O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1) realiza sua 52ª Assembleia de 15 a 18 de setembro de 2025 em Manaus. Com a presença de mais de 70 representantes das nove igrejas locais, das pastorais e serviços, a sinodalidade está sendo o fio condutor de um encontro marcado pela partilha da realidade local.
Viver a comunhão
Nas igrejas locais do Regional Norte 1 nos deparamos com sinais de sinodalidade. Não pode ser ignorado que a experiência sinodal é um processo que exige assimilação, um exercício de caminhar junto e viver a comunhão. Para avançar nesse caminho de renovação da Igreja a arquidiocese de Manaus está realizando encontros formativos, em diversos âmbitos, a partir do Documento Final do Sínodo, tendo como fruto dessa sinodalidade as diretrizes da ação evangelizadora da arquidiocese.
No Regional Norte 1, um dos desafios para as igrejas locais são as distâncias e as dificuldades logísticas que essa realidade provoca. Na diocese de São Gabriel da Cachoeira, a mais extensa e indígena do Brasil, a comunhão é vivenciada entre os povos, lideranças e organizações indígenas e a Igreja do Rio Negro. Uma Igreja que incentiva a participação ativa e protagonismo dos leigos, que assume a proteção de crianças, adolescentes e crianças vulneráveis, o enfrentamento do tráfico de pessoas e o acompanhamento aos migrantes, doentes e pessoas necessitadas de diversos modos.

Protagonismo juvenil
Igrejas que incentivam o protagonismo juvenil, como acontece na diocese de Borba, mas também a missão, um compromisso assumido pelas pastorais, com uma equipe itinerante missionária que apoia as equipes locais, e o incentivo dos círculos bíblicos, em vista da animação bíblica da pastoral. Passos que ainda encontram desafios, como é a necessidade de avançar na conversão e na escuta.
As diversas atividades diocesanas no âmbito da missão e da formação, com grande envolvimento do laicato, sobretudo das mulheres, são expressões de sinodalidade na diocese de Parintins. Uma Igreja local que tem avançado no fortalecimento das pastorais, movimentos e serviços, na maior presença nas ações sociais e no olhar mais atento ao cuidado da casa comum. O desafio é um maior diálogo com as diversas expressões religiosas em vista de ações sociais e ecológicas, avançar na prestação de contas, maior conhecimento da Doutrina Social da Igreja, superar o clericalismo e o individualismo, maior articulação entre as lideranças juvenis, e um programa de formação contínua.
As assembleias diocesanas, conselhos, encontro das coordenações, encontros do clero, planos diocesanos de pastoral são realidades cada vez mais presentes nas igrejas locais. As diversas atividades e pastorais, segundo foi relatado pela diocese de Coari, são expressão de sinodalidade. Um caminho que vai adiante, mesmo reconhecendo a necessidade de uma maior escuta do povo, a presença da Igreja nos momentos de dor, e o desafio de aumentar as pastorais em saída e ajudar o povo a entender e aprofundar na sinodalidade.
Governo mais sinodal e próximo
Aos poucos o estilo de governo vai se tornando mais sinodal e próximo na prelazia de Itacoatiara, que fomenta a vida comunitária a partir da Iniciação à Vida Cristã, a presença missionária nas comunidades, a participação do laicato que assumem diversos ministérios e serviços, com ampla maioria de mulheres. Entre os desafios, fortalecer a escuta real para o discernimento pastoral, mais transparência na prestação de contas, dar mais voz aos jovens e mulheres nas decisões e viver uma espiritualidade sinodal no dia a dia.

As expressões de sinodalidade se fazem presente na diocese de Alto Solimões, dentre elas as assembleias em diversos níveis e a grande diversidade de ministérios laicais instituídos. Para isso está se avançando na formação de ministros e na Iniciação à Vida Cristã, com grande presença dos círculos bíblicos nas comunidades. Uma Igreja que também enfrenta desafios no campo do discernimento, no anúncio, entender o batismo como manancial da vida cristã, o resgate da eclesiologia do Povo de Deus nas Comunidades Eclesiais de Base, a passagem do devocionismo desencarnado ao seguimento de Jesus, a implementação dos diversos conselhos e o avance na prestação de contas.
Um exemplo de avanço na sinodalidade é o protagonismo das mulheres. Na prelazia de Tefé duas áreas missionárias são conduzidas por mulheres, algo que ajuda nesse avanço. Uma Igreja que potencia o protagonismo do laicato com os animadores e animadoras de setor, na assembleia do laicato, na VI Assembleia das CEBs, em vista de fortalecer a sinodalidade da Igreja, com a participação de mais de mil pessoas. Essa sinodalidade se faz igualmente nas pastorais ou na escuta do bispo nas visitas pastorais às paróquias e comunidades.
Decidir conjuntamente a caminhada
A espiritualidade cotidiana de sinodalidade anima a diocese de Roraima, uma Igreja que tem uma compreensão de Igreja que brota do batismo, onde todo o Povo de Deus é convidado a participar, especialmente na assembleia sinodal da Igreja de Roraima, em vista de decidir conjuntamente a caminhada a Igreja diocesana, que em 2025 celebra o Jubileu dos 300 anos de evangelização. Uma diocese com coordenações que valorizam a presença dos leigos, algo que se concretiza na equipe sinodal diocesana, que se faz presente nas paróquias e comunidades. Uma Igreja que vai além-fronteiras e tem estabelecido parcerias com a Igreja de Santa Elena (Venezuela), e de Lethem, na Guiana. Uma Igreja que investe em formação missionária com chave na sinodalidade, e que é desafiada no campo da pastoral urbana e no mundo digital.

Para acompanhar a vida das comunidades, das paróquias, das igrejas locais, o Seminário São José da arquidiocese de Manaus, um sinal de sinodalidade, forma padres para a Amazônia. 47 jovens chegados das diversas igrejas locais são acompanhados pela equipe formativa, que ajudam a descobrir os elementos próprios que devem configurar a vida dos futuros presbíteros. Um sinal de sinodalidade que também pode ser percebido no Tribunal Eclesiástico, que presta um serviço às nove igrejas locais e é um espaço de escuta. Nessa perspectiva, o bispo auxiliar de Manaus, dom Hudson Ribeiro, afirmava na missa com que iniciou o terceiro dia que “somos convidados nessa assembleia sinodal, ao voltar para nossas dioceses, para nossas comunidades, a nos sustentar naquilo que Sínodo da Sinodalidade foi se amparar quando as discussões começaram a ser criadas.” O bispo enfatizou a importância da escuta, do discernimento e do caminho. Segundo ele, “quando a gente escuta, escuta as emoções, escuta as realidades da gente, a gente passa para o discernimento, e esse discernimento só será bem-feito se ele é feito à luz da fé, à luz do Mistério da Salvação”.