A Diocese de Roraima enviou seu bispo Dom Mário Antônio da
Silva para sua nova missão como Arcebispo de Cuiabá, para a qual foi nomeado
pelo Papa Francisco no dia 23 de fevereiro de 2022, serviço que assumirá no dia
1º de maio.
Foi uma celebração de
agradecimento pelos cinco anos e meio de alguém de quem foi destacada sua
presença no meio do povo, sua humanidade, sua alegria, acolhida e profecia, agradecimento
por tudo aquilo que o povo da Diocese de Roraima teve a graça de aurir com a
sua presença no meio deles.
Foi momento para fazer memória do caminho percorrido, a
través de luzes que recolheram o vivido por Dom Mário Antônio com a Vida
Religiosa, o clero, as pastorais e movimentos. Segundo o bispo são “testemunhos de palavras,
de gratidão, de luz, não na minha vida, no meu ministério pessoal, mas na missão
e nas páginas vivas do Evangelho da nossa Diocese de Roraima”.
Dom Mário Antônio disse que no seu ministério episcopal em Roraima,
“eu procurei não atrapalhar, procurei ajudar e motivar”, dizendo ter
consciência de que colaborou, “porque vocês foram dóceis ao Espírito Santo e
verdadeiras luzes nas situações de escuridão”. Ele disse ter ficado com o
coração partido quando conheceu a notícia da sua transferência, mas que a
celebração o curou, “eu não sinto mais o coração partido, sinto que tenho um
coração em partida, em partida com o apoio, com a oração, com o carinho e com a
benção de cada um de vocês”.
O Arcebispo eleito de Cuiabá agradeceu, “por me enviarem,
por me darem coragem, por me darem apoio e sustento na missão, não muitas vezes
fácil e por vezes incompreendida”. Ele fez leitura de uma carta onde destacou a
importância do trabalho da Igreja de Roraima com os povos indígenas, uma causa “assumida
como anúncio da dignidade humana e por vezes como denúncia daquilo que negava o
Evangelho e os direitos humanos”.
Dom Mário Antônio insistiu, citando a São Paulo VI, em que “passar
de condições menos humanas para condições mais humanas é evangelizar”. Ele foi
relatando o sofrimento do povo yanomami em consequência da invasão do garimpo e
a luta assumida pela Diocese em sua defesa, uma realidade que tem se acentuado
nos três últimos anos, em que “o dragão devorador da mineração tomou força novamente
e avança com toda a voracidade e poder das organizações criminosas sobre a
Terra Yanomami”, denunciando os vários crimes que estão acontecendo com os
yanomami, algo que definiu como “uma vergonha para nosso país e fazem o nosso
coração sentir o sofrimento e a morte que os Yanomami e a natureza estão
vivendo”.
Diante disso denunciou “a omissão e a irresponsabilidade do Governo
Federal, que em vez cumprir seu papel na defesa dos povos indígenas e de suas
terras, patrimônio da União, incentiva as invasões e coloca na pauta do
Congresso Nacional o Projeto de Lei que legaliza a mineração em terras
indígenas”, o que só traz sofrimento. Por isso o bispo disse: “Deus nos livre
dessa maldição!”, convidando a se unirem na defesa e na garantia da vida e do território
Yanomami, a promover a justiça e assumir o compromisso para com a defesa e o
cuidado da Casa Comum.
No final da celebração se multiplicaram as homenagens e
lembranças do vivido em seu tempo como Bispo de Roraima, para depois ser
abençoado por diferentes pessoas em representação dos presentes na celebração,
também os povos indígenas e seu irmão. A tudo isso, Dom Mário Antônio respondeu
dizendo que “o Espirito Santo que sopra sobre nós, vai nos manter sempre em
comunhão”, afirmando que “vai ser difícil sentir distância de vocês”.