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Categoria: Palavra do Presidente

Cardeal Steiner: “nos sentirmos felizes por conviver, por servir, desenvolver-se, ser no amor!”

No 19º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando que o texto proclamado faz parte do sermão de Jesus a partir dos “lírios do campo e as aves do céu.” Segundo ele, “aquelas palavras de Jesus que despertam em nós confiança no Pai dos céus e nos sentimos na sua proximidade. Expressa o cuidado amoroso e amorável de Deus para com seus filhos e filhas”. Participar da intimidade de Deus O cardeal Steiner recordou a palavra de consolo e esperança que ouvimos: “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino.” Ele enfatizou: “Sim, somos convidados, convidadas à participação da intimidade de Deus, fazer parte de seu Reino. O reino, o seu reinado, o seu amor, a sua cordialidade.” É por isso que “poderíamos viver com pessoas que buscam desfrutar cada momento, cada experiência. Organizando a nossa vida de forma sempre mais guiada pelo prazer. Levar uma vida vivida hedonisticamente. O importante do viver é desfrutar todo e qualquer prazer”. O arcebispo de Manaus ainda acrescentou: “poderíamos viver como pessimistas, onde nada funciona, tudo é mau. Poderíamos fugir dos problemas, buscando como defender-nos da melhor maneira possível, uma espécie de pessimismo existencial: para que viver, para que sofrer. Assim entenderíamos a felicidade como tranquilidade, fugir dos problemas e conflitos, dos compromissos. Há uma fuga para a tranquilidade e não percebemos que as tensões fazem parte da vida e depende de cada um dar sentido às tenções e conflitos”. Frente a isso o cardeal Steiner disse: “Mas poderíamos entender e viver como pessoas que percebem a grandeza da vida como realização, maturação, plenitude de viver. Buscar sempre o melhor, perceber que a vida é inesgotável e pode chegar à plenitude. Entenderíamos a felicidade como crescimento, como transformação, como caminho. Na verdade, não entenderíamos a felicidade como busca, como conquista, mas nos sentirmos felizes por conviver, por servir, desenvolver-se, ser no amor!” Caminhar para a plenitude O presidente do Regional Norte 1 recordou que Teilhard de Chardin afirmava: um “homem feliz é aquele que sem buscar diretamente a felicidade, encontra inevitavelmente a alegria, como acréscimo, no próprio fato de ir caminhando para a sua plenitude, para a sua realização, para frente”, palavras recolhidas por José Antonio Pagola no livro “O caminho aberto por Jesus, Lucas”. “Sim em meio a todos os dissabores e desamores, caminhar, abrir veredas!”, enfatizou o cardeal Steiner. Citando o texto evangélico: “Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói”, ele fez um chamado a descobrir que “permanecer na cercania do cuidado e benevolência do Pai, é o convite de Jesus. O valor maior, quase único é a preciosidade do cuidado de Deus, do seu amor para conosco. Nenhuma coisa, objetos, substituem o amor de Deus por nós: esse é o tesouro que recebemos! O convite para desfazer-se dos bens e ter um tesouro, pois “onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. Aquele tesouro que ninguém pode roubar, destruir, o tesouro que não se desfaz. Desfazer-se, despir-se, desvestir-se, como possibilidade de participar do tesouro do Reino, do amor de Deus”. De novo, citou o texto do evangelho do dia: “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar.” Diante disso, ele disse que “o texto sagrado nos remete para o encontro com o inesperado esperado; o outro que conhecemos e que nos desperta para um encontro de expectativa, de desejo, de reencontro”. Ele recordou as palavras de Antoine de Saint-Exupéry, em “O Pequeno Príncipe”: “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração…” Uma citação onde o cardeal vê o chamado a “estar na atenção, na espera do encontro com o amado, a amada”. Uma espera benevolente “A espera sem ânsia, a expectativa sem nervosismo! Uma espera benevolente, desejosa, mas não opressora; inquieta mas não nervosa. A imagem sugestiva do discípulo fiel que está sempre preparado, a qualquer hora e em qualquer circunstância, para acolher o Senhor que vem. Está na expectativa acolhedora e benevolente da vinda de seu Amor”, disse o arcebispo de Manaus. Segundo ele, “essa expectativa, essa espera pelo inesperado, pede ‘vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe’. Esse desprendimento, essa liberdade e liberalidade, essa cordialidade e gratuidade de viver, pede soltura, movimento de pássaros voadores, embelezamento dos lírios: despojamento, pobreza! No dar esmola manifestamos a nossa solidariedade, a nossa irmandade.” Ele citou os ensinamentos do místico Harada, H. em “Domingos com São Francisco de Assis, Ano C”: “Ser solidário com os pobres, promovê-los, significa que nós ‘ricos’, como indigentes do sentido mais profundo do homem, mendigamos da pobreza do pobre a riqueza da vida, para nos convertermos a um princípio mais radical e essencial do homem”. Movidos pela gratuidade “O modo de quem vende tudo, os pobres de espírito, dos misericordiosos, são movidos pela gratuidade. Longe de tornar o homem acomodado, alheio à terra dos homens e aos homens da terra, com suas lutas e labutas, faz dele um homem sempre operoso, fecundo, serviçal, útil, prestimoso para com os outros, especialmente os que estão mais à margem”, enfatizou o cardeal Steiner. Ele disse que é nesse sentido que poderíamos meditar as palavras de Jesus: “que os vossos rins estejam cingidos e…
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Cardeal Steiner: “Toda ganância destrói, separa, divide”

No 18º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia lembrando que “não encontrando conciliação com o irmão, um homem busca a Jesus.” Segundo o arcebispo, “diante do litígio dos bens, Jesus recorda: ‘Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens.’” Desabundância de plenitude O cardeal Steiner sublinhou que “pode haver abundância de bens, mas falta de vida, desabundância de plenitude! A equidade, a justiça, o bem, a irmandade não vem de bens, mas do encontro com a abundância da vida. Toda ganância destrói, separa, divide, às vezes leva à morte. A abundância da vida, o bem-querer, a bem, a bondade, a justiça, a equidade, a irmandade, a generosidade, a misericórdia obrativa, concedem a medida que possibilita discernir o que os dois podem receber e depois usufruir. Dividir e ter pouco, mas abundância de vida”. Ao contar a parábola, o cardeal mostrou que “Ele nos propõe um modo de viver que evita a ganância e deixar guiar-se pela abundância da vida. A vida do Homem, a vida de cada um de nós, tem seu valor, tem seu sentido, tem sua grandeza, sua beleza, que provém de outro espaço. Não da abundância dos bens, mas da abundância da vida, da grandeza das relações, dos cuidados, da doação da generosidade, do amor. É da abundância da vida que nasce a realização de nós mesmos e na experiência de seguidoras, seguidores de Jesus. Jesus a vida plena, a abundância da vida, experimentou uma vida de poucos bens e distribuiu a todos os bens do corpo e do espírito aos mais necessitados. Ele era a abundância da vida, do amor!” Apreciar o capital de amor O presidente do Regional Norte 1 recordou as palavras de Santo Agostinho no Sermão 34: “Irmãos, examinai com atenção a vossa morada interior, abri os olhos e apreciai o vosso capital de amor, e depois aumentai a soma que tiverdes encontrado em vós. E guardai esse tesouro, a fim de serdes ricos interiormente. Chamam-se caros os bens que têm um preço elevado, e com razão. […] Mas que coisa há mais cara do que o amor, meus irmãos? Em vossa opinião, que preço tem ele? E como pagá-lo? O preço de uma terra, o preço do trigo, é a prata; o preço de uma pérola é o ouro; mas o preço do amor és tu mesmo. Se queres comprar um campo, uma joia, um animal, procuras em teu redor os fundos necessários para isso. Mas, se desejas possuir o amor, procura apenas em ti mesmo, pois é a ti mesmo que tens de encontrar. Que receias ao dar-te? Receias perder-te? Pelo contrário, é recusando-te a dar-te que te perdes. O próprio Amor exprime-se pela boca da Sabedoria e apazigua com uma palavra a desordem que em ti lançava a expressão: «Dá-te a ti mesmo!»(…) Escuta o que diz o Amor, pela boca da Sabedoria: «Meu filho, dá-me o teu coração» (Pv 23,26). (…) ‘Meu filho, dá-me o teu coração», diz a Sabedoria. Se ele for meu, já não te perderás. […]. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento’ (Mt 22,37). […] Quem te criou quer-te todo para Si”. “Sim, amados irmãos e irmãs, ganância, pode nos deshumanizar e desdivinizar. Corremos o risco de perdermos a nós mesmos, quando perdemos a força de amar, servir, repartir”, enfatizou o cardeal. Ele lembrou como nos dizia Agostinho: “dá-te a ti mesmo!” Isso, porque “oferecer a nós mesmos, está no movimento da doação, isto é, do amor como possibilidade da abundância de vida. No bem que oferecemos, no acolhimento que possibilitamos, no dinheiro que damos, pode ir sempre ‘eu mesmo’. É nesse dar-me a mim mesmo que está a possibilidade de um amor que jamais frustrará, pois é livre e doativo. Eleva, transforma, transfigura!!, pois é nosso coração que oferecemos e não os objetos e as sobras”. Vaidade das vaidades “É da abundância dos bens da vida, do coração que recebemos o ensinamento da primeira leitura do Eclesiastes: Vaidade das vaidades tudo é vaidade!”, afirmou o arcebispo de Manaus. Segundo ele, “o homem religioso, descobriu que fora de Deus nada existe, nada é. Tudo um grande vazio: um nada, pura vaidade, ilusão, fantasia! Todos os empreendimentos, esforços, conquistas, realizações, sonhos aparentemente realizados, tudo o que fizermos a partir de nós mesmos e para nós mesmos, contradizem ao desejo mais profundo de plenitude e de eternidade que habita em cada um de nós. Na intimidade de nós na busca de um lugar, onde repousar nosso coração. E o coração não repousa nas coisas, nos bens”. O cardeal enfatizou que “a última frase do Evangelho que ouvimos é uma verdadeira provocação que Jesus nos faz: ‘Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste? Assim acontece com quem ajunta tesoureiros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ Ou seja, para quem acumulei?” Citando o texto evangélico, “Tomai cuidado contra todo tipo de ganância”, ele disse que “a ganância que acumula, acumula e destrói a vida pessoal e, também a vida dos pobres”. O cardeal citou as palavras de Papa Francisco em Evangelii Gaudium 202: “Enquanto não forem radicalmente solucionados os problemas dos pobres, renunciando à autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira e atacando as causas estruturais da desigualdade social, não se resolverão os problemas do mundo e, em definitivo, problema algum.” Segundo ele, “sim amados irmãos e irmãs, hoje o que domina é a especulação financeira. Perdeu-se o horizonte da abundância da vida, caminhamos com rapidez para a acumulação de tudo o que passa”. Nesse sentido, ele lembrou que São Paulo insistia: “aspirai às coisas celestes e não às…
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Cardeal Steiner: “Jesus sem esperar que os discípulos estejam prontos, os envia em missão”

No XIV Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando que “nos foi anunciado no Evangelho: ‘O Reino de Deus está próximo’. Próximo, permanece como que velado, não revelado plenamente, mas em revelação, em manifestação. Velado, por isso próximo de nós. Próximo, pois Deus sempre está próximo, está na proximidade. Jesus é a proximidade de Deus”. Somos amados e nunca abandonados Segundo o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), “o Reino da proximidade está plenificado com a morte e ressurreição de Jesus. Nele participamos da proximidade de Deus, pois partícipes de um novo modo de ser, de viver, de conviver. Somos participes em Jesus do mistério do Reino de Deus, pois salvos e viventes da vida da Trindade. Ele a fonte da nossa esperança e alegria: somos amados e nunca abandonados. Ele, o ressuscitado, permanece entre nós e em nós”. “Jesus envia os discípulos em missão com uma saudação e uma mensagem”, disse o cardeal. Ele lembrou a saudação: “Que a paz esteja nesta casa”! É por isso que “em toda e qualquer casa que entrarem desejar a paz, saudar com a paz, oferecer a paz!” Isso porque “Jesus envia como embaixadores da paz. E uma mensagem: ‘O Reino de Deus está próximo de vós’”. “Como é admirável no Evangelho que Jesus sem esperar que os discípulos estejam prontos e bem-preparados, os envia em missão. Para ir em missão, anunciar a vida nova, o novo modo de viver e conviver, para lugares desconhecidos, entre pessoas desconhecidas, Jesus não diz o que levar, mas o que não levar: ‘Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias’”, refletiu o cardeal. Ele insistiu em que “o mínimo do mínimo, como se propusesse: sem bagagem, sem segurança, sem grandes projetos, sem estruturas, sem seguranças, sem apoios. Os envia na riqueza da pobreza, da força da beleza e riqueza do anúncio do Reino de Deus. Quanto mais livres e simples, pequeninos e humildes, tanto mais o Espírito Santo poderá inspirar, iluminar o caminho da missão. O envio em missão faz dos apóstolos mensageiros da riqueza do Reino, e arautos da paz, guiados pelo Espírito Santo, na força da pobreza”. Enviados como portadores de paz Citando as palavras de Jesus: “Que a paz esteja nesta casa”! o cardeal refletiu: “como os discípulos, também nós como seguidores e seguidoras de Jesus, somos enviados com a saudação da paz, portadores de paz; a paz que é o próprio Jesus. Somos mensageiros da paz e seremos reconhecidos como pertencentes a Jesus, como discípulos missionários, discípulas missionárias como mulheres e homens que vivem do Reino se saudarmos com a paz. A paz do Ressuscitado!” Analisando a realidade atual, o arcebispo de Manaus disse que “no tempo de tanta violência, guerra, morte, Jesus nos envia como mulheres e homens de paz, a paz da vida nova.” O cardeal recordou as palavras de Papa Francisco: “Irmão, irmã, a paz começa por nós; começa por mim e por ti, por cada um de nós, pelo coração de cada um de nós. Se viveres a sua paz, Jesus vem e a tua família, a tua sociedade, mudará. Mudarão se primeiro o teu coração não estiver em guerra, não estiver armado de ressentimento e raiva, não estiver dividido, não for ambíguo, não for falso. Pôr paz e ordem no coração, desativar a ganância, extinguir o ódio e o rancor, evitar a corrupção, evitar a trapaça e a astúcia: é aqui que começa a paz. Gostaríamos de encontrar sempre pessoas mansas, bondosas e pacíficas, a começar pelos nossos familiares e vizinhos. Mas Jesus diz: «Leva tu a paz à tua casa, começa por honrar a tua esposa e amá-la com o coração, respeitando e cuidando dos filhos, dos idosos e dos vizinhos. Irmão e irmã, por favor, vivam em paz, acende a paz e a paz habitará na tua casa, na tua Igreja, no teu país”. Nas palavras de Jesus, o cardeal Steiner vê “saudação e anúncio! Envia com a mensagem: ‘O reino de Deus está próximo! […] O reino de Deus está próximo’”. Segundo ele, “Jesus envia os discípulos dois a dois. A alegria que brota da proximidade de Deus, do Reino de Deus, concede a paz, mas não nos deixa em paz. Dá paz e não nos deixa em paz, pois provoca uma mudança esperançosa: enche de admiração, surpreende, transforma a vida, encanta, realiza, leva a vida à sua plenitude!” O Senhor transforma sempre a nossa vida Citando novamente as palavras de Papa Francisco, o arcebispo de Manaus disse: “E o encontro com o Senhor é um começo constante, um contínuo dar um passo em frente. O Senhor transforma sempre a nossa vida. É o que acontece com os discípulos no Evangelho: para anunciar a proximidade de Deus, partem para longe, vão em missão. Porque quem recebe Jesus sente que deve imitá-lo, fazer como Ele fez, que deixou o céu para nos servir na terra, e sai de si mesmo. Portanto, se nos perguntarmos qual é a nossa tarefa no mundo, o que devemos fazer como Igreja na história, a resposta do Evangelho é clara: a missão. Ir em missão, levar o Anúncio, dar a saber que Jesus veio do Pai”. Igualmente, o cardeal lembrou que “o anúncio, a evangelização, dizia São Paulo VI, não é um ato individual e isolado, mas dois a dois, pois missão da Igreja! Eclesial e em comunhão. A evangelização em nome da Igreja, acontece em comunhão. Nenhuma pessoa anuncia segundo critérios e perspectivas individualistas, mas sempre em comunhão, com a comunidade, a igreja particular. A Igreja é ela toda inteiramente evangelizadora. Onde ela se encontra, a Igreja, diríamos as comunidades, se sente responsável pela missão de difundir o Evangelho, o Reino de Deus”, citando Evangelii Nuntiandi 60. O arcebispo recordou que “Papa Francisco ao falar da evangelização, ensina que a comunidade dos discípulos de Jesus nasce apostólica, nasce missionária, não proselitista. Evangelizar não é o mesmo que fazer proselitismo, mas propor um outro…
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Cardeal Steiner: “Pedro nos convida a ser uma Igreja-em-seguimento”

Na Solenidade de São Pedro e São Paulo, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia afirmando que “o Evangelho apresenta Jesus em diálogo Pedro e os discípulos. Jesus se dirige aos discípulos com duas perguntas, com o desejo de clarificar a verdade de sua mensagem e presença e, ao mesmo tempo confirmá-los no seguimento, na vida do Reino”. O enviado de Deus “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”, disse o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, recordando a pergunta de Jesus. “Eles responderam: Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda que é Jeremias ou algum dos profetas”, disse citando o texto do Evangelho. Segundo ele, “o dizer dos outros vê Jesus em continuidade com o passado: João Baptista, Elias, Jeremias ou algum dos profetas. Não perceberam a condição única de Jesus, a sua novidade, a sua originalidade, do seu verdadeiro envio. Reconhecem, apenas, que Jesus é um homem convocado por Deus e enviado ao mundo com uma missão, como os profetas. Jesus é, assim, um homem bom, justo, generoso, que escutou os apelos de Deus”. “Então Jesus lhes perguntou: E vós, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o messias, o Filho do Deus vivo”, continuou com o texto. Segundo ele, “Pedro toma a palavra e faz uma confissão: ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo’”. Para o arcebispo de Manaus, “confessar que Jesus é Messias, ‘o Cristo’, expressa que Ele é o libertador que Israel esperava, enviado por Deus para libertar o seu Povo e para oferecer a salvação. Mas Pedro confessa não só que ele é o Messias, mas também o Filho do Deus vivo, do Deus vivente”. “Filho de Deus visibiliza que Ele recebe vida de Deus, que vive em total comunhão com Deus, que desenvolve com Deus uma relação de profunda intimidade e que Deus lhe confiou uma missão única: a salvação, a redenção. O Deus vivo é o reconhecimento da profunda unidade, comunhão e intimidade entre Jesus e o Pai, Jesus e o Espírito Santo que será enviado. A confissão de Pedro diante dos sofrimentos que Jesus haveria de passar a paixão e morte de cruz, abre uma relação nova e vindoura”, enfatizou o cardeal. Confissão que constrói a Igreja Ele citou de novo a passagem do Evangelho: “Respondendo, Jesus lhe disse: Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas meu Pai que está no céu. Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus.” Em palavras do arcebispo de Manaus, “é sobre essa confissão, essa revelação, que se constrói a Igreja, que somos Igreja. É na manifestação dessa fé que recebemos as chaves para nos ligarmos e permanecermos fiéis ao Reino revelado definitivamente na Cruz e Ressurreição. É nessa confissão que participação do mistério salvífico, redentor e libertador do Filho de Deus. É nessa confissão que somos recebidos e afirmados como Filhas e filho de Deus”. “Talvez, a pergunta dirigida aos apóstolos nos ajude a responder que Jesus é o Messias o Filho do deus vivo, pois a cada um de nós é dirigida a pergunta: ‘E vós, quem dizeis que Eu sou?’ A pergunta ecoa e nós respondemos: tu és o Filho de Deus vivo!! Mas uma resposta que não nasce mais do dizer dos outros, do que lemos e ouvimos, mas de experimentamos a Jesus.  Qual é o lugar que Jesus ocupa na minha vida, na minha existência. Quem é o Filho de Deus quando me encontra a dor, a desilusão, a morte? Ele é o Filho de Deus se apresenta nos pobres, nos necessitados, nos despossuídos, nos descartado? É Ele que a quem respondo ao responder às necessidades de tantos necessitados?  Quem é Jesus Cristo para mim? E nós continuamos a afirmar que ele é o Messias, o Cristo o filho de Deus vivo que anima os nossos passos, abre o nosso coração, nos acompanha enquanto caminhamos, enquanto somos peregrinos. Ele razão de peregrinarmos na Esperança e sermos sinal de esperança para tantos irmãos e irmãs desiludidos”, refletiu o cardeal Steiner. Ele lembrou que “hoje celebramos Pedro e Paulo, no dizer de Papa Francisco, dois Apóstolos enamorados de Jesus, duas colunas da fé da Igreja. Como responderam ele a pergunta e vós quem dizeis que eu sou?” Despertar e erguer-se Na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos, o cardeal destacou que “Pedro é libertado das correntes da prisão; ‘um anjo do Senhor tocou-lhe o lado enquanto dormia, despertou-o e disse: Ergue-te depressa!’ É despertado e deve erguer-se. Despertar e erguer-se, significa que o anjo do Senhor despertou Pedro do sono da morte e o impeliu a erguer-se, isto é, a ressurgir, a sair para a luz, a deixar-se conduzir pelo Senhor para superar todas as portas fechadas. Ao ergue-se e seguir o anjo Pedro responde mais uma vez a Jesus: Tu és o Filho do deus vivo”. Nessa perspectiva, o arcebispo de Manaus disse que “a resposta de Pedro é o seguimento. ‘Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo’ se faz caminho! Depois de ter vivido a fascinante aventura de seguir a Jesus, só depois de ter caminhado com Ele, seguindo os seus passos durante muito tempo, é que Pedro chegou àquela maturidade espiritual que, por graça, por pura graça, o leva a tão clara profissão de fé. Pedro largara tudo, para seguir Jesus. E o Evangelho sublinha: ‘imediatamente’. Pedro não disse a Jesus que iria pensar nisso, não fez cálculos para ver se lhe convinha, não apresentou desculpas para adiar a decisão, mas deixou as redes e seguiu Jesus, sem pedir antecipadamente qualquer segurança. E aprofundaria o seguimento dia após dia,…
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Cardeal Steiner: “Celebrar a Santíssima Trindade é uma revolução no nosso modo de viver”

Na Solenidade da Santíssima Trindade, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia, recordando que “depois de termos liturgicamente acompanhado o nascer, o anúncio, o sofrer, a morte, a ressurreição, ascensão de Jesus, a vinda do Espírito Santo, termos recebido a núncio das realizações do Pai, celebramos o mistério revelado de um amor: Pai, Filho e Espírito Santo.” É meu O cardeal disse que “ouvimos na proclamação do Evangelho a grandeza, a essência, a intimidade, o amor, que deixa ser a Trindade Santa: ‘Quando, porém, vier o Espírito da Verdade ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu.’ Uma vivacidade de vida, de amor que une, deixa ser comunhão das três pessoas da Trindade Santa.” Segundo o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), “a ação das pessoas da Trindade está revestida do amor. O amor que flui e eflue das pessoas é o constituir-se da realidade relacional, a conduzir à plena verdade. O perceber-se tocado pela verdade de um amor que desperta a glorificação pela ação amorosa. O que um oferta é para ou outro na oferenda ao outro, cada uma das pessoas são anúncio benevolente, salvífico. Assim, tudo o que é do Filho e do Pai e tudo o que é do Pai e do Filho, e tudo o que é do Pai e do Filho são do Espírito Santo e tudo o que é do Espírito Santo é do Pai e do Filho.” Os três são um só Deus O arcebispo de Manaus citou as palavras de Santo Agostinho em A doutrina cristã, 1.5: “o encantado com o amor da Trindade”, que nos ensina que “não é fácil encontrar um nome que possa convir a tanta grandeza e servir para denominar de maneira adequada a Trindade. A não ser que se diga que é um só Deus, de quem, por quem e para quem existem todas as coisas (Rm 11,36). Assim, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são, cada um deles, Deus. E os três são um só Deus. Para si próprio, cada um deles é substância completa e, os três juntos, uma só substância. O Pai não é o Filho, nem o Espírito Santo. O Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo. E o Espírito Santo não é o Pai nem o Filho. O Pai é só Pai, o Filho unicamente Filho, e o Espírito Santo unicamente Espírito Santo. Os três possuem a mesma eternidade, a mesma imutabilidade, a mesma majestade, o mesmo poder. No Pai está a unidade, no Filho a igualdade e no Espírito Santo a harmonia entre a unidade e a igualdade. Esses três atributos todos são um só, por causa do Pai, todos são iguais por causa do Filho e todos são conexos por causa do Espírito Santo.” “Na ação doativa, dativa, sem limites e sem posse e poder, tudo se torna anúncio do amor verdadeiro e límpido, generoso e gratuito. Livres no amor, no amor livre vive a Trindade no cuidado para com o universo, para com cada uma das criaturas. Especialmente para com cada um dos filhos e filhas. O Filho verbo encarnado, humanado, fraqueza de nossa riqueza, todo a nossa riqueza e pertença: ‘é meu’. É meu diz Jesus, pois feito meu, conquistado por Ele, a serviço de toda a criatura, agora tudo pertence a ele, na liberdade de um amor único, da liberdade da cruz. Porque ‘é meu’ não possui, pois com nada ficou, mas tudo entregou nas mãos do Pai. E tudo, na liberdade do amor que redime, vai para Ele, como nos diz o apocalipse: todos diante do cordeiro a cantar”, refletiu o arcebispo. Ele citou Apocalipse 5,11-13: “E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, Que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças. E ouvi toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e todas as coisas que neles há, dizendo: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.” No texto ele percebe “a bela imagem do Apocalipse a nos dizer ‘é meu’, isto é, fomos conquistados, atraídos por um amor, pertencemos a esse amor redentor, esse amor encanado.” Participação na vida da Trindade Em palavras do cardeal Steiner: “na Trindade, no pertencimento à Trindade, na participação do amor da Trindade, nos tornamos anúncio e temos um pertencimento. ‘vos anunciará, é meu.’ Assim, ao traçarmos sobre nós a cruz e ao benzermos com a cruz, estamos manifestando nossa participação na vida da Trindade. Pois estamos afirmando nossa pertença ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Ao mesmo tempo estamos a anunciar a vida da Trindade na qual nos movemos e somos. Tudo na pertença e anúncio que nos foi possibilitado pelo amor do Crucificado e nos dons recebidos o Espírito Santo. Nas cruzes reafirmamos que fomos gerados pelo amor da cruz e ao visibilizarmos o símbolo da vida na morte anunciamos o mistério da salvação, isto é, a beleza de um amor inaudito.” Ele destacou que “No Ano Santo da esperança, nos apercebemos que essa pertença e esse anúncio é uma pertença de esperança, um anúncio de esperança. Na Trindade somos ungidos com o bálsamo da esperança, porque o Espírito Santo é o reconstrutor da esperança. Uma esperança que não desilude, uma esperança duradoura.” Uma afirmação…
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Cardeal Steiner pede a inspiração do Espírito Santo para dar à Igreja um Papa da paz, da esperança e da misericórdia

Um homem da paz, um homem da esperança, um homem da misericórdia. Esse é o Papa que o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner gostaria fosse eleito no Conclave que inicia na quarta-feira 7 de maio. Uma eleição que está sendo preparada nas congregações gerais que acontecem até dia 6 de maio e onde participam os membros do Colégio Cardinalício. Um Papa para este tempo São 134 eleitores, depois da renúncia a participar do cardeal Antônio Cañizares, arcebispo emérito de Valência (Espanha), por motivos de saúde, e da renúncia definitiva do cardeal Ângelo Becciu, segundo foi confirmado por fonte vaticanas. Para eles, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1) pede a inspiração do Espírito Santo, para que “possamos dar à Igreja um Papa nesse tempo em que nós vivemos”. O cardeal Steiner disse que “as reuniões que antecedem ao Conclave estão caminhando muito bem”. Aos poucos os cardeais, tanto os eleitores, como os cardeais que já completaram 80 anos, que participam das congregações gerais, mas não entrarão na Capela Sistina na tarde de 7 de maio, vão partilhando suas reflexões em torno à situação atual da Igreja e à figura do futuro Papa. Amor de Papa Francisco pela Amazônia O arcebispo de Manaus participou das exéquias de Papa Francisco, realizadas na manhã do sábado 26 de abril, com a participação de 250 mil pessoas, além das mais de 150 mil que acompanharam o cortejo fúnebre no caminho da Praça de São Pedro até a Basílica de Santa Maria Maior, onde foi sepultado. Sobre a figura do último pontífice, o cardeal Steiner enfatizou mais uma vez, como ele vem fazendo desde o falecimento do Santo Padre que “Papa Francisco demostrou sempre um amor tão grande pela nossa querida Amazônia”. Igualmente, o cardeal brasileiro, um dos sete eleitores brasileiros do próximo Papa, disse que “no momento da celebração lembrei de todos e todos os queridos irmãos no episcopado, de todas nossas comunidades, que tanto receberam do Papa Francisco”. Finalmente, o arcebispo de Manaus pediu “que ele do céu nos acompanhe e que Deus abençoe a todos nós”.

Nota de Pesar do Regional Norte 1 pela morte de Papa Francisco

Ressuscitei e sempre estou contigo, Aleluia (Antífona Missa de Páscoa) O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), em profunda comunhão com a Igreja no mundo inteiro e com a Sede de Roma, manifesta sua esperança na Ressurreição, não obstante o pesar por ocasião da morte do Papa Francisco. Nossas igrejas locais, as paróquias, áreas missionárias e comunidades acabam de celebrar a memória da paixão, morte e ressurreição de seu Senhor, e trouxeram ao tempo presente a grandeza do seu amor. Da mesma forma a páscoa de nosso querido Papa Francisco, nos remete a sua bondade. Hoje fazemos memória e agradecemos a Deus pelo pontificado extraordinário de um pastor igualmente extraordinário. A proximidade com os pequenos, vulneráveis e descartados convocou uma Igreja pobre para os pobres, uma Igreja sinodal, uma Igreja da escuta. A compreensão da grandeza da obra criadora de Deus, uma realidade muito presente em nossa Amazônia, conduziu uma espiritualidade de cuidado da casa comum, da conversão ecológica, do cuidado dos povos. A voz fragilizada nos últimos tempos não emudeceu o incansável grito pela paz e por uma nova ordem mundial. O pastor com cheiro das ovelhas, que peregrinou nas periferias do mundo, nos precede agora como o grande peregrino da esperança. A misericórdia foi a tonalidade de seu ministério petrino. Isto se evidenciou em seus gestos, seus pronunciamentos, no Ano Santo da Misericórdia e em seu programa pastoral expresso em seu brasão: “Miserando at que eligiendo” (Com misericórdia o elegeu)! Nossas Igrejas locais, com suas populações e bioma, são imensamente gratas pela sua particular predileção por esta região, pela convocação do Sínodo da Amazônia, com expressiva participação de agentes de nosso Regional, pela exortação pós sinodal em que nossa terra é chamada de querida, pela atenção ao grito de seus povos. Nos unimos aos sentimentos dos batizados, de mulheres e homens de boa vontade, dos povos indígenas da Amazônia, que encontraram em Francisco uma inspiração para viver solidariamente e não desistir da justiça, da paz e do bem viver. Perseveramos no anúncio de Jesus, o Senhor ressuscitado. A morte já não tem mais poder sobre ele. Todas as comunidades nas nove igrejas particulares do Regional Norte 1 da CNBB nos unimos em oração. Cardeal Leonardo Ulrich Steiner – Presidente Dom Adolfo Zon Pereira – Vice-presidente Dom José Altevir da Silva – Secretário

Cardeal Steiner: “Cristo ressuscitou! Esse anúncio chegue a todos, a cada casa, a cada família”

“Amados irmãos e irmãs, Feliz Páscoa, Cristo ressuscitou!” Com essas palavras iniciou o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, sua homilia no Domingo da Páscoa. Ele recordou que “a Igreja hoje canta, clama: Jesus ressuscitou! Louvemos a Deus, Aleluia! Louvemos a Deus que fez por nós maravilhas. Louvemos a Deus que nos livrou da morte e devolveu-nos a vida. Aleluia!” Venceu a misericórdia Junto com isso, o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), pediu que “esse anúncio chegue a todos, a cada casa, a cada família, especialmente aos que sofrem com a guerra, com os conflitos, o desemprego, a fome, onde há mais sofrimento, dor, desespero. Jesus ressuscitou, há esperança! Venceu o amor, venceu a misericórdia! A morte já não tem poder, o mal foi vencido pelo amor e pela bondade!” No relato do evangelho do dia, ele destacou que “Maria Madalena vai na madrugada escura ao encontro de Jesus no túmulo e o encontra vazio. Pedro e João correm ao sepulcro e, no vazio, encontram os sinais da presença. Nos sinais de sua presença passada, agora a sua ausência. Ausência, maior sinal de sua presença. Nova presença, a superação da morte! Esperança!” “Tiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram. Sim o tiraram do túmulo. Não permaneceu no túmulo da morte, saiu da morte para vida! A vida venceu a morte! A morte já não tem poder sobre ele, por isso o túmulo vazio. No túmulo depositamos os mortos, para dar-lhes um lugar digno, como fizeram com o descido da Cruz. Ele agora verdadeiramente transfigurado, humano-divinizado, rompe a sepultura, abre o túmulo”, disse o arcebispo. O túmulo não guarda mais o corpo Segundo ele, “o túmulo guardava o corpo, já não guarda mais. O túmulo era ainda uma referência de presença, já não é mais. O túmulo era última recordação da presença do mestre, já não mais. Uma alma vazia, uma alma livre (Mestre Eckhart), está pronta para o encontro com o Amor que não é amado; uma alma livre, esvaziada, despojada, onde foi removida a pedra da entrada, que não guarda mais as exterioridades, que não mais vive dos sinais aparentes de faixa e panos, se apressa, corre na espera de que o amado venha, bata à porta e entre. A alma livre desejosa, amante, corre o risco do encontro.” O cardeal recordou que “na sua homilia da Páscoa Santo Agostinho diz a seus irmãos e irmãs: ‘amados, vamos celebrar cada dia da Páscoa e meditar assiduamente todas estas coisas. A importância que atribuímos a estes dias não deve ser tal que nos levará a negligenciar, senão a lembrança da paixão e ressurreição do Senhor, quando todos os dias sejamos nutridos com seu corpo e sangue; No entanto, nestas festividades a lembrança de Cristo é mais brilhante, mais intensa, e a renovação, mais alegre, porque a cada ano nos traz, diante dos olhos, a memória desses eventos. Celebrem, portanto, esta festa como uma transição e pensem que o reino futuro deve permanecer para sempre. Se nós, cheios de alegria nestes dias passageiros, nos lembramos com devoção da solene paixão e ressurreição de Cristo, – quão feliz nos fará o dia eterno quando vamos vê-lo e permanecer com Ele? Dia cujo desejo somente gera uma grande expectativa e nos dá alegria’” Diante da ressurreição, o cardeal questionou: “Mas se o Senhor ressuscitou, como existem essas situações deprimentes, esses desertos, essas violências, as mortes? Tantas desgraças, doenças, tráfico de pessoas, guerras, destruições, mutilações, vinganças, ódio? Onde está o Senhor? Vemos alastrar-se o deserto da guerra, da morte. Quantos desertos tem o ser humano de atravessar ainda hoje! Ao celebrarmos o Ressuscitado, cremos que Ele pode ‘fazer florir mesmo a terra mais árida, pode devolver a vida aos ossos ressequidos’ (cf. Ez 37, 1-14).” O amor de Deus é mais forte Em palavras do cardeal Steiner, “Jesus ressuscitou, significa que o amor de Deus é mais forte que o mal e a própria morte; significa que o amor de Deus pode transformar a nossa vida, fazer florir o deserto. O deserto dos corações, o deserto que se alastra na destruição da terra. Sim, o universo recebeu a graça da vida nova, pois o amor é transformativo, purificador. O amor de Deus que se fez nossa humanidade e percorreu o caminho da humildade, da dor, do sofrer, do dom de si mesmo, até a morada dos mortos, ao abismo da separação de Deus. O amor misericordioso inundou de luz e vida o corpo morto de Jesus e transfigurou-o, ressuscitando-o de entre os mortos. Jesus agora ilumina a nossa humanidade, abrindo-nos um futuro de esperança”, disse inspirado na primeira homilia do dia da Páscoa de Papa Francisco. Seguindo com a homilia do Papa na Vigília da Páscoa de 2020, o arcebispo de Manaus disse que “com a sua morte e Ressurreição “conquistamos um direito fundamental, que não nos será tirado: o direito à esperança. É uma esperança nova, viva, que vem de Deus. Não é mero otimismo (…). É um dom do Céu, que não podíamos obter por nós mesmos. Tudo correrá bem: repetimos com tenacidade nestas semanas, agarrando-nos à beleza da nossa humanidade e fazendo subir do coração palavras de encorajamento. Mas, à medida que os dias passam e os medos crescem, até a esperança mais audaz pode desvanecer. A esperança de Jesus é diferente. Coloca no coração a certeza de que Deus sabe transformar tudo em bem, pois até do túmulo faz sair a vida.” Deus é vida, somente vida Talvez, por isso Santo Irineu a nos dizer: “Eis o que é a Páscoa: é o êxodo, a passagem do homem da escravidão do pecado, do mal, à liberdade do amor, do bem. Porque Deus é vida, somente vida, e a sua glória somos nós: o homem vivo”, recordou o cardeal. Ele lembrou que “São Pedro memorava nos Atos dos Apóstolos (At 10,40-43) como Jesus se manifestou a ele e aos outros discípulos que conviveram com ele. Depois…
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Missa Crismal em Manaus: “Somos ordenados para fazermos memória de Deus”

A arquidiocese de Manaus celebrou na manhã da Quinta Feira Santa a Missa Crismal, com a presença de grande parte do clero que trabalha nessa Igreja local, da Vida Religiosa e de numerosos fiéis que se uniram para participar de um momento importante na vida da Igreja. Enviado para animar, resgatar Uma celebração presidida pelo arcebispo local, cardeal Leonardo Steiner, que iniciou sua homilia lembrando as palavras do texto de Lucas lido no evangelho: “Jesus foi à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado e levantou-se para fazer a leitura.” Segundo o arcebispo, “voltou à espacialidade onde fora concebido, gerado, crescido, criado, e na Palavra de hoje, onde leu a sua missão: ‘hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir’. Sente-se enviado pelo Espírito para animar, resgatar, reanimar no corpo e no espírito: o Reino da verdade, da justiça e da graça!” O cardeal Steiner lembrou aos presentes que “aqui estamos como igreja particular, como Arquidiocese: nossas comunidades, nosso presbitério, ministros e ministras não ordenados, vida consagrada, seminaristas; expressões do Povo de Deus em nossa igreja particular, para celebra o Santo Crisma.” Nazaré, lugar de criação de Jesus Analisando o texto, ele sublinhou que “Nazaré, pode significar ‘consagrar-se a Deus’, mas também ‘ramo’ ou ‘rebento’. Nazaré onde brotou o ramo do tronco de Jessé, pois o lugar do anúncio, da presencialização do Filho de Deus no ventre da Virgem. O lugar do sim da Virgem que abre a finitude humana para a presença humanada de Deus. Lugar da criação de Jesus, da maturação, do trabalho corpo a corpo com o pai operário. Nazaré onde cresceu em ‘sabedoria, idade, e graça diante de Deus e dos homens’ (Lc 2,52). Conforme o Evangelho proclamado, o lugar da escuta dos profetas, do encontro do Povo do Deus com a sua história. Nazaré a iluminação do Espírito que repousa unge e envia em missão: ‘hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir’!” Diante desse significado, o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), disse que “somos convidados a voltar a Nazaré, o lugar do nascer da vida em Cristo Jesus. Voltarmos a Nazaré estarmos em casa com Jesus, Maria e José e participarmos do mistério amoroso, gracioso e salvífico que renova a face da terra, pois o Espírito a repousar, ungir e enviar. Voltamos a Nazaré e na escuta, deixar ressoar a vocação e a missão de discípulos missionários, discípulas missionárias. E de Nazaré somos enviados para anunciar o Reino da verdade, do amor e da salvação.” Voltar a Nazaré Nazaré, disse o cardeal, se dirigindo aos irmãos presbíteros e diáconos, “o ressoar da Palavra e da prece que ilumina a nossa vida e missão de ordenados. Voltamos a Nazaré e escutamos que o Espírito repousa sobre nós, pois O invocaram sobre nós, impuseram as mãos, fomos ungidos e enviados em Missão. Voltamos à Nazaré com o desejo de sermos continuamente gerados e crescermos, plenificarmos a nossa vida, missão, o nosso ministério. As nossas mãos, queridos padres, foram ungidas depois do Espírito repousar sobre nós, para abençoar, bendizer, ungir, jamais amaldiçoar! A ungir com o Espírito que concede rebento novo onde a vida parece ter secado, a esperança onde o sofrimento, a morte, parece destruir a nossa humanidade, a participação na redenção onde há sangue derramado e não recolhido; ungir a cegueira que não quer ver o cuidado amoroso de Deus, ungir os prisioneiros para que possam inspirar o desejo de liberdade, pois tantos encarcerados pelo mercado que sufoca, destrói as relações, o desejo de eternidade. O Espírito que unge para desestruturar a religião que não liberta, não oferece a verdade, a transparência da fé.” Em palavras do cardeal Steiner, “voltar a Nazaré, à espacialidade de nossa vida, missão e ministério, para escutarmos mais uma vez que o Espírito do Senhor está sobre nós, porque nos consagrou com a unção para sermos anunciadores, proclamadores da Boa-Nova transformante e redentora que traz esperança para os pobres; proclamar a boa-Nova que liberta os encarcerados, ensimesmados, presos no eu. Voltar a Nazaré e escutar a Boa-nova que abre horizonte e deixa ver, contemplar, admirar. Aquela boa-Nova que tomou conta do nosso ser presbítero e que liberta os oprimidos, os destruídos, os presos por espíritos mudos e desencaminhados. Voltar e escutar a palavra que o Espírito nos faz presença de graça, pois um verdadeiro jubileu de esperança.” Fazer memória “Em Nazaré nos encontramos para renovar as nossas promessas sacerdotais, pois celebramos o memorial de uma pertença”, afirmou o arcebispo, citando as palavras da celebração da Eucaristia: “Fazei isto em memória de mim”! Segundo ele, “o memorial que antecede à cruz salvadora: ‘fazei memória de mim’. Na participação do memorial, somos ordenados para memorar, para fazermos memória de Deus.” “O memorial que fazemos com as comunidades, é ao mesmo tempo memória da história da salvação, história do Povo de Deus, mas também pessoal, pois benevolência de Deus para conosco. A memória do encontro com Deus que toma a iniciativa, que cria e salva, que nos transforma; a memória da Palavra que inflama o coração, salva, dá vida, purifica, cuida e alimenta. Na nossa vida e ministério fazemos memória no serviço, proclamando Deus no seu amor, na sua fidelidade, na sua compaixão. A nossa vida e missão e ministério como expressão do memorial na conformidade do Reino plenificado na Cruz”, refletiu o arcebispo de Manaus. O cardeal Steiner ressaltou: “irmãs e irmãos, somos os seguidores e seguidoras de Jesus que fazem memória, deixando-nos guiar pelo Memorial em a nossa vida, e buscamos despertar para esse memorial do amor o coração dos irmãos e irmãs”. Diante disso, ele questionou: “Somos nós memória de Deus? Procedemos verdadeiramente como animadores esperançados que despertam nos outros a memória de Deus, que inflama o coração? Ou está Ele esquecido porque preocupados demais com uma religião de normas e preceitos?”, respondendo que “Jesus, memória da Trindade é caminho, verdade e vida!” Isso porque, “todo discípulo…
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Cardeal Steiner: “Ao contemplarmos crucificado, contemplamos os crucificados dos nossos dias”

No Domingo de Ramos, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia dizendo que “hoje entramos com Jesus na cidade de Jerusalém. Ele montado num jumentinho e nós o acompanhamos com cantos, palmas e aclamações. Iniciamos a Semana Santa que nos toca com a nobreza do amor que redime, salva, transforma.” Caminhamos com Jesus O presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil recordou que “caminhamos com Jesus, entramos na cidade de Jerusalém, para participar da mesa da bondade, de sua morte e ressurreição. Hoje iniciamos as celebrações que nos conduzem para a verdade da fé, a morte foi vencida; vida nova!” O arcebispo de Manaus disse que “a liturgia que abre a Semana Santa nos oferece a leitura da Paixão como itinerário, como caminho de seguir Jesus. Condenado à morte e morte de cruz, Ele per-faz o caminho da dor, do sofrimento, da morte. Experimenta toda a finitude humana e, por isso leva à plenitude a finitude humana. Na dor, no sofrimento consola, perdoa, aponta na morte a eternidade, o paraíso.” “No caminho do calvário Jesus não está só. Simão o Cirineu segue a Jesus no levar a cruz.  Ele vai ‘atrás de Jesus’, segue a Jesus (cf. Lc 23,26). No levar, carregar, a cruz, Simão de Cirene segue a Jesus, como se estivesse a nos ensinar o modelo do seguimento de Jesus: seguir, ir atrás, carregando a cruz. Nos recorda a palavra de Jesus: ‘se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz dia após dia e siga-me’ (Lc 9,23; cf. 14,27). Seguir, tomar a cruz, entregar da vida, o dom da vida aos irmãos e irmãs”, afirmou o cardeal Steiner. No caminho da cruz, Ele não está só Segundo ele, “no caminho da dor, do sofrimento, no carregamento da cruz, Ele não está só. O seguem as mulheres que choram, lamentam, e ele a consolar. Ele volta seu olhar: ‘Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai por vós mesmas e por vossos filhos…’. Sim quanta dor e quanto sofrimento na maternidade. Filhos perdidos, mortos, rejeitados pela sociedade, amputados, destroçados pelas guerras, mortos pela inanição, pela fome. Se nos fosse dada a possibilidade de escutar o choro das mulheres que perdem os seus filhos e filhas somente na guerra, seria ensurdecedor. Talvez, a dor já tenha secado as lágrimas. E no carregamento da cruz, na subida do calvário, caminha com Jesus a multidão dolorida e sofrida.” E no final do caminho, pendido da cruz oferece a misericórdia, disse, inspirado nas palavras de Papa Francisco no Domingo de Ramos de 2019: “’perdoa-lhes não sabem o que fazem’! Num momento específico: durante a crucifixão, quando sente os cravos perfurar-lhe os pulsos e os pés. Tentemos imaginar a dor lancinante que isso provocava. Na dor física mais aguda da Paixão, Cristo pede perdão para quem o está perfurando. Jesus no ser rasgado, despedaçado, lacerado, suplica: Perdoa-lhes, Pai. Não repreende os algozes nem ameaça castigos em nome de Deus, mas reza pelos ímpios. Cravado no patíbulo da humilhação, aumenta a intensidade do dom, que se torna ‘per-dão’.” Jesus não se limita a perdoar O cardeal ressaltou que “a súplica perdoativa de Jesus na cruz nos revela o sentido, a cor de fundo que sustenta a nossa vida de seguidores e seguidoras de Jesus. ‘Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem’. Jesus não se limita a perdoar, ultrapassa a si mesmo e indica o Pai como a fonte da misericórdia, do perdão, do amor. O irromper do amor e do perdão não está n’Ele, mas no Pai. Ele é o intercessor, o suplicador, o ofertador do perdão no amor.” Segundo ele, “a misericórdia benfazeja e redentora ressoa nas palavras dirigidas ao ladrão que lhe suplica para que não seja esquecido: ‘lembra-te de mim’! Nasce, então a palavra da misericórdia, da mansidão, da esperança, do aconchego que faz do ladrão crucificado o ‘bom ladrão’: ‘Em verdade te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso’. É no alto da Cruz que está fonte da misericórdia!” “Depois do consolo, do perdão, da misericórdia, no extremado da dor, no dilaceramento, no sofrimento, Ele está só. Sente-se abandonado por todos e por tudo. Onde estão os discípulos, onde as multidões saciadas de pão, onde os cegos agora com olhos, onde os surdos, agora ouvintes, onde os leprosos purificados e reinseridos? Onde os pássaros do céu, os lírios do campo… Ele está só”, refletiu o arcebispo de Manaus. Ele na cruz com todas as cruzes! Aprofundando no texto, o cardeal Steiner destacou que “Ele na cruz com todas as cruzes! Desalentado, só, suspenso entre a terra e o céu; quase desesperançado! Sem terra e sem céu! Foi suspendido de tudo e de todos. Pode haver angústia maior, pode haver dor maior que a solidão, o abandono? Não espinhos, os cravos, a cruz, mas o abandono.” Ele citou as palavras de Harada, um místico que meditando o abandono de Jesus, ensina: “Tudo isso, esse total abandono e fracasso, na visão da Fé, nos mostra totalmente outra paisagem: tudo de repente se vira pelo avesso: o extremo abandono é, na realidade, plenitude de amor: a profunda solidão se converte em unidade total. No momento em que parece mais desamparado, está mais do que nunca identificado com o querer divino, transparente ao Pai. Nessa fraqueza sem fim, Jesus se acha, sem reserva, ‘entregue’ ao Poder do Pai, totalmente aberto ao ato criador da Ressurreição.” “Nasce, então a declaração de amor que escutávamos na leitura da Paixão: ‘Pai nas tuas mãos eu entrego o meu espírito’. Nessa entrega, sem reservas, sem condicionamentos, sem porque, sem para que, apenas gratuidade de amor, lemos e vemos a salvação que nasce da cruz.  A cruz torna-se elo. Revela unidade. É o ponto de salto da nova criação, do novo Céu e da nova Terra. É o vir à luz da unidade primordial entre o Divino e o Humano. A cruz é a fenda, onde tudo se entrecruza e tudo se ilumina. Percussão que…
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