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Autor: Luis Miguel Modino

Missa Crismal na diocese de Roraima: “Deus unge os seus para servir e para transformar a realidade”

A diocese de Roraima celebrou no dia 15 de abril a Missa dos Santos Óleos, “um dia de alegria e de festa!”, segundo o bispo diocesano, dom Evaristo Spengler. Ele disse que “a missa crismal deste ano é especial”, dado que a diocese celebra 300 anos de evangelização e o Papa convocou o Ano Jubilar, fazendo um chamado a caminhar como peregrinos e peregrinas da esperança. Ungidos para servir O bispo lembrou a presença de mais de 20 novos missionários na diocese, que foram apresentados. Em sua reflexão falou sobre o óleo da Aliança. Ele enfatizou que “Deus unge os seus para servir e para transformar a realidade onde estamos inseridos.” Dom Evaristo refletiu sobre os três vasos sagrados presentes na celebração: o Óleo dos Catecúmenos, o Óleo dos Enfermos e o óleo do Santo Crisma. Segundo o bispo, o óleo “é um sinal sagrado.” Analisando o texto de Isaias 61, sublinhou que “pelo batismo, Deus nos escolheu para sermos ‘sacerdotes do seu povo’ para levar a alegria do Evangelho aos que sofrem, para sermos instrumentos de misericórdia.” Junto com isso, ele vê que “o óleo é para romper correntes e esquemas.” No Salmo 88, o bispo destacou que “esta unção não é para nosso prestígio”, ressaltando que “essa é a nossa missão: vida a serviço.” Já em Apocalipse 1,5-8, dom Evaristo enfatizou que “esta unção nos compromete: somos chamados a ser profetas que denunciam as injustiças, sacerdotes que santificam o mundo no amor, pastores que governam com humildade e serviço. Somos povo de Deus, todos ungidos e chamados para ungir.” Por sua vez, no Evangelho (Lc 4,16-21), sublinhou que ‘o óleo do Crisma nos recorda que, como presbíteros, religiosos/as e leigos, não somos meros funcionários do sagrado. Somos outros ‘cristos’ – ungidos – para estar no mundo a serviço do Evangelho. Como presbíteros, nosso ministério não é um status, mas um chamado ao serviço, especialmente aos mais pobres. Como religiosos e religiosas somos convocados para servir e testemunhar a profecia do Reino de Deus. Os leigos e as leigas são chamados, a partir do seu Batismo e Confirmação, a serem ‘sal da terra, luz do mundo’ (cf. Mt 5,13-16), e fermento na massa (Lc 13,20-21).” Significado dos Óleos Na benção dos óleos descobrimos, segundo o bispo, que “Deus, no seu amor, caminha conosco em todas as etapas marcantes da vida. E nos unge, nos consagra, nos cura e nos envia em missão. É o amor do próprio Deus que se faz presença, fidelidade e ternura.” Isso porque “cada óleo é expressão do amor e do cuidado de Deus, de um carisma, de um serviço e de um ministério específico.” Dom Evaristo Spengler refletiu sobre o sentido de cada um deles: o óleo da consagração, o óleo da cura e o óleo da missão. No Óleo da Consagração, destacou que “somos chamados a viver o amor até o extremo.” Algo que acontece no Batismo, pois “não somos reis para dominar, mas para servir”; na Crisma, que “nos envia para a missão de viver e testemunhar a fé recebida no batismo”; e na Ordenação, em que “o candidato se entrega totalmente a serviço da Igreja, povo de Deus, neste caminho sinodal.” Bálsamo das Feridas da Humanidade O Óleo da Cura, ele e visto pelo bispo como “o Bálsamo das Feridas da Humanidade”. Ele falou de diversas doenças, pedindo pessoas ungidas para o cuidado da casa comum, pessoas ungidas para ajudar na superação de extremismos e de exclusões, pessoas ungidas para ajudar a superar as gritantes desigualdades em uma sociedade que acumula riqueza à custa dos pobres. Uma cura que também precisa o ser humano, segundo o bispo de Roraima. Do óleo da Missão, o bispo destacou que ele é “a fidelidade ao evangelho no percurso da missão, que nos prepara para o encontro com o Esposo, o Cristo.” Dom Evaristo advertiu que “não podemos nos conformar com uma fé superficial ou apenas herdada da família ou da tradição. Somos chamados a fazer um encontro pessoal e comunitário com o Cristo Morto-Ressuscitado.” Para isso, “nós, os cristãos, somos chamados a viver em estado de vigilância ativa, cultivando uma vida de fé, de oração e de boas obras, sem nos deixar levar pela negligência ou pelo comodismo espiritual. A missão do cristão não é apenas crer, mas testemunhar com ações concretas o amor de Deus no mundo. Isso significa colocar em prática o que assumimos no nosso Batismo e confirmamos na Crisma.” Sentido do óleo em cada ministério O bispo fez um chamado aos presbíteros, para que eles “não deixem secar o óleo da unção, do primeiro amor, da entrega total em seus corações, em suas mãos, em seus pés. Vão às periferias sociais e às fronteiras existenciais, e contemplem a consolação de Deus, a presença de Deus, o amor de Deus.” Um óleo que não é “guardar para si”, é para “gastar nos caminhos enlameados e esburacados.” Aos religiosos e religiosas, ele pediu ser o “bom perfume” de Deus para evangelizar as mais variadas realidades. Para ser “uma presença terna e fraterna, especialmente em meio aos mais vulneráveis.” Aos leigos e leigas, o bispo lembrou que eles são “ungidos para santificar o mundo a partir de dentro de cada realidade.” Por isso lhes pediu que “sejam protagonistas da evangelização, assumindo cada vez mais a missão de animar e fortalecer as comunidades, sendo uma presença cristã autêntica na sua família, no seu trabalho, na roda de amigos, em todas as realidades da vida.” Finalmente, aos enfermos e idosos, lhes disse que “a vida de vocês é um óleo precioso que unge a Igreja com o perfume da paciência e da fé. Em um mundo que idolatra a juventude, a produtividade e a velocidade, a paciência dos idosos e dos enfermos é um antídoto contra a cultura do descarte. Através da aceitação serena das dores e dos limites impostos pela idade, vocês são testemunhas de que a vida tem valor em todas as suas fases e em todas as situações!” Para isso, dom…
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Santos Óleos em Itacoatiara: “O bom sacerdote reconhece-se pelo modo como unge o seu povo”

No dia 15 de abril de 2025, a prelazia de Itacoatiara celebrou a Missa dos Santos Óleos, a primeira presidida por dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos. Ele se reuniu com o clero local no mesmo dia, no Centro Pastoral São Paulo VI para mais um momento de escuta, partilha e tomada de decisões. A eles dirigiu sua saudação no início de sua homilia, lembrando que “hoje, eles recordam, como eu, o dia da ordenação.” Ungidos para ser servidores Em suas palavras, ele destacou que “a Palavra de Deus anunciada a nós nesta Eucaristia fala-nos dos ungidos: o servo de Javé referido pelo profeta Isaías, o rei Davi e Jesus, nosso Senhor. Nos três aparece algo em comum, a unção recebida destina-se ao povo fiel de Deus, de quem são servidores. A sua unção é para os pobres, os presos, os oprimidos e cada um e cada uma de nós.” No Salmo 133, dom Tadeu destacou a imagem do óleo perfumado derramado sobre a cabeça a escorrer pela barba. Segundo ele, é “imagem da unção sacerdotal, que por intermédio do ungido chega até aos confins do universo representando nas vestes, as vestes sagradas do sumo sacerdote.” O bispo analisou o sentido das vestes sacerdotais e em Aarão e nos sacerdotes, afirmando que “o sacerdote celebra levando sobre o ombro e nos corações o peso e o rosto do nosso povo fiel.” Fazer chegar o perfume da unção O bispo da prelazia de Itacoatiara enfatizou que “o Senhor dirá claramente que a unção é para os pobres, os presos, os doentes e quantos estão tristes e abandonados. A unção, meus queridos irmãos sacerdotes, não é para perfumar a nós mesmos e menos ainda para que nós possamos conservar. Pois o óleo torna-se rançoso e o coração amargo. O bom sacerdote reconhece-se pelo modo como unge o seu povo”, pela oração que ele faz pelo povo. Isso porque as pessoas “sentem que através de nós lhes chega o perfume do ungido, do verdadeiro Cristo, animam-se a confiar-nos tudo o que elas querem que chegue ao Senhor.” Nisso, o bispo vê “o sinal de que a unção chegou à obra do manto, porque é transformada em súplica, súplica do povo de Deus. A nossa identidade sacerdotal é edificada e renovada dia após dia, no tempo transcorrido com o nosso Senhor. Então, a relação com o nosso Senhor, com o próprio Jesus Cristo, relação essa continuamente alimentada na vida de oração.” Isso porque “o estar em comunhão com Jesus Cristo compromete-nos no seu ser para todos. Este ser para todos de Cristo realiza-se na pessoa de cada padre, nas três funções das quais são revestidas a natureza do sacerdócio. Elas constituem a integridade do nosso ministério, não são o lugar da alienação ou pior ainda, de uma mera adaptação funcionalista da nossa pessoa, mas a expressão mais verdadeira do nosso ser de Cristo. Isto é, são o lugar da relação com Ele, para que o povo confiado a nós seja por nós educado, santificado e governado.” O povo caminho de santidade O bispo disse aos presbíteros de Itacoatiara que “O povo confiado a nós é o caminho imprescindível para a nossa santidade. Isto é, o caminho no qual Cristo manifesta a glória e a glória do Pai através de cada um de nós.” Ele colocou como fundamento imprescindível de toda a vida do padre a relação com a Santa Mãe de Deus, que “não pode limitar-se a uma prática devocional piedosa, mas deve ser alimentada pela entrega contínua nos braços da sempre virgem de toda a nossa vida, do nosso ministério na sua totalidade.” Finalmente, o bispo pediu ao povo que “permaneçam unidos aos vossos sacerdotes. Que esta união seja com o afeto e sobretudo com a oração, para que sejam sempre pastores segundo o coração de Deus.” Aos sacerdotes, ele disse que “Deus Pai renove em cada um de nós o Espírito de Santidade, com que fomos ungidos, o renove no nosso coração, de tal modo que a unção possa chegar a todos, onde o nosso povo fiel mais a aguarda e aprecia. Que o nosso povo sinta que somos discípulos do Senhor. E que ele possa receber, através das nossas palavras, das nossas obras, este óleo da alegria que nos veio trazer Jesus ungido.”

Domingo de Ramos na Prelazia de Tefé: A canoa que virou jumentinho

O cuidado da casa comum, do nosso Planeta, é uma necessidade cada vez mais urgente. Daí a importância da Campanha da Fraternidade de 2025, que tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral”. As consequências da falta de cuidado são cada vez mais evidentes. Um exemplo disso é o acontecido na Vila de Tamaniquá, município de Juruá, na prelazia de Tefé. Consequências das mudanças climáticas Em um fenómeno que até agora não era comum, segundo relatam os moradores, por duas vezes o rio encheu e vazou de uma vez, muito rápido subiu muito e rápido, de modo que estão perdendo a mandioca que plantaram. Uma situação que, de diversos modos, se repete em diversos locais da Amazônia. Foi nessa comunidade que o bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva, celebrou o Domingo de Ramos. Ele disse: “eu deixei a procissão de Ramos na catedral, para participar com os ribeirinhos atingidos pela cheia inesperada.” Chegando lá, o bispo viu a situação dos moradores, que “estão tentando salvar o que a água não levou, enfrentando água até o peito”, segundo esses moradores contaram para dom Altevir. Nessa situação, o bispo contou que “não tendo terra para fazer a procissão, sugeri fazermos de canoa, a remo”, algo que ele disse ter sido significante. Para realizar a procissão se deu uma situação semelhante àquela que os evangelhos relatam. A coordenadora da comunidade Nossa Senhora Aparecida, dona Rita, uma mulher de quase 70 anos, analfabeta, que está à frente da comunidade por mais de 30 anos disse que tinha poucas canoas, pois os homens tinham levado para o roçado para salvar a roça. A comunidade ia precisar Quando uma outra mulher, dona Ana, foi pedir algumas canoas para os vizinhos, ela desamarrou as canoas e disse para eles palavras semelhantes àquelas que os discípulos disseram ao desamarrar o jumentinho que carregou Jesus: a comunidade ia precisar delas, mas logo ia devolver. Dom José Altevir da Silva, na homilia, refletia sobre isso, lembrando as palavras de Jesus aos seus discípulos caso alguém perguntasse por que estavam desamarrando o jumentinho: “o Senhor precisa dele”. O bispo conta que no momento da procissão com os ramos, “os coroinhas, seguindo o rito, levaram uma bacia de plástico com água para benzer os ramos. Eles estavam certos, foi assim que aprenderam. Mas na hora da benção, eu pedi para fazermos a oração sobre o rio e a partir do rio benzemos os ramos”, destacando mais uma vez esse momento como algo “muito rico em significado.” Comunidades acompanhadas por mulheres Na maioria das comunidades ribeirinhas da Amazônia, as mulheres cuidam da vida de fé desse povo. Na simplicidade, elas se tornam verdadeiras testemunhas da presença de Deus no meio das pessoas. É nesses lugares que o povo sofre em maior medida as consequências das mudanças climáticas. Nessas situações, as pessoas descobrem em Deus e na comunidade a força para continuar lutando pela vida em plenitude para todos e todas. É ali que cobra sentido a reflexão em torno à conversão ecológica. Da superação do pecado ecológico depende que essas pessoas possam continuar morando nesses locais. As mudanças climáticas têm consequências concretas na vida do povo, especialmente dos mais vulneráveis. Quando não reconhecemos isso, nos afastamos de Deus e do irmão, daqueles que hoje, de diversos modos, continuam sendo crucificados.

Cardeal Steiner: “Ao contemplarmos crucificado, contemplamos os crucificados dos nossos dias”

No Domingo de Ramos, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia dizendo que “hoje entramos com Jesus na cidade de Jerusalém. Ele montado num jumentinho e nós o acompanhamos com cantos, palmas e aclamações. Iniciamos a Semana Santa que nos toca com a nobreza do amor que redime, salva, transforma.” Caminhamos com Jesus O presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil recordou que “caminhamos com Jesus, entramos na cidade de Jerusalém, para participar da mesa da bondade, de sua morte e ressurreição. Hoje iniciamos as celebrações que nos conduzem para a verdade da fé, a morte foi vencida; vida nova!” O arcebispo de Manaus disse que “a liturgia que abre a Semana Santa nos oferece a leitura da Paixão como itinerário, como caminho de seguir Jesus. Condenado à morte e morte de cruz, Ele per-faz o caminho da dor, do sofrimento, da morte. Experimenta toda a finitude humana e, por isso leva à plenitude a finitude humana. Na dor, no sofrimento consola, perdoa, aponta na morte a eternidade, o paraíso.” “No caminho do calvário Jesus não está só. Simão o Cirineu segue a Jesus no levar a cruz.  Ele vai ‘atrás de Jesus’, segue a Jesus (cf. Lc 23,26). No levar, carregar, a cruz, Simão de Cirene segue a Jesus, como se estivesse a nos ensinar o modelo do seguimento de Jesus: seguir, ir atrás, carregando a cruz. Nos recorda a palavra de Jesus: ‘se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz dia após dia e siga-me’ (Lc 9,23; cf. 14,27). Seguir, tomar a cruz, entregar da vida, o dom da vida aos irmãos e irmãs”, afirmou o cardeal Steiner. No caminho da cruz, Ele não está só Segundo ele, “no caminho da dor, do sofrimento, no carregamento da cruz, Ele não está só. O seguem as mulheres que choram, lamentam, e ele a consolar. Ele volta seu olhar: ‘Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai por vós mesmas e por vossos filhos…’. Sim quanta dor e quanto sofrimento na maternidade. Filhos perdidos, mortos, rejeitados pela sociedade, amputados, destroçados pelas guerras, mortos pela inanição, pela fome. Se nos fosse dada a possibilidade de escutar o choro das mulheres que perdem os seus filhos e filhas somente na guerra, seria ensurdecedor. Talvez, a dor já tenha secado as lágrimas. E no carregamento da cruz, na subida do calvário, caminha com Jesus a multidão dolorida e sofrida.” E no final do caminho, pendido da cruz oferece a misericórdia, disse, inspirado nas palavras de Papa Francisco no Domingo de Ramos de 2019: “’perdoa-lhes não sabem o que fazem’! Num momento específico: durante a crucifixão, quando sente os cravos perfurar-lhe os pulsos e os pés. Tentemos imaginar a dor lancinante que isso provocava. Na dor física mais aguda da Paixão, Cristo pede perdão para quem o está perfurando. Jesus no ser rasgado, despedaçado, lacerado, suplica: Perdoa-lhes, Pai. Não repreende os algozes nem ameaça castigos em nome de Deus, mas reza pelos ímpios. Cravado no patíbulo da humilhação, aumenta a intensidade do dom, que se torna ‘per-dão’.” Jesus não se limita a perdoar O cardeal ressaltou que “a súplica perdoativa de Jesus na cruz nos revela o sentido, a cor de fundo que sustenta a nossa vida de seguidores e seguidoras de Jesus. ‘Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem’. Jesus não se limita a perdoar, ultrapassa a si mesmo e indica o Pai como a fonte da misericórdia, do perdão, do amor. O irromper do amor e do perdão não está n’Ele, mas no Pai. Ele é o intercessor, o suplicador, o ofertador do perdão no amor.” Segundo ele, “a misericórdia benfazeja e redentora ressoa nas palavras dirigidas ao ladrão que lhe suplica para que não seja esquecido: ‘lembra-te de mim’! Nasce, então a palavra da misericórdia, da mansidão, da esperança, do aconchego que faz do ladrão crucificado o ‘bom ladrão’: ‘Em verdade te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso’. É no alto da Cruz que está fonte da misericórdia!” “Depois do consolo, do perdão, da misericórdia, no extremado da dor, no dilaceramento, no sofrimento, Ele está só. Sente-se abandonado por todos e por tudo. Onde estão os discípulos, onde as multidões saciadas de pão, onde os cegos agora com olhos, onde os surdos, agora ouvintes, onde os leprosos purificados e reinseridos? Onde os pássaros do céu, os lírios do campo… Ele está só”, refletiu o arcebispo de Manaus. Ele na cruz com todas as cruzes! Aprofundando no texto, o cardeal Steiner destacou que “Ele na cruz com todas as cruzes! Desalentado, só, suspenso entre a terra e o céu; quase desesperançado! Sem terra e sem céu! Foi suspendido de tudo e de todos. Pode haver angústia maior, pode haver dor maior que a solidão, o abandono? Não espinhos, os cravos, a cruz, mas o abandono.” Ele citou as palavras de Harada, um místico que meditando o abandono de Jesus, ensina: “Tudo isso, esse total abandono e fracasso, na visão da Fé, nos mostra totalmente outra paisagem: tudo de repente se vira pelo avesso: o extremo abandono é, na realidade, plenitude de amor: a profunda solidão se converte em unidade total. No momento em que parece mais desamparado, está mais do que nunca identificado com o querer divino, transparente ao Pai. Nessa fraqueza sem fim, Jesus se acha, sem reserva, ‘entregue’ ao Poder do Pai, totalmente aberto ao ato criador da Ressurreição.” “Nasce, então a declaração de amor que escutávamos na leitura da Paixão: ‘Pai nas tuas mãos eu entrego o meu espírito’. Nessa entrega, sem reservas, sem condicionamentos, sem porque, sem para que, apenas gratuidade de amor, lemos e vemos a salvação que nasce da cruz.  A cruz torna-se elo. Revela unidade. É o ponto de salto da nova criação, do novo Céu e da nova Terra. É o vir à luz da unidade primordial entre o Divino e o Humano. A cruz é a fenda, onde tudo se entrecruza e tudo se ilumina. Percussão que…
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Diocese de Borba celebra Missa Crismal em Novo Aripuanã

A Área Missionária Santo Antônio Maria Claret, em Novo Aripuanã, acolheu no dia 10 de abril a Missa dos Santos Óleos da diocese de Borba. A celebração foi precedida por um encontro com a Vida Religiosa que trabalha na diocese, para depois acolher o povo de Deus que participou da celebração da benção dos óleos e renovação das promessas sacerdotais. Segundo o bispo diocesano, dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, “se trata da unidade, da comunhão, de uma Igreja comprometida com a missionariedade”, em um dia muito importante para a Igreja, destacando a sinodalidade desse momento. Esperança que vem do Senhor Na homilia, o bispo iniciou sua reflexão falando sobre a esperança que vem do Senhor, agradecendo a Deus a possibilidade de poder celebrar a Missa dos Santos Óleos com o povo presente. Ele referiu-se aos passos já dados pela diocese de Borba, “enquanto igreja, enquanto diocese, realizando a escuta, acertando ali, errando, corrigindo”, agradecendo “pelo zelo, pelo trabalho, a dedicação de cada uma e de cada um. Todos que fazem por amor.” Como peregrinos da esperança, tema do Ano Jubilar, o bispo disse que “estamos ancorados na Cruz de Jesus”. Ele citou as palavras do cardeal Tolentino: “a esperança não é acessória, mas é um bem necessário. Assim como você precisa do ar, da água, do alimento, o cristão, a cristã, precisa de esperança para viver.” Ele lembrou a reflexão com a Vida Religiosa na manhã da quinta-feira, quando ele disse que “o objeto da esperança e á Santíssima Trindade”, refletindo sobre a Criação de Deus, sobre a casa comum se trata na nossa casa. Segundo dom Zenildo, “o objeto da esperança, sendo a Trindade, tem duas colunas. A primeira, eles eram assíduos na oração, no ensinamento dos apóstolos e na unidade.” Ele insistiu em que “a esperança, ela não nos decepciona”, recordando o lema do Ano Jubilar da Esperança. É por isso que “somos peregrinos da esperança, porque ninguém é decepcionado em Jesus.” Pecados contra a esperança O bispo de Borba questionou sobre os pecados contra a esperança, sublinhando que “a esperança do povo de Deus tem que ser uma esperança fundamentada, porque senão a gente acaba pecando contra a esperança”, colocando exemplos disso, como a “retrotopia”, que segundo o bispo é “ficar grudado ao passado e não é capaz de trazer o que você tem e viver sempre na esperança atualizando. Porque quem tem esperança tem memória, quem tem memória tem esperança. Memória, não no sentido de ficar só lembrando, mas memória, aquilo que a teologia da Eucaristia nos ensina. Memória no sentido de atualizar o Mistério.” Ele recordou que a Igreja se alimenta da Palavra e da mesa da Eucaristia, agradecendo aos padres “por todas as missas que vocês celebram, muito obrigado pelo atendimento que vocês fazem. Como que vocês ajudam o nosso povo, oferecendo para o nosso povo o pão que salva, a benção que edifica.” O bispo ressaltou que “nós fomos ordenados para isso.” Medo de arriscar Dom Zenildo definiu como pecado contra a esperança o fato de “ter medo de arriscar para o futuro”, afirmando que “é preciso a gente avançar em nossas comunidades, mais na formação”, mas também em outras preocupações. O bispo disse que um outro grande contra a esperança é o egoísmo, também o pessimismo. Frente a isso, ele fez um chamado ao realismo, a pisar no chão, a não ter medo de tentar, a ser ungidos para pregar, lembrando as palavras do profeta Isaias. Finalmente, o bispo de Borba pediu para rezar pelo clero, “para que eles possam viver sendo felizes e colaborando com Deus na construção deste Reino”, pedindo viver a vida como vocação que ele definiu como “chamado de Deus”, que se concretiza de diversos modos. Suas palavras deram passo à renovação das promessas sacerdotais e a benção dos Santos Óleos.

Missa dos Santos Óleos em Parintins, em clima de unidade, sinodalidade e comunhão

A diocese de Parintins celebrou nesta quinta-feira, 10 de abril de 2025, a Missa dos Santos Óleos, com a participação do clero da diocese, que de 7 a 10 de abril realizaram seu retiro anual. A celebração eucarística, presidida pelo bispo diocesano, dom José Albuquerque de Araújo, com a presença do bispo emérito, dom Giuliano Frigeni, aconteceu em um clima de unidade, sinodalidade e comunhão, segundo foi dito no início da missa. Eucaristia, sacerdócio, unidade Na homilia, o bispo emérito iniciou suas palavras recordando que, na Quinta-feira Santa, dia em que acostuma ser celebrada a Missa Crismal, “Jesus, sabendo que tinha chegado a sua hora, nos deixou dois grandes presentes, a Eucaristia e nós, sacerdotes.” Dom Giuliano Frigeni refletiu sobre a importância da Eucaristia e dos outros sacramentos, fazendo um chamado a “aprender cada vez mais o valor do nosso batismo”. Sobre os sacerdotes, ele ressaltou que são chamados a “amar aquilo que Jesus amava”, refletindo sobre a ligação entre Jesus e o Pai, lembrando a obediência de Jesus ao Pai, que os sacerdotes assumem no momento de sua ordenação, quando “fomos consagrados para que nós sejamos totalmente a serviço da Igreja”, que ele definiu como “o corpo de Cristo.” O bispo emérito refletiu sobre a unção dos óleos nos sacramentos, onde “recebemos o Espírito Santo que nos torna o corpo de Cristo, a presença de Cristo.” Dom Giuliano Frigeni refletiu sobre a necessidade da união, afirmando que “Jesus quer que através de nós, padres, vocês possam ver Cristo que veio a nos unir, que é o desejo de toda a humanidade de sermos unidos. Mas, infelizmente, cada um defende o seu poder, a sua ideia, os seus gostos. Nós, ao contrário, através do ministério dos sacerdotes, crescemos na consciência de pertencer a Ele numa vida de comunhão, de fraternidade.” Um caminhar junto, a sinodalidade, “que o mundo não consegue, prefere fazer guerra, prefere a divisão”, enfatizou o bispo emérito. Missa da Unidade Dom José Araujo de Albuquerque, lembrou que essa celebração também é conhecida como a Missa da Unidade, destacando que “este é um momento tão bonito, tão sublime, onde todos os nossos presbíteros, nossos diáconos, nós bispos, nos reunimos em comunhão com o povo de Deus para celebrar a nossa vocação, o envio que recebemos e renovamos o nosso sim, o sim que dissemos no dia da nossa ordenação.” Ele enfatizou que “nós que somos bispos continuamos a sermos presbíteros e os presbíteros continuam a ser diáconos. E todos nós somos membros do rebanho do Senhor, fazemos parte do seu povo. E neste povo nós recebemos um chamado, uma missão de sermos pastores. Que a gente possa sempre se espelhar em Jesus, que é o Bom Pastor”, pedindo a oração de todos pelos padres da diocese de Parintins.

Convocado o Jubileu dos Povos Indígenas de Roraima: 25 e 26 de abril no Surumu

A diocese de Roraima, que está comemorando 300 anos de Evangelização e junto com toda a Igreja celebra o Jubileu da Esperança, convocou através do seu bispo, dom Evaristo Spengler, para a Peregrinação do Ano Santo e Jubileu dos Povos Indígenas, com o tema “Somos peregrinos e peregrinas da esperança”, que será realizado nos dias 25 e 26 de abril de 2025, no Surumu. Jubileu em um lugar símbolo de resistência Uma convocação dirigida a toda a comunidade eclesial, povos indígenas, para participar de um momento que será realizado em “um local emblemático, símbolo da história de resistência e da Aliança da Igreja com os povos indígenas.” Segundo a carta de convocatória, “agora ele será o cenário de um encontro sagrado, onde celebraremos a fé, a cultura e o compromisso com a justiça e a ecologia integral.” Segundo o bispo, “inspirados pelo lema ‘A esperança não decepciona’ (Rm 5,5), reafirmaremos nosso caminho sinodal, ouvindo o clamor da Amazônia e renovando nossa missão em defesa da vida e da dignidade humana.” A programação contempla um dia de memória, compromisso, testemunhos dos povos indígenas e celebrações culturais, a ser realizado dia 25. Já no dia 26, acontecerá a peregrinação seguida da Santa Missa solene, com a Ordenação Diaconal do seminarista Djavan André da Silva e envio missionário. Celebrar a resistência e a esperança dos povos indígenas O bispo diocesano de Roraima faz um chamado a participar, para assim, “fazer memória da caminhada histórica da Igreja com os povos indígenas, desde os Missionários Carmelitas, Franciscanos, Diocesanos, Beneditinos e Missionários da Consolata, até os dias atuais.” Junto com isso, será um momento para “celebrar a resistência e a esperança dos povos indígenas, especialmente em meio aos desafios do Marco Temporal e do garimpo ilegal, com suas ameaças e consequências socioambientais.” Finalmente, será oportunidade para “reafirmar nosso compromisso com a sinodalidade, a ecologia integral e a defesa dos direitos humanos, respondendo aos apelos da Laudato Si’ e do Sínodo para a Amazônia.” O Jubileu dos Povos Indígenas de Roraima quer ser um chamado à ação, em que a diocese convida “a todos a se unirem em oração e a participarem desta jornada de fé.” Para isso, dom Evaristo Spengler pede “que Maria, Mãe da Amazônia, sob o título da Virgem do Carmo, interceda por nós, e que o Espírito Santo nos guie neste momento de graça, fortalecendo nossa missão de ser Igreja viva, samaritana e profética na construção do Reino.”

Taxas que não procuram o bem comum e sim o interesse de poucos

As taxas que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está impondo aos diferentes países, sobretudo à China, tornou-se a principal notícia nos últimos dias. Estamos diante de mais um exemplo da crescente divisão e enfrentamento presente na sociedade mundial nos últimos anos. As guerras, concretizadas de diversos modos, também no âmbito comercial, só aumentam, provocando graves consequências para a população mundial, especialmente para os mais pobres. Uma conta que pagam os pobres O menor crescimento económico, a inflação, a alta dos preços de artigos que fazem parte da vida da maioria das pessoas, se vislumbram como consequências a curto prazo. Uma situação que deve levar à reflexão sobre o que acontece quando alguém toma decisões que não pensam no bem comum, no bem da humanidade. Junto com isso, o veto aos imigrantes, a xenofobia, a expulsão dos estrangeiros, uma outra atitude do presidente Trump. Ele se orgulha em sua perseguição aos imigrantes, é claro que sempre que eles sejam pobres, ignorando a história de um país onde a imigração tem sido uma constante. Algo que tem ajudado a construir uma nação que não teria seu atual status sem a participação dos imigrantes. Usar o poder em favor dos pequenos Isso deveria nos levar a refletir sobre o exercício do poder nos diferentes âmbitos, que sempre deveria ser para promover o bem comum e favorecer aos pequenos. Nunca àqueles que já tem demais, seja poder econômico, sejam privilégios e mordomias, que geralmente só aumentam quando aparecem esse tipo de situações. Se fechar aos outros, impedir que os outros se aproximem é uma atitude cada vez mais presente. Mecanismos de proteção são cada vez mais presentes na sociedade atual, sobretudo aqueles que tem mais poder. Seja poder político, económico ou de qualquer tipo, nos deparamos com situações que nos desumanizam. Não esqueçamos que a desumanização é uma atitude que aparece quando deixamos de nos preocuparmos com a necessidade dos outros. Saber analisar a realidade São mecanismos que querem ser impostos como comportamento a seguir, tentando convencer a todos que esse é o caminho a seguir. De fato, nos deparamos com que pessoas que são prejudicadas por essas situações as defendem. Essa manipulação, consequência da dificuldade que cada vez mais gente tem para analisar a realidade, é cada vez mais presente. Diante disso, somos chamados a tomar postura como sociedade, mas também individualmente. Uma necessidade primeira é fomentar o pensamento crítico, que leve as pessoas a perceber aquilo que prejudica à maioria. Seguir o típico ditado brasileiro “Maria vai com as outras”, tem graves consequências. São atitudes que destroem o tecido social, destroem a sociedade como instituição que melhora a vida das pessoas. Editorial Rádio Rio Mar

Dom Evaristo leva carta de sensibilização sobre tema da CF 2025 em sessão na ALERR

O bispo Dom Evaristo Spengler esteve na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) nesta terça-feira (8) para entregar aos deputados estaduais uma carta de sensibilização sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2025: “Fraternidade e Ecologia Integral”, com o lema “Deus viu que tudo era bom”. A iniciativa busca unir forças com o poder público em defesa do meio ambiente, em sintonia com a COP 30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que ocorrerá no Pará no próximo ano. Em seu discurso, Dom Evaristo fez um alerta urgente: “A Terra está gritando por socorro”. Ele destacou a necessidade de mudanças tanto no comportamento individual – como o consumo consciente e o descarte correto do lixo – quanto em políticas públicas que garantam a preservação do planeta. “A grande pergunta que nós nos colocamos é: como é que Deus está vendo o mundo hoje, com tanta destruição, desmatamento, garimpo ilegal que contamina nossos rios e terras, e tanta poluição do ar?”, questionou o bispo, lembrando os 800 anos do Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis, que pregava o respeito à natureza como parte da criação divina. Parlamentares reforçam compromisso com sustentabilidade O presidente da ALE-RR, Soldado Sampaio (Republicanos), recebeu o documento e destacou o equilíbrio necessário entre preservação e desenvolvimento: “Roraima tem muito a mostrar em preservação ambiental, mas precisamos manter o diálogo com a sustentabilidade da nossa gente, especialmente quem vive no campo.” A Campanha da Fraternidade, promovida anualmente pela Igreja Católica durante a Quaresma, tem como objetivo mobilizar a sociedade e o poder público em torno de causas sociais e ambientais. Em 2025, o foco será a ecologia integral, abordando a relação entre justiça social e preservação dos recursos naturais. A carta entregue aos deputados contém propostas concretas para políticas ambientais, que devem ser discutidas nas comissões da Assembleia. Enquanto isso, a Igreja continuará promovendo debates e ações em parceria com comunidades, escolas e entidades civis.  Fonte/Créditos: Dennefer Costa – Rádio Monte Roraima

Clero da diocese de Parintins realiza retiro anual

O clero da diocese de Parintins realiza de 7 a 10 de abril de 2025, no Kwati Club de Parintins, seu retiro anual, com a participação de 29 presbíteros e um seminarista, que está realizando seu estágio pastoral prévio à ordenação diaconal. O tema do retiro é “Presbíteros, amados e enviados como ministros de Esperança”, e tem como pregador Frei César Resende, Carmelita Descalço, residente em Maceió, capital do Estado de Alagoas. O retiro do clero, que na maioria dos casos é realizado durante o tempo da quaresma, é um costume nas dioceses e prelazias do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), sendo um momento de oração, encontro e fraternidade presbiteral, que favorece a comunhão nas igrejas locais. Em 2025, desde o início do ano, todas as dioceses e prelazias do Regional Norte 1 realizaram seu retiro do clero, que no caso das dioceses de Coari, Alto Solimões e a prelazia de Tefé foi realizado de forma conjunta na cidade de Coari.