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Categoria: Notícias

Frei Paolo Maria Braghini: Após 26 anos de missão entre os Ticunas volta para Itália

Os 26 anos de missão de frei Paolo Maria Braghini entre os Ticunas de Belém do Solimões é motivo de gratidão e profunda admiração para a diocese de Alto Solimões. Nascido na Itália, o frade capuchinho tem dedicado sua vida missionária, com coração franciscano, ao povo Ticuna, o mais numeroso da Tríplice Fronteira Colômbia, Peru, Brasil, países em que vive esse povo indígena. No coração da Amazônia, com humildade, coragem e fé, frei Paolo fez-se irmão, amigo e servidor deste povo indígena, partilhando suas alegrias, dores, lutas e esperanças. Sua presença constante e amorosa ajudou a fortalecer a identidade cultural e espiritual dos Ticunas, promovendo não apenas a evangelização, mas também o respeito às tradições e à dignidade humana. Ao longo desses 26 anos, frei Paolo não apenas anunciou o Evangelho com palavras, mas o viveu com gestos concretos de amor, solidariedade e justiça. Seu testemunho de vida é sinal de esperança e exemplo luminoso de missão encarnada, se identificando plenamente com a cultura e aprendendo a língua ticuna, que ele introduziu na vida pastoral, litúrgica e espiritual desse povo. A diocese de Alto Solimões pede que sua caminhada continue sendo abençoada, e que sua história entre os Ticunas inspire novas vocações missionárias a se doarem com o mesmo zelo e entrega ao Reino de Deus. Antes de voltar para Itália o frade visitou o Seminário São José da arquidiocese de Manaus, onde se formam os seminaristas da diocese de Alto Solimões, entre os quais estão vários ticunas. Fomentar as vocações indígenas entre esse povo indígena foi uma das suas preocupações. No dia em que a Igreja celebrou a memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, ele presidiu a celebração da Eucaristia, momento em que os seminaristas puderam escutar e partilhar um pouco de sua rica experiência missionária na diocese de Alto Solimões. Frei Paolo Braghini exortou os seminaristas com palavras fortes e cheias de vida: “Não sejam estéreis, mas fecundos. Sejam santos, capazes de santificar o povo (os outros).” Os seminaristas da diocese de Alto Solimões se despedem do frade com gratidão, pedindo a intercessão de Maria Santíssima para que o acompanhe e ilumine em sua nova missão. Eles agradecem a vida doada com tanto amor nestes 26 anos à Igreja local de Alto Solimões, em particular aos Ticunas.

Pentecostes 2025 em Manaus: Uma celebração de esperança

Pentecostes pode ser considerada a grande festa católica na cidade de Manaus. Milhares de pessoas, 70 mil segundo números oficiais dos Bombeiros do Estado do Amazonas, chegadas das comunidades, áreas missionárias, paroquias, pastorais e movimentos, se reúnem desde 1998 no Sambódromo para invocar o Espírito Santo, com o tema “No Espírito Santo, Peregrinos de Esperança”. Protagonismo da Juventude Em um clima de grande festa, perceptível nos rostos dos presentes, iniciou uma longa procissão de entrada, com protagonismo especial para a Juventude, que na arquidiocese de Manaus está celebrando seu Sínodo e que na celebração de hoje foi convocada pelo arcebispo para a Assembleia Sinodal, que será realizada de 05 a 08 de dezembro, com a participação de 450 jovens e 60 adultos. Uma oportunidade, como diz a carta de convocação, que recorda o caminho percorrido ao longo de dois anos, para “discernir juntos os traços de novos caminhos”. Para isso, “conduzidos pelo Espírito Santo queremos viver nossa missão como Igreja de rosto amazónico, sinodal e profético”. Presença do arcebispo, bispos auxiliares e eméritos A celebração, presidida pelo arcebispo, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, contou com a presença dos bispos auxiliares, dom Zenildo Lima, dom Hudson Ribeiro e dom Samuel Ferreira de Lima, e dos bispos eméritos, dom Mário Pasqualotto, e dom Luiz Soares Vieira, recentemente retornado para morar em Manaus, algo que o cardeal destacou no início de sua homilia, mostrando grande alegria pela presença do arcebispo emérito, uma alegria expressada pelo povo manauara com sonoras palmas. O arcebispo de Manaus ressaltou como é bonito poder celebrarmos juntos Pentecostes, “podermos louvar e bendizer a Deus pelo Espírito Santo que recebemos”. O cardeal Steiner questionou: “Ah não fosse o Espírito Santo, o que seria da Igreja? O que seria das nossas comunidades?”. Isso, porque “foi o Espírito que conduziu a Igreja através dos séculos, nos seus momentos mais difíceis. Nos seus momentos de pecado foi Ele que conduziu e continua a conduzir. E nós o experimentamos”, salientou o presidente da celebração. Peregrinos de esperança Lembrando o texto do Evangelho lido na celebração, o arcebispo recordou que Jesus enviou o Espírito Santo, sublinhando que todos nós recebemos no Batismo e na Crisma, destacando quantos adultos se crismaram ultimamente na arquidiocese de Manaus, “porque descobrem a beleza, a nobreza do Espírito Santo”. Segundo o cardeal Steiner, “foi soprado sobre nós o Espírito, um espírito novo, um espírito de justiça, um espírito de esperança”, afirmando que “por isso somos todos peregrinos, peregrinas de esperança, porque foi soprado sobre nós, foi ungido em nós o Espírito Santo”. “É por isso que peregrinamos neste mundo, caminhamos neste mundo com esperança, porque recebemos o sopro do Espírito, a vida nova”, disse o cardeal. Ele, recordando que na primeira leitura falava do vendaval do Espírito, recordou as palavras de Papa Francisco em uma festa de Pentecostes, quando disse que “o vento era forte, mas não destruidor, era forte o fogo, mas não destruidor”. Segundo o arcebispo de Manaus, “o vento que recebemos é forte, nos conduz, nos ilumina, fortifica os nossos passos, aquece os nossos corações, mas é suave, ele não se impõe, ele se insinua. E nós, na medida em que vamos criando a sensibilidade para o Espírito Santo, vamos sabendo para onde caminhar na vida”. E ainda mais, reforçou o cardeal Steiner, “quando o Espírito novo penetra em nós, somos enviados a anunciar um mundo novo, o mundo do ressuscitado, não mais o mundo da morte, não mais o mundo do pecado, mas o mundo da vida nova”. Segundo o arcebispo de Manaus, “somos todos enviados para testemunhar que Jesus ressuscitou e venceu a morte. Somos todos enviados para anunciar e dizer: o Espírito está sobre nós, está em nós e nos envia”. Um envio que é especialmente “ao encontro dos pequenos, dos pobres, os injustiçados, aqueles que ninguém quer, aqueles que não tem ninguém. É para lá que o Espírito nos envia”. Ministérios sopros do Espírito Seguindo a segunda leitura proclamada na celebração, o cardeal disse que “os nossos ministérios são todos sopros do Espírito”, ressaltando que “os nossos ministérios ordenados não são nossos, foi pela invocação do Espírito Santo que recebemos o ministério”, fazendo um chamado aos ministros ordenados a ser gratos, a “nos abrirmos à graça do Espírito Santo para não trairmos o nosso ministério, para não nos esquecermos que o ministério não é nosso, é da Igreja, para a Igreja”. Junto com isso, destacou a diversidade de ministérios que o Espírito Santo suscitou na Igreja. Finalmente, o cardeal pediu que “nossa celebração de Pentecostes seja sempre uma celebração de esperança”, fazendo um chamado a peregrinarmos no Espírito, a ser na família e na comunidade testemunha da esperança de uma vida nova, do sopro do Espírito que somos chamados a transmitir aos outros.

Regional Norte 1 participa de Formação da CNBB sobre Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com a Porticus e o Núcleo Lux Mundi, realiza de 03 a 05 de junho de 2025, na Casa Dom Luciano Mendes de Almeida, em Brasília, o Encontro Formativo de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis com as lideranças da Pastoral da Criança e da Pastoral do Menor em nível nacional. E junto com essas lideranças também foram convidadas outras pessoas, entidades e os secretários e secretárias dos regionais da CNBB. Do Regional Norte 1 participa a secretária executiva, Ir. Rose Bertoldo, dois representantes da Pastoral da Criança e uma da Pastoral do Menor. Fomentar a proteção O encontro, ele tem como objetivo tratar do tema da proteção de crianças e adolescentes, fazendo um resgate histórico na perspectiva da proteção de crianças e adolescentes por parte da Igreja. Nessa perspectiva, o bispo de Itumbiara e presidente da Comissão Especial de Proteção da Criança e do Adolescente da CNBB, dom José Aparecido Gonçalves de Almeida, trouxe muitos elementos. Ele mostrou essa preocupação que a Igreja tem no cuidado de crianças e adolescentes, apresentando os documentos do Papa Francisco, que de fato pediu que as conferências episcopais se mobilizem para um trabalho mais efetivo com relação à questão da prevenção aos abusos nos espaços eclesiais. Querendo fazer uma retomada histórica, a professora Vanildes Gonçalves dos Santos, abordou a questão da política de proteção de crianças e adolescentes na realidade brasileira. Ela mostrou que a luta pela criança como prioridade absoluta vem de uma longa história de luta dos movimentos sociais. Tudo isso sem esquecer que a Constituição Federal tem a criança como prioridade absoluta. A coordenadora do Núcleo Lux Mundi, doutora Eliane de Carli, também colocou essa preocupação e o trabalho que o Núcleo tem realizado, sobretudo junto às comissões nessa questão da formação, principalmente com a Vida Religiosa Consagrada, as comissões em nível regional, diocesano, onde já se realiza esse trabalho. Os participantes abordaram a dimensão da Legislação Civil com o assessor da CNBB, doutor Hugo José Sarubbi Cysneiros de Oliveira, e o bispo auxiliar de Brasília, dom Denílson Geraldo, que apresentou de uma forma muito pastoral a dimensão da Legislação Canônica no que diz respeito à questão dos abusos nos espaços eclesiais. Os aportes dos palestrantes motivaram as rodas de conversa nos grupos para tentar aprofundar esses elementos a partir das políticas de proteção de cada Regional e de cada igreja local, abordando as orientações para o posicionamento junto à imprensa e a criação de ambientes seguros e o acompanhamento das vítimas. Foi abordado como criar a política de proteção e protocolos; as orientações para se posicionar diante da imprensa; a criação de ambientes seguros; e o acompanhamento das vítimas. Realidade do Regional Norte 1 da CNBB Segundo a secretária executiva, isso não é novidade para o Regional Norte 1 da CNBB, que já vem trabalhando através do documento, o regulamento, o decreto e o manual essa temática. Cada vez mais, enfatiza a Ir. Rose Bertoldo, “esse tema do abuso, da exploração sexual, é uma pauta que não tem mais retorno. Cada vez mais, a Igreja precisa se preocupar e trazer isso em todos os espaços. E como Regional Norte 1, a gente tem feito isso”. Segundo a religiosa, “o desafio que a gente tem é integrar os mais diversos grupos, por exemplo, a Pastoral da Criança, a Pastoral do Menor, que estão participando desse encontro, como também se integrarem no documento que o Regional Norte 1 tem. Sobretudo, no manual, onde tem orientações práticas de como proceder”, insistindo em que “esse também é um caminho processual”. “O processo de formação dos mais diversos grupos vai também nos mostrando o caminho e vai fortalecendo o trabalho em rede. Nós da Igreja, dos diversos espaços, as pastorais sociais, desde a Pastoral do Menor, Pastoral da Criança, Pastoral do Idoso, Pastoral da AIDS, e dos organismos”, disse a Ir. Rose Bertoldo. A religiosa também se referiu ao trabalho do CIMI, da CPT, da Rede Um Grito pela Vida, como um organismo da CRB, que nos ajuda também a trabalhar, sobretudo, os processos de prevenção nas igrejas locais”. Nessa perspectiva, a secretária executiva do Regional Norte 1 insistiu na “importância de criar nas nossas igrejas locais a cultura da proteção, que passa por todo um processo que vai sendo feito a partir de cada igreja local, de cada grupo, de cada pastoral, de cada organismo”. A religiosa disse que “o Regional Norte q amplia para todos os atores que participam das igrejas locais. Nós já iniciamos um processo de formação com o diaconato permanente, com as comunidades de vida, com a catequese, com as juventudes. E cada vez mais é importante nesse processo de cuidado, sobretudo a partir do trabalho de prevenção”.

Cardeal Steiner no Seminário Faça Bonito: “Que cresça cada vez mais o cuidado de nossas crianças”

O auditório Deputado Belarmino Lins, na Assembleia Legislativa do Amazonas, acolhe de 04 a 06 de junho de 2025 o Seminário Estadual Faça Bonito, que comemora os 25 anos do 18 de Maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O resultado de uma caminhada O Seminário conta com a participação de representantes da Igreja católica, dentre eles o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, o bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus, dom Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, e a coordenadora estadual da Rede um Grito pela Vida, Ir. Michele Silva. Na abertura, o cardeal Steiner destacou que o seminário vem precedido por um caminho de muitos anos, que “tem antecedentes, tem buscas, tem discussões, tem mulheres guerreiras, pessoas que se preocuparam até chegarmos aqui”. Ele ressaltou que “o 18 de maio é resultado de uma caminhada, de uma busca, de uma preocupação, de uma admiração, especialmente de um cuidado, um cuidado em relação às nossas crianças e adolescentes”. É por isso que “poder celebrar 25 anos é poder também agradecer a todas essas pessoas que nos ajudaram nessa longa caminhada”. Ser criança O arcebispo de Manaus fez um chamado a “não esquecer o passado, não esquecer as buscas, e por isso é uma possibilidade de estarmos aqui porque há passado, há busca, há cuidado”. Ele recordou as palavras de Jesus no Evangelho, onde ele nos chama a ser criança. O cardeal disse que “criança é o melhor ser, criança é futuro, mas futuro presente, criança é a possibilidade de ser cada vez mais pessoa, ter uma identidade própria. Criança é a possibilidade de ser mulher, de ser homem, de ser pessoa. E nós que cremos, dizemos, a possibilidade de cada vez mais ser filho, filha de Deus. É por isso que nós nos reunimos e nos preocupamos com as nossas crianças”. Uma preocupação que segundo o presidente do Regional Norte 1, é em relação “à sexualidade, a nossa preocupação em relação aos abusos que acontecem. Não ao sexo, mas à sexualidade, porque a sexualidade é uma grandeza de alma”. Analisando a etimologia da palavra sexualidade, ele disse que “ela carrega uma força, uma energia, uma vitalidade. A sexualidade é uma vitalidade de cada um de nós”. Diante disso, o cardeal Steiner refletiu sobre o ser abusado, quando a alma é abusada. Maior cuidado e políticas públicas      O cardeal Steiner pediu que o seminário seja oportunidade “para que cresça cada vez mais o cuidado de nossas crianças, mas cresça cada vez mais também políticas públicas, os nossos governos se interessem e ajudem a cuidar”. Ele destacou o compromisso da arquidiocese de Manaus “para podermos superar essa agressão à sexualidade humana”. Finalmente, o arcebispo pediu que “nós, ao olharmos as crianças, não vejamos lágrimas, mas sorrisos. Ao olhar as crianças, não vejamos crianças que se escondem. Não por vergonha, mas pela agressão recebida. E possamos vê-las na liberdade, possamos vê-las na liberdade porque pessoas, filhos e filhas de Deus, não se imaginam como nós. Ao longo do seminário serão abordados os avanços, normativas e desafios na Rede de Proteção, assim como as boas práticas na atenção às vítimas de violência sexual. Igualmente será apresentado o papel da pesquisa na prevenção da violência sexual, com os aportes de dom Hudson Ribeiro. Também será realizada uma contextualização dessa problemática no Brasil, o papel do homem na prevenção dessas violências ou os desafios a enfrentar quando o agressor também é adolescente. O último dia, será tratado sobre a “Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências e os Núcleos de Prevenção de Violências e Promoção da Saúde”. Junto com isso a vigilância e a importância da Saúde na identificação das violências e outras questões relacionadas com o tema da Saúde.           

Cardeal Steiner: “Na medida em que vamos caminhando na fé, nós vamos percebendo a presença de Jesus”

Na solenidade da Ascensão do Senhor, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando que a liturgia dos últimos dias, “veio nos preparando para a solenidade que celebramos hoje. E a solenidade que celebramos hoje da Ascensão do Senhor nos prepara para a celebração de Pentecostes, que celebraremos no próximo domingo”. Nas leituras da última semana “Jesus estava como que se despedindo e preparando os discípulos para a vinda do Espírito Santo”. Voltam com grande alegria Na Solenidade da Ascenção, o Senhor “desaparece aos olhos e não é visto e não vendo adoram, e retornam à sua cotidianidade, ao seu dia a dia”. Junto com isso, segundo o cardeal refletiu, na primeira leitura, “Jesus foi elevado ao céu à vista deles”, destacando que longe de se entristecerem, os discípulos “voltam para Jerusalém com grande alegria”. O arcebispo disse que “é verdade, temos necessidade de ver. Ver nos dá a percepção de segurança e sabermos onde nos encontramos em determinado lugar. Ver nos faz perceber onde nos encontramos, mesmo quando nosso sofrimento. É que no ver, vemos mais do que os nossos olhos. Ver é aquela percepção de nos situarmos, nos localizarmos, nos encontrarmos. Ver, porque também os cegos veem”. Analisando a primeira leitura, nos dois homens vestidos de branco, ele disse que “recordam aos apóstolos que a nova situação deve levá-los a caminhar, mas caminhar na esperança”. Um chamado a caminhar com aquele que “se fez caminho: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ele agora será visível no caminhar, e caminhando vemos Jesus”. Nesse sentido, ele sublinhou que “na medida em que vamos caminhando na fé, nós vamos percebendo a presença de Jesus, e o vemos”. Jesus “faz descobrir nos passos sempre uma nuvem de não saber de antemão, invisível aos olhos, mas que faz fazer o caminho da luta, da labuta, da nossa cotidianidade. Ele encoberto pela nuvem dos nossos saberes, das nossas dogmatizações, das nossas definições, das nossas determinações”, disse o arcebispo de Manaus. Sobre o fato de os apóstolos serem conduzidos a Betânia, o cardeal recordou as palavras do venerável Beda, mostrando que Betânia significa “a casa da obediência”. É por isso que “foi para essa cidade da obediência, da atenção, da descoberta, da reverente audição que Jesus conduziu os seus discípulos porque viveram da nuvem do não-ser. Saber pré-determinado, um saber encoberto a ser descoberto, que é eterno na riqueza da presença de Deus em nossa humanidade. E Jesus continua presente no meio de nós, mesmo tendo subido aos céus”. Permanecer na escuta Algo que se faz presente na Liturgia, pois “quantas vezes nós dizemos, o Senhor esteja convosco, e nós respondemos, Ele está no meio de nós”, lembrou o cardeal. É por isso que Solenidade da Ascenção, “nos faz ver sem os olhos e permanecermos na escuta, na busca da presença salvadora, libertadora de Jesus, como quem perscruta o horizonte no deserto esperando chuva. E no perscrutar o horizonte da nossa cotidianidade, nos nossos afazeres, vemos o Senhor em contato. Coberto pela nuvem, mas vivo e presente no meio de nós. A ele ninguém viu, mas se nos amarmos uns aos outros e guardarmos a sua palavra, ele virá e fará em nós sua morada”, disse o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. “Nesse tatear, nesse buscar, nesse servir, nesse amar, é que somos tocados pela presença do Senhor, porque ele virá e fará em nós a sua morada. Ele se aproxima, nos toca e nos liberta. E vivemos numa espécie de eterna não fixação em Jesus. É como se Jesus sempre de novo fosse se revelando, através dos nossos momentos de oração, através do nosso serviço aos pobres, no cuidado do meio ambiente. A nossa assembleia celebrando presencializa Jesus que subiu aos céus, não estamos sós, continua no meio de nós”, refletiu o cardeal Steiner. Seguindo as palavras de Paulo aos Efésios, o arcebispo de Manaus disse que “o caminho agora é o da esperança e nós estamos no Ano da Esperança”. Uma reflexão também presente em Santo Agostinho, que diz que “Cristo já foi elevado ao mais alto dos céus, contudo continua sofrendo na terra através das tribulações que nós experimentamos como seus membros”. É por isso, que ele enfatizou que “Cristo está no céu, mas também está conosco e nós, permanecendo na terra, estamos também com Ele e por sua divindade, por seu poder, por seu amor, Ele está conosco e nós, embora não possamos realizar isso pela divindade como Ele, ao menos podemos realizar pelo amor que temos aos irmãos e as irmãs”. Ter olhos e coração para o encontrar O cardeal recordou as palavras de Papa Francisco na Solenidade da Ascensão, que falava sobre a nova forma de presença de Jesus no meio de nós, que “pede-nos para ter olhos e coração para o encontrar, para servir, para testemunhar Jesus aos outros. Trata-se de ser homens e mulheres da ascensão. São os que já buscadores de Cristo nas sendas do nosso tempo, levando a sua Palavra de salvação até os confins da terra”. Segundo ele, “nesse caminho, nesse itinerário, encontramos o próprio Jesus nos irmãos e irmãs, sobretudo nos mais pequenos, sobretudo nos pobres, enquanto sofrem na própria carne a dura, mortificadora experiência de antigas e novas pobrezas. Assim, como inicialmente Cristo ressuscitado enviou seus apóstolos com a força do Espírito Santo, também hoje Ele nos envia com a mesma força para dar sinais concretos e visíveis de esperança”. É por isso que Jesus “nos devolve a esperança, porque nos enviará o Espírito Santo”, disse o arcebispo. Segundo ele, “nessa visão e participação, recebemos gratuitamente os olhos da fé, que vê em novos céus e nova terra, e que a nuvem anuncia um novo tempo, o tempo da esperança”. Na Solenidade da Ascensão do Senhor, o cardeal Steiner pediu que “voltemos também nós, com alegria, a nossa cotidianidade, voltemos com satisfação ao dia a dia, para bem vivermos o dom de sermos participantes de Jesus, já agora…
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Cardeal Steiner: Um Conclave para eleger um Papa “que desse continuidade ao Concílio Vaticano II”

O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, um dos 133 eleitores que participaram da escolha do Papa Leão XIV, partilhou com o clero da arquidiocese suas vivências durante o Conclave e as congregações gerais prévias. Saber o estado da Igreja no mundo Ele iniciou sua partilha com a oração que os cardeais eleitores fizeram antes de entrar na Capela Sistina. Uma oração que, segundo o arcebispo de Manaus, resume o caráter eclesial da eleição do Romano Pontífice. Uma escolha do Papa que foi precedida pelas congregações gerais, onde cada cardeal, que fazia um juramento, podia tomar a palavra. A grande questão desses encontros prévios era “sabermos como a Igreja se encontrava no mundo inteiro”, aparecendo a enorme riqueza expressada pelos cardeais de mais de 70 países, aparecendo como “a Igreja vai se inculturando nas diversas realidades”. O pedido dos cardeais foi que o Papa fosse “alguém que desse continuidade ao Concílio Vaticano II como deu o Papa Francisco”, destacou o cardeal Steiner, ressaltando a necessidade de continuar com suas propostas evangelizadoras. O arcebispo de Manaus mostrou a importância da homilia do cardeal Re no funeral de Papa Francisco, que “tinha conseguido trazer alguns elementos importantes do pontificado de Papa Francisco”, enfatizando que “a reação na Praça de São Pedro àquilo que ele falava, repercutiu depois nas congregações”, dado que “os fiéis sabem por onde a Igreja deve ir”. As congregações gerais foram um momento dos cardeais se conhecerem, de troca de ideias para ir descobrindo o perfil daquele que poderia ajudar a conduzir a Igreja. Toda a Igreja presente no Conclave Depois da Missa pro Elegendo Pontífice, na manhã do dia 7 de maio, os cardeais ficaram isolados na Casa Santa Marta. Na tarde, os cardeais se dirigiram à Capela Paulina, sendo colocados conforme a data de criação de cardeais e conforme as três ordens dentro do Colégio Cardinalício: bispos, presbíteros e diáconos. O cardeal Steiner destacou a quase meia hora de silêncio nesse momento antes do cardeal Parolin dar início ao Conclave e iniciar a procissão até a Capela Sistina. Esse foi para o arcebispo de Manaus o momento mais emocionante, o mais significativo, com o canto da Ladainha de todos os santos, mostrando assim que “toda a Igreja estava presente. Igreja não como organização, mas a Igreja como Reino de Deus, a Igreja como Povo de Deus”. Algo que o cardeal considera muito importante, “porque você está invocando aqueles que já peregrinaram, já fizeram o itinerário, já viveram o Evangelho, já experimentaram a grandeza do Evangelho”, ressaltando que esse é um momento eclesial. Logo em seguida foi invocado o Veni Creator, “de novo esse sentido de que não somos nós que estamos ali, mas é a Igreja”. O fato de os cardeais estar com a veste litúrgica, é explicado por que “não é uma votação, é uma celebração”. Uma longa salva de palmas Ele contou brevemente os elementos que fazem parte das votações, destacando como algo que impressiona o fato de votar na frente do Juízo Final. No quarto escrutínio, quando deu o número de 89 votos, que eram os necessários para ser eleito, uma longa salva de palmas tomou conta da Capela Sistina e todos os cardeais se levantaram. Nesse momento, disse o cardeal Steiner, “você percebe o significado enorme de Pedro para a Igreja católica”. Terminada a recontagem, o cardeal Parolin perguntou ao cardeal Prevost se ele aceitava. Ele aceitou e disse que o nome seria Leão, que posteriormente, já com as vestes de Papa, foi cumprimentado por todos os cardeais e cerimoniários que estavam a serviço. Mesmo tendo trabalhado com o cardeal Prevost, no Sínodo sobre a Sinodalidade, e em um grupo de trabalho criado em torno ao Sínodo, para abordar a questão da nomeação dos bispos, o cardeal Steiner disse que uma vez que ele coloca a veste de Papa, “parece que tem uma autoridade que você antes não via”.  Ele insiste em que o Conclave “é uma experiência única”. Com o jeito latino-americano Do novo Papa, o arcebispo de Manaus destaca que “ele tem muito do jeito latino-americano, é muito simples, no trato muito próximo, é um homem que escuta muito. Não é de falar muito, mas que depois de escutar, encaminha”. Segundo o cardeal Steiner, “essas virtudes vão ajudá-lo a conduzir a Igreja”, ressaltando que “ele irá dar continuidade às iniciativas de Papa Francisco”. O Papa irá reunir os cardeais uma vez por ano, e desde a primeira reunião com os cardeais, no dia 10 de maio, ele quis escutá-los, perguntando o que a Igreja deveria fazer daqui para frente. O cardeal insistiu em que o Papa Leão XIV será alguém que “vai ouvir antes de tomar certas decisões”. Das conversas previas ao Conclave, o arcebispo de Manaus destaca como admirável que “os cardeais tenham insistido que a Igreja precisava de alguém que fosse um pastor e que tivesse profunda experiência de pastoreio numa diocese”, algo que considera bastante decisivo para elegê-lo. Os cardeais, mas que com a procedência do novo Papa, queriam alguém preocupado com “a questão dos pobres, a questão da paz”. Um Papa que escuta Com relação à sinodalidade, o cardeal Steiner disse que no grupo que aborda a questão da eleição dos bispos, o cardeal Prevost tinha insistido na necessidade de ouvir os conselhos pastorais diocesanos para indicar o perfil do bispo que precisa essa diocese. Algo que o arcebispo de Manaus percebeu na fala aos fiéis da diocese de Chiclayo pouco depois de ser eleito, de quem ele disse que tinha aprendido tanto, destacando a questão do sensus fidei. De fato, sendo bispo no Peru, ele ouvia muito às comunidades, ficava anotando as coisas, aprendendo com a experiência de fé que o povo faz nas comunidades, que para o cardeal Steiner é um ensinamento, uma espécie de Magistério. O Papa Leão XIV é visto pelo cardeal Steiner como alguém do meio dos pobres, afirmando que “quem viveu no meio dos pobres não sai o mesmo”. Mais do que unidade, o arcebispo de Manaus disse que…
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REPAM lança curso virtual “Água e Vida na Pan-Amazônia: Resistência, Direitos e Esperança”

Iniciativa fortalece a campanha “Água: vida, direitos e futuro na Amazônia” e promove formação aberta sobre os desafios e lutas em defesa das águas amazônicas A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, por meio do Núcleo Justiça Socioambiental e Bem Viver, em articulação com o Núcleo de Direitos Humanos e Incidência Internacional, lança o curso virtual “Água e Vida na Pan-Amazônia: Resistência, Direitos e Esperança”. A atividade integra as ações da campanha continental “Água: vida, direitos e futuro na Amazônia”, com o objetivo de oferecer um espaço formativo sobre a realidade da água nos territórios amazônicos, as violações de direitos sofridas pelos povos da região e as experiências de resistência e defesa desse bem essencial. O curso, que é gratuito e aberto ao público de toda a Pan-Amazônia e demais países da América Latina e Caribe, acontecerá em sete sessões virtuais, sempre às quartas-feiras, entre os dias 18 de junho e 30 de julho de 2025, via plataforma Zoom, com transmissão simultânea pelo canal da REPAM no YouTube. A programação conta com a participação de lideranças indígenas, especialistas, pesquisadores e agentes pastorais que atuam diretamente nos territórios amazônicos. Os encontros abordarão temas como: ecologia integral e justiça socioambiental, dados científicos sobre a situação da água na Pan-Amazônia, casos de violações de direitos, legislações emergentes e propostas políticas, além de experiências territoriais de luta e esperança. Entre os convidados e convidadas já confirmados estão Mari Luz Canaquiri (povo Kokama – Peru), Tania Ávila (Bolívia), Prof.ª Márcia Oliveira (Brasil), José Manuyama (Comitê de Defesa da Água), Barbara Fraser (Vigária da Água – Peru), entre muitos outros nomes representativos do compromisso com os direitos socioambientais na região. A iniciativa conta com a parceria de organizações como a Vicaría del Agua (Peru), o Centro de Innovación Científica Amazónica – CINCIA (Peru), o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES (Brasil), e a Cátedra Laudato Si’ da Universidade Católica de Pernambuco (Brasil). A certificação do curso será apoiada pela Associação de Universidades Confiadas à Companhia de Jesus na América Latina – AUSJAL. Segundo os organizadores, o curso busca fortalecer redes de cuidado com a Casa Comum, formar lideranças e ampliar a consciência sobre os riscos e desafios que ameaçam as águas da Pan-Amazônia, patrimônio dos povos e da biodiversidade. As inscrições estão abertas e podem ser feitas por meio do link: Formulario de inscripción – Formulário de inscrição REPAM

Pastoral Familiar Regional Norte 1 participa no 15º Simpósio e Peregrinação Nacional em Aparecida

O 15º Simpósio e Peregrinação Nacional das Famílias, realizado nos dias 24 e 25 de maio de 2025 no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida (SP), marcou um momento significativo para a Igreja no Brasil. Com o tema “Família peregrina de esperança” e o lema “Alegres na esperança”  (Rm 12,12), o evento reuniu várias  famílias e agentes pastorais de todo o país, incluindo uma delegação do nosso Regional Norte 1, composta pelo casal vice-coordenador regional (Francisco e Lúcia), pelo casal coordenador da Pastoral Familiar da Arquidiocese de Manaus (Márcio e Angélica) e pelo assessor eclesiástico regional e arquidiocesano (Fr. Faustino). O simpósio contou com uma agenda rica em formação e espiritualidade com palestras inspiradoras. O Padre Reginaldo Manzotti abordou a “Espiritualidade na Família como fonte de esperança”, enquanto Padre Chrystian Shankar discorreu sobre o papel da família como “protagonista da esperança no mundo atual”.  Dom Moacir Arantes mediou uma roda de conversa com adolescentes, destacando seu papel como agentes de transformação. No domingo, 25 de maio, a delegação do Norte 1 uniu-se aos vários fiéis na Santa Missa no Santuário Nacional, encerrando o evento com um compromisso renovado de levar a esperança às famílias. A participação da equipe do Regional Norte 1 destacou-se pelo compromisso com a formação e a espiritualidade familiar. O casal vice-coordenador regional, casal coordenador arquidiocesano e o assessor eclesiástico, acompanharam ativamente as palestras e atividades, reforçando a missão evangelizadora das famílias em suas comunidades locais, refletindo sobre os desafios e alegrias da vida familiar contemporânea, alinhando-se às diretrizes nacionais da Pastoral Familiar. A experiência em Aparecida fortaleceu os laços entre a Pastoral Familiar do Norte 1 e as iniciativas nacionais, como o XVII Congresso Nacional da Pastoral Familiar, previsto para setembro (12 a 14) em João Pessoa (PB) . Os participantes levarão aos seus regionais os testemunhos e aprendizados, promovendo ações locais alinhadas ao tema da esperança e ao Jubileu da Esperança, que permeia 2025. A presença da delegação do Norte 1 no 15º Simpósio reforçou a importância da unidade nacional da Pastoral Familiar e a missão de cada família como “Igreja doméstica”. A vivência em Aparecida não apenas alimentou a fé dos participantes, mas também os motivou a ser, em suas dioceses, sinais concretos da alegria e da esperança que emanam do Evangelho.   Fr. Faustino, TOR

Continuamos caminhando… Encontro da Nação Magüta

O leito do rio jogou a nosso favor, novos rostos de grande admiração e aqueles que já são uma canção, que soa e pulsa ao ritmo do tutu e do badalar do sino. Assim, nos dias 22, 23 e 24 de maio de 2025, teve início o encontro da Igreja com Rosto de Magüta “Encontro Cultural Internacional”. Irmãos da Nação Magüta, localizada na Tríplice Fronteira amazônica entre Peru, Colômbia e Brasil, participaram do evento. Com a participação ativa e animada de 40 pessoas, entre participantes e equipe de animação do evento. Tenho um compromisso na reserva indígena Umariazu, Brasil. Este encontro indígena da Nação Magüta nasceu como um espaço vital para fortalecer nossos conhecimentos tradicionais, arte, língua e práticas ancestrais, pilares fundamentais de nossa organização política, social, espiritual, territorial e cultural. Nesse ambiente de diálogo e encontro, abrimos caminhos para palavras e pensamentos, criando um espaço para o diálogo intergeracional e intercultural, onde anciãos, acadêmicos, jovens, crianças e aliados compartilham experiências e perspectivas sobre o processo organizacional da nossa nação. Um dos temas centrais deste encontro foi fortalecer o uso e o ensino da língua magüta, não apenas como forma de comunicação, mas também como ferramenta viva de transmissão de conhecimentos ancestrais que nos unem ao nosso território e aos nossos mais velhos. Da mesma forma, buscamos resgatar e valorizar nossas tradições orais, danças, músicas e artesanatos, expressões que dão vida à nossa identidade e enriquecem o tecido cultural da Amazônia. A participação ativa de toda a Nação Magüta, desde suas comunidades até suas organizações, para que este encontro reflita o compromisso coletivo de defender nossa memória, afirmar nossos direitos e dar continuidade ao nosso legado como povo indígena da Tríplice Fronteira amazônica. Os ecos dos participantes que podemos ler abaixo: – O mais importante é conhecer a nossa cultura, os nossos territórios centrais, os nossos filhos e avós. Sabendo que temos tradições como um grupo étnico como La Pelazón. Isso não pode nos faltar e temos que cuidar disso. Devemos também cuidar do nosso território, como a Selva; dela podemos nos alimentar e obter nossos remédios. Não se esqueça de que as crianças vêm depois de nós, e temos que orientá-las para que saibam de onde viemos. Outra coisa muito importante é saber tudo o que os avós podem nos dizer e dizer com suas palavras, a palavra que eles ensinam. Não podemos esquecer os clãs que são o nosso sangue. Obrigado, Moenchi. Pedro Nel Community Progress Colômbia. – Boa noite, primeiramente gostaria de agradecer a Deus. Meu nome é Gelcilene e estou participando desta reunião. É muito bom para mim; Sou estudante e isso me ajuda a continuar avançando e aprender mais sobre nossa cultura como povo, e saber mais é importante para conhecer nossas origens. Comunidade Gelcilene Umariazu Brasil. – As reuniões são muito importantes; elas nos ajudam a aprender e compartilhar cada um dos nossos costumes e tudo o que fazemos em cada país. O mais importante é que essas reuniões nos ajudem a avançar para nos tornarmos uma nação Maguta, onde somos todos irmãos e irmãs. Comunidade Roberto Yahuma Peru – Esses dias tive meu primeiro encontro com Magüta. Foi um encontro cultural onde fui recebido de braços abertos desde o primeiro momento. A distância criada pela falta de compreensão do idioma é encurtada pela experiência vivencial por meio da qual eles compartilham seu conhecimento, sua sabedoria e seu entendimento. Foi importante para mim não só porque aprendi mais sobre a cultura deles, mas porque ampliou minha compreensão do transcendente, do sagrado. Grato pela oportunidade de compartilhar. María Victoria Cisneros, Missionária Lassalista da Argentina. Este encontro não foi apenas uma reunião, mas um profundo ato de afirmação cultural e fortalecimento espiritual (conhecimento) da Nação Magüta. Ao compartilhar palavras, canções, danças, línguas e arte, reafirmamos que nosso conhecimento ancestral permanece vivo e continua a guiar nosso caminho como povos indígenas. O diálogo intergeracional permitiu construir pontes entre as memórias dos mais velhos e a energia das gerações mais novas, garantindo a continuidade da identidade coletiva. Fortalecer o uso da língua magüta, conscientizar sobre as expressões culturais e renovar nosso compromisso com nossa própria organização política e territorial nos permite projetar-nos poderosamente no futuro sem perder as raízes que nos sustentam a todos como irmãos e irmãs da mesma nação magüta. Assim, este encontro se torna uma semente e um canto: semeamos memória para que o futuro do nosso povo floresça, com dignidade, unidade e sabedoria. Equipe Facilitadora 2025

Seminário das Pastorais Sociais Regional Norte 1: Esperançar no cuidado da Casa Comum

No Jubileu da Esperança, que nos diz que “a Esperança não decepciona”, o Seminário das Pastorais Sociais do Regional Norte 1 reuniu na Maromba de Manaus, de 23 a 25 de maio de 2025, na comemoração de 10 anos da Laudato si’, 120 coordenadores/as das Pastorais e Organismos, representantes das igrejas locais e lideranças, para refletir sobre o tema: “No chão da Amazônia: caminhos no cuidado da Casa Comum”. Um caminho de décadas Uma oportunidade para esperançar, a partir das vivências dos povos e da Igreja da Amazônia, que peregrinam, construindo uma Igreja com rosto amazônico, um modo que foi tomando forma em Santarém 1972 e que teve na Laudato si’ um forte incentivo. Um tempo de aprendizado, inspirado na Palavra de Deus Criador, mas também na caminhada eclesial, nascida no Concilio Vaticano II e que foi dando passos em Medellin, Santarém, Aparecida, o Sínodo para a Amazônia… Uma Igreja encarnada e libertadora, sustentada nos saberes ancestrais, no Bem Viver. Uma Igreja que sonha, com uma eclesialidade sinodal, uma espiritualidade ecológica, o diálogo intercultural. Sonhos que tem os pés no chão, uma atitude que leva a não subestimar a realidade, a aprofundar, a entender que do lugar onde sonhamos transbordam desafios, surgidos no mundo atual, adoecido, com dissonância cognitiva, em um cenário de violências, marcado pelos dramas contemporâneos. Gerar esperança É nessa realidade que o Seminário das Pastorais Sociais chamou a esperançar, a descobrir os sinais dos tempos, o bem que existe no mundo. Um chamado que também é pelo estabelecimento da paz e o cessar das guerras, por “sonhar que as armas se calem”. Um chamado a estar abertos à vida, criando uma aliança social em prol da esperança para os presos, pedindo anistia e perdão, abolir a pena de morte; esperança para os doentes, aliviados pela proximidade dos outros; esperança aos jovens; esperança aos migrantes; esperança aos idosos; esperança aos pobres. Um esperançar que tem que nascer de cada pessoa, do fato de ir crescendo o número de pessoas que assumem e participam das Pastorais Sociais, com a genialidade das mulheres, aproveitando a capilaridade do laicato e a riqueza de experiências, ministérios, grupos, atividades e projetos de cuidado do meio ambiente que se vivem e são assumidos em tantos espaços do Regional Norte 1. Partilha de experiências O Seminário tem sido momento de partilha de inúmeras experiências que iluminam a vida da Igreja e da sociedade, que levam a reaprender o lugar da humanidade na Criação e a relação entre o ser humano e todas as criaturas. Tudo isso sustentado no cuidado, na capilaridade e na sinodalidade, que leva a acolher as audácias do Espírito, a assumir as experiências que ajudam na articulação, a reconhecer a riqueza de atuação predominantemente feminina, a descobrir a riqueza do diálogo com os saberes dos povos da Amazônia, com suas cosmovisões, a aprofundar o conhecimento dos dinamismos e mecanismos presentes nos grupos de interesse por trás da exploração da Amazônia. Uma realidade que demanda investimento em processos de formação, em parcerias, em incidência, que faz valer a própria posição enquanto agentes sociais. Para isso é necessário estabelecer metas claras, destacar o alcance das boas práticas, assumir uma evangelização que alcance o humano, fortalecer as ações e socializar aprendizados. Junto com isso o Seminário propus algumas ações: celebrar o Jubileu da Terra, das Águas e dos Povos, se envolver na COP. subsídios locais simplificados e com dados locais, investir em comunicação, integrar a Cúpula dos Povos, encontros diocesanos pré e pós COP. Não pode ser esquecido, seguindo a Bula do Jubileu, que “o Jubileu há de ser um Ano Santo caraterizado pela esperança que não conhece ocaso, a esperança em Deus. Que nos ajude também a reencontrar a confiança necessária, tanto na Igreja como na sociedade, no relacionamento interpessoal, nas relações internacionais, na promoção da dignidade de cada pessoa e no respeito pela criação. Que o testemunho crente seja fermento de esperança genuína no mundo, anúncio de novos céus e nova terra (cf. 2 Ped 3, 13), onde habite a justiça e a harmonia entre os povos, visando a realização da promessa do Senhor”. Perspectiva do cuidado O Seminário ajudou, a descobrir “as dinâmicas que mexem com a realidade com a qual a gente lida, nessa perspectiva do cuidado”, segundo o bispo auxiliar de Manaus, dom Zenildo Lima. Um tempo para “uma memória também das nossas percepções”, que mediante o discernimento são descobertas as intervenções necessárias. Mas também momento para fazer memória de “décadas de cuidado, de uma evangelização de cuidado da casa comum”, disse o bispo. Um caminho de fé, “que nos move, que nos movimenta, que nos impulsiona”, que conduz por um caminho ético. Tudo expressado em linguagens diversos, sinal do potencial que faz parte da vida do povo e da Igreja da Amazônia, que em sua capilaridade se faz presente em tantos locais com um agir incidente, mas que é desafiado a ser mais articulado e esperançador. Para isso, “a nossa fé pode ser uma ferramenta, um instrumento de linguagem e não um instrumento que dificulta a relação entre os povos e entre as sensibilidades religiosas”, enfatizou dom Zenildo Lima. Ele pediu uma mudança nas dinâmicas, nos modos de viver, que ajude a inaugurar algo totalmente novo, a exemplo daquilo que Jesus fez. A partir de uma fé bíblica, no Reino de Deus, como homens e mulheres comprometidos com as pastorais e com o cuidado da casa comum como algo assumido por todos.