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A Palavra caminho de mudança e não de justificativa de nossos erros

Uma ajuda para caminhar no cotidiano. Será que vemos desse modo a Palavra de Deus? O Mês da Bíblia deveria ser uma oportunidade para aprofundar no conhecimento da Palavra de Deus, para nos aproximarmos dela. Estamos diante de mais do que um texto do passado, pois ela é atualidade que nos questiona e nos leva a refletir sobre nossa vida pessoal e comunitária. Esperança No Brasil, a Igreja católica nos oferece há muitos anos a possibilidade de estudar um livro da Bíblia. Em 2025 a Carta aos Romanos vai cobrar uma dimensão especial, em vista de nos ajudar a transformar a realidade atual à luz da proposta divina. A ênfase desse escrito paulino é a esperança, uma temática que acompanha o caminhar da Igreja católica em 2025, em que estamos celebrando o Jubileu da Esperança. De fato, a esperança é atitude decisiva na vida dos discípulos e discipulas de Jesus. A esperança sustenta nosso relacionamento com Deus, nossa fé N´Ele. São Paulo afirma que a “esperança não decepciona” e nós somos chamados a descobrir na Palavra o caminho que nos ajuda a superar os momentos de desesperança, a encontrar o caminho a seguir, uma realidade cada vez mais presente na vida da humanidade. Ser sinal de esperança O que fazer para ser sinal de esperança para tantas pessoas desesperançadas? Como potencializar a escuta, o diálogo, o discernimento que nos ajude a encontrar caminhos de esperança para a sociedade e para cada pessoa? Até que ponto experimentamos a presença do Espírito como aquele que ilumina nossa vida, que fecunda nossa existência, que nos leva a crescer em esperança? Vivemos um momento histórico em que a vida das pessoas, a vida de muitos inocentes está sendo ameaçada de modo constante. A dor e a morte tem se instalando como ameaças para boa parte da humanidade. O ódio vai gerando sentimentos de desconfiança, de enfrentamento, fazendo minguar a esperança nas pessoas. Uma realidade que demanda de uma esperança crescente, que cabe a nós gerar as condições para que as pessoas possam recuperá-la. Entender o papel da religião Podemos encontrar similitudes entre os primeiros anos do cristianismo, momento em que foi escrita a Carta aos Romanos, e o atual momento histórico. Um texto que promove uma reflexão em volta da solidariedade, da acolhida de Deus a todos, da necessidade de entender que a religião não pode ser usada em função de uma ideologia ou de uma política que pretende ser usada em benefício de pequenos grupos. Uma carta que nos leva a descobrir a necessidade de cuidar das pessoas, de todas as pessoas, a cuidar da Casa Comum, assumir a Ecologia Integral. A Bíblia sempre nos leva a olhar para fora, a no buscar nela uma justificativa para nossos posicionamentos pessoais ou grupais. Não nos sirvamos da Palavra e sim vejamos a Palavra como caminho de mudança, de conversão, como instrumento que nos aproxima de Deus e dos outros.

Missiologia: “A dimensão da Esperança no Chão da Amazônia”

“A dimensão da Esperança no Chão da Amazônia a partir da Missão da Igreja” foi o tema que norteou o II Simpósio de Missiologia e III Semana Filosófica e Teológica. Um espaço para refletir, partilhar e aprofundar as dinâmicas da missão Evangelizadora. Organizado pela Faculdade Católica do Amazonas, o Conselho Missionário de Seminaristas (COMISE NORTE 1) e o Seminário Arquidiocesano São José. Responsabilidade missionária O Arcebispo de Manaus e Presidente do Regional Norte 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Leonardo Steiner, esteve presente na segunda noite do evento e interpelou os presentes “E qual é a nossa missão? A missão aquela que Jesus nos confiou. Nós não estamos inventando, nós somos uma herança. Nós recebemos uma herança missionária. E essa minha herança missionária diz no texto de Marcos: ‘Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda a criatura!’ (Mc 16,15)”. Em suas palavras “a herança de missão que não é uma herança dada aos bispos, aos padres. Não, é uma herança que todos nós recebemos”, explicou. Esta afirmação faz com que “especialmente agora que o Papa retomou a questão da Sinodalidade, de irmos pensando que todos nós temos uma responsabilidade missionária“. As muitas Amazônias Na primeira noite, Pe. Matheus Marques, pároco Área Missionária São João Paulo II, conduziu a conferência de abertura com a proposta de “Os caminhos da Missão da Igreja na Amazônia: Memória e Esperança”, em sua fala destacou a complexidade desses caminhos, visto que “são muitas as Amazônias” seja do ponto de vista geográfico que se estende para além do território brasileiro, seja pela Amazônia que está no Brasil que também é diversa. Dando seguimento, explicou que os dados apresentados são muito situados. Falam a partir de “uma expressão da Amazônia” que é o Regional Norte 1, a Arquidiocese de Manaus. Marques afirma que existe “uma história em comum, que essas Amazônias, ou que a região amazônica participa”. O recorte feito pelo conferencista, abrange o período da romanização, porque, segundo ele, é possivelmente “um período formador de identidade, ou que quis ser, ou que se propôs ser, formador de uma identidade eclesial” até “uma possibilidade de amazonização da igreja”. As comunidades gestam testemunhos missionários Ir. Carmelita, da Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), expressou que, ao fazer memória de sua história de vida, percebe seu chamado à vocação missionária aconteceu num processo marcado pela “mão de Deus”. Afilhada de missionários ativos na região de Eirunepé, onde ela nasceu, vivenciou uma infância “ligada à igreja, às coisas da igreja, toda essa movimentação de interior” comum das regiões amazônicas. Ao mudar-se com família para Manaus, conheceu os padres e as irmãs Agostinianos que eram “muito dinâmicos”. Nessa perspectiva, o colégio e a proximidade com a Igreja de Santa Rita permitiu que crescesse e fecundasse aquela semente da vocação missionária, explicou. E fez memória de dois nomes, Ir. Cleusa e Frei Laurindo, e da convivência na paróquia, onde descobriu a existência das missões. Em relação aos desafios, abordou a adaptação entre a agitação da comunidade paroquial e a rigidez da educação salesiana. E também de discernir o sonho da vida religiosa em meio as agitações sociais que o país vivia. Além disso,  destacou e a dificuldade em deixar a família e que trabalho desenvolvido no bairro, na morada “aliviou para que pudesse entrar e caminhar” junto à congregação. O diálogo com paradigma missionário Na Querida Amazônia, Papa Francisco apresenta a realidade existente na região “Numa Amazônia plurirreligiosa, os crentes precisam de encontrar espaços para dialogar e atuar juntos pelo bem comum“. Esse cenário aponta para a necessidade de pensar o Ecumenismo e o Diálogo inter-religioso. Dom Hudson, bispo auxiliar de Manaus e Diretor Acadêmico da faculdade, junto ao Prof. Dr. Pe. Ricardo Gonçalves permearam essa realidade por meio da conceituação dos termos e condução feita pela Igreja ao longo dos tempos. “Aprofundar como esta temática, este diálogo, está presente em vários documentos da Igreja, nos ajuda a vivenciar, refletir a vida de Jesus, que também foi uma vida de diálogo com outras realidades, com outros contextos diferentes deste. Então agradecemos e diria que as palavras-chave dessas colocações, muito profundas, que nos ajudam a entender a visão ampla da missão é a palavra diálogo, a palavra paz, a palavra unidade, a palavra diversidade. E tudo isso nos convida a uma abertura a uma compreensão e a uma corrida nesse mundo”, resumiu Ir. Rosana Marchetti, Missionária da Imaculada. O Cardeal Steiner refletiu que “esse modo aguerrido de às vezes combater o Ecumenismo e o diálogo inter-religioso” parece vir daqueles que “não conseguiram perceber o fundo da Fé. Eles acham que eles é que têm fé e não percebem que a Fé que nos têm“. e por esse motivo “talvez não compreendam a grandeza e a profundidade, e por isso não conseguem ver que existem outras possibilidades de uma relação com Deus. Existem outras maneiras de chamar Deus de Pai. Existem outras maneiras de se sentir filho e filha de Deus”, explicou. A dinâmica das cidades e a ação missionária da Amazônia urbana Os painéis temáticos do 2° dia do Simpósio abordaram a “Pastoral Urbana: Sinais de Esperança nas periferias geográficas e existenciais”, ministrado pelo Secretário Nacional da Pontifícia União Missionária (PUM), Pe. Rafael Lopez, e “As dinâmicas de atuação da Infância e Adolescência Missionária (IAM) na Igreja”, apresentado pela assessora da IAM, Merci Soares. Pe Rafael apresentou que “a pastoral urbana é ação missionária realizada no ambiente urbano em uma ‘Igreja em saída’ com as portas abertas, indo ao encontro das pessoas e realidades”. E também que seus desafios são reflexos do modo como as cidades estão organizadas: a vida acelerada, diversidade cultural, desigualdades sociais, pluralismo religioso, anonimato, violência, exclusão, novas formas de comunicação e modos de viver a fé. A experiência vivida pela IAM também se depara com a realidade da Pastoral Urbana nas periferias geográficas e existenciais. Merci fez memória de que em muitas situações falta aquilo que “não é só material, mas é também material, que é preciso”. Isso porque não…
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Dom Adolfo Zon no Mês da Bíblia: “Deixamos que ela transforme nossa vida e fortaleça nossa missão”

No início do Mês da Bíblia, “um tempo especial de escuta, meditação e vivência da Palavra de Deus”, segundo dom Adolfo Zon Pereira, o bispo da diocese de Alto Solimões escreveu uma carta àqueles que vivenciam sua fé nesse Igreja local. O amor de Deus sustenta nossa esperança Em suas palavras, o vice-presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil lembra que “este ano, somos iluminados pelo lema: ‘A esperança que não decepciona’ (Rm 5,5).” O bispo disse que “essa Palavra do apóstolo Paulo nos recorda que, mesmo em meio às lutas e desafios do dia a dia, o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, e é isso que sustenta nossa esperança”. Analisando a realidade atual, dom Adolfo Zon ressalta que “vivemos tempos em que muitas pessoas se sentem desanimadas, cansadas, feridas pelas dificuldades da vida.” Diante disso, ele enfatiza que “a Palavra de Deus nos convida a olhar além, a manter firme a fé e a certeza de que Deus caminha conosco. A esperança cristã não é ilusão ou fuga da realidade. É força, é resistência, é luz que não se apaga, porque nasce do encontro com o Ressuscitado”. Participar do Mês da Bíblia No Mês da Bíblia, o bispo faz um convite a “cada família, cada comunidade, cada irmão e irmã do Alto Solimões a participar dos Encontros do Mês da Bíblia nas casas.” Encontros que ele afirmou que “momentos de partilha e oração são verdadeiras sementes de esperança”. “Ao abrirmos as portas de nossos lares e corações para a Palavra, deixamos que ela transforme nossa vida e fortaleça nossa missão”, disse o bispo de Alto Solimões. Uma realidade que lhe levou a fazer um convite para organizar os grupos de reflexão bíblica: “reúna seus vizinhos, sua família, sua comunidade! Não deixemos de viver essa experiência tão rica de fé e comunhão. Cada casa que se abre para escutar a palavra de Deus se torna um lugar de encontro com Deus e com os irmãos”. Finalmente, dom Adolfo Zon pediu “que Maria, Mãe da Esperança e fiel ouvinte da Palavra, interceda por todos nós. Que o Espírito Santo nos ilumine e fortaleça nesta caminhada”.

Cardeal Steiner: “É melhor escolher o último lugar e ser conduzido ao primeiro”

No 22ºDomingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia afirmando que “o Evangelho parece nos indicar o banquete da gratuidade! No banquete da gratuidade, no amor de Deus, o primeiro se faz o último, o maior o menor, o senhor servo. Vemos o significado do viver banquetear-se na gratuidade, de receber e ofertar. Tudo na liberdade e na liberalidade”. A gratuidade do amor Uma realidade que ele definiu como “uma festa convidando os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos, aqueles que não podem retribuir com uma festa. É a expressão profunda da gratuidade de um conviver festivo, de um banquete da vida, sem cobranças, sem trocas. A gratuidade do amor, a gratuidade de viver. A fé é gratuita, o amor é gratuito”. O arcebispo destacou que “Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares e, por isso, diz que é melhor escolher o último lugar e ser conduzido ao primeiro. Entre nós, na sociedade agressiva e competitiva, o valor da pessoa mede-se pelo ter êxito, triunfar, ser o melhor. É a busca pelos primeiros lugares. É um lutar que recorre a muitos meios: intriga, exibição, defesa feroz do lugar conquistado, humilhação de quem faz sombra ou incomoda. Percebemos que o motivo e estímulo são os títulos, as honras; quem tem valor é quem aparece, mesmo pisando os outros”. Segundo o cardeal Steiner: “Jesus a nos oferecer relações que unem, transformam na graça de convivas, membros da comunidade de fé. Relações que se baseiam no amor desinteressado e gratuito, desviando-nos de ‘critérios comerciais’: interesses, negociatas, intercâmbio de favores. Nessa dinâmica do amor gratuito todos: pobres, humildes, excluídos, desprezados, sem títulos, são participantes e são servidos. Os que vivem sem poder, sem dinheiro, que estão na desvalia da retribuição, dos favores, pertencem à comunidade de amor e de fraternidade e, por isso, tem lugar certo no banquete da gratuidade. Todos são convidados ao primeiro lugar, pois todos convidados especiais. No banquete do convívio amoroso todos recebem o convite: ‘Amigo, vem mais para cima’”. Aproximação com os últimos “Esse convite de aproximação com os que são últimos, nos atrai. Sim, pois a vida às vezes é ingrata, às vezes tropeçamos, às vezes passamos pela separação, mesmo pela morte. Nos tornamos trôpegos, coxos, mudos, surdos. Pode ser que a vida tenha sido dura demais. E o Evangelho a nos dizer da gratuidade do banquete. Somos convidados, não interessa o nosso estado, os nossos títulos, o nosso lugar na sociedade e na Igreja, como estamos a viver. O convite é para todos. O convite para estarmos na cercania de Deus, na sua proximidade. O desejo de Deus é de participarmos do seu banquete”, enfatizou. Citando o texto evangélico: “Porque eles não te podem retribuir”, ele disse que “Jesus a nos ensinar que a gratuidade é dom de Deus: graça, amor gratuito, gracioso. E Deus não nos ama porque merecemos, mas porque não pode não nos amar, pois Ele é Amor. Jesus a nos pedir para amar como Ele ama, isto é, gratuitamente. É uma revolução nas nossas relações: ofertar sem esperar, apenas a alegria de entregar! Aquela gratuidade de nada esperar, sem troca”. A alegria que o coração O cardeal recordou que “talvez nos ajude a conhecida expressão do místico Johannes Schaefler, conhecido como Ângelus Silésius, que expressou de modo muito feliz a gratuidade. ‘A rosa é sem por quê. Ela floresce ao florescer’. A rosa aberta sem por que no orvalho da manhã: a alegria que acolhe o coração do Mortal no frescor e na nascividade da inocência matinal. O Mortal descansa, respira mais livre, se alegra, renasce, porque é acolhido e recolhido no desvelamento da inocência da natureza: no recato e na gratuidade de ser. A rosa não sabe de sua beleza, da admiração que causa, nem mesmo sabe que alguém está ao seu redor, nem mesmo sabe de sua existência. Ele é simplesmente sem por quê. floresce ao florescer”, inspirado nas palavras de Harada. Isso porque, “ali, na cercania do encanto da flor que viceja, apenas encanto, silêncio, admiração. Não emerge a possibilidade de um negócio, de uma troca. Essa admiração da gratuidade do dar-se da rosa orvalhada, desperta o gosto, o sabor da vida, a graça de viver”. “Na quase impossibilidade de dizer da gratuidade como é gratuito o amor de Deus o mítico nos dizia: ‘A rosa é sem por quê. Ela floresce ao florescer’.  A gratuidade não é como algo, alguma coisa, não é um objeto, não é um sentimento, não é uma paga. É um acontecer na bondade da revelação da bondade. Do contrário, seria troca, negócio, negociação. No amor esposo-esposa, amor de vida consagrada, amor de presbítero, há um libertar-se de trocas, satisfação, recompensa. O próprio, o original, fontal é a gratuidade”, disse o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Uma fonte no cerrado Algo que “é como uma fonte no cerrado em tempo de seca: pequena, mas doadora. Água límpida, fresca, brotando sem parar. Ela está ali, sem saber que é. Ela simplesmente está ali na sua generosidade. Ela continua e incansavelmente, sem porque, sem para quê, sem perguntar, sem saber, oferece a água. Ela é a gratuidade: não troca, não espera, apenas, simplesmente, generosamente, ininterruptamente, entrega água. Ela é sem porque, sem para quê, ela é fonte! Na seca de quatro meses, ela é água brotando, amavelmente: doação; é a gratuidade!”, segundo o arcebispo de Manaus. Nessa perspectiva, ele afirmou que “perdendo a gratuidade da fé as nossas preces, nossas esmolas, nossa caridade podem tornar-se um dar para receber em troca. Então perdemos a liberdade, perdemos a independência, perdemos a autonomia, perdemos a sensibilidade tão gratificante de sermos amados, acolhidos, recolhidos, embalados, por Deus. E perdemos o entusiasmo, o vigor, a força que nos leva a buscar, a sempre transformar a vida e o mundo, como o fez Jesus! Não sonhamos mais! Perdemos o bom humor diante das dificuldades e defeitos pessoais e dos outros, perdemos a disposição de uma…
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Aliança Interinstitucional em vista da despoluição e saneamento dos igarapés de Manaus

O cuidado da casa comum é uma urgência, especialmente na Amazônia. Um chamado que em 2025 está sendo redobrado pela COP30 e pela Campanha da Fraternidade, que teve como tema “Fraternidade e Ecologia Integral”. Na arquidiocese de Manaus, um gesto concreto dessa Campanha foi a despoluição e saneamento dos igarapés de Manaus. Uma proposta ousada, mas necessária “Uma proposta ousada, mas necessária”, segundo salientou o vice-presidente da Cáritas Arquidiocesana da Manaus, padre Alcimar Araujo, na Abertura do 31º Grito dos Excluídos e Excluídas 2025 de Manaus, realizada no Parque Municipal do Mindu, na tarde do dia 29 de agosto, onde foi lançada a “Carta Compromisso, Água e Lixo não combinam”. Uma iniciativa interdisciplinar, que quer ser o início de um processo de mudança com a participação de mais de 40 entidades, segundo enfatizou o vice-presidente da Cáritas Manaus. Entre os assinantes da Carta, além do arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, representantes do poder público, instituições ligadas à defesa do meio ambiente, ONGs, igrejas cristãs, povos indígenas, associações ambientais e partidos políticos. Mais do que uma soma de estrategias Uma iniciativa que “não é só uma soma de estratégias”, segundo o bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus, dom Zenildo Lima. Ele enfatizou o que chamou de antropológico, “um dado de relação”, lembrando suas vivências infantis como manauara. O bispo disse que “a história da urbis em Manaus é uma história de relação com os igarapés”, que foram vistos como “empecilho para um projeto arquitetônico urbano”, o que levou a “soterrar, canalizar, fazer sumir os igarapés”. Segundo dom Zenildo Lima, “isso entrou na vida da gente”, que lembrou que ele tomou banho ou seu pai pescou no Igarapé do 40, que atravessava sob uma ponte para ir para a aula. Na aula ele disse ter aprendido que “a água é um líquido sem cor, sem cheiro e sem sabor”, algo que no igarapé do 40 não era bem assim, em um tempo em que o lixo era despejado em qualquer lugar ou queimado no fundo do quintal. Superar a visão negativa do igarapé Uma realidade que fez com que fosse construído “um ethos, sempre criando polos e sempre criando relações, ora equilibradas, ora desequilibradas”, disse o bispo. Ele recordou que “a gente foi aprendendo a ter medo do igarapé, foi aprendendo a interpretar o igarapé como uma realidade negativa.” A partir dessa relação histórica entre os igarapés e a população de Manaus, o bispo auxiliar advertiu sobre a necessidade de tomar cuidado “para não criar novos inimigos”, recordando o lema da campanha “Lixo e igarapé não combinam”, dado que os resíduos devem ser vistos como matéria que pode ser aproveitada. Nessa perspectiva, dom Zenildo Lima se situou como parte “dessa grande massa de manauaras comuns que tem que ser envolvidos neste processo.” Isso porque “se esta fosse uma luta apenas da sociedade organizada, a gente vai atingir alguns intelectos. Mas se tornar uma luta de um povo, a gente vai ter que atingir corações também.” Daí a importância da linguagem nessa iniciativa, disse o bispo, que afirmou que “nós estamos lidando com realidades sagradas”, recordando as palavras de louvação da Criação nos Salmos ou as palavras de São Francisco no Cântico das Criaturas. Uma aliança interinstitucional A Carta pretende “promover uma visão holística do meio ambiente e da justiça social, inspirada na Encíclica Laudato Sí do Papa Francisco”, e se tornar “uma aliança interinstitucional pela despoluição e saneamento dos igarapés de Manaus”, com objetivos e planos de trabalho coletivos. Parte de uma introdução, que explica o sentido do texto e relata a realidade social e ambiental, especialmente em Manaus, “localizada no coração da maior floresta tropical do mundo”, e quer ser “um documento que busca o compromisso de toda a sociedade juntamente com seus poderes constituídos, para a preservação e recuperação dos igarapés da cidade”. Nessa perspectiva são propostas 11 ações, pedindo promover a educação ambiental; criar a Aliança Global Pela Despoluição e Saneamento dos Igarapés de Manaus; exigir o cumprimento da Lei sobre os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário em Manaus; reta aplicação de recursos públicos em políticas sociais e ambientais; acompanhar o cumprimento do Plano Municipal de Saneamento Básico; colaborar com a criação de um Programa Integrado de Saneamento e Despoluição de Igarapés construído de forma interinstitucional; políticas urbanas capazes de reduzir gradativamente a poluição dos igarapés; realizar a 1ª Conferência Municipal sobre os Igarapés de Manaus; fortalecer o Fórum das Águas; Projeto de Lei de Iniciativa Popular para aplicação de políticas públicas ambientais; fomentar a participação cidadã e a fiscalização. Um caminho longo, segundo reconhece a Carta, mas que não hesita no total compromisso os assinantes.

Diocese de Roraima é homenageada pela Assembleia Legislativa pelos 300 anos de evangelização

A Diocese de Roraima recebeu, nesta sexta-feira (29), uma das maiores homenagens institucionais de sua história. Em Sessão Especial realizada no Plenário Noêmia Bastos Amazonas, a Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) reconheceu publicamente o papel da Igreja Católica na formação do Estado e na vida do povo roraimense ao longo de três séculos de evangelização. A cerimônia marcou a celebração do Jubileu dos 300 anos de evangelização em Roraima e reuniu autoridades, fiéis, missionários e missionárias. A homenagem foi aprovada em plenário por meio dos Projetos de Decreto Legislativo nº 51 e nº 52 de 2025, de autoria do presidente da Casa, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), que concederam a Comenda Orgulho de Roraima a personalidades e instituições ligadas à Diocese. Na abertura da solenidade, o bispo de Roraima, Dom Evaristo Pascoal Spengler, lembrou que a presença da Igreja precede a própria criação do Estado e destacou a importância histórica desse reconhecimento. “A Igreja de Roraima chegou antes do território federal, antes da Constituição do Estado. Contribuiu muito no início com a saúde, construindo hospitais, com a educação, formando técnicos e professores. Esse papel histórico é hoje reconhecido e nós agradecemos a Deus por tudo o que foi construído com o povo ao longo desses 300 anos”, declarou. Por meio de vídeo, o bispo de São Gabriel da Cachoeira (AM), Dom Raimundo Vanthuy Neto, que fez uma retrospectiva da presença missionária na Amazônia desde 1725, com os carmelitas, jesuítas, franciscanos e beneditinos, até a chegada dos missionários da Consolata. “Celebrar os 300 anos é lembrar que a presença da Igreja está ligada à história da Amazônia, ao cuidado com os povos indígenas, à educação e à defesa da vida. Cada missionário e missionária deixou uma marca que precisa ser lembrada. Hoje celebramos não só a memória, mas também o compromisso de seguir evangelizando”, destacou. Voz dos missionários de hoje O pároco de Pacaraima, Pe. Jesus Esteban Lopes Fernández Bobadilla, um dos homenageados, dedicou a honraria a todos que trabalham no acolhimento de migrantes. “A homenagem não é só para mim. É para toda a Diocese, para as instituições e para o povo brasileiro que acolhe os imigrantes. Nossa missão é viver o espírito do bom samaritano e aliviar o sofrimento de quem chega até nós”, disse. Quem recebeu a Comenda Orgulho de Roraima A Comenda foi entregue a diversas personalidades religiosas e leigas, além de instituições e pastorais que representam a presença missionária e social da Igreja. Personalidades religiosas e leigas Leiga, Ângela Maria Shardong, catequista, Deolinda Melquior da Silva, irmã, Elizabeth Sales de Lucena Vida, Luzinete Gomes Lima Maria Joselha Lima, Irmão Carlo Zacquini – presente, Jacir José de Souza – representado por Júlio José de Sousa (filho), Pe. Antônio Jerffeson de Almeida Resende, Pe. Jesus Esteban Lopes Fernández Bobadilla, Pe. Josimar Lobo, Pe. Mauro Sérgio Maia da Silva – representado por Pe. Jeferson Homenagens In Memoriam Irmã Telma Cristina Lage dos Santos – representada pelas irmãs Marineis Xavier de Oliveira e Lúcia Souza e Silva, Dom Aldo Mongiano – representado por Pablo Sérgio. Dom José Aparecido Dias – representado por Irmã Ivani Krenchinski (Missionária Serva do Espírito Santo de Alto Alegre). E Pe. Francisco Mário Ribeiro Castro – representado pela Vereadora, Valquiria Ribeiro. Bispo atual e os que já passaram pela Diocese Dom Evaristo Pascoal Spengler, Bispo da Diocese de Roraima, Dom Mário Antônio da Silva é Arcebispo de Cuiabá – representado por Pe. Josimar Lobo, Dom Raimundo Vanthuy Neto, bispo de são Gabriel da Cachoeira– representado por dona Vaneide e seus irmãos Instituições e pastorais reconhecidas Apostolado da Oração, Colégio Claretiano, Articulação dos Serviços Eclesiais aos Migrantes e Refugiados (ASEMIR), Cáritas Diocesana, Conferência dos Religiosos do Brasil Regional Roraima (CRB-RR), Fazenda da Esperança,  Instituto Missões da Consolata, e Padres Fidei Donum.  Pastoral da Criança, Pastoral da Juventude, Pastoral Familiar  e a Rádio Monte Roraima FM 107,9 – Pe. Luiz Botteon (diretor-geral) e Cléo Silva Rocha (diretora comercial). Reconhecimento histórico Para o deputado Soldado Sampaio, autor da homenagem, a entrega da comenda simboliza o reconhecimento do povo de Roraima à Igreja. “A Igreja Católica teve papel fundamental na história, na cultura e no desenvolvimento de Roraima. Reconhecer isso publicamente é valorizar não só o passado, mas também o presente e o futuro do serviço que ela presta à nossa população”, afirmou. Na ocasião foi assinado o termo de Cooperação Técnica que tem como objetivo preservar, digitalizar e divulgar o acervo histórico documental da Diocese de Roraima. Além disso, de 01 até 05 de agosto ficará disponível para visitação no rol da Assembleia Legislativa, estandes com memórias dos 300 anos da Diocese de Roraima. O Jubileu dos 300 anos segue sendo celebrado com missas, encontros culturais e atividades sociais em todo o Estado, consolidando o legado histórico da Diocese de Roraima e reafirmando sua missão evangelizadora junto ao povo.  FONTE/CRÉDITOS: Dennefer Costa – Monte Roraima fm

VII Nortão de Presbíteros em Tocantinópolis: “Presbíteros Comunicadores da Esperança”

A diocese de Tocantinópolis (TO) acolheu de 25 a 29 de agosto de 2025 o VII Nortão de Presbíteros, com representantes dos Regionais Norte I, Norte II, Norte III e Noroeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Inteligência humana e inteligência artificial O tema a refletir tem sido: “Presbíteros Comunicadores da Esperança“, com a assessoria do bispo da diocese de Leopoldina (MG), dom Edson Oriolo, que brindou uma reflexão a respeito da inteligência humana, e a inteligência artificial, mas especificamente sobre esse mundo virtual do multiverso, essa nova ferramenta que está surgindo entre nós. Diante dessa nova realidade, o assessor ofereceu aos participantes caminhos e instrumentos para aproveitar isso ao nosso favor, para trabalho pastoral, para o dia a dia, para a evangelização que os presbíteros desenvolvem nas igrejas locais, nas paróquias, comunidades, pastorais. Junto com isso, dom Edison Oriolo fez um chamado a descobrir os riscos que essa nova realidade traz se não for usada de forma adequada. Do Regional Norte 1 participaram cinco padres, quatro da diocese de Parintins e um da diocese de Coari. O encontro tem sido muito gratificante, dado que ele fortalece cada vez mais o ministério e a colegialidade entre os irmãos presbíteros e com a Igreja. Pe. Luiz Carlos – Presidente da Comissão Regional de Presbiteros Norte 1 – diocese de Parintins

Uma profecia cada vez mais escassa e necessária

27 de agosto é uma data marcante na história da Igreja do Brasil. Foi nessa data que faleceram três bispos com grande destaque na vida do povo católico brasileiro: dom Hélder Câmara, em 1999, dom Luciano Mendes de Almeida, em 2006, e dom José Maria Pires, em 2017. Três homens de fé, esperança e caridade Três homens de fé, esperança e caridade, virtudes que sustentaram sua profecia, expressada em suas palavras, mas sobretudo em seu compromisso de vida, em suas causas, em seu compromisso por um Brasil mais justo, menos desigual. Mas também na concretização de uma Igreja mais missionária, mais próxima dos pobres, uma Igreja de todos. Eles acreditaram na Igreja católica como instrumento para ajudar a superar situações sociais que levam as pessoas ao sofrimento, para superar a pobreza, a desigualdade, o racismo, a luta pela terra, a exclusão social, as violações de direitos. Bispos companheiros de caminho do povo, que sabiam ir na frente, no meio ou atrás do povo, dependendo de cada momento e situação. Bispos que não duvidaram em incomodar os poderosos para defender os pequenos. Bispos que ajudaram a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, a ser uma voz respeitada na sociedade brasileira. Com sua sabedoria, inteligência, capacidade de raciocínio, experiência de Deus, eles se tornaram anunciadores do Reino de Deus. E faziam isso com gestos concretos, onde mostravam às claras aquilo que define o próprio Deus: sua capacidade de amar aos pequenos, aos descartados, àqueles que não tem lugar. Comprometidos com o Concílio Vaticano II Comprometidos com os ensinamentos do Concílio Vaticano II, encontraram em sua doutrina elementos para denunciar tudo aquilo que na sociedade brasileira contradiz o Evangelho. Bispos que chamavam as coisas pelo nome, apostando no cristianismo encarnado, comprometido com a justiça de Deus em defesa daqueles que ninguém defende, que a sociedade condena. Seguindo o Ano Jubilar que estamos vivenciando em 2025 podemos dizer que os três bispos falecidos na mesma data, 27 de agosto, foram peregrinos de esperança. As pessoas encontraram e continuam enxergando sementes de esperança em suas vidas. Seu exemplo tem que nos levar a nos questionarmos como sociedade e como Igreja, ainda mais diante de tantas pessoas que perderam a esperança em nosso tempo atual. Um espelho para o Brasil atual Homens que devem ser um espelho para o Brasil atual, para a Igreja católica que hoje peregrina no país. Somos desafiados a assumir que o Evangelho tem que ser vivenciado fora dos templos, que acreditar em Deus tem que nos levar a um compromisso de vida com as pessoas, especialmente na defesa dos descartados, daqueles que não contam. Bispos que colocaram seu ministério ao serviço de todos, que entenderam que ser bispo é um serviço e um compromisso com um mundo melhor. Falecer no mesmo dia não pode ser visto simplesmente como uma coincidência, mas como um sinal de Deus, que se faz presente nas pessoas. Eles são presença de Deus no meio de nós e sua vida é um chamado a sermos cada vez mais profetas, a não ficar indiferentes com a vida dos outros, especialmente com a vida dos pequenos. Editorial Rádio Rio Mar

Dom Zenildo Lima: CEAMA, “um novo modelo de articulação das forças eclesiais”

De 17 a 20 de agosto de 2025 quase 90 bispos da Pan-amazônia, representando 70 por cento das circunscrições eclesiásticas da região, se reuniram na sede do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), em Bogotá. O primeiro encontro depois do Sínodo para a Amazônia, realizado em outubro de 2019. Eles foram convocados pela Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), um dos frutos desse sínodo. Uma experiência de encontro O vice-presidente da CEAMA, dom Zenildo Lima, bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus avalia o momento vivido dizendo que “para alguns de nós foi uma experiência de reencontro, para boa parte foi experiência de um primeiro encontro”, dado que em todos os bispos atuais participaram do Sínodo para a Amazônia. Um encontro que teve como eixos principais a sinodalidade e a Conferência Eclesial da Amazônia como ferramenta para o exercício desta sinodalidade, segundo o bispo. Ele insiste em que “o objetivo muito específico era aproximar as igrejas locais, dioceses, prelazias, os vicariatos apostólicos da nossa Pan-Amazônia, desta realidade que é a Conferência Eclesial da Amazônia”. O vice-presidente da CEAMA destaca o desejo de “alcançar a compreensão e alcançar o coração do episcopado”, uma iniciativa que ele disse ter se alcançado com êxito. Até o ponto de afirmar que “o envolvimento dos bispos foi surpreendente, a adesão dos bispos ao encontro foi muito positiva. E, sobretudo, a gente perceber, a partir de dinâmicas de escuta nos processos de trabalho de grupo, o quanto as igrejas locais da Amazônia têm se esforçado para implementar processos de sinodalidade, seja a partir do Sínodo da Amazônia e seja a partir do recente Sínodo sobre a Sinodalidade”. A sinodalidade está viva Dom Zenildo Lima sublinha que “a sinodalidade está viva, é uma realidade nas nossas igrejas, e perceber que o Sínodo da Amazônia está vivo, é uma realidade nas nossas igrejas também.” Nessa perspectiva, ele destaca que “os bispos apresentaram algumas pautas que consideram muito importantes para que a gente possa enfrentá-las como comunhão do episcopado, mas sobretudo como comunhão das igrejas da Pan-Amazônia, capitaneadas por uma conferência eclesial”. Seu vice-presidente reconhece que “evidentemente ainda teremos que ter cada vez mais lucidez sobre a identidade desta conferência eclesial, sobre a estruturação, a composição desta conferência eclesial, sobre a regulamentação desta conferência e sobre o modo como ela consegue sustentar e apresentar a proposta de caminho de sinodalidade para as nossas igrejas.” Mas em geral, ele afirma que “a avaliação é muito positiva. Acho que alcançamos este objetivo de propor ao episcopado da Pan-Amazônia a proposta, o modelo de uma conferência eclesial como um caminho de desdobramento, seja para o Sínodo da Amazônia, como também para o Sínodo da Sinodalidade”. Os aportes da CEAMA Sobre os aportes da CEAMA, que o Relatório de Síntese da Primeira Sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade reconhece como exemplo de sinodalidade, o bispo mostra sua surpresa dado que no aparece na Fase de Implementação do Sínodo. Isso porque “o Sínodo sobre a Sinodalidade está buscando aquelas conversões das relações, dos processos. dos vínculos e das dinâmicas de formação em torno da sinodalidade”, afirma. Nesse sentido, ele enfatiza que “no que diz respeito a esta conversão dos processos e ao apresentar a conversão dos processos e do modo como nós tomamos as decisões, como nós agimos com transparência em relação à realização destas decisões, a CEAMA se apresenta como uma grande oportunidade de um novo modelo de articulação das forças eclesiais”. Mesmo com os diversos organismos de participação existentes, desde as conferências episcopais até os diversos conselhos de participação, em âmbito das igrejas locais ou mesmo das paróquias ou das comunidades eclesiais, o bispo afirma que “agora pensar um modelo novo que considera novos sujeitos, o que não compromete toda a estrutura hierárquica da Igreja, é uma possibilidade iluminadora.” Nessa perspectiva, a CEAMA aponta que “a nível de Igreja, nossas decisões, nossos processos missionários, nossos processos de consolidação da evangelização, podem ser feitos a partir de diferentes sujeitos, inclusive com tomada de decisões”. Reticências a processos de sinodalidade Diante das reticências e questionamentos com relação à CEAMA e sua estrutura, seu vice-presidente vê isso como “uma reticência ou um questionamento a processos de sinodalidade, uma insegurança diante dos processos de sinodalidade e das mudanças que esses processos implicam na vida da Igreja.” Um receio à sinodalidade que segundo dom Zenildo Lima “pode ter a ver com o receio de perda de poder”, refletindo que “a questão do poder é a questão da anomalia que atrofia a identidade da estrutura hierárquica da Igreja. Ou seja, o que sustenta a estrutura hierárquica da Igreja não é uma concepção de poder. O que sustenta esse dinamismo necessário e hierárquico da Igreja é como ela articula melhor os seus serviços evangelizadores”. Uma realidade que mostra que “uma conferência eclesial acaba sendo uma experiência subsidiária para o Ministério Episcopal, uma experiência subsidiária para o dinamismo hierárquico da Igreja, porque oferece condições de discernimento, que por si só, o dinamismo, a estrutura hierárquica não teria condições de fazê-lo”, enfatiza o bispo. É por isso, que em palavras de dom Zenildo Lima, “a Conferência Eclesial da Amazônia oferece suporte para as conferências episcopais. Assim como a sinodalidade oferece suporte, elementos e ferramentas para a estrutura hierárquica da Igreja”. As igrejas crescem em caminhos de sinodalidade Com relação à mensagem final do encontro, que valoriza “os passos dados na escuta, na articulação das dioceses, na revitalização dos conselhos, no planejamento pastoral, na formação teológica, espiritual, ministerial e pastoral, que busca responder aos sinais dos tempos”, o bispo vê essa mensagem não como perspectivas e ideais, mas como “resultados de partilhas do que as igrejas locais trouxeram.” Ele vê esses elementos compartilhados como prova de que “as igrejas estão crescendo em caminho de sinodalidade, a partir das assembleias diocesanas, dos sínodos diocesanos. As igrejas da Amazônia estão revitalizando esses conselhos de participação, como já são previstos no Código do Direito Canônico, mas que também podem ganhar novos dinamismos com essa perspectiva sinodal”. Um caminho que é fruto do fato de que “as…
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31° Grito dos Excluídos e Excluídas: “Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia”

O Cardeal Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus e Presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) participou da coletiva de imprensa do 31° Grito dos Excluídos e Excluídas 2025 que acontecerá no dia 05 de setembro com o tema “Vida em primeiro lugar” e o lema “Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia”. O arcebispo reforçou que o Grito quer “refletir, discutir e proclamar o cuidado da Casa Comum e da Democracia, porque sempre tem um fundo, um horizonte que guia essas expressões que é a vida em primeiro lugar” e também que “é um privilégio morarmos aqui, é um privilégio morarmos numa região aonde nós ainda podemos apreciar a natureza no seu nascer.” Imposição de grupos de interesse Mas essa perspectiva se contrapõe já que “vemos e nos preocupamos porque a natureza cada vez mais é destruída e com projetos que estão no Congresso Nacional, nós veremos que a destruição acontecerá ainda mais, especialmente se for aprovada a mineração em Terras Indígenas”, como destacou o cardeal, principalmente pela dificuldade em demarcações das Terras Indígenas. Steiner também questionou se “os deputados e senadores, deputadas e senadoras permitiriam a mineração nas próprias terras, mas como a terra dos outros, como se trata de terras indígenas, então pode” o que situa a democracia em um espaço de “imposição de um determinado grupo de pessoas, com interesse, especialmente as empresas mineradores”. Ele enfatizou que o desejo desse grito é “trazer a vida em primeiro lugar, sempre a vida em primeiro lugar”, destacou que hoje “é possível perceber a nossa visão é mais larga quando falamos da vida” e dessa maneira falamos “da vida humana, da vida da natureza, da vida das nossas relações por isso também falamos da vida democrática” que também “corre perigo” ainda que nossas “instituições tenham funcionado, mas nós temos diversas dificuldades em relação à democracia” Cuidado da Casa Comum é fundamento da dignidade “A vida com seu valor, com a sua dignidade, com seus direitos e a necessidade do cuidado e a casa comum é fundamental para que a vida tenha dignidade, por isso a gente grita” foi o destaque feito por Pe. Alcimar Araújo, Vice-Presidente da Cáritas Arquidiocesana de Manaus, justamente para que no “processo democrático garantir aquilo que é o direito da natureza, o direito dos povos” e “a democracia nos possibilita isso: manifestar as nossas opiniões, nos organizarmos e com o coletivo, com força organizado podermos pressionar os governos” Ele insistiu que “na democracia se não há participação popular, há controle dos grupos de interesse do congresso” e que “a representação massiva do congresso não é uma representação Popular, mas a representação de grupos organizados do agronegócio, mineradoras, bancos, dos empresários, assim por diante.” Esses mesmos grupos “financiam campanhas para defender os seus direitos e nós muitas vezes como população os elegemos”, explicou. Disse também que “precisamos fazer a nossa parte porque a democracia não é só votar e deixar que eles trabalhem, a gente precisa participar, é preciso caminhar para uma democracia participativa em que a sociedade tenha consciência do seu papel, da sua responsabilidade para com as questões sociais” principalmente “porque uma vez que a gente não cuida daquilo que é o comum, algumas pessoas vão sofrer bastante”. Um Grito sobretudo de Esperança O coordenador de pastoral da Arquidiocese de Manaus, Pe. Geraldo Bendaham, comentou que “se nós gritamos, se tem um grito é porque tem dor, a gente pode gritar de alegria, mas fazer esse grito dos excluídos é por causa da dor, a dor é pessoal, é comunidade, mas é também social, sobretudo a dor é ecológica. O grito é para mostrar a sociedade, para o mundo que estamos muito preocupados, temos que demonstrar a nossa indignação com tudo que tá acontecendo”.  Em sua fala conduziu os presentes a se perguntarem se “está tudo bem com a nossa sociedade? com o nosso mundo?” e respondeu com a negativa “não tá bem, não tá bem economicamente, não tá socialmente, não tá bem ecologicamente” e convidou a “não ficar nesse pessimismo, em catástrofe” e que se faz necessário “manter a esperança, por isso que o grito é também de Esperança, nós temos a esperança no agora, no presente, de que esse grito também nos ajude para que as presente e futuras gerações possam ter um mundo melhor, sem lixo nos igarapés, por exemplo.” Na coletiva foram apresentadas as seguintes datas: no dia 29/08 será o lançamento da campanha “Água e lixo não combinam” em favor da despoluição e saneamento dos igarapés de Manaus, com a participação de 40 entidades públicas e privadas que serão convidadas para assinatura de uma Carta Compromisso, Parque do Mindú, às 15h. E no dia 05/09, às 15h, na rotatória do Novo Aleixo, Alameda Alphaville, e segue em direção ao Parque dos Gigantes.