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Cardeal Steiner: “A Cruz é a expressão máxima de uma vida feita amor e entrega”

Cardeal Steiner: “A Cruz é a expressão máxima de uma vida feita amor e entrega”

Na Solenidade de Cristo, Rei do Universo, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia recordando que “concluímos, hoje o Ano Litúrgico. Na conclusão a liturgia de hoje celebra a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo. As leituras no despertam para o sentido da Solenidade de hoje”.

Unção de Davi

NaPrimeira Leitura, ele destacou que “Davi é ungido rei das tribos de Israel (2Sm 5,1-3).O seu reino tornou-se símbolo do reino de paz, de justiça, de liberdade que um dia Deus teria instaurado na terra. E vemos como os Profetas prometeram a chegada de um descendente de Davi, que iria realizar esse sonho, a realização das promessas de um reino livre e libertador. O povo de Israel esperou durante muitos séculos a realização do reino estável e duradouro. Especialmente no tempo de Jesus em que o povo estava dominado pelos romanos, estavam sob o jugo do estrangeiro, esperavam um salvador, um libertador. Um povo que havia recebido a terra prometida, havia conquistado um reino de justiça e liberdade com Davi, agora sob a dominação de estrangeiros. Conhecemos como muitos reis foram traidores da Aliança e levaram o povo à escravidão. Descuidaram, não pastorearam devidamente a promessa, a Aliança de Deus para com os patriarcas, Abraão Isaac, Jacó e sua descendência”.

Já na segunda leitura, o cardeal disse que “a Carta de São Paulo aos Colossenses, a nos ensinar porque Jesus se tornou rei, o centro, a possibilidade de realização do existir na nossa humanidade”. Ele citou o texto bíblico: “Ele nos libertou do poder das trevas e nos recebeu no reino de seu Filho amado, porque temos a redenção, o perdão dos pecados. (…) Ele o primogênito de toda a criatura, pois por causa dele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, as coisas visíveis e as invisíveis, tronos e dominações, soberanias e poderes. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas e todas tem nele a sua consistência. (…) Ele é o Princípio, o Primogênito dentre os mortos; de sorte que em tudo ele tem a primazia, porque Deus quis habitar nele com toda a sua plenitude e por ele reconciliar consigo todos os seres, os que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo sangue da sua cruz.” (Cl 1,12-20)

Segundo o arcebispo de Manaus, “Paulo a nos recordar que Jesus é o centro da história, o fundamento de tudo o que existe. Foi Ele que nos devolveu a graça da filiação divina. Ele que nos salvou, nos ofereceu o perdão dos pecados. Os vivos e os mortos estão referidos a Ele. Ele o início e o fim de todas as coisas. Ele reconciliou todo o universo. E tudo na graça da cruz. Assim, Ele é o rei, pois reina, supera, a divisão, a maldade. O que nos impressiona é que esse rei que a tudo dá sentido e tudo deixa ser, é o Crucificado segundo o Evangelho”.

Um Reino de serviço, de amor, de entrega

“Na celebração de Cristo Rei do universo, o Evangelho a nos dizer que participamos da sua realeza crucificada. Cristo não aparece sentado num trono de ouro, mas pregado numa cruz, com uma coroa de espinhos, com uma inscrição sobre a cabeça: “Jesus Nazareno, rei dos Judeus”. Rodeado de dois homens que seriam ladrões, insultado, escarnecido pelos soldados. Nada poder, autoridade, realeza terrena. Jesus na cruz, apresenta um Reino de serviço, de amor, de entrega, de dom da vida; um reino de reconciliação”, ressaltou o presidente do Regional Norte 1 da CNBB.

O cardeal Steiner mostrou que “nas palavras dos zombadores, vem a palavra de que Jesus é que salva, ele é o Salvador. A recordação da salvação vem como ironia, agressão para que ele salve a si mesmo. E Jesus não salva a si mesmo, morre crucificado, para salvar a todos. E na dor, no sofrimento, na passagem da morte salva toda a humanidade; nele somos salvos e libertos”.

“Reino do amor, da vida veio visibilizado no pedido do homem que como ele está no infortúnio. No suplício da cruz, o bom ladrão reconhece a salvação que é Jesus, o seu reinado”, destacou o arcebispo de Manaus. “Por isso, pede a salvação”, disse ele, citando o texto evangélico: “lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Diante disso, “Jesus o acolhe”, disse, recordando as palavras de Jesus: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso“. Segundo ele, “a cruz é o Trono, em que se manifesta plenamente a salvação, a realeza de Jesus. Na cruz acontece a reconciliação, o perdão e a vida plena para todos. A Cruz é a expressão máxima de uma vida feita amor e entrega”.

Inaugurar o Reino de Deus

A missão de Jesus foi anunciar e inaugurar o Reino de Deus, a salvação. Missão da Igreja, a nossa missão de discípulos missionários, de discípulas missionárias é continuar o anúncio do Reino de Deus e convocar a todos homens e todas as mulheres para construir aqui na terra, esse Reino da benevolência, do consolo, da misericórdia, do acolhimento, da bondade, da fraternidade universal, da salvação”, refletiu o cardeal Steiner. Ele recordou as palavras do Prefácio da solenidade de hoje, “Reino, eterno e universal, é o Reino da verdade e da vida, Reino da santidade e da graça, Reino da justiça, do amor e da paz”. Isso porque “esse é o Reino anunciado por Jesus, e plenificado na cruz, na sua morte e ressurreição”.

“Ao nos ensinar a oração do Pai Nosso Jesus nos disse para pedirmos que seu reino venha”, disse, recordando as palavras da oração dos cristãos: “venha nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terá como no céu”. “Venha a nós o vosso Reino!” Nisso ele vê “Jesus a nos convidar a fazer parte desse Reino e a trabalhar para que esse Reino chegue ao coração de todos. Todos possam participar desse Reino da verdade e da graça, da justiça do amor e da paz. Esse é o Reino que pedimos, imploramos, buscamos. Nele nos sentimos todos irmãos e irmãs, pois é nele que Jesus é rei, pois irmão”.

O cardeal Steiner recordou as palavras de Papa Francisco, que “nos recorda que a Solenidade de Cristo Rei é centro e centralidade de nossa fé”. Ele citou as palavras proferidas na Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo em Nagasaki “A nossa fé é no Deus dos vivos. Cristo está vivo e atua no meio de nós, guiando-nos a todos para a plenitude da vida. Ele está vivo e quer-nos vivos. Cristo é a nossa esperança. Pedimos todos os dias: venha a nós o vosso Reino, Senhor. E, ao fazê-lo, queremos também que a nossa vida e as nossas ações se tornem um louvor. Se a nossa missão como discípulos missionários é ser testemunhas e arautos do que virá, ela não nos permite resignar-nos perante o mal e com os males, mas impele-nos a ser fermento do seu Reino onde quer que estejamos: em família, no trabalho, na sociedade; impele-nos a ser uma pequena abertura pela qual o Espírito continua a soprar esperança entre os povos. O Reino dos Céus é a nossa meta comum; uma meta que não pode ser só para amanhã, mas imploramo-la e começamos a vivê-la hoje junto da indiferença que rodeia e silencia tantas vezes os nossos doentes e pessoas com deficiência, os idosos e abandonados, os refugiados e trabalhadores estrangeiros: todos eles são sacramento vivo de Cristo, nosso Rei (cf. Mt 25,31-46); porque, se verdadeiramente partimos da contemplação de Cristo, devemos saber vê-Lo sobretudo no rosto daqueles com quem Ele mesmo Se quis identificar”.

Dia do leigo

O arcebispo de Manaus recordou que “hoje a Igreja no Brasil celebra o dia do leigo. Mulheres e homens que pelo batismo participam do Reino que concede a realeza da filiação divina”. Leigos que recordam o pedido: “Jesus, lembra-te de mim, quando estiveres no teu Reino” (Lc 23,42), disse o cardeal. Segundo ele, “reconhecer a Jesus e a proclamar que possam participar do reinado. A missão dos leigos e leigas através das pastorais, ministérios, serviços, despertando e participando a verdade salvífica do Reino! Assim são ‘Testemunhas de Jesus libertador no compromisso com a vida’”. Ela recordou as palavras de Sônia Gomes de Oliveira, ex-presidente do Conselho Nacional do Laicato: “este é o sentimento e a espiritualidade que precisamos alimentar em nós, a dimensão do serviço do avental que nos faz servidores. Os tempos são desafiadores, nunca foi tão difícil manter a profecia, mas nunca foi tão necessário testemunhar Jesus e seu Projeto em nossa sociedade”.

“A solenidade de Cristo rei do universo não recorda e celebra um Deus forte, dominador, que se impõe do alto de um trono, que domina. A solenidade litúrgica de hoje celebra a Deus que acolhe, perdoa, reconcilia, salva com a força desarmada do amor”, destacou o arcebispo de Manaus.

Relação íntima e profunda

Ele ainda recordou que “na primeira leitura os anciãos de Israel foram a Hebron, estabeleceram um pacto de aliança com David, declarando que se consideram unidos a ele e seriam com ele um povo. Se referirmos esta figura a Cristo, esta mesma profissão de aliança se presta muito bem para ser feita nossa. Participantes do mesmo Reino podemos dizer a Jesus: ‘Nós nos consideramos os teus ossos e a tua carne’ (2Sm 5,1). Te pertencemos e contigo queremos formar um só Reino. És Tu o pastor do Povo de Deus, Tu és a cabeça da Igreja (cf. 2Sm 5,2). Nesta solene Celebração eucarística desejamos renovar o nosso pacto contigo, a nossa amizade porque só nesta relação íntima e profunda contigo, Jesus nosso Rei e Senhor, têm sentido e valor a dignidade que nos foi conferida de sermos filhos e filhas de Deus, e a beleza de participarmos do novo Reino”, inspirado nas palavras de Bento XVI na Solenidade de Cristo Rei, em 2007.

Finalmente, o cardeal Steiner enfatizou que “hoje celebramos a graça da reconciliação de todas as criaturas em Cristo, os que estão na terra e no céu, tudo transformado pelo sangue da cruz. Amém”.

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