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Campanha eleitoral: usar o nome de Deus para construir o Reino, e nunca em vão

Os Mandamentos da Lei de Deus orientam nossa vida, e o terceiro mandamento diz: “Não tomar o nome de Deus em vão”. Diante das atitudes de alguns candidatos podemos dizer que o respeito por esse mandamento passa longe daqueles e daquelas que pretendem assumir um lugar nas prefeituras e câmaras de vereadores. Não são poucos os quem em seus discursos e propagandas falam de Deus, mas de que Deus? Muitas vezes um Deus que responde aos seus próprios interesses, se distanciando daqueles que são os preferidos de Deus, os mais pobres e vulneráveis, aqueles a quem a sociedade, inclusive muitos que assumem cargos públicos em diversos níveis, descartam. Quando um político ou um candidato fala de Deus, deveria assumir as atitudes de Deus, atitudes que nos levam a escutar os outros, a defender a vida sempre, a respeitar as diferenças, a cuidar da casa comum, a estar disposto a dialogar e perdoar, a defender a democracia. De fato, acreditar em Deus é bem mais do que falar dele, é viver segundo seus mandamentos. O mau uso da política tem fomentado que aqueles que não tem a mesma opinião sejam vistos como inimigos, quando em verdade eles só são adversários. O debate político enriquece e a diversidade de pensamentos em busca do bem comum, de um mundo melhor para todos e todas, é uma necessidade no exercício da política, do cuidado daquilo que é de todos, daquilo que é comum. O político que fala de Deus deve ser tolerante com as opiniões dos outros, o que deve levar a ser respeitoso e valorar que é possível viver de diversos modos. O desafio é concretizar aquilo que o Papa Francisco, na encíclica Fratelli tutti chama amizade social, a boa política. Ele fala sobre saber reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas, de evitar todo desejo de domínio sobre os outros, de formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros. São questionamentos que todo cidadão, todos aqueles que votam, deveriam se fazer. Quem não se preocupa com todos, quem não está disposto a olhar os prediletos de Deus, quem responde a interesses pessoais ou de pequenos grupos de poder, nunca deveria assumir um cargo público. O político que diz olhar e escutar a Deus tem que descobrir que para isso tem que dirigir seu ouvido, seu olhar, para baixo, porque o Deus cristão é um Deus que está no meio de nós, que passa fome, sede, necessidade, naqueles em que Ele está encarnado. Digamos com o Papa Francisco: “O amor ao outro por ser quem é impele-nos a procurar o melhor para a sua vida. Só cultivando essa forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela amizade social que não exclui ninguém e a fraternidade aberta a todos”. Que aquilo que o Papa nos diz em Fratelli tutti possa ser luz em nossa vida, também quando a gente apertar as teclas da urna eletrônica. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Tráfico de pessoas nas redes sociais, tema do 9º encontro da Rede de Enfrentamento na Fronteira Brasil-Colômbia-Peru

As regiões de fronteira são locais onde os riscos relacionados ao tráfico de pessoas aumentam exponencialmente. Na Tríplice Fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru não é diferente, dada a facilidade de ultrapassar as fronteiras. Nesse contexto, o mundo virtual se tornou um perigo adicional, especialmente as redes sociais, um espaço onde os traficantes realizam o recrutamento de vítimas, enganadas por falsas promessas. Uma luta transfronteiriça da Igreja Católica Para enfrentar essa realidade, existe na região a Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas na Tríplice Fronteira Amazônica (Brasil, Peru e Colômbia), que recentemente realizou seu 9º encontro em Puerto Nariño (Colômbia). Formada por representantes da Vida Religiosa e do Laicato, ela faz parte do projeto “Igreja Sinodal com Rosto Magüta”. Este 9º Encontro foi assessorado pela Ir. Isabel Miguélez, membro da Rede Kawsay, uma rede de Vida Consagrada dedicada à erradicação do tráfico de pessoas, com o tema “Tráfico de pessoas e redes sociais”, que pode ajudar diante do avanço da tecnologia e do uso massivo de plataformas digitais, que aumentaram os riscos e facilitaram o recrutamento de vítimas, particularmente em regiões vulneráveis como essa Tríplice Fronteira. Três dias de trabalho foram dedicados a aprofundar o impacto que as redes sociais estão tendo na exploração de pessoas. O resultado do encontro foi o conhecimento de ferramentas práticas para a prevenção, identificação e combate a esses crimes. Redes sociais e tráfico de pessoas Não podemos ignorar, como apontou a religiosa, que as redes sociais se tornaram um novo campo de captação para as redes de tráfico. Nessa perspectiva, os participantes discutiram o papel das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) como meio de recrutamento e exploração, estudando fatores de risco e comportamentos de risco em crianças e adolescentes, destacando a importância de reconhecer padrões de aliciamento, sexting e outras formas de abuso em ambientes digitais. Os 60 participantes do encontro, incluindo 22 representantes de comunidades indígenas da região, analisaram pesquisas internacionais que fornecem uma visão mais ampla do tráfico de pessoas, permitindo a elaboração de melhores planos de prevenção na região. Eles também discutiram estratégias de incidência pública e política, com o objetivo de entender que a cooperação entre atores locais e internacionais pode fortalecer a proteção das pessoas mais vulneráveis a esse flagelo. Promoção de um papel ativo nas comunidades locais O encontro foi um espaço de troca de experiências e compromissos para avançar na luta contra o tráfico de pessoas. O objetivo é promover um papel ativo entre as comunidades locais na defesa dos direitos humanos na região amazônica, a fim de prevenir o tráfico e proteger as vítimas. A Rede Kawsay desempenha um papel importante nesse sentido, promovendo a articulação entre a Vida Religiosa, a sociedade civil e os líderes das comunidades indígenas. O objetivo é enfatizar a dignidade da pessoa humana e a necessidade de acabar com as redes de tráfico de pessoas que atuam em vários países. Essa é uma dinâmica na qual querem continuar insistindo, aprimorando o uso da tecnologia e estendendo esse aprendizado às comunidades locais. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Gervis Monteiro, padre Alex Mota e dom José Albuquerque na ampliada da CMOVIC, em Brasília

A Casa dom Luciano Mendes de Almeida, em Brasília, acolhe de 09 a 12 de setembro de 2024 a reunião da ampliada anual da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e da Vida Consagrada (CMOVIC), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em representação do Regional Norte1 da CNBB participam a coordenadora da Conferência dos Religiosos no Regional Norte1 e representante do Serviço de Animação Vocacional (SAV Norte1), Ir. Gervis Monteiro, o formador do Seminário São José de Manaus, representando a Organização dos Seminários e Institutos Filosófico-Teológicos do Brasil (OSIB) do Regional Norte1, padre Alex Mota, e o bispo de Parintins e membro da CMOVIC, dom José Albuquerque de Araújo. Na manhã da segunda-feira 09 de setembro, antes do início da ampliada, onde participam quase 100 representantes dos organismos que fazem parte da comissão e da maioria dos regionais da CNBB, aconteceu a reunião das instituições que fazem parte dessa comissão, segundo lembrou o bispo de Parintins. O encontro seguirá a metodologia da conversação espiritual, tendo como facilitador o padre Miguel Martins Filho, SJ, que é um dos facilitadores da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que realizará a segunda sessão de 02 a 27 de outubro no Vaticano. Ele explicou os caminhos pelos que pode se desenvolver a conversação espiritual, que pode ser aberta ou orientada. Para desenvolver a conversação espiritual, precisa encorajar a disposição interior, buscando reconnhecer os passos de Deus em nossas vidas, mostrando o que deve ser feito pelo facilitador. O jesuíta falou sobre os benefícios do método da conversação espiritual para o discernimento comunitário, explicando os passos do método e o específico de cada uma das três rodadas, que devem levar a partilhar, refletir e sentir o Espírito. Um outro elemento presente na reflexão tem sido o Jubileu da Esperança, com a assessoria do bispo auxiliar de Vitória (ES), dom Andherson Souza. Ele explicou o que era o Jubileu e o Caminho Sinodal no Primeiro Testamento, sustentado nos conceitos da terra para todos, o perdão e a libertação. O bispo refletiu sobre o fato de ser peregrinos de esperança no caminho sinodal. Falando sobre o Jubileu e o Caminho Sinodal no Segundo Testamento, refletiu sobre o que significa o Ano da Graça do Senhor. A partir daí destacou os elementos do Jubileu 2025 – Peregrinos de Esperança, sua relação com o caminho sinodal, os homens e as mulheres do Caminho e a sinodalidade enquanto resposta ao chamado de Deus. Entre aqueles que partilharão sua caminhada durante o encontro estão a Ordem das Virgens, a Comissão de Comunhão e Partilha, a Comissão Bispos Eméritos, o SAV-PV, a Conferência Nacional dos Institutos Seculares do Brasil (CNISB), a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), a Organização dos Seminários e Institutos Filosófico-Teológicos do Brasil (OSIB), a Comissão Nacional dos Diáconos (CND) e Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP). Durante o encontro, o bispo auxiliar de São Paulo e presidente da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e da Vida Consagrada, dom Ângelo Mezzari, e o bispo de Caçador (SC) dom Cleocir Bonetti, abordarão a questão da Saúde Integral. No final do encontro será apresentado o Calendário 2025, e terá a partilha da Assessoria da CMOVIC e os comunicados das Instituições, sendo encerrado com as palavras finais dos bispos membros da Comissão. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

No final do Encontro Regional Norte1, as CEBs assumem compromissos para vivenciar nas comunidades

Foi encerrado neste domingo 8 de setembro, o Encontro das Comunidades Eclesiais de Base do Regional Norte1, que desde sexta-feira dia 6 reuniu quase 200 pessoas das 9 igrejas locais do Regional na diocese de Roraima, que teve como tema “CEBs, Igreja da Amazônia – Casa do Encontro, da Acolhida e da Ministerialidade”, e como lema: “Acolhei a todos no Senhor, de maneira digna, como convém aos santos” (Rom 16, 20). Na Eucaristia final, presidida pelo bispo diocesano de Roraima, dom Evaristo Spengler, o bispo auxiliar de Manaus e referencial das CEBs no Regional Norte1, dom Zenildo Lima ressaltou na homilia a alegria do encontro da vida comunitária cuja principal expressão é o encontro ao redor da Palavra e da mesa da partilha eucarística para fazer memória de Jesus. Segundo dom Zenildo, “esta é a verdadeira alegria a qual se refere a oração da Coleta. Alegria de um Deus que inverte lógicas como nos anuncia o profeta Isaías, de um Deus que rompe com os silêncios como realiza Jesus no Evangelho”. “Jesus inaugura um caminho novo que não vai simplesmente proporcionando as pessoas algum alívio num sistema que esmaga, mas inaugura um modo novo de viver que rompe com estes sistemas”, sublinhou o bispo. É por isso que “a comunidade dos seguidores de Jesus é exortada por São Tiago a não reproduzir estas lógicas que privilegiam e discriminam, mas que seguem o caminho novo de Jesus”. Levando isso para a vida das CEBs, ele enfatizou que “nossas comunidades eclesiais de base são chamadas a este grito que irrompe e rompe com esquemas que silenciam e sufocam: Abre-te!” As CEBs do Regional fizeram propostas de compromissos para serem vivenciadas nas comunidades do Regional Norte1. As propostas têm a ver com círculos bíblicos, vida comunitária-ministerialidade, casa comum, fé e política e juventude. Nos círculos bíblicos foi proposto que sejam permanentes e que sejam um modo de visitar as casas, com subsídios locais, inserindo a vida da juventude, ecologia integral, política, casa comum, mulher, saúde pública, povo de rua, trabalhando em rede e sob a inspiração do CEBI. Na dimensão da vida comunitária-ministerialidade foi destacada a necessidade da animação das comunidades, as visitas com momentos de espiritualidade, formação para desconstruir relações clericais existentes nas comunidades, reconhecer a diaconia da mulher e assumir novos ministérios, dentre eles casa comum, mulher, formadores políticos e coordenação. Com relação à casa comum, foi proposto promover a espiritualidade ambiental nas comunidades, e ações para eliminar descartáveis plásticos nas comunidades, também ações de sensibilização para o cuidado da casa comum em todos os âmbitos da comunidade, a criação da Pastoral da ecologia integral nas comunidades e a conscientização e sensibilização para a Ecologia Integral, criação de hortas comunitárias, plantar árvores, não uso de agrotóxicos, cuidado da água, rodas de conversa com as mulheres ribeirinhas, ações de incidência sobre as políticas públicas e legislações ambientais. No âmbito da fé e política, foi colocado a promoção da espiritualidade política na vida das comunidades, participar e integrar os conselhos estaduais de políticas públicas, assumir o Projeto “Encantar a política”, participação nos conselhos paritários, formação fé e política desde a educação popular, elaboração de cartilhas. Sobre a juventude, as propostas apresentadas foram reforçar o compromisso com a juventude nos círculos bíblicos e construir processos formativos a partir do lugar das juventudes. Finalmente, foi proposto fortalecer pastoral da criança. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “Existe de fato uma surdez interior, que hoje podemos pedir a Jesus para tocar e curar”

No 23º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua reflexão dizendo que “Jesus, no Evangelho proclamado, a tocar os ouvidos e a língua e ordenar: abre-te!”, uma imploração já presente na primeira leitura, citando o texto de Isaías. Segundo o arcebispo, “ao abrir os ouvidos se recebe a graça da palavra; palavras inteiras e sedutoras. As palavras nascidas da escuta, desatam a língua. Desata porque recuperamos a escuta, os ouvidos.” Citando o texto do Evangelho, ele disse que “a alma humana no meio da multidão perde o ouvido e a fala, e por isso morre. No meio de tantos rumores, contradições, tormentos, dissabores, notícias falsas, calúnias, perde-se o ouvido, a escuta. Perde-se não só as palavras, mas o rumo, a direção, o horizonte, o sentido do existir. Ao perdermos a escuta, vamos tateando, vagando entre tantos ditos e não ditos, que acabamos perdendo a morada, perdemos as relações, definhamos, morremos”. Em palavras do cardeal Steiner, “razão tinham os habitantes da Decápole de apresentar a Jesus o surdo-mudo para que impusesse as mãos. Estava como que perdido no meio da multidão dos conflitos e dessabores da vida. Jesus em vez de impor as mãos o leva para fora da multidão e, num tu-a-tu, coloca o dedo nos ouvidos, cuspiu e, com a saliva tocou a língua dele. Olhando para o céu, suspirou e disse: ‘Efetá, que quer dizer abre-te!’” Ele lembrou que escutávamos no Evangelho: “Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade”. O cardeal recordou que “Papa Francisco ensina que a condição daquele homem tem um valor simbólico. Ser surdo-mudo é também um símbolo. E este símbolo tem algo a dizer a todos nós. Trata-se da surdez. E Jesus, para curar a causa do seu mal-estar, “coloca primeiro os dedos nos ouvidos, depois na boca; mas antes nos ouvidos! Salienta Papa: “Todos nós temos ouvidos, mas muitas vezes não conseguimos ouvir. Por quê? Irmãos e irmãs, existe de fato uma surdez interior, que hoje podemos pedir a Jesus para tocar e curar. A surdez interior é pior do que aquela física, porque é a surdez do coração. Tomados pela pressa, por mil coisas a dizer e fazer, não encontramos tempo para parar e ouvir quem fala conosco. Corremos o risco de nos tornar impermeáveis ​​a tudo e de não dar espaço a quem tem necessidade de ser ouvido: penso nos filhos, nos jovens, nos idosos, em muitos que não têm tanta necessidade de palavras e de pregações, mas de serem ouvidos”. “Escutar não é a capacidade de ouvir sons, ruídos. Quantos não ouvem e ouvem melhor que nós; quantos não falam e falam melhor que nós”, enfatizou o arcebispo. Segundo ele, “ouvir é próprio do ser humano, é a sua grandeza de percepção de todas as coisas. No ouvir se estabelecem relacionamentos com as pessoas, toda a realidade, com Deus. Ao escutarmos a palavra do outro, escutamos o seu coração, a sua vida, não os seus sons. Por detrás da palavra está a busca de uma vida, de uma existência. Na palavra está cada pessoa com seus anseios, esperanças, dificuldades, sonhos, amores. E no meio do burburinho da multidão escutamos apenas sons e compreendemos apenas sons e não compreendemos e não escutamos o tu, a alma do outro. Temos dificuldades de escutar a Deus!” “Abre-Te! Somos necessitados e pedintes de novos ouvidos e novas palavras! Somos necessitados, necessitadas, de ouvidos que saibam distinguir no meio da multidão das aflições, das acusações, do silêncio, do vagar das palavras, a presença do outro que vem ao nosso encontro com busca de compreensão, de diálogo. Na desatenção, às vezes, apenas ouvimos as acusações, o desabafo e entramos no jogo das palavras, não percebendo o quanto há de necessidade e acolhida naquelas palavras, ou melhor, o outro que se manifesta na palavra. E nós fechados na multidão de nós mesmos, incapazes de sair com alma aberta para escutar o outro que nesse momento vem ao encontro de modo inesperado e inusitado: desabafando”, ressaltou o arcebispo de Manaus.  Segundo ele, “no contínuo escutar, no aprimoramento da escuta, na sensibilidade do ouvido que o tempo concede, que o tempo gratuito propõe, ressoam as realidades, as palavras, os anseios, desejos e amores e, assim, a palavra se torna concatenada e flui. No exercício da escuta e da fala, já não mais a fala vazia e a imitação, mas palavras que expressam sentimentos, preocupações e frustrações, alegrias e realizações, sempre iluminados pela esperança e a transformação. E na vivacidade do dizer, nos é dado pintar o mundo das realizações e meditações. E em ouvindo e deixando de ouvir, na fala e deixando tantas vezes de falar: silenciamos. Mas mesmo no silêncio continuamos a escutar e a falar. Não os sons das palavras, mas as palavras elas mesmas a circular na interioridade”. O cardeal Steiner perguntou: “Nesse sentido, entramos em sintonia com os outros? Pai e mãe, pais e filhos, filhos e pais? Nos dispomos à escutar? Mas escutar o coração do outro. Conseguimos permanecer juntos sem palavras, nos escutando? Deixamo-nos tocar pela vida do outro, das pessoas em necessidade, dando tempo a elas, especialmente as que estão próximas de nós?”, fazendo um chamado a “ajudar, depois de escutar. E todos nós, antes escutar e depois responder”. Na segunda leitura, ele destacou que “a nos acordar para a escuta e a fala justa, apropriada, sem acepção de pessoas. Naquele Efetá, no abre-te tem a força e a graça da escuta daqueles que ninguém quer e que a sociedade rejeita. No ensina o apóstolo Tiago: “Meus queridos irmãos, escutai: não escolheu Deus os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o ama?” (Tg 2,5) Sim irmãos e irmãs, o Senhor nos concede ouvidos para escutar as necessidades mais prementes, mais sofridas. Essa escuta exige de nós os ouvidos da fé, da Palavra de Deus.…
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Ministerialidade, uma realidade presente nas CEBs do Regional Norte1

O Encontro Regional das CEBs, que acontece na diocese de Roraima de 6 a 8 de setembro de 2024, com a presença de quase 200 representantes das 9 igrejas locais do Regional Norte1, continuou seus trabalhos refletindo sobre a ministerialidade, um elemento presente no tema do encontro: “CEBs, Igreja da Amazônia – Casa do Encontro, da Acolhida e da Ministerialidade”, que tem como lema: “Acolhei a todos no Senhor, de maneira digna, como convém aos santos” (Rom 16, 20). Falar de Ministerialidade nas Comunidades Eclesiais de Base na Amazônia é falar de uma realidade presente na Igreja da Amazônia, segundo a Ir. Sônia Matos, assessora do encontro. A religiosa destacou que “não pode pensar em ministérios por causa da falta de ministros ordenados, seria desviá-los de seu significado e fundamento”, insistindo na importância do sacerdócio comum que deriva do batismo. A assessora sublinhou que “para uma Igreja com rosto amazônico é necessário uma ministerialidade amazônida de fato, através de uma vivência eclesial que siga a capilaridade-sinodalidade dos rios”. Nessa perspectiva se faz necessário destacar que “as mulheres são sujeitos nas paróquias e nas dioceses, com múltiplas formas de serviço pastoral e ricas experiências de ministerialidade”, uma realidade muito presente nas CEBs, especialmente no interior e na periferia das cidades, onde a ministerialidade aparece como serviço da vida da comunidade. Isso demanda um reconhecimento explícito que faça com que as mulheres possam sair do papel de suplência pastoral e de exclusão nas instâncias de decisão, para assumir um ministério a partir de sua dignidade ministerial. Para isso é preciso respostas criativas aos desafios que hoje coloca a missão evangelizadora e a necessária transformação social, elementos que historicamente acompanham a vida das CEBs. Uma ministerialidade marcada pela sinodalidade, em que as comunidades possam se tornar comunidades ministeriais, como jeito de viver e testemunhar o Reino. Essa reflexão motivou um trabalho em grupos sobre a ministerialidade na Amazônia, buscando abrir novos caminhos para as CEBs, espaço de evangelização da Igreja que peregrina na região amazônica, que precisa do compromisso de todos os batizados e batizadas para que o Evangelho possa chegar nas comunidades mais distantes e mais carentes. A Juventude presente no encontro, a partir da caminhada dos jovens no Regional Norte1, refletiram sobre a ministerialidade entre os jovens, mostrando algumas experiências nas dioceses. Igualmente, eles apresentaram o trabalho que estão realizando em vista do Jubileu da Esperança do próximo ano. No encontro participa Marilza Schuina, assessora do setor Comunidades Eclesiais de Base na Comissão Episcopal para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que partilhou a estrutura das CEBs nos diversos níveis, falando sobre os encontros de CEBs que estão acontecendo nos regionais da CNBB. Os participantes do encontro se fizeram presentes, junto com o povo da diocese de Roraima, no Grito dos Excluídos Excluídas, realizado em Boa Vista, onde foram colocadas diversas questões, como é a hidroelétrica projetada no Rio Branco, a questão da Saúde, a defesa da vida e dos direitos da pessoa idosa, LGBTQIA+, dos povos indígenas, das juventudes e da necessidade de políticas públicas voltadas para a sociedade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Encontro das CEBs Regional Norte1 em Roraima: dar passos para o trabalho evangelizador da Igreja

A diocese de Roraima acolhe de 6 a 8 de setembro de 2024 o Encontro Regional das Comunidades Eclesiais de Base do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), com o tema “CEBs, Igreja da Amazônia – Casa do Encontro, da Acolhida e da Ministerialidade”, e o lema: “Acolhei a todos no Senhor, de maneira digna, como convém aos santos” (Rom 16, 20). Seguindo o método ver-julgar-agir, os quase 200 representantes das 9 igrejas locais que fazem parte do Regional Norte1, iniciaram os trabalhos na comunidade São Bento, paróquia São Jerônimo, em Boa Vista (RR), depois da acolhida do bispo local, dom Evaristo Pascoal Spengler, que acolheu a todos os assessores e representantes vindos das igrejas locais do Regional, e agradeceu a escolha de Roraima para acolher o encontro. O bispo desejou que este momento sirva para uma escuta sincera do Espírito que fala à nossa Igreja e fortaleça as pequenas comunidades de nosso Regional. Ele pediu que as CEBs sejam sempre mais lugares de encontro de “irmãos e irmãs”, fomentando os ministérios e a missão a partir da fé e da realidade que nos interpela. Seguindo a temática do encontro, o bispo auxiliar de Manaus e referencial das CEBs no Regional Norte1, dom Zenildo Lima, refletiu junto com os participantes sobre a Casa do Encontro e da Acolhida. Partindo das expectativas para o encontro, foi feita a memória das Comunidades Eclesiais de Base no Regional Norte1, identificando as dificuldades e possibilidades para momento, em vista de dar passos para o trabalho evangelizador da Igreja. Tudo isso, tendo em conta que as CEBs são casa de muitas gerações. A partir da imagem da casa, os participantes lembraram momentos marcantes em sua experiência de vida, de vivência da fé, de lutas. Dom Zenildo Lima perguntou: “Quando nossa casa se transformou e perdeu sua originalidade?”, algo que deve levar as CEBs a recuperar sua identidade. Com relação ao encontro, o bispo auxiliar de Manaus refletiu sobre os modelos de relação e os sujeitos implicados. Ele questionou: “Quem se encontra nesta casa?”, e junto com isso, “Quem está fora do encontro?”. Isso deu passo a uma abordagem da natureza do encontro e das atitudes que devem fazer parte do encontro: diálogo, interculturalidade e uma atitude decolonial. Em vista da Missão, a questão a ser resolvida é, segundo o bispo, “Para quem é esta casa?”. Na missão devem ser assumidas como tarefas a paz, a justiça e o cuidado da Casa Comum, destacou. Não podemos esquecer que “a comunidade dos seguidores de Jesus nasce como comunidade que se constrói a partir da casa”, segundo dom Zenildo Lima. Seguindo a proposta da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a paróquia deve ser entendida como comunidade de comunidades. O bispo analisou a história da primeira Igreja, que surge como Igreja doméstica, para posteriormente fazer a passagem de um cristianismo palestino itinerante para um cristianismo urbano sedentário, com comunidades que vão se estabelecendo onde existem os laços de relações, surgindo a grande comunidade urbana e a paróquia como reprodução desta em menor escala. Trazendo sua reflexão para a realidade local, dom Zenildo Lima falou sobre o rosto amazônico das comunidades eclesiais de base, apresentando alguns elementos presentes nesse modo de vivenciar a fé. Ele insistiu em que “a grande maioria de nossas dioceses e paróquias está organizada a partir do modelo de CEBs”, mas também mostrou que “as CEBs aparecem como uma pastoral entre outras existentes na paróquia, muito mais como ‘Igreja com CEBs’ que ‘Igreja de CEBs’”. O bispo refletiu sobre a diversidade das CEBs e sobre o fato de que a coordenação de CEBs se distanciou das bases, mantendo o discurso antigo e não dialogando mais. Querendo identificar pistas para a caminhada das CEBs, se faz necessário um novo jeito de ser CEBs, com a contribuição do rosto amazônico; recuperar a Palavra de Deus como força inspiradora para a vida da comunidade; uma nova estruturação da comunhão a partir de nova ministerialidade; relançamento missionário das comunidades; ecologia integral e bem viver; e articulação. A reflexão em torno a cada pista foi iluminada pelo Magistério da Igreja, também da Igreja da Amazônia, especialmente pelo Documento de Santarém 2022. Isso levou os participantes a debater sobre os novos caminhos, analisando os modelos de relação predominantes nas comunidades e como proporcionar experiências que favoreçam o encontro, e sobre as realidades que nas comunidades têm conseguido acolher e servir. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Hudson Ribeiro: Gritamos, “porque somos cristãos que amam e defendem a vida”

O Grito dos Excluídos e das Excluídas, que está completando 30 anos, levou às ruas de Manaus um grito por melhorias urgentes na Saúde Pública no Amazonas. Um grito “porque somos cristãos que amam e defendem a vida”, segundo o bispo auxiliar de Manaus, dom Hudson Ribeiro. Não podemos esquecer que “o Grito dos excluídos e das excluídas é um grito daqueles e daquelas que querem ser escutados, que quando gritam muitas vezes são silenciados”, enfatizou o bispo auxiliar. Um grito “em defesa da vida e da Saúde pública e pela construção de uma sociedade justa e igualitária”, destacou dom Hudson Ribeiro. Ninguém pode esquecer que “o Grito dos excluídos e excluídas nos convoca a somar nossos esforços, a fortalecer a luta em defesa da democracia, em defesa da Saúde e de uma sociedade menos desigual, sinal do Reino de Deus que é de todos e para todos, onde a vida vem sempre em primeiro lugar”, um desafio para a Igreja de Manaus e daqueles e aquelas que se fizeram presentes para percorrer o Centro da cidade, em uma caminhada onde além das pastorais da arquidiocese de Manaus e do povo católico, também estavam presentes representantes dos movimentos sociais. Em palavras do bispo auxiliar, “a vida vem sempre em primeiro lugar porque Jesus Cristo é o Senhor da Vida. É Jesus mesmo que grita eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. Um grito que foi ecoado nas diversas falas que foram proferidas ao longo da caminhada, gritos que representam o clamor dos vulneráveis, principais vítimas de uma sociedade que não garante a Saúde e outras políticas públicas. Nesse sentido, dom Hudson Ribeiro lembrou que “nós também gritamos em favor da saúde para todos, gritamos porque a saúde consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos”, lembrando que lá aparece como algo indissociável do direito à vida, que tem por inspiração o valor da igualdade entre as pessoas. Um direito que também é recolhido no artículo 196 da Constituição brasileira de 1988, onde aparece que é direito de todos e dever do Estado, lembrou o bispo auxiliar. Dom Hudson Ribeiro fez um chamado sobre a importância do abaixo assinado promovido com motivo do 30º Grito dos Excluídos e Excluídas, pedindo melhoras urgentes na Saúde Pública do Amazonas, insistindo em que isso é de direito da população. O bispo relatou o que o direito à saúde implica no Brasil, e disse que está associada com outros direitos básicos, como direito à educação, direito a saneamento básico, direito a segurança alimentar, direito a acesso à água, direito a atividades culturais, direito a segurança pública, a lazer, direito a ter o ambiente cuidado, direito dos povos da floresta serem respeitados e cuidados. Finalmente, dom Hudson Ribeiro sublinhou que “nós estamos aqui para caminharmos juntos, para continuar gritando bem alto, enquanto os direitos humanos fundamentais não forem garantidos“, convidando o povo a gritar o tema do 30º Grito dos Excluídos e Excluídas: “Vida em primeiro lugar. Todas as formas de vida importam, mas quem se importa?”. Um Grito por Saúde que no Dia da Amazônia também clamou pelo cuidado da Casa Comum, da querida Amazônia, denunciando que a seca, que se prevê terá consequências ainda mais graves do que a seca histórica de 2023, e as queimadas, que cobrem de fumaça Manaus e muitas outras cidades do Brasil, é consequência dessa falta de cuidado, desse interesse pelo lucro que domina a vida daqueles que se empenham em destruir a Amazônia e a vida dos povos que a habitam. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Uma sociedade e uma Igreja que grita por Saúde, por direitos para os vulneráveis

A tentativa, o desejo de calar os gritos é algo próprio daqueles que têm poder. Aos poucos, parece que eles vão conseguindo criar uma sociedade muda, onde cada vez é mais difícil encontrar pessoas dispostas a gritar, a lutar pelos direitos humanos, pelos direitos sociais. Como diz o ditado popular: “o povo apanha calado”. O Grito dos Excluídos, que está completando 30 anos, é um momento para que como sociedade, também como Igreja, possamos gritar em favor de um mundo melhor para todos e todas, em favor desse Reino de Deus que quando a gente reza, pede que venha a nós. Mas infelizmente, nossa fé esquece desse compromisso, da prática da verdadeira religião, que é defender àqueles que ninguém defende. Em Manaus, o Grito dos Excluídos acontece hoje, quinta-feira, 5 de setembro, iniciando às 15 horas na Praça da Saudade. Um grito por melhorias urgentes na saúde pública do Amazonas, uma situação que provoca muito sofrimento, especialmente nos mais pobres. O descaso com a saúde pública no Amazonas é total, as pessoas sofrem as consequências do sucateamento do SUS, que tem como consequência a falta de medicação essencial, a carência de especialidades médicas, as longas filas de espera para as consultas e procedimentos, dentre outras situações que a população sofre. A gente se depara nas últimas semanas com a campanha para as Eleições Municipais, onde candidatos e candidatas fazem promessas, quase sempre infundadas e sem nenhuma pretensão de concretizá-las. Candidatos a prefeitos e vereadores que atualmente ocupam ou tem ocupado cargos no Poder Executivo e no Poder Legislativo, ou que são apoiados por aqueles que ocupam ou tem ocupado recentemente cargos nesses âmbitos, e que pouco ou nada fizeram pela saúde. Será que dá para acreditar nessas promessas? O povo é consciente de que o voto tem consequências? Podemos votar naqueles que são os causantes principais, eles ou seus aliados políticos, da situação catastrófica que o povo do Amazonas está vivendo em relação à Saúde? Quando vamos tomar consciência que o dever fundamental daqueles que desempenham um cargo político é garantir as políticas públicas? Junto com a Saúde um grito pelo cuidado da Casa Comum, ainda mais diante da seca estrema que pelo segundo ano consecutivo estamos sofrendo. Somos conscientes de que o cuidado da Casa Comum é responsabilidade de todos nós? Os problemas ambientais não se resolvem só com a criação do Ministério de Meio Ambiente, se faz necessário uma maior fiscalização e que o Governo Federal e o Governo Estadual não façam a vista grossa em relação às queimadas, ao garimpo ilegal e a tantas situações que destroem a Amazônia. O poder econômico, a quem só interessa o lucro, não pode ser a causa de tanta destruição e ficar impune. Quando a Casa Comum é destruída, a saúde do povo, especialmente dos mais vulneráveis, sofre. O grito da Terra e o grito dos pobres é o mesmo, e por isso a Igreja não pode ficar calada, não pode deixar de impulsionar esse clamor, não pode deixar de ser profeta. Uma Igreja que fica presa nos templos corre o risco de pegar mofo, uma Igreja que grita por justiça e garantia de direitos vai se tornando o melhor testemunho daquele que veio para que todos tenham vida em abundância. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Transição energética na arquidiocese de Manaus: um avanço na conversão ecológica

A crise climática que vive a Amazônia, que por segundo ano consecutivo sofre uma seca de graves consequências, é mais um chamado a tomarmos consciência como humanidade da necessidade de concretizar a conversão ecológica que Papa Francisco pede na encíclica Laudato Si. A Arquidiocese de Manaus, através da Comissão Arquidiocesana de Ecologia Integral, está promovendo uma transição energética, que pretende ser uma contribuição para a descarbonização. Uma proposta que nasce da Laudato Si´, que afirma que “tudo está conectado”, e que a proteção da natureza está ligada à proteção do ser humano. Na Laudato Si aparece o chamado à humanidade a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater este aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuam. Uma situação que demanda o desenvolvimento de políticas capazes de fazer com que, nos próximos anos, a emissão de dióxido de carbono e outros gases altamente poluentes se reduzam drasticamente. Na cidade de Manaus, existem 11 usinas termelétricas distribuídas por toda a cidade, operando com combustíveis fósseis, como gasolina e diesel. Pensando na urgente questão climática, a Arquidiocese de Manaus está empenhada em tornar-se sustentável no que diz respeito ao consumo energético. O projeto visa à mudança da matriz energética, com foco na descarbonização. A proposta consiste na colocação de placas solares, uma fonte de energia limpa e renovável. O projeto busca aproveitar o alto grau de incidência solar e a luz natural que a região possui, tirando proveito ambiental dessa situação naturalmente privilegiada. Junto com isso, a Igreja de Manaus pretende avançar na conversão ecológica, promovendo uma mudança de mentalidade que leve em consideração o cuidado com a vida, a criação, o diálogo e a conexão com os problemas climáticos que afetam a humanidade. Assumir as propostas da Laudato Si e da Laudate Deum sobre a questão da transição energética é um passo fundamental, segundo a Comissão para a Ecologia Integral da arquidiocese de Manaus. O coordenador da comissão, Frei Paulo Xavier Ribeiro, destaca a parceria com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e os aportes dos professores e professoras na comissão. Igualmente, o frei capuchinho lembra o trabalho que existe dentro da Família Franciscana, com o departamento de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC). Os franciscanos e franciscanas são chamados “a serem proféticos ao reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em suas fraternidades, escolas, paróquias, centros de estudos, etc., partilhando suas histórias de transição energéticas no âmbito local”, como atitude que nasce do legado franciscano, e que deve lhes levar a “exigir aos governos locais uma política adequada de transição de energia, porque o que importa é a mudança estrutural”. Frei Paulo Xavier relata a existência de diversos projetos em andamento, que estão em fase de captação de recursos. “O desafio é imenso, a causa é nobre, precisamos nos converter”, afirma o frei capuchinho. Ele reconhece que “há muita resistência entre nós”, o que faz com que “não se consegue mudar o modo de ser e fazer na proposta de evangelização”. A professora da UFAM y membro da Comissão para a Ecologia Integral da arquidiocese de Manaus, Rosana Barbosa destaca a preocupação da Igreja de Manaus com a Casa Comum e a importância do passo dado em relação à mudança na transição energética. A professora reflete sobre os impactos negativos da ação humana com relação à natureza, especialmente as emissões de dióxido de carbono, que considera um elemento crucial para as mudanças climáticas. Em Manaus, 16 % da energia consumida é proveniente da queima de combustíveis fósseis nas termoelétricas. “Quando a Igreja se propõe a mudar sua matriz energética, ela não está pensando na questão económica, mas está pensando que a Igreja vai deixar de emitir gases de efeito estufa”, ressalta a professora, que destaca a importância dos primeiros passos dados. Rosana Barbosa lembra o pedido do Papa Francisco de um consenso em vista da transição energética e no combate a outros fatores que contribuem com as mudanças climáticas, como é o desmatamento, o uso inapropriado dos recursos hídricos. Um empenho da Comissão para a Ecologia Integral da Arquidiocese de Manaus, que mesmo com o apoio dos bispos e de muita gente, “falta informação para chegar em toda a comunidade da arquidiocese”, segundo a professora. Isso porque é “um assunto ainda desconhecido de muitos”, para muitas pessoas a ecologia integral é um assunto distante da fé, mas ela tem que caminhar junto, insiste. Para isso a comissão tem realizado atividades, cartilhas, em vista de uma mudança de comportamento mais sustentável, em que as pessoas tenham cuidado com a Casa Comum a partir de nossas pequenas ações. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1