Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Blog

26 de agosto, Festa do Seminário São José de Manaus: “Uma comunhão de carismas e de serviços”

Já se tornou uma tradição que no último sábado do mês de agosto, em que a Igreja do Brasil celebra o Mês Vocacional, seja realizada a Festa do Seminário São José, “a festa das comunidades do nosso Seminário”, segundo o reitor, o padre Zenildo Lima. “Este ano, o Ano Vocacional da Igreja do Brasil, repercute na nossa festa, porque aqui é o lugar onde nós apresentamos os carismas e ministérios cada vez mais diversificados na nossa Igreja”, lembrou. O reitor do Seminário São José, define a festa como “o encontro de comunidades, é uma comunhão de carismas e de serviços”. A novidade deste ano será a grande exposição vocacional que acontecerá durante a festa que acontece no dia 26 de agosto. Como já é costume, na festa será realizado o bingão, pretendendo vender 15 mil cartelas que possam ajudar o Seminário para realizar suas atividades ao longo do ano, esperando a participação e envolvimento de todos. Uma festa que também vai ecoar a Campanha da Fraternidade deste ano 2023, que teve como tema “Fraternidade e Fome”. É por isso que o Seminário São José da Arquidiocese de Manaus, segundo seu reitor, teve “a audaciosa proposta de chegar a uma tonelada de alimentos arrecadados”. Daí o lema da festa, “o reconheceram ao partir o pão”, que segundo o padre Zenildo Lima, “lembra naquela dinâmica dos discípulos de Emaús que quando o pão é partilhado nós experimentamos a presença de Deus no meio de nós”. O reitor convida a todos a ir ao Seminário São José, “a festejar com a gente, participar da festa, contemplar a exposição vocacional, participar do bingo, nos ajudar a arrecadar uma tonelada de alimentos”.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “A pressa de Maria é cheia de serviço e de anúncio”

Refletindo sobre a pressa de Maria na passagem do Evangelho da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora começou o cardeal Leonardo Steiner sua homilia. Segundo o arcebispo de Manaus, “a pressa de Maria é cheia de serviço e de anúncio. Ao visitar a sua prima Isabel que era uma mulher estéril e de idade avançada, ela se faz anúncio e serviço”. “A pressa de Maria é sem pressa, sem o peso do tempo, sem a angústia do término, sem a pressão de um encontro qualquer, sem a pressa e a preocupação do desencontro”, disse dom Leonardo. Ele insistiu em que “dirigindo-se apressadamente indica um modo todo próprio de quem carrega Deus. Deus que se fez humanidade, humildade, pequenez no ventre de Maria. A presença generosa, pequena, grandiosa e humilde de Deus em nossa humanidade, no ventre da mulher. A pressa a indicar a sensibilidade de Maria em relação à presença escondida, velada e delicada no seu ventre. Dessa percepção vem a pressa, a agilidade de Maria. Então, sim, os passos se tornam ágeis, suaves, firmes e não existe mais cansaço em subir as regiões montanhas da Judéia, na buscar a casa de Zacarias, no encontro com Isabel”. Na pressa, o cardeal vê que “a alegria, a admiração, a satisfação, o cuidado com a presença do fruto do ventre a conduzem ao encontro daquela que gesta em si o fruto da esterilidade, o fruto da espera, do anúncio da salvação, da compaixão de Deus. A pressa se torna, então, leveza, singeleza, pobreza, liberdade, pois de tudo apenas, anúncio e serviço pelo fruto de seu ventre. Ele é a única riqueza, o único ser, a razão agora de seu viver e servir, a razão de ser mulher e mãe. A pressa que é um anúncio”. Analisando o texto de Lucas, o cardeal diz que ressalta a saudação de Maria: “logo que tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre”. E continua com Isabel dizendo: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Ao ressoar a tua saudação aos meus ouvidos o menino saltou de alegria no meu ventre”. Dom Leonardo ressaltou que “Maria que carrega o Filho de Deus, proclama que Deus finalmente veio libertar o seu povo, que se fez um de nós, como nós. Ela é gestadora, portadora de Deus, carregadora de Deus, que se faz proclamação, anúncio de uma nova presença: Deus humanado. A alegria do encontro entre Maria e Isabel, é a fala da presença do Filho de Deus, percebida por aquele que ainda está em geração no ventre materno”. “Maria que sobe apressadamente às montanhas e entra na casa de Zacarias, vai para servir. Servir àquela que era estéril e na velhice concebe”, segundo dom Leonardo. Ele destacou que “serve, cuida, se faz proximidade, assume os afazeres cotidianos. Tudo para que a prima Isabel possa gerar o preparador dos caminhos, o endireitador das estradas, o aplainador das colinas, para anunciar a presença do Cordeiro que tira o pecado do mundo!”, mostrando “que graça foi para Isabel receber a presença de Maria, e nela a presença do Filho de Deus”. Ele mostrou que “felizes somos nós quando carregamos, trazemos, gestamos em nós o Filho de Deus, como Maria. Bendito é o fruto de nosso ventre, de nosso coração. Nós não somos só filhos e filhas de Deus, mas carregamos em nós a sua imagem, a sua semelhança, como também o temos sempre em nós na Palavra e no Pão. Somos ação, geração de Deus!”. Diante disso, “como não nos dirigirmos apressadamente, agilmente, de modo disponível, como não nos dirigirmos livremente, pobremente, humildemente, somente com o fruto de nosso ventre, Jesus, para as regiões montanhosas do nosso dia-a-dia? Como não saudar com a nossa voz a presença do Filho de Deus que tentamos gestar em nós? Como não nos dirigirmos livremente, pobremente à casa dos irmãos e irmãs com a saudação da presença do Filho de Deus que trazemos em nós e fazer saltar de alegria o menino que dorme dentro de cada ser humano? Como não levarmos apressadamente a Jesus para dentro das casas, das famílias e deixar que cada casa, cada família, se torne a casa do encontro, a morada de Deus? Cada ser humano recupere a alegria, quase infantil e ingênua de viver, porque segura e certa da presença singela e humilde e livre de Deus em nós e no nosso meio?”, questionou o cardeal. Dom Leonardo convidou a “como Maria sermos anúncio e serviço! Serviço na visitação que fazemos ao irmos ao encontro dos irmãos e irmãs em necessidade. Servir para cuidar que Deus seja gerados no coração das mulheres e dos homens sem lugar, sem sentido, sem horizonte. Servir na cotidianidade para que a justiça e a verdade sejam acessíveis a todos as pessoas, especialmente aos pobres. Servir para que o Filho de Deus, seja gestado nos corações”. “Então, Jesus em nós, nos faz subir todas as regiões montanhosas da nossa vida nascida das tensões e desatenções em que vivemos cotidianamente. Ele sempre em nós, nos faz sair de nosso pequeno mundo e subir, subir sempre, livremente, pobremente, não nos deixando sucumbir pelas contradições e incompreensões da convivência. Ele em nós, nos faz entrar na casa que não é nossa, e, ali, nos faz cantar: ‘a minha alma engrandece ao Senhor e meu espírito exulta em Deus meu salvador, porque olhou para a humildade de sua serva’. Ele em nós é o nosso tempo, o não-tempo, e que faz de nosso tempo a eternidade. Nesse tempo de eternidade saltar de alegria o menino, a inocência, que habita em nós” afirmou o cardeal. Recordando as palavras do Papa Francisco, disse que o “Evangelho nos apresenta o cântico do Magnificat, na qual Nossa Senhora profetiza. Profetiza no servir, que não prevalecem o poder, o sucesso e o dinheiro, mas sim o serviço, a humildade e o amor. E, olhando para Ela na glória, compreendemos que o verdadeiro poder é o serviço e reinar significa amar”. Lembrando o…
Leia mais

Missionários da Tríplice Fronteira refletem sobre Mística dos Povos Originários na Missão

Os missionários e missionárias da Tríplice Fronteira Peru – Colômbia – Brasil, que trabalham no vicariato de San José del Amazonas, vicariato de Letícia e diocese de Alto Solimões se reuniram nos dias 16 e 17 de agosto de 2023 na reserva Ágape, em Letícia. Os encontros têm se instaurado como um costume nessas igrejas e acontecem periodicamente, buscando caminhos comuns no trabalho evangelizador no meio de povos que se sentem irmãos. Neste encontro, o tema foi “A Mística dos Povos Originários em diálogo interreligioso na Missão”. Os participantes do encontro puderam partilhar com os assessores e assessoras, dentre elas, Maritza Nafaro, licenciada em etnoeducação e antropologia social. Ela ajudou o grupo aprofundar o processo de colonização no Tríplice Fronteira a partir de dados históricos e dos povos presentes em esta realidade. Entre os pontos refletidos, foi colocado que o processo de globalização tem adentrado nas comunidades indígenas e gerado muitas vulnerabilidades, dentre elas, a perca da identidade, da cultura, dos costumes, do espírito comunal.  Estas situações tem gerado fragmentações nas comunidades indígenas y fragilizado os processos de resistência. No encontro se fizeram presentes representantes dos povos originários da região, que contribuíram a partir de suas cosmovisões. O grupo foi agraciado com a valiosa contribuição dos representantes dos povos originários, dentre eles Jacobo Pirro, líder indígena do povo Murui Muina, Sixto Ramos, pajé maior e sábio do povo ticuna da comunidade Progreso, Colômbia, Luis Pereira, sábio e líder do povo ticuna na comunidade de Nazareth, Colômbia. Os indígenas partilharam suas cosmovisões e o sentir-pensar de seus povos desde o cultivo de sua espiritualidade cotidiana. Em suas partilhas foi possível sentir também muitas feridas abertas geradas pelo processo colonizador e como seguem resistindo até os dias de hoje a partir da força da palavra vida e da espiritualidade. Os participantes do encontro refletiram sobre algumas perspectivas a serem desenvolvidas no trabalho missionário na região: criar espaços de diálogos e processos possíveis para trabalhar nas comunidades indígenas o perdão, a cura das feridas históricas; tomar consciência e refletir mais as intervenções pastorais a partir das cosmovisões dos povos amazônicos; evangelizar sem destruir culturas; escutar com o coração. Com informações da Ir. Lizete Soares da Cunha – IIC

Dom Leonardo: “Tantas vezes também nós sentimos soçobrar e com confiança dizemos: salva-me”

“Vem! Sou eu!”, lhe disse Jesus a Pedro, segundo lembrou o cardeal Leonardo Steiner comentando o Evangelho do 19º Domingo do Tempo Comum. O arcebispo de Manaus, recordou o feito por Jesus antes da passagem do Evangelho do dia, como “depois da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus envia os discípulos para o outro lado do lago e, despedida a multidão, sobe o monte para orar, estar com o Pai”. Dom Leonardo afirmou que “o pouco dos cinco pães e dois peixes a saciara a multidão! O pouco para todos, porque o pouco pode ser multiplicação, quando solidariedade, caridade, misericórdia. Todos alimentados do pouco. O pouco que a todos saciara e recolhera ainda cestos cheios, faz Jesus enviar os discípulos para o outro lado”. Seguindo o texto, o arcebispo lembrou que “a noite chegou e Jesus continuava, sozinho no alto da montanha. Ele busca a solidão para encontra-se com o Pai. No encontro com o Pai, não mais sós, mas só com o tudo e todo. O Pai é seu repouso, seu conforto, a sua sabedoria, a sua inspiração. No encontro do silêncio da noite pode ouvir o Pai. O Pai e eu somos um: comunhão, coração no coração do Pai. Jesus que recolhe o dom do tudo no pouco e oferece ao Pai. Agradece ao Pai, louva e bendiz o Pai. O Pai a sua inspiração, pois desejo de fazer sua vontade”. “No alto do monte em oração, vê a dificuldade dos discípulos de aportarem a outra margem. A barca já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. O vento, as ondas, sacodem aqueles homens antes tocados pela beleza da partilha, e ao percorrem o caminho da outra margem entram em crise. Libertos no pouco dos pães e dos peixes, entram em crise. Haviam percebido em Jesus a transformação, a abundância, o cuidado. Agora estão a temer, entre as ondas, a travessia. Jesus os enviara para a outra margem e eles a não suportar as contrariedades, as dificuldades nas ondas agitadas e no vento forte”, comentou o cardeal Steiner. Ele analisou os elementos presentes no texto: ele identificou a “noite” como “as trevas, a escuridão, a confusão, a desilusão, a insegurança da ‘navegação’ através da história, os discípulos de Jesus, sem saberem exatamente que caminhos percorrer nem para onde ir”. As ondas são vistas como “as hostilidades, as incertezas, a morte, a frustração, o desânimo; os embates, contra o barco da vida”. Já os ventos contrários são assimilados com “as resistências ao Reino dos céus, anunciado e visibilizado por Jesus”. Segundo o arcebispo de Manaus, “os discípulos sentem-se perdidos, sozinhos, abandonados, desanimados, desiludidos, incapazes de enfrentar as forças contrárias à vida. Difícil permanecer na atenção e na sintonia da doação do pouco, tudo. Naquele pouco do pão houve pão para todos. Em meio às intempéries Jesus se faz presente. Ele se apresenta caminhando com a noite, com as ondas e os ventos contrários. Ele caminha sobre o mar”. “No quase raiar de um novo dia, pelas três da manhã, Jesus encontra os discípulos. Foi-lhes ao encontro andando sobre as ondas agitadas e o vento contrário. Os discípulos ao avistarem a Jesus andando sobre as águas agitadas, foram tomados de pavor, e gritaram de medo”, destacou Dom Leonardo. Ele disse que “no meio da agitação, em meio a visão o pavor e o medo, vem-lhes ao encontro a palavra: Sou eu! Não tenhais medo, coragem, calma, tranquilizai-vos sou eu, apenas eu. Estavam agitados demais, inquietos demais, para perceberem que era Jesus”. Nesse ponto, o cardeal lembrou as palavras de Pedro: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro caminhando sobre as águas”. Umas palavras que segundo ele vem a dizer: “Se és tu, ensina-me a caminhar na liberdade das ondas agitadas e do vento contrário. As minhas agitações, as minhas incompreensões necessitam de ti”.  Diante do chamado de Jesus: “Vem!”, o cardeal afirmou que “Pedro desceu da barca e foi ao encontro de Jesus. O vento, o medo, a dúvida, a mente distraída, o leva para o fundo. Só então o grito: Senhor, salva-me”! “O ‘sou Eu’, no mar agitado da vida, nas agitações e dúvidas interiores que a cotidianidade desperta também em nós no caminhar em meio a agitação e a contrariedade, desejamos desfazendo-nos das aflições e às vezes até das angústias”, disse o arcebispo de Manaus. Segundo ele, “também nós suplicamos: deixa-me ir ao teu encontro. E Ele benevolamente, amavelmente nos diz ‘vem!’ E pensamos que Ele retira os dessabores, as mortes, as aflições naquele vem”. Em palavras de Dom Leonardo, “o vem de Jesus tão consolável está a nos dizer: caminha com, anda com, estou contigo, ‘Sou eu’. Mas tantas vezes também nós sentimos soçobrar e com confiança dizemos: salva-me. E Ele estende sempre a mão e nos ergue. Nós como Pedro, com os nossos impulsos e debilidades, percorremos o caminho da fé. Caminhamos ao encontro de Jesus ressuscitado com a fragilidade e pobreza, inquietação e insegurança, no meio das tempestades e dos perigos em que vivemos”. “A presença de Jesus se torna um silêncio suspenso”, segundo o arcebispo, que citou Papa Francisco. Como nos diz Papa Francisco em um comentário ao mesmo texto, onde diz que “estamos seguros sobretudo quando sabemos ajoelhar-nos e adorar Jesus, o único Senhor da nossa vida.” O cardeal vê o sou eu na primeira leitura, “quando Elias é convidado a perceber a passagem de Deus. Ele passa na suavidade da brisa”. Ele lembrou o texto de Martin Buber onde traduziu o texto do 1º Livro dos Reis. “Um silêncio suspenso, um silêncio sutil”, segundo o arcebispo, que disse que “a presença de Deus, de Jesus, mesmo em meio aos tormentos e desilusões, é sempre um silêncio sutil, um silêncio suspenso. Deus não é o grande rumor, não é o furacão, não é o incêndio, não é o terremoto, mas é a brisa ligeira, é aquele ‘fio de silêncio sonoro’ que não se impõe, mas pede para ser ouvido: ‘Sou eu’! Naquele ‘coragem, sou…
Leia mais

4º Encontro de Ecoteologia: Contribuições da Teologia para superar violências na Amazônia

A Comissão Episcopal para a Amazônia (CEA), A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), o Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte I), e a Faculdade Católica do Amazonas organizam o 4º Encontro de Ecoteologia, que será realizado em Manaus de 13 a 15 de setembro. Um encontro que quer dar continuidade a um caminho iniciado em 2017, buscando “refletir temáticas relacionadas à Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, e aprofundar reflexões teológicas para qualificar a atuação de nossas organizações, comunidades e missionários na Amazônia brasileira”. Posteriormente, em 2021 foi realizado virtualmente o 2º Encontro, “refletindo questões centrais do debate sinodal que inspiram o conjunto da Igreja Católica e de igrejas irmãs na busca de novos caminhos para a evangelização”, tendo acontecido o 3º Encontro em 2022, após o Documento de Santarém 2022, “refletindo os processos de violência que, em toda a sua pluriformidade, tem se agravado no mundo, mas, sobretudo, no que tange à destruição da vida do bioma amazônico” e aos povos que o habitam. O 4º Encontro quer “refletir, produzir ecoteologia e ecoespiritualidade a partir do espaço para a sororidade, bem-viver, escuta com diálogo dos processos de conflitos e desafios socioambientais que tem impactado a vida do bioma e povos amazônicos com anúncio de eco de esperança gerados pelas ricas experiências de envolvimento, resistência, resiliência e de enfrentamento as injustiças socioambientais e diante do Extrativismo Predatório imposto a esses territórios e povos”. O objetivo é refletir “as necessárias e estratégicas contribuições da teologia para a superação das múltiplas violências, conflitos e disputas que ameaçam a Amazônia”, animando a resistência. Se busca desenvolver a teologia biopolítica da não-violência, consolidar o paradigma da Ecologia Integral, evidenciar as propostas do Sínodo para a Amazônia e Documento de Santarém2022, superar os conflitos e disputas que assolam a Amazônia, aprofundar sobre práticas ecológicas transformadoras. Será um espaço de reflexão e interação entre os participantes, de imersão na realidade local, que quer involucrar o clero do Regional Norte1. Igualmente o encontro será oportunidade para aprofundar na educação, espiritualidade e cosmovisões ecológicas. O encontro contará com a assessoria do padre Ricardo Castro, o padre Hudson Ribeiro, o Ir. Afonso Murad, a professora Marcia Maria Oliveira e a Ir. Irene Lopes. O 4º Encontro de Ecoteologia é “um momento bem importante para continuar as nossas reflexões sobre Ecoteologia na Amazônia”, segundo a Ir. Irene Lopes, assessora da Comissão Episcopal para a Amazônia e secretária executiva da REPAM-Brasil. Um encontro que pretende “chegar um pouco mais próximo da realidade local”, disse o padre Hudson Ribeiro, diretor da Faculdade Católica do Amazonas, que destacou o apoio do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), do Programa de Pós-graduação Sociedade e Cultura da Amazônia, e outros parceiros como o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (SARES), paróquias e pessoas que são envolvidas na discussão da Ecologia Integral e experiências de base comunitária. Um Encontro que, segundo foi discutido na última reunião de preparação com a participação de representantes das entidades que organizam o evento, realizada nesta sexta-feira 11 de agosto em Manaus, pretende trazer “esperança de mudanças, mas sobretudo uma base teórica da Ecoteologia, que ajude a refletir sobre aquilo que já se construiu e aquilo que precisa construir”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia da CEAMA: “Aprender, desaprender e reaprender com os povos da Amazônia”.

Como Igreja em saída, empenhada na defesa da casa comum e dos pobres, com um rosto amazónico e sinodal. É assim que a CEAMA se vê, como afirma o Comunicado Final de sua Assembleia Ordinária (ver aqui) realizada em Manaus de 8 a 11 de agosto de 2023. Uma assembleia que eles definem como “o primeiro momento oficial constitutivo e organizativo, após a aprovação dos estatutos da Conferência pelo Papa Francisco”. Uma nova etapa para a Igreja na Amazônia Um comunicado que fala de gratidão a quem quis “ser expressão de uma Igreja que caminha sinodalmente, conscientes de que somos continuadores de uma história que não se iniciou agora e que se inspira nas proféticas palavras do papa São Paulo VI: ‘Cristo aponta para a Amazônia’”. Uma assembleia que valorizou as sabedorias e espiritualidades ancestrais dos povos indígenas, “com as quais desejamos continuar escrevendo a nossa história e favorecendo o surgimento de uma nova fase para a Igreja da Amazônia, assumindo sempre mais as conclusões e propostas do Sínodo Especial sobre a Amazônia”, e dos passos dados desde 1972 em Santarém. Os participantes da Assembleia falam de desafios e preocupações, que ajudam a encarnar o Sínodo para a Amazônia, conscientes da “necessidade de sermos capazes de aprender, desaprender e reaprender com os povos da Amazônia, para com eles saber enfrentar os desafios e sermos como um ‘perfume novo’ na e para a Igreja universal”. Entre os desafios estão a rejeição do magistério do Papa Francisco em alguns lugares e grupos, o clericalismo e os crimes cometidos contra a vida e o bioma amazónico e os territórios dos povos indígenas. A carta denuncia a falta de preocupação dos políticos com a gravidade da crise socioambiental, solidarizando-se com o povo equatoriano devido ao clima de violência e destacando a importância da realização da Cúpula Amazónica, apesar da “tímida e vaga resposta dos presidentes dos países da Amazônia reunidos em Belém, em relação ao desafio das mudanças climáticas e as ameaças ao bioma amazônico, e ignorando as vozes dos povos indígenas e da sociedade civil”, bem como a proteção do Parque Nacional Yasuní, no Equador, da exploração petrolífera, e outras situações presentes na Amazônia. Caminhar em harmonia e sinergia Reconhecem-se alguns sinais de esperança, vendo como desafio uma maior comunicação e clareza em relação aos papéis e à articulação entre a CEAMA e a REPAM, e a relação com as diferentes Conferências Episcopais e com a vida consagrada e a sua presença efetiva nos territórios amazónicos, com a consequente ressonância e impacto ao nível das bases. Há um desejo de “caminhar em harmonia e sinergia“, e insiste-se na escuta, no diálogo e na ação. Mais uma vez é sublinhada a “consciência da importância da região não somente para os amazônidas, mas para toda a humanidade, alargando o nosso horizonte para toda a Igreja universal e para toda a nossa casa comum”. Nessa perspectiva, sentem-se “confirmados e chamados como CEAMA a sermos continuadores do movimento itinerante do Espírito“, destacando a importância da nova composição da presidência, “totalmente coerente na sua representatividade com a sinodalidade para a qual desejamos caminhar”. Por fim, sublinha-se que “a importância e o protagonismo das mulheres se faz cada vez mais presente”, e afirmam que regressam às igrejas particulares, “desejosos de tornar realidade o rosto amazônico e sinodal da Igreja, sempre em saída e em movimento, animada e fortalecida por uma pastoral de conjunto que saiba acolher e valorizar a todos, na riqueza da unidade na diversidade e no cuidado de toda a beleza da criação e de todas as criaturas e povos da Amazônia”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Padre Zenildo Lima novo vice-presidente da CEAMA: “Uma conferência de expressão do Povo de Deus”

A Assembleia da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), que está sendo realizada em Manaus de 8 a 11 de agosto, ratificou o cardeal Pedro Barreto como presidente e três dos vice-presidentes, Patrícia Gualinga, representante dos povos indígenas, a Ir. Laura Vicuña Pereira Manso, representante da Vida Religiosa, e Mauricio López Oropeza, em representação do laicato. Representando os presbíteros e diáconos, foi eleito o padre Zenildo Lima, que substitui o cardeal Leonardo Steiner. O padre Zenildo Lima é presbítero da Arquidiocese de Manaus e atualmente é reitor do Seminário São José de Manaus, onde se formam os candidatos ao presbiterato das nove igrejas particulares do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nascido em Manaus em 14 de outubro de 1968, foi ordenado presbítero no dia 4 de agosto de 1996. Grande conhecedor da Igreja da Amazônia, foi auditor na Assembleia de Sínodo para a Amazônia realizada de 6 a 27 de outubro de 2019. Perguntado sobre o que representa para ele essa escolha como vice-presidente da CEAMA, o padre Zenildo Lima afirmou que “mais do que representa para mim, o que representa para uma caminhada da nossa Arquidiocese, uma caminhada do nosso Regional”. Segundo ele, “uma experiência que a assembleia me proporcionou aqui foi de me reencontrar nessa estrada de caminhada sinodal nessa Igreja da Amazônia”. Em suas palavras, fez memória de quando começou participar dos encontros da Igreja da Amazônia, sobretudo o Encontro de 1997, “A Igreja se faz carne e arma sua tenda na Amazônia”. Ele resgatou o processo do Sínodo para a Amazônia com sua presença e participação no Sínodo e nos desencadeamentos pós Sínodo, dizendo não esperar que “um dia iria estar envolvido assim com estas implicações”. O padre Zenildo ressaltou que “mais do que um significado pessoal, que evidentemente tem também, porque ajuda cada vez mais a sedimentar a identidade do meu ministério como um padre amazônida, tem a ver com a caminhada da nossa Igreja, da nossa Arquidiocese, da Igreja do Regional e da Amazônia dentro desse processo de sinodalidade”. Tendo em conta que a CEAMA é uma das propostas do Sínodo para a Amazônia e dentro do processo do atual Sínodo, o padre Zenildo Lima destacou que “o momento que nós vivemos agora, ele é um momento dentro dessa trajetória, ele é um momento dentro desta caminhada que é processual”. Ele recordou que “toda a dinâmica do Sínodo para a Amazônia já chamava a atenção para esse aspecto da sinodalidade”. Nesse sentido, “o lançamento da Episcopalis conmunio antes do Sínodo, já nos chamou a atenção para essa nova configuração, para essa nova disposição eclesial e eclesiológica a partir do Papa Francisco”. “Hoje, ao vivenciar essa experiência da Assembleia da CEAMA, que é uma experiência inédita, é uma assembleia que está buscando muito mais aclarar caminhos, definir algumas metas do que exprimir uma solidez maior”, ressaltou o novo membro da Presidência. Uma assembleia que “está nos ajudando quase que a uma descoberta da própria CEAMA e uma descoberta de caminhos da CEAMA dentro dessa perspectiva do processo sinodal”, afirmou. Nessa perspectiva disse que “nós estamos num processo, estamos num caminho que é sinodal, que vai nos tornando cada vez mais claro, mas mais comprometedor também, tendo como horizonte o Reino de Deus nessa perspectiva da ecologia integral”. Lembrando da perspectiva da parte para o todo a partir da territorialidade e da experiência eclesial que buscava oferecer uma iluminação que fosse válida para toda a Igreja, uma dinâmica vivenciada na fase do Documento Preparatório do Sínodo que acabou também aparecendo no Instrumentum Laboris, enfatizou que “hoje, essa experiência primeira de uma conferência eclesial, com uma presidência constituída com essa diversidade vocacional, ministerial, de identidade da própria Igreja, uma conferência que não é exclusivamente episcopal e sim uma conferência de expressão do Povo de Deus, ela é salutar e ela é um indicativo”. Por isso, o reitor do Seminário São José de Manaus disse acreditar que “as experiências construídas a partir da CEAMA, pode abrir perspectivas para a Igreja no mundo inteiro”. Ele insistiu em ver a CEAMA como “uma referência inclusive para o Sínodo da Sinodalidade. Quem sabe depois da CEAMA também tenhamos outras experiências de conferências eclesiais ao longo de todo esse espaço aonde a Igreja católica marca sua presença no mundo, como um sinal também para a sociedade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cúpula da Amazônia: “Um início de sinodalidade na política, na sociedade”

Belém acolheu nos dias 8 e 9 de agosto a Cúpula da Amazônia, com a participação de mandatários dos diferentes países, um evento em que a Igreja se fez presente, sobretudo nos dias prévios em que “a presença da Igreja foi estar ali ao lado dos povos e dos movimentos sociais articulando, animando, fortalecendo e encorajando um diálogo amazônico entre a sociedade e os governos que compõem a Pan-Amazônia”, segundo Dorismeiri Almeida Vasconcelos, da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM). A Cúpula foi uma oportunidade para que o cardeal Leonardo Steiner afirmasse que “nós cuidamos da Amazônia, a Amazônia com seus povos, suas culturas, suas águas, suas árvores, suas flores, as suas florestas, uma casa comum, onde todos somos convidados a morar, mas somos todos convidados a cuidar”. O arcebispo de Manaus denunciou os ataques contra a Amazônia, “tão vilipendiada, tão destruída”, e junto com isso a ganância em relação à Amazônia e a violência na Amazônia, “a violência que chega até a Amazônia”. Dom Leonardo Steiner insistiu em que “a Amazônia não é violenta, seu povo é calmo, seu povo é tranquilo, as nossas comunidades, elas são fraternas, são receptivas”. Diante disso, ele fez um chamado a “repensarmos os modelos que desejamos impor à Amazônia, essa verdadeira exploração da Amazônia”. Parafraseando uma expressão do Papa Francisco em relação à África, o cardeal disse: “tirem as mãos da Amazônia”. Ele afirmou que “a Amazônia, ela não precisa de estruturas novas, a Amazônia precisa de respeito, a Amazônia precisa de justiça, a Amazônia precisa da presença do Estado para que diminua a violência, para que diminua a destruição das nossas matas, para que diminua a poluição das nossas águas, especialmente pelo mercúrio e pelos dejetos das nossas cidades. Que deixem os nossos peixes, deixem as nossas águas, mas especialmente deixem as nossas culturas”. Recordando que “nenhuma região do Brasil tem tantos povos originários como nós da Amazônia”, o arcebispo de Manaus insistiu em que “eles apenas pedem de nós respeito, pedem de nós cuidado, que nós assumamos a responsabilidade pela Amazônia”, lembrando a dependência de outras regiões do Brasil em relação à Amazônia, o que o levou a questionar o desmatamento, afirmando que “nós estamos acabando de nos destruir a nós mesmos”. O vivido na Cúpula da Amazônia é visto por Dorismeire Vasconcellos como um processo, iniciado discutindo com a sociedade civil há três anos, fundamentado “nos saberes ancestrais dos povos e no modo de economia e de sociedade do bem viver que os povos vivem na Amazônia”. Ela destaca “o debate com a sociedade civil, discutindo temas apropriados que referem-se ao tratado de cooperação da Amazônia”, elaborado com diferentes aportes de diversas instituições, dentre elas a REPAM. Esses aportes foram encaminhados aos mandatários junto com uma carta solicitando a participação da sociedade dentro desses diálogos que tratam da cooperação amazônica entre os países da Pan-Amazônia, o que foi bem acolhido pelos governos da Colômbia e do Brasil, segundo a representante da REPAM. Um documento com 50 propostas sobre oito temas importantes: deflorestação, direitos dos povos e territórios, mulheres, infraestrutura, uso do hidro carbono, educação, transparência nos financiamentos, águas, mineração, resultado de um Seminário que trabalhou o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Nos dias prévios à Cúpula, aconteceram os Diálogos Amazônicos, cinco plenárias com os temas mais debatidos pela sociedade, e plenárias transversais, que envolviam juventudes, mulheres e a Amazônia Negra, sendo recolhidos os debates de cada plenário em relatórios entregues aos mandatários. Junto com isso, a sociedade civil organizou a Assembleia dos Povos da Terra que elaborou uma declaração dos povos da terra pela Amazônia, entregue aos mandatários, temas recolhidos na declaração dos mandatários, mesmo sem um prazo para ser aplicado em cada um dos países em relação ao que é mais emergencial, sobretudo em relação a mitigar as consequências da mudança climática ou para adaptar a situação de atendimento aos povos de acordo com as consequências da mudança climática. Dorismeire Vasconcellos insiste em que estamos diante de “um processo que se inicia e que mostra que é possível discutir os mandatários a questão da Amazônia, a questão da cooperação nos temas abordados. É possível na política internacional de acordos e tratados, a participação social”. A representante da REPAM vê uma similitude entre o que foi vivenciado em torno à Cúpula e o atual processo sinodal de escuta, diálogo e discernimento. Ela considera que “esse caminho é o começo ainda diante da conjuntura política, social, económica, dos países da Pan-Amazônia, mas já é um início de sinodalidade na política, na sociedade”. A representante da REPAM insistiu em que “esse processo que fizemos como sociedade civil, como povos da Amazônia tem uma meta, a incidência dos povos da Amazônia. Não dá para discutir a Amazônia, na Amazônia, pensando no futuro da Amazônia sem escutar e sem envolver os povos nesta discussão”. Um grande convite e um apelo que também faz o cardeal Steiner: “respeitemos a Amazônia e os amazônidas, respeitemos as culturas, respeitemos os povos que aqui habitam”. Para isso ele pede a ajuda de Deus, “e que possamos todos juntos cuidar da Amazônia, preservar a Amazônia para termos uma realidade justa, equânime e fraterna. E assim a nossa região da Amazônia possa ajudar a cuidar de todo o Planeta”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Padre Zenildo Lima: “A evangelização na Amazônia será sempre um anúncio do Verbo que se fez carne”

A Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), que está realizando sua assembleia em Manaus de 8 a 11 de agosto é uma das propostas que surgiram com o Sínodo para a Amazônia, buscando contribuir nos processos de evangelização na Amazônia. O padre Zenildo Lima, que foi auditor naquele Sínodo, refletia sobre algumas ideias em vista das linhas de evangelização para a CEAMA. Ele partia do Documento Preparatório do Sínodo para a Amazônia, que “recordava a dinâmica da parte pelo todo”, insistindo o texto em que “as reflexões do Sínodo Especial superam o âmbito estritamente eclesial amazônico, por serem relevantes para a Igreja universal e para o futuro de todo o planeta”. Algo que o reitor do Seminário São José de Manaus relacionou com o caminho do atual processo sinodal. Nessa perspectiva, ele afirmou que “para compreendermos a atuação da CEAMA necessitamos recuperar o caminho percorrido – que não é somente o caminho do Sínodo para a Amazônia, mas o caminho da missão da Igreja na Amazônia – e pontuar as intervenções necessárias neste tempo presente”. Daí o destaque que ele colocou no Encontro de Santarém 1972. Um encontro que tem como ponto de partida a Encarnação do Verbo, que segundo recolhe o Documento de Santarém 2022, “exige da Igreja um total entrosamento com a realidade, uma superação de modelos de evangelização importados e um permanente testemunho realista, corajoso e repleto de esperança, fundado exclusivamente no Evangelho”. Mas também uma Encarnação da Igreja, que “armou sua tenda no meio do povo de tal modo que apareceu um rosto eclesial bem amazônico na diversidade sociocultural, na defesa do lar que Deus criou para toda a humanidade e na promoção da Vida em todas as suas dimensões”. Uma Encarnação que “não pode acontecer sem que os povos amazônidas, acompanhados por seus agentes e pastores, sejam os protagonistas”, segundo o padre Zenildo Lima, que insistiu em que “encarnação tornou-se também e primeiramente um processo de escuta!”, destacando igualmente a necessidade do diálogo. É por isso, ressaltou o reitor do Seminário São José de Manaus, que “a evangelização na Amazônia será sempre um anúncio do Verbo que se fez carne, será sempre uma proposta do encontro com Jesus. Não cabe em nós o rótulo de termos abandonado o Evangelho para cuidar de questões sociais”. Uma marca da atuação da Igreja na Amazônia sempre foi a evangelização libertadora, segundo o padre Zenildo, que fez ver sua urgência diante do avanço dos sinais de ameaça à dignidade avançam. Daí a importância do chamado do Sínodo para a Amazônia à Igreja da região “a exercer sua atividade profética com transparência, e apresentar o Cristo com todo seu potencial libertador”. Para realizar essa missão, o padre Zenildo Lima propus alguns itinerários: nos territórios, com os sujeitos, no modelo de Igreja e de Evangelização, sustentado no rosto amazônico, a Sinodalidade, a escuta, diálogo e interculturalidade, a questão ministerial. Ele lembrou que “no Sínodo para a Amazônia, a Igreja em saída missionária apresenta-se como samaritana, misericordiosa e solidária, que serve e acompanha os povos amazônicos e se constitui um Igreja com rosto destes mesmos povos”, o que faz, segundo aparece no Documento de Santarém 2022, com que “a vida das nossas Igrejas que vão se moldando em caminhos de inculturação da espiritualidade, da liturgia, do ministério, da vida comunitária”. Uma Igreja chamada a ter como atitude fundamental a missão realizada com intensidade, fazendo com que “coragem e audácia se traduzam em opções pastorais transbordantes e não pequenos remendos”. Nessa dinâmica, a CEAMA aparece como corpo eclesial, como sujeito, concluiu o padre Zenildo Lima. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Os jovens estão de volta da JMJ, mas eles têm espaço em nossas comunidades?

Mais de um milhão e meio de jovens se fizeram presentes a semana passada na Jornada Mundial da Juventude realizada em Lisboa. Deles um bom número de brasileiros, alguns deles da Amazônia. Depois do encerramento a gente tem que se questionar sobre como acolher esses jovens em nossas igrejas particulares, em nossas paróquias e comunidades. O Papa Francisco falou várias vezes que na Igreja cabem todos, enfatizando esse todos. Diante disso a pergunta que cada e cada uma de nós devemos nos fazer é: em minha paróquia ou comunidade os jovens têm espaço? Eles são acolhidos, escutados, seu protagonismo é reconhecido e incentivado? Eles participam dos espaços de decisão? Tão importante quanto ter jovens é que eles encontrem em nossa Igreja um espaço para poder crescer como pessoas e como cristãos. O número é importante, mas seu papel na Igreja é ainda mais importante. Os jovens ajudam as comunidades a olhar para o futuro, a ter utopias e perspectivas, a pensar no amanhã, eles impulsionam o caminhar da Igreja. Um encontro igual a Jornada Mundial da Juventude é uma oportunidade de encontro, de escuta, de partilhar a vida e a fé com jovens de todos os cantos do mundo, um momento para crescer, para carregar as baterias. Mas essas baterias têm de ser aquilo que faz com que os jovens continuem caminhando e assumindo seu compromisso de vida, seu compromisso na Igreja, nas paróquias e comunidades. Eles e sua mente têm que voltar da Jornada Mundial da Juventude, mas também a Igreja local tem que fazer com que eles possam voltar, se sentir à vontade e possam partilhar o que lá foi vivido e o que fez com que eles possam ter uma visão mais católica, mais universal de uma Igreja que está presente no mundo inteiro e que em cada lugar vivência sua fé a partir das diferentes culturas e realidades em que ela se faz presente, também entre os jovens. Acolher é uma atitude que deveria estar mais presente em nossa Igreja. Quando acolhemos temos que ser conscientes de que o outro é diferente e que nem sempre vai responder a nossas expectativas, uma atitude que é fundamental quando falamos de juventudes. Muitas vezes temos medo de chegar perto, de nos fazermos próximos daqueles que pensam diferente, temos dificuldade em assumir que a diversidade nos enriquece. Não deixemos passar essa oportunidade, acolhamos os jovens que de volta da Jornada Mundial da Juventude querem ser fermento na massa. Que sua volta seja oportunidade para nos ajudar a crescer como comunidade e descobrir que a força da juventude pode ajudar nossa Igreja a ser melhor presença do Evangelho na vida de nossa sociedade. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar