No âmbito da comemoração dos cinco anos da fundação da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), a Ir. Rose Bertoldo, religiosa brasileira e secretária da CNBB Norte 1, partilha a sua visão esperançosa e comprometida com este caminho sinodal que, segundo ele,“Não pode ser entendido sem a dimensão de rede, escuta e discernimento dos territórios.”
Para a Irmã Rose, esses cinco anos significam relembrar um processo profundamente pessoal, coletivo e comunitário. “O que a CEAMA mais nos ensinou é que nós não estamos sozinhos. Precisamos caminhar juntos, tecer relações e fortalecer processos”, afirma. Em sua experiência pastoral, ela destaca que a sinodalidade não é um conceito, mas uma prática concreta de escutar as pessoas, discernir com elas e propor caminhos a partir de suas realidades.

Uma Igreja que se torna próxima
“Estamos no caminho certo”, afirma com convicção. A CEAMA, em sua opinião, tem sido uma luz que dá visibilidade à vida das comunidades e os sinais de uma Igreja que escuta, acompanha e se deixa interpelar pelas feridas da terra. Nas dioceses, prelazias e comunidades mais remotas, podemos ver os frutos desta Igreja sinodal que “caminha com o seu povo e está atenta às realidades”.
A irmã Rose lembra que a CEAMA é fruto do processo sinodal nascido do Sínodo para a Amazônia, e que esse caminho está apenas começando: “É uma realidade que perdurará por muito tempo. Foi construída por muitas pessoas de seus territórios, com um profundo senso de pertencimento e comprometimento.”
Logros com rosto de mulher e cuidado com a vida
Entre os avanços mais significativos na consolidação da CEAMA como organização viva nos territórios e o surgimento de processos específicos, a religiosa destaca a ministerialidade e reflexão sobre os novos ministérios; a criação do Rito Amazônico; o fortalecimento do Programa Universitário Amazônico, que abre caminhos educativos a partir da realidade do território.
Uma das contribuições mais importantes que a Irmã Rose destaca é a visibilização do papel da mulher na Igreja Amazônica: “Na Amazônia, são as mulheres que definem os caminhos da evangelização. Não basta reconhecer isso, é preciso valorizá-lo, garantir seus direitos e garantir sua voz nos processos”, afirma.
Seu depoimento nos lembra que muitas mulheres estão na linha de frente protegendo a vida, denunciando injustiças e enfrentando violências como feminicídio, abuso sexual e destruição de territórios. Segundo a religiosa, “as mulheres são guardiãs da vida em todas as suas dimensões. Elas são fundamentais para o presente e o futuro da nossa Casa Comum.”

Uma Igreja sinodal, a partir e para os territórios
Por fim, a Irmã Rose destaca que a experiência da CEAMA também ensina à Igreja universal: quando um território é priorizado, gera maior proximidade com as comunidades, especialmente com os mais vulneráveis. É uma experiência de conversão, de caminhar juntos, de fortalecer os fundamentos e de projetar uma Igreja com rosto amazônico, profético e esperançoso.
Fonte: CEAMA