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A barbárie nunca pode ser o caminho a seguir

Escolher a barbárie como caminho para construir o futuro de uma nação nunca pode ser a alternativa certa. O acontecido em Brasília no último domingo, é fruto de tudo o que foi plantado durante os últimos anos, especialmente durante os últimos meses, ao longo da campanha eleitoral e no tempo depois da eleição encerrada no dia 30 de outubro de 2022, de uma polarização que tem se transformado em violência extrema. A invasão da sede dos três poderes da República só pode provocar um sentimento de tristeza e indignação, quem apoia e incentiva esse tipo de atos, ainda mais com as gravíssimas consequências que isso teve para o patrimônio nacional, só pode ser visto como alguém que precisa de acompanhamento psiquiátrico. Não é possível aceitar esse tipo de atos vandálicos sob nenhum tipo de hipótese, pois isso mostra a incivilidade dessas pessoas que de jeito nenhum podem ser vistos como cidadãos e cidadãs, mesmo que muitos deles se apresentem como gente de bem. A sociedade brasileira precisa reagir com firmeza diante desses fatos, é algo que vai além do poder público, são os brasileiros e brasileiras que devem se posicionar e desde a união escolher o país que querem construir, mostrando assim o que significam as instituições democráticas. A maior força numa sociedade é o diálogo, daí a necessidade de procurar instrumentos que garantam a convivência pacífica e o respeito por aqueles que pensam diferente, que nunca podem ser vistos como inimigos só pelo fato de ter posturas divergentes. O acontecido em Brasília no último domingo é algo que se repete em menor escala nos diferentes níveis da sociedade brasileira, e isso é inaceitável. O Brasil não pode renunciar a um sistema democrático que ajudou a superar uma ditadura onde as imposições se tornaram comuns, algo que hoje a grande maioria do povo brasileiro não está disposto aceitar. Independentemente de ideologias, a democracia deve ser algo inegociável, um princípio intocável para o povo brasileiro. Deixar crescer o clima de ódio consequência de polarizações, só pode conduzir a consequências nefastas para o conjunto da sociedade brasileira. Se faz necessário uma educação para a fraternidade e o diálogo e aí as igrejas deveriam desempenhar um papel fundamental. Infelizmente, pessoas que se dizem “cristãs” e coloco cristãs entre aspas, apoiam e justificam o acontecido em Brasília no último domingo. Ser cristão implica ser cidadão, se comprometer com a paz, olhar para o outro desde um sentimento fraterno que nos leva a poder caminhar juntos, mesmo com as divergências presentes em cada pessoa humana. Não nos deixemos conduzir por aqueles que usam o nome de Deus em vão, que se servem da religião cristã para favorecer projetos de morte e destruição. Não escutemos aqueles que desde a distância agem com covardia e não aceitam a vontade da maioria. É tempo de desmascarar os violentos e apostar num futuro de paz e fraternidade a exemplo daquele que chamamos o Príncipe da Paz. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio RioMar

Missão vocacional na Amazônia: “Adquirir um outro olhar sobre a Igreja”

Missão é experiência de encontro, momento de ensinamento e aprendizado, de partilhar a vida e a fé, de encontrar Deus naquele com quem a gente se depara. A I Experiência Vocacional Missionária que reúne na Arquidiocese de Manaus, na Diocese de Coari e na Prelazia de Itacoatiara 280 missionários e missionárias, em sua grande maioria seminaristas, está sendo muito enriquecedora para quem chega e para quem recebe. Daniel Barreto está no 4° ano de Teologia na Diocese de Quixadá (CE) e faz parte do grupo itinerante que está conhecendo diferentes realidades da Arquidiocese de Manaus. Ele diz estar vivendo a experiência como momento de conversão. Deus fez com que ele tenha superado sua expectativa, que era “de apenas conhecer a realidade da Igreja na Amazônia, que já e de grande importância”, mas ele está vivendo “uma experiência de conversão na minha vida e vocação”. Daniel destaca o encontro com diversas pessoas, escutando seus testemunhos como algo que “é de imenso valor para a minha vocação”. Uma experiência que está ajudando os missionários a “adquirir um outro olhar sobre a Igreja”, destaca o seminarista da Diocese de Quixadá, que está compreendendo que “serei ordenado não somente para a minha Diocese, mas serei sacerdote para a Igreja, e com isso um amor inflamado por Deus, pela Igreja e consequentemente pelo povo”. Uma Igreja que vive as mesmas dificuldades que são vividas no sertão cearense, mas numa cultura diferente. Uma experiência missionária que está ajudando a aprofundar na missão, dado que o sacerdote “é chamado a continuar com a missão evangelizadora que Cristo deixou para cada batizado”. Do mesmo grupo participa Reginaldo Fernandes, da Diocese de Caratinga-MG, que será ordenado diácono no dia 5 de março, que considera muito rica a experiência, destacando a diferente realidade e a importância de “testemunharmos a presença da Igreja que é muito viva aqui também nesta região”. Ele está sendo marcado pelo “testemunho de fé das pessoas, que mesmo diante de tantas dificuldades, tantos desafios, tantas limitações, permanecem firmes na fé e acreditando na presença de Deus, presença da Igreja católica também aqui nesta porção do nosso país”. Uma experiência que diz vai contribuir muito para ele, “fortalecendo ainda mais este meu desejo de estar ao serviço da Igreja como futuro sacerdote, de estar ao serviço do povo de Deus”. Dona Inira acompanha os 5 missionários que participam dessa experiência na Paróquia Nossa Senhora do Rosário da Prelazia de Itacoatiara (AM). Ela diz estar “tendo a oportunidade de sentir a realidade do povo da nossa comunidade, está sendo uma grande experiência. Eu pude perceber o quanto o nosso povo precisa da Palavra de Deus, precisa ser ouvido, acolhido, e que a missão está servindo para dar esse alento”. Dois desses seminaristas são Taylor Ferrari da Diocese de Cachoeiro do Itapemirim (ES) y Bruno Maia da Arquidiocese de Manaus (AM). Para o seminarista capixaba, “participar desta experiência me faz conhecer o rosto da Igreja na Amazônia”. Ele relata as inúmeras realidades que desafiam não somente o missionário, mas a população em geral, vendo o tempo passado em Itacoatiara como “dias enriquecedores na nossa caminhada enquanto seminaristas, entrar em contato com a realidade particular de um povo é de estrema importância para a formação dos futuros padres”. Ele relata a realidade das enchentes do Rio Amazonas e o sofrimento que isso provoca, algo que também destaca Bruno Maia, para quem é importante o fato de conviver com “seminaristas chegados de todo Brasil para conhecer nossa realidade”. Mesmo diante das dificuldades que o povo vive, ele ressalta a sede de Deus que o povo tem em suas vidas. Na comunidade São Sebastião, da Área Missionária São José do Rio Negro, na Arquidiocese de Manaus, Aleisson Amaral, da Diocese de Araçuaí (MG), diz estar aprendendo com a comunidade. Segundo o seminarista, “eles são indígenas do Povo Baré que vieram do município de São Gabriel da Cachoeira. Eles se organizam na Associação e na Aldeia, e vivem a religiosidade, são devotos de São Sebastião, fazem também os festejos do Divino Espírito Santo, festejam Santo Alberto e São Pedro”. Uma comunidade que se reúne aos domingos para celebrar a Palavra e a celebração da Santa Missa uma vez por mês, destaca Aleisson. “Estamos visitando as famílias, conhecendo a realidade, aprendendo deles, também experimentando a culinária, o modo como eles fazem as coisas. Estão nos ensinando, tem sido muito bom vivenciar e experimentar coisas novas, saber que também aqui na Amazônia o povo tem fé, o povo é batalhador e que procuram do seu jeito viver em comunidade, viver seguindo Jesus Cristo”, segundo o seminarista da Diocese de Araçuaí. Uma experiência missionária que está lhe ajudando a “me aproximar cada vez mais de Jesus Cristo a través do testemunho de fé de muitas pessoas que estão espalhadas no mundo”. Nessa comunidade moram Dona Rosa e Dona Ana, que fazem ver a grande importância de receber os missionários. Eles “nos trazem a paz, o ânimo, o incentivo para podermos caminhar juntos no dia a dia junto com os comunitários. A gente precisa muito disso, eles nos ensinam, visitam à gente, transmitem coisas boas e a gente acaba aprendendo com eles também”, afirma Dona Rosa. Dona Ana, falando em língua nheengatu diz ter sido “muito bom que os missionários vieram nos visitar, ensinar à gente, há muito tempo que a gente esperava por isso, o nosso coração está alegre, estamos felizes de receber vocês, a gente só tem a agradecer a todos vocês”. Uma alegria que também está vivendo Dona Rose, da Comunidade Nossa Senhora de Fátima, na Paróquia Cristo Libertador de Manacapuru, Diocese de Coari. “Queremos agradecer a Deus por esse momento, por essa oportunidade que Ele está dando à Paróquia Cristo Libertador com os missionários. Esta missão está sendo muito importante, ela nos ajuda como líderes”, agradecendo aos missionários pela sua presença. Testemunhos de quem está vivendo a experiência missionária desde diferentes perspectivas, mas que mostram a riqueza de um momento importante na vida dos missionários, dos seminaristas, que dentro de seu processo…
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O povo ticuna avança em evangelização intercultural e numa Igreja com rosto amazônico e indígena

O Sínodo para a Amazônia insiste em avançar numa evangelização intercultural, em fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico e rosto indígena. A Paróquia São Francisco de Assis, em Belém do Solimões, Diocese de Alto Solimões, mesmo diante dos desafios enfrentados e a necessidade de seguir amadurecendo, pode ser considerada como um bom exemplo desse jeito de ser Igreja, intercultural e com rosto indígena. O trabalho dos Frades Capuchinhos com o povo ticuna vai mostrando que isso é possível, segundo foi comprovado mais uma vez na 3ª Reunião Geral Diocesana de Pastoral Ticuna, realizada 04 a 08 de janeiro de 2023. 180 indígenas ticuna de 20 comunidades de toda a Diocese, Ministros da Palavra, Catequistas, Agentes do Dízimo, Jovens, coordenadores, vocacionados, Missionários, Caciques, homens e mulheres, se reuniram para partilhar, escutar os desafios de cada comunidade, avaliar o caminhar de cada Comunidade Eclesial Missionária. Ao longo de 05 dias de intenso trabalho, os participantes do encontro foram trabalhando em grupo e recebendo formação em torno aos 04 pilares que sustentam as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. A partir desses pilares as comunidades têm assumido compromissos para cada um dos pilares, valorizando a Bíblia, as celebrações de forma inculturada, a catequese e a reza do terço, os jovens e o combate do alcoolismo, sua língua e cultura, o encontro foi realizado em língua ticuna, a ecologia, a missionariedade e as vocações ticuna, especialmente neste III Ano Vocacional que a Igreja do Brasil está vivendo. A reunião contou com a presença do Bispo Diocesano Dom Adolfo Zon e do Arcebispo de Ancona (Itália) Dom Ângelo Spina que junto com um grupo de padres, leigos e seminaristas está visitando a Diocese de Alto Solimões, em busca de avançar na cooperação missionária. O encontro foi momento para elaborar um calendário pastoral diocesano tucuna para o ano 2023, com formações para os indígenas e encontros de jovens em prol da sobriedade, a ecologia e a valorização da cultura. Também foram organizadas as visitas missionárias onde missionários e missionárias do povo ticuna, junto com o diácono Antelmo Pereira Ângelo, o primeiro diácono permanente do povo ticuna. De fato, já foram enviados os primeiros 07 Missionários e Missionárias ticuna para três semanas de missão e formações nas comunidades ticuna mais distantes da Diocese, em Tonantins e Santo Antônio do Içá. Essas visitas são vistas como motivo de enorme alegria para o povo e os missionários e missionárias, vivendo plenamente seu protagonismo eclesial na construção do Reino de Deus, na construção de uma Igreja amazônica com rosto indígena. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Luiz Fernando Lisboa: “A missiologia é um tema transversal que deve perpassar toda a Teologia”

A missão é algo intrínseco a dom Luiz Fernando Lisboa, missionário em Moçambique durante 20 anos. O atual Bispo da Diocese de Cachoeiro do Itapemirim (ES) participa da I Experiência Vocacional Missionária que reúne 280 missionários e missionárias, a grande maioria seminaristas, de 5 a 17 de janeiro de 2023 na Arquidiocese de Manaus, a Diocese de Coari e a Prelazia de Itacoatiara. Aos poucos a Igreja do Brasil vai crescendo em consciência missionária, incentivando a missionariedade entre os seminaristas. Dom Luiz Fernando faz um chamado a promover a ajuda entre as igrejas locais, uma Igreja mais ministerial, com maior protagonismo do laicato, especialmente das mulheres. O senhor foi durante 20 anos missionário em Moçambique, onde foi Bispo da Diocese de Pemba. Desde sua experiência como missionário na África, como definiria a vida missionária da Igreja do Brasil? Nós já demos vários passos. Até um tempo atrás havia ainda muito choro, nós somos poucos, nós temos necessidades, nós não temos condições de ajudar… Ainda hoje encontramos pessoas que usam esse tipo de terminologias, somos poucos, temos muitas paróquias, temos muito trabalho aqui, mas já há de uns anos para cá uma abertura para uma consciência maior da missão. Dioceses que se abrem, regionais que se abrem para assumir trabalhos em outras áreas, em outras partes do mundo. Em Moçambique por exemplo, nesse momento, o maior grupo de missionários estrangeiros é o de brasileiros. Uma presença bastante forte de missionários brasileiros, entre leigos, religiosas e religiosos, padres. A Igreja do Brasil já cresceu um pouco em consciência missionária. O senhor participa da Experiência Vocacional Missionária onde tem mais ou menos 240 seminaristas entre religiosos e diocesanos, chegados de uma terceira parte das dioceses do Brasil. Isso pode ser visto como um sinal de esperança para que a Igreja do Brasil seja mais missionária no futuro? Com certeza, não só esse encontro, que é o primeiro, mas a própria organização dos COMISEs nos regionais e nas dioceses estão ajudando a despertar nos seminaristas a partir de dentro do seminário essa consciência da missão. Essa primeira experiência missionária vem ajudar porque é uma experiência nacional que envolve seminaristas de um terço das dioceses do Brasil, 94 dioceses, e vai ajudando a criar consciência nos seminários e também nos formadores, porque alguns formadores estão aqui, essa consciência da missão. A Igreja é missão, e todos nós participamos da missão da Igreja, que é continuação da missão de Jesus. Se o seminarista na sua formação adquire essa consciência, é muito mais fácil depois nós termos pessoas que se propõe ajudar outras igrejas irmãs, ajudar igrejas que têm mais necessidades e preparar pessoas para a missão ad gentes. Quando estava em Pemba como bispo, recebi um jovem missionário que adquiriu essa consciência da missão participando do COMISE quando era seminarista. Depois foi ordenado e propôs-se a ir para a missão ad gentes e fez um excelente trabalho. Ele voltou por problema de saúde e agora já se dispôs a retornar para lá uma vez que já está melhor. Uma experiência missionária que está acontecendo na Amazônia, vista muitas vezes no Brasil, inclusive dentro da Igreja, como uma região exótica. Como esta missão pode ajudar a ter uma visão diferente da Amazônia e da realidade da missão na Amazônia? Pode ajudar em primeiro lugar porque é aqui que se realiza essa experiência. Dois terços daqueles que estão presentes aqui estão vindo pela primeira vez para o Norte, não conhecem Manaus, inclusive eu não conhecia, e olha que já tenho quase 40 anos de padre, não conhecia Manaus. Já fiquei na África muitos anos, mas nunca tinha vindo para cá, não tinha feito uma experiência aqui. Isso pode ajudar muito, tomar consciência da realidade, conhecer a Igreja daqui que é uma Igreja bastante ministerial, com envolvimento grande dos leigos e leigas. E ter o contato com a realidade pode ajudar a que muitos futuramente venham para cá. Não só dentro daquele projeto de igrejas irmãs, mas que nós nos proponhamos a ser missionários para a Igreja, não num determinado lugar, mas onde a Igreja precisar. Eu conheci dioceses onde o Bispo não sabe onde colocar os padres de tantos padres que tem. Os padres já estão morando em 3 ou 4 e cada ano ordena 5, 6, 7. Por que não repartir com a Amazônia, por que não disponibilizar, independentemente de ser igreja irmã ou não? Nós temos os encontros anuais dos bispos, e seria bonito que um bispo chegasse para o outro e dissesse, olha eu vou te enviar 2, 3 padres para que você os coloque onde você está precisando. Quem sabe isso vai criando uma maior consciência para todos nós entendermos que a Igreja é uma só, que o Bispo, ele não fica circunscrito a uma diocese, ele não é Bispo de uma diocese, ele é Bispo da Igreja. Cada Bispo tem responsabilidade com as outras igrejas, não só olhando dentro do seu território, dentro da sua diocese, mas ter uma visão mais alargada da Igreja como um todo. O senhor disse que dois terços dos missionários, inclusive o senhor, é a primeira vez que vem na Amazônia. O que o senhor espera encontrar na Igreja de Manaus, nas comunidades que ao longo dos dias está visitando nessa experiência missionária? Eu tenho a mente e o coração aberto para aquilo que eu vou encontrar. Eu faço parte de uma equipe itinerante, estou visitando várias realidades, eu com meu grupo. Eu espero aprender bastante, ter os olhos, os ouvidos e o coração bem abertos para aquilo que eles vão partilhar conosco, e se houver oportunidade nós também vamos partilhar. Essa troca de informações, de ser igreja, cada um desde a sua realidade pode nos enriquecer a todos. Mas eu tenho certeza de que vamos sair daqui todos muito mais enriquecidos, conhecendo melhor a Igreja no Brasil. E como ajudar os bispos a incentivar em suas dioceses essa vida missionária, não só entre os padres, mas também entre os seminaristas? Cada bispo em primeiro lugar deveria…
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Ir. Cidinha Fernandes: “Quando Deus se manifesta, rompe-se as fronteiras geográficas, culturais, os pobres são socorridos em suas necessidades”

No Domingo da Epifania a Ir. Cidinha Fernandes reflete sobre alguns convites que nos são feitos. A religiosa destaca que “na Primeira leitura, recebemos um convite: ‘levanta, acende as luzes porque a tua luz chegou’”. Uma luz que “dissipa as trevas que envolvem a terra, o Senhor se manifesta e os povos caminham à tua luz”. Segundo a irmã Catequista Franciscana, “a imagem descrita nos preenche o coração: ‘todos os povos se reuniram e vieram a ti, teus filhos vêm chegando de longe, com tuas filhas carregadas nos braços’, eles trazem riquezas e belezas do além-mar”. Somos convidados a cantar: “as nações de toda a terra, hão de adorar-vos ó Senhor!”, segundo nos diz o Salmo, onde “a comunidade orante vai descrevendo uma oferenda de donativos, finalizando com a libertação dos pobres, o atendimento do indigente e do infeliz”. Junto com isso, seguindo a carta de Paulo aos Efésios, somos chamados a descobrir que “a graça de Deus a nós concedida, da revelação do Mistério desde os nossos antepassados, até os profetas, apóstolos, e o bonito é que, os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, associados a mesma promessa em Jesus, por meio do Evangelho”.  Um Evangelho que convidar a contemplar “a busca dos reis magos pelo Rei dos Judeus, o Menino que acaba de nascer. Eles contam que viram sua estrela no Oriente e vieram adorá-lo, trazendo presentes: ouro, incenso e mirra. Herodes tenta descobrir onde está o Menino, mas os reis, avisados em sonho, retornam por outro Caminho”. Segundo a religiosa, “quando Deus se manifesta é lindo de se ver e de viver! Há uma reunião de todos os povos, rompe-se as fronteiras geográficas, culturais, os pobres são socorridos em suas necessidades. É uma celebração de novas e bonitas relações interculturais, numa nova perspectiva, a da doação, de levar presentes, oferenda e dons”. A Ir. Cidinha destaca que “quando oferecemos presentes o nosso ser se alegra, a vida vira uma festa, a festa de quem oferece e de quem recebe. É assim que somos convidadas a viver o nosso discipulado, tendo sensibilidade para ver e se deixar guiar pela estrela, oferecer o melhor de nós, os nossos dons, reunir todos os povos como irmãs e irmãos”. Finalmente, a religiosa fez ver que “os reis magos voltam por outro caminho, não se deixaram corromper, e, ao encontrar um Rei Menino, pobre, numa manjedoura, se permitirem um novo movimento”. Daí ela convidou “a oferecer nossas vidas a esse Menino Deus, a buscarmos novos caminhos. Não sejamos caminhantes de velhas estradas, mas, guiadas pela estrela, sigamos trilhas de vida, esperança, amor, reconciliação e encontro, vencendo toda treva e projeto de morte. Sejamos acendedoras de luzes, pessoas novas, porque Deus se manifesta também em nós!”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Ionilton: “Para nós que vamos fazer experiencia vocacional missionária, os confins da terra é a Amazônia”

Uma Eucaristia presidida por Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira tem sido momento de envio dos 280 participantes da I Experiência Vocacional Missionária Nacional, que acontece na Arquidiocese de Manaus, na Diocese de Coari e na Prelazia de Itacoatiara de 5 a 17 de janeiro. O Bispo da Prelazia de Itacoatiara, seguindo as palavras do Salmo 147: “Ele envia suas ordens para a terra e a palavra que ele diz corre veloz”, pedia “que a Palavra de Deus, por meio de nós, corra veloz sempre e de modo especial nesta atividade vocacional missionária”. Uma Palavra que “se fez Carne e habitou entre nós”, uma Palavra de deus Encarnada “que veio para nos Libertar do pecado e de suas desastrosas consequências em nossas vidas como pessoas, como igreja e como sociedade”. Seguindo o Evangelho de Marcos, o Bispo fez ver que o texto “nos ajuda a perceber a consciência que João Batista tinha de que ele não era o mais importante. Que o mais importante era Jesus!”. Daí ele fez um chamado a “sempre ter esta consciência: eu não sou o mais importante; o mais importante é Jesus”, e ter isso presente nestes dias de Missão. Uma Missão que, “a partir de nossa vocação, é continuar a Missão de Jesus”. Isso aparece, lembrou o Bispo, na temática desta iniciativa: Como o Pai me enviou eu envio vocês (pés a caminho); recebam o Espírito Santo (enviados pelo Espírito). A Missão é única: “dar testemunho de Jesus”, insistiu Dom Ionilton, que recordou que Jesus disse: “Vocês receberão a força do alto para serem minhas testemunhas até os confins da terra”, o que se traduz “naquele lugar que a Igreja nos confia a missão”, afirmando que “nestes dias para nós que vamos fazer experiencia vocacional missionária, os confins da terra é a Amazônia”. Uma missão que segundo o Bispo da Prelazia de Itacoatiara tem que ser: intensa, andante, indo e vindo; universal, para todas as pessoas, vocês são irmãos; preferencial, dirigia-se especialmente aos “invisíveis”: indígenas, negros, migrantes, crianças, jovens, mulheres, pobres, enfermos, idosos, aqueles e aquelas que não poderão nos dar uma recompensa, que será dada pelo Pai; sinodal: caminhar com, ouvir, falar; profética: anunciar e denunciar; serviçal: estou no meio de vós como aquele que serve; samaritana: andava, via, parava, tinha compaixão, ajudava. Dom Ionilton colocou como inspiradores da missão o ardor missionário de Paulo, Maria e os Pastores, que “foram às pressas, enfrentaram desafios e realizaram a missão”. Ele lembrou as palavras do Papa Francisco na homilia da Noite do Natal, quando fez a proposta de refletir sobre a manjedoura, que nos fala de proximidade, pobreza e concretude. São Palavras que o Bispo diz poder aplicar à Missão. Proximidade, afirmando que “Jesus se fez próximo de nós na encarnação, no seu nascimento”, e que “na missão precisamos nos fazer próximos das pessoas”. Pobreza, pois “Jesus nasceu pobre, em um curral de animais, rejeitado pela cidade, foi envolvido em uma faixa de pano”, o que faz com que “na missão precisamos ser simples, sóbrios, humildes”. Concretude, na medida em que “Deus nos amou concretamente quando nos enviou seu Filho para nos salvar”, o que o levou a insistir em que “na missão precisamos amar de forma real, não apenas com palavras, mas em atos, concretamente”. Uma missão que acontece na Querida Amazônia, e que deve servir “para confirmar ou suscitar em nós o ardor missionário”, destacou Dom Ionilton. Segundo ele, “Cristo é missão, a Igreja é missão, nós somos missão”. Também ser oportunidade “para a gente crescer na consciência sobre a importância de se defender o bioma Amazônia, os povos indígenas, os ribeirinhos, os pescadores, os quilombolas, os pequenos os moradores das vilas e das cidades”. Uma oportunidade para repetir às pessoas que os missionários e missionárias irão encontrar, as palavras do Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeida: “vocês existem e são valiosos para nós”.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Participantes da I Experiência Vocacional Missionária Nacional: “Expectativa de poder enriquecer o processo formativo”

Múltiplos sotaques inundam o Seminário São José de Manaus, são as vozes dos participantes da I Experiência Vocacional Missionária Nacional. Seminaristas diocesanos e religiosos, padres, diáconos, bispos, religiosas, membros da Juventude Missionária prontos para se inserir ao longo de uma semana na vida das comunidades da Amazônia. Ao todo são 280 missionários e missionárias de 94 dioceses de todos os regionais que fazem parte da Igreja do Brasil e mais de uma dezena de congregações religiosas, acolhidos com alegria pela Igreja local, segundo afirmou Dom José Albuquerque de Araújo, Bispo eleito da Diocese de Parintins, que ressaltou a existência de diferentes amazônias e experiências eclesiais na região. Uma Experiência Vocacional Missionária que conta com o apoio das Pontifícias Obras Missionárias (POM Brasil), Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB), Arquidiocese de Manaus, Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), Pontifícia União Missionária, Conselho Missionário de Seminaristas Nacional (COMISE) e a Juventude Missionária. Um momento importante dentro do processo de formação inicial dos futuros presbíteros, segundo o padre Antônio Niemec. O Secretário Nacional das POM Brasil vê esta experiência como um instrumento de discernimento no processo formativo. Uma oportunidade de encontrar na missão o sentido verdadeiro de sua vocação, enfatizou o padre Zenildo Lima. O Reitor do Seminário São José de Manaus insistiu em não ver esta atividade como um parêntese, um corte na vida do seminário. Os missionários e missionárias chegam numa Igreja nascida de um processo de evangelização onde a relação entre a Igreja e os colonizadores foi mudando, segundo a professora Elisângela Maciel, passando do colaboracionismo à denúncia. A professora chamou a descobrir, lembrando as palavras do Papa Francisco, que a Igreja está aqui para servir. Ela questionou sobre o pôr em prática dos documentos, o estar preparados para os desafios amazônicos, descobrir qual é o rosto amazônico, resolver o problema da falta de Eucaristia, superar o clericalismo e implantar a sinodalidade na Igreja. Na história da Igreja da Amazônia o encontro de Santarém em 1972 tem um lugar de destaque. Em 2022 a Igreja da Amazônia fez memória do vivido 50 anos atrás, constatando a necessidade de uma Igreja encarnada na realidade e uma evangelização libertadora, segundo Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira. Um documento que faz referência aos sonhos da Querida Amazônia, buscando construir uma Igreja com rosto amazônico, um chamado do Papa Francisco. Na cidade de Manaus e seu entorno se estima a presença de cerca de 40 mil indígenas de 38 povos diferentes, chegados de diferentes regiões do interior do Estado do Amazonas para morar nas periferias da grande metrópole da Amazônia, onde tentam manter suas culturas. Uma população que segundo o jovem indígena Eliomar Tukano chegou em Manaus por causa da violência provocada pelos exploradores da Amazônia, sonhando com emprego, educação… Povos que querem viver a missão desde a interculturalidade, pois não cabe mais o discurso de “vou evangelizar os povos originários”, segundo o jovem do povo Tukano. Eles dizem ter sua religião, mesmo aceitando os valores do cristianismo que ajudam em seu Bem Viver e pedem ser protagonistas do trabalho pastoral. A missão é algo que faz parte da vida de Dom Luiz Fernando Lisboa, missionário em Moçambique durante 20 anos, onde foi Bispo da Diocese de Pemba. O atual Bispo da Diocese de Cachoeiro do Itapemirim (ES) considera a missão protagonista e eixo transversal na Igreja, demandando uma maior abordagem da Missiologia na grade da formação teológica dos seminaristas, pois segundo ele, a missão é mãe da Teologia. O Bispo refletiu sobre a missão na Igreja do pós-Concílio Vaticano II, destacando a importância que ela tem na atual estrutura da Igreja, recolhida na Praedicate Evangelium, que quer conferir um novo vigor à ação pastoral da Igreja e uma estrutura mais missionária à Cúria, sendo criado um dicastério que está sob a responsabilidade direta do Papa. A missão tem mudado a visão do mundo de alguém que diz ter saído da África, mas a África não tem saído dele, um lugar onde ele diz ter aprendido a escutar. Por isso, convidou os participantes da Experiência Vocacional Missionária a se colocar a dispor da Igreja e se questionar onde Deus os quer enviar. Em relação com a espiritualidade missionária, Dom Esmeraldo Barreto Farias fez um chamado a vivê-la desde o encontro com Jesus, amando à Igreja lá onde cada um está. O Bispo de Araçuaí (MG) refletiu sobre as dificuldades para a vivência da espiritualidade missionária, dentre elas o relativismo prático, realizar a missão por obrigação ou em palavras do Papa Francisco o pragmatismo cinzento. Mas também destacou as motivações para o ardor missionário, como é o cultivar o espaço interior, rejeitar a tentação de uma espiritualidade intimista ou buscar uma espiritualidade encarnada. Elementos presentes no Programa Missionário Nacional, que conduz a missão da Igreja no Brasil. Missionários que percebem a I Experiência Vocacional Missionária como motivo de alegria que desperta “a expectativa de poder enriquecer o processo formativo”, segundo relata o seminarista Carlos Daniel da Diocese de Colatina (ES). Ele que faz parte da Comissão Nacional do COMISE destaca que “a proposta para os seminaristas que participam é encontrar o sentido verdadeiro da sua vocação, que é que no fundo, no fundo, todos nós somos chamados a ser missionários”. Ele espera nessa experiência vocacional missionária “me encontrar também como um missionário, antes de tudo, como um cristão batizado chamado para a missão”. Acompanhando aos seminaristas da Arquidiocese de Ribeirão Preto, o Padre Manoel diz ter chegado na Amazônia para “fazer uma experiência de reencontro, conhecer a realidade, conviver, ir a essa experiência mais profunda do Evangelho. Conhecer a experiência, conhecer o Evangelho e conhecer a realidade de cada comunidade, de cada povo”. Segundo ele, “o Evangelho é esse encontro sempre, e sobretudo fazer uma experiência até mesmo de levar para a própria comunidade essa abertura que é esse Encontro Nacional Vocacional Missionário, uma abertura que transforma e que ajuda a Igreja a ser transformada”. Gustavo Mariotto foi enviado pelo Instituto Missionário São José, e diz esperar “renovar a minha vocação, a…
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Dom Esmeraldo Barreto Farias: “Se todas as atividades não partem da missão, tudo vai ficar voltado para nós mesmos”

A missão é da natureza da Igreja, é fundamento, afirma Dom Esmeraldo Barreto Farias, um dos bispos que participam da I Experiência Vocacional Missionária Nacional que acontece em Manaus de 5 a 17 de janeiro de 2023. Seguindo as diretrizes da Igreja no Brasil, “a missão é um eixo que contribui para que todas as dimensões e todos os trabalhos, todas as atividades possam estar marcadas pela missionariedade”, destaca o Bispo da Diocese de Araçuaí (MG). “Se todas as atividades não partem da missão, que é a manifestação do amor, da misericórdia de Deus, tudo vai ficar voltado para nós mesmos”, segundo Dom Esmeraldo, que vê a missão como “esse testemunhar o Amor de Deus que se manifesta em Jesus Cristo e nas pessoas, especialmente nos gestos de solidariedade e de caridade”. Para trabalhar isso em quem está no caminho da formação “tem que ser a partir do Evangelho”, e assim “possam acolher a vida mesma de Jesus”. O bispo afirma que “partindo do Evangelho eu vou buscar a seguimento a Jesus Cristo”, buscando o encontro, como diz o Papa Bento XVI em “Deus Caritas est”. Por isso, ele afirma que “o encontro com Jesus Cristo, ele define, porque ele me dá horizonte, ele me dá perspectiva de viver como seu discípulo missionário e viver como Igreja”. Um segundo ponto é “ajudar os seminaristas a trabalhar numa pedagogia que considere as experiências concretas”, o que permite “entrar na mistagogia”, ressalta o bispo. Se referindo à experiência vivenciada nestes dia em Manaus, ele afirma que “ela me faz descobrir os sinais de Deus, e a medida que eu estou aberto para escutar a voz de Deus e descobrir seus sinais nas pessoas, nas realidades, em especial nos mais pobres, naqueles que vivem nas periferias, eu vou acolher dentro de mim aquilo que Deus me fala a mim pessoalmente, mas também o que é que Deus está dizendo para o mundo de hoje, para a Igreja hoje, para as comunidades eclesiais hoje”. Dom Esmeraldo insiste em que “a experiência missionária, ela não seja um corte na formação”, sem ter em conta essa experiência dentro da comunidade formativa. Por isso, ele insiste numa experiência “que marque o processo formativo e que esteja em inteira conexão com o processo formativo”, algo que nem sempre acontece, como ele já percebeu pela sua missão como bispo, pois experiências missionárias não eram retomadas na vida normal do Seminário, o que mostrava que a atividade pastoral, ela era um corte que não repercutia em nada no Seminário. Isso o levou a promover uma interligação entre vida pastoral dos seminaristas e o processo normal da formação. O Bispo de Araçuaí insiste em que para ajudar aos seminaristas a partir do Evangelho, da pessoa e da missão de Jesus, a partir de experiências concretas e que essas experiências possam incidir no processo formativo, não sendo um corte, mas tendo uma interrelação. Desta experiência em Manaus, Dom Esmeraldo insiste em que o que interessa “é ver qual a repercussão dessa experiência, daquele fato, daquele sinal que eu descobri na vida daquela pessoa, daquela realidade, daquelas comunidades, qual a repercussão disso para minha vida”. Se não for assim, “eu vou ser um ator que chega ali naquela comunidade, faz uma encenação, mas só que depois aquilo não entra na vida dele”, insiste o Bispo. Junto com isso destaca a importância de um devido acompanhamento, “para que ele possa ir fazendo o devido discernimento dessa experiência na sua vida”. Por isso, os formadores e formadoras que acompanham esse processo “precisam ter claro um horizonte”, insiste, que leve a descobrir “qual é o tipo de ministério ordenado para o qual eu estou ajudando a preparar esses jovens”. Algo que supõe uma Cristologia, que supõe uma visão de Igreja, de pessoa, de realidade, de abertura, ressalta Dom Esmeraldo. Em resume, ele destaca que “precisamos presentar claramente a pessoa e a missão de Jesus, precisamos trabalhar o processo formativo com as dimensões intelectual, espiritual, comunitária, pastoral, com experiências concretas, precisamos fazer uma integração dessas experiências, porque senão não vai mudar nada na vida do jovem”. Daí que o Bispo destaque que “precisa ajudar aquele formando a compreender que a partir das pessoas, dos fatos e das realidades é o próprio Jesus que está falando”, e junto com isso a repercussão dessas experiências na vida de cada um, insistindo em que cada formando precisa estar aberto a essa formação como condição necessária para estar no processo formativo. O fato dessa experiência acontecer na Amazônia leva Dom Esmeraldo a lembrar a frase do Papa Paulo VI: “Cristo aponta para a Amazônia” enviada aos bispos reunidos em Santarém em maio de 1972. Daí ele diz que “essa experiência precisa mostrar uma abertura para a vida missionária”, algo reconhecido nas diretrizes para a formação presbiteral, que leve os seminaristas a “compreender que ele não está sendo preparado para cuidar de um rebanho que é reunido, mas ele está sendo preparado para uma abertura para os grandes desafios que nós temos das muitas periferias”. “A experiência aqui na Amazônia aponta para uma visão da ecologia integral que o Papa Francisco insiste tanto na Laudato Si´”, destaca Dom Esmeraldo. “Nós não podemos no trabalho de evangelização e também no trabalho formativo, não podemos ver de forma dualística a pessoa e as realidades da vida, as realidades do mundo”, afirma, citando a visão do Papa sobre a ecologia integral como elemento que “nos faz ver também no processo formativo que precisa ser um processo integral onde as várias dimensões estão interligadas, e ao mesmo tempo onde eu preciso estar aberto àquilo que eu sinto da presença de Deus”. Por isso, vir para a Amazônia, uma realidade que Dom Esmeraldo conhece pois ele já foi Bispo de Santarém e Arcebispo de Porto Velho, “também mostra que a Igreja do Brasil precisa estar aberta para a missão ad gentes não só fora do Brasil, mas também para uma abertura que nos faz enxergar para além da diocese”. Nesse sentido coloca a existência de dioceses…
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Comitiva da Arquidiocese de Ancona (Itália) faz visita missionária em Alto Solimões

O Sínodo para a Amazônia representou um chamado a toda a Igreja para enviar missionários para a região amazônica. A Arquidiocese de Ancona-Osimo quer responder a esse convite da Igreja e está visitando de 3 a 14 de janeiro a Diocese de Alto Solimões, onde a comitiva, liderada por Dom Ângelo Spina chegou após dois dias de viagem, sendo recebidos por Dom Adolfo Zon Pereira. A comitiva inclui Alessandro Andreoli, diretor do centro missionário, Simone Breccia, diretora da Caritas, o Padre Lorenzo Rossini, diretor do escritório litúrgico, e três seminaristas: Jacopo, Luigi e Pietro. Eles querem conhecer melhor a realidade com a qual iniciaram uma geminação missionária há alguns anos, ligando a Arquidiocese de Ancona-Osimo à de Alto Solimões. Os recém-chegados destacaram que foram recebidos “por um ar quente e úmido bem diferente daquele que deixamos na Itália…”, e “como convidados especiais!”. Aos poucos eles irão visitando diferentes paróquias da Diocese do Alto Solimões, conhecendo a realidade da Amazônia e da Igreja que nela caminha e testemunha sua fé. Uma Igreja que acompanha o povo das comunidades urbanas, muitas delas nas periferias, mas também das comunidades indígenas e ribeirinhas. Uns dias que estão sendo vividos como tempo de graça, de “ver duas igrejas caminhando juntas, olhando com fé para o Senhor Jesus, Salvador e Redentor”, segundo relatam os visitantes. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

A democracia está de volta, mas ela vai ficar se o empenho for de todos

Os ataques contra o sistema democrático por parte daqueles que deveriam salvaguardá-lo se tornou uma constante nos últimos quatro anos. Isso com o apoio de uma parcela da população que ainda hoje, depois da posse do novo Presidente da República, não aceitam o resultado das últimas eleições, instrumento fundamental em toda democracia, onde o povo elege seus legítimos representantes. Sabemos que a democracia não é um sistema político perfeito, mas somos muitos os que pensamos que é o melhor sistema para dirigir o destino de uma nação. Na democracia o poder reside no povo, que faz uso da vontade popular para escolher o caminho a ser seguido. Mesmo com a deturpação da democracia, um elemento que não pode ser negado, é melhor se colocar nas mãos do povo do que sob o comando de pequenos grupos que sempre vão procurar o interesse próprio ou daqueles que garantem seu poder. O grande desafio do povo brasileiro nos próximos anos é lutar pela consolidação da democracia, um regime que voltou em 1988 após de mais de 20 anos de ditadura militar, um período obscuro na história do país, que coartou liberdades e perseguiu, muitas vezes sem motivo, aqueles que não liam na cartilha de quem ocupava o poder à força. Nos últimos dias temos visto sinais esperançosos em relação com um câmbio de conjuntura social, económica e política no país, mas isso tem que ser consolidado, o que demanda um empenho comum de parte de todos aqueles que fazem parte da sociedade brasileira. Também de parte do Estado e das instituições que garantem o respeito pelas leis democráticas. No sistema democrático todo mundo é gente, uma afirmação que pode ser questionada em relação ao Brasil, pois muitas pessoas deixaram de ser vistas e tratadas como gente nos últimos anos. A perda de direitos, a fome, a falta de acesso a direitos básicos como é uma saúde e uma educação de qualidade, dentre outros muitos elementos, nos mostra que a democracia foi definhando no Brasil. Será que ainda tem tempo para virar o jogo? Que todos os brasileiros e brasileiras participem em plenitude dos direitos garantidos no sistema democrático é ainda uma possibilidade real? Poder conviver com quem pensa diferente, um dos princípios do sistema democrático, ainda pode ser visto como algo além de uma utopia? São perguntas que esperam uma resposta, que muita gente cobra, sem entender que cada um se torna responsável para que a democracia volte de verdade, para que esse sistema se torne guia e salvaguarda das relações sociais no país. É tempo de olhar para frente, de concretizar os sonhos daqueles que no mês de outubro depositaram seu voto sonhando em não perder o que tanto custou conquistar: a democracia no Brasil. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar