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Juntos, os cristãos confiam ao Espírito um Sínodo para um novo modo de ser Igreja

Caminhar juntos é sempre um desafio, também para os cristãos. A história separou aqueles que emergiram da unidade de Pentecostes. O Papa Francisco é um promotor da unidade na diversidade, da criação de caminhos comuns, entre os cristãos e dentro da Igreja Católica. Essa é uma das grandes razões para a convocação do Sínodo da Sinodalidade, o Sínodo para ser uma Igreja na qual todos sintam a necessidade de caminhar juntos. Mestres de unidade, comunhão, escuta, diálogo e discernimento Em uma sociedade polarizada, dividida e conflituosa, atitudes que repercutem na Igreja Católica, que não é e não pode ser algo separado do mundo, a necessidade de avançarmos juntos é cada vez mais urgente. Os crentes devem ser, e é isso que Francisco quer, mestres de unidade, de comunhão, de escuta e de diálogo, de discernimento em comum, caminhos que querem ser trabalhados neste Sínodo que começou com a oração ecumênica Juntos: confiar ao Espírito Santo, invocado com maestria e emoção, o trabalho da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, a ser realizada de 4 a 29 de outubro de 2023. Uma iniciativa da comunidade de Taizé, à qual o Papa agradeceu, com a que Francisco convocou um caminho conjunto, não só para os católicos, mas para todos os cristãos, onde quer contar com todos, mas especialmente com os mais jovens, que tiveram um papel especial na celebração e são chamados a escrever o futuro. Pessoas de diferentes países, culturas, confissões cristãs, que, diante do Crucifixo de São Damião, rezaram juntas ao mesmo Deus em que todos acreditam, o Deus encarnado em Jesus Cristo. É possível caminhar juntos Ver o Romano Pontífice rezando junto com o Primaz Anglicano ou o Patriarca Ortodoxo, representantes de diferentes tradições cristãs, é uma expressão clara de que na Igreja Católica é possível caminhar juntos, ser uma Igreja sinodal, que traduz essa sinodalidade em expressões concretas que ajudam, por meio da escuta e do diálogo, a tornar realidade os caminhos comuns, que são uma expressão da presença de Deus e se traduzem em formas de vida que respondem melhor aos desejos comuns da humanidade, incluindo a paz, como testemunhado e solicitado na oração ecumênica. Uma oração que também pediu o cuidado da casa comum, um desafio que transcende todos os credos, todas as denominações cristãs. Um cuidado que ajudará a aliviar o sofrimento dos mais vulneráveis, as primeiras vítimas de desastres naturais, nos quais a mão, ou a falta de mão, do cuidado, tem cada vez mais influência. O silêncio que gera unidade e sinodalidade Tudo isso se baseia no silêncio, um elemento muito presente na reflexão do Pontífice. Um silêncio que foi respirado em uma atmosfera presidida pelo desejo de que o Sínodo possa ajudar os protagonistas da celebração, os jovens, a desfrutar no futuro dessa Igreja de comunhão, participação e missão. Eles são os que melhor expressam o anseio que está presente no coração de Francisco, que quer entrar para a história como o Papa da unidade, entre os cristãos e entre os católicos. Algo para o qual ele pede progresso no diálogo, que nos leva a testemunhar e aprender, e no discernimento, dois dos pilares deste Sínodo e da unidade entre os cristãos, que, nas palavras do Papa, “cresce no silêncio da Cruz“. Uma oração ecumênica para encorajar os membros do Sínodo a entrar em uma atmosfera de retiro durante os próximos três dias. É a eles que, animados pela força do Espírito, as igrejas do mundo inteiro, a Igreja Católica universal, confiaram a tarefa de aprofundar, em uma atmosfera de oração, escuta, diálogo e discernimento, os novos caminhos necessários para responder melhor ao Evangelho e aos sinais dos tempos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Mons. Zenildo Lima: “A Igreja de Manaus pode esperar da minha pessoa a totalidade da minha disponibilidade”

Mons. Zenildo Lima da Silva foi nomeado pelo Papa Francisco bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus no dia 27 de setembro de 2023. Uma nomeação que situa na perspectiva do Congresso Missionário Nacional, em cujo encerramento receberá a ordenação episcopal. Ele vê seu ministério “muito vinculado com a identidade dessa Igreja de Manaus”, onde ele tem vivido sempre sua fé. Uma nomeação fruto da “maturação de nossa identidade eclesial”, uma Igreja ministerial que de diferentes modos assume a missão na Amazônia. Isso numa Igreja que está vivendo um grande processo sinodal, mas onde “a indicação e o processo de escolha dos bispos na Igreja ainda não é um processo que acontece dentro da sinodalidade que a gente esperava”. Uma sinodalidade que acontece “a medida que o ministério possa ser exercido abraçando a dinâmica de participação que é próprio dessa identidade sinodal”. Um ministério episcopal com o qual ele quer “oferecer aquilo que pode, mas sempre de um modo novo, de uma existência batismal retomada a partir do ministério, exercer o que sempre faz, mas com uma autoridade, quer dizer uma qualificação do serviço”. Um novo serviço na Igreja de Manaus que “agora é uma abrangência a uma totalidade da Igreja”, insistindo em que essa Igreja de Manaus pode esperar dele “a totalidade da minha disponibilidade”. Nascido em Manaus, padre de Manaus, e agora a Igreja universal, pensando na Igreja de Manaus lhe encomenda uma nova missão: ser bispo auxiliar de Manaus. Como está vivendo isso? Essa nomeação chega numa ocasião bastante oportuna para a gente situar esse acontecimento, que é essa perspectiva do Congresso Missionário Nacional, da Igreja local para os confins do mundo. E a gente começa essa reflexão a partir da compreensão da Igreja local. A sua pergunta insiste nesta localidade, nascido em Manaus, presbítero de Manaus e escolhido pela Igreja para servir a Igreja de Manaus. É o exercício de um ministério que vai se realizar na existência eclesial da Igreja que nesse chão de Manaus vive esta experiência no seu ser e no seu agir. Acredito que o convite para esse ministério está muito vinculado com a identidade dessa Igreja de Manaus, com a autorrealização dessa Igreja de Manaus. Eu experimento, acolho muito esse momento, como um momento da Igreja, não como um momento pessoal. Não era algo para o que eu desenhava a minha vida, mas percebo que é algo que vai formatando o desenho da identidade dessa Igreja. E foi nesse sentido, que me senti impelido a acolher esse pedido do Papa. Fala de missão, o Amazonas é um Estado que já recebeu muitos missionários, onde a maioria dos bispos até agora foram de outras regiões do Brasil ou do exterior. O senhor não é o primeiro bispo amazonense, e essas nomeações podem ser consideradas um amadurecimento das igrejas locais, que aos poucos vai assumindo mais ministérios, inclusive o ministério episcopal, ¿poderíamos dizer que esse amadurecimento existe? Mais uma vez eu recorro ao que a gente vive circunstancialmente, acabamos de celebrar a 50ª Assembleia do nosso Regional Norte1. Na realização desta assembleia, nós fomos identificando os marcos que já estão fincados na caminhada desta Igreja e que lhe permite alargar a sua tenda, como foi a proposta desta assembleia, fazer memória, se colocando a disposição para a profecia, e sempre vislumbrando a esperança. E um dos elementos que a gente constatou nesta assembleia foi justamente esse da maturação de nossa identidade eclesial e uma maturação que se vê através dos ministérios, do resgate do diaconato permanente, ainda que haja muita coisa para ser pensada e refletida, do ministério presbiteral de autóctones, de pessoas que são nascidas aqui e convidadas a assumir as causas daqui. E nessa esteira do ministério presbiteral e do ministério episcopal, com mais um bispo daqui da região, que de fato é indicativo sim desta maturidade. Mas sobretudo pela grande corporeidade ministerial da nossa Igreja. A nomeação de um bispo nascido na própria região, ela é tão significativa quanto o ministério de tantos cristãos leigos e leigas que são nascidos aqui, que assumem a evangelização. Essa maturação eclesial não é porque se galgou um ministério mais raro, mas porque expressa que são os batizados que vivem a eclesialidad aqui, que assumem ministerialmente os serviços da Igreja e do povo aqui. Uma nomeação que foi dada a conhecer poucos dias antes do início da primeira sessão da assembleia sinodal do Sínodo da Sinodalidade. O Sínodo é um processo, o senhor participou do Sínodo para a Amazônia como auditor, que pode se esperar de um bispo neste tempo de sinodalidade? Sempre são os acontecimentos de Igreja que vão norteando a compreensão dessa nomeação e desse convite do Papa para esse ministério. A indicação e o processo de escolha dos bispos na Igreja ainda não é um processo que acontece dentro da sinodalidade que a gente esperava. A nomeação da minha pessoa, embora possa ser acolhida por muitos como um resultado desse processo sinodal de amadurecimento de Igreja com rosto amazônico, mas ele ainda obedeceu, ainda seguiu aqueles padrões bastante rígidos que a Igreja tem enquanto a esse processo. Mas não obstante isso,de fato nós podemos falar de sinodalidade a medida que o ministério possa ser exercido abraçando a dinâmica de participação que é próprio dessa identidade sinodal. A minha pessoa, o meu nome, a minha história e a história do meu ministério, do serviço pastoral, está muito ligado com a vida da Igreja de Manaus e a vida das igrejas do nosso Regional, com a aproximação do trabalho dos cristãos leigos e leigas, com as pastorais específicas das nossas igrejas, das nossas dioceses. Há uma concorrência, no sentido que as coisas concorrem, as realidades, as experiências pastorais concorrem para a nomeação de um nome daqui que seja vinculado a este processo participativo que caracteriza a nossa Igreja. O senhor fala da Igreja de Manaus, evidentemente conhece muito bem a Igreja de Manaus, é muito conhecido na Igreja de Manaus, o que lhe pede ao povo de Deus que caminha em Manaus e…
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Alegria da Prelazia de Itacoatiara pela nomeação episcopal de Padre Zenildo

A Prelazia de Itacoatiara emitiu uma Nota de Alegria, assinada pelo bispo local, dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, onde mostra “a grande alegria da nomeação do Padre Zenildo Lima da Silva como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Manaus”. O texto manifesta um hino de louvor e junto com isso “nossa prece pedindo bençãos para o Padre Zenildo neste novo ministério na Igreja, na Arquidiocese de Manaus e no nosso Regional Norte1 da CNBB”. Ao Bispo Auxiliar eleito a Prelazia de Itacoatiara lhe manifesta “nossa comunhão na alegria deste momento e no exercício de sua nova missão”, lhe dizendo que pode contar com essa “pequena parcela do Povo de Deus que está na Prelazia de Itacoatiara”. Uma Igreja que agradece ao “Padre Zenildo por tantos serviços que ele prestou a nós aqui na Prelazia, no Seminário São José de Manaus, no Regional Norte1 da CNBB e na Arquidiocese de Manaus”. Finalmente, a nota manifesta a comunhão da Prelazia de Itacoatiara com a Arquidiocese de Manaus por “ganhar mais um bispo auxiliar”, manifestando que “será, de fato, um excelente bispo auxiliar desta arquidiocese”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Mons. Zenildo Lima será ordenado bispo 15 de novembro, na Clausura do Congresso Missionário Nacional

A Arquidiocese de Manaus tem mais um bispo auxiliar, Mons. Zenildo Lima da Silva, até o momento reitor do Seminário São José de Manaus. Nesta quarta-feira, 27 de setembro, foi dado a conhecer sua nomeação pelo Papa Francisco, que responde ao pedido do cardeal Leonardo Ulrich Steiner, Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Manaus. Pouco depois de ser conhecida a nomeação, foi celebrada uma Eucaristia de Ação de Graças no Seminário São José com a presença do cardeal; o bispo auxiliar, dom Tadeu Canavarros; dom Adolfo Zon, bispo da diocese de Alto Solimões; dom Edson Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira; representantes do clero, da Vida Religiosa e os seminaristas. Em coletiva de imprensa, foi informado que ele receberá a ordenação episcopal no dia 15 de novembro, na clausura do Congresso Missionário Nacional, que será realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro. O cardeal Steiner, depois de ler a carta de nomeação assinada por dom Giambattista Diquattro, Núncio Apostólico no Brasil, manifestou sua alegria pela nomeação, dizendo ser uma “alegria maior por ele ser de Manaus, alegria pelo fato dele ser de nossa Região Amazônica”. O arcebispo de Manaus insistiu em que “conhece a região, conhece a Igreja, conhece a caminhada da Igreja da Amazônia, participou de tantos encontros, coordenou tantos encontros”, citando sua participação na organização da Assembleia Sinodal Arquidiocesana, realizada nos últimos anos, mostrando sua gratidão ao Papa Francisco, uma gratidão que o cardeal também vê na Arquidiocese. Uma nomeação que o bispo auxiliar eleito interpreta “a partir do lugar e do tempo que a gente vive”, dizendo unir às razões subjetivas O que diz respeito a uma responsabilidade que é confiada à pessoa, mas também tem aquelas percepções a partir da realidade de Igreja que nós vivemos”. Mons. Zenildo Lima disse viver o momento “a partir da misericórdia de Deus, que é bom, que nos elege, que nos escolhe”, mas também como “um ato de confiança da Igreja e um ato de confiança do cardeal Leonardo Steiner”. Mas também ele disse ver em sua nomeação “um ato de maturidade da Igreja de Manaus, da Igreja da Amazônia”, afirmando que “a nomeação para o ministério episcopal de presbíteros da nossa região é uma realidade que ainda parece nova para nós, mas já começa a dar os seus sinais, e é um indicativo que a Igreja está amadurecendo, é um indicativo que a história da evangelização tem seus frutos”, destacando a presença na região de “uma postura de Igreja que assume a vida dos povos desta região”. Uma nomeação que “lança o olhar para frente, compromisso de evangelização, compromisso do anúncio do Evangelho, compromisso com o Reino de Deus, compromisso de cuidado com a casa comum, ele é cada vez mais nosso, e da Igreja em seus ministérios, é dos homens e mulheres de boa vontade no cuidado daquilo que é de todos, e é também de todos aqueles que nos ajudam para que esta mensagem do Evangelho, esta mensagem de cuidado com a vida chegue a todos os homens e mulheres”, destacou Mons. Zenildo Lima. O bispo auxiliar eleito disse receber a nomeação “sempre com um receio respeitoso, reconhecendo a responsabilidade desse serviço, reconhecendo a seriedade, a importância do papel da Igreja nesse momento histórico que nós vivemos”. Na hora de aceitar o pedido do Papa disse ter pesado muito “o fato de ser um serviço para nossa Igreja de Manaus”, relatando brevemente sua relação histórica com a Igreja de Manaus, insistindo que “a gente não diz não para um pedido do Papa e menos ainda quando se trata de servir à Igreja local”. Falando dos desafios, ele reconheceu a grande pluralidade atual, afirmando que “a Igreja, ela tem que encontrar sempre o modo de como se fazer presente, consciente que é portadora de uma Boa Notícia, nesses tempos de bastante diversidade, de bastante pluralidade, do ponto de vista do pensamento, das concepções de valores, da diversidade cultural e também do pluralismo religioso”, destacando a importância do caminho de sinodalidade que a Igreja tem feito, trazendo a capacidade de diálogo e comunhão da Igreja. Com relação à Igreja de Manaus ressaltou sua capilaridade, reconhecimento e seu papel na evangelização e no cuidado da vida dos mais fragilizados. Mons. Zenildo destacou a força da juventude na Igreja, dizendo que a Arquidiocese de Manaus quer realizar um Sínodo arquidiocesano para escutar a juventude, para um diálogo em torno à dinâmica vocacional, insistindo na inquietação que a juventude traz para a vida da Igreja, que deve ser compreendida, interpretada pela Igreja para apresentar de um modo a proposta sempre atual do Evangelho. Sobre seu papel como bispo auxiliar lembrou o que afirma o Direito Canônico, sendo um colaborador do titular, do arcebispo, no governo da Arquidiocese. Ele lembrou a articulação em regiões episcopais da Arquidiocese de Manaus, que são acompanhadas pelos bispos auxiliares, algo que também fazem com algumas pastorais. Igualmente destacou a comunhão que existe entre o arcebispo e os bispos auxiliares em Manaus, como “pessoas que são chamadas a presidir o cuidado pastoral na Igreja local”. Uma nomeação que é um gesto do Papa, um resultado do Sínodo da Amazônia, um gesto de caminhada da Igreja, segundo o bispo auxiliar eleito, que destacou na Igreja “sua capacidade para prover os serviços para seu povo, e os ministérios na Igreja existem como serviço para o povo”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Padre Zenildo Lima nomeado pelo Papa Francisco Bispo auxiliar de Manaus

O padre Zenildo Lima da Silva foi nomeado pelo Papa Francisco nesta quarta-feira 27 de setembro, bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, cidade onde ele nasceu em 14 de outubro de 1968 e Igreja local onde foi ordenado presbítero em 04 de agosto de 1996. Sexto filho de uma família de 10 irmãos, o padre Zenildo Lima ingressou no Seminário Arquidiocesano São José de Manaus no dia 18 de fevereiro de 1989, cursando Filosofia e Teologia no Centro de Estudos do Comportamento Humano – CENESCH, em Manaus. O bispo auxiliar eleito é Mestre em Teologia com especialização em Teologia Dogmática junto a Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Na Arquidiocese de Manaus trabalhou nas paróquias de Cristo Libertador, Santa Luzia da Matinha, São Lázaro, Santa Cruz, Nossa Senhora Auxiliadora e São Raimundo. Também assumiu diversos cargos arquidiocesanos: coordenador da Pastoral Vocacional, coordenador da Pastoral Presbiteral, cargo que também assumiu no Regional Norte 1, diretor do Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da Amazônia – ITEPES, membro do Colégio de Consultores e reitor do Seminário São José, serviço que assumia no momento de sua nomeação episcopal. Foi secretário Executivo do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Em nível nacional foi secretário da Comissão Nacional de Presbíteros da CNBB e vice-presidente da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil – OSIB, da CNBB. Grande conhecedor da Igreja da Amazônia, participou de diversos encontros dos Bispos da Amazônia e foi auditor na Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia, colaborando com a Equipe de Síntese da REPAM-Brasil. Em agosto de 2023 foi eleito um dos vice-presidentes da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Simpósio de Missiologia Seminário São José: Missão eixo integrador da formação dos futuros presbíteros

O Seminário São José de Manaus, junto com o Conselho Missionário de Seminaristas (COMISE Norte1) está realizando nos dias 25 e 26 de setembro o Simpósio de Missiologia, que tem como tema “Missão na Amazônia, evangelização profética”. Uma oportunidade para refletir sobre a missão, que segundo o cardeal Leonardo Steiner, é a razão da Igreja, não existe outra razão da Igreja que trabalhar na evangelização. Um simpósio para “nos apropriarmos mais ainda da nossa realidade amazônica”, destacou o seminarista Livio Costa, coordenador do COMISE Norte1, para quem fazer missão na Amazônia é pisar na lama. Não podemos esquecer, segundo apontou a Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das Pontifícias Obras Missionárias (POM Brasil), que a missão, ela quer ser o eixo integrador da formação dos futuros presbíteros, insistindo na importância de ter os pés no chão, na realidade amazônica e o coração aberto para o mundo. Uma missão que é paradigmática para a formação presbiteral, ressaltou o padre Zenildo Lima, reitor do Seminário São José, e é por isso que não se pode pensar a formação na Igreja sem uma referência, identificação e atuação naquilo que é a missão na Igreja. No Simpósio, o cardeal Leonardo Steiner refletiu sobre “Missão e cuidado da casa comum”. Partindo das palavras do Papa Bento XVI, que afirmou que “a missão da Igreja é evangelizar”, o arcebispo de Manaus enfatizou na necessidade de refletir a partir daquilo que somos, somos Igreja e a Igreja é missão. Se perguntando sobre o que tem a ver a casa comum com a evangelização, o presidente do Regional Norte1 destacou o cuidado do meio ambiente, da casa comum como um elemento que vai perpassando toda a evangelização, que é importante para a evangelização termos presente o cuidado da casa comum. Depois de refletir sobre o que é a missão, sobre o mandato divino de evangelizar que a Igreja tem, segundo disse o Papa Paulo VI na Evangelii Nuntiandi, sobre o fato de toda a Igreja ser missionária, de toda pessoa batizada receber essa missão, o cardeal destacou que todos nós somos enviados a evangelizar, mas especialmente o presbítero o bispo, afirmando que essa é a identidade da Igreja, anunciar o Reino de Deus, instaurado no mundo na morte e ressurreição de Jesus. Uma missão que não é proselitismo, é anúncio de Boa Nova. Recordando o que é casa comum, segundo explica o Papa Francisco em Laudato Si´, onde insiste em que casa comum é mais do que os seres, é uma relação, é a relação entre todos os seres, dom Leonardo analisou alguns elementos presentes na encíclica do atual pontífice, incidindo em que a Criação pertence à ordem do amor, que a criação é tudo o que provém do mesmo útero da Trindade. Ele ressaltou a importância da hermenêutica judaica, que destaca a necessidade de cuidar e cultivar, não dominar, cultivar e cuidar o jardim do mundo, uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza.   A causa da atual crise ecológica está na “desfraternidade universal”, o que demanda uma conversão interior, insistindo em que a crise ecológica tem a ver com nossa evangelização. Um chamado à conversão que ajude a entender que cada criatura reflete algo de Deus e tem uma mensagem para nos transmitir. Uma conversão pessoal e comunitária que leve a viver como guardiões da casa comum, sermos todos convertidos ao cuidado e ao cultivo. O arcebispo de Manaus fez uma análise da hermenêutica da totalidade, presente em Querida Amazônia, afirmando que não se trata de salvar a alma, se trata de salvar e integrar toda a casa comum. Pensar na evangelização tem que levar em consideração a presença de todas as criaturas como presença de Deus, destacou dom Leonardo. Ele refletiu sobre o papel da natureza a partir de diferentes aportes, ressaltando os sinais sacramentais na natureza presentes em Laudato Si´, onde o Papa Francisco disse que a Criação encontra sua maior expressão na Eucaristia, uma reflexão retomada na recente viagem do Papa Francisco na Mongólia, onde seguindo o pensamento de Teilhard de Chardin refletiu sobre o que é Missa e Eucaristia. A perspectiva histórica da missão na Amazônia foi abordada pelo padre Vanthuy Neto, que fazendo um percurso pela caminhada da Igreja na região, ajudou a dar os passos para passar das Igrejas Locais à Igreja Amazônida. Uma Igreja que nasceu da Missão e que com o tempo foi se tornando uma Igreja que se lança missionária: da obra missionária colonizadora à missão colonizadora. Uma missão que no início foi confiada a ordens religiosas e que com o tempo se concretizou numa missão de todo o povo de Deus. Uma missão que iniciou a partir do tripé escola, saúde, trabalho. Nessa Igreja da Amazônia teve grande influência o Concílio Vaticano II, os documentos da Igreja da América Latina e do Caribe e os documentos que foram sendo elaborados pela própria Igreja da Amazônia, destacando a importância de uma caminhada comum, que teve no Encontro de Santarém 1972 um momento fundamental e no Sínodo para a Amazônia um testemunho para a Igreja universal de um modo de ser Igreja encarnada, libertadora e com protagonismo de todos e todas, uma Igreja ministerial, que caminha junto e que assumem causas comuns.

Encerrado o Congresso Missionário Regional Norte1: “Protagonismo dos sujeitos eclesiais amazônidas”

Foi encerrado neste domingo 24 de setembro de 2023 o Congresso Missionário Regional Norte1, que desde sexta-feira 22 reuniu na Maromba de Manaus 80 representantes das igrejas locais do Regional Norte1, contando com a presença do cardeal Leonardo Steiner, arcebispo da arquidiocese de Manaus e presidente do Regional Norte1, dom Adolfo Zon Pereira, bispo da diocese de Alto Solimões e vice-presidente do Regional Norte1, dom Edson Damian, bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira e referencial da dimensão missionária no Regional Norte1, dom Evaristo Pascoal Spengler, bispo da diocese de Roraima, e dom José Altevir da Silva, bispo da Prelazia de Tefé e secretário do Regional Norte1. Também estiveram presentes a Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das Pontifícias Obras Missionárias (POM Brasil) e o padre Genilson Sousa, secretário da Pontifícia Obra de Propagação da Fé no Brasil. Um encontro que em sua Carta Final destacou “a missionariedade, força que nos leva adiante, desperta, aquece e envolve num movimento permanente de transbordamento na missão divina”, insistindo em que “a missão é de Deus; por Jesus, o missionário do Pai, somos envolvidos/as nela. Sua fonte é a Comunhão Trinitária”. Os participantes do Congresso destacaram que “o ponto de partida de onde se lança o olhar e a sua vivência é a Igreja Local e seus desafios. Seu desenvolvimento é um caminho trilhado por toda a vida exigindo a contínua conversão (das estruturas, das relações de poder, da fria manutenção, da identidade) e superar as fixações (em si mesmo, em paradigmas ultrapassados). O horizonte é sempre o Reino de Deus”. Com relação à Amazônia, eles dizem visualizá-la “a partir do anúncio, da comunhão, do serviço e do testemunho de muitas mulheres e homens com acentuado protagonismo dos sujeitos eclesiais amazônidas”. O Congresso fez com que os participantes tenham sido “instigados/as e desafiados/as a assumir a missionariedade como um modo de viver nossa identidade com suas expressões concretas em perspectiva sinodal: no cuidado e preservação da vida de todas as criaturas da Casa Comum; no respeito às culturas; resgatando a encarnação, a proximidade das e com as pessoas em suas realidades; a espiritualidade missionária; a dimensão libertadora, profética e promotora da esperança; a corresponsabilidade pela vida e missão da comunidade, em sua abrangência universal”. Como compromisso assumem se “deixar aquecer o coração com o calor do amor e da misericórdia do Ressuscitado que nos inquieta, escandaliza e convoca para a missão; pôr os pés a caminho para ir às nossas periferias e alargar as fronteiras de vivência missionária até atingir os confins longe e perto (povos, culturas, situações etc.); abrir os olhos para a defesa e promoção de toda a vida e da vida toda; formar pequenas comunidades eclesiais missionárias; implantar e ampliar as Pontifícias Obras Missionárias e os Conselhos Missionários (COMIDI, COMIPA, GAM) intensificando a Campanha Missionária em todas as nossas Igrejas Locais”. Afirmando que “o Reino de Deus é o horizonte maior para onde caminhamos”, os congressistas disseram que “atraídos/as por esse futuro/presente nos sentimos renovados, (re)encantados e com o coração enamorado de amor por Deus, por seu Reino e por seu povo. Da Igreja Local adentrando nas periferias, ultrapassando nossas fronteiras até os confins de nossas realidades”. Na Eucaristia de encerramento, o arcebispo de Manaus, em sua homilia, insistiu em que Deus nos procura, destacando no texto do Evangelho do dia “o modo de Deus”, que segundo o cardeal Steiner é estar sempre à procura, estar sempre em saída. Ele considera muito significativo que “Deus sempre esteja à nossa procura, e Deus vá à procura através de nós. Quando nós anunciamos a Palavra de Deus, quando nós procuramos viver a Palavra de Deus, quando nós formamos uma comunidade de fé é um modo de Deus continuar as saídas”. A partir daí dom Leonardo fez um convite para que nossas comunidades pensem em fazer como Deus faz, identificando a moeda de prata com o amor de Deus, a sua vida, o seu modo, participar da sua vida, participar de seu amor, insistindo em que esse é anúncio. Refletindo sobre a atitude dos trabalhadores da primeira hora, o cardeal destacou as palavras da Primeira Leitura do dia: “os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, o meu modo não é o de vocês, o meu modo é da abundância, o meu modo é da generosidade”. Ele pediu “que esse espírito da bondade de Deus nos atinja, para sermos os comunicadores da bondade de Deus, para sermos os comunicadores da esperança de um mundo melhor, de um mundo novo, fraterno, que é o mundo do amor de Deus”. Segundo o presidente do Regional Norte1, “podemos realmente anunciar a Cristo, mas Cristo Crucificado, Ressuscitado, Transformado, o Reino visibilizado”. Ele pediu que “nós possamos ter o mesmo ideal, o mesmo desejo de São Paulo, que anuncia, anuncia, enfrenta tudo, e no final, preso, ele ainda quer continuar anunciando. E se preciso for, bem que desejava ir para junto de Jesus, mas se preciso for permanecer para poder anunciar, pois que então possa minha vida continuar”. Finalmente, o cardeal disse: “que esses dias de encontro tenham despertar em nós ainda mais o desejo da missão, tenham despertado em nós o desejo de anunciar o Reino de Deus, possa ter despertado entre nós o sonho de Deus”, chamando a não desistir, porque “Deus não desiste jamais”, pedindo que “sempre com disponibilidade e alegria anunciemos a Jesus e seu Reino”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “No Reino de Deus não existem desempregados, todos a trabalhar, a servir!”

Refletindo sobre as palavras do profeta na primeira leitura, iniciou o cardeal Leonardo Steiner sua homilia do 25º domingo do Tempo Comum, afirmando que “animava nossos passos para encontrar a Deus”. Segundo o arcebispo de Manaus, “é animador percebermos o quanto Deus se deixa procurar e, ao mesmo tempo, nos oferecer medidas e pensamentos muito acima dos nossos”. “No Evangelho é Deus a buscar e desejar, encontrar; é Ele que se aproxima de modo atrativo e convidativo. A insistência da oferta para a participação na sua vinha, no seu Reino, na sua vida”, segundo dom Leonardo. Ele disse que “na generosidade e amabilidade, ouvíamos como os pensamentos de Deus é diverso do nosso pensamento. Talvez, é o que nos incomoda no Evangelho ouvido: ‘Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti’. Além de buscar, de não desistir de nos buscar, de permanecer a nossa procura, oferece a todos o dom de sua vida com a mesma medida da desmedida do amor!” “Deus chama a todos para participar do seu Reino; oferece a todos a mesma retribuição: participação de sua bondade, de seu amor. Deus está continuamente saindo, está em busca. Incansavelmente busca a cada pessoa para participar do seu Reino. Que ninguém fique fora de seu amor materno-paterno”, destacou o cardeal. Ele lembrou as palavras de Jesus: “Reino dos Céus é como! Trabalhar no Reino, servir o Reino, participar do Reino, ser do Reino”. Lembrando o prefácio de Cristo Rei, dom Leonardo disse: “reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino de justiça, do amor e da paz”.  É por isso que “o Reino, novo modo de viver, de conviver; uma antecipação da vida em plenitude. O que importa é o Reino. O que importa é o amor que Deus por nós!” O cardeal lembrou as várias saídas do patrão: “de madrugada, às nove, ao meio-dia, às três da tarde, às cinco da tarde”, insistindo em que “saiu, saiu, saiu e chamou. Cinco vezes vai à praça e chama: às seis, nove, doze, três e cinco da tarde. Sempre a chamar, não se cansa de buscar e chamar. Nos toca a busca, o chamado do proprietário da vinha que tantas vezes vai à praça à procura de trabalhadores”.  “Deus a oferecer a graça da participação em sua vida, na vida do Reino. Oferece, quase força a participar da abundância de seu amor. A insistência da parábola em dizer madrugada, às nove, às doze, às quinze e às cinco, quando o sol já deseja se pôr, nos faz perceber o quanto somos buscados por Deus. O dia todo, o dia inteiro, sai ao encontro dos filhos e filhas e oferece o dom, a graça, a benevolência de uma vida cheia razões e realizações: a vida do Reino. A prata oferecida, é a preciosidade da vida que recebe quem aceita o convite, aceita participar, ser receptivo à graça de sua benevolência”, segundo o arcebispo de Manaus. Segundo o cardeal, inspirado nas palavras do Papa Francisco, “É modo de Deus que chama todos e chama sempre, a cada dia, a toda a hora, sem descanso. Também hoje Ele continua a chamar todos, a qualquer hora, e convida a participar de sua vida, a trabalhar no seu Reino. Somos chamados a aceitar e imitar este estilo de Deus. Ele não está fechado no seu mundo, mas “sai”: Deus está sempre em saída, à nossa procura; Ele não está fechado: Deus sai. Ele sai continuamente à nossa procura, porque não quer que ninguém seja excluído do seu desígnio de amor”. “Aos que aceitam participam da vida do Reino de Deus”, disse dom Leonardo, destacando que “a participação é graça, pois chamado e correspondência de amor. A participação, a forma de recompensar aos trabalhadores vem expressa de forma nova e inusitada. Ao sair e encontrar os primeiros, o dono da vinha, acorda um denário. Àqueles que começaram mais tarde, ele diz: “tereis o salário que for justo”. No final do dia, o dono da vinha, concede a todos o mesmo pagamento para todos: um denário. Mas o dono da vinha, oferece o máximo a todos, mesmo aos que chegaram por último. Todos recebem uma moeda de prata”. “Os que entraram primeiro, na manhã, ficam indignados e lamentam contra o proprietário”, mas a reposta “é de amabilidade e de recordação: ‘Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? (…) Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti”, o que mostra “desejo que todos participem da bondade”, segundo o arcebispo de Manaus. Ele disse que “nos faz recordar as palavras da primeira leitura: ‘os meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos são os meus. Tanto quanto o céu está acima da terra, assim os meus caminhos estão acima dos vossos e acima dos vossos estão os meus pensamentos’”. Segundo o cardeal, “Deus deseja a participação de todos, entrega a todos a prata da sua bondade, do seu amor. Ele oferece tudo, a todos. Deus é abundância, generosidade extrema: não olha para o tempo nem para os resultados, nem mesmo a nossa disponibilidade. A Palavra a visibilizar a generosidade e amabilidade Deus. A sua ação é mais do que justa, no sentido de que vai além da justiça e manifesta-se na graça. Tudo é graça. A nossa salvação é graça. A nossa santidade é graça. Ao conceder-nos a graça, Ele nos entrega mais do que merecemos”.  Recordando novamente as palavras do Papa Francisco disse que “assim, quem raciocina com a lógica humana do mérito, adquirido com a própria habilidade, de primeiro torna-se último. Mas, trabalhei tanto, fiz tanto na Igreja, ajudei tanto, e sou pago da mesma forma que este que veio por último’. Recordemos quem foi o primeiro santo canonizado na Igreja: o Bom Ladrão. Ele ‘roubou’ o Céu no último momento da sua vida: isto é graça, assim é Deus. Também com todos nós. Por outro lado, aqueles que procuram pensar nos próprios méritos falham; aqueles que humildemente se confiam à…
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Encontro Nacional de psicólogos que trabalham nos Seminários: Parafilias na formação humano-afetiva

Organizado pela Organização dos Seminários e Institutos Filosófico-Teológicos do Brasil (OSIB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acontece em Guarulhos – SP, de 22 a 24 de setembro, o Encontro Nacional de Atualização para Psicólogos, com a participação de mais ou menos 120 psicólogos e psicólogas que acompanham a formação de seminaristas em 15 regonais de todas as regiões do Brasil. Assessorados pelo padre Sérgio Lucas Câmara, do Instituto acolher, os participantes, que acostumam se reunir todo ano no mês de setembro, estão refletindo sobre o tema: “Reflexões sobra as parafilias na formação humano-afetiva dos futuros presbíteros“, seguindo a pauta abordada nos últimos anos. Representando o Regional Norte1 da CNBB participam dom José Albuquerque de Araújo, bispo de Parintins e membro da Comissão de Vocações e Ministérios Ordenados da CNBB, e Aldo Aurami Cardoso, psicólogo que acompanha a formação no Seminário São José de Manaus por mais de 10 anos. O psicólogo destaca “a importância, a riqueza e as contribuições do encontro na nossa prática enquanto psicólogos no campo da formação nos seminários contribuindo de forma significativa nessa costura de conhecimento, nessa troca, nessa partilha que é de fato uma grande riqueza”, agradecendo a possibilidade de participar e o incentivo de estar no encontro. A formação humana-afetiva faz parte das diretrizes da formação dos seminários no Brasil. No encontro está sendo abordada a questão das parafilias, realidade muito complexa e ampla. Estamos diante de algo que tem a ver com as desordens no campo da afetividade e da sexualidade e como conhecer, enfrentar e tratar desses distúrbios no tempo da formação, desde quando o jovem entra no propedêutico até as vésperas da ordenação. O psicólogo do Seminário São José considera que esse é “um tema atual, um tema muito importante para que nós possamos aí, de forma significativa ajudar nossa juventude, ajudar essas pessoas que buscam sobretudo melhorar a qualidade de vida, a saúde mental, mas também a saúde comportamental, porque retrata a questão do comportamento, que as vezes é histórico, é algo que ele traz desde a infância, um registro ligado aos transtornos”. Segundo Aurami Cardoso, “o tema de fato vem contribuir, enriquecer também esse conhecimento do psicólogo que está atendendo. Em todas as etapas no Seminário, quando o jovem chega no propedêutico, que traz consigo uma história de vida, traz um referencial de família, mas também traz os traumas, traz de repente algo que precisa ser sinalizado, ajudado, que possamos dar um suporte, através não só do serviço de psicologia dentro de nossos seminários, mas os diretores espirituais e a equipe de formação”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Padre Zenildo Lima: “Não pode haver missão se não tocar uma corporeidade ferida e machucada”

Refletir sobre a relação entre Missão e Reino foi um dos propósitos do Congresso Missionário Regional Norte1, que acontece na Maromba de Manaus de 22 a 24 de setembro, com a participação de umas 80 pessoas. Um Reino que nos ajuda a entender que “o Cristo se faz corpo, se faz carne”, que “não pode haver missão se não tocar uma corporeidade ferida e machucada”, segundo o padre Zenildo Lima, reitor do Seminário São José da Arquidiocese de Manaus. Segundo ele, “o horizonte da missão não pode se reduzir à Igreja e a uma Igreja sacramental, o horizonte é muito maio, o horizonte é o Reino”. Daí a importância de “partir da realidade, da vida do povo”. Uma reflexão que foi iluminada por Dom Luiz Fernando Lisboa, bispo da diocese de Cachoeiro de Itapemirim e membro da Comissão para a Ação Missionário e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que refletiu sobre “Missão a anúncio do Reino de Deus”. Segundo o bispo, missão é participar ao lado de Deus de sua intenção de amar e promover o ser humano e toda a Criação. Ele insistiu em que a missão é de Deus, é “um movimento voltado para a promoção da vida e do ser humano, de toda a Criação”. Ele lembrou as palavras de Dom Helder Câmara sobre a Missão: “Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu. É parar de dar volta ao redor de nós mesmos, como se fôssemos o centro do mundo e da vida. É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos: a humanidade é maior. Missão é sempre partir, mas não devorar quilómetros. É sobretudo abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los. E, se para encontrá-los e amá-los é preciso atravessar os mares e voar lá nos céus, então Missão é partir até os confins do mundo.” O bispo de Cachoeiro do Itapemirim apresentou a missão como anúncio (Kerigma), koinonia (comunhão), diakonia (serviço), martirya (testemunho). Segundo ele, o Reino de Deus é essência, é a totalidade do que Jesus veio anunciar, um Reino de justiça e de paz. Dom Luiz Fernando lançou uma pergunta: “Quem é esse Jesus que anunciou o Reino?”, advertindo contra uma visão reducionista e errada, e dizendo que é preciso responsabilidade para falar de Jesus. O bispo ressaltou que “a vida de Jesus é provocativa, desinstala, nos faz sair de nós para ir ao encontro do outro. Jesus é a ponte que nos liga ao Pai”. Lembrando as palavras do teólogo José Antonio Pagola, mostrou Jesus como poeta da compaixão, curador da vida, defensor dos últimos. Basta vermos com quem Jesus andava, os últimos, os mais pobres, os desfavorecidos, os vulneráveis, afirmou o bispo, que também disse que segundo Pagola, na vida de Jesus o lugar central foi ocupado por Deus e seu projeto do Reino. Também recordou as palavras de Jon Sobrino, que advertiu em relação ao perigo de apresentar “um Cristo sem Reino”, que relega a segundo plano as exigências da mediação do Reino. Dom Luiz Fernando insistiu em um Jesus encarnado, que como ser histórico deixou sua ação e mensagem com a finalidade de fazer a vontade do Pai, que se traduz no Reino de Deus. “Entender a missão na Igreja sem esse entendimento de Reino de Deus é difícil”, enfatizou o bispo de Cachoeiro do Itapemirim. Anunciar esse Jesus que veio anunciar o Reino de Deus. Ele retoma a imagem de Deus pastor, com ternura infinita, com amor pelas pessoas mais desprotegidas, disse Dom Luiz. Segundo o membro da Comissão para a Ação Missionária da CNBB, a “senha” para a vida eterna está no capítulo 25 de Mateus, que atualiza a presença de Jesus nos fracos, nos pequenos, nos vulneráveis, nos excluídos, nos estigmatizados, insistindo em que “na carne do pobre sofre a carne de Jesus”. É por isso que “os misericordiosos não têm motivo de temer o julgamento”, disse o bispo. Segundo ele, “no julgamento não se pede nada de religioso e sim como se relacionaram com os irmãos e irmãs a começar pelos últimos”. De acordo com esse texto os não cristãos que amam o próximo podem se salvar, afirmou. Ele destacou a necessidade de ações concretas por amor ao ser humano, ressaltando que só contarão os atos de serviço ao próximo, ter cuidado com a caridade e dignidade, a prática da justiça traduzida em solidariedade e partilha dos bens. Viver o amor aqui e agora, “o Reino de Deus é e sempre será dos que amam o pobre e o ajudam em suas necessidades”, enfatizou. “A missão é anúncio do Reino de Deus, onde quer que estejamos”, disse dom Luiz Fernando. Segundo ele, se queremos ser continuadores da missão de Jesus temos que nos comprometer com ele, que está ressuscitado, mas continua crucificado naqueles que sofrem. Por isso, missão não é só dar, é receber, aprender, compartilhar, tirar as sandálias, respeitar o modo de ser do outro, é proclamar o Reino de Deus. Dom Luiz Fernando Lisboa lembrou sua experiência como bispo de Pemba (Moçambique), destacando “quanto eu aprendi com aqueles povos a quem eu tentei servir”. Ele falou sobre como “Deus se apresentava escandalosamente” nas pessoas que iam ao seu encontro, às vezes para pedir pão, remédio, educação, transporte, afirmando que “o missionário tem que estar disposto a tudo”. Mas ele também insistiu em que muitas vezes se apresentava para entregar uma espiga de milho, uma mandioca, um punhadinho de amendoim, uma cana. Fazendo uma leitura disso, disse que o que estava por traz era “uma vontade de interação, de ser irmão, de ser escutado, de ser valorizado, de dizer eu estou aqui, eu conto, eu quero atenção, eu quero mostrar o que eu sei, o que eu sou”. Ele disse ter aprendido muito “em termos de solidariedade, em termos de partilha”. Na missão, “o Reino de Deus não precisa ser levado, ele já está ali, e preciso descobri-lo, valorizá-lo…
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