“Desejar que nós não tivéssemos medo de discutir e aprofundar as questões da comunicação e da Ecologia Integral”. Essas foram as palavras do arcebispo de Manaus, Cardeal Leonardo Steiner, durante a mesa de abertura do 14º Mutirão Brasileiro de Comunicação. O evento buscará expandir horizontes para uma comunicação transformadora nas diversas realidades sociais e humanas.
O cardeal destacou a exigência desse processo de aprofundamento, justamente por ele considerar diversos “aspectos e dimensões”. Isso para que não o reduza a “um mero cuidado para preservar as coisas”, mesmo que haja uma predominância em colocá-lo sob a lógica de desenvolvimento que destrói o meio ambiente.

A poesia como parte do processo de transformação
Essa observação é um convite a perceber que existem “outros elementos próprios nossos, do ser humano, que precisam ser refletidos”. E para que essa comunicação ganhe os contornos de transformação desejados o cardeal aponta que o caminho é o de retorno ao “poetar”. Já que a poesia perpassa o itinerário de transformação da vida humana.
“Poesia que é a tentativa de colher a realidade na sua dimensão mais profunda. Lá onde nós somos atingidos. Nós somos atingidos por uma dimensão que o sustenta e guarda as nossas relações mais profundas”, explicou o arcebispo.
Nessa perspectiva, o arcebispo questionou a dinâmica a ser assumida diante dessas questões, de como “sermos realmente pessoas que conseguem comunicar?”. Para isso, é necessário que haja uma transformação e o caminho é pensar “O que veio Jesus fazer? Transformar as nossas vidas”, explicou o cardeal.Por isso, o anúncio do Reino de Deus é também de “um modo de vida novo, onde tudo se sente em casa, onde tudo realmente possa ser”, e é o que precisa ser anunciado.
Aprofundar dimensões exigentes
Como anfitrião do evento, o cardeal Steiner reforçou o desejo de que mutirão “não tenha medo de chegar e aprofundar as dimensões mais exigentes”. E lembrou da existência de iniciativas dissonantes da perspectiva da Ecologia Integral, citando a PEC da destruição. Nela há “todo o pensamento, e todo o pensamento através disso” em busca de oportunidades para atingir seus objetivos utilitários, que Heidegger chamava de um pensamento calculante.
“Então, desejo que as nossas discussões, os nossos debates sejam sem receio, sem medo, com toda a liberdade, para podermos realmente ser uma presença do Evangelho na nossa realidade. Assim ao menos é o que nós tentamos fazer sempre na Amazônia. Sempre buscarmos as razões mais profundas para podermos assim continuar a caminhar na esperança”, concluiu o cardeal.
Ao final de sua colocação pediu ao presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), uma das organizadoras do evento, Dom Valdir José de Castro, que declarasse a abertura oficial do MUTICOM. Ele retomou os agradecimentos aos envolvidos na preparação do evento e aos que ainda seguem trabalhando para realização do evento em todos os setores.
