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Autor: Luis Miguel Modino

Brasil: um país onde ser diferente coloca a vida em risco

17 anos. Essa era a idade de Fernando Vilaça da Silva, que faleceu nesta segunda-feira, 7 de julho, depois de ser espancado no bairro Gilberto Mestrinho, em Manaus, na madrugada do sábado dia 5. Ele sofreu traumatismo craniano, hemorragia intracraniana e edema cerebral após ser espancado ao reagir a ofensas homofóbicas proferidas por um grupo de pessoas durante uma confraternização na rua. Crimes que ficam impunes Mais um episódio que mostra que no Brasil ser diferente é perigoso, muito perigoso, colocando em risco a vida das pessoas. O problema é que a sociedade assiste impassível a esses episódios, que muitas vezes ficam impunes. Inclusive as pessoas que dizem, dizemos ter consciência da gravidade dessas situações, fazemos pouco ou nada para mudar essa realidade. Não é a primeira vez que esses episódios se repetem, inclusive muitas vezes não são nem revelados. São situações que aumentam o clima de violência presente na sociedade brasileira, onde a intolerância para com aqueles que são ou pensam diferente se tornou motivo para acabar com eles. A convivência entre diferentes é sinal de que a sociedade é sadia, e essa convivência está se tornando cada vez mais difícil. A orientação sexual, as opções políticas ou religiosas, e tantas outras situações que fazem parte da vida das pessoas têm se tornado motivos de enfrentamento que gera violência, que provoca a morte das pessoas. O acontecido com o adolescente Fernando é um exemplo disso, mas provavelmente não será o último episódio semelhante. Gerar atitudes de respeito Se faz necessário parar e refletir, procurar espaços que gerem atitudes de respeito para com os outros, especialmente para com aqueles que não são iguais à gente. A família, a escola, as igrejas, e tantas outras instituições presentes na sociedade, devem ser espaços que gerem nas pessoas atitudes que favoreçam a convivência com todos, superando preconceitos que destroem o convívio social e acabam com a vida de pessoas inocentes. Junto com isso, se faz necessário a aplicação das leis que regulam a vida do país. A impunidade faz com que situações similares possam se repetir. Todos aqueles que desrespeitam a lei devem ser julgados, como único caminho para superar a violência cada vez mais institucionalizada. Uma tarefa de todos Superar essa realidade é uma tarefa comum, que deve implicar o conjunto da sociedade, que tem que ser assumida por cada um, cada uma de nós. Devemos superar as palavras, as atitudes que geram violência, que provocam o enfrentamento com o diferente, que não permitem descobrir a riqueza da diversidade. Somos nós, eu e você, que vamos fazer com que a realidade possa mudar. Aqueles que morrem são bem mais do que nomes, são pessoas concretas, muitas vezes com toda a vida por diante, como foi o caso de Fernando. Qual o sentimento que sua morte provoca em cada um, cada uma de nós? O que estamos dispostos fazer, o que vamos fazer para que essas situações não se repitam? É hora de refletir, mas também de nos envolvermos para que ninguém morra por ser diferente. Editorial Rádio Rio Mar

VI Assembleia de CEBs da Prelazia de Tefé: “reafirmar o protagonismo do povo de Deus”

As comunidades eclesiais de base tem sido parte fundamental da evangelização da Igreja de Tefé. Nas terras, águas e florestas do Médio Solimões a prelazia de Tefé empenhou-se em ser uma Igreja sinodal, com protagonismo de todos, e em saída, missionária, empenhada em evangelizar. Fortalecer a Sinodalidade Essas temáticas se fazem presentes na VI Assembleia das CEBs da prelazia de Tefé, que reúne na cidade de Alvarães, de 9 a 13 de julho, mil participantes chegados das comunidades, algumas delas bem distantes. Tem participantes que navegaram por mais de cinco dias para chegar no encontro e que só chegarão em casa depois de 15 dias de ter saído. Mas isso, uma realidade presente em diversas regiões da Amazônia, não apaga a alegria do encontro. O objetivo da assembleia é “Fortalecer a Sinodalidade da Igreja na Prelazia de Tefé”, e assim reavivar a fé e a vida em comunidade como Igreja. Isso em um encontro que é partilha, oportunidade para lançar as redes em águas mais profundas. Um encontro de peregrinos de esperança que, movidos pela dinamicidade do Divino Espírito Santo, tem se sentido acolhidos em uma Igreja que ao longo dos anos assumiu um caminho comunitário, formativo, missionário, profético e vocacional. Uma Igreja sinodal que quer alargar seu compromisso com a Casa Comum e com a defesa da vida dos irmãos e irmãs mais vulneráveis. Tempo de escuta, partilha, oração, discernimento “Uma Igreja em saída, uma Igreja que luta e que acredita que o amanhã pode ser e vai ser bem melhor”, segundo o bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva. Ele acolheu os participantes, representantes das comunidades, que o bispo disse ser “um sinal de alegria muito grande.” Um encontro que é “tempo de escuta, tempo de partilha, oração, discernimento, onde o Espírito Santo sopra e nos guia na missão. Um momento sagrado, onde fortalecemos a nossa caminhada sinodal, reafirmando o protagonismo do povo de Deus, reacendendo o compromisso com o reino de Deus no coração da nossa amada Amazônia”, segundo o bispo. Ele fez um chamado a ser sinal da “resistência e a esperança que brota no chão das comunidades”, a fazer realidade os sonhos. Para isso, o bispo pediu que Maria, Nossa Senhora, que caminha conosco, Mãe de Deus e Nossa Mãe, discípula, missionária, nos acompanhe com ternura e coragem. Por isso, com o coração cheio de esperança, alegria, vibração, tome conta de cada um e de cada uma de nós, dessa igreja particular de Tefé”. Comunidades geradoras de transformação Um encontro de comunidades que, segundo o bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus e referencial das Comunidades Eclesiais de Base no Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), “são geradoras de transformação do lugar, do chão, do território.” À luz das leituras do dia, o presidente da celebração eucarística se perguntou “como é que o amor de Deus escolheu a nós, para sermos geradores de novas relações”. Comunidades formadas por pessoas, com suas histórias de vida, que “também tem fragilidade”, mas que Deus escolheu surpreendentemente “para que a gente faça um povo que gera relações novas”, a exemplo de José, um homem sábio, com “a capacidade, a sabedoria, a iniciativa de gerar relações novas.” No texto da primeira leitura do dia, dom Zenildo Lima ressaltou que “apresenta a construção de uma resposta a partir da capacidade de gerar novas relações”. Situações que nos desafiam Neste encontro e para este encontro, sublinhou o bispo auxiliar de Manaus, “a gente está trazendo das nossas comunidades, dos nossos lagos, dos nossos rios, do nosso chão, da nossa floresta, das nossas cidades, todas as situações que nos desafiam para que o Senhor nos torne capazes de gerar relações que superem essas dificuldades.” Ele mostrou seu desejo de a exemplo de José, “os povos de hoje aprendessem a reorganizar, a reinventar relações”, e assim conseguir “um cenário bem diferente”. Segundo dom Zenildo, “esses dramas que os povos vivem, esses dramas que a nossa gente vive, tem a ver com a dureza do coração da gente, tem a ver com o modo como a gente percebe o outro, como a gente considera o outro, como a gente trata o outro, tem a ver de como a gente pensa quem é e o que é o outro.”  Ele ainda acrescentou que “hoje há um desequilíbrio de relações dos povos e há situações dramáticas de carência porque nós, homens e mulheres, não conseguimos, a partir de nós, gerar relações novas”. Ser povo que gera relações 12 irmãos, uma família marcada por conflitos, que vai gerar o povo de Israel. Jesus também escolhe doze homens, também marcados pela fragilidade e os conflitos, mas que “foram escolhidos por uma nova experiência de ser povo de novo que gera relação”, disse o bispo. Uma experiência de ser povo novo que dom Zenildo chamou a assumir à comunidades da prelazia de Tefé, com a força do Senhor que propõe construir relações novas. É por isso que “a gente não se retrai, a gente não se esconde atrás, a gente se coloca à disposição desta missão, a gente se coloca à disposição deste chamado, desta vocação a qual Deus nos envolve, nos chama, nos confia, nos constitui um povo novo capaz de gerar relações novas”, ressaltou o bispo. Diante dos desafios, dom Zenildo disse que “nós nos colocamos diante deles profundamente confiantes em Jesus, nós nos colocamos diante deles profundamente comprometidos, nós nos colocamos diante deles acreditando que nós podemos gerar mudanças. Porque essa sempre foi a história da construção de Deus na vida de um povo, tornar homens e mulheres, com seus dramas, com seus conflitos, capazes de fazer parte de um povo novo”. Pode contar comigo Cada um dos participantes do encontro foi convidado pelo bispo auxiliar de Manaus a dizer a Deus: “estou aqui, Senhor, pode contar comigo, a partir desta minha experiência de fé em uma comunidade.” Um chamado diante de “um cenário mundial de muitas guerras, com tanta violência, tudo o que a gente está…
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VI Assembleia das CEBs da Prelazia de Tefé de 9 a 13 de julho: “Uma Igreja Sinodal em Saída”

A prelazia de Tefé se prepara para a VI Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base. De 9 a 13 de julho, a paróquia Santa Teresa de Alvarães acolherá este grande momento de comunhão, escuta e missão. O tema do encontro é “Uma Igreja Sinodal em Saída”, tendo como lema: “Evangelizar nas águas mais profundas”. Mil participantes Com a participação de mil pessoas, chegadas das comunidades, áreas missionárias e paróquias, o encontro tem como objetivo geral “Fortalecer a Sinodalidade da Igreja na Prelazia de Tefé.” Dentre os objetivos específicos podemos citar fortalecer e animar a caminhada das comunidades; fortalecer e dinamizar a visibilidade do protagonismo feminino nas comunidades; sensibilizar para uma convivência pacífica e organizada na casa comum; garantir a participação laical, feminino, juvenil, quilombola e indígena nas instâncias comunitárias e de poder; entender como a realidade sócio-política influencia na vivência religiosa; propor estruturas formativas contextualizadas para o laicato assumir papeis efetivos na Evangelização na Igreja e na sociedade; avivar o papel evangelizador das comunidades de base; e celebrar a caminhada Evangelizadora das Comunidades da Igreja particular de Tefé. Os subtemas a serem abordados ao longo da VI Assembleia das CEBs são os influenciadores digitais na Igreja católica, com a assessoria de José Abílio barros Ohana; Casa Comum: Ecologia Integral na Sinodalidade, com a assessoria do Pe. Dário Bossi; A Fraternidade: Caminho de compromisso para a Justiça Social – Vós sois todos irmãos, com a assessoria de Manuel do Carmo da Silva Campos; CEBs, um barco missionário que inclui todos e todas, com a assessoria de dom Zenildo Lima; e desafios e perspectivas em um mundo polarizado (dentro e fora da Igreja), com a assessoria de Daniel Seidel. Os temas têm sido trabalhados previamente nas comunidades e ao longo da assembleia serão realizados seminários simultâneos e uma plenária final no último dia, tendo uma celebração de abertura e outra de encerramento. Compromisso histórico da prelazia A prelazia de Tefé tem um longo histórico de discussões e ações voltadas aos cuidados socioambientais. Um caminho que tinha como ponto de partida o fato de que as pessoas necessitavam do ambiente natural para manter seus modos de vida. Em uma região rica em peixe e madeira, o povo enfrentou a fome e teve seus territórios invadidos e apropriados por atravessadores, grandes empresários e outros interesses externos. As comunidades estavam vulneráveis a extorsões e enganos, arrendando lagos e vendendo sua mão de obra a preços baixos, sem conseguir sair da miséria e ainda perdendo seus recursos naturais. Sem apoio do poder público, já que muitas prefeituras sequer olhavam para as comunidades ribeirinhas, a Igreja era a única fonte de apoio. Com a ajuda das pastorais e organismos, a Igreja começou a articular com os ribeirinhos movimentos de retomada dos territórios, por meio de ações formativas e de organização comunitária, promovendo o cuidado dos lagos e da pesca. As comunidades criaram comitês de organização, liderados por animadores de setor, catequistas locais e outras lideranças, que avançaram nas discussões sobre o cuidado e a proteção dos seus mananciais de alimentação e bem-viver. Unidades de conservação As terras indígenas no território da Prelazia começaram a ser homologadas. As primeiras unidades de conservação criadas na região foram de proteção integral, que hoje são coordenadas e assessoradas por pessoas formadas pela Igreja. Aos poucos, foram desenvolvidos os acordos de pesca, promovendo uma relação equilibrada entre pescadores urbanos e comunitários, além do manejo coletivo do pirarucu, com base na união entre saberes científicos e tradicionais. Também foram promovidos manejos de madeira, produtos não madeireiros, turismo de base comunitária e agroecossistemas. Atualmente, os principais problemas enfrentados na região decorrem da ausência do Estado e da falta de políticas públicas efetivas. Essa lacuna favorece a expansão de crimes ambientais e da violência, como o narcotráfico, o garimpo ilegal, a pirataria fluvial e outras formas de exploração, que cooptam ou amedrontam as populações locais.

Dom Samuel participa de encontro de novos bispos da CNBB: Conhecer toda a magnitude da missão do episcopado

A Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza de 7 a 11 de julho na sede da entidade, em Brasília, um encontro com os bispos nomeados no último ano. Com a participação de 13 bispos, 7 deles auxiliares, está presente o bispo auxiliar de Manaus, dom Samuel Ferreira de Lima. Integrar os novos bispos O objetivo é integrar os novos membros ao trabalho da Conferência, favorecer a colegialidade e oferecer subsídios sobre a missão episcopal. Os novos bispos foram acolhidos pelo arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB, cardeal Jaime Spengler, o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, e o arcebispo de Vitória e presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, que apresentou as motivações do encontro. Dentre as temáticas abordadas, o bispo no Código de Direito Canônico, o Estatuto Canônico da CNBB, e Política de Proteção da Infância e Pessoas Vulneráveis, temáticas apresentadas pelo arcebispo de Ribeirão Preto, dom Moacir Silva, e Frei Alexsandro Rufino, OFM, assessor canônico da CNBB. Com a assessoria do cardeal Jaime Spengler, foi refletido sobre a missão do bispo hoje, dando oportunidade a uma partilha das realidades e os desafios das dioceses no Brasil. Os bispos aprofundaram sobre a o papel do bispo na Iniciação a Vida Cristã, com a assessoria do Pe. Wagner Carvalho, assessor da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB. Os bispos irão conhecer os organismos da Igreja no Brasil: Pontifícias Obras Missionárias, Conferência dos Religiosos do Brasil, Edições CNBB, o Centro Cultural Missionário, a Rede Eclesial Pan-Amazônica, o Centro de Formação de Fé e Política. Eles irão participar da Missa de Abertura da Assembleia da CRB, presidida pelo cardeal Leonardo Steiner. Participação do bispo auxiliar de Manaus Segundo dom Samuel é um momento de autoconhecimento entre os participantes e de aprimoramento da comunhão fraterna. O bispo auxiliar de Manaus disse estar sendo uma experiência gratificante, dado que “você encontra com irmãos que estão na mesma missão, vivendo a mesma dimensão de início de um pastoreio, de uma missão que lhe é confiada, e que vamos clareando qual é a nossa missão particular, qual é o projeto de Igreja, como é a caminhada na Conferência, quais são os desafios, as responsabilidades, a proposta de trabalho de evangelização”. O bispo disse estar sendo “uma experiência rica, a gente poder conhecer toda a magnitude que é a missão do episcopado dentro da CNBB, nessa caminhada de ser Igreja no Brasil. dos muitos desafios que se apresentam nas realidades múltiplas que vemos nessa imensidão de país”. Ele insiste em que “está sendo muito rico, gratificante e de um aprendizado muito grande, de a gente poder abrir a compreensão, a percepção da dimensão que é a nossa missão, junto às nossas, comunidades, a diocese onde a gente está servindo”. Finalmente, dom Samuel afirmou que “vai ser um momento muito rico, cada palestrante traz muitos elementos que vão nos ajudar como instrumentos no exercício do nosso múnus.” Um encontro que pretende ajudar os bispos a refletir sobre como “sermos instrumentos de comunhão eclesial e de trabalharmos a sinodalidade”, segundo o bispo auxiliar de Manaus.

Prelazia de Tefé cria Área Missionária Nossa Senhora da Amazônia: “um campo de discipulado”

A prelazia de Tefé tem mais uma área missionária: Nossa Senhora da Amazônia. A instalação aconteceu no dia 5 de julho, se tornando a terceira área missionária da prelazia, junto com a área missionária São Francisco, em Tamanicoá, com 23 comunidades, administrada desde sua criação por leigos e leigas, e a área missionária São Sebastião, em Caiambé, com mais de 20 comunidades. Comunidades com pouca assistência A nova área missionária, desmembrada de duas paróquias, está em Tefé, na região das estradas, na Agrovila e da IMAD, e conta com oito comunidades. Segundo o bispo da prelazia, dom José Altevir da Silva, “são comunidades que não recebem muito a assistência e eles queriam que realmente o missionário morasse lá no meio deles.” A nova área missionária foi assumida pela congregação das Sacramentinas de Nossa Senhora, enviando três irmãs que assumiram esse trabalho pastoral junto com o povo. Na homilia da missa de instalação da área missionária, o bispo, seguindo o texto de Isaías 66, fez um convite à alegria, identificando a nova área missionária com o significado de Jerusalém para o povo exilado. “É um lugar de consolo, de esperança e de cuidado maternal”, sublinhou dom Altevir. Segundo ele, “as oito comunidades que compõem esta área, agora caminham unidas como irmãs. Não mais isoladas ou dispersas, mas reunidas em torno de uma missão comum”. A Cruz centro da missão O bispo referiu-se ao consolo do Senhor ao seu povo, a imagem da mãe que consola o seu filho. Segundo dom Altevir, na nova área missionária, “o Senhor vem consolar o seu povo por meio de uma presença organizada, comprometida e missionária.” Ele falou, seguindo o texto de Gálatas 6, sobre a Cruz como centro da missão, ressaltando que “São Paulo, ele nos recorda que a missão não é um glamour, mas entrega. Ele se gloria não em títulos ou estruturas, mas na cruz de Cristo”. Nessa perspectiva, o bispo de Tefé disse que “essa nova área missionária, Nossa Senhora da Amazônia, não nasce para ser uma administração eclesial, mas um campo de discipulado.” Uma afirmação que cobra mais sentido no Ano Jubilar, “no qual somos convidados a sermos peregrinos da esperança”, disse o bispo. Dom Altevir enfatizou que “a formação, a evangelização, a comunhão e a vida fraterna que deve ter como centro a cruz redentora. Um lugar do amor doado, do serviço e da reconciliação”. É por isso, disse o bispo, que “a pastoral de conjunto será o nosso modo de sermos igreja. Cada comunidade com seu carisma, mas caminhando na mesma direção”. Enviados em comunidade, em sinodalidade Seguindo as palavras de Lucas 10, o bispo disse que do mesmo modo que Jesus envia seus discípulos dois a dois, “assim também somos enviados em comunidade, em sinodalidade”, vendo a criação da área missionária como “uma resposta a um apelo concreto: estar presente no meio das famílias, na estrada, que muitas vezes se sentiram distantes e desassistidas.” Nessa perspectiva, dom Altevir afirmou que diante da urgência da missão, “cada fiel é chamado a assumir o seu lugar com coragem”, mostrando que “Deus não escolhe os mais capazes, Ele capacita aqueles que se dispõem a caminhar”. “A área missionária é uma expressão da comunhão e da missão. Essa área missionária Nossa Senhora da Amazônia é mais do que um território, é uma comunidade de fiéis, em caminhada, mas precisa, de tantas coisas, como por exemplo, formar-se continuamente na fé, nos sacramentos, na Doutrina Social da Igreja. Ela precisa se organizar a partir da missão, não apenas nas estruturas. Seguir os critérios da CNBB para a ação missionária: o anúncio, o diálogo, a presença, a opção pelos pobres. Escutar a prelazia que orienta com sabedoria esse processo. Viver a comunhão entre comunidades, lideranças, os agentes de pastoral e todo o povo. Despertar o compromisso de cada um, a criação da área aliás, não termina na missa. Pelo contrário, é o começo, e cada batizado deve se perguntar realmente o que Deus quer de cada um deles: a missão não é para os outros, é para todos”, disse o bispo. Finalmente, dom Altevir pediu “que Nossa Senhora da Amazônia interceda por nós. Que essa nova área missionária seja um lugar de fé viva, comunhão fraterna e missão constante. Que o povo se alegre com a nova organização pastoral. Que o Espírito suscite novas lideranças, comprometidas com o Reino de Deus”.

Cardeal Steiner: “Jesus sem esperar que os discípulos estejam prontos, os envia em missão”

No XIV Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia recordando que “nos foi anunciado no Evangelho: ‘O Reino de Deus está próximo’. Próximo, permanece como que velado, não revelado plenamente, mas em revelação, em manifestação. Velado, por isso próximo de nós. Próximo, pois Deus sempre está próximo, está na proximidade. Jesus é a proximidade de Deus”. Somos amados e nunca abandonados Segundo o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), “o Reino da proximidade está plenificado com a morte e ressurreição de Jesus. Nele participamos da proximidade de Deus, pois partícipes de um novo modo de ser, de viver, de conviver. Somos participes em Jesus do mistério do Reino de Deus, pois salvos e viventes da vida da Trindade. Ele a fonte da nossa esperança e alegria: somos amados e nunca abandonados. Ele, o ressuscitado, permanece entre nós e em nós”. “Jesus envia os discípulos em missão com uma saudação e uma mensagem”, disse o cardeal. Ele lembrou a saudação: “Que a paz esteja nesta casa”! É por isso que “em toda e qualquer casa que entrarem desejar a paz, saudar com a paz, oferecer a paz!” Isso porque “Jesus envia como embaixadores da paz. E uma mensagem: ‘O Reino de Deus está próximo de vós’”. “Como é admirável no Evangelho que Jesus sem esperar que os discípulos estejam prontos e bem-preparados, os envia em missão. Para ir em missão, anunciar a vida nova, o novo modo de viver e conviver, para lugares desconhecidos, entre pessoas desconhecidas, Jesus não diz o que levar, mas o que não levar: ‘Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias’”, refletiu o cardeal. Ele insistiu em que “o mínimo do mínimo, como se propusesse: sem bagagem, sem segurança, sem grandes projetos, sem estruturas, sem seguranças, sem apoios. Os envia na riqueza da pobreza, da força da beleza e riqueza do anúncio do Reino de Deus. Quanto mais livres e simples, pequeninos e humildes, tanto mais o Espírito Santo poderá inspirar, iluminar o caminho da missão. O envio em missão faz dos apóstolos mensageiros da riqueza do Reino, e arautos da paz, guiados pelo Espírito Santo, na força da pobreza”. Enviados como portadores de paz Citando as palavras de Jesus: “Que a paz esteja nesta casa”! o cardeal refletiu: “como os discípulos, também nós como seguidores e seguidoras de Jesus, somos enviados com a saudação da paz, portadores de paz; a paz que é o próprio Jesus. Somos mensageiros da paz e seremos reconhecidos como pertencentes a Jesus, como discípulos missionários, discípulas missionárias como mulheres e homens que vivem do Reino se saudarmos com a paz. A paz do Ressuscitado!” Analisando a realidade atual, o arcebispo de Manaus disse que “no tempo de tanta violência, guerra, morte, Jesus nos envia como mulheres e homens de paz, a paz da vida nova.” O cardeal recordou as palavras de Papa Francisco: “Irmão, irmã, a paz começa por nós; começa por mim e por ti, por cada um de nós, pelo coração de cada um de nós. Se viveres a sua paz, Jesus vem e a tua família, a tua sociedade, mudará. Mudarão se primeiro o teu coração não estiver em guerra, não estiver armado de ressentimento e raiva, não estiver dividido, não for ambíguo, não for falso. Pôr paz e ordem no coração, desativar a ganância, extinguir o ódio e o rancor, evitar a corrupção, evitar a trapaça e a astúcia: é aqui que começa a paz. Gostaríamos de encontrar sempre pessoas mansas, bondosas e pacíficas, a começar pelos nossos familiares e vizinhos. Mas Jesus diz: «Leva tu a paz à tua casa, começa por honrar a tua esposa e amá-la com o coração, respeitando e cuidando dos filhos, dos idosos e dos vizinhos. Irmão e irmã, por favor, vivam em paz, acende a paz e a paz habitará na tua casa, na tua Igreja, no teu país”. Nas palavras de Jesus, o cardeal Steiner vê “saudação e anúncio! Envia com a mensagem: ‘O reino de Deus está próximo! […] O reino de Deus está próximo’”. Segundo ele, “Jesus envia os discípulos dois a dois. A alegria que brota da proximidade de Deus, do Reino de Deus, concede a paz, mas não nos deixa em paz. Dá paz e não nos deixa em paz, pois provoca uma mudança esperançosa: enche de admiração, surpreende, transforma a vida, encanta, realiza, leva a vida à sua plenitude!” O Senhor transforma sempre a nossa vida Citando novamente as palavras de Papa Francisco, o arcebispo de Manaus disse: “E o encontro com o Senhor é um começo constante, um contínuo dar um passo em frente. O Senhor transforma sempre a nossa vida. É o que acontece com os discípulos no Evangelho: para anunciar a proximidade de Deus, partem para longe, vão em missão. Porque quem recebe Jesus sente que deve imitá-lo, fazer como Ele fez, que deixou o céu para nos servir na terra, e sai de si mesmo. Portanto, se nos perguntarmos qual é a nossa tarefa no mundo, o que devemos fazer como Igreja na história, a resposta do Evangelho é clara: a missão. Ir em missão, levar o Anúncio, dar a saber que Jesus veio do Pai”. Igualmente, o cardeal lembrou que “o anúncio, a evangelização, dizia São Paulo VI, não é um ato individual e isolado, mas dois a dois, pois missão da Igreja! Eclesial e em comunhão. A evangelização em nome da Igreja, acontece em comunhão. Nenhuma pessoa anuncia segundo critérios e perspectivas individualistas, mas sempre em comunhão, com a comunidade, a igreja particular. A Igreja é ela toda inteiramente evangelizadora. Onde ela se encontra, a Igreja, diríamos as comunidades, se sente responsável pela missão de difundir o Evangelho, o Reino de Deus”, citando Evangelii Nuntiandi 60. O arcebispo recordou que “Papa Francisco ao falar da evangelização, ensina que a comunidade dos discípulos de Jesus nasce apostólica, nasce missionária, não proselitista. Evangelizar não é o mesmo que fazer proselitismo, mas propor um outro…
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CEAMA 5 anos: um caminho irreversível de sinodalidade e esperança – Dom Zenildo Lima

Ao comemorar os cinco anos da criação da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), Dom Zenildo Lima, bispo auxiliar de Manaus e vice-presidente da CEAMA, lembrou que mais do que celebrar uma data, estamos celebrando um profundo, coletivo e irreversível caminho eclesial. “Não estamos apenas comemorando os cinco anos da CEAMA, estamos comemorando uma caminho”, ele disse. Um caminho que atingiu seu ápice com o Sínodo para a Amazônia, iniciado com um amplo processo de escuta territorial, continuado pela Assembleia Sinodal de 2019 e coroado com dois frutos preciosos: o Documento Final do Sínodo e a Exortação Apostólica do Papa Francisco “Querida Amazônia”. Desde então, ressalta Dom Zenildo Lima, esse processo tornou-se irreversível: “Há cinco anos nascia a CEAMA, fruto daquele Sínodo e das vozes que, já na Assembleia, apontavam a necessidade de uma organização que articulasse a vida das Igrejas amazônicas”. Inicialmente concebida como um organismo episcopal, a CEAMA foi discernida, no âmbito do Conselho Pós-Sinodal, como uma conferência eclesial, com maior capacidade de promover uma presença ampla, inclusiva e coordenadora de todos os intervenientes no território. Cinco anos após sua fundação, a CEAMA é um sinal concreto do caminho rumo a uma Igreja com rosto amazônico, comprometida com a conversão ecológica, um novo modo de evangelizar e o fortalecimento das redes que emergem do coração do processo sinodal. Segundo o bispo, “hoje, cinco anos depois da CEAMA e seis anos depois do Sínodo, reconhecemos com gratidão as muitas iniciativas que foram concebidas, frutos de um processo vivo e profético profundamente enraizado na vida dos povos amazônicos”. Da CEAMA, renovamos nossa esperança e compromisso de continuar caminhando juntos, em sinodalidade, em defesa da vida, dos povos e da nossa Casa Comum. Fonte: CEAMA

CEAMA 5 anos: uma Igreja sinodal, de e para os territórios – Ir. Rose Bertoldo

No âmbito da comemoração dos cinco anos da fundação da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), a Ir. Rose Bertoldo, religiosa brasileira e secretária da CNBB Norte 1, partilha a sua visão esperançosa e comprometida com este caminho sinodal que, segundo ele,“Não pode ser entendido sem a dimensão de rede, escuta e discernimento dos territórios.” Para a Irmã Rose, esses cinco anos significam relembrar um processo profundamente pessoal, coletivo e comunitário. “O que a CEAMA mais nos ensinou é que nós não estamos sozinhos. Precisamos caminhar juntos, tecer relações e fortalecer processos”, afirma. Em sua experiência pastoral, ela destaca que a sinodalidade não é um conceito, mas uma prática concreta de escutar as pessoas, discernir com elas e propor caminhos a partir de suas realidades. Uma Igreja que se torna próxima “Estamos no caminho certo”, afirma com convicção. A CEAMA, em sua opinião, tem sido uma luz que dá visibilidade à vida das comunidades e os sinais de uma Igreja que escuta, acompanha e se deixa interpelar pelas feridas da terra. Nas dioceses, prelazias e comunidades mais remotas, podemos ver os frutos desta Igreja sinodal que “caminha com o seu povo e está atenta às realidades”. A irmã Rose lembra que a CEAMA é fruto do processo sinodal nascido do Sínodo para a Amazônia, e que esse caminho está apenas começando: “É uma realidade que perdurará por muito tempo. Foi construída por muitas pessoas de seus territórios, com um profundo senso de pertencimento e comprometimento.” Logros com rosto de mulher e cuidado com a vida Entre os avanços mais significativos na consolidação da CEAMA como organização viva nos territórios e o surgimento de processos específicos, a religiosa destaca a ministerialidade e reflexão sobre os novos ministérios; a criação do Rito Amazônico; o fortalecimento do Programa Universitário Amazônico, que abre caminhos educativos a partir da realidade do território. Uma das contribuições mais importantes que a Irmã Rose destaca é a visibilização do papel da mulher na Igreja Amazônica: “Na Amazônia, são as mulheres que definem os caminhos da evangelização. Não basta reconhecer isso, é preciso valorizá-lo, garantir seus direitos e garantir sua voz nos processos”, afirma. Seu depoimento nos lembra que muitas mulheres estão na linha de frente protegendo a vida, denunciando injustiças e enfrentando violências como feminicídio, abuso sexual e destruição de territórios. Segundo a religiosa, “as mulheres são guardiãs da vida em todas as suas dimensões. Elas são fundamentais para o presente e o futuro da nossa Casa Comum.” Uma Igreja sinodal, a partir e para os territórios Por fim, a Irmã Rose destaca que a experiência da CEAMA também ensina à Igreja universal: quando um território é priorizado, gera maior proximidade com as comunidades, especialmente com os mais vulneráveis. É uma experiência de conversão, de caminhar juntos, de fortalecer os fundamentos e de projetar uma Igreja com rosto amazônico, profético e esperançoso. Fonte: CEAMA

Conselho Permanente da CNBB: migrações, sinodalidade e ação evangelizadora

A sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) acolheu de 1º a 3 de julho de 2025 a reunião do Conselho Permanente, com a presença da Presidência da Conferência, os presidentes e assessores das Comissões Episcopais e os presidentes dos 19 Regionais. Em representação do Regional Norte 1 da CNBB participou seu presidente, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner. Análise da realidade Uma reunião que, segundo informações da CNBB, partiu da análise da realidade social, desta vez tendo como foco as migrações, e da conjuntura eclesial, marcada pela eleição do Papa Leão XIV, os 70 anos do Conselho do Episcopado Latino-Americano e Caribenho (Celam) e os encaminhamentos sobre as Diretrizes da Ação Evangelizadora, uma temática que está sendo refletida na Igreja do Brasil nos últimos anos. No início do encontro, o núncio apostólico, dos Giambattista Diquattro, insistiu no trabalho conjunto do episcopado e da Igreja do Brasil em vista de renovar o compromisso de anunciar o Evangelho e a centralidade de Cristo, além da motivação para que as Igrejas particulares promovam iniciativas educativas para a promoção da paz e da não-violência. As migrações e o trabalho da Igreja Partindo das referências bíblicas em torno da migração, e apresentando o cristianismo como uma “religião que se faz no caminho, indo e vindo, de lá para cá, para além de quaisquer fronteiras geográficas ou culturais”, o bispo de Carolina (MA) e presidente do grupo de Análise de Conjuntura Padre Thierry Linardy, dom Francisco Lima Soares, disse que as migrações é um dos fenômenos mais complexos e desafiadores da atualidade. Uma realidade que reflete desequilíbrios econômicos, conflitos armados, crises ambientais e perseguições políticas em diferentes partes do mundo. Diante disso, a proposta é que a Igreja ajude a transformar a experiência migratória em ocasião de crescimento na vida cristã e de nova evangelização e missão. Junto com isso, o chamado a uma ação coletiva frente à crise humanista e à indiferença. No Brasil, houve aumento significativo no fluxo de migrantes e refugiados, com um marco legal que reconhece direitos dos migrantes e propõe princípios humanitários de acolhimento, mesmo que sua implementação tem sido desigual. Frente a isso, a Igreja católica realiza experiências exitosas de acolhida e suporte a migrantes, refugiados e apátridas no Brasil. Sinodalidade e ministerialidade Na conjuntura eclesial, o bispo de Petrópolis (RJ) e presidente do Instituto Nacional de Pastoral Padre Alberto Antoniazzi (Inapaz), dom Joel Portella Amado, apresentou os resultados do Censo 2022 a respeito da religião, divulgados no mês passado, com mais de 100 milhões de católicos no país, que representa o 56,75% da população brasileira. Junto com isso foram apresentadas questões relativas às Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, marcadas pelo impacto das novas tecnologias, a transformação digital, o redesenho religioso no país, a crise climática e a centralidade da missão, e as indicações do Sínodo sobre a Sinodalidade. São dados que mostram que no Brasil, a configuração eclesial está marcada pela sinodalidade e pela ministerialidade. Foi apresentado o trabalho de revisão do documento de estudo nº 116 que trata sobre o Ensino religioso. Também foi abordado o processo de organização do 19º Congresso Eucarístico Nacional de Goiânia, previsto para setembro de 2027, o trabalho que está sendo realizado nas Pré-COPs e os subsídios a ser trabalhados nas dioceses em vista da COP30, que acontecerá em Belém do Pará de 10 a 21 de novembro. Igualmente, foi apresentado a síntese do documento: “Um chamado por justiça climática e a Casa Comum: conversão ecológica, transformação e resistência às falsas soluções”, entregue ao Papa Leão XIV no dia 1º de julho. Realidade da Igreja do Brasil Entre as questões abordadas cabe citar o Estatuto da Comissão Nacional dos Diáconos Permanentes do Brasil; o Estatuto da Comissão Brasileira de Justiça e Paz; e o Estatuto das Edições CNBB. Junto com isso, as iniciativas voltadas à animação vocacional, a recepção do Sínodo sobre a Sinodalidade nas dioceses, dando visibilidade às experiências positivas e fortalecendo a recepção sinodal nas comunidades. Os participantes conheceram a realidades dos 19 regionais da CNBB e das Comissões Episcopais. No debate apareceram questões relacionadas com a escuta da Juventude, a Pastoral Familiar, a formação do laicato, o ecumenismo, a catequese, a educação católica, as pastorais sociais e a missionariedade. No campo da comunicação cabe destacar o Encontro Nacional de Missionários Digitais que irá ocorrer no dia 4 de julho, em São Paulo. Também o encontro com os bispos referenciais dos regionais e dos coordenadores regionais da Pastoral da Comunicação e os assessores Pastorais. A Comissão para a comunicação vai realizar o Encontro Latino-Americano e Caribenho das TVs de Inspiração Católica nos dias 11 a 14 de agosto, em Aparecida (SP); o 14º Mutirão Brasileiro de Comunicação de 25 a 28 de setembro, em Manaus, com o tema: “Comunicação e Ecologia Integral: transformação e sustentabilidade justa” e o Encontro Nacional de Padres em Missão Digital, de 28 a 29 de outubro em Brasília.

Politicagem que impede praticar a melhor política

O desencanto com a Política é uma atitude cada vez mais presente na sociedade atual. Essa realidade tem que nos levar a refletir e encontrar caminhos que possam ajudar a encantar a Política. O filósofo grego Aristóteles definiu a política como “um meio para alcançar a felicidade dos cidadãos”, mas o exercício da política nos mostra que muitas vezes se busca a felicidade de pequenos grupos e não do conjunto da cidadania. Falência do modelo comunitário A última análise de conjuntura do Grupo de Análise de Conjuntura da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Padre Thierry Linard, apresentada nesta semana, fala de “crise humanista e a falência do modelo comunitário”. Segundo o texto “essa crise é marcada por um profundo esvaziamento dos princípios de solidariedade, corresponsabilidade e cuidado coletivo”, elementos que tem a ver com a tradição cristã. A consequência é “a vulnerabilidade em que vivem milhões de brasileiros”, uma situação que deve piorar diante das pressões de grupos de poder político e econômico que pretendem recortar os gastos sociais para perpetuar privilégios de pequenos grupos e aumentar a brecha social em um país secularmente marcado pela desigualdade. Eles não se importam com a falta de moradia, as condições precárias do Sistema Único de Saúde, da educação pública, do sistema de mobilidade urbana. A lógica do Estado mínimo “Essa conjuntura reflete os efeitos acumulados das políticas de exclusão, que, ao longo de décadas, operaram por meio da fragmentação social e da negação de direitos”, afirma o texto, que mostra que “a lógica do Estado mínimo, a desresponsabilização do poder público e a crescente influência de interesses privados nos espaços de decisão corroem a capacidade de resposta coletiva aos problemas comuns”. Nos deparamos com instâncias de poder político que não buscam a melhor política. Uma expressão acunhada por Papa Francisco na encíclica Fratelli tutti, onde ele mostra que a política é um elemento crucial para alcançar a fraternidade universal e promover a amizade social, tendo como objetivo o verdadeiro bem comum e a caridade social. Uma política que valorize a geração de trabalho e renda, a inclusão social, a diversidade e a caridade social como elementos fundamentais na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e voltada para o bem de todos. Política que se tornou politicagem Uma proposta que atualmente é ignorada na política brasileira, que se tornou politicagem, que de forma mesquinha responde a pressões e inércias viciosas, a interesses imediatos que nunca favorecem os mais pobres, que não são expressão de amor para com os outros, que ignora o sofrimento de tantas pessoas que se esforçam em sobreviver. A polémica em torno ao Imposto sobre Operações Financeiras, às emendas parlamentares e tantas outras situações presentes no atual panorama político brasileiro, são claros exemplos dessa politicagem que pretende acabar com a melhor política, deixando de lado sua função transformadora, seu cuidado com o que é público, a busca da felicidade de todos. Editorial Rádio Rio Mar