Eucaristia: Pão da Esperança, foi o tema da Solenidade de Corpus Christi em Manaus, que neste ano teve uma conotação especial, dado que completa 50 anos do IX Congresso Eucarístico Nacional, realizado em 1975 em Manaus com o tema “Repartir o Pão”. Um Jubileu que se fez presente na celebração desta quinta-feira, realizada na Praça do Congresso Eucarístico, seguida de uma procissão até o Santuário Arquidiocesano de Fátima, onde se conserva a cruz do Congresso Eucarístico, que inspirou a cruz do Jubileu da Esperança na arquidiocese de Manaus.
V Oração Eucarística
Na Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo os ministros da Eucaristia, da Palavra e das Exéquias realizaram seu jubileu e participaram em grande número da celebração eucarística e da procissão. Na Eucaristia foi rezada a V Oração Eucarística da Edição brasileira do Missal Romano, que foi criada para o Congresso Eucarístico de 1975, e que a partir deste 19 de junho de 2025, por decreto do arcebispo, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, incluirá a invocação de São José nas missas celebradas na arquidiocese de Manaus. Igualmente foi usado na celebração um dos altares do IX Congresso Eucarístico.

Na homilia, o arcebispo iniciou recordando o fato de que, segundo o texto do Evangelho lido, para uma grande multidão só tinha cinco pães e dois peixes. Diante disso, “os apóstolos, os discípulos disseram a Jesus: olha despede, você está falando do reino de Deus, mas ele tem fome. Você está falando da grandeza da vida com Deus, da partilha, da comunhão. de um novo reino, de uma vida nova mas eles precisam ter o que comer.”
Dá-lhes vós mesmos de comer
O cardeal Steiner destacou a resposta de Jesus: “Dá-lhes vós mesmos de comer”. Mesmo com cinco pães e dois peixes, que é o que eles tinham, “foi o suficiente, porque Jesus tomando nas mãos os pães e os peixes, rezou, abençoou e distribuiu”, disse o presidente da celebração. Segundo ele, “o pouco pode ser uma bênção. O quase nada pode ser uma bênção. Quando se reparte, quando se doa.” Uma atitude presente em Manaus no tempo da pandemia, ressaltou o arcebispo, dado que “nós soubemos repartir tão pouco que tínhamos em casa e deu para todos, ninguém precisou passar fome. E fomos todos uma bênção para aqueles que tinham necessidade. E poderíamos até dizer, fomos um louvor de bênção, uma bênção de esperança. O pouco que se tem pode se transformar em muito.”
Um viver a partilha que o cardeal Steiner disse ter aprendido com sua mãe. “Na nossa casa vinham aqueles que pediam, e nós éramos muitos em casa. Mas a nossa mãe nunca deixou ninguém vir bater na porta e sair sem nada. É verdade que tínhamos um pouco menos na mesa, mas ninguém saía sem receber. É que o pouco pode se tornar uma bênção quando nós sabemos repartir o pouco. Pode ser uma bênção para os irmãos e irmãs que recebem, mas especialmente uma bênção para nós, que fomos tocados pela mensagem do reino de Deus, a mensagem de Jesus, e fomos tocados pelo dom de um amor que se reparte, que se dá e que se doa”, testemunhou o arcebispo de Manaus.

Sobra quando existe amor
Falando sobre o “ainda sobrou”, o cardeal disse que “é claro que sobra quando existe amor, quando existe partilha, sempre sobra. Ninguém passa fome.” Um texto que na festa de Jesus Sacramentado nos convida a “não termos medo de repartir, mesmo se tivermos pouco”, nos incentivando a partilhar, a dividir, a codividir.
Analisando o texto de Paulo, lido na celebração, o arcebispo ressaltou a figura de Jesus, “se dando, se doando para a salvação e permanecendo no meio de nós.” Nesse sentido, ele vê na Eucaristia “essa comunhão profunda com Jesus que se deixa no meio de nós e deseja que nós o recebamos, Não tenhamos medo de recebê-lo, irmos ao encontro, para também ele ser uma bênção para nós, mas nós podemos ser uma bênção para os outros. E assim como os outros recebem do pouco que temos, nós recebemos do muito que Deus tem para conosco.”
Perceber aqueles que têm necessidade
Refletindo sobre o dízimo, que aparece na primeira leitura da celebração de Corpus Christi, ele disse que “dízimo é aquela contribuição pequena que nós damos e assim nós ajudamos a tantas pessoas.” O cardeal pediu que “ao levarmos hoje a Jesus sacramentado pelas ruas da nossa cidade, que Ele nos abençoe e nos ajude a perceber os irmãos e irmãs que têm necessidade. Que ele nos ajude a abrir os olhos e o coração para podermos sempre de novo dar nos cinco pães e dois peixes o pouco que temos. Mas darmos o muito que Deus nos deu, o nosso amor, darmos o muito que Deus nos deu, o dom de podermos amar. Não apenas de dividir as coisas, o pão, mas podemos codividir a nossa vida, o dom da nossa fé. Então sim, levaremos o Pão da Esperança. Então sim, seremos sinais de esperança. Então sim, levaremos sempre a todos um sinal, um dom, o dom da esperança.”
O cardeal agradeceu os ministros e ministras extraordinários da comunhão, da Palavra de Deus e das exéquias, que celebraram seu Jubileu na arquidiocese de Manaus, “por levarem Jesus, o Pão da Esperança, aos irmãos doentes, aos irmãos e irmãs idosos, por sempre estarem a serviço da comunidade e das comunidades, por levar um pedacinho de pão.” É Jesus sacramentado, que “alimenta, fortifica, consola, fortalece, dá o dom da fé, alimenta a esperança.” Ele convidou aqueles que assumem esses ministérios a que “peçam a Deus o dom de sempre de novo levarem a Jesus, sempre de novo levarem a todos o Pão da Esperança.”

Forte devoção a São José
Recordando os 50 anos do Congresso Eucarístico Nacional celebrado em Manaus, o cardeal justificou a inclusão da invocação de São José na Oração Eucarística V, dado que em Manaus, “nós temos uma devoção tão grande a São José, o primeiro padroeiro que chegou a nossa região com o Forte de São José. Nós queremos trazê-lo sempre de novo na V Oração Eucarística para lembrar que ele é que cuidou do pão da esperança. Ele foi o custódio, o pai do pão da esperança. E que todos nós sejamos também pais, mães do pão da esperança para levarmos a todos a esperança, o pão descido do céu.
Finalmente, ele disse que o altar usado na celebração, será levado para a Catedral, “ficará como memória do Congresso Eucarístico que celebramos em Manaus. E será deixado lá como memória, como lembrança, como recordação. Recordação do pão da esperança, para que Jesus assim nos alimente, nos fortaleça, nos conduza a ser.”