Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Atualização Teológica do Clero de Manaus: “Abordagem da Cristologia numa linguagem amazônica”

Atualização Teológica do Clero de Manaus: “Abordagem da Cristologia numa linguagem amazônica”

O clero da arquidiocese de Manaus realiza de 06 a 08 de agosto de 2025 seu encontro anual de atualização teológica, com a presença de mais de 70 participantes entre bispos, presbíteros, diáconos e seminaristas. O padre André Luiz Rodrigues da Silva, do clero da arquidiocese do Rio de Janeiro, doutor em Teologia e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio), é a assessor desse tempo de formação.

Ajuda nos processos de evangelização

Um momento muito importante, segundo padre Matheus Marques, membro da equipe de coordenação da Pastoral Presbiteral da arquidiocese de Manaus. Ele considera que “para nossa Pastoral Presbiteral é muito importante que, como presbíteros, como diáconos da nossa Igreja de Manaus, nós possamos estar nesses dias atualizando a nossa Teologia, a nossa compreensão da pessoa de Jesus, que nos ajuda nos processos de evangelização.” Ele destacou que “a Teologia que a gente estuda nos ajuda a dinamizar ainda mais nosso processo evangelizador, a nossa pastoral”, motivo que levou a Pastoral Presbiteral a promover esse encontro.

Diversos interesses com relação a Jesus Cristo

A proposta do assessor é “fazer uma abordagem da Cristologia numa linguagem amazônica.” Para isso, ele “separou em primeiro lugar as fontes dos Evangelhos sobre Jesus Cristo, mostrando que tanto na Cruz quanto no Nascimento de Jesus, a gente tem várias percepções. O Evangelho não fala apenas de uma percepção, mas ele fala da visão cristã, fala da visão judaica e fala da visão pagã sobre Jesus Cristo. Jesus Cristo, ele interessa não apenas aos cristãos, aos católicos, mas Jesus é simbólico. Hoje é interessante para os não cristãos, os judeus, por exemplo, para as religiões orientais e no contexto amazônico a gente quer inspirar esse interesse, como que Jesus Cristo é interessante e ao mesmo tempo o contexto amazônico tem autoridade para falar de Jesus”.

Ao longo do encontro, o padre André Luiz Rodrigues da Silva, vai falar sobre o Antigo Testamento e o Novo Testamento, as principais características da Cristologia baseada nas Escrituras.” Com relação ao Antigo Testamento ele disse querer voltar para “a ideia do Paraíso, porque o contexto amazônico tem essa linguagem muito próxima: a Árvore da Vida, o rio que surgia do trono, os quatro rios que vão para todos os lugares da Terra.” Uma realidade que mostra, segundo o doutor em Teologia, “a importância da Amazônia para todo mundo, a Amazônia é um berço de salvação para todo mundo, isso é mais do que constatado aqui, e várias outras linguagens próximas do texto do paraíso, do Éden, que podem ser aplicados à ecoteologia”.

Outra temática a ser abordada é a questão moral, “falando sobre a salvação para quem é batizado e para quem não é batizado, como no contexto missionário a gente deve olhar para isso”, disse o assessor, tendo como referência a Redemptoris Missio, de São João Paulo II. A partir daí, “como manter a missão em um contexto amazônico, diante da perspectiva da verdade de fé sobre a salvação universal”, buscando que isso ajude no trabalho pastoral dos participantes.

1700 anos do Concílio de Niceia

O Concílio de Niceia, que está completado 1700 anos também faz parte da programação, abordando a dicotomia entre a humanidade e a divindade de Jesus. Ele destaca a questão apresentada em Niceia, o relacionamento entre o Pai e o Filho, mostrando as heresias posteriores, especialmente o arianismo. “Ario acreditava que Jesus fosse apenas uma criatura, um anjo poderoso de Deus, mas uma criatura responsável por toda a Criação, porque Deus não pode tocar a Criação. Deus na sua onipotência, na sua onisciência, Ele não pode se contaminar ao mexer com o barro da Criação”, explicou o professor da PUC Rio.

Diante disso, o Concílio de Niceia defende que “Cristo é verdadeiramente Deus, verdadeiramente homem”. Isso hoje nos diz que “Ele não se contamina quando Ele toca o barro, Ele não se contamina quando toca as nossas vidas, quando vem e se aproxima de cada um de nós. Esse Deus Todo-Poderoso, ele permanece o que é na sua divindade, na sua humanidade, sem que veja em nós o motivo de contaminação”, disse o assessor. Ele falou sobre a tentativa de “ver o irmão como a possibilidade de que algum mal vai chegar até nós”.

Encarnação como fundamento da Igreja

Para a Igreja da Amazônia, que em Santarém 1972 insiste na encarnação como fundamento da Igreja, se faz necessário entender que em Jesus “a humanidade e a divindade se unem. O mistério da encarnação, então, ele é vivido no corpo de Cristo, que é a Igreja. Então a dimensão eclesial, a espiritualidade da encarnação na igreja, ela precisa ser vivida de acordo com Cristo cabeça.” Para isso, o padre André Luiz Rodrigues da Silva defende que “a gente não deve perguntar na Igreja quem é membro superior e membro inferior. A gente não deve se perguntar na “Igreja quem é membro santo e membro impuro. A gente não deve se perguntar na Igreja quem é cabrito, quem é ovelha”.

“Se um dia no julgamento, em algum momento da vida isso for importante, as Sagradas Escrituras não disseram que isso dependeria de nós. Mas a gente deve sim abraçar a todos como uma única Igreja. Tanto aqueles que estão dentro da Igreja, quanto aqueles que estão fora da Igreja, vistos como um único corpo em Cristo”, enfatizou o assessor. Ele defende que com todo ser humano, independentemente de sua crença, “existe alguma coisa que nos une. E essa única coisa que nos une é Cristo e a Igreja”, segundo aparece em Dominus Iesus. É por isso que “se ele encontrar um caminho de salvação, esse caminho é único, tanto no corpo de Cristo, que é Cristo, quanto no corpo de Cristo, que é a igreja, porque só há um corpo de Cristo”, concluiu.

Fale Conosco
(92) 3232-1890