Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Leonardo Lima Gorosito: Ser facilitador no Sínodo, ver “como o Espírito está a falar entre as pessoas”

Leonardo Lima Gorosito: Ser facilitador no Sínodo, ver “como o Espírito está a falar entre as pessoas”

Na
Assembleia do Sínodo 2021-2024 foi criada uma nova figura, a do facilitador. Um
deles é o leigo uruguaio Leonardo Lima Gorosito, que vê a sua figura como
alguém que “tem a bênção de poder ver de alguma forma qual é o processo,
como o Espírito está a falar entre as pessoas”.

Trata-se de
chegar à harmonia, de ver a diversidade como “um dom e uma graça para a
Igreja”
, insistindo que “uma Igreja sinodal, sem dúvida, tem de ser
diversa”. Uma Igreja em que se vive a circularidade, algo que é ajudado
pela conversa espiritual, onde “não há hierarquia, há humanidade, há
pessoas chamadas”, que estão “em volta de algo, mas ao mesmo
nível”.

É um
caminho que tem de ser percorrido, algo que terá de ser introduzido na vida das
comunidades
“, insiste Lima Gorosito, em que é necessário formar e dar
passos concretos para que “a conversa seja o que dinamiza as organizações,
as estruturas”.

Uma das novidades
da Assembleia Sinodal que se realiza em outubro é o trabalho nas chamadas
comunidades de discernimento, nas quais haverá um facilitador. Como alguém que
vai assumir esse papel, o que significa?

Pessoalmente,
a verdade é que é uma bênção poder participar como animador. É um papel de
ajuda, de apoio à dinâmica do diálogo espiritual, e o que procuramos é que o
método ajude as pessoas a encontrarem-se profundamente num clima de oração, de
abertura ao Espírito.

O animador
tem a bênção de poder ver, de alguma forma, qual é o processo, como o Espírito
está a falar entre as pessoas, e nós também temos a graça de ver que dons são
dados na conversa espiritual.

Como é que
o Espírito ajuda a fazer avançar a sinodalidade?

O Espírito
é, sem dúvida, o grande arquiteto de tudo isto, porque, naquilo que eu vi nos
casos de conversa espiritual, conseguir chegar à harmonia, não necessariamente
concordando em tudo ou apontando as coisas na mesma direção, mas conseguir
chegar à harmonia, chegar à fraternidade, a fraternidade é alcançada muito
rapidamente, vê-se como a ação do Espírito faz com que isso aconteça.

A Palavra
de Deus diz-nos que há uma diversidade de dons, mas o mesmo Espírito. A
diversidade é uma coisa boa, o Papa Francisco insiste muito nisso. Porque é que
é tão difícil para nós, na Igreja, aceitar aqueles que são diferentes e têm
opiniões diferentes?

Eu acolho
bem a diversidade. O Sínodo aponta-nos para a igual dignidade de todos os batizados
e isso desarma qualquer outra pretensão de que possa haver alguns que vão ser
acolhidos e outros que não, alguns que vão ser salvos e outros que não vão ser
salvos. Essas coisas não têm nada a ver com o Espírito, nem com o Espírito de
Jesus, nem com o Espírito do próprio Deus.

A
diversidade é um dom e uma graça para a Igreja, e uma Igreja sinodal tem
certamente de ser diversa. Por vezes há resistência, as pessoas não compreendem
bem qual é o papel das pessoas ou o que somos chamados a fazer, mas a
sinodalidade também nos mostrou que, na medida em que é um processo, temos de o
percorrer e isso ajudará e curará.

Fala da
igual dignidade do Batismo. É um leigo e vai animar um grupo em que a maioria
são bispos, com outras vocações e ministérios. Podemos dizer que esta dinâmica
que o Papa Francisco quis promover neste Sínodo reforça essa dignidade
batismal, reforça uma Igreja em que o sacramento fundamental é o Batismo?

Sem dúvida,
a partir dos textos preparatórios do Sínodo e das experiências continentais e
diocesanas, aquilo que se viveu muito na Etapa Continental, a igual dignidade
teve uma expressão que para mim foi bonita, não sentimos o carácter piramidal
da Igreja, mas sentimos muita horizontalidade, eu diria, até circularidade, no
sentido de que estávamos todos no mesmo plano, reunidos à volta de qualquer
coisa e não havia um nível hierárquico.

É o que
acontece na conversa espiritual, quando se está no momento da conversa
espiritual não há hierarquia, há humanidade, há pessoas chamadas, e
experimenta-se algo muito circular, que estamos todos à volta de algo, mas ao
mesmo nível.

Nos
encontros regionais da etapa continental do Sínodo, esta circularidade foi
experimentada nos círculos de discernimento: é possível viver e caminhar assim,
é possível construir a Igreja a partir desta circularidade?

Sem dúvida,
a experiência foi maravilhosa, pessoalmente eu estava muito cheio do Espírito,
no sentido de que foi um momento de graça. É um caminho que tem de ser
percorrido, algo que terá de ser introduzido na vida das comunidades. O diálogo
espiritual é um grande instrumento e temos de apostar nele, é o momento de o
fazer e estamos a caminho.

Diz que o
diálogo tem de ser introduzido na vida das comunidades, que passos têm de ser
dados para isso?

Precisamos de identificar, porque em todas as
comunidades há pessoas que facilitam o diálogo, precisamos de identificar as
pessoas que tornam isso possível nas comunidades e, depois, talvez formá-las
para serem facilitadoras, para ajudar a que a conversa seja o que dinamiza as
organizações, as estruturas. Que, nos conselhos diocesanos, nos conselhos
paroquiais, pudesse haver este tipo de instância, facilitaria muito a tarefa.
Precisamos de ser treinados para isso e de abrir espaço para isso.


Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Fale Conosco
(92) 3232-1890