Na solenidade da Mãe de Deus, Mãe da Igreja, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), dizendo que “a liturgia nos apresenta a visita dos pastores ao Menino Deus. O texto sagrado a nos recordar a razão, a verdade da nossa fé ao louvarmos a Maria como Mãe de Deus, Mãe da Igreja e nossa Mãe: o mistério do nascer de Deus em nossa humanidade.” Ele lembrou que “ouvimos, mais uma vez o anúncio do Anjo: ‘Hoje, nasceu para vós um Salvador!’ (Lc 2,10-11). O anúncio levou os pastores uma dupla resposta: que o sinal seja verificado e que seu significado aceito. Os pastores caminham pressurosos e encontram tudo como fora anunciado pelo Anjo: Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Depois de terem aceitado o anúncio e terem encontrado o Menino e sua Mãe, irrompem em louvores e ação de graças. Um verdadeiro anúncio a todos. Um anúncio de paz, de fraternidade. A Boa Nova do nascer de Deus é proclamado a todos quantos encontravam. São os primeiros evangelizadores.” Com as palavras de Fernandes e Fassini, o arcebispo de Manaus afirmou que “A tradição cristã vê nestes pastores a figura dos pobres da terra que vivem à margem da segurança e das benesses do estado, da sociedade e da religião, uma gente fora da lei, envolvida, muitas vezes, em brigas internas por causa de furtos e outras desavenças comuns neste gênero de vida. Mas, não podemos esquecer, principalmente, que esses pastores estão ligados a Belém, a cidade de origem do menino Davi, pequeno pastor, escolhido para ser o grande rei, um segundo fundador do Povo eleito, imagem do futuro Messias; devemos também recordar Abraão e demais patriarcas, humildes e simples pastores que, também, souberam dar sua resposta de fé à visita e ao chamado do Senhor.” Diante disso, o cardeal Steiner questionou: “Quem é o centro do anúncio, quem é recordado, anunciado?”, respondendo que é “Aquele que recebe o nome de Jesus.” Segundo ele, “no mistério revelativo, na encarnação de Deus, está Maria, Mãe de Deus, que em Jesus é nossa Mãe e Mãe da Igreja. Não fosse a Mãe de Deus, não a teríamos como mãe e não a celebraríamos como a Mãe da Igreja.” “Na beleza, singeleza do mistério do Natal temos diante de nossos olhos a presença de Deus em nossa humanidade. Jesus é uma única pessoa, portadora de duas naturezas: a divina e a humana, que, sem se confundir, encontram-se profunda e intimamente unidas. Assim, Maria não é simplesmente a mãe Jesus, mas também do Verbo encarnado, ou, como a saudou Isabel: “Mãe do meu Senhor” (Lc 1,43). Ela é, assim a Theotokos, ela é verdadeira Mãe de Deus. É assim que a invocamos e saudamos e amos. Em cada Ave-Maria que sai do nosso coração a recordamos e a saudamos como a Cheia de Graça. E a invocamos: Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores”, ressaltou o arcebispo de Manaus. Analisando a segunda leitura, o cardeal Steiner destacou que “nos recorda que somos filhos e filhas no Filho (Gl 4,4-7), pois “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4). O Filho de Deus, o filho de Maria, gestado em nossa humanidade. Nesse processo gestativo, Jesus comunga da condição humana e nós recebemos a dignidade divina. Paulo insiste que o Filho de Deus é homem como todo e qualquer homem, homem inteiramente humano. Porque nascido de mulher, proclamarmos Maria como Mãe de Deus, nos afirmamos que somos todos verdadeiros irmãos, e irmãs. Nela vemos como Deus não fez descriminação, e nela, Mãe de Deus e nossa, somos todos pertencentes à mesma filiação. No Filho nascido, e nela Mãe de Deus, buscamos superar todos as discriminações: sociais, religiosas, econômicas, de raça, de cultura. ou político.” O presidente do Regional Norte1 recordou que “ao celebrarmos Mãe de Deus e nossa, celebramos o Dia Mundial da Paz”, e disse que “Papa Francisco nos enviou uma mensagem provocativa para o dia da Paz: ‘Perdoa-nos as nossas ofensas, concede-nos a tua paz’. A paz que nasce do perdão, a paz que nasce com o perdão. Sem reconciliação a paz permanece um desejo.” O cardeal citou as palavras do Santo Padre: “Na aurora deste novo ano que nos é dado pelo nosso Pai celeste, um tempo jubilar dedicado à esperança, dirijo os meus mais sinceros votos de paz a cada mulher e a cada homem, especialmente àqueles que se sentem prostrados pela sua condição existencial, condenados pelos seus próprios erros, esmagados pelo julgamento dos outros e já não veem qualquer perspectiva para a sua própria vida. A todos vós, esperança e paz, porque este é um Ano de Graça, que vem do Coração do Redentor!” “As relações novas que o perdão possibilita, cria a fraternidade. Dela nasce a paz. A intoxicação individualista, idólatra, consumista, oculta a justiça, desfaz a concórdia e impede a paz. A paz minada pela “desfraternidade”! Somos provocados a promover e fomentar relações que abrem o caminho da fraternidade: “Perdoa-nos as nossas ofensas, concede-nos a tua paz”. A paz nasce da fraternidade, do sermos todos irmãos e irmãs. Paz que é o cuidado uns pelos outros. O cuidado de irmãs e irmãos, desperta o espírito de bem-querer. Existem tensões, incompreensões, diferenças, até, às vezes agressões, mas o ser irmã, o ser irmão, refaz os laços, reconduz ao amor gerativo, possibilita a convivência de cuidado, justiça e fraternidade. Nada que não possa aproximar e no amar perdoar”, refletiu o arcebispo de Manaus. “Juntos pelas sendas da paz! E na busca da paz há necessidade da justiça e do perdão. A verdadeira paz é fruto da justiça. Será o perdão a curar as feridas e a restabelecer em profundidade as relações humanas fragmentadas, danificadas, rompidas. O perdão e a justiça estabelecem relações profundas e fecundas, pois não acontece na solidão, mas no encontro”, lembrou o cardeal Steiner com as palavras do Papa João Paulo II no Dia Mundial…
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