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Simpósio de Missiologia Seminário São José: Missão eixo integrador da formação dos futuros presbíteros

O Seminário São José de Manaus, junto com o Conselho Missionário de Seminaristas (COMISE Norte1) está realizando nos dias 25 e 26 de setembro o Simpósio de Missiologia, que tem como tema “Missão na Amazônia, evangelização profética”. Uma oportunidade para refletir sobre a missão, que segundo o cardeal Leonardo Steiner, é a razão da Igreja, não existe outra razão da Igreja que trabalhar na evangelização. Um simpósio para “nos apropriarmos mais ainda da nossa realidade amazônica”, destacou o seminarista Livio Costa, coordenador do COMISE Norte1, para quem fazer missão na Amazônia é pisar na lama. Não podemos esquecer, segundo apontou a Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das Pontifícias Obras Missionárias (POM Brasil), que a missão, ela quer ser o eixo integrador da formação dos futuros presbíteros, insistindo na importância de ter os pés no chão, na realidade amazônica e o coração aberto para o mundo. Uma missão que é paradigmática para a formação presbiteral, ressaltou o padre Zenildo Lima, reitor do Seminário São José, e é por isso que não se pode pensar a formação na Igreja sem uma referência, identificação e atuação naquilo que é a missão na Igreja. No Simpósio, o cardeal Leonardo Steiner refletiu sobre “Missão e cuidado da casa comum”. Partindo das palavras do Papa Bento XVI, que afirmou que “a missão da Igreja é evangelizar”, o arcebispo de Manaus enfatizou na necessidade de refletir a partir daquilo que somos, somos Igreja e a Igreja é missão. Se perguntando sobre o que tem a ver a casa comum com a evangelização, o presidente do Regional Norte1 destacou o cuidado do meio ambiente, da casa comum como um elemento que vai perpassando toda a evangelização, que é importante para a evangelização termos presente o cuidado da casa comum. Depois de refletir sobre o que é a missão, sobre o mandato divino de evangelizar que a Igreja tem, segundo disse o Papa Paulo VI na Evangelii Nuntiandi, sobre o fato de toda a Igreja ser missionária, de toda pessoa batizada receber essa missão, o cardeal destacou que todos nós somos enviados a evangelizar, mas especialmente o presbítero o bispo, afirmando que essa é a identidade da Igreja, anunciar o Reino de Deus, instaurado no mundo na morte e ressurreição de Jesus. Uma missão que não é proselitismo, é anúncio de Boa Nova. Recordando o que é casa comum, segundo explica o Papa Francisco em Laudato Si´, onde insiste em que casa comum é mais do que os seres, é uma relação, é a relação entre todos os seres, dom Leonardo analisou alguns elementos presentes na encíclica do atual pontífice, incidindo em que a Criação pertence à ordem do amor, que a criação é tudo o que provém do mesmo útero da Trindade. Ele ressaltou a importância da hermenêutica judaica, que destaca a necessidade de cuidar e cultivar, não dominar, cultivar e cuidar o jardim do mundo, uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza.   A causa da atual crise ecológica está na “desfraternidade universal”, o que demanda uma conversão interior, insistindo em que a crise ecológica tem a ver com nossa evangelização. Um chamado à conversão que ajude a entender que cada criatura reflete algo de Deus e tem uma mensagem para nos transmitir. Uma conversão pessoal e comunitária que leve a viver como guardiões da casa comum, sermos todos convertidos ao cuidado e ao cultivo. O arcebispo de Manaus fez uma análise da hermenêutica da totalidade, presente em Querida Amazônia, afirmando que não se trata de salvar a alma, se trata de salvar e integrar toda a casa comum. Pensar na evangelização tem que levar em consideração a presença de todas as criaturas como presença de Deus, destacou dom Leonardo. Ele refletiu sobre o papel da natureza a partir de diferentes aportes, ressaltando os sinais sacramentais na natureza presentes em Laudato Si´, onde o Papa Francisco disse que a Criação encontra sua maior expressão na Eucaristia, uma reflexão retomada na recente viagem do Papa Francisco na Mongólia, onde seguindo o pensamento de Teilhard de Chardin refletiu sobre o que é Missa e Eucaristia. A perspectiva histórica da missão na Amazônia foi abordada pelo padre Vanthuy Neto, que fazendo um percurso pela caminhada da Igreja na região, ajudou a dar os passos para passar das Igrejas Locais à Igreja Amazônida. Uma Igreja que nasceu da Missão e que com o tempo foi se tornando uma Igreja que se lança missionária: da obra missionária colonizadora à missão colonizadora. Uma missão que no início foi confiada a ordens religiosas e que com o tempo se concretizou numa missão de todo o povo de Deus. Uma missão que iniciou a partir do tripé escola, saúde, trabalho. Nessa Igreja da Amazônia teve grande influência o Concílio Vaticano II, os documentos da Igreja da América Latina e do Caribe e os documentos que foram sendo elaborados pela própria Igreja da Amazônia, destacando a importância de uma caminhada comum, que teve no Encontro de Santarém 1972 um momento fundamental e no Sínodo para a Amazônia um testemunho para a Igreja universal de um modo de ser Igreja encarnada, libertadora e com protagonismo de todos e todas, uma Igreja ministerial, que caminha junto e que assumem causas comuns.

Encerrado o Congresso Missionário Regional Norte1: “Protagonismo dos sujeitos eclesiais amazônidas”

Foi encerrado neste domingo 24 de setembro de 2023 o Congresso Missionário Regional Norte1, que desde sexta-feira 22 reuniu na Maromba de Manaus 80 representantes das igrejas locais do Regional Norte1, contando com a presença do cardeal Leonardo Steiner, arcebispo da arquidiocese de Manaus e presidente do Regional Norte1, dom Adolfo Zon Pereira, bispo da diocese de Alto Solimões e vice-presidente do Regional Norte1, dom Edson Damian, bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira e referencial da dimensão missionária no Regional Norte1, dom Evaristo Pascoal Spengler, bispo da diocese de Roraima, e dom José Altevir da Silva, bispo da Prelazia de Tefé e secretário do Regional Norte1. Também estiveram presentes a Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das Pontifícias Obras Missionárias (POM Brasil) e o padre Genilson Sousa, secretário da Pontifícia Obra de Propagação da Fé no Brasil. Um encontro que em sua Carta Final destacou “a missionariedade, força que nos leva adiante, desperta, aquece e envolve num movimento permanente de transbordamento na missão divina”, insistindo em que “a missão é de Deus; por Jesus, o missionário do Pai, somos envolvidos/as nela. Sua fonte é a Comunhão Trinitária”. Os participantes do Congresso destacaram que “o ponto de partida de onde se lança o olhar e a sua vivência é a Igreja Local e seus desafios. Seu desenvolvimento é um caminho trilhado por toda a vida exigindo a contínua conversão (das estruturas, das relações de poder, da fria manutenção, da identidade) e superar as fixações (em si mesmo, em paradigmas ultrapassados). O horizonte é sempre o Reino de Deus”. Com relação à Amazônia, eles dizem visualizá-la “a partir do anúncio, da comunhão, do serviço e do testemunho de muitas mulheres e homens com acentuado protagonismo dos sujeitos eclesiais amazônidas”. O Congresso fez com que os participantes tenham sido “instigados/as e desafiados/as a assumir a missionariedade como um modo de viver nossa identidade com suas expressões concretas em perspectiva sinodal: no cuidado e preservação da vida de todas as criaturas da Casa Comum; no respeito às culturas; resgatando a encarnação, a proximidade das e com as pessoas em suas realidades; a espiritualidade missionária; a dimensão libertadora, profética e promotora da esperança; a corresponsabilidade pela vida e missão da comunidade, em sua abrangência universal”. Como compromisso assumem se “deixar aquecer o coração com o calor do amor e da misericórdia do Ressuscitado que nos inquieta, escandaliza e convoca para a missão; pôr os pés a caminho para ir às nossas periferias e alargar as fronteiras de vivência missionária até atingir os confins longe e perto (povos, culturas, situações etc.); abrir os olhos para a defesa e promoção de toda a vida e da vida toda; formar pequenas comunidades eclesiais missionárias; implantar e ampliar as Pontifícias Obras Missionárias e os Conselhos Missionários (COMIDI, COMIPA, GAM) intensificando a Campanha Missionária em todas as nossas Igrejas Locais”. Afirmando que “o Reino de Deus é o horizonte maior para onde caminhamos”, os congressistas disseram que “atraídos/as por esse futuro/presente nos sentimos renovados, (re)encantados e com o coração enamorado de amor por Deus, por seu Reino e por seu povo. Da Igreja Local adentrando nas periferias, ultrapassando nossas fronteiras até os confins de nossas realidades”. Na Eucaristia de encerramento, o arcebispo de Manaus, em sua homilia, insistiu em que Deus nos procura, destacando no texto do Evangelho do dia “o modo de Deus”, que segundo o cardeal Steiner é estar sempre à procura, estar sempre em saída. Ele considera muito significativo que “Deus sempre esteja à nossa procura, e Deus vá à procura através de nós. Quando nós anunciamos a Palavra de Deus, quando nós procuramos viver a Palavra de Deus, quando nós formamos uma comunidade de fé é um modo de Deus continuar as saídas”. A partir daí dom Leonardo fez um convite para que nossas comunidades pensem em fazer como Deus faz, identificando a moeda de prata com o amor de Deus, a sua vida, o seu modo, participar da sua vida, participar de seu amor, insistindo em que esse é anúncio. Refletindo sobre a atitude dos trabalhadores da primeira hora, o cardeal destacou as palavras da Primeira Leitura do dia: “os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, o meu modo não é o de vocês, o meu modo é da abundância, o meu modo é da generosidade”. Ele pediu “que esse espírito da bondade de Deus nos atinja, para sermos os comunicadores da bondade de Deus, para sermos os comunicadores da esperança de um mundo melhor, de um mundo novo, fraterno, que é o mundo do amor de Deus”. Segundo o presidente do Regional Norte1, “podemos realmente anunciar a Cristo, mas Cristo Crucificado, Ressuscitado, Transformado, o Reino visibilizado”. Ele pediu que “nós possamos ter o mesmo ideal, o mesmo desejo de São Paulo, que anuncia, anuncia, enfrenta tudo, e no final, preso, ele ainda quer continuar anunciando. E se preciso for, bem que desejava ir para junto de Jesus, mas se preciso for permanecer para poder anunciar, pois que então possa minha vida continuar”. Finalmente, o cardeal disse: “que esses dias de encontro tenham despertar em nós ainda mais o desejo da missão, tenham despertado em nós o desejo de anunciar o Reino de Deus, possa ter despertado entre nós o sonho de Deus”, chamando a não desistir, porque “Deus não desiste jamais”, pedindo que “sempre com disponibilidade e alegria anunciemos a Jesus e seu Reino”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “No Reino de Deus não existem desempregados, todos a trabalhar, a servir!”

Refletindo sobre as palavras do profeta na primeira leitura, iniciou o cardeal Leonardo Steiner sua homilia do 25º domingo do Tempo Comum, afirmando que “animava nossos passos para encontrar a Deus”. Segundo o arcebispo de Manaus, “é animador percebermos o quanto Deus se deixa procurar e, ao mesmo tempo, nos oferecer medidas e pensamentos muito acima dos nossos”. “No Evangelho é Deus a buscar e desejar, encontrar; é Ele que se aproxima de modo atrativo e convidativo. A insistência da oferta para a participação na sua vinha, no seu Reino, na sua vida”, segundo dom Leonardo. Ele disse que “na generosidade e amabilidade, ouvíamos como os pensamentos de Deus é diverso do nosso pensamento. Talvez, é o que nos incomoda no Evangelho ouvido: ‘Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti’. Além de buscar, de não desistir de nos buscar, de permanecer a nossa procura, oferece a todos o dom de sua vida com a mesma medida da desmedida do amor!” “Deus chama a todos para participar do seu Reino; oferece a todos a mesma retribuição: participação de sua bondade, de seu amor. Deus está continuamente saindo, está em busca. Incansavelmente busca a cada pessoa para participar do seu Reino. Que ninguém fique fora de seu amor materno-paterno”, destacou o cardeal. Ele lembrou as palavras de Jesus: “Reino dos Céus é como! Trabalhar no Reino, servir o Reino, participar do Reino, ser do Reino”. Lembrando o prefácio de Cristo Rei, dom Leonardo disse: “reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino de justiça, do amor e da paz”.  É por isso que “o Reino, novo modo de viver, de conviver; uma antecipação da vida em plenitude. O que importa é o Reino. O que importa é o amor que Deus por nós!” O cardeal lembrou as várias saídas do patrão: “de madrugada, às nove, ao meio-dia, às três da tarde, às cinco da tarde”, insistindo em que “saiu, saiu, saiu e chamou. Cinco vezes vai à praça e chama: às seis, nove, doze, três e cinco da tarde. Sempre a chamar, não se cansa de buscar e chamar. Nos toca a busca, o chamado do proprietário da vinha que tantas vezes vai à praça à procura de trabalhadores”.  “Deus a oferecer a graça da participação em sua vida, na vida do Reino. Oferece, quase força a participar da abundância de seu amor. A insistência da parábola em dizer madrugada, às nove, às doze, às quinze e às cinco, quando o sol já deseja se pôr, nos faz perceber o quanto somos buscados por Deus. O dia todo, o dia inteiro, sai ao encontro dos filhos e filhas e oferece o dom, a graça, a benevolência de uma vida cheia razões e realizações: a vida do Reino. A prata oferecida, é a preciosidade da vida que recebe quem aceita o convite, aceita participar, ser receptivo à graça de sua benevolência”, segundo o arcebispo de Manaus. Segundo o cardeal, inspirado nas palavras do Papa Francisco, “É modo de Deus que chama todos e chama sempre, a cada dia, a toda a hora, sem descanso. Também hoje Ele continua a chamar todos, a qualquer hora, e convida a participar de sua vida, a trabalhar no seu Reino. Somos chamados a aceitar e imitar este estilo de Deus. Ele não está fechado no seu mundo, mas “sai”: Deus está sempre em saída, à nossa procura; Ele não está fechado: Deus sai. Ele sai continuamente à nossa procura, porque não quer que ninguém seja excluído do seu desígnio de amor”. “Aos que aceitam participam da vida do Reino de Deus”, disse dom Leonardo, destacando que “a participação é graça, pois chamado e correspondência de amor. A participação, a forma de recompensar aos trabalhadores vem expressa de forma nova e inusitada. Ao sair e encontrar os primeiros, o dono da vinha, acorda um denário. Àqueles que começaram mais tarde, ele diz: “tereis o salário que for justo”. No final do dia, o dono da vinha, concede a todos o mesmo pagamento para todos: um denário. Mas o dono da vinha, oferece o máximo a todos, mesmo aos que chegaram por último. Todos recebem uma moeda de prata”. “Os que entraram primeiro, na manhã, ficam indignados e lamentam contra o proprietário”, mas a reposta “é de amabilidade e de recordação: ‘Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? (…) Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti”, o que mostra “desejo que todos participem da bondade”, segundo o arcebispo de Manaus. Ele disse que “nos faz recordar as palavras da primeira leitura: ‘os meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos são os meus. Tanto quanto o céu está acima da terra, assim os meus caminhos estão acima dos vossos e acima dos vossos estão os meus pensamentos’”. Segundo o cardeal, “Deus deseja a participação de todos, entrega a todos a prata da sua bondade, do seu amor. Ele oferece tudo, a todos. Deus é abundância, generosidade extrema: não olha para o tempo nem para os resultados, nem mesmo a nossa disponibilidade. A Palavra a visibilizar a generosidade e amabilidade Deus. A sua ação é mais do que justa, no sentido de que vai além da justiça e manifesta-se na graça. Tudo é graça. A nossa salvação é graça. A nossa santidade é graça. Ao conceder-nos a graça, Ele nos entrega mais do que merecemos”.  Recordando novamente as palavras do Papa Francisco disse que “assim, quem raciocina com a lógica humana do mérito, adquirido com a própria habilidade, de primeiro torna-se último. Mas, trabalhei tanto, fiz tanto na Igreja, ajudei tanto, e sou pago da mesma forma que este que veio por último’. Recordemos quem foi o primeiro santo canonizado na Igreja: o Bom Ladrão. Ele ‘roubou’ o Céu no último momento da sua vida: isto é graça, assim é Deus. Também com todos nós. Por outro lado, aqueles que procuram pensar nos próprios méritos falham; aqueles que humildemente se confiam à…
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Encontro Nacional de psicólogos que trabalham nos Seminários: Parafilias na formação humano-afetiva

Organizado pela Organização dos Seminários e Institutos Filosófico-Teológicos do Brasil (OSIB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acontece em Guarulhos – SP, de 22 a 24 de setembro, o Encontro Nacional de Atualização para Psicólogos, com a participação de mais ou menos 120 psicólogos e psicólogas que acompanham a formação de seminaristas em 15 regonais de todas as regiões do Brasil. Assessorados pelo padre Sérgio Lucas Câmara, do Instituto acolher, os participantes, que acostumam se reunir todo ano no mês de setembro, estão refletindo sobre o tema: “Reflexões sobra as parafilias na formação humano-afetiva dos futuros presbíteros“, seguindo a pauta abordada nos últimos anos. Representando o Regional Norte1 da CNBB participam dom José Albuquerque de Araújo, bispo de Parintins e membro da Comissão de Vocações e Ministérios Ordenados da CNBB, e Aldo Aurami Cardoso, psicólogo que acompanha a formação no Seminário São José de Manaus por mais de 10 anos. O psicólogo destaca “a importância, a riqueza e as contribuições do encontro na nossa prática enquanto psicólogos no campo da formação nos seminários contribuindo de forma significativa nessa costura de conhecimento, nessa troca, nessa partilha que é de fato uma grande riqueza”, agradecendo a possibilidade de participar e o incentivo de estar no encontro. A formação humana-afetiva faz parte das diretrizes da formação dos seminários no Brasil. No encontro está sendo abordada a questão das parafilias, realidade muito complexa e ampla. Estamos diante de algo que tem a ver com as desordens no campo da afetividade e da sexualidade e como conhecer, enfrentar e tratar desses distúrbios no tempo da formação, desde quando o jovem entra no propedêutico até as vésperas da ordenação. O psicólogo do Seminário São José considera que esse é “um tema atual, um tema muito importante para que nós possamos aí, de forma significativa ajudar nossa juventude, ajudar essas pessoas que buscam sobretudo melhorar a qualidade de vida, a saúde mental, mas também a saúde comportamental, porque retrata a questão do comportamento, que as vezes é histórico, é algo que ele traz desde a infância, um registro ligado aos transtornos”. Segundo Aurami Cardoso, “o tema de fato vem contribuir, enriquecer também esse conhecimento do psicólogo que está atendendo. Em todas as etapas no Seminário, quando o jovem chega no propedêutico, que traz consigo uma história de vida, traz um referencial de família, mas também traz os traumas, traz de repente algo que precisa ser sinalizado, ajudado, que possamos dar um suporte, através não só do serviço de psicologia dentro de nossos seminários, mas os diretores espirituais e a equipe de formação”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Padre Zenildo Lima: “Não pode haver missão se não tocar uma corporeidade ferida e machucada”

Refletir sobre a relação entre Missão e Reino foi um dos propósitos do Congresso Missionário Regional Norte1, que acontece na Maromba de Manaus de 22 a 24 de setembro, com a participação de umas 80 pessoas. Um Reino que nos ajuda a entender que “o Cristo se faz corpo, se faz carne”, que “não pode haver missão se não tocar uma corporeidade ferida e machucada”, segundo o padre Zenildo Lima, reitor do Seminário São José da Arquidiocese de Manaus. Segundo ele, “o horizonte da missão não pode se reduzir à Igreja e a uma Igreja sacramental, o horizonte é muito maio, o horizonte é o Reino”. Daí a importância de “partir da realidade, da vida do povo”. Uma reflexão que foi iluminada por Dom Luiz Fernando Lisboa, bispo da diocese de Cachoeiro de Itapemirim e membro da Comissão para a Ação Missionário e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que refletiu sobre “Missão a anúncio do Reino de Deus”. Segundo o bispo, missão é participar ao lado de Deus de sua intenção de amar e promover o ser humano e toda a Criação. Ele insistiu em que a missão é de Deus, é “um movimento voltado para a promoção da vida e do ser humano, de toda a Criação”. Ele lembrou as palavras de Dom Helder Câmara sobre a Missão: “Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu. É parar de dar volta ao redor de nós mesmos, como se fôssemos o centro do mundo e da vida. É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos: a humanidade é maior. Missão é sempre partir, mas não devorar quilómetros. É sobretudo abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los. E, se para encontrá-los e amá-los é preciso atravessar os mares e voar lá nos céus, então Missão é partir até os confins do mundo.” O bispo de Cachoeiro do Itapemirim apresentou a missão como anúncio (Kerigma), koinonia (comunhão), diakonia (serviço), martirya (testemunho). Segundo ele, o Reino de Deus é essência, é a totalidade do que Jesus veio anunciar, um Reino de justiça e de paz. Dom Luiz Fernando lançou uma pergunta: “Quem é esse Jesus que anunciou o Reino?”, advertindo contra uma visão reducionista e errada, e dizendo que é preciso responsabilidade para falar de Jesus. O bispo ressaltou que “a vida de Jesus é provocativa, desinstala, nos faz sair de nós para ir ao encontro do outro. Jesus é a ponte que nos liga ao Pai”. Lembrando as palavras do teólogo José Antonio Pagola, mostrou Jesus como poeta da compaixão, curador da vida, defensor dos últimos. Basta vermos com quem Jesus andava, os últimos, os mais pobres, os desfavorecidos, os vulneráveis, afirmou o bispo, que também disse que segundo Pagola, na vida de Jesus o lugar central foi ocupado por Deus e seu projeto do Reino. Também recordou as palavras de Jon Sobrino, que advertiu em relação ao perigo de apresentar “um Cristo sem Reino”, que relega a segundo plano as exigências da mediação do Reino. Dom Luiz Fernando insistiu em um Jesus encarnado, que como ser histórico deixou sua ação e mensagem com a finalidade de fazer a vontade do Pai, que se traduz no Reino de Deus. “Entender a missão na Igreja sem esse entendimento de Reino de Deus é difícil”, enfatizou o bispo de Cachoeiro do Itapemirim. Anunciar esse Jesus que veio anunciar o Reino de Deus. Ele retoma a imagem de Deus pastor, com ternura infinita, com amor pelas pessoas mais desprotegidas, disse Dom Luiz. Segundo o membro da Comissão para a Ação Missionária da CNBB, a “senha” para a vida eterna está no capítulo 25 de Mateus, que atualiza a presença de Jesus nos fracos, nos pequenos, nos vulneráveis, nos excluídos, nos estigmatizados, insistindo em que “na carne do pobre sofre a carne de Jesus”. É por isso que “os misericordiosos não têm motivo de temer o julgamento”, disse o bispo. Segundo ele, “no julgamento não se pede nada de religioso e sim como se relacionaram com os irmãos e irmãs a começar pelos últimos”. De acordo com esse texto os não cristãos que amam o próximo podem se salvar, afirmou. Ele destacou a necessidade de ações concretas por amor ao ser humano, ressaltando que só contarão os atos de serviço ao próximo, ter cuidado com a caridade e dignidade, a prática da justiça traduzida em solidariedade e partilha dos bens. Viver o amor aqui e agora, “o Reino de Deus é e sempre será dos que amam o pobre e o ajudam em suas necessidades”, enfatizou. “A missão é anúncio do Reino de Deus, onde quer que estejamos”, disse dom Luiz Fernando. Segundo ele, se queremos ser continuadores da missão de Jesus temos que nos comprometer com ele, que está ressuscitado, mas continua crucificado naqueles que sofrem. Por isso, missão não é só dar, é receber, aprender, compartilhar, tirar as sandálias, respeitar o modo de ser do outro, é proclamar o Reino de Deus. Dom Luiz Fernando Lisboa lembrou sua experiência como bispo de Pemba (Moçambique), destacando “quanto eu aprendi com aqueles povos a quem eu tentei servir”. Ele falou sobre como “Deus se apresentava escandalosamente” nas pessoas que iam ao seu encontro, às vezes para pedir pão, remédio, educação, transporte, afirmando que “o missionário tem que estar disposto a tudo”. Mas ele também insistiu em que muitas vezes se apresentava para entregar uma espiga de milho, uma mandioca, um punhadinho de amendoim, uma cana. Fazendo uma leitura disso, disse que o que estava por traz era “uma vontade de interação, de ser irmão, de ser escutado, de ser valorizado, de dizer eu estou aqui, eu conto, eu quero atenção, eu quero mostrar o que eu sei, o que eu sou”. Ele disse ter aprendido muito “em termos de solidariedade, em termos de partilha”. Na missão, “o Reino de Deus não precisa ser levado, ele já está ali, e preciso descobri-lo, valorizá-lo…
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Ir. Regina da Costa Pedro: “A comunhão com as outras Igrejas é constitutiva da natureza de cada Igreja local”

O Congresso Missionário Regional Norte1 é um momento importante em preparação para o 5º Congresso Missionário Nacional que será realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro. Uma oportunidade para refletir sobre a responsabilidade da Igreja local pela missão aos confins do mundo, uma temática abordada pela Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das Pontifícias Obras Missionárias no Brasil. A religiosa do PIME iniciou sua fala questionando a vinculação da Igreja local com a Igreja universal na dimensão missionária, os avanços que estão se dando e em que medida as igrejas locais precisam se converter na dimensão pastoral-missionária, e os sinais dessa conversão. “A Igreja é, por sua natureza, missionária”, ressaltou a Ir. Regina Pedro, que incidiu em que “a missão e a fé cristã andam sempre juntas, e só é possível assumir e viver a missionariedade e cooperar na missão a partir da fé”. Partindo da ideia da Igreja Corpo de Cristo, a diretora das POM Brasil questionou como o Concílio Vaticano II vê as “Igrejas locais” e quais as implicações dessa visão, fazendo um chamado a redescobrir o significado da “Igreja local” no Vaticano II e a relação entre a Igreja universal e as igrejas locais, o que é conhecido como teologia da comunhão, pois “a comunhão com as outras Igrejas (no sentido de reciprocidade e solicitude de cada uma para com todas) é constitutiva da natureza de cada Igreja local”. Segundo a diretora das POM Brasil, “a missão é essência da Igreja universal e local”, ressaltando que a missão “é o fim da existência da Igreja”, até o ponto de que “é Igreja verdadeira se testemunhar que Deus ama não somente a nós, mas a todos”. É por isso que “a Igreja é ‘local’ para indicar o lugar a partir do qual deve olhar o mundo, e não para indicar o lugar onde encerrar o nosso olhar”. Ninguém pode esquecer que “as igrejas locais são necessariamente missionárias e sua missão é universal”. De fato, a Igreja local é sujeito da missão universal e enviada aos que não creem. Por isso, a responsabilidade das igrejas locais na cooperação missionária, da missão ad gentes, centrada em Deus, e exigências para todas as igrejas locais. A religiosa refletiu sobre a conversão missionária que tem que levar a Igreja a um estado permanente de missão, nas estruturas e consciência de que todos são chamados a colocar-se em estado permanente de missão. Nessa conversão, o Papa Francisco chama a cinco saídas estratégicas: das estruturas caducas, de si mesmos, das relações excessivamente hierárquicas, de uma pastoral de manutenção, das fronteiras. Uma conversão que leve a entender que “missão é vida, não só ação”, não é só programática, é paradigmática, “é pedido aos discípulos para construírem a sua vida pessoal em chave de missão”. É entender, seguindo as palavras do Documento 100 da CNBB, a exigência de “passar de uma pastoral ocupada apenas com as atividades internas da Igreja, a uma pastoral que dialogue com o mundo”. Uma conversão missionária que leve a não deixar as coisas como estão, segundo fala o Papa Francisco em Evangelii Gaudium. Uma reflexão que deve ser levada as igrejas locais, às paróquias e comunidades do Regional Norte1. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

A Igreja do Regional Norte 1: Iluminação do texto de Lc 4,14-16

O Regional Norte 1 se reuniu para continuar refletindo sua caminhada como Igreja nessa realidade bem específica na região Amazônica. Com o intuito de continuar testemunhando e vivenciando a experiência de uma Igreja encarnada nessa realidade da Amazônia, faz-se necessário reunir-se em conjunto (leigos/as, religiosos/as, padres e bispos) buscar luzes para enxergar melhor a caminhada ecleial, atitude que nem sempre é fácil ou simples, porém, necessária. É o sentido da “Sinodalidade” que as Igrejas locais e a Igeja como um todo está vivenciando. Sempre buscando manter-se vigilante em sua proposta de fidelidade a Jesus Cristo e seu Reino de vida e justiça, proposta que sempre está em dissinância com o projeto de quem busca acúmulo e riqueza e de propostas e projetos de fé desencarnados da realidade de uma Igreja comprometida com a vida em sua concretude econômica, social e religiosa, como está lembrando sempre o Para Francisco. É nessa direção que a Igreja do Regional Norte 1 busca ser fiel e por isso, nem sempre é compreendida e até sofre críticas e muitas das vezes desonestas (por exemplo críticas aos bispos). Olhando nos Evangelhos, aqui de maniera mais especíca Lucas (escrito por volta de 80/90), com a proposta de abrir-se para missão além da região da Palestina acolhendo os povos não judeus (gentios), percebemos justamente esse projeto de anunciar a mensagem de Jesus que se concretiza na realidade em Nazaré, a terra de Jesus, que deve se estender a todas as nações (Lc 24,47), em cumprimento das promessias antigas. Na compreensão e propósito Lucas teve a intenção de integrar “os atos salvíficos de Deus na história universal, tendo o evento-Cristo como centro definidor. O próprio Lucas provavelmente teria dito de outro modo: a história do mundo e seus impérios estão integrados à história universal dos atos salvíficos de Deus”, segundo afirma M. Eugene Boring em sua Introdução ao Novo Testamento. Assim a mensagem evangélica deve ser encarnada na realidade de nossa Igreja como pensa o Regional Norte 1. Na linha profética, Lucas faz uso de textos proféticos justificando essa realização: Is 61,1-2; 58,35; Lv 25,8-55. Mostrando assim, que em Jesus a profecia foi cumprida. O projeto se realiza em Jesus, pois ele foi confirmado pelo Pai (Lc 3,21-22), e está peno do Espírito Santo. Por isso, ele é autorizado para atualizar as palavras antigas da profecia. Essa profecia para Lucas se realiza na história concreta do povo de seu tempo. O povo excluído (os pobres, os presos, os cegos, os oprimidos, Lc 4,18-19) recebe essa Boa Notícia de libertação e salvação, de vida digna mesmo. É o “ano da graça do Senhor” (jubileu do Levítico 25) que está se realizando. O anúncio da Boa Nova não acontece desencarnado da realidade, sem chão ou raiz (cuidar só das almas), mas se realiza dentro da vida de um povo, de uma cultura bem concreta. Aqui está a beleza, preocupação e o compromisso da Igreja do Regional Norte 1 em continuar sendo fiel à proposta evagélica que se realiza aqui e agora na realidade das Igrejas locais da Amazônia, tão ameaçada e explorada. Por isso, uma Igreja viva não compactua com essa situação de degradação da vida na Amazônia em toda sua diversidade de fauna e flora e a vida humana igualmente em toda sua diversidade e riqueza. Os documentos Pontifícios (Laudato Si), da Igreja Continental (Documentos do CELAM) e local, estão sempre iluminando a opção da Igreja do Regional Norte 1 na fidelidade ao projeto do Reino de Deus. Projeto esse que vem sendo ao longo dos anos pensando, refletido e executado na medida do possível nas Igreja locais. José Roberto da Silva Araújo, OMI

Palavra e espiritualidade missionária alimentos para toda vida missionária

A importância da Palavra e da espiritualidade na missão foram elementos abordados na reflexão do Congresso Missionário Regional Norte1 que está sendo realizado na Maromba de Manaus de 22 a 24 de setembro de 2023, em preparação ao 5º Congresso Missionário Nacional, que também será sediado na capital do Amazonas de 10 a 15 de novembro de 2023. Analisando o texto que relata a experiência dos dois discípulos a caminho de Emaús, que inspira o lema do Congresso Missionário Nacional e Regional, o padre Tiago Camargo refletiu sobre “o diálogo, a partilha, o dar a conhecer ao outro as ideias e pensamentos perpassavam aquela caminhada”, vendo no texto a presença de situações que fazem parte da vida das pessoas hoje. O assessor da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB chamou a ver o Congresso como mais um passo que damos no caminho da vida missionária, a se “deixar interpelar pelas tristezas e desilusões daqueles que vamos encontrando”. De fato, ele destacou que “a missão evangelizadora pelo testemunho vai ao encontro desses que estão com o rosto sombrio pela dor, pela morte, pelo luto, pelo medo, pela violência, pelo desespero ou pela desesperança”, fazendo um chamado a se aproximar com atitude de acolhimento, e questionando no caminho de quem os missionários colocam seus pés. O assessor lembrou a importância da Palavra, “que alimenta a espiritualidade do seguimento a Jesus Cristo”, questionando como ela atinge a vida missionária, e destacando a importância de conhecê-la. A mesma coisa com a Eucaristia, onde “o Espírito Santo fortalece a identidade do discípulo e desperta nele a decidida vontade de anunciar”, afirmou citando o Documento de Aparecida. Segundo o padre Tiago Camargo, “não é possível encontrar verdadeiramente Jesus Ressuscitado sem ser inflamado pelo desejo de contar a todos”, que insistiu no constate chamado à missão, pois “a missão recebida da Trindade, não tem limites de fronteira, de tempo ou lugar”. Abordando a questão da espiritualidade missionária, dom José Altevir da Silva, bispo da Prelazia de Tefé, começou se perguntando: “será que existe mesmo uma espiritualidade Missionária?”, afirmando que “todo ponto de partida é o chão onde nossos pés estão pisando”, destacando a importância do “chão histórico que reverte o nosso ser” e que determina o atual modelo de desenvolvimento, que definiu como irracional, “capaz de colocar numa cilada fatal à própria existência da humanidade, ao meio ambiente, aos territórios, à nossa Casa Comum, causando a grande e atual crise civilizacional”. O bispo denunciou “as consequências daninhas de um perverso colonialismo”, que atinge a espiritualidade missionária. Algo que dom Altevir mostrou presente na Laudato Si´, fazendo um chamado a que a espiritualidade missionária, no contexto amazônico, passe por diversas dimensões. Ele lembrou da “ecologia do espírito”, chamando a ver a experiência espiritual como “uma ferramenta poderosa na luta contra a hegemonia cultural, econômica e política do sistema-mundo capitalista ocidental”. Daí chamou a uma reflexão sobre espiritualidade em chave decolonial, a buscar agentes “autenticamente aptos a encarar os desafios da decolonialidade e da interculturalidade”. Após oferecer diversas definições de espiritualidade, o bispo da prelazia de Tefé disse que “da Memória e do Projeto são feitos os bastões da caminhada missionária”. Ele lembrou as palavras do Papa João Paulo II: “o missionário deve ser ‘um contemplativo na ação’”, afirmando que “a missão cristã tem como primordial finalidade revelar o Mistério”. Dom Altevir fez um chamado a descobrir que “as pessoas precisam hoje de proximidade”, de ser missionários com “um coração de cuidador dedicado ao cuidado dos irmãos e irmãs”. Querendo definir a espiritualidade libertadora, o bispo a vê como união entre oração e ação, sagrado e profano, fé e compromisso com a justiça, como algo vivencial, que contempla Deus e seu Espírito na realidade, nos conflitos, no sofrimento humano, que organiza a esperança dos pobres e excluídos, que é ecumênica, servidora e samaritana, resiliente. O bispo colocou sete passos para fortalecer a espiritualidade missionária, afirmando que é importante seguir a pedagogia de Jesus, juntos aos discípulos de Emaús: o encontro, a escuta, a realidade, a palavra, a acolhida, o celebrar e a missão. Com eles, “teremos elementos suficientes para alimentar a espiritualidade missionária”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Congresso Missionário Regional: “Nos alimentarmos da missionariedade como Igreja é fundamental”

O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1) realiza de 22 a 24 de setembro na Maromba de Manaus o Congresso Missionário Regional, com uma participação de umas 80 pessoas, um momento importante de preparação para o Congresso Missionário Nacional que também vai ter Manaus como sede de 10 a 15 de novembro de 2023. Os dois congressos têm o mesmo tema: “Ide! Da Igreja Local aos confins do mundo”, e o mesmo lema: “Corações ardentes, pés a caminho”, sendo a missão ad e inter gentes e a Igreja local os temas transversais. Ao longo dos três dias de congresso será abordado a espiritualidade missionária, a formação missionária e a animação missionária. Uma dinâmica de trabalho estruturada em torno a três eixos: escutar, abordando o dinamismo do Espírito Santo na missão da igreja-primazia de graça; discernir, a partir da Amazônia até os confins do mundo-testemunho de Cristo; comungar, despertar a consciência missionária ad gentes – das igrejas locais até os confina do mundo. Não podemos esquecer que “nos alimentarmos da missionariedade como Igreja é fundamental”, segundo o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1. Ele insistiu em anunciar uma Boa Notícia, que a vida humana tem um outro sentido. Dom Leonardo chamou a descobrir que “nos alimentarmos dessa grande missão é que nos faz cada vez mais ser Igreja”, a ser “uma Igreja toda anunciando, testemunhando, visibilizando o Reino de Deus”. Uma Igreja que hoje na Amazônia é herança daqueles que fizeram missão ao longo dos anos. Um Congresso que prepara o Congresso Missionário Nacional, lembrou dom Edson Damian, bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira e bispo referencial da dimensão missionária no Regional Norte1, que insistiu em que o Brasil tem os olhares voltados para cá, fazendo um chamado a “aquecer os nossos corações para acolher 800 irmãos e irmãs que vem de todo o Brasil”. Um Congresso chamado a “irradiar a alegria dessa presença missionária nessa Igreja da Amazônia”, segundo a Ir. Rose Bertoldo, secretária executiva do Regional Norte1. Um Congresso que de Manaus vai para o mundo, disse dom Tadeu Canavarros dos Santos, bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus, que fez um convite a “abraçar aquilo que nós somos, a missão”. Um Congresso que é oportunidade para “levar a palavra, a semente a outras pessoas que tanto precisam dessa alegria de ser missionários”, destacou o padre Gutemberg Pinto, coordenador do Conselho Missionário Regional (COMIRE). Uma oportunidade para que “todos os participantes possam se tornar multiplicadores, assimilar os conteúdos para se tornar animadores missionários, ser missionários”, afirmou a Ir. Rosana Marchetti, da Coordenação de Pastoral da arquidiocese de Manaus. Uma presença missionária da qual participa a Vida Religiosa, segundo a Ir. Maria Couto, coordenadora da CRB Regional, que são “luzes que em vários lugares se fazem presentes como missionários e missionárias que sem medida estão doando sua vida”. “Os olhos do Brasil e do mundo estão voltados para a Amazônia, também por este momento de reflexão e conscientização missionária”, ressaltou a Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das Pontifícias Obras Missionárias no Brasil. A religiosa do PIME fez um chamado para que o 5º Congresso Missionário Nacional, “possa acontecer não só como um evento e sim como parte de um processo de saída, de conversão missionária que a Igreja do Brasil já está vivendo”. Daí a importância de que “o que vai acontecer aqui possa ecoar para muitas outras pessoas, acolher e poder transmitir para os outros”. Falando sobre a Missão na Amazônia, o cardeal Steiner lembrou que “Jesus confia a missão aos seus discípulos, ele envia e continua a nos enviar a cada um de nós”. Por isso, ele fez um chamado a ser testemunhas, anunciar, testemunhar, visibilizar a través de gestos, insistindo em que “o caráter missionário da Igreja nasce do envio de Jesus a toda criatura, alimentada, fortalecida e inspirada pelo Espírito”. O presidente do Regional Norte1 lembrou as palavras do Papa Paulo VI, que disse que toda a Igreja é missionária, definindo a missionariedade como força, vigor, energia, que vem da missão e nos envia. Ele ressaltou que a evangelização deve levar a uma mudança de vida, e que a Igreja que evangeliza é a Igreja comunidade de fé. Segundo o cardeal, missão não é para conquistar, e sim para levar um modo de viver, não é para fazer proselitismo. Uma Igreja missionária é misericordiosa, sabe onde estão os pobres, vai ao encontro dos pobres, não tem medo dos pobres, enfatizou o arcebispo de Manaus. Falando sobre a missão na Amazônia, dom Leonardo lembrou a necessidade de levar em conta as línguas e culturas, de inserir isso na liturgia, fazer uma liturgia inculturada. Uma Igreja que vai ao encontro das pessoas, acompanha. A missão na Amazônia tem que ter em conta os sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia. Sonhos que não são para amanhã, são para nos impulsionar agora, segundo o cardeal. Ele também destacou a importância do Encontro de Santarém, que em 1972 insistiu na encarnação e libertação. Analisando a caminhada feita pela Igreja na Amazônia, dom Leonardo a definiu como uma Igreja sinodal, uma Igreja que sempre nos recorda a profecia, uma Igreja dos mártires, que deram a vida pela fé. Ele ressaltou que nossa missão na Amazônia é evangelizar, dizendo que não estamos anunciando uma estrutura, uma ONG, estamos anunciando a Jesus e seu Evangelho, anunciamos a Boa Nova. Finalmente enfatizou que “acreditamos que temos como Igreja um papel fundamental na Amazônia: não deixar que destruam a nossa casa”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

23 de setembro: Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças

Mulheres e meninas são as maiores vítimas da exploração sexual ligada ao tráfico de pessoas O tráfico para fins de exploração sexual de mulheres e meninas é uma violência velada. No Brasil, sobretudo nas fronteiras, esse crime perverso acontece com maior frequência em razão da ausência dos serviços de fiscalização. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU), estima que a exploração sexual ligada ao tráfico de pessoas movimenta mais de 30 bilhões de dólares por ano. Para enfrentar esse tipo de violência contra mulheres e crianças é necessário denunciar e ter ações concretas de conscientização. A Comissão Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reforça a importância das ações para o dia 23 de setembro, Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças para afirmar que o tráfico de pessoas existe e precisa ser enfrentado. A data de mobilização de 23 de setembro foi definida no ano de 1999, na Conferência Mundial de Coligação contra o Tráfico de Mulheres, realizada na Argentina e com a participação de diversas representações mundiais. Desde a criação da Comissão de enfrentamento ao tráfico de pessoas da CNBB, foram realizadas diversas mobilizações para trabalhar estratégias de proteção de mulheres, meninas e meninos. Formar, informar e denunciar são ferramentas importantes de combate. Através das mobilizações das pastorais, coletivos e organizações é possível construir redes que promovem a cultura do cuidado, realizando seminários e formando agentes multiplicadores que ajudam as pessoas identificar as formas de aliciamento e detectar as situações de crimes. A irmã Marie Henriqueta Cavalcante que coordena o enfrentamento, a violência sexual e o tráfico de pessoas pela Comissão Justiça e Paz da CNBB Norte 2 e preside o Instituto de Direitos Humanos Dom José Luiz Azcona em Belém (PA), diz que as mobilizações para o dia 23 de setembro precisam ser intensificadas e desenvolver diversas formas para a sociedade tomar conhecimento desse tipo de crime que existe e precisa ser visibilizado. Recentemente (19/09) ela venceu o Prêmio Inspiradoras 2023, uma iniciativa do Instituto Avon e da plataforma Universa UOL. O prêmio  tem como missão descobrir, reconhecer e dar maior visibilidade a mulheres que se destacam na luta para transformar a vida de mulheres brasileiras. Em entrevista para o Audiorreportagem “Na Trilha do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas” da CEETH, da qual ela também integra, falou sobre o enfrentamento realizado em rede. Porque é importante intensificar ainda mais as mobilizações nesta data do dia 23 de setembro? Henriqueta Cavalcante – É importante que todos nós, que lutamos contra esse crime, possamos intensificar as ações diversificadas. É a partir da nossa fala do conhecimento que nós levamos as informações para a população ter conhecimento que esse crime existe e precisa ser enfrentado. É preciso investir muito mais neste tema para maior visibilidade. A visibilidade conscientiza as pessoas para não aceitarem propostas enganosas para esse fim, que é a exploração sexual. Quais os sinais sociais de nossa realidade brasileira que facilita o aliciamento de mulheres, meninas e de meninos ao tráfico de pessoas, mas sobretudo o tráfico para a exploração sexual? Henriqueta Cavalcante – Consideramos quatro tipos de movimentos que envolvem o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual. O primeiro movimento é o estrutural que é intenso. Por isso exige esforço de todas as instituições, de todos os organismos da nossa sociedade civil. Temos que levar em consideração que a questão socioeconômica das pessoas vulneráveis é desesperadora e leva a assumirem essas propostas enganosas. O segundo movimento é o da ganância. Aqueles que estão envolvidos na negociação de dívidas de vidas humanas, são capazes de tudo em nome da ganância e do capital. Por isso fazem propostas enganosas e oferecem coisas grandiosas e as pessoas também acabam caindo nessas armadilhas. Um terceiro movimento, que eu considero hoje muito grave, e que nós temos contemplado aqui na nossa região norte do país, são as redes sociais. Muitas adolescentes, muitas crianças e mulheres são enganadas e conduzidas, inclusive com muita rapidez para o crime e caem nessas organizações criminosas. E considero que um quarto movimento, que é ainda mais grave, é a impunidade destes crimes. Qual é o papel do Estado Brasileiro diante deste crime perverso que acontece no Brasil? Henriqueta Cavalcante – O papel fundamental do Estado é pensar em ações conjuntas, não é possível trabalhar isoladamente diante deste tipo de crime que é muito perigoso. É um crime organizado e nós também precisamos de ações organizadas. Então o estado brasileiro além do papel de pensar em políticas necessárias e fundamentais para esse enfrentamento, deve sustentar ações enérgicas e eficazes para fazer com que as pessoas que são envolvidas nesse crime sejam responsabilizadas pela lei. Nós precisamos fazer com que o estado cumpra as leis que estão expostas para esse enfrentamento. Ouça a entrevista completa “Na Trilha do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas” através da plataforma do Spotify. Irmã Henriqueta fala sobre as modalidades do crime e as formas de aliciamento. Entre as ações para enfrentar o tráfico de mulheres e crianças para a exploração sexual, é importante fazer a denúncia que contribui no combate e mapear as regiões onde acontece esse tipo de violência. Mesmo que as denúncias sejam baseadas em suspeitas, pode ser feita através do Disque 100 ou pelo Disque Denúncia 181 outra forma de buscar ajuda  é procurar pelas organizações ligadas à igreja católica e solicitar orientações e ajuda. Por Cláudia Pereira| Comunicação  CEETH