O Tempo do
Natal nos desafia a refletir sobre o poder de uma palavra, de uma Palavra que
gera vida, nascida de Deus, e das palavras que semeiam morte e destruição.
Somos questionados sobre o uso que cada um, cada uma de nós, fazemos das
palavras. A pergunta que devemos nos fazer é para que usamos nossa capacidade
de falar. O que é que a gente comunica, o que é que a gente transmite para os
outros.
Reparar
naquilo que a gente comunica nos leva a perceber que muitas vezes nossa palavra
nasce daquela parte de nós que se empenha em destruir os outros. São tantas as
coisas negativas que brotam da nossa boca, que somos chamados a refletir sobre
as consequências daquilo que a gente fala. Uma palavra que deveria ser
instrumento de conhecimento, de crescimento para o outro, se torna uma bala que
mata, que destrói vidas.
A palavra
deve ser construtora de um mundo melhor para todos e todas, deve ajudar a
visibilizar o Reino de Deus no meio de nós. Sua Palavra, Jesus Cristo, é a
melhor expressão de sua presença, e aqueles que se dizem seguidores e
seguidoras dessa Palavra, discípulos e discípulas de Jesus, são desafiados a comunicar
tudo aquilo que Deus quis transmitir no fato de se fazer carne e no modo em que
isso aconteceu.
Um Palavra,
um sussurro de Deus, Ele se tornou presença entre nós em uma criança que se
comunicava com sua presença. Um estar no meio de nós que nos desafia a entender
o que Ele tem a nos comunicar. O que será que Deus quer me dizer hoje em tantas
coisas pequenas, em tantas realidades que aparentemente não são importantes?
Como entender o modo de se comunicar conosco e aprender essa linguagem que gera
vida?
Falar, se
comunicar, para bendizer e nunca para maldizer, tirar da nossa vida tudo o que
agride os outros, nos afasta deles e polariza nossa vida e nosso relacionamento
com os outros, que nunca podem ser vistos como inimigos e sim como irmãos e
irmãs. Quando estamos dispostos a nos fazermos pequenos, a nos comunicarmos no
sussurro e não no grito, quando nossa palavra é caminho de diálogo e não de
enfrentamento, vamos gerando vida, sendo Palavra encarnada do Deus da vida.
Uma palavra
que não manipula, mas que atrai, uma palavra que não domina, mas que ajuda a
experimentar a grandeza de caminhar juntos, uma palavra que não divide, mas nos
impulsiona na vivência da fraternidade. Pensemos antes de nos comunicar, não
falemos a partir do impulso e sim de uma reflexão que nos ajuda a construir
juntos, a gerar vida para todos e todas.
É tempo de afinar
o ouvido, de sintonizar com aquilo que Deus está nos dizendo para poder
aprender a comunicar o que vem D´Ele. Deixemos que de cada um, de cada uma de
nós possa brotar a Palavra que nos gerou e nos fez sua presença no meio aos
outros, para assim poder tornar visível, audível, compreensível que vale a pena
continuar fazendo carne o que Ele sempre nos comunicou e continua nos
comunicando.