado no bem comum”, enfatizou. Tudo isso sem perder a esperança, que “não é ingenuidade nem resignação, mas uma força ativa que nos impulsiona a construir algo novo”. Para isso, ele pediu a Deus “força, sabedoria e compaixão para responder com coragem profética ao desafio ecológico do nosso tempo”.

II Encontro da RUC encerra seus trabalhos com sinais de esperança em vista da COP 30

A 10 anos da Laudato si´ a Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC) está reunida na Pontifícia Universidade Católica de Rio de Janeiro (PUC-Rio) de 20 a 24 de maio de 2025, para, em preparação para a COP 30, refletir sobre “Dívida Ecológica e Esperança Pública”. O ponto de partida tem sido os quatro sonhos da Querida Amazônia, sendo o sonho ecológico, abordado na perspectiva da economia, o tema de debate da quarta jornada de trabalho. Métodos criativos para proteger a natureza No I Encontro da RUC, realizado no Vaticano em 2023, Francisco advertia sobre os pequenos grupos que fazem mal uso da herança comum, escravizando as pessoas, povos inteiros que ficam pelo caminho como se eles fossem lixo. Algo que é consequência do uso dos recursos naturais apenas por pequenos grupos por meio de teorias socioeconómicas que não integram a natureza, que precisa de métodos muito criativos para protegê-la. Abordando o tema da Dívida Pública e Ecologia, foram apresentadas algumas experiencias, como o realizado em Nova Iorque, no Bronx, de acompanhamento a comunidades que sofrem economicamente e ecologicamente. No caso do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam), isso se concretiza em um trabalho em rede, segundo seu secretário geral, dom Lizardo Estrada, um caminho de comunhão entre a Igreja do continente e o Papa. O bispo peruano destacou a importância do cuidado da Casa Comum, um convite constante no Papa Francisco. Nessa perspectiva se faz necessário refletir sobre a justiça social, segundo o padre Roman Pardo, da Pontifícia Universidade de Salamanca, que tem a ver com a dívida social, histórica e ecológica, consequência de desvantagens que fazem parte dos países pobres. Importância da Laudato si´ Refletindo sobre “A caminho de uma Possível Remissão da Dívida”, o cardeal Leonardo Steiner destacou a importância da Laudato si´, que abordou a partir de quatro provocações: Hermenêutica da totalidade; pensar calculante e poético; o movimento da palavra economia; e Eco-nomia como esperança. Se faz necessário novas hermenêuticas, assumir que “a conversão ecológica afina a relação entre a natureza e a sociedade”. Somos desafiados a entender, seguindo as cosmovisões indígenas, que a casa é “onde se vive”, mas também ficar atentos diante da tecnologia, muitas vezes submissa ao lucro, que “permite viver melhor, comunicar e ter muitas vantagens, mas alerta para o risco de ela se tornar reguladora, se não dominadora, da vida, se torne um modo de pensar que domine as relações humanas”. Não podemos ignorar que “os recursos da terra estão a ser depredados também por causa de formas imediatistas de entender a economia”. Algo que tem a ver com a maximização do lucro, com uma economia que mata. Por isso, “a Laudato si´é um convite a procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada criatura”, enfatizou o cardeal. No caminho de Rio a Belém se faz necessário falar de dívida e como impacta a países em desenvolvimento. Ninguém pode ignorar que a crise climática foi criada por países ricos e será mais sentida por países pobres, o que tem que levar a refletir sobre o conceito de justiça, dada a falta de esperança presente em países muito endividados. Reflexões presentes no trabalho em grupos que querem levar sinais de esperança à COP 30, com propostas concretas que devem ser trabalhadas e sistematizadas em vista de influir nesse importante espaço de decisão. Necessidade de cuidar da Casa Comum O desafio é levar a mensagem a todos os níveis, que mostre que a necessidade de cuidar da Casa Comum. Para isso se faz necessário estar unidos, também nas ações, na mudança de pensamento, ser muitos e mais fortes, com mensagens claros para mudar aquilo que Papa Francisco pediu à RUC. Tudo isso sob valores comuns, éticos, de direitos, que levem a recuperar a esperança e a construir maiorias que possam construir um mundo melhor. Deve ser delineado um marco jurídico a propor à COP, mas também gerar nos estudantes universitários o desejo de lutar pelos direitos da Casa Comum. A hora é de tomar decisões, a hora é de implementar, e essa deve ser uma exigência na COP 30. Não podemos ignorar que a universidade ocupa um lugar preferente na sociedade. Um sentimento que gera esperança de cara à COP 30, mas também na toma de consciência das universidades.

Cardeal Steiner chama a “Uma mudança na economia que se tornou reguladora, dominadora da vida”

O sonho ecológico em uma perspectiva econômica foi o ponto de reflexão no quarto dia do II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum, que acontece de 20 a 24 de maio de 2025 na Pontifícia Universidade Católica de Rio de Janeiro (PUC-Rio). Um congresso em torno a Laudato si´, que “depois da Pacem in Terris de São João XXIII, talvez, tenha sido o documento da Igreja com maior repercussão e de valor para o espaço e tempo em que vivemos”, segundo o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, que refletiu sobre “A caminho de uma Possível Remissão da Dívida”. Vivemos numa Casa Comum Um texto pontifício que representa “um horizonte que se abriu, mas que ainda necessita de provocações, debates, para perceber que vivemos numa Casa Comum”, segundo o arcebispo. Ele agradece a Papa Francisco “por nos ter ofertado essa pérola preciosa”, um documento que “foi decisivo nas discussões da COP de Paris”. O cardeal fez quatro provocações: Hermenêutica da totalidade; pensar calculante e poético; o movimento da palavra economia; e Eco-nomia como esperança. Segundo o arcebispo, em Querida Amazônia, “os quatro sonhos, as quatro dimensões, oferecem a totalidade do modo de ser, de viver, uma hermenêutica da totalidade”. Uma encíclica que “é essencialmente o cuidado com o todo!”, abordando a questão econômica como “dinâmica da convivência, desestruturando a Casa comum”. Ele lembrou as palavras dos bispos da Amazônia em Santarém 1972: “para uma verdadeira encarnação e libertação!” Segundo o arcebispo de Manaus, a hermenêutica da totalidade “possibilita uma outra hermenêutica da narração do Génesis, que convida a ‘dominar’ a terra”, fazendo um chamado a “cultivar e guardar”, abrindo assim “a uma conversão de relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza (LS 67)”. Um cuidado que nessa hermenêutica é individual e comunitário, que faz necessário “considerar as interações dos sistemas naturais entre si e com os sistemas sociais”, entender que a crise é socioambiental, que “a conversão ecológica afina a relação entre a natureza e a sociedade”, que “despertar a sensibilidade de que participamos da natureza e que a recebemos como casa comum, possibilita uma relação nova de acolhida, respeito, reverência, irmandade”. Nessa hermenêutica da totalidade somos chamados a “reaprender a habitar”, com novas relações. Essa hermenêutica desafia a “uma mudança na economia que se tornou reguladora, dominadora da vida”, que se abre à admiração. A essência do ser revelada através da linguagem O cardeal Steiner refletiu sobre a Eco-nomia a partir do pensamento de Martin Heidegger, para quem “a essência do ser é revelada através da linguagem, e a linguagem é o lugar onde o ser se manifesta e se expressa”. Isso nos leva a entender que “estamos sendo movidos pela palavra, vamos percebendo uma totalidade que se desfaz, uma totalidade que se mantém pela teimosia da esperança, com palavras”. Uma casa que no mundo indígena é “onde se vive”, que leva a entender a Casa Comum, termo acunhado por Francisco, como “a espacialidade para servir”. O segundo modo de conhecer, segundo o cardeal, seguindo o pensamento de Romano Guardini “fazem as energias e as substâncias convergirem para um único fim: a máquina, desenvolvendo uma tecnologia da submissão do ser vivo, mas também para o econômico, o lucro. A tecnologia permite viver melhor, comunicar e ter muitas vantagens, mas alerta para o risco de ela se tornar reguladora, se não dominadora, da vida, se torne um modo de pensar que domine as relações humanas”. O grande perigo é que “o homem perde todos os laços interiores que lhe conferem um sentido orgânico da medida e das formas de expressão em harmonia com a natureza”. E junto com isso, o perigo de entrar na lógica do “se pode ser feito, é lícito”, de entrar no pensar da máquina, do “pensar calculante”, como afirmava Heidegger, algo que tem muito a ver com a Inteligência Artificial. Perigos da economia imediatista Nessa perspectiva, o cardeal falou sobre a economia como esperança, que leva a refletir sobre o fato de que “os recursos da terra estão a ser depredados também por causa de formas imediatistas de entender a economia”. Algo que tem a ver com a maximização do lucro, que entende a relação com o meio ambiente desde os interesses particulares, “o interesse econômico, chega a prevalecer sobre o bem comum e manipula a informação para não ver afetados os seus projetos”. Uma dinâmica que faz com que “os grupos econômicos tomaram conta do poder político e impõe retrocessos em relação ao meio ambiente”, segundo o arcebispo de Manaus. A Encíclica, afirma o cardeal, “demonstra a relação doentia entre tecnologia-economia e meio ambiente”, dado que “o que conta é o lucro, o ganho financeiro”. Uma economia que mata que destrói o meio ambiente e assassina os defensores ambientais, como aconteceu com Dom e Bruno no Vale do Javari, que está atrás do Marco Temporal, do garimpo ilegal. Só existe um interesse: o dinheiro. Diante disso, aprender com os povos originários, de sua capacidade para fazer economia em harmonia com o meio ambiente. Nesse sentido, “a Laudato si´é um convite a procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada criatura”. Restabelecer a Justiça de Deus A esperança, presente no Ano Jubilar, é devolver, perdoar dívidas como uma questão de justiça, como caminho da Paz, buscando restabelecer a justiça de Deus nos diferentes âmbitos da vida. Daí o chamado que ele faz a ver o Jubileu como “um acontecimento que impele a procurar a justiça libertadora de Deus em toda a terra e sentimo-nos chamados denunciar tantas situações de exploração da terra e de opressão dos pobres”. Algo que tem que se traduzir em gestos concretos. Provocações que são “um chamamento inicial para sinodalmente deixar ecoar o meio ambiente numa economia servidora, não exploradora”, com uma mudança cultural, que nos leve a descobrir que “somos todos devedores, mas também todos necessários uns aos outros”. Isso porque “Deus confiou aos nosso cuidado da obra criada, deu a vocação de…
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